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1.

Introdução

Neste capítulo, ênfase se dada às Normas


Nacionais e Estrangeiras, a Legislação aplicada e
a Consolidação das Leis do Trabalho com vistas
à Segurança do Trabalho para prevenção e con-
trole de risco, cujos temas são: liberdade sindical
e direito à negociação coletiva; liberdade sindical
e direito à negociação coletiva sob o ponto de
vista internacional; liberdade sindical e direito à
negociação coletiva sob o ponto de vista nacio-
nal; erradicação do trabalho infantil; eliminação
do trabalho forçado; e a não discriminação no
emprego ou ocupação.
Destacam-se, também neste capítulo, as
Convenções da OIT Ratificadas no Brasil.
O estudo da hierarquia e as normas aplicadas
à Segurança do Trabalho para prevenção e controle
de risco é tema de estudo, também neste capítulo.

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2.2. Normas Nacionais e
Estrangeiras

Para podermos falar em Normas Nacionais


e Estrangeiras, devemos chamar a atenção para uma
das funções mais importantes da Organização Inter-
nacional do Trabalho (OIT), o qual estabelece e ado-
ta normas internacionais de trabalho sob a forma de:

→ Convenções
ou
→ Recomendações

Estes instrumentos são adotados pela Con-


ferência Internacional do Trabalho com a participa-
ção de representantes dos trabalhadores, emprega-
dores e dos governos.

As Convenções da OIT são consideradas:

→ Tratados Internacionais

Esses Tratados Internacionais, uma vez rati-


ficados pelos Estados Membros, passam a integrar a
legislação nacional.
A aplicação das normas pelos países é
examinada por uma Comissão de Peritos na Aplicação
de Convenções e Recomendações da OIT, que recebe e

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avalia queixas, dando-lhes seguimento e produzindo rela-
tórios de memórias para discussão, publicação e difusão.
Em 1998, foi adotada a Declaração da OIT
sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Tra-
balho e seu Seguimento, que é uma reafirmação uni-
versal do compromisso dos Estados Membros e da
comunidade internacional em geral de respeitar, pro-
mover e aplicar um patamar mínimo de princípios e
direitos no trabalho, que são reconhecidamente fun-
damentais para os trabalhadores.
Esses princípios e direitos fundamentais
estão recolhidos em oito Convenções que cobrem
quatro áreas básicas:

→ Liberdade sindical e direito à negociação


coletiva
→ Erradicação do trabalho infantil,
→ Eliminação do trabalho forçado e
→ A não discriminação no emprego ou
ocupação.

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2.2.1. Liberdade Sindical e Direito à
Negociação Coletiva

2.2.1.1. A Liberdade Sindical e Direito à


Negociação Coletiva Sob o Ponto de
Vista Internacional

A Organização Internacional do Traba-


lho (OIT) defende com unhas e dentes a liber-
dade sindical e negociação coletiva como direitos
humanos, conforme a fonte DIAP, publicado em
26/06/2008.17
Em 26 de junho de 2008, a Organização Inter-
nacional do Trabalho (OIT) divulgou o Relatório Global:

“A liberdade de associação e a liberdade sin-


dical na prática: lições aprendidas”.

Esse documento, no entendimento da pró-


pria OIT, proporciona uma visão panorâmica da
aplicação e do cumprimento efetivo dos princípios
e direitos universais relativos:

→ à liberdade de associação,
→ à liberdade sindical e
→ à negociação coletiva.

17 - http://www.oitbrasil.org.br/convention

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A ratificação das convenções internacionais do
trabalho de número 87 e 98, relativas à liberdade sindi-
cal e à negociação coletiva, expressa o compromisso de
implementar os princípios e direitos nelas plasmados.
O Relatório Global registra avanços na
ampliação da ratificação dessas convenções pelos
Estados-Membros da OIT, e indicam também que
ainda é necessário um maior esforço para atingir a
ratificação universal de ambas as convenções, com-
promisso assumido pelos constituintes tripartites da
OIT há dez anos, ao aprovar a Declaração sobre os
Direitos e Princípios Fundamentais do Trabalho.
Importante considerar que até 2007, de um
total de 182 Estados-Membros, 148 haviam ratifica-
do a Convenção n.º 87 e 158 ratificado a Convenção
n.º 98. O Relatório aponta que é preocupante o
fato de a Convenção n.º 87 ter se tornado a menos
ratificada das oito Convenções fundamentais.

2.2.1.2. A Liberdade Sindical e Direito à


Negociação Coletiva Sob o Ponto de
Vista Nacional.

O Brasil ratificou a Convenção n.º 98 em


novembro de 1952. Porém, o mesmo não aconteceu
até hoje com a Convenção n.º 87, sobre liberdade
sindical e direito de sindicalização, considerada um
dos mais importantes tratados multilaterais da OIT.

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Todos os trabalhadores e empregadores têm
o direito de constituir as organizações que julgarem
convenientes e de afiliarem-se a elas, com o objetivo
de promover e defender seus respectivos interesses e
de celebrar negociações coletivas com a outra parte,
livremente e sem ingerência de umas sobre as outras,
nem intromissão do Estado.
Os direitos de sindicalização e de negocia-
ção coletiva permitem promover a democracia, uma
boa governança do mercado de trabalho e condições
de trabalho decentes.
O presente Relatório parte, como os outros
dois Relatórios Globais que foram publicados sobre
este tema em 2000 e 2004, respectivamente, da pre-
missa que para se conseguir o objetivo da OIT, um
trabalho decente para todas as mulheres e homens
deve abranger:

→ liberdade,
→ igualdade,
→ segurança
→ dignidade humana

E, que tenham a oportunidade de expressar-


-se sobre o que estes conceitos significam.
A liberdade sindical e de associação, o di-
reito de sindicalização e de negociação coletiva são
direitos humanos fundamentais, cujo exercício tem

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grande transcendência nas condições de trabalho e
de vida, assim como o desenvolvimento e o progres-
so dos sistemas econômicos e sociais.

2.2.2. Erradicação do Trabalho Infantil

2.2.2.1. A Erradicação do Trabalho Infantil


Sob o Ponto de Vista Internacional

A Conferência Geral da Organização Inter-


nacional do Trabalho (OIT), convocada em Genebra
pelo Conselho de Administração da Secretaria Inter-
nacional do Trabalho e reunida em 1ª de junho de
1999, em sua 87ª Reunião, trata da Convenção sobre
proibição das piores formas de trabalho infantil e ação
imediata para eliminação, aprovada em 17/06/1999,
em versões inglês e francês, igualmente oficiais, foi
publicado em 19 de novembro a Convenção n.º 182
da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no
Brasil pelo Decreto 3597 de 12/09/2000.

As motivações se verificam nas suas consi-


derações preliminares que justificam a necessidade
precípua de efetividade para a proibição das piores
formas de trabalho infantil, senão vejamos:

Tendo em vista a necessidade de adotar no-


vos instrumentos para proibição e eliminação das

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piores formas de trabalho infantil, como a prin-
cipal prioridade de ação nacional e internacional,
que inclui cooperação e assistência internacionais,
para complementar a Convenção e a Recomen-
dação sobre Idade Mínima para Admissão a Em-
prego, 1973, que continuam sendo instrumentos
fundamentais sobre trabalho infantil.
Considerando que a efetiva eliminação das
piores formas de trabalho infantil requer ação ime-
diata e global, que leve em conta a importância da
educação fundamental e gratuita e a necessidade de
retirar a criança de todos esses trabalhos, promo-
ver sua reabilitação e integração social e, ao mesmo
tempo, atender as necessidades de suas famílias;
Tendo em vista a resolução sobre a eli-
minação do trabalho infantil adotada pela Con-
ferência Internacional do Trabalho, em sua 83a
Reunião, em 1996.
Reconhecendo que o trabalho infantil é de-
vido, em grande parte, à pobreza e que a solução
a longo prazo reside no crescimento econômico
sustentado, que conduz ao progresso social, sobre-
tudo ao alívio da pobreza e à educação universal;
Tendo em vista a Convenção sobre os Di-
reitos da Criança, adotada pela Assembléia das
Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989.
Tendo em vista a Declaração da OIT sobre
Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e

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seu Seguimento, adotada pela Conferência Interna-
cional do Trabalho em sua 86 a Reunião, em 1998;
Tendo em vista que algumas das piores for-
mas de trabalho infantil são objeto de outros instru-
mentos internacionais, particularmente a Conven-
ção sobre Trabalho Forçado, 1930, e a Convenção
Suplementar das Nações Unidas sobre Abolição da
Escravidão, do Tráfico de Escravos e de Instituições
e Práticas Similares à Escravidão, 1956;
Tendo-se decidido pela adoção de diver-
sas proposições relativas a trabalho infantil, ma-
téria que constitui a quarta questão da ordem do
dia da Reunião, e após determinar que essas pro-
posições se revestissem da forma de convenção
internacional, adota, neste décimo sétimo dia
de junho do ano de mil novecentos e noventa e
nove, a seguinte Convenção que poderá ser cita-
da como Convenção sobre as Piores Formas de
Trabalho Infantil, 1999.

Dos artigos da Convenção, destaque deve


ser dado ao seguinte:

Artigo 3º:
Para os fins desta Convenção, as piores for-
mas de trabalho infantil compreendem:
(a) todas as formas de escravidão ou práticas

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análogas à escravidão, como venda e tráfico de crian-
ças, sujeição por dívida, servidão, trabalho forçado
ou compulsório, inclusive recrutamento forçado ou
compulsório de crianças para serem utilizadas em
conflitos armados;
(b) utilização, demanda e oferta de criança
para fins de prostituição, produção de material por-
nográfico ou espetáculos pornográficos;
(c) utilização, demanda e oferta de criança
para atividades ilícitas, particularmente para a produ-
ção e tráfico de drogas conforme definidos nos trata-
dos internacionais pertinentes;
(d) trabalhos que, por sua natureza ou pelas cir-
cunstâncias em que são executados, são susceptíveis de
prejudicar a saúde, a segurança e a moral da criança.18

2.2.2.2. A Erradicação do Trabalho Infantil


Sob o Ponto de Vista Nacional

É importante ressaltar que diversos fatores


contribuíram para que o Brasil experimentasse a
violação da criança e do adolescente, explorando o
trabalho infantil. Dentre eles, temos os fatores his-
tóricos, políticos e sociais, independentemente de

18 - http://canalconselhotutelar.wordpress.com/category/artigos-e-ponto-
de-vista/trabalho-infantil-artigos-e-ponto-de-vista/07/082013às00h13

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recursos naturais escassos, permitindo que alguns
segmentos aceitassem com naturalidade. A elite po-
lítica e econômica, composta de empresários sem
compromisso social e políticos ultraconservadores,
acabaram fomentando as injustiças sociais na maio-
ria do povo brasileiro, inclusive no tocante à criança
e ao adolescente.
Contudo, o Brasil tem sido apontado como
um dos países que mais avançou no combate ao
trabalho infantil, pelo seu conjunto que vem desde
1891, com a criação do Decreto 1.313, que definia
a jornada de trabalho mínima para os menores do
sexo masculino e feminino, passando pela Conso-
lidação das Leis Trabalhistas (CLT) respaldado pela
atual Constituição Federal e finalmente disciplinado
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
Lei 8.069/90, que traz inovações fundamentais.
Entre as mais diversas ações criadas pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) está a
criação dos Conselhos Municipais, Estaduais e Fede-
rais, que fazem a defesa dos direitos da Criança e do
Adolescente, determinando que:

ECA-Art. 86: a política de atendimento dos


direitos da criança e do adolescente far-se-á através
de um conjunto articulado de ações governamen-
tais e não-governamentais da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.

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O embasamento para a promoção e a prote-
ção dos direitos da criança e do adolescente, em al-
guns documentos internacionais apoiados pelas Or-
ganizações das Nações Unidas (ONU), é inspirado
no ECA, numa demonstração da importância deste
documento para o combate ao trabalho infantil.
Na sua demonstração de erradicar o traba-
lho infantil, as autoridades brasileiras têm participa-
do de forma exemplar, em eventos internacionais
sobre assunto.
O trabalho infantil ainda é um dado nacional
negativo para o Brasil. Contudo, o nosso país, nos en-
contros internacionais, tem sido referenciado pelos seus
projetos e ações na erradicação deste tipo de trabalho.
Importante ressaltar que programas sociais,
como o programa “Bolsa família”, o Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) dentre ou-
tros, constituem-se de meios utilizados pelo Estado
para o combate e erradicação do trabalho infantil.
O Estado tem se assistido das Organizações
Internacionais e Organizações não governamentais
em defesa do Direito da Criança e do Adolescente.

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2.2.3. Eliminação do Trabalho Forçado

2.2.3.1. A Eliminação do Trabalho Forçado


sob o ponto de vista internacional

No que se refere ao conceito de trabalho


escravo, é importante distinguir o conceito atual do
conceito do período colonial brasileiro, o qual tinha
a escravidão como ideia de propriedade, ideia de do-
mínio, no qual um homem dominava o outro.
Assim sendo, verifica-se nos instrumentos
internacionais a não utilização do termo “trabalho
escravo”, mas sim “trabalho forçado, formas con-
temporâneas ou análogas à escravidão.”19
Para ser escravo não era necessário ser de
outra raça: “a condição de escravo derivava do fato
de nascer de mãe escrava, de ser prisioneiro de guer-
ra, de condenação penal, de descumprimento de
obrigações tributárias, de deserção do exército, entre
outras razões.”20
O trabalho escravo contemporâneo pode
ser conceituado como:

19 - CASTILHO, Ela Wiecko V. de. Em busca de uma definição jurídico-


penal de trabalho escravo. In: Comissão Pastoral da Terra. Trabalho escravo
no Brasil contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1999. Pag. 83
20 - BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 2. ed. São
Paulo: LTr, 2006.pag. 50

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O estado ou a condição de um indivíduo que
é constrangido à prestação de trabalho, em condições
destinadas à frustração de direito assegurado pela
legislação do trabalho, permanecendo vinculado, de
forma compulsória, ao contrato de trabalho mediante
fraude, violência ou grave ameaça, inclusive mediante
a retenção de documentos pessoais ou contratuais ou
em virtude de dívida contraída junto ao empregador
ou pessoa com ele relacionada. 21

A Organização do Trabalho (OIT) condena o


cerceamento da liberdade do trabalhador, notadamente:
com a apreensão de documentos pessoais; com a presença
de guardas fortemente armados; com dívidas ilegalmente
impostas e em decorrência das condições geográficas do
local de trabalho, que inviabilizam a fuga; tudo isso atrela-
do a péssimas condições de higiene e saúde, nos termos
da Professora Sônia Mascaro do Nascimento.

2.2.3.2. A Eliminação do Trabalho


Forçado Sob o Ponto de Vista Nacional

No ordenamento jurídico pátrio, o crime de


redução à condição análoga à de escravo, tipificado

21 - SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho escravo: a abolição necessária:


uma análise da efetividade e da eficácia das políticas de combate à
escravidão contemporânea no Brasil. São Paulo:LTr, 2008.pag. 117-118

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no artigo 149 do Código Penal, foi alterado substan-
cialmente com o advento da Lei n.º 10.803, de 11 de
dezembro de 2003, ampliando as formas e os meios
pelos quais o crime pode ser executado, trazendo
uma ideia do que se deve entender por condição
análoga à de escravo.
A citada Lei vem a reforçar a proteção pe-
nal ao prever que “quando a vítima for submetida
a ‘trabalhos forçados’ ou à ‘jornada exaustiva’, quer
sujeitando-o a condições degradantes de trabalho,
quer restringindo, por qualquer meio, sua locomo-
ção em razão de dívida contraída com o empregador
ou preposto” 22
O trabalho escravo contemporâneo é
uma realidade cruel que ainda assola o país, mos-
trando pessoas privadas de sua liberdade de di-
versos modos.
Aquele que escraviza não priva o trabalha-
dor apenas da liberdade, mas também não respeita
direitos mínimos que garantam a dignidade humana.
As condições, na maioria das vezes, são
piores do que as narradas nos livros que retratam a
era colonial no Brasil.

22 - BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte


especial, v. 2 – 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.pag 389

79
2.2.4. A Não Discriminação no
Emprego ou Ocupação

A aprovação na 42ª reunião da Conferência


Internacional do Trabalho, ocorrida em Genebra,
em 1958, deu ensejo a entrar em vigor no plano in-
ternacional em 15 de junho de 1960 a Convenção
111, que trata Discriminação em Matéria de Empre-
go e Ocupação.
E neste sentido, destaca-se o que diz Arnal-
do Süssekind:

A Conferência Geral da Organização In-


ternacional do Trabalho,
Convocada em Genebra pelo Conselho
de Administração da Repartição Internacional
do Trabalho e reunida a 4 de junho de 1958, em
sua quadragésima segunda sessão;
Após ter decidido adotar diversas disposi-
ções relativas à discriminação em matéria de em-
prego e profissão, assunto que constitui o quarto
ponto da ordem do dia da sessão;
Após ter decidido que essas disposições to-
mariam a forma de uma convenção internacional;
Considerando que a Declaração de Fila-
délfia afirma que todos os seres humanos, seja
qual for a raça, credo ou sexo, têm direito ao
progresso material e desenvolvimento espiritual

80
em liberdade e dignidade, em segurança econô-
mica e com oportunidades iguais;
Considerando, por outro lado, que a
discriminação constitui uma violação dos
direitos enunciados na Declaração Univer-
sal dos Direitos do Homem, adota neste vi-
gésimo quinto dia de junho de mil novecen-
tos e cinquenta e oito a convenção abaixo
transcrita que será denominada ‘Convenção
sobre a Discriminação (Emprego e Profis-
são), 1958’;
Art. 1 — 1. Para os fins da presente con-
venção o termo “discriminação” compreende:
a) toda distinção, exclusão ou preferência
fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião polí-
tica, ascendência nacional ou origem social, que
tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade
de oportunidade ou de tratamento em matéria
de emprego ou profissão;
b) qualquer outra distinção, exclusão
ou preferência que tenha por efeito destruir
ou alterar a igualdade de oportunidades ou
tratamento em matéria de emprego ou pro-
fissão que poderá ser especificada pelo Mem-
bro interessado depois de consultadas as or-
ganizações representativas de empregadores
e trabalhadores, quando estas existam, e ou-
tros organismos adequados.

81
2. As distinções, exclusões ou prefe-
rências fundadas em qualificações exigidas
para um determinado emprego não são con-
sideradas como discriminação.
3. Para os fins da presente convenção
as palavras ‘emprego’ e ‘profissão’ incluem o
acesso à formação profissional, ao emprego e
às diferentes profissões, bem como às condi-
ções de emprego.
Art. 2 — Qualquer Membro para o
qual a presente convenção se encontre em
vigor compromete-se a formular e aplicar
uma política nacional que tenha por fim pro-
mover, por métodos adequados às circuns-
tâncias e aos usos nacionais, a igualdade de
oportunidades e de tratamento em matéria de
emprego e profissão, com o objetivo de eli-
minar toda discriminação nessa matéria.
Art. 3 — Qualquer Membro para o
qual a presente convenção se encontre em vi-
gor deve por métodos adequados às circuns-
tâncias e aos usos nacionais:
a) esforçar-se por obter a colaboração das
organizações de empregadores e trabalhadores e
de outros organismos apropriados, com o fim de
favorecer a aceitação e aplicação desta política;
b) promulgar leis e encorajar os progra-
mas de educação próprios a assegurar esta acei-

82
tação e esta aplicação;
c) revogar todas as disposições legislati-
vas e modificar todas as disposições ou práticas
administrativas que sejam incompatíveis com a
referida política;
d) seguir a referida política no que diz res-
peito a empregos dependentes do controle dire-
to de uma autoridade nacional;
e) assegurar a aplicação da referida
política nas atividades dos serviços de orien-
tação profissional, formação profissional e
colocação dependentes do controle de uma
autoridade nacional;
f) indicar, nos seus relatórios anuais
sobre a aplicação da convenção, as medidas
tomadas em conformidade com esta política
e os resultados obtidos.
Art. 4 — Não são consideradas como
discriminação quaisquer medidas tomadas
em relação a uma pessoa que, individualmen-
te, seja objeto de uma suspeita legítima de se
entregar a uma atividade prejudicial à segu-
rança do Estado ou cuja atividade se encon-
tre realmente comprovada, desde que a refe-
rida pessoa tenha o direito de recorrer a uma
instância competente, estabelecida de acordo
com a prática nacional.
Art. 5 — 1. As medidas especiais de

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proteção ou de assistência previstas em outras
convenções ou recomendações adotadas pela
Conferência Internacional do Trabalho não são
consideradas como discriminação.
2. Qualquer Membro pode, depois de
consultadas as organizações representativas
de empregadores e trabalhadores, quando
estas existam, definir como não discrimina-
tórias quaisquer outras medidas especiais que
tenham por fim salvaguardar as necessidades
particulares de pessoas em relação às quais
a atribuição de uma proteção ou assistência
especial seja, de uma maneira geral, reconhe-
cida como necessária, por motivos tais como
o sexo, a invalidez, os encargos de família ou
o nível social ou cultural.
Art. 6 — Qualquer membro que ratificar
a presente convenção compromete-se a aplicá-
-la aos territórios não metropolitanos, de acordo
com as disposições da Constituição da Organi-
zação Internacional do Trabalho.
Art. 7 — As ratificações formais da pre-
sente convenção serão comunicadas ao Diretor-
-Geral da Repartição Internacional do Trabalho
e por ele registradas.
Art. 8 — 1. A presente convenção não
obrigará senão aos Membros da Organização
Internacional do Trabalho cuja ratificação tenha

84
sido registrada pelo Diretor-Geral.
2. Ele entrará em vigor doze meses de-
pois que as ratificações de dois Membros tive-
rem sido registradas pelo Diretor-Geral.
3. Em seguida, esta convenção entra-
rá em vigor para cada Membro doze meses
depois da data em que sua ratificação tiver
sido registrada.
Art. 9 — 1. Todo Membro que tiver rati-
ficado a presente convenção poderá denunciá-la
no fim de um período de dez anos depois da
data da entrada em vigor inicial da convenção,
por ato comunicado ao Diretor-Geral da Repar-
tição Internacional do Trabalho e por ele regis-
trado. A denúncia não terá efeito senão um ano
depois de ter sido registrada.
2. Todo Membro que, tendo ratificado
a presente convenção, dentro do prazo de um
ano depois da expiração do período de dez
anos mencionado no parágrafo precedente,
não fizer uso da faculdade de denúncia pre-
vista no presente artigo, será obrigado por
novo período de dez anos e, depois disso, po-
derá denunciar a presente convenção no fim
de cada período de dez anos, nas condições
previstas no presente artigo.
Art. 10 — 1. O Diretor-Geral da Re-
partição Internacional do Trabalho notificará

85
a todos os Membros da Organização Inter-
nacional do Trabalho o registro de todas as
ratificações que lhe forem comunicadas pelos
Membros da Organização.
2. Notificando aos Membros da Orga-
nização o registro da segunda ratificação que
lhe for comunicada, o Diretor-Geral chamará
a atenção dos Membros da Organização para
a data em que a presente Convenção entrar
em vigor.
Art. 11 — O Diretor-Geral da Reparti-
ção Internacional do Trabalho enviará ao Se-
cretário-Geral das Nações Unidas, para fim de
registro, conforme o art. 102 da Carta das Na-
ções Unidas, informações completas a respeito
de todas as ratificações, declarações e atos de
denúncia que houver registrado conforme os
artigos precedentes.
Art. 12 — Cada vez que julgar necessário, o
Conselho de Administração da Repartição Inter-
nacional do Trabalho apresentará à Conferência
Geral um relatório sobre a aplicação da presente
Convenção e examinará se é necessário inscrever
na ordem do dia da Conferência a questão de sua
revisão total ou parcial.
Art. 13 — 1. No caso de a Conferência adotar
nova convenção de revisão total ou parcial da pre-
sente convenção, e a menos que a nova convenção

86
disponha diferentemente:
a) a ratificação, por um Membro, da nova
convenção de revisão acarretará, de pleno direito,
não obstante o art. 17 acima, denúncia imediata da
presente convenção quando a nova convenção de re-
visão tiver entrado em vigor;
b) a partir da data da entrada em vigor da nova
convenção de revisão, a presente convenção cessará
de estar aberta à ratificação dos Membros.
2. A presente convenção ficará, em qualquer
caso, em vigor, na forma e no conteúdo, para os
Membros que a tiverem ratificado e que não tiverem
ratificado a convenção de revisão.
Art. 14 — As versões em francês e em inglês
do texto da presente convenção fazem igualmente fé. 23

2.2.5. Convenções da OIT Ratificadas


no Brasil

A Organização Internacional do Trabalho


(OIT) apresenta as Convenções ratificadas pelo Bra-
sil, conforme se verifica a seguir:

23 - Convenções da OIT, 2ª edição, 1998. Pag.338

87
88
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Convenção relativa ao Em-
Denunciada, como resultado
prego das Mulheres antes e
3 1919 26/04/1934 da ratificação da Convenção
depois do parto (Proteção à
n.º 103 em 26.07.1961.
Maternidade)
Convenção relativa ao Traba-
4 1919 26/04/1934 Denunciada em 12.05.1937
lho Noturno das Mulheres
Denunciada, como resultado
Idade Mínima de Admissão
5 1919 26/04/1934 da ratificação da Convenção
nos Trabalhos Industriais
n.º 138 em 28.06.2001.
Trabalho Noturno dos Meno-
6 1919 26/04/1934
res na Indústria
Convenção sobre a Idade Mí-
Denunciada, como resultado
nima para Admissão de Me-
7 1920 08/06/1936 da ratificação da Convenção
nores no Trabalho Marítimo
n.º 58 em 09.01.1974
(Revista em 1936)
Direito de Sindicalização na
11 1921 25/04/1957
Agricultura
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Indenização por Acidente do
12 1921 25/04/1957
Trabalho na Agricultura
14 Repouso Semanal na Indústria 1921 25/04/1957
Exame Médico de Menores no
16 1921 08/06/1936
Trabalho Marítimo
Igualdade de Tratamento (In-
19 denização por Acidente de 1925 25/04/1957
Trabalho)
Inspeção dos Emigrantes a
21 1926 18/06/1965
Bordo dos Navios
Contrato de Engajamento de
22 1926 18/06/1965
Marinheiros
Métodos de Fixação de Salá-
26 1928 25/04/1957
rios Mínimos
Trabalho Forçado ou Obriga-
29 1930 25/04/1957
tório

89
90
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Convenção Relativa ao Traba- Denunciada, como resultado
41 lho Nocturno das Mulheres 1934 08/06/1936 da ratificação da Convenção
(Revista, 1934) n.º 89 em 24.04.1957.
Indenização por Enfermidade
42 1934 08/06/1936
Profissional (revista)
Emprego de Mulheres nos
45 Trabalhos Subterrâneos das 1935 22/09/1938
Minas
Denunciada, como resultado
52 Férias Remuneradas 1936 22/09/1938 da ratificação da Convenção
n.º 132 em 23.09.1998.
Certificados de Capacidade
53 dos Oficiais da Marinha Mer- 1936 12/10/1938
cante
Denunciada, como resultado
Idade Mínima no Trabalho
58 1936 12/10/1938 da ratificação da Convenção
Marítimo (Revista)
n.º 138 em 26.06.2001.
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
80 Revisão dos Artigos Finais 1946 13/04/1948
Inspeção do Trabalho na In-
81 1947 11/10/1989
dústria e no Comércio
Organização do Serviço de
88 1948 25/04/1957
Emprego
Trabalho Noturno das Mulhe-
89 1948 25/04/1957
res na Indústria (Revista)
Denunciada, como resultado
Férias Remuneradas dos Marí-
91 1949 18/06/1965 da ratificação da Convenção
timos (Revista)
n.º 146 em 24.09.1998.
Alojamento de Tripulação a
92 1949 08/06/1954
Bordo (Revista)
Convenção sobre Salários, Du-
A Convenção não entrou em
93 ração de Trabalho a Bordo e 1949 18/06/1965
vigor.
Tripulação (Revista em 1949)

91
92
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Cláusulas de Trabalho em Con-
94 1949 18/06/1965
tratos com Órgãos Públicos
95 Proteção do Salário 1949 25/04/1957
Concernente aos escritórios
96 1949 21/06/1957
remunerados de empregos
Trabalhadores Migrantes (Re-
97 1949 18/06/1965
vista)
Direito de Sindicalização e de
98 1949 18/11/1952
Negociação Coletiva
Métodos de Fixação de Salário
99 1951 25/04/1957
Mínimo na Agricultura
Igualdade de Remuneração de
Homens e Mulheres Trabalha-
100 1951 25/04/1957
dores por Trabalho de Igual
Valor
Denunciada, como resultado
Férias Remuneradas na Agri-
101 1952 25/04/1957 da ratificação da Convenção
cultura
n.º 132 em 23.09.1998.
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Normas Mínimas da Segurida-
102 1952 15/06/2009
de Social
Amparo à Maternidade (Revis-
103 1952 18/06/1965
ta)
Abolição das Sanções Penais
104 1955 18/06/1965
no Trabalho Indígena
105 Abolição do Trabalho Forçado 1957 18/06/1965
Repouso Semanal no Comér-
106 1957 18/06/1965
cio e nos Escritórios
Denunciada, como resultado
107 Populações Indígenas e Tribais 1957 18/06/1965 da ratificação da Convenção
n.º 169 em 25-07-2002.
Denunciada, como resultado
Documentos de Identidade
108 1958 05/11/1963 da ratificação da Convenção
dos Marítimos
n.º 185, em 21.01.2010

93
94
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Convenção sobre os Salários,
a Duração do Trabalho a Bor- A Convenção não entrou em
109 1958 30/11/1966
do e as Lotações (revista em vigor.
1958)
Convenção sobre as Condi-
110 ções de Emprego dos Traba- 1958 01/03/1965 Denunciada em 28.08.1970
lhadores em Fazendas
Discriminação em Matéria de
111 1958 26/11/1965
Emprego e Ocupação
Exame Médico dos Pescado-
113 1959 01/03/1965
res
115 Proteção Contra as Radiações 1960 05/09/1966
116 Revisão dos Artigos Finais 1961 05/09/1966
Objetivos e Normas Básicas da
117 1962 24/03/1969
Política Social
Igualdade de Tratamento en-
118 tre Nacionais e Estrangeiros 1962 24/03/1969
em Previdência Social
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
119 Proteção das Máquinas 1963 16/04/1992
Higiene no Comércio e nos Es-
120 1964 24/03/1969
critórios
122 Política de Emprego 1964 24/03/1969
Exame Médico dos Adolescen-
tes para o Trabalho Subterrâ- 1965 21/08/1970
124
neo nas Minas
Certificados de Capacidade
125 1966 21/08/1970
dos Pescadores
Alojamento a Bordo dos Na-
126 1966 12/04/1994
vios de Pesca
127 Peso Máximo das Cargas 1967 21/08/1970
Fixação de Salários Mínimos,
131 Especialmente nos Países em 1970 04/05/1983
Desenvolvimento
132 Férias Remuneradas (Revista) 1970 23/09/1998

95
96
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Alojamento a Bordo de Navios
133 (Disposições Complementa- 1970 16/04/1992
res)
Prevenção de Acidentes do
134 1970 25/07/1996
Trabalho dos Marítimos
Proteção de Representantes
135 1971 18/05/1990
de Trabalhadores
Proteção Contra os Riscos da
136 1971 24/03/1993
Intoxicação pelo Benzeno
137 Trabalho Portuário 1973 12/08/1994
138 Idade Mínima para Admissão 1973 28/06/2001
Prevenção e Controle de Ris-
cos Profissionais Causados por
139 1974 27/06/1990
Substâncias ou Agentes Can-
cerígenos
Licença Remunerada para Es-
140 1974 16/04/1992
tudos
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Organizações de Trabalhado-
141 1975 27/09/1994
res Rurais
Desenvolvimento de Recursos
142 1975 24/11/1981
Humanos
Consultas Tripartites sobre
144 Normas Internacionais do Tra- 1976 27/09/1994
balho
Continuidade no Emprego do
145 1976 18/05/1990
Marítimo
Convenção Relativa às Férias
146 1976 24/09/1998
Anuais Pagas dos Marítimos
Normas Mínimas da Marinha
147 1976 17/01/1991
Mercante
Contaminação do Ar, Ruído e
148 1977 14/01/1982
Vibrações
Direito de Sindicalização e Re-
151 lações de Trabalho na Admi- 1978 15/06/2010
nistração Pública

97
98
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Segurança e Higiene dos Tra-
152 1979 18/05/1990
balhos Portuários
Fomento à Negociação Cole-
154 1981 10/07/1992
tiva
Segurança e Saúde dos Traba-
155 1981 18/05/1992
lhadores
Término da Relação de Traba-
158 lho por Iniciativa do Emprega- 1982 05/01/1995 Denunciada em 20.11.1996
dor
Reabilitação Profissional e Em-
159 1983 18/05/1990
prego de Pessoas Deficientes
Estatísticas do Trabalho (Revis-
160 1985 02/07/1990
ta)
161 Serviços de Saúde do Trabalho 1985 18/05/1990
Utilização do Amianto com Se-
162 1986 18/05/1990
gurança
Bem-Estar dos Trabalhadores
163 1987 04/03/1997
Marítimos no Mar e no Porto
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Proteção à Saúde e Assistên-
164 cia Médica aos Trabalhadores 1987 04/03/1997
Marítimos
Repatriação de Trabalhadores
166 1987 04/03/1997
Marítimos
Convenção sobre a Segurança
167 1988 19/05/2006
e Saúde na Construção
Promoção do Emprego e Pro-
168 1988 24/03/1993
teção Contra o Desemprego
sobre Povos Indígenas e Tri-
169 1989 25/07/2002
bais
Segurança no Trabalho com
170 1990 23/12/1996
Produtos Químicos
171 Trabalho Noturno 1990 18/12/2002
Convenção sobre a Prevenção
174 de Acidentes Industriais Maio- 1993 02/08/2001
res

99
100
Adoção Ratificação
Convenção Título Observação
OIT Brasil
Convenção sobre segurança e
176 1995 18/05/2006
saúde nas minas
Convenção Relativa à Inspe-
ção das Condições de Vida e
178 1996 21/12/2007
de Trabalho dos Trabalhado-
res Marítimos
Convenção sobre Proibição
das Piores Formas de Trabalho
182 1999 02/02/2000
Infantil e Ação Imediata para
sua Eliminação
Convenção sobre os Docu-
185 mentos de Identidade da gen- 2003 21/01/2010
te do mar (Revista)
Fonte: http://www.oitbrasil.org.br06agosto2013às23h34
2.3. Hierarquia e a Legislação
Aplicada

2.3.1. Conceito e Hierarquia na


Normatização

A Constituição Federal brasileira dispõe:

Art. 165 - A constituição assegura aos tra-


balhadores os seguintes direitos, além de outros
que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua
condição social:

...

XVI - previdência social nos casos de


doença, velhice, invalidez e morte, seguro-
-desemprego, seguro contra acidentes do
trabalho e proteção da maternidade, me-
diante contribuição da União, do emprega-
dor e do empregado.

É claro que, ao destacar no texto constitu-


cional o seguro contra acidentes do trabalho, a ques-
tão é de suma importância para o Estado Brasileiro.
Neste sentido, cumpre destacar que a Cons-
tituição é:

101
a lei fundamental da organização política
duma nação soberana, que determina a sua forma
de governo, institui os poderes públicos, regula as
suas funções e estabelece os direitos e deveres es-
senciais do cidadão em relação ao Estado.

Assim sendo, sob ponto de vista da hierar-


quia das normas, não se pode ignorar que a Consti-
tuição Federal está acima de qualquer Lei neste País.
Portanto, todas as Leis (chamadas de Leis
Infraconstitucionais), colocam-se abaixo da Consti-
tuição Federal e devem, para terem validade e serem
eficazes, estar em harmonia com a Constituição, as-
sim como, com os princípios que regem o País.
Como sabemos, há leis, decretos e portarias
federais, estaduais e municipais que se ocupam, di-
reta ou indiretamente, de higiene, segurança e medi-
cina do trabalho. Para o bom entendimento dessas
disposições legais e administrativas, é indispensável
certa familiaridade com os preceitos correlatos da
Constituição (também chamada de Carta Magna, Lei
Fundamental), assim vejamos:
Primeiramente, é importante considerar que
o Brasil constituiu-se com República Federativa, em
que a União, os Estados e os Municípios têm seus
campos de ação delimitados.
O artigo 8º da Constituição Federal reúne

102
tudo o que compete à União, inclusive o seu poder
de legislar sobre direito do trabalho, de seguro e pre-
vidência social e de defesa e proteção da saúde.
Razão pela qual as normas legais, relativas às
determinações aos empresários no sentido de preve-
nir acidentes do trabalho, estão colocadas na Consoli-
dação das Leis do Trabalho, cuja elaboração compete
à União, haja vista a determinação constitucional em
razão da matéria, ou seja, pelo fato de ser relacionada
ao Trabalhador, portanto, ao Direito do Trabalho.
O seguro de acidentes do trabalho, por força
do disposto na Lei n.º 5.316, de 14 de setembro de
1967, passou a integrar o sistema geral da Previdência
Social. Legislar sobre essa matéria também é de
competência da União.
Para o presente, faz-se necessário destacar o
parágrafo único do artigo 8º da Constituição, que
diz: «a competência da União exclui a dos Estados
para legislar supletivamente»
Assim sendo, a Constituição exclui o Estado
de legislar supletivamente sobre direito do trabalho,
bem como, sobre higiene e segurança do trabalho.
Contudo, muitas normas de proteção da saúde
pública são da lavra dos Estados, e muitas normas mu-
nicipais que disciplinam as obras urbanas apresentam
pontos de contato com certos aspectos da segurança,
higiene e medicina do trabalho, prevalecendo, em caso
de normas contraditórias, a proveniente da União.

103
2.3.2. Normas Aplicadas à
Segurança do Trabalho para Prevenção
e Controle de Risco

A história nos dá a noção exata da importân-


cia das normas aplicadas à Segurança do Trabalho
para prevenção e controle de riscos, e isso remonta
ao início com a Revolução Industrial, a qual permi-
tiu a organização das primeiras fábricas modernas, a
extinção das fábricas artesanais e o fim da escravatu-
ra, significando uma revolução econômica, social e
moral. Contudo, foi com o surgimento das primeiras
indústrias que os acidentes de trabalho e as doenças
profissionais se alastraram.
Assim, os acidentes de trabalho e as doenças
eram, em grande parte, provocados por substâncias
e ambientes inadequados com condições subumanas.
Também naquela oportunidade era grande o
número de doentes e também de mutilados.
Com o surgimento de trabalhadores espe-
cializados e melhor treinados para manusear equi-
pamentos complexos, que necessitavam de cuidados
especiais para garantir maior proteção e melhor qua-
lidade, verificou-se alguma melhora.
Até a Primeira Guerra Mundial, apenas ten-
tativas isoladas para controlar os acidentes e doenças
ocupacionais haviam sido feitas. Dando oportunidade
para, após a sua constatação, as primeiras tentativas

104
científicas de proteção ao trabalhador, com esforços
voltados ao estudo das doenças, das condições am-
bientais, do layout de máquinas, equipamentos e ins-
talações, bem como das proteções necessárias para
evitar a ocorrência de acidentes e incapacidades.
Durante a Segunda Grande Guerra, o mo-
vimento prevencionista realmente toma forma, pois
foi quando se percebeu que a capacidade industrial
dos países em luta seria o ponto crucial para deter-
minar o vencedor, capacidade esta mais facilmente
adquirida com um maior número de trabalhadores
em produção ativa e não acidentados ou doentes.
Neste momento, a Higiene e Segurança do
Trabalho ganhou destaque, firmando-se numa fun-
ção importante para os processos produtivos.
Nos países desenvolvidos, este conceito já é
popularizado, os países em desenvolvimento lutam
para implantá-lo.
Nos países da América Latina, a exemplo da
Revolução Industrial, a preocupação com os aciden-
tes do trabalho e doenças ocupacionais também ocor-
reu mais tardiamente, sendo que, no Brasil, os primei-
ros passos surgem no início da década de trinta sem
grandes resultados, tendo sido, inclusive, apontado na
década de setenta como o campeão em acidentes do
trabalho, contudo, evoluímos neste quesito.
A evolução se deu em razão, notadamente,
da melhora das condições de vida.

105
É importante considerar que, sob o aspecto
humano, a preservação da integridade física e mental
é um direito de toda a pessoa humana, portanto, de
todo trabalhador.
A evolução sobre Segurança do Trabalho
teve os seus marcos, quais sejam:

→ 1911: Começa-se a implementar com


maior amplitude o tratamento médico industrial;
→ 1919: Fundação da Organização Interna-
cional do Trabalho - OIT, em Genebra, na Suíça. Nes-
ta época, o Comitê da OIT estabelecido em Genebra,
estudando as condições de trabalho e vida dos traba-
lhadores no mundo, tornou-se obrigatória a constitui-
ção de Comissões, compostas de representantes do
empregador e dos empregados, com o objetivo de ze-
lar pela prevenção dos acidentes do trabalho, quando
as empresas tivessem 25 ou mais empregados.
→ No Brasil, simultaneamente, surge a
primeira Lei sobre Acidentes do Trabalho, a de n.º
3.724, de 15 de janeiro de 1919.
→ 1921: A Organização Internacional do
Trabalho – OIT organizou um Comitê para o Estu-
do de Assuntos referentes à Segurança e a Higiene
no Trabalho.
→ 1934: Tempos depois, em 10 de julho de
1934, foi promulgada a segunda Lei de Acidentes do
Trabalho através do Decreto n.º 24.637

106
→ 1943: Criação da Consolidação das Leis
do Trabalho – CLT
→ 944: Oficialmente instituída a criação da
CIPA - Comissão Interna Para Prevenção de Aciden-
tes, no Brasil: Getúlio Vargas, 21 anos após a reco-
mendação feita pela OIT, promulgou em 10.1.1944,
o Decreto – Lei n.º 7.036 , fixando a obrigatoriedade
da criação de Comitês de Segurança em Empresas
que tivessem 100 ou mais empregados. O decreto
acima ficou conhecido como Nova Lei de Preven-
ção de Acidentes.
→ 1953: Em 27.01.1953, a Portaria 155 ofi-
cializava a sigla CIPA – Comissão Interna de Preven-
ção de Acidentes.
→ 1967: Em 26.02.1967, no Governo do
Presidente Costa e Silva, o Decreto-Lei n.º 229 mo-
dificou o texto do Capítulo V, título I, da CLT, o qual
dispunha de assuntos de Segurança e de Higiene no
Trabalho. Com esta modificação, o artigo 164 da
CLT que tratava de assuntos referentes à CIPA foi
alterado e ficou conforme o seguinte texto:
→ Art. 164 – As empresas que, a critério
da autoridade competente em matéria de Segurança
e Higiene no Trabalho, estiverem enquadradas em
condições estabelecidas nas normas expedidas pelo
Departamento Nacional de Segurança e Higiene do
Trabalho, deverão manter, obrigatoriamente, o Ser-
viço Especializado em Segurança e em Higiene do

107
Trabalho e constituir Comissões Internas de Preven-
ção de Acidentes – CIPAs.
→ § 1. 0 O Departamento Nacional
de Segurança e Higiene do Trabalho definirá
as características do pessoal especializado em
Segurança e Higiene do Trabalho, quanto às atri-
buições, à qualificação e à proporção relacionada
ao número de empregados das empresas com-
preendidas no presente artigo.
→ § 2. 0 As Comissões Internas de Prevenção de
Acidentes (CIPAS) serão compostas de representantes
de empregadores e empregados e funcionarão segundo
normas fixadas pelo Departamento Nacional de
Segurança e Higiene do Trabalho.
→ 1968: Portaria 3.456: - Em 29 de novem-
bro de 1968, a Portaria 3.456 reduziu o número de
100 para 50 empregados como o limite em que se tor-
na obrigatória a criação das CIPAs em cada Empresa.

2.3.2.1. Segurança no Trabalho

A Segurança do Trabalho pode ser entendi-


da como conjuntos de medidas que são adotadas,
visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças
ocupacionais, bem como proteger a integridade e a
capacidade de trabalho do trabalhador.
É estuda por diversas disciplinas, tais como:
Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do

108
Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Má-
quinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na
Engenharia de Segurança, Comunicação e Treina-
mento, Administração aplicada à Engenharia de
Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho,
Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Le-
gislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e
Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Er-
gonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e
Explosões e Gerência de Riscos.
Contudo, a Segurança do Trabalho deve ser
entendida com prevenção e, para isto, a Indústria
deve se preocupar com a preservação da integridade
física do trabalhador e também precisa ser conside-
rada como fator de produção.
Os acidentes, provocando ou não lesão, in-
fluenciam na produção porque proporcionam:

→ eventuais perdas materiais;


→ diminuição da eficiência do trabalhador
acidentado ao retornar ao trabalho e de seus
companheiros, devido ao impacto provoca-
do pelo acidente;
→ aumento da renovação de mão de obra;
→ elevação dos prêmios de seguro de acidente;
→ aos trabalhadores abalo em sua moral;
→ sacrifício a qualidade dos produtos.

109
O quadro de Segurança do Trabalho de uma
empresa deve compor-se de uma equipe multidisci-
plinar contando com:

→ Técnico de Segurança do Trabalho,


→ Engenheiro de Segurança do Trabalho,
→ Médico do Trabalho e Enfermeiro do
Trabalho.

Estes profissionais formam o que chama-


mos de SESMT - Serviço Especializado em Enge-
nharia de Segurança e Medicina do Trabalho.
Pelos empregados da empresa, se constitui a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA),
que tem como objetivo a prevenção de acidentes e do-
enças decorrentes do trabalho, de modo a tornar com-
patível permanentemente o trabalho com a preserva-
ção da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
A segurança do trabalho propõe-se a com-
bater os acidentes de trabalho, quer eliminando as
condições inseguras do ambiente, quer educando os
trabalhadores às medidas preventivas.
A Segurança do Trabalho é definida por
normas e leis específicas.
No Brasil, a Legislação de Segurança do
Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras,
Normas Regulamentadoras Rurais e outras leis com-
plementares, como portarias e decretos e também as

110
convenções Internacionais da Organização Interna-
cional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil.

2.3.2.2. Leis, Normas, Portarias e


Regulamentações

No Brasil, os princípios básicos da Seguran-


ça do Trabalho são ditados e orientados pelas Nor-
mas Regulamentadoras – NRs.
A partir das NRs poderemos nos guiar e
verificar as situações de risco de uma determinada
instalação.
Por sua vez, estas Normas Regulamentado-
ras – NRs apoiam-se e se relacionam com Normas
Técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos compe-
tentes, inclusive Normas Técnicas Internacionais.
A Segurança e Medicina do Trabalho atualmen-
te é regida por Leis, Normas e Portarias, quais sejam:

→ Constituição Federal de 1988;


→ Consolidação das Leis do Trabalho
– CLT, Capítulo V - Segurança e Medici-
na do Trabalho, (Decreto Lei n o 5.452 de
01.05.1943, atualizada pela Lei n.º 6.514, de
2 de janeiro de 1977)
→ Normas Regulamentadoras (NRs),
aprovadas pela Portaria n.º 3.214 , de 08
de junho de 1978;

111
→ Normas Regulamentadoras Rurais
(NRRs), aprovadas pela Portaria n.º 3.067,
de 12 de abril de 1988.
→ Decreto n.º 4.085, de 15 de janeiro de
2002, o qual promulgou a Convenção n.º
174 da OIT, bem como, a Recomendação
n.º 181 sobre a Prevenção de Acidentes In-
dustriais Maiores.

É muito importante também que sejam


seguidas as recomendações técnicas relativas à Se-
gurança da Instalação e à Segurança do Trabalhador
encontradas nos livros técnicos que regem o assunto,
nos manuais técnicos das instalações e de seus com-
ponentes, nos treinamentos específicos, dentre outros.

2.3.3.3 Organismos Normalizadores

Os Organismos Normalizadores podem ser as


Instituições governamentais ligadas à Segurança e Medi-
cina do Trabalho e demais entidades não governamen-
tais que se dedicam ao tema, dentre elas destacamos:

→ Ministério do Trabalho e Emprego –


MTE e seus Órgãos Regionais do MTb;
→ Previdência Social;
→ Secretaria de Segurança e Saúde no Tra-
balho - SSST órgão de âmbito nacional com-

112
petente para coordenar, orientar, controlar e
supervisionar as atividades relacionadas com
a segurança e medicina do trabalho;
→ Secretaria de Segurança e Medicina do
Trabalho – SSMT;
→ Delegacias Regionais do Trabalho - DRT,
nos limites de sua jurisdição, órgão regional
competente para executar as atividades rela-
cionadas à segurança e medicina do trabalho;
→ Órgãos Federais, Estaduais e Munici-
pais: Podem, ainda, ser delegadas a outros
Órgãos Federais, estaduais e municipais, me-
diante convênio autorizado pelo Ministro do
Trabalho, atribuições de fiscalização e/ou
orientação às empresas, quanto ao cumpri-
mento dos preceitos legais e regulamentares
sobre segurança e medicina do trabalho.
→ Departamento de Segurança e Saúde
no Trabalho;
→ Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Fi-
gueiredo de Medicina e Segurança do Trabalho
→ SOBES – Sociedade Brasileira de Enge-
nharia de Segurança
→ ABNT – Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas;
→ ANAMT – Associação Nacional de Me-
dicina do Trabalho;
→ ABMT – Associação Brasileira de Medi-

113
cina do Trabalho;
→ ABPA – Associação Brasileira para Pre-
venção de Acidentes;
→ ABHO - Associação Brasileira de Higie-
nistas Ocupacionais;
→ FENATEST - Federação Nacional dos
Técnicos de Segurança do Trabalho;
→ OMS/OPAS - Organização Mundial
da Saúde;
→ OIT – Organização Internacional do
Trabalho;
→ Abraphiset - Associação Brasileira dos
Profissionais de Higiene e Seg. do Trabalho;
→ Anent - Associação Nacional de Enfer-
magem do Trabalho;
→ Anest - Associação Nacional de Enge-
nharia de Segurança do Trabalho.

É importante considerar que a International


Organization for Standardization (ISO), com a Interna-
tional Electrotechnical Commission (IEC) formam os
dois principais fóruns de normalização internacional.24
As normas internacionais são reconhecidas
pela Organização Mundial do Comércio (OMC)

24 - http://rabci.org/rabci/sites/default/files/Trabalho_FINAL_
Normalizacao.pdf19agosto2013às02h45

114
como a base para o comércio internacional, e o seu
cumprimento significa contar com as melhores con-
dições para ultrapassar eventuais barreiras técnicas.
A ISO foi fundada em 1945 por uma comissão
de 25 países, incluindo o Brasil, eles queriam criar um
organismo mundial que tivesse o propósito de facilitar a
coordenação internacional e a harmonização de normas
industriais. Atualmente, é composta por 149 países, em
diversas regiões, incluindo desenvolvidos, subdesenvol-
vidos e em desenvolvimento. Tem aproximadamente
15000 padrões que promovem o alcance de benefícios
para quase todos os setores industriais, de negócios e tec-
nologia. A ISO elabora e difunde as normas internacio-
nais relativas a todos os domínios de atividades, deixando
a cargo da IEC as normas de teor eletroeletrônico.
No Brasil, tanto a IEC como a ISO são
representadas pela ABNT.
A ABNT é maior organização de regula-
mentação técnica do Brasil. Foi fundada em 1940,
“para fornecer a base necessária ao desenvolvimento
tecnológico brasileiro”.25
Dentre os vários objetivos, vale destacar o
principal que é a elaboração e o incentivo do uso de
normas técnicas, mantendo-as sempre atualizadas.
Para que uma nova norma seja aprovada, ela
precisa passar pelo comitê referente à área desejada

25 - ABNT, 1998, p.18.

115
que irá analisar e formular um consenso entre con-
sumidores e produtores para, logo em seguida, en-
trar em votação nacional.
Com relação aos comitês, os dados mais re-
centes, encontrados no site da Associação, são os que
a ABNT possui 53 Comitês (ABNT/CB) e 3 Orga-
nismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS).

2.3.3. A Consolidação das Leis do


Trabalho e a Segurança do Trabalho para
a Prevenção e Controle de Risco

O Procurador João Carlos Teixeira fez pu-


blicar artigo “A legislação de saúde do trabalhador
aplicável e vigente no Brasil” 26 do qual destacamos:

Hodiernamente, em nosso ordenamen-


to jurídico, a segurança, higiene e medicina do
trabalho, foi alçada a matéria de direito consti-
tucional, sendo direito social indisponível dos
trabalhadores, ou melhor, direito público subje-
tivo dos trabalhadores, exercerem suas funções
em ambiente de trabalho seguro e sadio, caben-
do ao empregador tomar as medidas necessá-

26 - TEIXEIRA. João Carlos A legislação de saúde do trabalhador


aplicável e vigente no Brasil http://www.pgt.mpt.gov.br/publicacoes/
pub48.html19agosto201302h24

116
rias no sentido de reduzir os riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança (inciso XXII do art. 7º).O direito à
saúde, ao trabalho, à segurança e à previdência
social está previsto no art. 6º da Constituição da
República. Os arts. 196 a 200 da Carta Consti-
tucional dispõem que a Saúde é direito de todos
e dever do Estado, garantir e promover a efe-
tividade desse direito, mediante políticas, ações
e serviços públicos de saúde, organizados em
um sistema único, que podem ser complemen-
tados por outros serviços de assistência à saúde
prestados por instituições privadas. Tais ações
e serviços são de relevância pública, cabendo
ao Poder Público dispor, nos termos da lei, so-
bre sua regulamentação, fiscalização e controle,
devendo sua execução ser feita diretamente ou
através de terceiros e, também, por pessoa físi-
ca ou jurídica de direito privado.

É sabido, e reitera o citado Procurador,


que nos termos dos incisos II e VIII do art. 200
da CF/88, compete ao Sistema Único de Saúde,
entre outras coisas, executar as ações de vigilância
sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde
do trabalhador; e colaborar na proteção do meio
ambiente, nele compreendido o do trabalho.

117
O art. 225 da Magna Carta assegura o di-
reito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
essencial à sadia qualidade de vida.
O meio ambiente de trabalho também en-
contra proteção jurídica nesse dispositivo constitu-
cional, especificamente no inciso V do §1º, que dis-
põe, in verbis:

§1º Para assegurar a efetividade desse direito,


incumbe ao Poder Público:
(...)
V - controlar a produção, a comercialização
e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
meio ambiente; (nota: regulamentado pela Lei n°
8.974, de 05.01.95)

A interpretação sistemática do disposto nos


arts. 6º, 7º, XXII, 196 a 200 e art. 225, §1º, V da Cons-
tituição da República, não deixa dúvidas de que a
saúde do trabalhador e o meio ambiente do trabalho
foram também alçados a direito social de natureza
constitucional, cujo cumprimento é imposto por lei
ao empregador, conforme se verifica das prescrições
dos arts. 154 a 201 da CLT (com redação dada pela
Lei 6.514/77) e nas Portarias 3.214/78 e 3.067/88,
que tratam das normas regulamentares relativas à se-

118
gurança e medicina do trabalho urbano e rural, res-
pectivamente, sendo certo que a efetividade do direito
requer a firme atuação do Poder Público, no sentido
de exigir e fiscalizar o cumprimento da lei.
Não se discute mais a normas regulamen-
tadoras de medicina e segurança no trabalho, esta-
belecidas em lei ou em Portarias do Ministério do
Trabalho e Emprego, haja vista serem plenamente
aplicáveis aos trabalhadores e às empresas, sujeitos
à relação de emprego regidas pela Consolidação
das Leis do Trabalho, instituída pelo Decreto-lei n.º
5.452, de 1° de maio de 1943.

119
Atividades

1 - No que diz respeito ao trabalho forçado, é cor-


reto afirmar que:

A) A expressão “trabalho análogo ao de escravo”


diz respeito a trabalho forçado e o seu emprego
se dá em razão do trabalho escravo ter sido for-
malmente abolido em 13 de maio de 1888 e o Es-
tado passou a considerar ilegal um ser humano
ser dono de outro.
B) As que permaneceram foram situações semelhan-
tes ao trabalho escravo, tanto do ponto de vista de
cercear a liberdade quanto de suprimir a dignidade
do trabalhador é trabalho forçado vedado no Brasil.
C) Trabalho escravo é uma das maiores negações
aos direitos humanos, repudiado em todo o mundo.
Portanto, quem usa trabalho escravo não está cum-
prindo a função social de sua propriedade.
D) As alternativas “a”, “b” e “c” estão corretas.
E) As alternativas somente a alternativa “c” está correta.

121
2 - O condenado por trabalho escravo terá como sanção:

A) O confisco de todas as terras que possui por con-


ta da lei
B) O confisco apenas das terras com plantação de
psicotrópicos.
C) A perda da Função Social da propriedade
D) O confisco de seus bens imateriais
E) O confisco das terras nas quais fora encontrado
o trabalho escravo.

3 - Todos os trabalhadores e empregadores têm o


direito de constituir as organizações que julgarem
convenientes e de afiliar-se a elas, com o objetivo de
promover e defender seus respectivos interesses e
de celebrar negociações coletivas com a outra parte,
livremente e sem ingerência de umas sobre as outras,
nem intromissão do Estado. Esta é a definição de:

A) Liberdade sindical
B) Liberdade de expressão
C) Instituto jurídico
D) Ordenamento jurídico
E) Trabalho forçado

4 - Entre as mais diversas ações criadas pelo Estatu-

122
to da Criança e do Adolescente (ECA) está a criação
dos Conselhos Municipais, Estaduais e Federais, que
fazem a defesa dos direitos da Criança e do Adoles-
cente, determinando que:

A) Política de atendimento dos direitos da criança


e do adolescente far-se-á de modo autônomo, sem
contar com as ações governamentais e não governa-
mentais da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios.
B) Política de atendimento dos direitos da criança e
do adolescente far-se-á através de um conjunto arti-
culado de ações governamentais e não governamen-
tais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
C) O embasamento para a promoção e a proteção
dos direitos da criança e do adolescente, em alguns
documentos internacionais apoiados pela Organiza-
ção das Nações Unidas (ONU), são inspirados no
ECA, numa demonstração da importância deste
documento para o combate ao trabalho infantil.
D) O embasamento para a promoção e a proteção
dos direitos da criança e do adolescente, em alguns
documentos internacionais, sem se apoiar na Orga-
nização das Nações Unidas (ONU) em nenhum do-
cumento brasileiro
E) As ações em razão da criança e do adolescente
não são de importância internacional.

123
5 - As Normas Regulamentadoras (NR) são comu-
mente publicadas pelo Ministério do Trabalho por
meio da Portaria 3.214/79 para estabelecer:

A) Os requisitos técnicos e legais sobre os aspectos


mínimos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO).
B) As normas técnicas e legais sobre os aspectos mí-
nimos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO).
C) As normas técnicas somente sobre os aspectos
mínimos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO).
D) As normas legais sobre os aspectos mínimos de
Segurança e Saúde Ocupacional (SSO).
E) As portarias a respeito de segurança do trabalho
em razão dos aspectos mínimos sobre Segurança e
Saúde do Trabalhador.

124
1. Introdução

Neste capítulo, será dada ênfase às Normas


de Segurança do Trabalho, prevenção e controle de
risco, o qual se desenvolverá pelo estudo de seus
conceitos, normas aplicáveis e os meios de preven-
ção e controle de risco.
Destacam-se, também neste capítulo, os
profissionais de segurança do trabalho essenciais
para a consecução da Segurança, prevenção e con-
trole de risco no Brasil.
As atribuições, bem como as responsabilida-
des desses profissionais, são de suma importância.

125

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