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LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS

Análise das convenções e recomendações da OIT e das


responsabilidades: profissional civil, criminal e trabalhista
No Brasil, a Segurança no Trabalho é definida por normas
e leis, e é descrita como Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
(SESMT), regulamentada em Portaria do Ministério do
Trabalho e Emprego (hoje Secretaria do Trabalho,
integrante do Ministério da Economia), Norma
Regulamentadora nº 4 (NR-4), além das Convenções
Internacionais da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), ratificadas pelo Brasil.
A Organização Internacional do Trabalho – OIT é um órgão
da ONU e foi fundada em 1919.

É um organismo tripartite, formada por representantes de


entidades de trabalhadores, empregadores e governo, os
três principais atores do mercado de trabalho.

Tem finalidade legislativa internacional.


A Organização Internacional do Trabalho é responsável por
controlar e emitir normas do trabalho internacionalmente.

Tem como objetivo regulamentar as relações de trabalho


por meio das convenções, recomendações e resoluções.

Visa proteger as relações entre empregados e


empregadores, unificando internacionalmente os
entendimentos.
No cenário internacional, além de diversos outros aspectos,
a Organização Internacional do Trabalho (ILO – International
Labour Organization) tem forte presença nas atuações:

•Política

•Econômica

•Humanitária
A OIT vê a gestão dos riscos profissionais como a espinha
dorsal da Segurança e Saúde do Trabalho.

Para a OIT, o Sistema de Gestão SST (SG-SST) é um método


preventivo eficaz para implementar a saúde e medidas de
segurança com o conceito de melhoria contínua.

O foco da sua atuação está na criação de um modelo


estruturado e abrangente que vise uma ação conjunta
entre a empregadores e trabalhadores na execução das
medidas de segurança e saúde.
A OIT é um dos braços das Organizações das Nações Unidas
e tem como função principal buscar a melhoria das
condições de vida do trabalhador, além de garantir que
seja provida proteção à vida e à saúde dos mesmos.

O Brasil é um dos Estados-membro da OIT e como tal, se


compromete a cumprir o disposto em suas convenções
quando as ratifica por meio de aprovação do Congresso
Nacional. Essa ratificação, contudo, não é obrigatória e
ocorre quando do interesse do país.
As normas internacionais de trabalho são representadas
por Convenções e Recomendações.

As convenções, depois de ratificadas, viram fonte formal de


direito, gerando direitos subjetivos individuais.

As recomendações e as convenções não ratificadas


constituem fonte material de direito; viram referência para
projetos de lei, regulamentos, negociação coletiva, laudo
de arbitragem, decisões normativas dos tribunais do
trabalho, em conflitos coletivos de interesse.
A Convenção deve ser aprovada pelo Congresso Nacional
(art. 49, I, da CF), mediante Decreto Legislativo, e ser
ratificada pelo Presidente.

Depois de ratificada a convenção, entra para o


ordenamento jurídico interno, estando em vigor um ano
após a data da ratificação. Ela complementa, altera ou
revoga o direito interno.

A Convenção Internacional equipara-se hierarquicamente à


Lei Federal, conforme art. 105, III, alínea a, da CF.
Há perto de 100 Convenções da OIT ratificadas pelo Brasil e
em vigor no ordenamento jurídico nacional, além de cerca
de 25 não-ratificadas, e outras tantas recomendações.
Desse total, aproximadamente, cerca de 30% tratam de
assuntos referentes à SST.
Dentre elas, tem-se:
• Convenção Nº 12 – Agricultura – Indenização
• Convenção Nº 16 – Trabalho Marítimo – Exame Médico
dos Menores
• Convenção Nº 19 – Igualdade de Tratamento
(Indenização por Acidente de Trabalho)
• Convenção Nº 42 – Doenças Profissionais
• Convenção Nº 45 – Trabalho Subterrâneo
• Convenção Nº 81 – Fiscalização do Trabalho
• Convenção Nº 103 – Proteção da Maternidade
• Convenção Nº 113 – Exame Médico dos Pescadores
• Convenção Nº 115 – Proteção – Radiações Ionizantes
• Convenção Nº 119 – Proteção das Máquinas
• Convenção Nº 120 – Higiene no Comércio e Escritórios
• Convenção Nº 121 - Relativa a Benefícios no caso de
Acidente do Trabalho e Enfermidades Profissionais
• Convenção Nº 124 – Exame Médico dos Menores em
Trabalho Subterrâneo
• Convenção Nº 127 – Peso Máximo das Cargas
• Convenção Nº 134 - Prevenção de Acidentes Marítimos
• Convenção Nº 136 – Proteção contra os Riscos da
Intoxicação pelo Benzeno
• Convenção Nº 139 – Câncer Profissional
• Convenção Nº 148 – Meio Ambiente de Trabalho –
Contaminação do Ar, Ruído e Vibrações
• Convenção Nº 149 – Sobre o Emprego e Condições de
Trabalho e de Vida do Pessoal de Enfermagem
• Convenção Nº 152 – Segurança e Higiene no Trabalho
Portuário
• Convenção Nº 155 – Segurança e Saúde dos
Trabalhadores
• Convenção Nº 161 – Serviços de Saúde do Trabalho
• Convenção Nº 162 – Utilização do Amianto com
Segurança
• Convenção Nº 164 – Proteção à Saúde e Assistência
Médica aos Trabalhadores Marítimos
• Convenção Nº 167 – Convenção sobre a Segurança e
Saúde na Construção
• Convenção Nº 170 – Segurança no Trabalho com
Produtos Químicos
• Convenção Nº 171 – Trabalho Noturno
• Convenção Nº 172 - Relativa às Condições de Trabalho
(Hotéis e restaurantes)
• Convenção Nº 174 – Convenção sobre a Prevenção de
Acidentes Industriais Maiores
• Convenção Nº 176 – Convenção sobre Segurança e
Saúde nas Minas
• Convenção Nº 178 – Relativa à Inspeção das Condições
de Vida e de Trabalho dos Trabalhadores Marítimos
• Convenção Nº 182 – Convenção sobre Proibição das
Piores Formas de Trabalho Infantil e Ação Imediata para
sua Eliminação
• Convenção Nº 183 – Sobre a proteção à maternidade
• Convenção Nº 184 – Segurança e Saúde na Agricultura
• Convenção Nº 187 – Sobre o Marco Promocional para a
Segurança e Saúde no Trabalho
• Convenção Nº 189 – Convenção e Recomendação sobre
Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os
Trabalhadores Domésticos
Atualmente, existem outras 206 Recomendações que
complementam e dão apoio consultivo às Convenções.

Todas as Convenções da OIT, ratificadas ou não pelo Brasil,


e as Recomendações podem ser consultadas no site da
própria instituição, por meio do endereço:

https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/lang--pt/index.htm
No rol de normativas internacionais, existem Convenções
que (ainda) não foram ratificadas e Recomendações que
não têm força de lei, mas que embasam estudos e
interferem ativamente em Instruções Normativas,
Portarias, e outros regulamentos.

A ratificação das convenções depende, muitas vezes, do


interesse e influência de determinadas categorias junto ao
Congresso Nacional.
Em 2006, a OIT editou a Convenção 187 – C187 “Sobre o
Marco Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho”.

A C187 estabelece a promoção da melhoria contínua da SST


pelos Estados membros, desenvolvendo políticas nacionais,
sistemas nacionais e programas nacionais, em compasso
com as organizações representativas dos empregadores e
trabalhadores.
Segundo a C187, deve ser realizado um diagnóstico da
situação nacional da SST para que seja elaborado o
programa nacional.

Esse diagnóstico se traduz como o perfil nacional da SST.

A Recomendação 197, que complementa a C187, relaciona


elementos que os perfis nacionais devem contemplar, e
menciona outros para serem eventualmente incluídos.

A Convenção 187 ainda não foi ratificada.


A Convenção 155, que de forma geral trata da questão da
Segurança e Saúde no Trabalho, foi ratificada em 1992,
após a promulgação da CF/88, com alcance jurídico incisivo
na normativa atual.

CONVENÇÃO Nº 155

CONVENÇÃO SOBRE SEGURANÇA E SAÚDE DOS


TRABALHADORES E O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO
(Adotada em Genebra, em 22 de junho de 1981)
Essa Convenção se aplica a todas as áreas de atividade
econômica, facultando, após consulta prévia às
organizações sindicais de empregadores e trabalhadores
interessadas, excluir total ou parcialmente da sua aplicação
determinadas áreas de atividade econômica. E a todos os
trabalhadores das áreas de atividade econômica
abrangidas, facultando, da mesma forma, a exclusão parcial
ou total de categorias limitadas de trabalhadores que
apresentariam problemas particulares para sua aplicação.
Passo a passo da ratificação da Convenção Nº 155:

Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL aprovou, e eu,


MAURO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos
termos do art. 48, item 28 do Regimento Interno, promulgo
o seguinte
DECRETO LEGISLATIVO Nº 2, DE 1992
Aprova o texto da Convenção nº 155, da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), sobre a segurança e saúde
dos trabalhadores e o meio ambiente de trabalho, adotada
em Genebra, em 1981, durante a 67ª Seção da Conferência
Internacional do Trabalho.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º É aprovado o texto da Convenção nº 155, adotada na
67ª Sessão da Conferência Internacional do trabalho,
realizada em Genebra, no ano de 1981, que dispõe sobre a
segurança e saúde dos trabalhadores e o meio ambiente de
trabalho.
Art. 2º Este decreto legislativo entra em vigor na data de sua
publicação.

Senado Federal, 17 de março de 1992.


SENADOR MAURO BENEVIDES
Presidente
DECRETO 1.254, DE 29 DE SETEMBRO DE 1994

Promulga a Convenção nº 155, da Organização


Internacional do Trabalho, sobre Segurança e Saúde dos
Trabalhadores e o Meio Ambiente de Trabalho, concluída
em Genebra, em 22 de junho de 1981.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que


lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
Considerando que a Convenção nº 155, da Organização
Internacional do trabalho, sobre Segurança e saúde dos
Trabalhadores e o Meio Ambiente de Trabalho, foi concluída
em Genebra, em 22 de junho de 1981;

Considerando que a Convenção ora promulgada foi


oportunamente submetida ao Congresso Nacional, que a
aprovou por meio de Decreto Legislativo número 2, de 17
de março de 1992, publicado no Diário Oficial da União nº
53, de 18 de março de 1992;
Considerando que a Convenção em tela entrou em vigor
internacional em 11 de agosto de 1983;

Considerando que o Governo brasileiro depositou a Carta


de Ratificação do instrumento multilateral em epígrafe em
18 de maio de 1992, passando o mesmo a vigorar, para o
Brasil, em 18 de maio de 1993, na forma de seu artigo 24,
(fl. 2 do Decreto que Promulga a Convenção nº 155, da
Organização Internacional do Trabalho, sobre Segurança e
Saúde dos Trabalhadores e o Meio Ambiente de Trabalho,
concluída em Genebra, em 22 de junho de 1981/(MRE.)
DECRETA:

Art. 1º A Convenção nº 155, da Organização Internacional


do Trabalho, sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores e
o Meio Ambiente de Trabalho, concluída em Genebra, em
22 de junho de 1981, apensa por cópia a este decreto,
deverá ser cumprida tão inteiramente como nela se
contém.
Art. 2º O presente decreto entra em vigor na data de sua
publicação.

Brasília, em 29 de setembro de 1994; 173º da


Independência e 106º da República.

ITAMAR FRANCO
Roberto Pinto F.Mameri Abdenur
Para atingir seus objetivos, a OIT adota campanhas
internacionais de informação e sensibilização. Centrada na
promoção do conceito de Gestão Racional de Segurança e
Saúde no Trabalho, instituiu um “Dia Mundial sobre
Segurança e Saúde no Trabalho”, a ser celebrado no dia 28
de abril de cada ano.
O Brasil, pela Lei n.º 11.121, de 25 de maio de 2005,
instituiu o “Dia Nacional em Memória das Vítimas de
Acidentes e Doenças do Trabalho” a ser celebrado no dia 28
de abril de cada ano.
DECRETO Nº 10.088, DE 5 DE NOVEMBRO DE 2019

Consolida atos normativos editados pelo Poder Executivo


Federal que dispõem sobre a promulgação de convenções e
recomendações da Organização Internacional do Trabalho -
OIT ratificadas pela República Federativa do Brasil.

Como forma de consolidar todas as normativas referente às


convenções ratificadas, distribuídas em diversos Decretos
Legislativos e Leis Federais, foram todas unificadas num
único decreto.
RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL CIVIL

Na esfera judicial, há um universo de ações trabalhistas com


pedidos de indenizações morais e materiais pela perda ou
redução da capacidade laborativa dos trabalhadores.

Fora da Justiça Trabalhista, essas indenizações têm respaldo


na esfera Cível. O artigo 186 do Código Civil estabelece que
comete ato ilícito apenas aquele que viola direito e causa
dano a outra pessoa em ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência.
Esse dispositivo da lei é a base de todos os pedidos de
indenização, porque prevê a responsabilidade civil, mesmo
sem haver contrato entre as partes.

Da mesma forma, há previsão legal no art. 927 CC que


somente quem causar dano a outra pessoa por ato ilícito
tem a obrigação da reparação, sempre proporcional com o
prejuízo moral e/ou material causado.

Logo, se a empresa obedecer a todas as obrigações de SST,


e conseguir provar, não haverá dever de indenizar.
RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL CRIMINAL

Algumas condutas dos empregadores são reprováveis pelo


Direito Penal. De modo coercitivo, o legislador foi obrigado
a criar normas para proteger os valores sociais
considerados atingidos por essas condutas.

As condutas reprováveis tipificadas pelo Direito Penal


traduzem-se em crimes e contravenções. As condutas que
são causadores de danos menores, importando em sanções
de menor gravidade, são as chamadas Contravenções
Penais.
Com relação à Saúde do Trabalhador, as normas se balizam
nas seguintes linhas:
(i) Criminal (Integridade da Pessoa – Leis)
(ii) Administrativa (Ética Profissional – Conselhos)
(iii) Tributária (Arrecadação – SAT/INSS/RFB)
(iv) Ambiental (Meio Ambiente – Leis)

Em garantia ao Princípio da Legalidade, que é um Princípio


Constitucional, para que uma conduta seja punida, essa
transgressão tem de estar descrita em lei. É o que se chama
de Tipicidade.
Da mesma forma, essa conduta típica tem de ser
presumidamente contrária à ordem jurídica (presunção de
antijuridicidade).

No Código Penal, no que se refere à Saúde do Trabalhador,


são tipificadas algumas condutas:

Descumprimento das Normas de SST – Contravenção Penal


(Art. 19, § 2º, Lei nº 8.213/91 – Benefícios da Previdência)
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa,
deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e
higiene do trabalho.
Exposição à risco – Crime (Art. 132 – CP)

Perigo para a vida ou saúde de outrem


Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação
de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em
desacordo com as normas legais.
Lesão corporal – Crime (Art. 129 – CP)

Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano

O crime de lesão corporal subdivide-se em LC de Natureza


Grave, LC Seguida de Morte, atenuantes, agravantes, penas
substitutivas, LC Culposa, e Violência Doméstica.
Homicídio – Crime (Art. 121 – CP)

Homicídio Simples, Qualificado, Feminicídio, Culposo,


atenuantes, agravantes, Induzimento, instigação ou auxílio
a suicídio, Infanticídio, Aborto (pela gestante ou com seu
consentimento, por terceiro, necessário, gravidez
resultante de estupro).
Para ser possível aplicar uma sanção, tem de vincular o
agente da conduta ao fato típico e antijurídico, e deve haver
Tipicidade. Esta recai sobre o fato e não sobre o agente. A
sanção incide sobre o comportamento.
Ao final, reprova-se o agente porque ele tinha o dever de
ajustar a sua conduta à norma, e, tendo a possibilidade de
fazê-lo, não o fez.
O agente:
- Compreendia a ilicitude do fato?
- Tinha capacidade de saber que a conduta era ilícita?
- Poderia ter agido de maneira distinta?
A Lei nº 9.983. de 14/07/2000, alterou o Código Penal:

- "Apropriação indébita previdenciária“


Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma
legal ou convencional:

- "Inserção de dados falsos em sistema de informações"


Art. 313-A.

- "Modificação ou alteração não autorizada de sistema de


informações“
Art. 313-B.
- "Sonegação de contribuição previdenciária“
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes
condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa (...) segurados
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar (...) as quantias descontadas dos
segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador
de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos
geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Com relação a essas normas, tem-se o exemplo da
caracterização de uma ação penal contra um empregador,
impetrada pelo Ministério Público (Ação Penal Pública) por
crime de sonegação fiscal da contribuição social devida à
Previdência Social relativa ao custeio da aposentadoria
especial (acréscimo do SAT) por ocasião de exposição do
trabalhador a agentes ambientais nocivos à saúde de modo
permanente.
Crime previsto em legislação.
RESPONSABILIZAÇÃO PENAL
Ninguém gostaria de ser responsabilizado por um acidente
ou enfermidade do trabalho.
Essa responsabilidade pode repercutir civilmente, com
indenização por danos materiais e morais, e penalmente,
com penas privativas de liberdade (reclusão, detenção e
prisão), acrescidas de multa ou penas restritivas de
direitos.
Responsabilizar alguém, impõe saber de quem é a Culpa.

O Instituto da Culpa, no Direito Penal, é dividido em duas


situações:

- Culpa lato sensu – Geral. Abrange inclusive o dolo, a


vontade livre e consciente de causar algum dano a
outrem

- Culpa stricto sensu – Literal. Abrange apenas


imprudência, negligência ou imperícia
Código Penal: Art. 18 - Diz-se o crime:

Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo.
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão
quando o pratica dolosamente.
- Dolo Direto - se quer diretamente o resultado

- Dolo Eventual - se assume o risco de produzir o


resultado.

A legislação penal equipara o dolo direto ao dolo eventual.


Porém, dolo eventual e culpa consciente se confundem,
porque em ambos se consegue prever o resultado, mas no
dolo eventual o autor assume o risco de produzir o
resultado, e não se importa com isso; na culpa consciente,
o autor acredita e não quer que o resultado aconteça.
Tirando a responsabilidade culposa, a maioria dos
profissionais prevencionistas recai em dolo eventual, pois em
sã consciência, ninguém quer acidentar ou adoecer
trabalhador algum.

Para saber se um agente tem culpa, compara-se a conduta


realizada por ele com a conduta de uma pessoa
medianamente prudente que estivesse no seu lugar, sob as
mesmas condições.

O crime culposo é aquele praticado voluntariamente, por


ação ou omissão, que produz um resultado adverso,
contrariando uma norma jurídica previsível, que
excepcionalmente previsto, poderia ter sido evitado.
Há três maneiras da culpa se manifestar: imprudência
(conduta que não deveria ser realizada – fato positivo,
ação); negligência (falta de prudência ou indiferença com o
resultado da conduta – fato negativo, omissão) e imperícia
(falta de aptidão, inexperiência para o exercício da
profissão, da conduta em si).

A imperícia não se confunde com erro profissional, que é


um acidente justificável, normalmente imprevisível. Este
depende do nível de conhecimento específico, de
habilidade, talento.
Havendo erro, é resolvido na Justiça Comum, Cível. Sendo
imperícia, vai na esfera penal com repercussões cíveis.
Dentre as espécies de culpa, duas costumam ocorrer com
mais frequência aos profissionais de SST:

- Culpa inconsciente - quando o agente não prevê um


resultado previsível. Ele desconhece o perigo que sua
conduta provoca.

- Culpa consciente (ou culpa previsível) - quando o agente


prevê o resultado, mas acredita que não ocorrerá. Ele
sabe da possibilidade do resultado, mas entende que o
evitará, que sua habilidade impedirá que aconteça.
No Código Penal, culpa inconsciente e culpa consciente se
equiparam.

Não é previsto na ordem jurídica brasileira a


responsabilidade penal objetiva (culpa presumida).

A culpa deve ser provada, não sendo aceitas presunções ou


deduções. Tem de haver prova concreta, fora de dúvida.
A Constituição Federal de 88 tornou a pessoa jurídica capaz
de compor o polo ativo na prática de crimes no tocante à
conduta e atividades lesivas ao meio ambiente.

CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
A empresa comete atos delituosos por intermédio de
alguém.
A pessoa jurídica só poderá ser penalizada quando: i) a
conduta individual foi praticada no interesse da pessoa
coletiva; ii) a conduta individual se deu na esfera de
atividade da empresa; iii) a conduta realizada foi praticada
por pessoa física com estreita relação à pessoa coletiva e iv)
a conduta se respalda no poder da pessoa coletiva.
O meio ambiente do trabalho está contido no tipo penal
ambiental. As penas serão sempre compatíveis com a sua
condição: multa e proibição de contratar com poder
público, entre outras.
Assim, com base no § 2º do Art. 19 da Lei nº. 8.213/91, há
responsabilidade penal da pessoa jurídica pelo
descumprimento das normas de segurança e medicina do
trabalho, punível com multa em consonância ao Art. 49 do
Código Penal, em relação à pena pecuniária.
Por decisão do STF, os conflitos decorrentes do acidente do
trabalho, envolvendo trabalhadores e seus tomadores de
serviço, empregadores ou não, serão julgados na Justiça do
Trabalho, considerando essa a interpretação adequada do
inciso VI, do art. 114 da Constituição Federal, antes e
depois da modificação de sua redação pela EC nº 45/2004.

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial,
decorrentes da relação de trabalho;
DIREITO PENAL ADMINISTRATIVO

O Direito Penal Administrativo é um ramo paralelo ao


Direito Penal em si. A natureza da pena administrativa tem
caráter reparador e preventivo, enquanto a coerção do
Direito Penal busca exclusivamente a prevenção especial.
O poder disciplinar dos Conselhos (CREA, OAB, CRM, etc.)
se traduz pelas sanções disciplinares.
Em regra as penalidades aplicáveis por esses Conselhos são:
advertência escrita reservada; censura pública; multa;
suspensão temporária do registro e cassação do registro.
Os efeitos do Direito Penal interferem no Penal
Administrativo. Havendo condenação penal transitada em
julgado, haverá a cassação de habilitação do profissional.

No exercício da profissão do Engenheiro de Segurança e


Saúde do Trabalho, o Sistema CREA/CONFEA normatiza sua
regulação e fiscalização. Estão pautadas, igualmente, pelas
Normas Regulamentadoras do Trabalho, pela Organização
Internacional do Trabalho, normas da ABNT e do INMETRO.

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