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CADERNOS ESPECIAIS
EMPLOYER BRANDING
GESTÃO DE TALENTO
RECRUTAMENTO E SELECÇÃO
INTERNACIONAL
COVID-19: Um cisne negro
ou o novo normal?
COMO A VIDA,
OS NEGÓCIOS
E A LIDERANÇA
MUDARAM – E AINDA
VÃO MUDAR – COMO
CONSEQUÊNCIA DA
PANDEMIA COVID-19.
JOÃO GÜNTHER AMARAL PATRÍCIA CALVÁRIO RUI RIJO FERREIRA XXX BARÓMETRO
Administrador e Chief Directora de Recursos Director de Marketing O impacto da pandemia
Development Officer na Sonae Humanos na Essilor na Jaba Recordati nas empresas em Portugal
Decidimos manter o plano de contratar
o total das 700 pessoas previstas para
o Grupo, sendo 300 só para Portugal,
até ao final do ano 2020.
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Índice
73 95 105
24 Em Directo
JOÃO GÜNTHER
AMARAL
70 Case Study Administrador e Chief
Development Officer
ZURICH na Sonae
TODOS (AINDA 32
MAIS) LIGADOS
TEMA DE CAPA
O GRANDE
68 Emprego
PEOPLE + WORK
CONNECT
64 Boas Práticas
CONTINENTAL
RESET
ADVANCED
ANTENNA Como a vida, os negócios e
a liderança mudaram – e ainda vão
mudar – como consequência
da pandemia COVID-19.
58 Internacional
O SURTO DE COVID-19
É UM CISNE NEGRO
OU O NOVO NORMAL?
40 Exclusivo
O IMPACTO DA
PANDEMIA
NAS EMPRESAS
EM PORTUGAL
52 Estudo
HÁ UMA CRISE DE
54 Comunicação CONFIANÇA NAS
na Gestão de Pessoas NOSSAS LIDERANÇAS. 48 Gestora de Pessoas
PORQUÊ?
RUI RIJO FERREIRA PATRÍCIA CALVÁRIO
Director de Marketing Directora de Recursos
na Jaba Recordati Humanos na Essilor
Conselho Editorial
Ana Porfírio · Anabela Silva · António Henriques · Carla Gouveia · Catarina Horta
Catarina Tendeiro · Clara Trindade · Diogo Alarcão · Elsa Carvalho · Felipa Oliveira Serrão
Gonçalo Rebelo de Almeida · Fernando Neves de Almeida · Inês Simões
Isabel Barros · Isabel Borgas · Isabel Heitor · João Antunes · Joana Queiroz Ribeiro
João Zúquete da Silva · Maria João Martins · Nuno Ferreira Morgado · Nuno Troni
por: Paula Carneiro · Paulo Pisano · Pedro Fontes Falcão · Pedro Ramos · Pedro Raposo
Pedro Ribeiro · Sofia Castro · Sofia Tenreiro · Teresa Cópio · Teresa Nascimento
Tiago Brandão · Vanda Jesus
Ricardo Florêncio Director
Ricardo Florêncio · ricardo.florencio@hrportugal.pt
ricardo.florencio@multipublicacoes.pt Directora de Redacção
Ana Leonor Martins · leonor.martins@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 454
Redacção e Online
Ana Alves (tradução e revisão) · Ana Rita Rebelo · Margarida Lopes · Rita Paz
Sandra M. Pinto
Colaboradores
Conceição Zagalo · Luís Sítima/Maria João Gomes/Pedro Meda · Luísa Cardoso
Paula Ferreira Borges · Pedro Ramos · Pedro Rocha e Silva · Rute Diniz
Acordos Internacionais e Exclusivos
Human Resources UK · Management Today · MIT Sloan Management Review
Isto não é
Arte
Projecto Gráfico DesignGlow · Editor de Arte Joana Carvalho
Fotografia
NC Produções · Getty Images
teletrabalho!
Assinaturas
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Tiragem média 15 mil exemplares · Periodicidade Mensal
Impressão e Acabamento Lidergraf Sustainable Printing
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Quinta do Grajal – Venda Seca, 2739-511 Agualva Cacém
N
Estatuto Editorial
https://hrportugal.pt/estatuto-editorial/
os últimos meses, temos ouvido muitas vezes que os portu-
gueses se encontram, na sua larga maioria, em teletrabalho.
Completamente errado! Isto não é teletrabalho! O teletra-
balho é um sistema, um método de trabalho, que pressupõe Rua Cidade de Rabat, n.º 41 - B - 1500-159 Lisboa
um planeamento, munir o colaborador dos instrumentos Tel. 210 123 400 · Fax. 210 123 444 · geral@multipublicacoes.pt
NIPC: 506 012 905 · CRCL: 11061
necessários para que desenvolva a sua actividade nas melhores condições,
pressupõe um acordo entre o colaborador e a entidade empregadora, que Conselho de Administração
tem como objectivo melhorar o bem-estar do colaborador e, assim, au- Ricardo Florêncio - CEO
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Conselheiro
DE “DIGITAL LEADER”
A “POWER SKILLS”
Bem-vindos ao novo mundo da gestão pós-pandémica!
emergir novos “digital leaders” nas nos- de horário de trabalho. Ou seja, estão a
Pedro Ramos sas empresas; líderes que começaram emergir novas formas e regimes contra-
Director de Recursos
a olhar para si e para os seus liderados tuais, onde um autêntico reset às car-
Humanos da TAP numa perspectiva de influência digital reiras profissionais tradicionais e aos
Air Portugal e sempre com intervenção multicanal. descritivos funcionais terá de ser efec-
M
As pessoas, por sua vez, foram obriga- tuado, pela necessidade das partes – em-
uito já se disse e es- das (eu diria, ainda bem!) a fazer a pas- pregador e empregado – exactamente
creveu sobre este sagem de uma visão de “training” para fruto nesta nova realidade de relações
“novo normal”. O uma nova visão de “learning” no que às de trabalho centradas nos resultados
nosso desafio, en- suas aprendizagens “em emergência” e competências evidenciadas em pro-
quanto gestores de Pessoas, passa ago- diz respeito. Isto mudou e vai reforçar- cessos de flexibilidade total e emergên-
ra por tentar traduzir esse léxico para -se certamente ainda mais nesta ges- cia de respostas.
um “novo pós-normal”. Em relação aos tão pós-pandémica. 4ª. Planeamento: Acabaram definitiva-
contextos pós-pandemia, diria que este Foram descobertas formas e modos mente os processos de planeamento de
agora “novo pós-normal” é caracterizado diferentes de gestão dos próprios com- longo e médio prazo. As empresas terão
por grandes alterações em cinco grandes portamentos dentro das nossas organi- sobretudo de evidenciar grande flexi-
dimensões no que respeita à Gestão de zações. Aqui cabe também uma neces- bilidade de gerir planos de curto e cur-
Pessoas e à gestão de uma forma geral. sidade concreta, sentida pelas empre- tíssimo prazos, que incluam dimensões
1ª. Organização do trabalho: Os proces- sas e que nunca tinha sido verdadeira- ou áreas de gestão desses planos em con-
sos de gestão do trabalho mudaram defi- mente implementada, que é a nova ne- textos de emergência. Também medi-
nitivamente, seja os tempos de trabalho, cessidade emergente de ter mapeados das de prevenção e gestão de riscos as-
a organização dos processos de equipas e em dia todos os riscos psicossociais sumirão uma acuidade especial nesta
e das funções, o teletrabalho (que veio dentro das nossas empresas, destacan- nova dimensão.
definitivamente para ficar em algumas do-se temas como o stress organizacio- 5ª. Predomínio das soft skills (gosto es-
áreas das nossas empresas) e uma maior nal e o burnout. pecialmente desta dimensão): Algu-
orientação para os resultados do que para Por último, nesta dimensão, subli- mas destas competências, mais do que
as formas e os modos de os obter. E, já nho o facto de esta experiência “violenta” críticas do ponto de vista das pessoas
agora, nesta dimensão, tudo o que tem a do durante a pandemia ter assumida- e das organizações, passaram a assu-
ver com os processos de alteração e re- mente desmitificado a importância da mir uma lógica nova de “power skills”.
invenção dos próprios negócios em si, de tecnologia na sua relação directa alta- Refiro-me a competências como coo-
forma absolutamente flexível. Esta foi, mente positiva com acréscimos de hu- peração, resiliência, gestão de equipas
aliás, uma das grandes aprendizagens manização nas nossas empresas. em stress, gestão de riscos, liderança
do período “durante a COVID”. 3ª. Relação contratual e salarial: O pe- em emergência, o agile thinking e duas
2ª. Relação com as pessoas: A forma ríodo de pandemia veio definitivamente que o Fórum Económico Mundial já
como as empresas e os seus líderes transformar a relação entre emprega- em 2017 dizia que todos nós tínhamos
se relacionam com as pessoas mudou dor e empregado numa lógica de “con- de ter em 2020 (recordam-se?), que são
radicalmente. Refiro-me não só aos co- tratualização” pelas competências crí- as minhas favoritas: inteligência emo-
laboradores e equipas de trabalho, mas ticas detidas, pelo resultado obtido e con- cional e… flexibilidade cognitiva, para
também à relação com os clientes. O pro- seguido, em vez de uma contratualiza- mim a “rainha” de todas as actuais “po-
cesso de gestão durante a pandemia fez ção ou pagamento salarial numa lógica wer skills”.
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De olhos postos
no “novo normal”
«O grande desafio agora é aproveitar o momento e não voltar à normalidade anterior;
dar um passo em frente.» E isto não só em relação a alguns processos e formas de
trabalho, mas também no recentrar da extrema importância e imprescindibilidade
da Gestão de Pessoas nas organizações.
C
om a exigência de confinamento e distancia- zer onboarding online. Revelaram também como está a ser
mento físico, não foi ainda possível retomar preparado o regresso ao “novo normal” e como estão as es-
os almoços do Conselho Editorial da Human tratégias para 2020 a ser adaptadas.
Resources, mas nem por isso deixámos de reu- Participaram na reunião virtual os conselheiros: Ana Porfírio
nir para partilhar experiências e ideias. O foco, (Jaba Recordati); Carla Gouveia (Korn Ferry); Catarina Horta
inevitavelmente, foi na resposta à pandemia COVID-19, sen- (Novo Banco); Catarina Tendeiro (Grupo Ageas); Clara Trin-
do possível perceber diferentes realidade e exigências, desde dade (L’ Oréal); Gonçalo Rebelo de Almeida (Vila Galé); Isabel
logo pelas especificidades dos sectores em que actuam. Uns Heitor (ANA Aeroportos); Joana Queiroz Ribeiro (Fidelidade);
com actividade (e facturação) reduzida a quase 0 e outros com João Zúquete da Silva (Altice); Nuno Troni (Randstad); Pedro
picos de actividade, em comum destacaram a importância da Fontes Falcão (ISCTE Executive Education); Pedro Ramos
comunicação e transparência, sendo a gestão emocional o maior (TAP Air Portugal); Pedro Ribeiro (Super Bock Group); So-
desafio no que respeita às pessoas. Partilharam como estão a fia Castro (Sonae MC); Teresa Nascimento (DefinedCrowd);
assegurar a proximidade (à distância) ou, por exemplo, a fa- Tiago Brandão (The Browers) e Vanda de Jesus (Microsoft).
Gonçalo Rebelo de Almeida Isabel Heitor Joana Queiroz Ribeiro João Zúquete da Silva
Radar
ESTUDO
19 RECOMENDAÇÕES
(OFICIAIS) PARA O
REGRESSO AO TRABALHO
O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social
(MTSSS), em articulação com a Autoridade para as Condições
no Trabalho (ACT) e a Direcção-Geral da Saúde (DGS),
disponibilizaram um documento com “19 Recomendações para
Adaptar os Locais de Trabalho e Proteger os Trabalhadores”.
O
documento integra “19 Re- didas de prevenção para trabalhadores transportes colectivos e no acesso aos
comendações para Adaptar e clientes e/ou fornecedores. locais de trabalho.
os Locais de Trabalho e Pro- 6. Fornecer água e sabão ou desinfectan-
teger os Trabalhadores”, di- te para as mãos em locais convenientes. R Adaptação ao teletrabalho
vididas em cinco áreas. São elas: 7. Assegurar uma boa ventilação e lim- 15. O empregador deve garantir que es-
peza dos locais de trabalho. tão reunidas as condições de prestação
R Precauções antes do regresso 8. Reduzir os contactos entre trabalha- de trabalho em regime de teletrabalho.
ao trabalho presencial dores, e entre trabalhadores e clientes 16. O empregador deve minimizar os
1. Se tiver algum sintoma associado à e/ou fornecedores. riscos físicos, assim como psicossociais,
COVID-19 não deve regressar ao seu lo- 9. Reduzir os contactos entre trabalha- para os trabalhadores que estão em re-
cal de trabalho sem antes confirmar que dores e outras pessoas nos intervalos, gime de teletrabalho.
não existe risco para si nem para os ou- pausas e espaços comuns. 17. O teletrabalho, em particular no qua-
tros, devendo contactar a Linha SNS 24 10. Nas empresas ou estabelecimentos dro da actual pandemia, deve atender
(808 24 24 24) e ter essa confirmação. abertos ao público, eliminar ou limitar à necessidade de alguma flexibilidade
2. Se manteve contacto próximo com ca- a interacção física entre trabalhadores sem deixar de se assegurar uma organi-
sos confirmados ou suspeitos de COVID- e clientes e/ou fornecedores. zação eficaz do trabalho
-19, não deve regressar ao seu local de 11. Garantir o acesso de todos os traba-
trabalho sem antes contactar a Linha SNS lhadores aos equipamentos de protecção R Deveres e direitos dos
24 (808 24 24 24) para obter as orienta- individual (EPI) adequados. empregadores e trabalhadores
ções adequadas à sua situação concreta. 12. Reforçar as práticas de higieniza- e diálogo social na prevenção
3. Se pertencer ao grupo de pessoas su- ção dos equipamentos de protecção in- da pandemia COVID-19
jeitas a um dever especial de protecção, dividual (EPI) e roupas de trabalho. 18. Empregadores e trabalhadores têm
deve, preferencialmente, realizar as suas responsabilidades partilhadas na pre-
tarefas remotamente (teletrabalho). R Viagens de trabalho prestado venção e mitigação da pandemia CO-
em veículos e deslocações VID-19 nos locais de trabalho.
R Segurança e saúde no local de e para o trabalho 19. O diálogo social permanente e a to-
de trabalho 13. Viagens de trabalho e trabalho pres- dos os níveis é de particular importância
4. O regresso dos trabalhadores deve ser tado em veículos devem ser objecto de es- neste contexto, pelo que é considerada
faseado, avaliando se é possível optar peciais precauções. uma boa prática o reforço da informa-
pelo teletrabalho. 14. Nas deslocações de e para o trabalho, ção e também consulta dos trabalhado-
5. Assegurar o planeamento, monitoriza- deve evitar-se sempre que possível o ajun- res e, sempre que existam, das suas es-
ção e reforço da informação sobre as me- tamento de pessoas, nomeadamente nos truturas representativas.
RANKING
TRÊS ESCOLAS
PORTUGUESAS
ENTRE AS MELHORES
DO MUNDO
COMPETÊNCIAS
9 SOFT SKILLS
Portugal tem três escolas de
negócios entre as melhores do
mundo, no que diz respeito à
formação para executivos, de
acordo com o “Ranking Global do
Financial Times Executive Educa-
FUNDAMENTAIS NO ACTUAL
tion 2020”.
F
em relação ao ano anterior. Porém,
nos programas de inscrição aber- rancisco Paquete, assistente de res e, consequentemente, para o seu de-
ta, a escola de negócios subiu 10
posições, ocupando agora a po- Marketing do Grupo RHmais, sempenho e para a sua produtividade.
sição 47.ª. Assim, é, pelo segun- faz notar que, se por um lado o R Resiliência: Saber lidar com adversi-
do ano consecutivo, a business desenvolvimento tecnológico dades, mantendo o foco e a determina-
school nacional mais bem classi- trouxe uma maior eficácia aos merca- ção, é essencial para o alcance de objec-
ficada em Formação de Executi- dos, por outro, está associado a um maior tivos a longo prazo.
vos, consolidando também a 23.ª
posição ao nível europeu. Já a Ca- isolamento social, o que, a médio prazo, R Flexibilidade: Com as transforma-
tólica Lisbon School of Business & acaba por causar um grande défice nas ções tecnológicas, estruturais e situa-
Economics ocupa o 50.º lugar no soft skills, que são fundamentais nas ções inesperadas como a actual pande-
ranking geral, tendo descido duas organizações. E identifica nove que de- mia, adaptação é a palavra de ordem no
posições no ranking. No entanto, vem ser fomentadas: mercado de trabalho, actual e futuro.
subiu 15 posições nos progra-
mas customizados para empre- R Comunicação: Envolve linguagem R Criatividade: É um dos maiores fac-
sas, ocupando este ano a 39.ª po- verbal, não verbal e escrita e implica não tores de diferenciação dos quais as or-
sição a nível mundial e a liderança só saber expressar/debater ideias, mas ganizações se podem valer, quando os
em Portugal. Nos programas de também ser um bom ouvinte. meios e até as ferramentas disponíveis
inscrição aberta, a Católica-Lis- R Trabalho em equipa: Seja presencial são as mesmas.
bon ocupa a 72.ª posição, tendo
descido nove posições. A Porto ou remotamente, potencia a eficácia e a R Gestão de tempo: Essencial para ga-
Business School, que também faz produtividade, e contribui para o bom rantir uma boa produtividade e também
parte do ranking, viu a sua classi- ambiente interno. o cumprimento de objectivos, assim como
ficação subir seis posições na ca- R Análise: Capacidade de compreender, de deadlines.
tegoria de programas customiza- decifrar ou analisar informação, e tor- R Curiosidade: Pró-actividade na procu-
dos para empresas (de 64.º lugar
para o 58.º) e de uma posição nos mar decisões com base nessa análise. ra constante de conhecimento demons-
programas de inscrição aberta (de R Atitude positiva: Contribui para o au- tra entrega e contribui para nos tornar
76.º para 75.º lugar). mento do ânimo de todos colaborado- melhores profissionais.
Radar
Palavras como lay-off, redução e suspensão de contrato estão R E o trabalhador, pode marcar unilate-
ralmente as férias?
na ordem do dia. O teletrabalho passou de excepção a regra. E,
Geralmente não, mas, a título excepcio-
surpresa ou talvez não, as dúvidas em torno das férias passaram nal, permite-se a marcação de férias, sem
a ser presença assídua nas nossas conversas. Assim, Gonçalo necessidade de acordo com o emprega-
Pinto Ferreira, partner da Telles Advogados, esclarece as dúvidas. dor, em substituição do recurso ao regi-
me excepcional de faltas justificadas,
S
com o propósito de assistência à família.
ão estas algumas das princi- R De que modo são marcadas as férias?
pais dúvidas dos profissionais Pode o empregador impor a marcação R Os trabalhadores de serviços essen-
relacionadas com o gozo de fé- de férias? ciais, também podem optar pela marca-
rias, na sequência da situação Em regra, o período de férias é marcado ção unilateral de férias?
de excepção que a pandemia COVID-19 por acordo entre o empregador e o tra- Não. A possibilidade de marcação de fé-
provocou, com um impacto intenso e diá- balhador. Contudo, na falta de acordo, o rias não é aplicável aos trabalhadores de
rio nas relações laborais: empregador pode marcar unilateralmen- serviços essenciais como profissionais
te as férias (sem consentimento do tra- de saúde, das forças e serviços de segu-
R Quantos dias de férias tenho? balhador), mas apenas no período entre rança e de socorro.
Nos termos da lei geral, os trabalhado- 1 de Maio e 31 de Outubro.
res têm direito a 22 dias de férias. R Como é que funcionam as férias no
R A lei prevê outras alternativas que lay-off simplificado?
R Dentro de que períodos devem os permitam impor o gozo de férias? A redução ou suspensão não prejudica
trabalhadores gozar férias? Sim, sempre que seja compatível com a marcação e o gozo de férias, nos termos
As férias devem ser gozadas no ano civil a natureza da actividade, o empregador gerais, tendo o trabalhador direito ao pa-
em que se vencem, sem prejuízo de po- pode proceder ao encerramento da em- gamento pelo empregador do subsídio
derem ser gozadas até 30 de Abril do ano presa ou do estabelecimento, total ou de férias devido em condições normais
civil seguinte, sempre que haja acordo parcialmente, para férias dos trabalha- de trabalho.
entre o empregador e o trabalhador ou dores, desde que o faça nos seguintes Durante o período de férias, o traba-
sempre que o trabalhador pretenda gozar termos: até 15 dias consecutivos entre lhador tem direito ao valor da compen-
com familiar residente no estrangeiro. 1 de Maio e 31 de Outubro; por período sação retributiva (2/3 da sua remune-
Os trabalhadores podem ainda gozar superior a 15 dias consecutivos ou fora ração ilíquida) acrescida do subsídio de
metade das férias do ano anterior com o do período enunciado no ponto anterior, férias, total ou proporcional, que lhe se-
vencido no ano em causa, mediante acor- quando assim estiver fixado em Instru- ria devido em condições normais de tra-
do entre o empregador e o trabalhador. mento de Regulamentação Colectiva balho, ou seja sem qualquer redução.
Radar
ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS
O QUE MUDOU DEPOIS DE 16 DE MARÇO
Hoje, decorridos que estão quase 50 dias, estamos ainda um tanto perplexos com a rapidez com
que nos adaptámos a este(s) novo(s) formato(s) de trabalho e um tanto rendidos à eficiência dos
novos procedimentos adoptados. POR Paula Ferreira Borges
N
o dia 13 de Março, às 15h, a a situação e, no dia 27 de Março, infor- Na segunda-feira seguinte (16 de Mar-
direcção-geral da SRS co- maremos se retomamos ou não a acti- ço) às 9h, desde o estagiário ao mana-
municou o seguinte a to- vidade presencial.» ging partner, passando pela equipa de
dos os seus colaboradores: E a 27 de Março comunicámos que Business Services, todos estavam onli-
«Na sequência da informação transmi- nos manteríamos em teletrabalho en- ne, a aceder remotamente às aplicações/
tida ontem à noite pelo nosso primeiro- quanto fossem essas as orientações. plataformas necessárias para desenvol-
-ministro, António Costa, e cientes da Desde o início de Março que já ví- ver a sua actividade.
responsabilidade que temos, priorita- nhamos reduzindo a presença física no Não obstante, em paralelo, manti-
riamente, para com todos vós e vossas escritório dos colaboradores de grupos vemos sempre o escritório operacional,
famílias, decidimos que a partir de hoje, de risco e a preparar todas as condições com medidas de higienização refor-
e por um período que se estenderá até para que os 130 colaboradores da SRS çadas e a presença física de uma equi-
ao dia 27 de Março (inclusive), a SRS pudessem, a qualquer momento, traba- pa de três a quatro pessoas para asse-
Advogados manterá todos os seus ser- lhar integralmente a partir de casa, mas gurar a recepção e encaminhamento do
viços activos em regime de trabalho re- não previmos que a mudança fosse tão correio e chamadas recebidas pela li-
moto. Até lá, avaliaremos diariamente radical... nem tão bem-sucedida. nha geral, os serviços externos, e outros
Radar
DICAS
COMO FAZER O TELETRABALHO
FLUIR DE FORMA POSITIVA?
Com a certeza de que as limitações à circulação continuarão a ser o “novo normal” nos próximos tempos,
com consequências também no dia-a-dia laboral, é importante analisar os pontos positivos e negativos
desta experiência e rever a nossa postura de teletrabalho, de forma a obtermos os melhores benefícios.
À
medida que o trabalho re- R Garanta que tem acesso seguro a des sociais. Tentem fazer pausas vir-
moto se torna cada vez mais uma rede de banda larga e à rede e fer- tuais para descanso e socializar entre o
comum e nos vamos habi- ramentas de trabalho. O seu escritó- trabalho, torna-se divertido tomar um
tuando à nova rotina, exis- rio é agora na sua casa, através do seu café em equipa dessa forma.
tem riscos diversos que é preciso ter em smartphone, tablet ou laptop, comple-
conta. A dificuldade em separar os horá- mentados com boas ligações de banda R Não se esqueça de cuidar de si, é im-
rios entre a vida profissional e a vida pes- larga fixa e móvel. Não devemos esque- portante dedicar algum tempo diaria-
soal, em manter a disciplina e demasia- cer que poderá haver uma sobrecarga mente a actividades que o ajudem, se-
do stress podem provocar problemas de de rede, pois poderá estar a usar a mes- jam de exercício físico ou meditação, de-
saúde mental. Neste momento, o objec- ma entre várias pessoas em simultâ- pendendo das necessidades que tiver.
tivo passa por tentarmos permanecer neo, e se calhar até mesmo os seus filhos
saudáveis e produtivos, para que também em telescola. Sempre que for possível, R Sabendo que é um grande desafio,
possamos ajudar a manter a produção da considere usar ferramentas de video- tente manter-se focado ao longo do dia.
nossa empresa e, consequentemente, da conferência, pois essas reuniões trarão Dois adultos em teletrabalho, com crian-
nossa economia. de volta um pouco das interações pes- ças pequenas, e até mesmo em telescola,
Assim, recordamos alguns procedi- soais que se perderam. é um cenário completamente novo e mui-
mentos e reforçamos mensagens impor- to complexo. Se possível, tentem fazer
tantes nesta fase de quarentena, para R Identifique prioridades e reveja a lis- turnos para dar apoio às actividades es-
continuarmos a manter o equilíbrio pes- ta dos to do’s logo pela manhã. Tenha colares e todos tentarem obter uma ro-
soal e profissional: bem definidas as suas intenções para o tina de trabalho.
dia de trabalho e não se esqueça de fa-
R Siga uma rotina, vista uma roupa di- zer pausas. Os pequenos intervalos per- R Procure melhorar as suas compe-
ferente da que usa para descansar em mitem repensar o seu trabalho e carre- tências digitais. Nesta altura, é preciso
casa. Experimente até mesmo fazer uma gar baterias, extremamente importan- ter reuniões em videoconferência, or-
breve caminhada matinal antes de ligar te a nível mental. A pausa para almoço ganizar webinars ou apresentações em
o computador, nem que seja para ir dei- é igualmente vital. Aproveite para uma diversas plataformas. É uma excelen-
xar o lixo à rua e respirar o ar matinal. breve leitura ou uma curta caminhada te oportunidade para transformar lacu-
no seu quarteirão. nas em vantagens, experimentar novas
R Estabeleça um local exacto para tra- ferramentas e de se aperfeiçoar em no-
balhar, evitando trabalhar no quarto. R Além do contacto com as chefias, man- vas áreas digitais.
Não se esqueça do apoio ao pescoço e de tenha a comunicação com os seus cole-
se levantar diversas vezes, é muito im- gas. Normalmente, passamos a maior R Se tem um cargo de gestão, lembre-se
portante para manter uma boa postura e parte do tempo perto dos colegas, o que que é mais importante que nunca tratar
evitar mazelas. Desmonte o local de tra- facilita a relação do dia-a-dia, sem gran- os colaboradores com empatia e huma-
balho ao final do dia, ou pelo menos ao fi- de esforço. Mas hoje também existem nidade. Muitas pessoas necessitam de
nal da semana, principalmente se vive em inúmeras ferramentas disponíveis para apoio e orientação, e é importante ser mais
família. É uma ajuda para separar os ho- nos ajudar a manter o contacto, seja com flexível em relação ao tempo, pois to-
rários entre a vida profissional e pessoal. chamadas de vídeo, chats digitais ou re- dos tentam encontrar um ritmo nesta
recente normalidade. Deve definir ex- R Esteja sempre bem informado. O des- mundial, mas que é apenas temporária. É
pectativas claras sobre o horário de tra- conhecimento e a especulação podem ser essencial que os colaboradores percebam
balho e agendar as reuniões. Dentro des- muito prejudiciais em tempos de crise que estamos juntos no mesmo barco e
sa organização, exerça o máximo de fle- e a sua equipa conta consigo para obter a remar para o mesmo lado. E só assim
xibilidade possível pois com crianças em clareza e orientação. Esteja informa- conseguiremos sair juntos desta situa-
casa e outras interrupções para lidar, as do sobre tópicos importantes para o ne- ção e retomar a economia.
pessoas precisarão de mais espaço e fle- gócio da empresa e não apenas sobre a
xibilidade para tudo funcionar. situação pandémica e partilhe-os com R Efectuar um questionário a todos
a sua equipa. os colaboradores com o propósito de
R Ajude a sua equipa a estabelecer li- recolher feedback sobre o seu bem-
mites no tempo de trabalho. Criar li- R Não se esqueça de disponibilizar tam- -estar. Desta forma estará a recolher
mites firmes no horário de trabalho é bém todo o material e ferramentas de que informação que irá ajudar a empresa
um truque bem conhecido para os vete- a sua equipa necessita. Ter o material cer- a gerir a sua estratégia de comunica-
ranos de trabalho remoto, mas os novos to pode fazer uma enorme diferença na ção e apoio aos colaboradores, ajus-
colaboradores, que se vêem subitamente produtividade, qualidade do trabalho tando actuações perante um proble-
teletransportados para as operações em- final e qualidade de vida. ma novo para todos. Permite igualmen-
brionárias de escritórios domésticos, te o agrupamento de respostas por uni-
geralmente acabam a trabalhar mais R A transparência deve ser uma das dades, ajudando as chefias a ter uma ac-
horas do que se estivessem no escritório. principais prioridades. Seja claro sobre tuação mais adequada perante os reais
o que faz e aquilo que sabe ou não sabe. problemas e dificuldades vivenciados
R Tente “normalizar” esta nova forma de E quando tiver conhecimento sobre al- pelos colaboradores. Algumas pergun-
trabalho. Nem todos têm as mesmas con- guma política ou medida que será altera- tas do questionário que fizemos na Erics-
dições. Qualquer canto da casa pode ter da, informe a sua equipa de que algumas son foram: nível de apoio sentido, inte-
sido transformado em escritório domésti- mudanças poderão chegar em breve, mas resse genuíno da empresa no bem-estar,
co improvisado e as distrações e impacto que ainda não conhece os detalhes. Essa capacidade de priorização, produtividade
na produtividade podem ser expectáveis; transparência será apreciada e criará no teletrabalho, gestão do stress e apoio
mais confiança junto da equipa. ao cliente.
R Tranquilize a sua equipa, não neces-
sitam de se “vestir a rigor” para video- R Tente manter uma atitude positiva.
chamadas, e é bem provável que o espa- É muito importante passar mensagens Rute Diniz
ço de trabalho mostre sinais de uma casa construtivas. Estamos a passar uma fase Head of People
mais confusa. por que nunca ninguém passou a nível da Ericsson Portugal
FAZ LOADING
À TUA
CARREIRA.
O Banco Credibom tem um programa interno de estágios
para jovens talentos. O Loading pode ser a porta de entrada
e o começo de uma carreira profissional numa empresa
de sucesso e em crescimento. Aqui, damos crédito ao talento
e damos também uma oportunidade para que possas
aprender e mostrar o teu valor.
Porque nós, acreditamos que o futuro das empresas
também está naqueles que têm o futuro pela frente.
tendências 360
O P I N I ÃO
O PROPÓSITO
DE CADA UM
Luísa Cardoso
Business unit manager | Staffing, da Randstad Portugal
N
o final de cada dia, que o que queremos é que se destaquem e que
valor acrescentamos? façam diferente?
O que de diferente faze- Defendemos hoje a inclusão, o olhar
mos? Qual é, de facto, o para o outro, o sermos empáticos, solidá-
nosso contributo? Mer- rios e disponíveis; ao mesmo tempo que se
gulhados na velocidade do nosso tempo torna incontornável a capacidade de nos bedores de que os nossos não estarão sem-
e na urgência dos nossos dias, muitos mantermos focados na carreira e famí- pre protegidos e que terão de “enfrentar”
são aqueles para quem a resposta não lia, não nos esquecendo de nós próprios. o mundo com coragem (mas com medos
é óbvia e, quando é, fica aquém daquilo Pensando bem, é um tremendo mala- conscientes). Não podemos assumir que
que gostaríamos. barismo, digno das pinturas dos túmulos “quando for, será” e que na altura eles se-
Hoje, dá-se mais valor aos números do antigo Egipto. O que me leva a pensar que rão capazes. Somos parte integrante, com
nas pautas dos nossos jovens do que às malabarismos já se fazem há um punhado responsabilidades bem vincadas, na so-
atitudes que tomam. Valorizam-se “qua- de anos, pelo que se calhar precisamos ciedade do futuro. Há que procurar aliar
dros de honra” quando o foco deveriam ser somente de ajustar e aperfeiçoar técnicas, essa responsabilidade à assunção da ne-
tantos outros “quadros” que reconhecem face àquilo que tentamos equilibrar. cessidade de nos questionarmos e de-
valores maiores. “A educação vem do berço” é uma fra- safiarmos constantemente, e ao dever
O que queremos ou esperamos das no- se que já todos nós ouvimos ou lemos. que temos de continuar o legado deixado
vas gerações? Mais e melhor do que te- Que responsabilidade temos nós no por aqueles que nos antecederam.
mos hoje nas nossas empresas, nas es- contrapeso daquilo que a actualidade nos Temos de ter feito o exercício de não
colas, em cada uma das pessoas com que exige em temas como a igualdade de gé- deixarmos cair no esquecimento que,
nos cruzamos. Na realidade, queremos neros, a equidade nas oportunidades, li- mesmo numa sociedade deficitária em
aquilo em que tanto procuramos inves- deranças conscientes entre outros cha- alguns temas acutilantes, temos também
tir pessoal e profissionalmente: um ca- vões com que lidamos diariamente? uma história de conquistas: da liberdade
pital humano com conhecimento, ambi- Temos a obrigação moral e social de in- de expressão que me dá acesso a este es-
ção, focado nos objectivos, com o coração vestir nas nossas pessoas, e cada vez mais paço; à igualdade de direitos que me per-
no sítio certo e um propósito. E é aqui que isso se vê no seio das empresas, mas este é mite, enquanto mãe e mulher, traçar e tri-
se calhar o desalinho começa: no pro- um caminho que começa no “tal” berço, lhar uma progressão de carreira, à pos-
pósito, ou na falta dele. numa busca de que o propósito seja o bem sibilidade de educar um filho segundo os
Cada vez mais o foco deve estar no todo comum. E aqui o resultado pode bem ser meus ideais, com uma visão no futuro e
e não só na parte que somos cada um de a soma das partes (Aristóteles que me des- na liberdade que sei que irá respeitar,
nós, ou nos nossos resultados, nas nossas culpe a ousadia). O propósito de cada um deixando, à passagem, a sua impressão
conquistas, nas nossas batalhas. Temos a pode e deve ser algo com que nos identi- digital, o seu cunho pessoal.
obrigação de orientar as novas gerações ficamos e complementares entre si, seja Termino este “desabafo” com uma
para um propósito comum. Permitir-lhes ele a inclusão, a defesa das minorias, a frase na qual já tropecei diversas vezes
serem criativos, conscientes do que os igualdade, o equilíbrio entre vida familiar nos últimos anos, e que diz “There is no
rodeia, ambiciosos e crentes, e focados e profissional. Cada um de nós, investindo greater agony than bearing an untold
nas suas capacidades, mas com um olhar no mundo que existe para além de nós pró- story inside you”.
longe do seu umbigo. prios, pode fazer desalinhar o que temos Não podemos deixar de fazer histó-
Porque preparamos os nossos jovens hoje, criando algo melhor e maior. ria com a nossa passagem por aqui. Co-
para encaixarem em moldes, em ideologias, No final de cada dia devemos ter con- meça com os nossos, e transpõem-se ra-
em grupos, em formas de pensar, quando seguido ser educadores ambiciosos e sa- pidamente para o mundo.
F E R RA M EN TA
UM KIT DIGITAL PARA GERIR O TALENTO
Para responder aos desafios do actual contexto e ajudar a diminuir o impacto da
pandemia, a Randstad disponibiliza às empresas um “kit digital”, que integra um
conjunto de ferramentas que alia as suas soluções tecnológicas à experiência dos seus
consultores, para garantir a melhor experiência nos processos de gestão de talento.
A
conjuntura COVID-19 O valor das soluções varia consoan- Inês Veloso, directora de Marketing
trouxe vários desafios te as necessidades das empresas, sen- e Comunicação da Randstad. «É por
para as empresas, prin- do que, numa primeira fase, algumas isso que estamos a disponibilizar es-
cipalmente para aquelas poderão contar com etapas isentas te kit digital. Esta medida é focada na
que não estavam familiarizadas com de custos. Estas são ofertas prontas nossa missão em garantir que este ví-
o trabalho à distância ou com o digital a entregar às empresas, com valores rus também não mata o emprego e que
a 100%. Mantendo o foco na Gestão de muito mais baixos e sempre com o su- contribuímos com as melhores prá-
Pessoas, a Randstad apresenta agora porte dos consultores. ticas para as empresas.»
uma nova oferta comercial, disponibi- «Nesta fase, é muito importante as Para as empresas que procuram an-
lizando às empresas a possibilidade empresas não esquecerem as pessoas tecipar cenários e definir estratégias
de usufruírem de algumas das solu- e fazerem a gestão do talento em todos para a retoma, o kit digital também tem
ções digitais já utilizadas internamen- os momentos do ciclo de vida. Ao mes- soluções para garantir o engagement
te com os seus clientes. mo tempo, compreendemos que po- no regresso dos colaboradores em re-
As cinco grandes áreas que com- dem não ter soluções tecnológicas que gime de lay-off, apoiar o regresso dos
põem este kit digital – ao qual se pode garantam a melhor experiência e que, colaboradores para a retoma ou ace-
aceder a partir do site – são recruta- em muitos casos, não possam inves- der a dados do mercado que permitam
mento, selecção, formação, gestão de tir em grandes projectos», faz notar traçar os próximos passos.
pessoas e planeamento do futuro. As-
sim, as empresas vão poder encontrar
as soluções que melhor correspondem
ao seu perfil, desde recrutar e receber
colaboradores de forma 100% digital;
utilizar uma estratégia de “gamifica-
tion” na selecção de talento, formar
colaboradores através de e-learning
ou fazer sessões de live training.
Na área de Gestão de Pessoas, a
Randstad dá acesso a ferramentas que
permitem avaliar a performance das
equipas, comunicar e gerir horários,
bem como aumentar o engagement
através de uma estratégia de reco-
nhecimento e feedback. Em cada uma
das cinco áreas, é possível encontrar
respostas – e tudo a partir de tecno-
logia já testada e do know-how dos
seus profissionais.
I
Essas medidas serão acompanhadas e
dentificar as pessoas certas 2. randstad buzz – acompanhar avaliadas por estas empresas de Recur-
antes de serem precisas, dis- gestores de pessoas por whatsapp sos Humanos, que vão partilhar entre si
ponibilizar acompanhamen- Os gestores de Pessoas, sejam ou não as melhores práticas, especialmente
to gratuito aos gestores de Pes- de Recursos Humanos, têm um papel onde o teletrabalho não é possível.
soas e o esforço conjunto do sector para fundamental na retoma. E dimensões Os sectores abrangidos nesta me-
um regresso à normalidade (possível) ligadas ao talento, workplace, desen- dida são: transportes e logística; au-
foram as apostas: volvimento individual e de equipas vão tomóvel; indústria; ciências da vida;
ser críticas para acelerar a retoma. construção; alimentação. E, nesta pri-
1. identificar perfis críticos Para responder a este desafio, a meira fase, os países em análise são:
em tempos de crise equipa de consultores especializados R Espanha, Alemanha, Bélgica e Paí-
O objectivo é identificar os perfis da Randstad desenvolveu um conjun- ses Baixos: liderado pela Randstad;
críticos das empresas ainda antes de to de áudios que acompanham estes R Itália, França e Reino Unido: lide-
estes serem necessários. Actualmen- profissionais via WhatsApp, assegu- rado pela Adecco;
te, qualquer trabalhador pode, repen- rando um acompanhamento persona- R Países Nórdicos, Japão e EUA: li-
tinamente, ficar privado de traba- lizado e gratuito, com a perspectiva derado pela Manpower.
lhar, seja por estar contaminado, em de especialistas em Pessoas. O objectivo é que estas medidas
quarentena, assistência à família ou «Este é um modelo novo, em que possam ser escaladas rapidamente
até de luto. criamos um canal de partilha e outro para outras indústrias e países.
Esta incerteza, num cenário em que de interacção com os profissionais», Seguindo este compromisso global,
as empresas lutam pela sua sobrevi- explica Inês Veloso. «Além dos temas a Randstad Portugal quer também
vência, precisa de ter garantias; ga- principais, temos ainda áudios do que contribuir para o momento decisivo de
rantia de que um perfil validado está a Randstad recomenda. O que vai ser o regresso à normalidade no nosso país,
pronto para essa integração e substi- novo normal? Como garantir a energia assumindo um papel activo na parti-
tuição temporária, assegurando que das equipas e o seu acompanhamento? lha do conhecimento e reforçando a
o negócio não pára. Em momentos curtos, pouco intrusi- sua disponibilidade para colaborar
Inês Veloso, directora de Marke- vos, mas juntos, vamos oferecer gra- com as diversas entidades competen-
ting e Comunicação da Randstad Por- tuitamente a nossa experiência e vi- tes.Isto para garantir que, em conjun-
tugal, destaca: «Queremos garantir são para que consigamos mesmo ace- to, são tomadas medidas concretas.
que os negócios não páram por falta de lerar esta retoma.» «Mais eficaz do que legislar e fis-
pessoas e que têm os perfis adequados. calizar, é estarmos juntos nesta pre-
Esta é e sempre foi a nossa missão e 3. aliança para o regresso paração, assumindo não apenas com-
por isso, sem qualquer compromisso ao trabalho em segurança promissos, mas também acções con-
de utilização ou custos, queremos des- Numa crise sem precedentes exige-se cretas, porque a vida humana é o bem
de já identificar essas pessoas. As em- colaboração, para que se consiga mini- mais importante da economia e preci-
presas podem nunca precisar, mas em mizar o impacto da mesma, não ape- sa de trabalho para a sua própria feli-
caso de urgência vamos conseguir res- nas no combate, mas também neste cidade», afirma José Miguel Leonar-
ponder de imediato.» momento em que se prepara a retoma do, CEO da Randstad Portugal.
Um acelerador
chamado sentido
de propósito
Sabendo que estamos a viver uma situação sem precedentes e que é preciso
garantir os níveis de energia, resiliência e determinação, a Sonae acredita
dispor de um acelerador para ajudar todas as empresas do grupo a ultrapassar
circunstâncias desafiantes: o sentido de propósito. POR Ana Leonor Martins
oão Günther Amaral, adminis- no que à gestão de talento diz respeito, tal danças nas nossas vidas pessoais e pro-
trador e Chief Development Of- como o engagement dos colaboradores, fissionais. Naturalmente, dada a diver-
ficer (CDO) da Sonae, garante: a diversidade e inclusão, e o desenvol- sidade de negócios que temos no grupo,
«Todos participamos. Todos vimento pessoal contínuo e reskilling. a realidade que se vive em cada um deles
ajudamos. E a coragem e o em- é bastante distinta e cada uma das em-
penho de todas as equipas num Como é que a actual situação de excep- presas está a implementar as medidas
momento como este é mesmo impres- ção tem sido vivida – e gerida – na Sonae, de gestão adequadas ao seu contexto.
sionante e comovente.» Com mais de 50 o maior empregador privado do País? Ainda assim, há dois eixos transver-
mil colaboradores e um portefólio muito A Sonae tem estado a acompanhar em sais a todos os negócios. Por um lado, to-
diversificado de negócios, que passa pelas permanência a actual situação de pan- dos estão focados em assegurar o acesso
áreas do retalho, serviços financeiros, tec- demia que vivemos, seguindo as reco- aos serviços e produtos essenciais, sejam
nologia, centros comerciais e telecomu- mendações das autoridades competen- eles alimentares ou comunicações, em
nicações, a resposta teve obviamente de tes e adoptando sempre as melhores prá- canais físicos ou digitais. E claro que
ser distinta e adaptada a cada realidade, ticas, com o intuito de garantir a segu- esta preocupação não se coloca apenas
mas foi rápida. E para isso também con- rança, saúde e bem-estar dos colabora- na relação com os clientes, mas abran-
tribuiu o facto de há cerca de um ano ter dores, clientes e comunidade. ge toda a comunidade, pois existem gru-
sido implementada na Sonae uma políti- Estamos a viver uma situação sem pos específicos na população em situa-
ca de trabalho flexível. As novas formas precedentes, em que, de um dia para o ções muito fragilizadas que merecem a
de trabalho eram já uma área prioritária outro, todos fomos obrigados a fazer mu- nossa atenção especial.
Dada a realidade actual, pretendem refor- nosso talento de topo. Por isso mesmo, es- E este exemplo leva-me ao último pon-
çar a vossa aposta nesse âmbito? tudamos e escolhemos as metodologias to: as novas formas de trabalho e o res-
Actualmente, o desafio de estar em casa de auscultação dos colaboradores que killing. Bem sei que é uma frase feita, mas
encerra em si uma multiplicidade de res- mais e melhor informação nos possam efectivamente o mundo está em cons-
ponsabilidades e tarefas que os colabo- dar a este respeito. O eNPS (employee Net tante mudança. Há uma grande quanti-
radores se vêem obrigados a gerir no seu Promoter Score) foi uma das métricas dade de profissões que será parcialmente
dia-a-dia, e que vão muito para além da escolhidas e que já está em aplicação em automatizada ou desaparecerá ao longo
componente profissional. Num mesmo algumas das nossas empresas. dos próximos anos. Num mundo em mu-
dia, a par da sua actividade profissional, De seguida, a diversidade e inclusão. dança, o que é pedido a cada profissional
são chamados a prestar assistência à fa- A inovação e o progresso fazem-se da também mudará. Também nós temos
mília, a acompanhar os estudos dos fi- combinação de competências e de dife- de estar em constante mudança, ten-
lhos e a gerir a casa, entre tantas outras rentes pontos de vista. Temos de con- do a capacidade de adquirir novas com-
requisições que vão surgindo. tinuar a garantir a diversidade das equi- petências que nos abram novos hori-
Sem dúvida, o actual contexto veio pas e, sempre que necessário, acelerar zontes de desenvolvimento, ou mesmo
acelerar e generalizar – ainda que de alguns destes movimentos. Concretizan- reinventando-nos através da formação
forma forçada – a adopção de práticas para uma nova ocupação, com caracte-
de trabalho flexível, nomeadamente no rísticas totalmente diferentes.
que diz respeito ao trabalho remoto e Num mundo
horário flexível. Com o levantamento do
em mudança, o
O que acredita que distingue a vossa
confinamento é certo que vamos poder cultura e a vossa marca de empregador?
voltar aos escritórios, mas será, como
disse, de forma faseada. O trabalho re-
que é pedido a As pessoas que trabalham na Sonae têm
uma ligação de enorme profundidade
moto veio para ficar e será muito mais cada profissional com o seu propósito, a sua missão. Re-
utilizado do que era no final de 2019.
também mudará. pare: neste momento temos lojas aber-
tas com colaboradores a garantir que há
Que outras políticas, ou áreas, conside-
ram estratégicas em termos de Gestão de
Também nós produto na prateleira, que tudo funcio-
na respeitando as novas regras; temos
Pessoas? E qual a relevância que assumem temos de estar colaboradores a criar lojas online para
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Tema de Capa
A
vida mudou num ápi- CINCO VERTENTES uma das décadas de maior crescimen-
ce. Entre o medo, a cri- to de PIB [Produto Interno Bruto] da
se económica e o distan- “GRANDE RESET” história. Após a crise de 2008, passá-
ciamento social, surge mos por 11 anos de crescimento do PIB
uma noção maior de e uma década a falar sobre transforma-
proximidade. O vírus não discrimina, TRABALHO ção digital, competências e empregos
pode apanhar qualquer um de nós: os Fazer com que o trabalho do futuro, e sobre como prosperar num
digital tenha sucesso. Em vez de
nossos pais, os nossos filhos, os nossos simplesmente oferecer ferramentas
mundo com baixos níveis de desempre-
vizinhos, os nossos amigos. E isso acaba aos colaboradores, vamos tornar go. A bolsa e o mercado laboral explodi-
por nos unir. o trabalho remoto positivo, ram, os CEO ficaram ricos e as empre-
produtivo e satisfatório.
E o paradoxo acontece nos negócios. sas geraram tantas acções que devolve-
Falei com dezenas de líderes e todos es- ram algumas aos accionistas.
tão em modo de crise. Mas à medida que Durante este hipercrescimento, po-
lidam com a sua própria crise no traba- rém, os problemas começaram a apare-
lho, estão também a aproximar-se mais cer. A desigualdade salarial tornou-se
ORÇAMENTOS
das suas pessoas. Como debati recen- Simplificar, fazer melhor com
maior; as pessoas começaram a mos-
temente (em “Pessoas Primeiro, Eco- menos, tornar o trabalho mais fácil. trar sinais de stress. A produtividade
nomia Segundo”), a única forma de so- Ou seja, aplicar cuidadosamente global arrastou-se atrás do PIB duran-
o princípio de Marie Kondo nos
breviver a este vírus é a ter a certeza que negócios. Dizer “adeus e obrigado” te uma década e problemas como ansie-
os colaboradores estão a salvo. E todos a todos os processos, comités, dade, depressão e suicídio aumentaram.
reuniões, chamadas de conferência
os executivos compreendem: eles pró- e emails que não são necessários.
E talvez o indicador mais assustador
prios podem apanhar o vírus. de problemas sociais seja a taxa de fer-
Ainda estamos a meio da crise, por tilidade: as famílias dos países desen-
tanto o futuro não é claro. Será que isto volvidos não têm crianças suficientes
irá arrastar-se mais uns meses ou tere- para nos substituírem.
mos uma disrupção médica e económi- Nas minhas viagens, vi um cresci-
LIDERANÇA
ca que durará anos? Independentemen- Um novo enfoque na empatia e
mento económico drástico na Índia e
te do seu fim, para mim é claro que esta- na compreensão. A empatia está China, uma explosão empresarial no Mé-
mos a meio de um “Grande Reset”, uma em alta. Ouvir as pessoas está dio Oriente e o aumento do crescimento
em alta. Pressionar as pessoas,
nova forma de pensar sobre o trabalho, criar competição e forçar o económico na Europa de Leste. Tinha
a vida, os negócios e a liderança. Passo crescimento – está em baixa. esperança na minha viagem a África es-
a explicar. te ano. Todos os líderes que conheci que-
riam falar sobre o futuro do trabalho, so-
Como chegámos aqui bre a requalificação das suas pessoas,
Primeiro, é importante colocar a situa- sobre a forma mais adequada de melho-
ção no seu contexto. Terminámos agora CONFIANÇA rar a vida dos seus colaboradores nesta
Levem-na a sério e aprendam a fase de crescimento contínuo.
viver com ela. A confiança é uma
No mercado das tecnologias de Recur-
À medida que
coisa complicada e é constituída
por três coisas fundamentais: sos Humanos, foi o período mais expan-
ética, competência e voz.
sivo da minha carreira. Nasceram mais
os líderes lidam de quatro mil novas empresas de tecno-
com a sua própria logias de Recursos Humanos; abundava
capital de investimento; e muitas novas
crise no trabalho, ideias foram desenvolvidas. A promessa
da inteligência artificial (IA) deu origem
estão também a
GESTORES DE PESSOAS
Juntem-se e trabalhem como os
heróis que precisamos que sejam.
a uma sensação de maravilha e de rein-
aproximar-se mais O grande reset é que os RH agora
“são realmente o negócio”. Já
venção, e muitas pessoas fora da área
de Recursos Humanos saltaram para
das suas pessoas. não “servimos o negócio” ou nos
“sentamos à mesa”. Somos centrais
e essenciais para a sobrevivência.
o mercado.
Tudo isso está prestes a mudar. Cha-
mo a isso o “Grande Reset”: Reiniciar as
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empatia está em alta. Ouvir as pessoas Cuidem de pessoas, clientes, sociedade estão na linha da frente dos hospitais,
está em alta. Pressionar as pessoas, criar e ambiente. Não mintam. nós estamos na da empresa. Precisamos
competição, assim como forçar o cresci- R Competência: Não aceitem a medio- de nos juntar, alinhar e entusiasmar, al-
mento – está em baixa. cridade. Solucionem os problemas à me- terando as prioridades do nosso tempo.
dida que estes surgem. Aprendam a ser Os programas a longo prazo (requa-
“excelentes” naquilo que fazem. Sejam lificação, experiência de colaboradores,
responsáveis pela excelência. Dêem às plataformas Human Capital Manage-
pessoas uma ideia de que “esta empresa ment, entre outros) não desapareceram.
preocupa-se mesmo”. Na verdade, são agora mais importantes
R Voz: Ouçam todas as pessoas. Apos- do que nunca. Mas neste momento, temos
tem na estratégia de dar ouvidos aos co- de alterar as prioridades desses progra-
laboradores. Criem equipas que procu- mas, torná-los mais simples e relevantes,
ram histórias. Partilhem o que apren- e certificarmos-nos de que os usamos
dem. E aproveitem todos os conselhos para ajudar as pessoas imediatamente.
para agirem. Quase todos os departamentos de
Estas três coisas constituem a natu- Recursos Humanos com que tenho falado
reza complexa da confiança. Neste reset, estão num processo de transformação.
#4. Reiniciar a confiança: Levem-na entramos num mundo novo de negócios Agora está na altura de “avançar – e rapi-
a sério e aprendam a viver com ela centrados na confiança. Esperemos que damente”. Temos de eliminar a nossa nar-
Este tópico é importante. A última déca- esta reinicialização se mantenha. rativa de gestão; automatizar-nos mais
da criou uma quebra na sensação de con- depressa; requalificar as próprias equi-
fiança. A pesquisa de Edelman mostra que pas internas; e reorganizarmos-nos para
não confiamos nos políticos, não confia- sermos um conjunto mais ágil de peritos.
mos nos media, e pouco confiamos no Estou a completar um novo modelo
capitalismo (56% das pessoas acreditam operacional para os Recursos Humanos,
que o capitalismo não resolve os proble- e mostrá-lo-ei a qualquer pessoa que este-
mas do mundo). ja interessada – mas o grande reset é que os
Bolas. As nossas empresas são “as ins- Recursos Humanos agora “são realmente
tituições fiáveis” nas vidas das pessoas. o negócio”. Já não “servimos o negócio” ou
Por isso temos de estar ao nível desta nos “sentamos à mesa”. Somos centrais e
confiança. Neste preciso momento. essenciais para a sobrevivência, respos-
A confiança é uma coisa complicada, ta e sucesso a longo prazo da empresa.
mas acredito que seja constituída por três
coisas fundamentais: ética, competência #5. Reiniciar os Recursos Humanos: Este reset é uma coisa boa
e voz. Três palavras simples. Mas três Juntem-se e trabalhem como os O “Grande Reset” foi uma surpresa, mas
ideias muito complexas: heróis que precisamos que sejam a longo prazo é uma coisa boa. Estáva-
R Ética: digam a verdade. Dêem às pes- O quinto reset é a ascensão e a reinvenção mos a sentir o desgaste das nossas em-
soas as boas e as más notícias. Tomem dos Recursos Humanos. Agora somos real- presas, e agora temos de agir. Está na
decisões que serão benéficas para todos. mente os heróis. Tal como os enfermeiros altura de facilitar o trabalho, de aproxi-
mar as pessoas de uma forma digital,
de focar de novo as prioridades na con-
Estávamos a sentir o desgaste das fiança, na compaixão e na acção. Sei que
estamos à altura do desafio.
nossas empresas, e agora temos de
agir. Está na altura de facilitar o Josh Bersin
Especialista em HR empresarial, gestão
O impacto da pandemia
nas empresas em Portugal
Dado o actual contexto, a 30.ª edição do Barómero Human Resources é
dedicada em exclusivo ao impacto da pandemia COVID-19 nas empresas, não
só na vertente económico-financeira, mas também na vertente humana.
POR Ana Leonor Martins
1. Perante a crise provocada 2. Antes de ter sido declarada 3. O que tem sido mais difícil
pela pandemia COVID-19, diria pandemia, mas perante os de gerir?
que a sua empresa estava: acontecimentos na Ásia e
na Europa, a sua empresa:
1,43%
5,71% 7,14%
1,43%
7,14%
2,86%
27,14%
12,86%
25,71%
14,29%
15,71%
37,14%
38,57% 67,14%
10%
Fernando Neves de Almeida
7,14% Managing Partner na Boyden Portugal
24,29%
R «O que me chama a atenção neste barómetro é o nú-
mero de pessoas que considera que o teletrabalho veio
para ficar de uma forma mais generalizada. Como já tive
oportunidade de manifestar em artigo de opinião ante-
riormente escrito, esta pandemia veio, em minha opinião,
58,57% acelerar algumas mudanças que já estavam a ocorrer na
nossa sociedade. Uma delas, o recurso ao teletrabalho. A
tecnologia já está madura e as vantagens que pode trazer
para as empresas e para os indivíduos é clara em alguns
casos: menos custos com espaço, menos tempo com deslocações e maior flexibilidade
de organização do trabalho. No entanto, chamo a atenção que muito também se perde:
Acima das expectativas aprendizagem com colegas no local de trabalho e entreajuda, uma liderança mais com-
Suficientes
plexa de exercer, uma diminuição do espírito de pertença e engagement e uma maior
dificuldade em aculturar novos membros. Assim, eu não seria tão taxativo na resposta
Os possíveis a esta questão. Não creio que o teletrabalho tenha vindo para ficar, em maior dimensão
do que a evolução normal da cultura organizacional o tornaria uma realidade. Acelera
Insuficientes
um pouco o processo, quanto mais não seja porque a legislação a isso obriga, mas
Não sabe/não responde evoluirá naturalmente. Quer queiramos quer não, somos animais sociais que buscamos
prazer na interacção pessoal, coisa que muitos de nós extraímos da presença física nos
locais de trabalho. É um “plus”, mesmo para quem gosta muito do que faz.»
OPINIÃO
«O momento actual recentrou o papel das pessoas nas organizações»
Luís Moura
Director de Recursos Humanos na NOS
R «O final do primeiro trimestre deste ano foi marcado por uma situação praticamente nunca vivida por ne-
nhum profissional, a crise COVID 19. Se tivéssemos de fazer um paralelo com um fenómeno físico, diria que
esta crise se assemelhou muito a um tufão. Foi anunciada com antecedência, durante algum tempo acre-
ditámos que não nos atingiria, quando se tornou irreversível a sua trajectória preparámo-nos rapidamente
para os impactos, foi imposto o recolher das pessoas e, no entretanto, assistimos a alguma destruição. Con-
tinuando na metáfora acima, poderemos dizer que o olho do tufão já passou, mas os ventos fortes ainda se
sentem, e por isso é ainda muito cedo para concluir sobre todos os impactos desta pandemia vivida à escala
global. É quase consensual que o governo e as empresas responderam (até agora) adequadamente à situa-
ção. O governo tomando as medidas possíveis para preservar o tecido produtivo e a manutenção dos postos
de trabalho e as empresas adaptando (quando possível) o modo de trabalho e as respectivas funções em
tempo recorde. Os impactos económicos e financeiros futuros, ainda que dependendo muito da forma como a Europa como um todo vier
a reagir, serão bastante profundos e motivo de grande preocupação para todos os profissionais. Apesar de não ter sido abordado directa-
mente no Barómetro, deixaria uma nota para a forma como gerimos as nossas pessoas nesta crise. As crises geram oportunidades, e esta
não foi excepção em várias empresas. O momento que vivemos recentrou o papel das pessoas nas organizações. A saúde e segurança dos
colaboradores passaram a primeira prioridade. O acompanhamento mais próximo dos colaboradores, ainda que à distância, ganhou uma
importância acrescida na gestão das equipas. O confinamento e o trabalho remoto parecem ter trazido uma nova visão em temas associados
à equidade das tarefas familiares. E até as diferentes sensibilidades antes existentes sobre o que seria o ponto de equilíbrio entre o trabalho
presencial e remoto esbateram-se. Os próximos tempos trarão grandes desafios, pois em poucas semanas deram-se saltos para os quais se
julgava precisar de anos. E todas as disrupções geram ondas de choque para as quais nos teremos de preparar de imediato. A digitalização
da sociedade e as novas formas de trabalho são “estórias” cujos capítulos vamos começar a escrever já, de uma forma muito rápida.»
Nuno Troni
Director – Professionals, Outplacement, Human Consulting, R.P.O. na
Randstad Portugal
lidar com a crise provocada pela COVID-19, mas estimam que o 20%
15,71%
8. Qual estima ser o impacto 9. Qual o impacto que antecipa 10. Por quanto tempo antecipa
económico da pandemia que a pandemia COVID-19 causará que se irão manifestar os impactos
COVID-19 na sua empresa? em termos de activos humanos? causados pela pandemia COVID-19
na sua empresa?
2,86%
4,29%
62,86%
14,29%
14,29%
25,71% 28,57%
30%
24,29% 28,57%
38,57%
42,86%
7,14%
5,71%
Pouco significativo Não tem impacto, vamos manter a equipa Mais de 1 ano
Não tem impacto, vamos fazer
Nulo Nunca mais será a mesma coisa
os recrutamentos previstos
OPINIÃO
Só sabemos... que nada sabemos
Ricardo Nunes
Director de Pessoas e Organização na Novabase
R «No dia 31 de Dezembro de 2019, quando soaram as badaladas da meia-noite, em todo o mundo
foi desejado amor, saúde, dinheiro e outros para 2020. No entanto, se alguém no dia seguinte à última
passagem de ano projectasse o que estamos a viver hoje, seguramente pensaríamos estar perante
um novo “filme catástrofe”, ou, simplesmente, perante a visão absurda de um lunático. Desde que
estou confinado e a trabalhar a partir de casa (seis semanas), tenho assistido a vários webcast sobre
os possíveis impactos da pandemia. Como actuar, consequências, mudanças, o futuro, entre outros.
Obviamente que são teorias, mas, mais do nunca, são todas, e agora ainda mais, falíveis. Nunca o
mundo viveu uma situação assim e, por isso, prever o futuro, mesmo para os mais racionais, é uma
tarefa impossível. Há, no entanto, algumas características que esta crise tem evidenciado. O mundo
tem conhecido exemplos de grande resiliência, coragem, altruísmo e responsabilidade vindos do
ser humano. Temos casos nos quatro cantos do planeta de classes profissionais que se dedicam a
combater e ajudar outros sem medo. Populações que obedecem ordeiramente às ordens de con-
finamento, governos que disponibilizam milhões para ajudar populações e comunidade, empresas
que passam a trabalhar só remotamente, ou outras que convertem o negócio para sobreviver, ou simplesmente para ajudar a combater a
pandemia. Claro que tudo isto não apaga o lado negro nem a devastação que esta pandemia vai deixar, mas o mais importante é conse-
guir olhar, mesmo com incerteza, para o lado positivo que vai chegar depois disto. Aquele que vai mostrar a parte melhor do ser humano
que, depois de privado da sua liberdade e de ter vivido tão perto da morte e do medo, anseia agora poder ter um “novo normal”. Uma
coisa é muito clara: vamos estar todos no mesmo ponto de partida para o futuro. Só sabemos que nada sabemos sobre o que aí vem, mas
podemos contribuir e, em união, delinearmos uma sociedade muito melhor do que aquela que existia. Na verdade, o mundo já mudou... a
questão é se estaremos preparados para mudar com ele.»
OPINIÃO
«Medidas de emergência romperam processos que demorariam
a ser mudados»
Sara Fonseca
Directora de Recursos Humanos no Santander Portugal
R «O “hoje” forçou-nos ao distanciamento social e o trabalho remoto deixou de ser uma escolha.
Passou, de facto, a ser a norma. Rapidamente, vimo-nos num cenário distópico tendo de mudar mo-
dos de trabalhar, interagir, comunicar e liderar. Fomos também simultaneamente expostos às três
maiores dimensões da incerteza – percepção da mortalidade; relacionamentos; ameaças ambien-
tais – e a nossa condição humana, assente na segurança e previsibilidade dos acontecimentos, foi
muito abalada. Um desafio maior foi colocado aos líderes corporativos: conectar as pessoas e criar
uma comunidade virtual que promova confiança junto de todos os actores. Um desafio enorme por
dois motivos conflituantes: a) não sabemos ainda como promover e suportar de forma total as men-
cionadas comunidades; b) sabemos que a liderança depende da confiança e que esta emerge da
qualidade das trocas de opinião, dos argumentos e dos consensos. O que foi feito durante décadas
presencialmente passou a ter de ser conseguido remotamente. Esperamos dos líderes mais coor-
denação em torno de propósitos comuns, acessibilidade, relevância na informação partilhada, feed-
back, participação na tomada de decisão e, acima de tudo, mais responsabilidade. A necessidade
de trabalho remoto tornou obsoletas, senão mesmo inexequíveis, lideranças assentes no excesso de controlo, negligência das emo-
ções, inflexibilidade, exclusão e gestão deficiente do virtual. Há lições e saberes de liderança que se perpetuarão. Porém, medidas
de emergência romperam processos e políticas que demorariam a ser mudados. Por imposição sanitária, ou porque as organizações
perceberam que é do melhor interesse de todos os seus stakeholders, a próxima fase dos dias que vivemos fará história. Exigirá das
organizações uma nova liderança para o contexto remoto, com a substituição das estruturas mais hierarquizadas por formatos mais as-
simétricos, com suporte na identificação e difusão dos propósitos que conectam as distintas partes da organização. Organizações que
se questionarão de forma contínua, não esperando que as respostas venham somente de uma das partes, mesmo que sejam as áreas
responsáveis pelas mesmas. Organizações que irão mais longe e mais depressa, derrubando mitos com inovação, adaptabilidade e in-
teligência, humana ou artificial. O equilíbrio entre controlo e incerteza emergirá da aceitação de não temos todas as respostas, mas que
temos as pessoas, os meios e a vontade de encontrar realidades mais prósperas. O novo normal não é uma transformação das nossas
vidas, mas a sua elevação.»
OPINIÃO
Um acelerador de mudança
Susana Silva
Directora de Recursos Humanos no El Corte Inglés Portugal
R «A pandemia COVID-19 acabou por ser um acelerador da mudança, pois em pouco tempo tivemos
de munir as nossas pessoas de equipamentos, acessos remotos e formações rápidas para utilização
destas tecnologias, não novas, pois já existiam, mas que não eram geradoras de suficiente confiança
para serem utilizadas em grande escala. Existiu uma mudança cultural nas organizações em que, de
um momento para o outro, foi necessário facilitar a tão falada conciliação da vida pessoal e profissional.
Apesar de agora estarmos num contexto diferente, pois as famílias estão forçadas a estar em casa, e
gerir os horários de trabalho com a flexibilidade necessária para dar assistência à família, o teletrabalho
veio para ficar. Será necessário, no futuro, criar regras claras de utilização, existir uma disciplina indivi-
dual e basear estas novas práticas na confiança e na autonomia dada às equipas, o foco estará nos re-
sultados e não na forma de atingir esses objectivos. Por outro lado, temos de gerir a vertente emocional
dos nossos colaboradores, pois, neste momento, existe uma grande pressão emocional e económica,
e existe acesso a muitas informações negativas e que provocam inércia. Assim, é essencial o papel do
líder neste momento, que tem de manter um contacto próximo com as suas equipas e motivá-las.»
Adriana Rodrigues, Uniplaces Filipa Figueira, MSD Miguel Salema Garção, CTT
Afonso Carvalho, Egor Gonçalo Barral, Essilor Miguel Teixeira, Everis
Alda Pereira, Boehringer Ingelheim Gonçalo Rebelo de Almeida, Grupo Vila Galé Nélson Brito, Luz Saúde
Alexandra Brandão, Santander Helena Moreno, LeasePlan Nuno Fernandes, Católica-Lisbon
Alexandra Líbano Monteiro, Outsystems Henrique Pulido, Brisa Nuno Ferreira Morgado, PLJM
Alexandra Sequeira Carvalho, SPORT TV Humberto Gonçalves, SIBS Nuno Ferreira, Efacec
Amândio da Fonseca, Egor Inês Caldeira, L’Oréal Nuno Gonçalo Simões, PwC
Ana Bernardes, Accenture Inês Lima, McDonald’s Portugal Nuno Rodrigues, Roca
Ana Caiola, BP Inês Veloso, Randstad Portugal Patrícia Calvário, Essilor
Ana Cardeira, Hilton Worldwide Portugal Isabel Barros, Sonae MC Patrícia Fernandes, Montepio
Ana Cardoso, ANA – Aeroportos de Portugal Isabel Borgas, NOS Patrícia Pereira, Renault
Ana Côrte-Real, Católica Porto Business School Isabel Dinis, Esegur Patrícia Valente, Grupo ANF
Ana Herrero, Leroy Merlin Isabel Ferreira, Medinfar Paula Arriscado, Salvador Caetano
Ana Porfírio, Jaba Recordati Isabel Heitor, ANA – Aeroportos de Portugal Paula Carneiro, EDP
Ana Portela, Neves de Almeida Isabel Viegas, Católica Lisbon Business & Economics Paula Castelão, The Navigator Company
Ana Rita Lopes, Grupo Nabeiro – Delta Cafés Jaime Morais Sarmento, United Investments Portugal Paula Lourenço, GSK
Ana Salomé Martins, Nors Joana Ferreira, Onyria Golf Resorts Paula Sequeiros, Novartis
Ana Serafim, Grupo Vila Galé Joana Queiroz Ribeiro, Fidelidade Paula Vasconcelos, Inditex
Ana Sousa, Farfetch Joana Rabaça Gíria, CITE Paulo Barreto, Crédito Agrícola
Ana Torres, Pfizer João Antunes, TIMwe Paulo Bastos, Simoldes
Anabela Silva, BP João José Ferreira, Bosch Paulo Pisano, Booking.com
Anabela Ventura, LEE Hecht Harrison João Ulrich, Grupo Azinor / Sana Hotels Paulo Santos, Renova
André Borralho, Grupo Constant João Vieira, Corinthia Hotel Lisbon Pedro Almeida e Silva, Banco BIC
André Ribeiro Pires, Grupo Multipessoal Jorge Duro, CGD Pedro Fontes Falcão, ISCTE Executive Education
Antónia Cadillon, Lactogal Jorge Figueiredo, Delta Cafés Pedro Henriques, Siemens Portugal
António Augusto Marques, CTT Jorge Filipe, Auchan Pedro Lacerda, Kelly Services
António Henriques, Grupo CH José Bancaleiro, Stanton Chase Pedro Pessoa, Kelly Services
António Morgado Fernandes, Robbialac José Côrte-Real, Sonae Pedro Pessoa, Leaseplan
António Saraiva, PyXis Global Business Solutions José Rocha, PSA Pedro Ramos, TAP Air Portugal
Arménio Rego, Católica Porto José Veríssimo, ISEG Pedro Raposo, Banco de Portugal
Beatriz Perez, FOX Luís Antunes, PHC Software Pedro Ribeiro, Super Bock Group
Carla Cristina Caracol, Grupo Renascença Multimedia Luís Araújo, Turismo de Portugal Pedro Rocha de Matos, Korn Ferry
Carla Gomes, Pousadas de Portugal Luís Correia Nunes, CEPSA Pedro Rocha Pires, Fujitsu
Carla Gouveia, Korn Ferry Luís Ferreira, Allianz Pedro Soveral Rodrigues, Sonae Sierra
Carla Rebelo, Adecco Luís Moura, NOS Ricardo Martins, Cegoc
Carla Teixeira, Ibersol Luís Rodrigues, Nova BSE Ricardo Nunes, Novabase
Carlos Rodrigues, Samsung Luís Sítima, Odgers Berndtson Ricardo Parreira, PHC Software
Catarina Fernandes, Sonae Luísa Pestana, Vodafone Ricardo Santos, Hilti
Catarina Graça, Sumol+Compal Madalena Rei Sá, JP Sá Couto Rita Alarcão Júdice, PLMJ
Catarina Horta, Novo Banco Manuel Lacasta, CCAM Rita Baptista, OGMA
Catarina Tendeiro, Grupo Ageas Portugal Manuel Oliveira, Sanitana Rita Cadillon, Primavera BSS
Catarina Zagalo, Grupo I Love Nicolau Marco Costa, Talkdesk Rosário Frias, José de Mello Saúde
Cátia Baptista, Feedzai Margarida Dias, E&Y Rosário Rocio, Infraestruturas de Portugal
Cátia Martins, L’Oréal Portugal Margarida Manaia, Jerónimo Martins Rui Alves, Johnson & Johnson
Célia Carrasqueiro, Verallia Portugal Margarida Pena, Cofidis Rui Fiolhais, Segurança Social
Clara Raposo, ISEG Maria Alexandra Martins, Univ. do Porto Rui Moita, LG Electronics Portugal
Clara Trindade, L’Oréal Maria Antónia Cadilhe, Universidade do Porto Rui Paiva, WeDo Tecnhologies
Cláudia Dias Gomes, Inoweiser Maria Bandeira da Palma, INDEG-ISCTE Rui Sales Rodrigues, Accenture
Cláudia Teixeira, Roff Maria da Glória Ribeiro, Amrop Sandra Campos Costa, ACP
Cláudio Valente, IKEA Maria de Fátima Gonçalves, Cork Supply Portugal Sara da Fonseca, Santander
Conceição Martins, Angelini Maria do Rosário Vilhena, Nestlé Serafim Gonçalves, Leya
Conceição Zagalo, Grace Maria Emília Galego, CM Porto Sofia Mendoça, McDonald’s Portugal
Cristina Campos, Novartis Maria Helena Pereira, RTP Sofia Miranda, Casais
Cristina Carvalho, BMW Maria João Gouveia, BNP Paribas Sofia Tenreiro, Galp
Dalila Martins, TAP Air Portugal Maria João Lourenço, Bayer Sónia Nunes, Jason Associates
Délia Gonçalves, Tecnovia Maria João Martins, My Change Sónia Santos, Hovione
Diogo Alarcão, Mercer Maria Pimentel, Hays Susana Ferreira, Philips
Eduardo Mendes, Pernod Ricard Maria Roman, Lidl Portugal Susana Gomes, Santander
Elisa Bernardo, Pfizer Maria Teresa Caiado, PwC Teresa Cópio, Dom Pedro
Elsa Carvalho, CGD Mariana Canto e Castro, Randstad Teresa Paula Nascimento, DefinedCrowd
Elsa Cruz, Turismo de Portugal Mário Ceitil, APG Tiago Brandão, The Browers Company
Esmeralda Tavares, Lojas Francas Portuguesas Marisa Garrido, CTT Vanda Brito, Kelly Services
Estela Rocha, Danone Marta Amador, Fresenius Medical Care Vanda Jesus, Microsoft
Eunice Antunes, Sanofi Marta Costa, Multidevelopment Vanessa Lindeza, Abreu Viagens
Fátima Silva, Montepio Marta Ferreira, Faurecia Vasco Falcão, Konica Minolta
Felipa Oliveira, Korn Ferry Marta Maia, Jerónimo Martins Vera Baptista, TAP Air Portugal
Fernanda Barata de Carvalho, Accenture Marta Pinto, Central de Cervejas Vítor Gonçalves, ISEG
Fernanda Correia, Norauto Marta Rocha, Makro
Fernando Neves de Almeida, Boyden Miguel Pina e Cunha, Nova BSE
PAT R Í C I A C A LVÁ R I O
DIRECTORA DE RECURSOS HUMANOS NA ESSILOR
A proximidade
como condição
sine qua non
Não tendo dúvidas de que a gestão emocional das equipas está a ser o seu maior desafio nesta
crise, Patrícia Calvário acredita que a resposta está na proximidade às pessoas, proximidade essa
que tem de ser traduzida em confiança, transparência e positivismo. POR Ana Leonor Martins
N
a Essilor não se es- de Pessoas num lugar de destaque, em Que prioridades definiram?
perou que fosse de- todas as empresas. Segurança, protecção, planeamento, an-
cretado Estado de tecipação e adaptabilidade têm sido os
Emergência, nem O tema é incontornável, por isso vamos vectores principais na nossa gestão para
sequer que houvesse começar por aí. Como tem a Essilor gerido enfrentar este momento. Acredito que o
o primeiro caso de COVID-19 confirma- a crise provocada pela pandemia COVID- mundo que, de alguma forma, “deixámos”
do em Portugal para agir preventivamen- -19? Como afectou a vossa actividade? em Fevereiro não vai de todo ser o que
te. Em Fevereiro, foi criado um Comité A Essilor tem, acima de tudo, procurado vamos encontrar quando voltarmos a
de Crise, que antecipou diferentes ní- gerir toda esta situação com a máxima alguma normalidade.
veis de alerta, detalhando todas as me- atenção à segurança dos colaboradores Acredito que a forma de gerir toda
didas de protecção a adoptar, as novas e com a maior antecipação possível. So- esta situação sem antecedentes conti-
formas de organização de trabalho e as mos aproximadamente 400 colabora- nuará a passar por anteciparmos vários
ferramentas necessárias. «Segurança, dores, temos uma unidade industrial cenários possíveis e agirmos com rapi-
protecção, planeamento, antecipação em Rio de Mouro – crítica para todo o dez e segurança aos dados reais que te-
e adaptabilidade têm sido os vectores grupo, na medida em que somos o segun- mos disponíveis.
principais na gestão para enfrentar este do maior Server Lab para toda Europa
momento», revela Patrícia Calvário, di- –, de modo que todos os mecanismos de Referiu a adaptabilidade... Como adapta-
rectora de Recursos Humanos da empre- análise de risco e respectivo plano de ram a vossa forma de gerir Pessoas?
sa especialista em lentes de prescrição, contingência que visasse a protecção dos Acima de tudo, acredito que, neste mo-
que, cerca de seis meses depois de ter as- colaboradores, clientes e fornecedores, mento, a forma de gerir as pessoas tem
sumido este desafio, se vê na circuns- mitigando ao máximo qualquer possi- uma condição sine qua non: a proximi-
tância de ter de redefinir o plano estra- bilidade de contágio, foram activados dade. E esta proximidade tem de ser tra-
tégico concebido para 2020. Mas ga- numa fase muito inicial, ainda no fim duzida em confiança, transparência e
rante que esta crise colocou a Gestão de Fevereiro (ver caixa). positivismo. As nossas equipas precisam
Antes de tudo isto acontecer, que priorida- líder mundial em lentes de prescrição
des tinha definido para a área que lidera? e, pessoalmente, é sempre mais de-
PERCURSO
Transformar a área de Recursos Hu- safiante estar numa empresa líder, e
manos numa área mais estratégica da ajudar a mantê-la nessa posição. Em
empresa, menos administrativa e pro- Patrícia terceiro, a já referida estratégia focada
cessual, mais decisora, mais próxima e Calvário primeiramente nas pessoas.
parceira do negócio, revitalizando as
funções de business partners. Diria que o momento actual é o maior de-
Também redesenhar a agenda de Com cerca de 20 anos de safio da sua carreira até à data? Que “li-
experiência em Gestão de Pessoas,
Gestão de Talento, reforçando mecanis- ções” ou ensinamentos espera que se
Patrícia Calvário assumiu a direcção
mos que mais facilmente nos permitam de Recursos Humanos da Essilor
possam tirar desta crise?
identificar o potencial dos colaborado- Portugal em Junho do ano passado. Sem dúvida que sim, e acredito que o é
res, alavancando o seu desenvolvimento Iniciou o percurso profissional também para a maioria dos directores
e performance, além de uma gestão de no Grupo Inditex, em Portugal, de Recursos Humanos. Este momento
passou pela Diageo Portugal como
carreira mais transparente e acessível. colocou em risco uma condição tão bá-
directora de Recursos Humanos,
vindo a acumular a função de sica como a protecção e segurança dos
Referiu a Gestão do Talento e, o ano pas- talent development manager para nossos colaboradores, das nossas famí-
sado, o director-geral da Essilor, Gonçalo a Diageo Ibéria e, mais tarde, para lias. Obrigou-nos a adoptar de imedia-
Barral, afirmou, em entrevista à Human a Diageo Brasil. Em 2011, ingressou to toda uma nova organização pessoal
na HP Portugal para liderar a área
Resources, que o crescimento futuro da e profissional.
de Recursos Humanos da empresa,
empresa tem por base a aposta na inova-
tendo sido talent manager para Mas não podemos desvalorizar as
ção mas, antes de mais, no talento. Como a região EMEA entre Agosto de coisas boas: esta crise ensinou-nos a dar
é que isso se concretiza? 2015 e Julho de 2017. Em Agosto mais valor ao que tínhamos como garan-
Concretiza-se através de uma direc- desse ano assumiu a direcção tido, a ser mais solidários, mais huma-
de Recursos Humanos e
ção estratégica da empresa, focada, em nos. Acima de tudo, ensinou-nos que a
Comunicação Interna da
primeiríssimo lugar, nas pessoas. Não SIVA, até ao actual desafio. nossa resistência à mudança não é assim
adianta os Recursos Humanos terem tão difícil de gerir, porque quando é
uma estratégia brilhante se a direcção mesmo preciso, fazemos acontecer. So-
da empresa não a tem como prioritária. mos muito mais flexíveis e adaptáveis do
Felizmente, tenho o privilégio de tra- os colaboradores têm para dizer, é a cha- que poderíamos imaginar. E apreende-
balhar com o Gonçalo Barral, um líder ve para se concretizar uma estratégia mos muito mais rapidamente. Veja-se o
que acredita e imprime no seu dia-a-dia, focada no desenvolvimento das pessoas caso da literacia informática nas nossas
na importância de apostar nas pessoas, e, consequentemente, da empresa. equipas que evoluiu em semanas o que
que acredita que ajudar as pessoas a evo- eventualmente não evoluiu em meses
luir fará consequentemente evoluir a O que diria que distingue a Essilor, en- ou anos.
empresa e, consequentemente, promo- quanto local de trabalho? Perguntando Mais importante, acho que apreen-
verá também a felicidade e o bem-estar na primeira pessoa, a si, o que a fez acei- demos a gerir toda a questão de con-
dos colaboradores. tar o desafio de ir liderar a área de Ges- ciliação entre vida pessoal e profissio-
O desafio de uma empresa focada pri- tão de Pessoas na Essilor? nal de uma outra forma. Hoje, ouvir uma
mariamente nas suas pessoas implica O que me fez ter uma ligação imediata criança no meio de uma conference call
uma agenda cheia, uma análise detalha- à Essilor foi a sua missão. É um privi- passou a ser normal e perfeitamente acei-
da a todos os possíveis desenvolvimen- légio trabalhar para uma empresa com tável. Passámos realmente a permitir,
tos de carreiras, potenciais de cresci- uma missão tão nobre, tão humana, tão e a aceitar, que estas esferas da nossa
mento, mecanismos de identificação, simples: “Melhorar Vidas, melhorando vida não são, nem nunca vão ser, total-
canais de comunicação, agentes de re- a visão”. E é curioso – e impressionante mente independentes.
tenção, acolhimentos e afins, nada pas- – como está presente tão no dia-a-dia Esta consciencialização, esta parti-
sa despercebido. E tudo é discutido nu- das equipas, não porque esteja escrito lha e esta aceitação colectiva é, na mi-
ma parceria muito desafiante com a di- nas paredes do escritório, mas porque nha opinião, das mais maravilhosas de
recção, managers e elementos das equi- sentem que de facto estamos a servir se ver, e representa certamente um avan-
pas. “Escutar e desenvolver”, não deixar a sociedade. Em segundo, inevitavel- ço que nunca aconteceria se esta crise
nada ao acaso e dar prioridade ao que mente, a Essilor distingue-se por ser não tivesse acontecido.
D
e acordo com um estudo de confiança nas suas lideranças para escala global, incluindo Portugal –, iden-
que a Odgers conduziu a navegar um futuro cada vez mais incerto. tifica que os principais factores que le-
nível internacional com Só 15% das organizações estão confian- vam à desconfiança nos líderes são mind-
a Harvard Business Re- tes de que as suas lideranças têm “what it sets e skills desadequados. Os partici-
view Analytic Services, takes” para navegar disrupções futuras pantes do estudo reportam uma elevada
95% dos executivos a nível global acre- que vão, invariavelmente, enfrentar. resistência das suas lideranças em reco-
ditam que gerir a disrupção é um factor O Odgers Berndtson Leadership Con- nhecer os impactos das disrupções nas
crítico de sucesso para as suas organiza- fidence Index – no qual participaram suas indústrias e modelos de negócio.
ções. No entanto, 85% assumem a falta aproximadamente dois mil executivos à Esta “limitação” de mindset e um skill
Uma comunicação
transparente
e contínua
Perante a pandemia que motivou que todos os colaboradores da Jaba Recordati
ficassem em teletrabalho, mudaram as circunstâncias mas não a essência da
comunicação interna: ser transparente, contínua e chegar a todos de forma eficiente.
POR Ana Leonor Martins | FOTOS Nuno Carrancho
R
ui Rijo Ferreira, di- ção, quando confrontada com a actual si- com o objectivo de lhe fazer sentir que
rector de Marketing tuação de pandemia? nós estamos na retaguarda a assegurar
na Jaba Recordati e O modelo de negócio seguido pela gene- que o mercado não terá roturas de me-
responsável pela Co- ralidade das companhias farmacêuticas dicamentos, e que lhe daremos todo o
municação, reconhe- é muito assente na comunicação “face to apoio possível.
ce que nem mesmo na indústria farma- face”. O medicamento é, em si, um pro-
cêutica se estava preparado para uma duto de elevada complexidade técnica E em concreto na Comunicação Interna,
situação de pandemia com as repercus- e científica, e o mercado farmacêutico quais foram as prioridades?
sões globais da actual. Por isso, o impac- é fortemente regulamentado. Penso que o mais importante foi conse-
to emocional nos colaboradores não foi A pandemia COVID-19 obrigou-nos guir que todos os colaboradores sentis-
menos sentido. Mas a resposta foi rápi- a enviar para casa toda a equipa comer- sem que a companhia não está parada.
da e a Comunicação teve um papel fun- cial, a rever todas as nossas actividades Sabem que estão em casa, mas que cada
damental para assegurar a necessária e toda a nossa forma de comunicar. Su- um deles continua a desempenhar um
adaptação ao contexto, mantendo a ac- bitamente, o nosso principal cliente, o papel importante na organização. A si-
tividade intacta e a tranquilidade e con- profissional de saúde, está na primeira tuação alterou-se radicalmente e a com-
fiança dos colaboradores. E o timing do linha da COVID-19 e, por isso, focado panhia também se adaptou rapidamente.
Estado de Emergência trouxe um desa- nesse combate. A nossa comunicação E todos, sem excepção, têm um papel im-
fio acrescido, uma vez que a farmacêu- teve de se adaptar a esta realidade. portante nessa transformação.
tica estava em pleno processo de mu- Deixámos de o contactar presencial-
dança de instalações. mente e passámos a fazê-lo remotamen- Que ferramentas têm usado na “comuni-
te. O conteúdo e o objectivo deixou de ser cação à distância”?
O que é que para a Jaba Recordati assu- a promoção dos nossos produtos e passou Com as equipas comerciais em casa e
miu prioridade em termos de comunica- a ser o suporte e apoio à sua actividade espalhadas pelo território nacional, sen-
E
m entrevista à Human Re-
sources, Patrícia Olivei-
ra, Human Relations and
Communication manager
da Continental Advanced
Antenna, em Vila Real, explica não só
como estão a gerir esta crise, asseguran-
do os postos de trabalho dos seus mais
de 560 colaboradores (é o maior empre-
gador privado do distrito), mas também
o caminho que vinham traçando na Ges-
tão de Pessoas, nomeadamente após a
integração no grupo Continental.
C
om a perspectiva de uma desenvolvida para reduzir, de forma prá- «O nosso objectivo era criar, colec-
taxa de desemprego sem tica e eficaz, o complexo e, muitas vezes, tivamente, uma solução que permitisse
precedentes, com máximos longo ciclo de desemprego. integrar novamente as pessoas no mer-
históricos devido à pande- A People + Work Connect é alimen- cado de trabalho, em velocidade e em
mia COVID-19, um grupo tada por uma plataforma analytics-dri- escala», afirma fonte oficial da Accentu-
de empresas líderes de vários sectores ven desenvolvida pela Accenture, que re. A People + Work Connect permite me-
formou a People + Work Connect, uma reúne informações relevantes dos tra- lhorar as redes de networking existentes,
iniciativa colaborativa online que reúne balhadores por categorias, como locali- para além de ajudar a construir novas,
empresas cujos trabalhadores ficaram zação e experiência. Fornecendo às or- fornecendo, de uma forma transparen-
desempregados ou tiveram que suspen- ganizações que têm posições abertas te e imediatada, a possibilidade de per-
der as actividades dos mesmos, com ou- uma visão dos trabalhadores disponí- ceber quais as forças de trabalho dis-
tras entidades que precisem urgente- veis para preencher essas vagas, permi- poníveis, avaliando de acordo com as
mente de contratar trabalhadores. Com te que as empresas que têm funcioná- necessidades. «Desta forma, pode-se
custo zero para as empresas que se jun- rios disponíveis os ajudem a encontrar reduzir significativamente o tempo que
tam e que participam, a iniciativa foi novas funções. um determinado grupo de pessoas está
ZURICH
C
om a declaração do Estado to de elevada exigência», afirma Nuno gal tinha parte das suas equipas a tra-
de Emergência, foram mui- Oliveira, director de Recursos Huma- balhar a partir de casa. «Assim que as
tas as empresas que se vi- nos da seguradora. E esse facto tem sido autoridades de saúde recomendaram
ram na contingência de co- reconhecido «diariamente, tanto pelos que as pessoas e famílias ficassem em
locar os seus colaborado- parceiros de negócio como pelos clien- casa, demorámos dois a três dias a ter
res, ou grande parte deles, em teletra- tes. Todos nos felicitam pela nossa en- toda a equipa neste regime», revela Nu-
balho. Assim foi com a Zurich Portugal, trega e pela paixão acrescida com que no Oliveira. «Apesar de o flexwork não
que tem praticamente 100% dos seus estamos a lidar com este período tão atí- ser uma novidade para a Zurich, foi a
500 colaboradores a trabalhar a partir pico», congratula-se. primeira vez que o fizemos com a tota-
de casa, no Continente e nas ilhas. Ainda antes de a COVID-19 ser decla- lidade da equipa.» E não esconde que,
«Todas as nossas equipas têm tido um rada pandemia pela Organização Mun- perante a situação, foram alguns os de-
desempenho exemplar neste momen- dial da Saúde (OMS), já a Zurich Portu- safios que se colocaram à empresa. «Ti-
74 ENQUADRAMENTO
CASOS
76 ALTICE PORTUGAL
80 DELOITTE
84 RANDSTAD
88 SONAE MC
92 EDP
Employer Branding
ENQUADRAMENTO
N
o rescaldo da COVID-
-19, nós, como comuni-
dade global, temos hoje
mais perguntas do que
respostas. A verdade é
que continuamos a seguir por territó-
rio desconhecido, com informações li-
mitadas e sem um ponto de referência
histórico com o qual possamos aprender.
Contudo, temos de trabalhar com o que
sabemos, aproveitar as ferramentas à
nossa disposição e lidar com um obs-
táculo de cada vez.
Organizações de todo o mundo estão
a trabalhar diligentemente para salva-
guardarem empresas, colaboradores e
comunidades; a saúde, a segurança e a
gestão de crise no dia-a-dia são tão im-
portantes como deveriam ser. Mas é im-
portante não descurar a cultura e o em-
ployer brand. e empenhadas na missão da empresa? clientes? Como ultrapassamos esta tem-
Embora ninguém goste da adversi- Reunimos algumas dicas, truques e me- pestade e asseguramos a sobrevivência
dade, esta muitas vezes revela o carácter, lhores práticas que o vão ajudar a seguir do negócio? São perguntas válidas, desde
e isto é tão certo para as organizações em frente. que exista um plano para apoiar igualmen-
como o é para indivíduos. Um grande nú- te as pessoas. Embora as organizações se-
mero de organizações, as que têm sorte jam únicas e as soluções não sejam iguais
de o fazer rapidamente, obrigaram, su- para todos, resumimos algumas formas
geriram ou permitiram trabalho remoto, CONCENTREM-SE NAS através das quais empregadores de todo
mas a transição para esse trabalho é, para VOSSAS PESSOAS o mundo demonstraram o seu empenho
a maior parte das pessoas, exactamente Numa crise, os negócios tendem a focar a para com as suas pessoas perante os de-
isso – uma transição. sua atenção nos clientes e no público ex- safios da COVID-19.
Como asseguramos que as pessoas terno. Como podemos controlar a percep- R O Twitter está a implementar o #Flock-
se sentem apoiadas, ligadas, envolvidas ção pública? Como podemos manter os Talk, um programa virtual de apoio aos
carácter, e isto
ESTÃO ALINHADAS COM A VISÃO,
R A Shopify implementou uma política OS VALORES E A EVP
de trabalho remoto para os seus colabo-
radores de todo o mundo e ofereceu-lhes
é tão certo para Todas as interacções podem moldar o
modo como os colaboradores vêem a
uma bolsa de mil euros para adaptarem
os seus lares ao trabalho remoto.
as organizações vossa empresa, cultura e marca. Vejam
estes “momentos importantes” como
Quer tenham ou não meios para in- como o é para oportunidades para sublinhar quem são
vestir hoje na gestão de employer brand
em grande escala ou procurem um im-
indivíduos. como organização, para fortalecerem
a cultura, para estimularem a lealdade
pacto modesto mas significativo, não é e para se alinharem com aquilo que os
importante. Qual a principal mensa- colaboradores mais valorizam (a vosso
gem aqui? Tratar os colaboradores com Employee Value Proposition).
compaixão e torná-los uma prioridade; cipais mensagens e devem ser o mais Sempre que possível, procurem uma
afinal de contas, precisam deles para transparente possível. ligação importante entre as acções que
que a organização tenha sucesso hoje Depois, desenvolvam um plano de estão a levar a cabo para lidarem com a
e no futuro. comunicação claro para partilharem in- crise e o possível impacto positivo que
formações com possíveis talentos, assim essas acções terão nas vossas pessoas e
como com colaboradores actuais, princi- na vossa organização. Sim, podem ter de
palmente se os esforços de recrutamento tomar decisões difíceis, algumas quais
COMUNICAR – DE FORMA PRÓ- forem afectados. Usem uma abordagem passíveis de causar desconforto (até
-ACTIVA, CONSISTENTE E SOLÍCITA ponderada – decidam quem precisa de provação) a curto prazo, mas abordar o
Na ausência de informações credíveis estar informado do quê e quando. Evi- porquê contribuirá muito para ganhar a
e oportunas, os rumores tendem a ganhar tem os rumores, comuniquem pró-acti- confiança e o respeito das pessoas.
vida própria. Isto não só causa confusão vamente, controlem a mensagem. Certi- Como é que as vossas acções salva-
e enfraquece a cultura, como também fiquem-se de que as equipas e os líderes guardam a organização, as pessoas e a
pode estimular o medo e prejudicar os es- internos que apoiam esta transição estão cultura a longo prazo? Respondam a essa
forços de controlo de crise. Comuniquem alinhados e munidos das principais men- pergunta e as pessoas agradecerão por
aberta e frequentemente com as pessoas sagens e respostas às perguntas frequen- fazerem parte da viagem.
sobre as notícias que mais impacto nelas tes que já definiram. Providenciem orien-
têm. A vossa transparência e pró-activida- tação a quem está a disseminar a mensa-
de será muito apreciada. gem. O tom é importante. A informação
Primeiro, definam as principais men- deve ser partilhada de uma forma que PLANEIEM PARA AMANHÃ, HOJE
sagens que querem partilhar e respon- inspire confiança e esteja alinhada com o Manter o employer brand e a cultura dá
dam às perguntas mais frequentes. Como estado de espírito que querem promover. trabalho, principalmente em termos de
é que a COVID-19 vai afectar o nosso Por fim, assegurem que a comunica- crise. Ouçam, comuniquem de forma
negócio? Qual será o impacto nos nossos ção é bidireccional e concentrem-se na transparente, partilhem a visão para o
empregos? O que está a ser feito para tarefa em mãos. Linhas de comunicação futuro e assegurem os colaboradores de
estarmos seguros no trabalho? Quais claras e abertas em toda a organização que os objectivos deles e os vossos es-
as perspectivas futuras da empresa? To- ajudarão a mitigar os níveis altos de stress tão alinhados. Se conseguirem fazê-
das as comunicações, de reuniões pes- e a impedir as notícias falsas que se es- -lo, criarão uma employer brand sólida
soais a emails em grupo ou campanhas palham quando as pessoas não estão em e uma cultura que aguentará tempos
de relações públicas e nas redes sociais, posse de todos os factos. Colaboradores, mais difíceis.
devem estar alinhadas com estas prin- possíveis candidatos, fornecedores e par- FONTE: bluivygroup.com
ALTICE PORTUGAL
N
uma óptica de employer
branding, os colabora-
dores são um importan-
te agente de marketing
de uma empresa, sen-
do, por excelência, os principais embai-
xadores dos seus valores e das suas mar-
cas junto do público. Perante o actual
contexto, desde o início que a principal
prioridade da Altice Portugal foram as
suas pessoas. «Com cerca de 20 mil co-
laboradores, dos quais 7700 com vínculo
directo, a nossa preocupação tem sido a
segurança de todos e a manutenção do
posto de trabalho destes 7700 colabora-
dores», afirma João Zúquete da Silva,
chief corporate officer (CCO) da empresa.
Este cuidado com o bem-estar das
pessoas, aliado ao facto de a Altice Por-
tugal ter sido uma das primeiras empre-
sas no País a implementar um plano de
contingência, fez com que a percepção
de “bom cidadão empresarial” saísse
reforçada junto dos colaboradores, in-
fluenciando o employer branding da or-
ganização, que tem nas novas gerações
um dos pilares identificados como prio-
ritários. Assim, e sendo «o recrutamento
de jovens nas universidades portugue-
sas uma forma de rejuvenescimento da
empresa», é «através da captação deste
talento, contando com a sua ambição e
conhecimento, que a Altice Portugal e
planos curriculares, colaboração em te- possam revezar num sistema de rotati- João Zúquete da Silva
ses de licenciatura, mestrado e douto- vidade, são mecanismos que demons- Chief corporate officer da Altice Portugal
ramento, participação em eventos das tram a sua viabilidade, não só fruto da
universidades, assim como pitch boot- qualidade das nossas redes, mas tam- no papel que desempenham.» As empre-
camps virtuais.» bém fruto da tecnologia que temos dis- sas viram-se confrontadas com a neces-
ponível no teletrabalho.» sidade de tomar medidas drásticas, como
A RETOMA NO HORIZONTE colocar mais de 90% das suas pessoas em
Há cerca de duas semanas que a Altice REPENSAR O PAPEL teletrabalho em menos de duas ou três se-
Portugal começou a trabalhar num pla- DAS EMPRESAS manas, «não havendo tempo para pensar
no de retoma da actividade, que está a Gerir à distância é, também, um desafio de forma estruturada e com profundida-
ser liderado pelas equipas de Recursos para os líderes, pelo que num sistema de os diferentes temas de Recursos Hu-
Humanos, Património e Altice Cuidados de teletrabalho é essencial a confiança manos, e outros, dentro das empresas»,
de Saúde, e que aponta para que assim entre a gestão e as equipas. «É preciso relembra João Zúquete da Silva.
que seja dada indicação por parte do Go- confiar que caminhamos para atingir A pandemia veio mostrar que existem
verno, possam ser retomadas algumas uma meta comum», faz notar. «Para isso, outras formas não só de trabalhar o Em-
actividades nos seus escritórios. é fundamental definir objectivos con- ployer Branding, mas também, e, sobre-
«O regresso não será feito de uma vez cretos, acompanhar os colaboradores e tudo, das pessoas terem outra percepção
só, mas de uma forma gradual», salienta estabelecer momentos de comunicação, acerca do mesmo. «Uma coisa é certa:
o CCO. «Preocupamo-nos com os nossos que garantam um feedback contínuo.» um dos desafios que nos é hoje apresen-
colaboradores, com a sua qualidade de E João Zúquete da Silva não tem dú- tado é o de repensar o papel das empre-
vida e das suas famílias, bem como em fa- vidas de que é preciso compreender que as sas no panorama actual.»
vorecer um equilíbrio entre a vida profis- pessoas são, efectivamente, o maior acti- Quanto à Altice Portugal, a estratégia
sional e a vida pessoal e familiar, alian- vo de uma empresa, onde os conceitos de mantém-se focada no rejuvenescimento
do a desafios profissionais aliciantes que proximidade e motivação são essenciais: do capital humano, na aposta nas novas
proporcionem crescimento pessoal.» «Dar aos colaboradores um sentimento gerações e na preparação dos futuros lí-
João Zúquete da Silva defende que há de pertença e de orgulho em fazer parte deres, mas também a retenção de talento.
ensinamentos que é preciso tirar deste do projecto Altice Portugal, um projec- «Face à realidade do mercado de traba-
período. «Em algumas funções, a ma- to ambicioso e que é uma referência de lho nacional e internacional, acredita-
nutenção de um regime controlado de desenvolvimento económico e social de mos que uma empresa é feita de pessoas,
teletrabalho, vai ser algo que vai ficar», qualquer país, dotando-os de oportuni- do seu empenho e know-how. E a Altice
acredita. «As hipotéticas acções de se- dades de desenvolvimento, crescimento e Portugal valoriza os seus colaboradores,
manas de quatro dias no escritório e um valorização profissional, para que se sin- elegendo a estabilidade das suas pessoas
dia em teletrabalho, e equipas que se tam confiantes, motivados e respeitados como uma prioridade», conclui.
DELOITTE
O MESMO PROPÓSITO,
ADAPTADO AOS NOVOS TEMPOS
São tempos diferentes aqueles que vivemos. Com grande parte dos colaboradores em
teletrabalho, as empresas questionam-se como devem promover o employer branding.
Na Deloitte, optou-se por um processo cimentado na adaptação à nova realidade.
P
ara combater os efeitos da
nova pandemia COVID-19,
As iniciativas de Employer Branding
a Deloitte adaptou a sua
estratégia de Employer
mantiveram-se na sua génese, mas
Branding com o objectivo ajustaram-se aos novos tempos e
de apoiar os seus cerca de três mil pro-
fissionais em regime de teletrabalho em
amplificaram-se nos suportes digitais.
Portugal. Gonçalo Simões, Talent part-
ner da consultora, afirma que esta adap-
tação à nova realidade que vivemos «im-
plicou um reforço da missão corpora- trição adequada – an energized body». a desenvolver de e para as nossas pes-
tiva e dos valores da marca, através do Esta iniciativa interna da Deloitte soas», sublinha.
estabelecimento de uma comunicação contempla diversas acções digitais de
regular e bidireccional, suportada nos aprendizagem e bem-estar físico e psí- EMPLOYER BRANDING:
canais digitais». E não esconde que co- quico, como ciclo de webinares no âm- O VALOR
municar com todos os profissionais em bito do planeamento, produtividade e Mas qual será o valor do employer bran-
teletrabalho trouxe à organização «no- criatividade, sessões de coaching em- ding no tempo que vivemos? Gonçalo
vos desafios e novas oportunidades ao presarial, sessões de mindfulness, work- Simões não tem dúvidas: «Apesar de ser
nível corporativo, motivacional e emo- shops de nutrição, aulas de exercício fí- uma área em que a Deloitte investe há
cional». Nesse mesmo sentido, adapta- sico, entre outras. vários anos assume, actualmente, uma
ram «de forma muito rápida», as suas Adicionalmente, a empresa disponi- importância crucial na gestão empresa-
campanhas internas. bilizou aos seus profissionais o acesso rial.» Na Deloitte acredita-se que o actual
Como exemplo, refere a campanha a cuidados de saúde extra, ao abrigo do momento vem reforçar a importância
de well-being que consistia na activa- seguro de saúde, podendo os seus profis- da comunicação com as suas pessoas.
ção de várias iniciativas de bem-estar nos sionais realizar testes de despiste CO- «Sabemos que o teletrabalho em regime
seus escritórios e no “mundo físico”, e VID-19, mediante a prescrição médi-
que este ano foi totalmente redesenhada ca. «Estes são apenas alguns dos exem- Gonçalo Simões
para o online. «Este ano, e devido ao novo plos das muitas iniciativas que estamos Talent partner da Deloitte
contexto pandémico que vivemos, decidi-
mos promover esta campanha interna
ao longo de um maior período de tempo,
iniciando-se em Março e estendendo-se
pelos meses de Abril, Maio e Junho, cen-
trando a sua activação em três grandes
eixos de comunicação: Purpose, Mind
e Body», explica Gonçalo Simões, es-
clarecendo que estas três dimensões da
campanha nascem para ajudar quem
está a trabalhar a partir de casa, ou seja,
«para ajudar os profissionais a manterem
o foco no compromisso de criar um im-
pacto relevante no mundo, na sua rede
profissional, na sua rede familiar e co-
munitária – a sense of purpose; a man-
terem a sua resiliência emocional, atra-
vés de acções que promovem uma maior
criatividade e um sentimento de posi-
tivismo e optimismo no futuro – an en-
gaged mind; e, por último, ajudar a con-
servar um estilo de vida saudável, atra-
vés do exercício físico, descanso e nu-
O maior desafio que se coloca aos líderes adaptar muito rapidamente a esta nova
realidade, estabelecendo uma aborda-
é o da resiliência e capacidade de tomada gem mais holística nos projectos de em-
ployer branding, privilegiando um estilo
de decisão num cenário de alteração de comunicação mais claro, confiante e
RANDSTAD
I
sto mesmo defende Inês Ve-
O que exigimos aos líderes são lideranças cil nestas equipas garantir essa aproxi-
mação, sendo que nas operações de con-
autênticas, o walk the talk, a capacidade tact centers conseguimos passar parte
dessa experiência, e também do facto de
de decidir e marcar o caminho, mesmo já termos operações em que algumas pes-
Inês Veloso mo sob outro chapéu, desenvolveram e rada, mas a nossa essência focada nas
Directora de Marketing e Comunicação implementaram acções alinhadas com a pessoas não vai mudar nunca, assim como
da Randstad Portugal
sua identidade de marca enquanto em- a preocupação com a segurança das mes-
pregadores, reforçando a sua humanida- mas e com o emprego.
do impacto do mesmo nas pessoas, como de e focando-se nas suas pessoas. Acre-
seja a criação de um diário em que as pes- ditamos que este é um momento críti- Depois de termos sido todos postos à prova
soas podiam partilhar o que quisessem, co para esta valorização, não apenas pelo com uma situação extrema e inesperada,
podiam desabafar, as sextas-feiras que risco que as pessoas representam, mas qual é hoje o papel exigido aos líderes e
mostram o lado B dos nossos trabalha- mais ainda porque percebemos a im- às lideranças?
dores, um café virtual sempre aberto en- portância que têm para garantir a con- O que exigimos aos líderes são lideranças
tre as equipas. As iniciativas multipli- tinuidade do negócio, a agilidade para autênticas, o walk the talk, a capacidade
caram-se, mas sempre assentes na mes- novos contextos, a criatividade para res- de decidir e marcar o caminho, mesmo
ma marca, na nossa identidade e proposta ponder a cenários nunca sonhados. quando reina a incerteza e a imprevisi-
de valor. Resultado disso é o nosso ques- Esta humanização é mais fundamen- bilidade. Mas esta exigência não é nova,
tionário interno de engagement neste tal do que nunca, e vai ser decisiva para já existia, já a tínhamos, apenas éramos
período, além de aumentar o número de que tudo fique efectivamente bem. mais tolerantes quando alegados líderes
respostas, reflecte maior engagement. se esqueciam do seu papel.
E na Randstad mudou alguma coisa na es- A pandemia veio aumentar a sen-
O que é que mudou com a pandemia na tratégia de employer branding previa- sibilidade e a exigência com as lideran-
forma de as empresas olharem para o mente pensada? ças. Agora não dá para fingir ou não ser,
tema do employer branding? Não, a nossa estratégia está definida a temos de assumir a nossa liderança in-
Acredito que algumas colocaram em se- nível global e está alinhada com a nossa dividual e colectiva para que tudo fique
gundo plano e vão ter as consequências missão e os nossos valores. O que mu- bem, para a retoma em segurança, para
deste esquecimento, outras fizeram ac- dou foram as acções que tínhamos pre- nos protegermos uns aos outros, uns
ções de forma exímia e outras ainda, mes- vistas para uma realidade que foi alte- dos outros.
SONAE MC
POTENCIAR A PLURALIDADE
Na Sonae MC – onde chegam a conviver quatro egerações – tem-se vindo a trabalhar
num princípio único e abrangente de comunicação, que visa promover a união entre
todos. «Somos todos diferentes, mas somos todos Sonae MC.» E nunca como agora
se viveu com tanto empenho e dedicação o propósito da empresa.
N
a Sonae MC acredita- curando assegurar sempre o respeito pela de trabalho em que chegam a conviver
Por: Sofia Castro, head of Talent & Employer Brand da Sonae MC
mos que o Employer singularidade de cada um. quatro gerações, este programa foi criado
Branding começa inter- Por isso, procuramos desenvolver um para aproximá-las e potenciar sinergias
namente, na constru- conjunto de iniciativas que garantam a que resultem em maior agilidade digital e
ção de um ambiente de valorização de todos, permitindo que en- inovação. Queremos aproximar os nossos
trabalho onde as pessoas se sintam bem e contrem significado no seu trabalho. Que- líderes e jovens talentos, promover a troca
possam crescer pessoal e profissionalmen- remos estimular o desenvolvimento dos de experiências e partilha de conhecimen-
te. Acreditamos que só desta forma con- colaboradores da Sonae MC, dotando-os tos e desenvolver competências, de modo
seguimos reter talento, algo tão impor- de ferramentas que ajudem a aumentar a a tirar partido desta diversidade. Trata-se
tante neste mercado cada vez mais com- sua eficácia pessoal, potenciando forças de um programa de mentoria onde os mais
petitivo. Mas vai para além disso: pessoas e desenvolvendo os seus limites. Esta é novos ensinam aos mais experientes as no-
felizes e realizadas trabalham melhor, uma proposta de valor desafiante, mas vidades do novo século, e em troca têm uma
e isso é uma mais valia para a empresa. no nosso entendimento fulcral para o oportunidade única para desenvolverem
A atracção externa vem, naturalmente, sucesso desta organização com realida- novas competências e aprofundarem co-
por acréscimo, porque os colaboradores des tão distintas. nhecimento e visão do negócio.
são os nossos maiores embaixadores. Temos também internamente o pro-
Tudo começa pela definição de uma APOSTA NO DESENVOLVIMENTO grama Qualifica, que se foca no aumento
Employee Value Proposition (EVP) O “Reverse Mentoring” nasce exactamente dos níveis de educação, contribuindo para
clara, que garanta o foco na construção dessa vontade de potenciar a pluralidade a melhoria dos níveis de qualificação e
de uma cultura que dê resposta às aspi- de que falávamos há pouco. Num contexto empregabilidade. Uma aposta no reco-
rações dos nossos colaboradores e a con- nhecimento, validação e certificação de
sistência entre as múltiplas iniciativas competências escolares – de nível básico e
que desenvolvemos. secundário – e profissionais, tendo como
Obviamente que isto é especialmente foco as operações de logística e de lojas.
desafiante numa empresa com uma he- Estes são apenas alguns exemplos do
terogeneidade de perfis, funções e negó- trabalho que temos vindo a desenvolver,
cios como a Sonae MC. Garantir que há es- que ajudam a promover o desenvolvimento
paço para que todos se sintam bem e valo- pessoal e profissional dos nossos colabo-
rizados cá dentro é um constante desa- radores, procurando garantir que os perfis
fio. Mas se, por um lado, esta pluralidade são incluídos nestas acções de valorização.
torna a nossa tarefa mais difícil, por outro
permite-nos oferecer uma diversidade de APOSTA NO BEM-ESTAR
experiências e oportunidades que poucas Para que todos se possam desenvolver e
empresas conseguem igualar. A chave dar o seu melhor, é muito importante criar
está em “potenciar esta pluralidade”, pro- condições para que isso aconteça. Por isso
pois essa experiência é dinâmica, e está tocar numa imensa amplitude de temas
muito distintos entre si e isso traz imensa
em constante evolução e actualização. riqueza ao processo.
A criação das novas fardas do Conti-
nente foi fruto deste princípio base de ou-
vir os colaboradores. Assim nasceu este
projecto, que teve como principal objec-
o tema do bem-estar é tão relevante para damos às nossas pessoas a autonomia tivo desenhar uma colecção a pensar no
nós na Sonae MC. Para podermos falar de necessária para poderem aceder a dife- bem-estar e conforto das nossas pessoas,
bem-estar, temos de conhecer em pro- rentes soluções de trabalho flexível, per- criando um conjunto de peças modernas
fundidade a experiência dos nossos cola- mitindo-lhes gerir de forma mais ade- que, conjugadas de diferentes modos, per-
boradores, ouvi-los e construirmos solu- quada os seus períodos de tempo de au- mitem respeitar a identidade e singula-
ções em conjunto. Temos feito um traba- sência e/ou permanência nos respecti- ridade de cada um, dando resposta às suas
lho nesse sentido do qual nos orgulhamos. vos locais de trabalho e garantindo as- diferentes necessidades. Foi um inves-
O programa Flex it up é assim o re- sim que contribuímos para uma melhor timento feito nas nossas pessoas, no seu
sultado desse exercício de auscultação conciliação das diferentes esferas da sua conforto diário e na valorização da sua
interna que temos vindo a promover e vida , contribuindo para maiores níveis de imagem profissional e pessoal.
através do qual percebemos claramente satisfação, bem-estar e compromisso. O
que as nossas pessoas valorizariam a feedback tem sido muito positivo e já está APOSTA NA LIDERANÇA
possibilidade de poderem ter acesso a bem enraizado na nossa cultura. Acreditamos que esta cultura de desen-
iniciativas que permitissem melhorar Conhecer a experiência do nosso cola- volvimento e bem-estar só é possível se
a integração das dimensões da sua vida borador é um desafio constante, pois essa for impulsionada e alavancada pelas nos-
pessoal e profissional. O Flex it Up assen- experiência é dinâmica, e está em constan- sas lideranças. Somos reconhecidos por
ta numa filosofia de confiança, na qual te evolução e actualização. Permite-nos sermos uma escola e, particularmente,
uma escola de líderes. E esse é um capital nos permite dar resposta ao mundo em aqueles que estão connosco, impactando
que todos os dias procuramos respeitar constante mudança em que hoje vivemos. cada vez mais a comunidade à nossa volta.
e nutrir, garantindo que desenvolvemos Trabalhamos todos os dias para pro-
lideranças cada vez mais ágeis e humanas. mover um ambiente colaborativo, saudá- APOSTA NA COMUNICAÇÃO
Queremos líderes focados nas equipas e vel e inclusivo, com líderes humanos e Fazemo-lo conscientes de que não basta
no desenvolvimento das pessoas, que pro- inspiradores. A nossa ambição é construir fazer, é preciso comunicar. Sabemos a
movam uma cultura de optimismo, con- equipas bem-sucedidas, que procuram importância que a comunicação, interna
fiança e autonomia. Líderes inspiradores, sempre ir mais longe, inseridas numa cul- e externa, tem na percepção da nossa pro-
que influenciam e desenvolvem. O líder tura de bem-estar, que promove um bom posta de valor. É uma ferramenta essen-
coach, que mobiliza a sua equipa e, em con- equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Va- cial na construção da marca emprega-
junto, constroem o melhor resultado. Acre- lorizamos a melhoria contínua da forma dora e também esta deve começar a ser
ditamos que esta visão de liderança é a que como trabalhamos e desenvolvemos todos trabalhada internamente.
promover essa união. Somos todos dife- trabalham, todos os dias, para garantir
rentes, mas somos todos Sonae MC. que os portugueses tenham acesso a ali-
É em situações de crise, como esta que mentação e outros bens essenciais, para o
estamos a viver, que as marcas são de- bem-estar e manutenção de algum senti-
safiadas. O tema da Employer Brand as- do de normalidade num momento tão
sume hoje ainda maior importância. Não difícil como o que vivemos. nossa economia, os atributos da seguran-
é algo que se promova ou se incuta nestas Os estudos dizem-nos que os atribu- ça e estabilidade financeira saiam reforça-
alturas, mas sim que é posto à prova. Mais tos mais valorizados pelos portugueses na dos, com alterações a médio e longo prazo.
do que nunca, a nossa proposta de valor escolha de um empregador, independen- Hoje, mais do que nunca, ter colabora-
está a ser testada. Nunca como agora se temente da geração, género ou níveis de dores confiantes e seguros no seu traba-
viveu com tanto empenho e dedicação educação, são a remuneração e benefícios, lho é essencial, bem como garantir o equi-
o nosso propósito. Estamos a viver este o worklife balance e a segurança. E aquilo líbrio pessoal e profissional, face aos de-
desafio de forma muito positiva, com uma que mais pesa na retenção, ou seja, na de- safios que a pandemia e o isolamento so-
empresa unida e comprometida, o que cisão de ficar, é a segurança, localização cial nos impõem.
veio fortalecer a nossa convicção de que geográfica e estabilidade financeira. É No entanto, nunca nos podemos es-
temos a estratégia certa. focados no que é importante para as pes- quecer que as pessoas continuam a querer
soas que temos vindo a trabalhar, e acredi- sentir-se bem, respeitadas na sua singula-
SENTIDO DE MISSÃO tamos que a crise de saúde pública que vi- ridade e integradas numa cultura onde se
Estamos conscientes do papel da Sonae vemos actualmente só vem reforçar a nece- promove o bem-estar dos colaboradores.
MC no momento que vivemos e orgulho- ssidade de continuar a fazer este caminho. É com esta filosofia que nos identifica-
sos pelo profissionalismo e sentido de É natural que com a chegada da CO- mos, pelo que continuaremos a apostar
missão com que os nossos colaboradores VID-19 e o impacto que certamente terá na no caminho que temos vindo a traçar!
EDP
N
os tempos em que Que iniciativas ou programas estão a ser ticipando ou desenvolvendo iniciativas
vivemos, e apesar de implementados pela EDP, neste âmbito? exclusivamente no formato online, no-
muitas empresas esta- A EDP continua a investir na sua estra- meadamente na aproximação aos jovens
rem a adiar processos tégia de employer branding no contexto através de iniciativas de proximidade
selectivos, a estratégia em que nos encontramos. O desafio es- totalmente virtuais.
de Employer Branding não deve parar. tá, “apenas”, em fazer um exercício di- A título de exemplo, desenvolvemos
Trata-se não só de atrair, mas também de ferente, repensando e reformulando a um novo programa denominado EDP
reter talento e gerar engagement. Hoje, implementação desta estratégia, actuan- Digital Open Days, que pretende “abrir
mais do que nunca, a forma como as or- do nas duas vertentes: a vertente inter- portas” ao Grupo EDP através de um
ganizações se relacionam com os seus na e a externa. conjunto de sessões online e interacti-
colaboradores é de extrema importância. Internamente, temos procurado fo- vas, com uma agenda diversificada de
É natural que o que as pessoas valorizam mentar ainda mais o engagement das temas relacionados com o nosso negó-
se “ajuste” de acordo com os condicio- nossas pessoas, reforçando a comunica- cio, divulgados à escala global a toda
nalismos que todos vivemos, e que ava- ção e ajustando os processos de gestão a população universitária, através dos
liem se a proposta de valor da sua em- de pessoas para o formato online.
presa está ou não a ser colocada em prá- Externamente, temos procurado dar Paula Carneiro
tica. Não se duvide que a forma como continuidade às nossas actividades, par- Directora de Recursos Humanos da EDP
a organização agiu neste cenário ficará
no mindset de muitos dos seus talentos.
Ciente desta importância, a EDP tem
vindo a reforçar a sua estratégia de Em-
ployer Branding, cimentando a sua cul-
tura junto dos colaboradores. Disso mes-
mo nos dá conta Paula Carneiro, direc-
tora de Recursos Humanos da empresa.
Com grande parte dos colaboradores em De que forma vão trabalhar o Employer
teletrabalho como se mantém ou cimenta partilha entre equipas, como partilhas Branding, quando se começar a (re)abrir
a cultura da empresa? de best practices de trabalho remoto ou a economia?
O contexto actual obrigou a maioria dos liderança à distância; e outro aspecto Iremos continuar a trabalhar sobre a
colaboradores a incluírem o teletrabalho essencial, a atenção ao bem-estar físico nossa estratégia de Employer Branding,
nas suas rotinas e, no meio da avalanche, e emocional dos colaboradores, através repensando continuamente as actividades
é imprescindível continuar a fomentar de uma relação ainda mais próxima en- desenvolvidas de forma a proporcionar
a cultura organizacional, fortalecer la- tre as equipas de recursos humanos, as a melhor experiência a todos os agentes
ços e fomentar rotinas de trabalho equi- chefias e as nossas pessoas. que interagem connosco diariamente.
libradas e flexíveis. Estamos perante o que será um “novo
Nesta altura desafiante, é importante Depois de termos todos sido postos à pro- normal” e, por isso mesmo, teremos to-
que as organizações se foquem em três va com uma situação extrema e inespera- dos que nos adaptar e reinventar face a
pontos essenciais: os canais de comu- da, qual é hoje o papel exigido aos líderes uma nova realidade, que passará cada
nicação que fomentam a comunicação e às lideranças? vez mais por formatos digitais e flexí-
entre os colaboradores, apesar da dis- Numa altura em que os relacionamentos veis, como os que temos vindo a testar
tância física; a entreajuda e o sentido de de proximidade estão suspensos, uma neste período.
96 ENQUADRAMENTO
CASOS
98 CONSULTING HOUSE
102 NOESIS
Gestão de Talento
ENQUADRAMENTO
A
expressão Gestão de sume características de gestão de um nível da formação, aplicável a todos os
Talento é dita, ouvida, universo particular, seja ele a geração Y, colaboradores por igual. Não é estraté-
escrita e lida tantas ve- os designados quadros estratégicos ou gica, uma vez que não oferece qualquer
zes sem fim, nomeada- críticos, os high-flyers, high-potentials orientação para o direccionamento e a
mente no universo mais ou JEP (jovens de elevado potencial). alocação de recursos.
ligado às áreas de Gestão de Pessoas. Existe, no entanto, unanimidade No mundo corporativo, o conceito de
Sendo uma expressão comum, será que num ponto: uma boa Gestão de Talen- talento (associado à Gestão de Talentos)
o entendimento do que representa é tos é muito importante para o cumpri- foi tendo algumas evoluções, mas que
assim tão comum? mento dos objectivos estratégicos de tiveram sempre como base algo de-
Apesar de ser um tema emergente e uma organização. terminante: a diferenciação. E aí, o con-
presente em muitos debates mundiais Vários estudos publicados nos últi- ceito de talento tornou-se mais maleável,
que abordam a temática da Gestão de mos anos colocam recorrentemente a pois passou a incorporar dimensões adi-
Pessoas, observa-se ainda muita confu- Gestão de Talentos como uma das prio- cionais como resultados, experiências,
são nas definições existentes sobre os ridades essenciais no que diz respeito à potencial ou ambições.
termos “talento” e “gestão de talentos”, e Gestão de Pessoas. A denominada “guer- A diferenciação procura naturalmen-
nomeadamente na sua materialização ra pelos talentos” é algo que ouvimos te chegar aos “melhores” e tem como ra-
em práticas e processos. Desde logo, ta- constantemente, e que nem a actual pan- zão de ser o facto de as organizações se-
lentos são todos ou só alguns. demia irá fazer sair de cena. rem incapazes de assegurar uma ges-
Analisei um conjunto de empresas a A multiplicidade de conceitos e fun- tão ideal de todos os seus colaboradores,
operar em Portugal e que integram na sua damentalmente da forma como são seja por limitações financeiras, de recur-
estrutura orgânica uma área de Gestão operacionalizados, marca a ausência sos ou de tempo. Daí, em organizações
de Talento, e o âmbito de intervenção de clareza e evidencia a necessidade de mais pequenas, se confundir mais vezes
difere bastante. Nuns casos (tipicamente uma visão mais focalizada e pragmáti- o conceito Gestão de Talentos com o de
em organizações de menor dimensão), ca. Para tal, é crítico percebermos o que Gestão de Pessoas, pois não se torna tão
assume uma responsabilidade pratica- é Gestão de Talentos e qual a sua im- crítica a diferenciação.
mente equiparada à de uma direcção de portância. Comecemos primeiro pelo
Recursos Humanos típica, represen- conceito de Talento. R Quais os benefícios de uma
tando fundamentalmente uma questão Talento é uma inclinação natural, efectiva Gestão de Talentos?
de terminologia e de posicionamento. E uma habilidade, uma competência R Motivação e reconhecimento de
que, na maioria dos casos, é sinónimo para fazer algo bem. Gerir o “talento” quem evidenciou atributos para fazer
de uma abordagem mais moderna e con- inerente a cada pessoa, que todos têm parte do programa;
temporânea à Gestão de Pessoas. naturalmente, faz todo o sentido, mas R Motivação para a melhoria/supera-
Noutros casos, assume um âmbito de diria que é uma gestão mais micro, da ção por parte de quem não faz parte do
intervenção muito focado nas áreas de responsabilidade da sua chefia directa programa e tem essa ambição;
desenvolvimento (avaliação, formação, e que está intimamente ligada ao pro- R Focalização dos recursos disponí-
sucessão), mas sem segmentação da po- cesso de avaliação de desempenho, e veis (após estarem garantidos níveis
pulação abrangida. Noutros ainda, as- suas consequências, nomeadamente ao de investimento mínimos para toda a
CONSULTING HOUSE
LIÇÕES DA
PANDEMIA
PARA EQUIPAS
EXECUTIVAS
Muitas decisões de
gestão são ineficazes,
ou produzem resultados
opostos, porque o modelo
em que se baseiam é
preto e branco, enquanto
a realidade é a cores.
O
departamento de Saúde
Por: Ricardo Vargas, CEO da Consulting House
sobrepor-se-á ao mercado, o teletrabalho não preparamos o país para o embate. Se cado de um novo concorrente? Como li-
será a única forma de produzir, a polui- não passa de uma gripezinha, apostamos dar com tecnologia potencialmente dis-
ção desaparecerá; tudo e o seu contrário. na imunidade de grupo. Se são 15 casos que ruptiva? Como assimilar o crescimento
Gostaria de pensar que alguns aspec- desaparecerão por si, não fazemos nada. de quota num mercado em diminuição
tos fundamentais da forma como abor- No caso das empresas os pressupos- constante? Até que ponto é importante o
damos e resolvemos os nossos problemas tos podem ser menos evidentes, porque engagement dos nossos colaboradores?
mudarão. Mas tenho pouca esperança. a ideologia é menos importante, mas O que significa adquirir outra empresa?
Sobretudo porque, como psicólogo, co- estão lá em todas as decisões tomadas. Qual o impacto de uma pandemia?
nheço a mente humana e vejo na aborda- E do mesmo modo limitam a eficácia de Qualquer decisão de gestão é basea-
gem a este problema as reduções cogni- uma empresa para lidar com os desafios da em valores, pressupostos, défices de
tivas que encontro em todas a situações internos ou de mercado. Qual o signifi- informação e, consequentemente, mo-
normais, com consequências piores. delos mentais mais ou menos ajustados
A maior parte do meu trabalho é fo-
cado no desenvolvimento da eficácia de O desajuste à realidade. O desajuste entre a forma
como achamos que a realidade funciona
equipas de gestão. As equipas executi-
vas das multinacionais, ou grandes em-
entre a forma e a forma como ela realmente funciona é
a maior fonte de erros na tomada de de-
presas portuguesas, são constituídas por como achamos cisão em gestão. Não é por falta de infor-
pessoas competentes, inteligentes, sen-
satas e bem-intencionadas. No entanto, que a realidade mação que mais se erra, é por ter concei-
tos errados sobre a forma como o merca-
quando as juntamos em equipa, muitas
vezes o resultado não é maior do que a
funciona e como do ou os nossos colaboradores reagirão
às nossas decisões.
soma das partes. E as razões são sim- ela realmente É natural que isto aconteça. Todos
ples: os modelos mentais que as pessoas
desenham para lidar com os desafios funciona é a maior temos enviesamentos cognitivos que nos
impedem de ver a realidade tal como é, e
limitam a eficácia da sua intervenção.
fonte de erros na nos forçam a ver a realidade tal como a
queremos. Trata-se de mecanismos au-
MODELOS MENTAIS tomada de decisão tomáticos de processamento inconscien-
Um modelo mental é uma representação
da situação real, que nos permite realizar em gestão. te que cumprem funções adaptativas do
ponto de vista da espécie. Comprovados
simulações de causalidade e de impacto à saciedade pela investigação em Psico-
de diferentes soluções possíveis. O mo- logia. Mas do ponto de vista de tomada
delo mental é construído com base em
informação existente, aplicando sobre
ela processos de pensamento aceites. E
é aqui que começam os problemas. Os
processos de pensamento aceites por
um grupo contêm sempre pressupostos
valorativos que determinam a qualidade
e quantidade de informação necessária
para entender o problema, bem como o
tipo de solução a adoptar.
No caso da Covid-19, a fonte dos pres-
supostos é fácil de identificar: a ideologia
e interesses dos governantes que tomam
decisões. O impacto nos diferentes tipos
de soluções geradas também. Se a nova
infecção por coronavírus é vista como
uma ameaça à credibilidade do Estado,
©Carlos Porfírio
de decisão o seu efeito é claro: diminuem e valores por vezes antagónicos. Lidar propriedade emergente dos sistemas hu-
a capacidade de entender e lidar com a com a realidade de forma eficaz exige manos que justifica fenómenos de mas-
realidade de forma eficaz. entendê-la e aceitá-la. O sistema de en- sas aparentemente incompreensíveis.
Nenhum modelo mental é perfeito, mas sino da maioria dos países, não prepara Como as empresas são grupos huma-
há uns mais errados que outros. E é res- profissionais para entenderem a reali- nos menores e o seu tempo de acção mais
ponsabilidade da equipa executiva garantir dade dos sistemas humanos. Continua curto, a eficácia das decisões pode ser
que a empresa não sofre as consequências preso a uma visão mecanicista do real, em medida mais rápido. Mas o resultado
de uma modelação deficitária da realidade. que para cada efeito há uma causa e para pode ser igualmente trágico. A decisão
cada causa há um efeito. A causalidade de não abortar o lançamento do vaivém
LIDAR COM A REALIDADE nos sistemas humanos (leia-se comple- Challenger, 24 horas depois de a NASA
A realidade não é de esquerda nem de xos) é circular e múltipla. Existem mui- ter sido avisada que a anilha vedante do
direita, não é crente nem agnóstica, não tas causas para cada efeito, muitos efei- combustível podia esfarelar-se em circuns-
é conservadora nem liberal, não é rápi- tos para cada causa, e causa e efeito não tâncias similares ao lançamento, foi de-
da nem lenta, não é boa nem má. A rea- são lineares no tempo. terminada por pressupostos errados no
lidade não tem qualidade inerente, não A ordem de confinamento territorial modelo mental dos decisores. Os livros de
se engana, nem faz o favor de se adaptar na Lombardia provocou a debandada ge- gestão estão cheios de exemplos destes.
aos nossos modelos. neralizada que pretendia evitar e pro- Muitas decisões de gestão são inefi-
A realidade simplesmente ‘é’, e a maior pagou a Covid-19 a toda a Itália. Os deci- cazes, ou produzem resultados opostos,
parte das vezes ‘é’ complexa. Tem ca- sores não anteciparam que ‘o efeito viria porque o modelo em que se baseiam é preto
racterísticas que a tornam imprevisível, antes da causa’, porque isso não consta e branco, enquanto a realidade é a cores.
porque quase tudo o que é humano foi dos seus manuais de saúde pública ou ges-
criado ou existe hoje num sistema com- tão regional. Seria cómico, se não fosse É O SISTEMA, PÁ
plexo, globalizado e com vários tipos de trágico, ver como a maioria dos governantes Um sistema humano tem característi-
relação entre elementos locais e globais, aplica um pensamento linear de coman- cas específicas que, uma vez entendidas,
com benefícios materiais ou simbólicos do e controlo quando as comunidades se permitem a tomada de decisões mais efi-
de diferentes tipos, redes e canais de movem por dinâmicas colectivas basea- cazes. A resolução de um problema com-
comunicação que se intersectam, mas das em percepção de eficácia pessoal na plexo não requer necessariamente deci-
funcionam com linguagens diferentes protecção dos seus interesses. Esta é uma sões ou acções complexas. Por vezes bas-
ta a conjugação de várias acções simples. ma em que tudo ocorre; são quatro ac- dade das decisões empresariais é menor
Mas estas devem ser baseadas no enten- ções simples que permitem modelar o im- que a gestão de uma pandemia.
dimento da complexidade do contexto pacto de cada medida, testar em peque-
que deu origem ao problema, e interrom- na escala, aprender com o feedback e O PROGRAMA SEGUE DENTRO
per a causalidade circular que o mantém. ajustar progressivamente as medidas de DE MOMENTOS
De outra forma podem produzir mais re- intervenção ao problema. É assim que se Uma das características principais de
sultados negativos que positivos. inova com sucesso, tanto na Covid-19 como um sistema é a homeostase. A capacida-
A acção simples de confinar toda a em desafios empresariais quotidianos. de de regular o seu ambiente interno, e
população em casa não resolve o proble- influenciar o externo, para manter um
ma da pandemia, por várias razões. A ISTO É SOBRE EQUIPAS equilíbrio dinâmico de funcionamento
primeira das quais porque a pandemia EXECUTIVAS que garanta a sobrevivência. Seres vivos
é um problema complexo com várias di- A consequência mais positiva desta pan- e sistemas humanos têm-na.
mensões: sanitária, económica, de saú- demia é demonstrar que os modelos tradi- A homeostase é a razão pela qual os
de mental, política, entre outras. E cada cionais de tomada de decisão são fraqui- sistemas preferem voltar ao equilíbrio
agente vê apenas a sua parte do sistema, nhos para lidar com problemas complexos. inicial depois de um choque exógeno,
preconizando soluções que agravam as Tudo o que se baseie em causa-efeito li- em vez de morrer ou transformar-se em
outras dimensões do problema. Negli- near, sequencial no tempo, isolado no espa- coisa desconhecida.
genciar a dimensão económica agrava ço, ignorante dos processos e contextos de Vem isto ao caso porque é por não en-
a sanitária. Negligenciar o número de ocorrência, vai falhar, porque as dinâmi- tender o papel da homeostase no funcio-
mortos hoje desmantela a economia ama- cas de interacção humana são complexas. namento do sistema que os videntes pre-
nhã. Desproteger a saúde mental piora
a saúde futura e reduz a produtividade.
Mover uma variável afecta todas as ou- A consequência mais positiva desta
tras. Esta é a natureza dos sistemas com-
plexos. É assim em todos os problemas pandemia é demonstrar que os modelos
humanos, mesmo que não queiramos
vê-lo quando não há mortes em causa.
tradicionais de tomada de decisão são fracos
Para ser eficaz, uma equipa de gestão para lidar com problemas complexos.
deve modelar adequadamente o sistema
que gere – a empresa – e o contexto em
que opera – o mercado.
Uma das ferramentas mais eficazes
para o fazer é o pensamento sistémico. A única razão para o estado de emer- conizam mudanças absolutas em proces-
Modelar o funcionamento do sistema gência é a vontade de reduzir a comple- sos produtivos no mundo inteiro. É verda-
como um todo permite antecipar dife- xidade da decisão, através da elimina- de que mesmo depois de se encontrar
rentes cenários, resultados e impacto ção da vontade individual e da possibili- uma vacina algumas coisas não voltarão
de acções em todo o sistema, não apenas dade de acontecimentos sociais espon- ao mesmo. Os agentes vão querer manter
num indicador. tâneos. Confina-se para manipular a in- algumas vantagens adquiridas durante a
Isto exige o conhecimento e aplica- teracção humana e suspender tempora- pandemia. Mas estou em condições de ga-
ção de conceitos simples à tomada de de- riamente algumas variáveis. Simplifi- rantir que a maioria dos cidadãos de Nova
cisão em gestão: causalidade circular, re- ca-se a tomada de decisão anulando ar- Iorque retomará a actividade sexual da
lações fortes vs fracas, perspectivas, flu- tificialmente a complexidade e adiando sua preferência assim que a vacina vier.
xos, informação, delay de interacção, es- as consequências. Felizmente, a maioria das coisas volta-
truturas de reforço e equilíbrio, envie- Excepto em monopólio ou manipula- rá a ser o que era antes da Covid-19, embo-
samentos cognitivos, modelos mentais, ção ilegal, as empresas não têm o poder ra com alterações. Infelizmente, a forma
propriedades emergentes, entre outros. de determinar o que acontece ao seu mer- de modelar problemas será uma delas.
Distinguir criticamente variáveis, cado. Devem por isso ser muito melhores Mas é isso que dá sentido ao desenvolvi-
grupos-alvo, geografias ou territórios; que os governos a entender como funcio- mento de equipas executivas: melhorar
qualificar relações entre indivíduos, gru- nam os ambientes internos e externos. a qualidade do pensamento e a eficácia
pos e variáveis; mapear perspectivas dos Uma equipa executiva tem esta tare- das decisões. E, se tudo correr bem, esse
agentes; e entender o contexto do siste- fa facilitada porque o grau de complexi- trabalho também continuará.
NOESIS
de esta ser uma área de “pleno emprego”,
as organizações são, cada vez mais, exi-
ORIENTADA PARA
ágeis e de se adaptarem de forma rápida
às constantes inovações do sector. «Não
é fácil para a Noesis reter os melhores ta-
O
bilidade de progressão de carreira e de
mundo das tecnologias tecnologia e negócio, sendo que encoraja- desenvolvimento de competências.
de informação vive tem- mos as nossas equipas a inovar com solu- Esta evidência leva a Noesis a valori-
pos de enorme transfor- ções diferenciadoras, procurando sem- zar candidatos dedicados, que mostrem
mação. A mudança é par- pre criar valor sustentável», afirma Tere- um forte espírito de equipa. «Procuramos
te integrante do merca- sa Lopes Gândara, Human Capital direc- talentos flexíveis, curiosos e audazes, que
do e todos têm de se adaptar de forma rá- tor da Noesis, consultora tecnológica in- sejam movidos pela inovação», afirma,
pida. Paralelamente, surgem modifica- ternacional cuja actividade se sustenta acrescentando: «Valorizamos também
ções nas áreas do recrutamento e da gestão em quatro pilares: infra-estrutura, soft- pessoas dispostas a aceitar desafios in-
de talentos, que obrigam a um maior es- ware, qualidade e pessoas. ternacionais, para integrarem tempora-
forço por parte das organizações e neces- Olhando para Portugal, observa-se riamente os nossos projectos em países
sidade de desenvolver novas estratégias. uma grande dinâmica no que diz respeito como a Irlanda, a Holanda e os EUA.»
«Na Noesis somos reconhecidos pela à captação de talento, o que provoca cres- Maioritariamente, a Noesis procura
nossa experiência e conhecimento em centes desafios no recrutamento. Apesar talentos nas tecnologias de informação,
como developers, data scientists, testers, dispõe de uma avaliação de desempenho porte interno, que têm sido incansáveis
e outros perfis técnicos, bem como gesto- anual, baseada em três pilares: avaliação a responder a todos os requisitos».
res de projecto, produto e delivery, com de soft skills, de competências técnicas Para a responsável, a base para um
diferentes níveis de experiência. específicas e de objectivos. «O processo melhor desempenho e sucesso das equipas
A responsável pelos Recursos Huma- desenrola-se numa aplicação da Noe- passa por apoiar o desenvolvimento indi-
nos da Noesis acredita que deve existir sis, o WeValU, e permite ainda solicitar vidual fomentando a produtividade, a mo-
uma aposta na estratégia de Employer a avaliação a terceiros – sejam clientes, tivação e, consequentemente, a probabili-
Brand, a qual deverá incluir formação e pares ou qualquer outro colaborador –, dade de sucesso da organização. «Pessoas
qualificação contínua. «Uma estrutura de determinar os objectivos para o ano e as com formação especializada requerem
formação eficiente, conjugando a apren- necessidades de formação», revela Te- um menor investimento em supervisão e,
dizagem on-the-job e academias internas resa Lopes Gândara, assegurando que o com formação regular, torna-se mais fácil
de formação, em que o conhecimento é processo passa sempre por uma (ou mais) identificar oportunidades, tanto a nível
partilhado entre talentos, com meios onli- reuniões presenciais entre avaliador e interno como no contexto do mercado.»
ne e desenvolvimento autónomo, assegu- avaliado, sendo que este é um passo fun- Desta forma, corresponder às expec-
ra diversas vantagens para qualquer or- damental para a organização. tativas de formação dos talentos, incen-
ganização e para os seus colaboradores.» Na opinião da responsável, «o WeValU tivando o desenvolvimento das suas car-
Ao nivel da avaliação de desempenho é um suporte essencial ao processo» e, reiras é para a Noesis a possibilidade de
dos colaboradores, para além de avaliações como tal, «tem vindo a ser alvo de me- contribuir directamente para a sua satis-
informais ao longo do ano, a organização lhorias frequentes pelas equipas de su- fação e realização profissional.
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106 ENQUADRAMENTO
CASOS
108 FIND
112 NOS
116 RANDSTAD
Recrutamento e Selecção
ENQUADRAMENTO
A COVID-19 E OS DESAFIOS
DO RECRUTAMENTO PARA 2020
Como o recrutamento se deve adaptar à pandemia do coronavírus.
C
ontudo, o coronavírus pas- Em vez de entrarem em pânico ou de Temos os meios para preparar e pro-
sou de um surto para uma verem o recrutamento e o emprego como teger as pessoas no local de trabalho.
pandemia global genera- algo destinado ao fracasso, os emprega- Podem facilmente fazer com que o
lizada. O público em geral dores devem pensar em formas de asse- trabalho e o fluxo de recrutamento se-
está a confinar-se nas suas gurar que os seus escritórios e possíveis jam digitais.
casas e isto significa dificuldades para ne- colaboradores estão a salvo da ameaça
gócios e instituições de todos os sectores. da COVID-19. R Tornar o recrutamento digital
A taxa de emprego (que atingiu má- Existem três pontos que empregado- É verdade que uma pandemia global é
ximos históricos no final de 2019) deve res e colaboradores devem ter em conta: uma razão suficientemente boa para hesi-
cair nos próximos meses. Algumas em- A ameaça do coronavírus não signifi- tar. Contudo, compreender como a amea-
presas estão a pensar em suspender os ca que ninguém está a contratar ou que ça se propaga e como as pessoas contraem
seus processos de contratação até que os candidatos não estão activamente à o vírus pode ajudar a preparar melhor o
a situação melhore. procura de vagas. processo de recrutamento.
R A entrevista
As entrevistas digitais são uma vitória semelhantes aos nossos colegas. É esta ajudar-vos a criar a equipa que sempre de-
absoluta nesta situação. Não só se prote- a principal razão por que os empregado- sejaram; o talento certo para a vaga certa.
gem a vocês, aos vossos colaboradores e res evitam o modelo de trabalho remoto. Quando os computadores foram de-
aos candidatos, como também demons- Por outro lado, se estão a contratar senvolvidos pela primeira vez e a internet
tram aos possíveis colaboradores um durante uma pandemia de COVID-19, faz começou a dar os primeiros passos, todos
procedimento de flexibilidade. sentido adoptar este modelo, tanto para previram o trabalho remoto como resul-
Pedir aos candidatos para que a entre- novos colaboradores como para os ac- tado final. Agora, temos um mundo to-
vista seja feita remotamente, a partir de tuais. Na verdade, visto que este surto talmente digital à nossa disposição. De-
uma localização pessoal ou familiar, é um tem sido perturbador, o melhor é ofere- pendendo do cargo, é possível estarmos
conceito naturalmente bem recebido. Na cer trabalho remoto aos candidatos e ausentes do escritório para cumprirmos
verdade, com a situação da COVID-19, o colaboradores, sempre que possível. todas as nossas tarefas.
gesto por si só fará com que queiram ain- Este modelo é uma opção perfeita-
da mais trabalhar para a vossa empresa. mente válida para manter as operações R A preparação é essencial
a funcionar durante esta crise. Conside- Quer mais situações em que há traba-
R O candidato rem talvez um software com funções lho remoto, quer não, é importante lem-
Depois da fase da entrevista, o contacto de boas-vindas e recepção para ajudar a brar que o surto global não é tão assus-
com o candidato pode ir para lá do mun- monitorizar e avaliar o desempenho do tador para umas pessoas como é para
do digital. Nesta altura, os empregado- candidato durante o processo de traba- outras. Criem uma cultura de práticas hi-
res devem temer que a doença atinja o lho remoto. giénicas no trabalho onde os colaborado-
candidato no primeiro dia de trabalho. res mantêm o seu bem-estar (através do
Mas as perguntas na entrevista po- R As lacunas no talento uso regular de antisséptico para as mãos,
dem ser aqui a solução. Perguntem ao can- As lacunas no talento são um desafio contacto físico limitado como apertos de
didato se se tem mantido resguardado. É global recorrente há anos. Os emprega- mão, ter noção do seu bem-estar físico,
importante notar que o que descrevemos dores têm lidado com esta questão de entre outros).
aqui é válido desde que não viole ou vá melhor forma que podem, contratando Mesmo que não queiram arriscar
contra as leis e regulações locais. Se há a e formando colaboradores que ainda não uma contratação até tudo estar termi-
suspeita de que um candidato foi expos- têm conhecimentos ou competências nado, podem ainda assim preparar-se
to à COVID-19, uma quarentena voluntá- para a posição. para tal. Tornem o recrutamento digi-
ria é altamente recomendada. A própria solução é admirável, apesar tal, aproveitem as reuniões virtuais, es-
A situação é diferente para as agên- de exigir bastante mais tempo e esfor- tabeleçam ligações online e mantenham
cias de recrutamento. Como normalmen- ço para que estes candidatos estejam diálogos com talentos promissores para
te gerem grandes bases de dados de can- actualizados. Embora a pandemia vá futuras colocações.
didatos, devem pensar em usar um siste- provavelmente dificultar um pouco a A pandemia de COVID-19 acabará
ma de monitorização. pesquisa pelo talento certo, também nos por passar, embora não saibamos quan-
dá a possibilidade de considerar um re- do. Mas sabemos que o recrutamento não
R O modelo crutamento global. tem de ficar suspenso até esta crise pas-
O modo como os colaboradores se moti- A maioria das pessoas evitará viajar sar. Na verdade, quando este surto termi-
vam mutuamente num escritório é um num futuro próximo, e o talento de que nar, os empregadores terão pouco tempo
factor importante para a produtividade. precisam pode estar do outro lado do para contratar e para se posicionarem
É um facto psicológico simples – adop- mundo. Estar abertos a um modelo de para a próxima fase de crescimento.
tamos e demonstramos características trabalho remoto a longa distância pode FONTE: manatal.com
FIND
FLEXIBILIDADE E AGILIDADE
COMO PALAVRAS DE ORDEM
A actual pandemia trouxe desafios a todos os sectores, e o do Recrutamento
não é excepção. Há princípios base que é preciso manter, mas também é preciso
uma adaptação às novas necessidades. E algumas mudanças vieram para ficar.
C
om 15 anos de experiência dam a gerar mais situações de integração dade para refrescar a sua forma de tra-
no recrutamento e consul- e/ou fusão de equipas e até de socieda- balhar, mostrando-se mais ágil na adap-
toria no universo do Direi- des de advogados e de algum reforço dos tação e na resposta às necessidades dos
to, a FIND trabalha diaria- departamentos jurídicos. seus clientes.
mente «com sentido cria-
tivo e espírito de melhoria contínua na Em termos de recrutamento, quais os as- Percebem se há, por parte das empresas, a
prestação de serviços». Fazendo uso do pectos essenciais que devem ser levados preocupação de se tornarem mais digitais?
seu «conhecimento específico e apro- em conta, neste contexto de excepção? Claramente. Mesmo no mundo do Di-
fundado», investe no contacto com os Sempre colocámos uma atenção muito reito – mais conservador por natureza
candidatos, realidade que lhe permite especial na percepção da necessidade do – há a percepção da necessidade de dar
a necessária agilidade de resposta para cliente e no aconselhamento do recru- lugar, em certos temas, às tecnologias
continuar a fazer face às necessidades tamento, quando e se o mesmo fizesse enquanto ferramentas importantes na
dos clientes. Em entrevista à Human efectivamente sentido, de acordo com as melhoria da eficiência e produtividade.
Resources, Filipa Mendes Pinto, funda- linhas de negócio decididas pelo cliente.
dora e partner da FIND destaca também Nesta fase, aconselharia, mais do que No pós-pandemia, de que forma podem as
como está o sector do Recrutamento a nunca, total transparência no processo, empresas fazer uma melhor triagem das
responder à crise actual. de forma a serem explicitadas as expec- pessoas perante o volume da oferta, que
tativas e capacidades de um lado e do vai certamente crescer?
A FIND é a única empresa portuguesa de outro, elevaria a exigência da avaliação O foco deverá continuar a ser o de saber
recrutamento e consultoria com especia- de determinadas competências, como muito bem qual a necessidade senti-
lização e exclusividade para o mundo do sejam as relativas à capacidade de adap- da, para melhor identificar o perfil que
Direito. Sendo uma actividade tão espe- tação, flexibilidade e sentido de compro- se pretende recrutar e, desta forma,
cífica, qual o impacto imediato que sen- misso, e não penalizava o tempo con- mais facilmente seleccionar quem se
tiram no recrutamento deste sector, como cedido a cada processo, pois o recruta- ajusta ao perfil.
consequência da actual pandemia? mento e a filosofia que o norteia devem
Como impacto imediato tivemos a sus- continuar a ser uma bandeira diferen- E como é que isso se vai processar?
pensão de alguns processos, mas simul- ciadora de cada organização. Aqui assumirá especial importância a
taneamente, a continuidade e a conclu- fluidez da comunicação dentro da em-
são com o desejado sucesso de outros. Digitalização é, hoje mais do que nunca, a presa, evitando-se uma atitude muito tí-
palavra de ordem, nomeadamente no re- pica portuguesa que é a de assumir que
O novo coronavírus também está a criar crutamento, dadas as restrições às deslo- o outro – o que vai ficar responsável por
oportunidades de emprego, nomeada- cações. Acha que vai mudar irreversivel- conduzir o processo de recrutamento
mente nos sectores de bens essenciais. No mente a forma de recrutar? – sabe qual é a necessidade.
sector onde actuam, como se reflecte esta Esta crise e o confinamento a que obri- Por outro lado, a empresa deve re-
realidade, sendo que as sociedades de ad- gou vieram potenciar as capacidades de visitar os critérios de avaliação de for-
vogados têm estado também particular- relacionamento por via digital, confe- ma a estar segura que os métodos e pro-
mente, dadas as novidades de legislação rindo uma naturalidade ao contacto por cedimentos que aplica – seja em con-
que quase diariamente sai relacionada essa via, até para as gerações mais “se- texto de entrevista, seja em contexto de
com as medidas para fazer face à crise? niores”. E veio para ficar. complementos de avaliação, podendo
O mundo do Direito sente, por norma, O recrutamento é um sector que deve estes ser de vária ordem – continuam
as situações de crise num tempo ligei- ver neste momento uma clara oportuni- ajustados ao propósito da empresa e ao
ramente mais tardio que os demais sec-
tores. Em 2008, o grande impacto de-
morou cerca de dois anos, agora o maior O recrutamento é um sector que
impacto sentir-se-á em meses, dada a
transversalidade desta pandemia, em
deve ver neste momento uma clara
termos sectoriais, e dada também a sua oportunidade para refrescar a sua forma
dimensão mundial. Neste âmbito, ante-
cipo que as oportunidades surjam, não de trabalhar, mostrando-se mais ágil.
tanto no imediato, mas mais a partir do
quarto trimestre, e que as mesmas ten-
A
NOS, consciente do seu
papel social no apoio às
famílias, empresas e ins-
tituições, mantém a co-
municação permanen-
te com os seus colaboradores e reinven-
tou-se nos processos de recrutamento e
selecção. Mónica Fernandes, responsável
pela área de Talent Acquistion da NOS,
fala-nos destes novos desafios.
A NECESSIDADE DE
seja, têm de ter potencial de crescimento
para, a médio prazo, exercerem outras
funções, sobretudo em empresas como
reinventarmos na
Para além dessas competências mais téc- próxima edição.
nicas, que qualidades/ características
deve um candidato ter para trabalhar no
Grupo NOS?
proximidade e no Quais são os maiores desafios no que diz
respeito ao recrutamento?
Temos um modelo de competências pelo estilo de liderança. Existe continuamente a necessidade de
qual todos os nossos colaboradores são encontrar novos colaborares que deem
avaliados, pelo que procuramos pessoas resposta à evolução da NOS e das suas
com capacidade de liderança, ousadia, equipas. A selecção dos candidatos não
muito talento, sentimento de orgulho, é feita apenas pelas suas competências
adaptação à mudança, fortes a traba- ganham alguma sensibilidade para as ou especialização na função, vai muito
lhar em equipa, resilientes, focadas no diferentes áreas e funções que possam para além destas capacidades técnicas.
sucesso e com uma incessante orienta- existir, ou estágios curriculares numa É crucial hoje a procura da combi-
ção ao cliente. Acima de tudo, pessoas equipa específica onde podem aplicar os nação entre valores, atitudes e energia
capazes de contribuir no processo de conhecimentos adquiridos na univer- do candidato com a nossa missão e va-
transformação da NOS. sidade até ingressarem no nosso pro- lores. Desta forma é possível recrutar as
grama de trainees – o NOS Alfa. pessoas certas para integrar as diversas
Que tipos de programas de estágios pos- É um programa de 12 meses que visa equipas e connosco darem continuidade
suem. Continuam a funcionar? o desenvolvimento dos trainees através ao caminho que queremos seguir. Con-
Sim, continuam a funcionar, ainda que de rotação por duas áreas de negócio, tem tinuamos a fazer este trabalho, agora
de forma diferente, com todas as adapta- um programa de mentoring e acompa- de forma mais digital.
ções necessárias. Estamos a capitalizar nhamento muito fortes, aliados a uma
os vários programas e parcerias que a formação específica e desenhada à me- Diria que trabalhar na NOS é...
NOS mantém com diversas instituições dida. Com o NOS Alfa, pretendemos que É ser parte integrante de uma equipa
de ensino. A aposta na relação com os os trainees adquiram as ferramentas fantástica, que cria oportunidades e de-
estudantes universitários é muito im- essenciais para o seu desenvolvimento senvolve os seus colaboradores e que pro-
portante para a organização. pessoal e construção das suas carreiras cura incessantemente a inovação, trans-
Existe a possibilidade de realizarem na NOS. O programa destina-se a finalis- formação, novos serviços que respondam
um estágio nos meses de verão onde ini- tas de mestrado de diversas áreas, exis- às necessidades dos portugueses. É com
ciam, muitas vezes, os seus primeiros tindo também a possibilidade de uma enorme orgulho que faço parte desta em-
contactos com o mundo empresarial e especialização nas áreas tecnológicas e presa! #VamosFicarLigados.
RANDSTAD
modo a tornar o processo cada vez mais com esta urgência, como se assegura que
inteligente e estratégico. seja feita a escolha mais acertada para
Sendo que a digitalização não era já a empresa?
nada de novo no Recrutamento e Selec- A esmagadora maioria do recrutamento
ção, a actual pandemia veio trazer alte- que foi feito por empresas de distribui-
rações muito significativas, porque «fo- ção foi de perfis operacionais e pouco
mos todos, de forma repentina, obrigados qualificados, pelo que os principais cri-
a trabalhar de forma 100% digital», e térios foram disponibilidade e experiên-
isso sim é completamemente novo, faz cia na função, não tendo feito avaliações
notar Nuno Troni, director das áreas de de competências ou de potencial.
Professionals, Outplacement, Human
Consulting, R.P.O. da Randstad Portugal. E o novo coronavírus não está também a criar
E explica em que é que isso se traduziu outras oportunidades de emprego. Como
na prática, bem como as perspectivas se reflecte esta realidade em números?
que se adivinham para esta área. Parece Ainda é cedo para termos certezas e da-
certo que «o mercado voltará a ser client dos concretos, mas o que conseguimos
driven, embora por um período de tempo antever é que o saldo entre empregos
relativamente curto». criados e perdidos é francamente desfa-
vorável, especialmente se tivermos em
Qual o impacto imediato da actual pan- conta que a maioria dos recrutamentos
demia no recrutamento? feitos são por um prazo específico e para
O impacto foi enorme e abrupto, com responder a um pico de procura que di-
a esmagadora maioria das empresas a ficilmente se vai manter.
decidir congelar os processos de recru- Nos perfis qualificados, notamos que
tamento em curso, optando por aguardar as Tecnologias de Informação continuam
pelo fim da pandemia e por uma esta- em alta, com os perfis ligados a transfor-
E
bilização da economia para tomarem a mação e marketing digital a registarem
nquanto disciplina de Re- decisão de continuarem ou não com os maioria procura.
cursos Humanos respon- processos de recrutamento. Os dados de
sável pela atracção dos me- que dispomos indicam que, não só gran-
lhores candidatos para a de parte dos processos não vão ser reto-
ocupação das vagas de em- mados, como há intenção de diminuir
prego numa empresa, o Recrutamento e o número de colaboradores, em sentido
Selecção avalia o candidato para perceber contrário ao pré COVID-19. Alguns sec-
as suas competências técnicas e compor- tores foram menos atingidos pela pan-
tamentais, bem como a compatibilida- demia e continuaram com os processos
de com a cultura organizacional. Com a em curso, sendo a Banca o mais evidente.
transformação do mercado de trabalho
pela tecnologia, esta área precisou de se O sector da Distribuição também teve
actualizar e evoluir, sempre com recurso necessidade de recrutar, para responder
a novas ferramentas e tecnologias, de ao aumento da procura. Em processos
Nuno Troni um conjunto de ferramentas que alia as através de e-learning ou fazer sessões
Director das áreas de Professionals, suas soluções tecnológicas à experiên- de live training.
Outplacement, Human Consulting, R.P.O.
cia dos seus consultores, para garantir
da Randstad Portugal
a melhor experiência nos processos de No pós pandemia, de que forma podem
gestão de talento. as empresas fazer uma melhor selecção
Digitalização é a palavra de ordem em tem- A conjuntura COVID-19 trouxe vá- das pessoas, perante o volume da oferta
pos de pandemia. De que forma se adapta rios desafios para as empresas, princi- que vai certamente crescer?
às necessidades do recrutamento actual? palmente para aquelas que não estavam Um processo de recrutamento e selec-
A digitalização do processo de recruta- familiarizadas com o trabalho à distân- ção deve ser célere, eficaz, criterioso e
mento não é um fenómeno novo. Já antes cia ou com o digital a 100%. Mantendo garantir uma boa experiência a todos
da pandemia tinhamos a capacidade e o foco na gestão de pessoas, a Randstad os candidatos. Uma das nossas plata-
experiência de conduzir o processo de disponibiliza agora às empresas a pos- formas permite agendar entrevistas di-
forma totalmente virtual, e com bons sibilidade de usufruírem de algumas das rectamente com o candidato, oferecendo
resultados. O que é novo é que fomos soluções digitais já utilizadas interna- várias hipóteses de dia e hora de forma
todos, de forma repentina, obrigados a mente com os seus clientes. automática, assisti-las na hora marca-
trabalhar de forma 100% digital, o que Trata-se de uma nova oferta comer- da ou quando lhe for mais convenien-
causou alguma apreensão numa fase ini- cial, acessível a partir do site. Recruta- te, convidar colegas para se juntar ao
cial, mas creio que hoje já estamos ha- mento, selecção, formação, gestão de processo de selecção e até partilhar os
bituados a trabalhar desta forma. pessoas e planeamento do futuro são resultados com quem necessita deles.
as cinco grandes áreas que compõem o Para a avaliação, podemos recorrer
A Randstad lançou um kit digital. Como kit digital da Randstad, no qual as em- a assessments 100% digitais, gamifica-
é que surgiu, em que consiste e qual é a presas vão poder encontrar as soluções tion e pedidos de referências de forma
sua finalidade? que melhor correspondem ao seu perfil, 100% digitais. Desta forma, garantimos
Para responder aos desafios do actual desde recrutar e receber colaborado- o máximo de informação sobre um de-
contexto e ajudar a diminuir o impacto res de forma 100% digital; utilizar uma terminado candidato, de forma célere e
da pandemia, a Randstad disponibilizou estratégia de “gamification” na selec- cómoda para o cliente, candidato e con-
às empresas um “kit digital”, que integra ção de talento, formar colaboradores sultor. Nenhuma destas valências é nova,
Digitalizar não é apenas termos Que realidade espera para a área do Re-
MÚSICA
Guitarras ao Alto
Em 2020, perante o actual contexto
mundial associado ao surto de COVID-19
e num cenário em constante mudança
que implica restrições impostas pelas
autoridades à celebração de espectáculos
públicos, o evento, que celebra a sua
6.ª edição, irá realizar-se online. A
programação inclui os concertos de Bruno
Pernadas e Mário Delgado, a 14 de Maio;
Peixe e Frankie Chavez a 21; e O Gajo e
Gwenifer Raymond a 28. Serão transmitidos
em directo a partir do YouTube da Antena 3.
TEATRO MÚSICA
Noites de Teatro
Durante o mês de Maio, o Teatro
Experimental de Cascais dá continuidade
à iniciativa “Noites de Teatro”, com a qual
disponibiliza, através do seu canal de
YouTube, um conjunto de gravações
de criações teatrais suas. No dia 18
de Maio pode assistir-se a “Woyzeck”,
de Georg Büchner.
Música da Casa
A plataforma de melómanos Música da
Casa está a organizar concertos pagos,
sendo o valor angariado através de uma
subscrição mensal. A iniciativa, que
começou em Abril, prossegue em Maio
com os concertos de LaBaq a 16, Daniel
Catarino a 24 e Birds are Indie a 29. Os
concertos são exclusivos para membros,
e visionados através de um grupo
fechado no Facebook.
O Museu em Casa
O Museu Calouste Gulbenkian propõe novas formas interactivas de descobrir e
explorar as suas colecções. Através do seu website, a instituição convida todos
a ver ou a rever, a partir de sua casa, os vários conteúdos que o museu tem
para oferecer, como a visita virtual que permite percorrer as várias galerias do
museu; os vídeos “Arte Num Minuto”, que apresentam 30 obras da Colecção do
Fundador e 30 obras da Colecção Moderna; ou Novas Leituras, Novos Olhares,
onde o museu convida conservadores, curadores, artistas e investigadores a
apresentarem novas leituras e novos olhares sobre as obras das suas colecções.
CONFERÊNCIA
Reflectir sobre
a longevidade
Em parceria com a Fidelidade, a Culturgest promove
um ciclo de três conferências transmitidas em live
streaming no seu Facebook e YouTube nos dias 20 de
Maio, 03 e 23 de Junho. Com o objectivo de reflectir
e debater sobre “Longevidade: Precisão, Implicações
Sociais, Regeneração”, o ciclo de conferências
percorre as biociências, as bioengenharias, a
demografia e a economia, para dar a conhecer as
mais recentes evoluções da medicina e tendências
da investigação sobre a longevidade, bem como as
interrogações e escolhas sociais e pessoais que se
nos colocam perante uma vida humana mais longa.
ONDE HÁ PESSOAS HÁ
VIDA E HÁ ESPERANÇA
Sabemos que, por vezes, é preciso bater no fundo para aprendermos a reconhecer que cada dificuldade
encerra novas oportunidades e que as contrariedades não pagam dívidas na hora de recuperar, de progredir.
sim se explica que, em fases de teste à nos- venta na forma de gerir recursos, se re-
sa fragilidade ou procrastinação, esco- cusa a dar o flanco e a baixar braços pe-
Conceição lhamos erguer a cabeça e seguir em fren- rante a adversidade. Temos sabido apren-
Zagalo te no sentido de contrariar tudo o que der que a capacidade produtiva do nosso
Empreendedora social possa constituir obstáculo à sobrevivên- país, essa não está confinada. E que temos
P
cia física e anímica, e darmos passos fir- as melhores competências do mundo e
ertenço ao clube dos defen- mes rumo ao sucesso. empresas fabulosas capazes de nos fa-
sores de que no pós-2020 Instalada a calamidade a nível mun- zerem exportar cortiça, pasta de papel,
nada vai ser como dantes e dial, nem por isso o mundo parou. Mudou tomate, têxteis, calçado, vinho, cerveja,
que as pessoas e o mundo se- de hábitos, isso sim. Nunca como agora café. Até porque somos argutos e bons ne-
rão inevitavelmente diferentes. vi resultados tão rápidos da transforma- gociadores e sabemos fazer sempre mais
Se há uns meses nos dissessem que es- ção a que fomos obrigados. Novas me- e melhor e marcar pontos extra na nos-
taríamos hoje no estado em que estamos, todologias, novas ferramentas, novos sa economia. E sabem porquê? Porque os
muitos considerariam tratar-se de pura protocolos sociais, novas formas de tra- portugueses são fantásticos e as nossas
ficção. Se nos adiantassem que teríamos balho virtual, novos hábitos de comércio pessoas sabem que não podem deitar a
de nos fechar em casa e ficar meses a fio electrónico, alteração dos hábitos de con- perder a força e experiência colhidas de
fisicamente afastados de filhos, netos, sumo, de higiene, das rotinas de convi- novas janelas de oportunidade e de mo-
pais, amigos, colegas, acharíamos que vência, da aproximação a familiares, ami- delos de negócio aprendidos e desenvol-
estávamos a ver filmes. Se nos dessem a gos, vizinhos… Nunca como agora se par- vidos em tempos de emergência social.
possibilidade de trabalharmos comple- ticipou em tantos webinars, se assistiu Nos tempos que correm,v valorizamos
tamente à distância numa gestão par- a tamanhas demonstrações de solida- a nossa velha saudade de forma bem dis-
tilhada de responsabilidades profissio- riedade, se deu tanto ouvidos aos apelos tinta, é certo. À conta de muita privação
nais, tarefas domésticas e assistentes lançados por quem tem a responsabili- e de enormes sacrifícios. Mas também
académicos, consideraríamos muito pro- dade de conter a proliferação de um ví- de lições muito sérias sobre a conquista
vavelmente tratar-se de um cenário im- rus que teima em não nos dar tréguas. de metas inovadoras em matéria de cria-
provável e seguramente ingerível. Temos vivido tempos muito duros, tividade e de conjugação de empenhos
Mas, na verdade, sem que tenhamos é verdade. De privação, de dor, de mu- entre pessoas que não deixam créditos
tido tempo para digerir estes diferentes danças de paradigma. Choramos a per- por mãos alheias na hora de se supera-
capítulos do impossível, surpreendemo- da de tantos que partem sós, acompanha- rem em termos de propósito, de desem-
-nos todos os dias com a nossa própria mos o sofrimento de quem adoece de for- penho, de relevância.
capacidade de resiliência e de adaptação ma inusitada, de quem, em idade mais O futuro não vai ser fácil, não nos en-
à inevitabilidade dos factos, dando a volta madura, se encontra isolado “sine die”. ganemos. Nem vai ser igual. Mas vamos,
por cima e superando-nos em disciplina, Acompanhamos os que entram em lay- não duvidemos, dar a volta por cima e
autodeterminação, capacidade de con- -off, os que perdem o seu posto de traba- beber da grande constatação de que em
cretização com padrões de desempenho lho, os que vêem o seu futuro alterado. todas as transformações as pessoas se
e até de produtividade nunca vistos. Mas assistimos também a todo um sem- aprimoram na arte de enfrentar maiores
O homem é um animal de hábitos, é -número de novas frentes, de quem desafios e de conquistar novos avanços.
bem sabido. E também não é novidade reconverteu o seu modelo de negócio, an- Porque, nunca se duvide também,
que a dificuldade aguça o engenho. As- tecipa uma década de evolução, se rein- onde há pessoas há vida e há esperança.
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