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FORMAÇÃO DE CIPEIROS
FORMAÇÃO DE CIPEIROS
CAPÍTULO I
HISTÓRIA DO
PREVENCIONISMO
História do Prevencionismo
A origem da CIPA no Brasil e no mundo
No início da Revolução Industrial, as fábricas apresentavam ambientes de
trabalho bastante precários, com péssima iluminação, abafados e sujos. Os
salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos, e mulheres e crianças
eram contratadas. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e
estavam sujeitos a castigos físicos. Não havia direitos trabalhistas como férias,
décimo terceiro salário, auxílio-doença, descanso semanal remunerado ou
qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo
de auxílio e passavam por situações de precariedade.

Em muitas regiões da Europa, os empregados das fábricas formaram as trade


unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar suas condições de
trabalho. Houve também movimentos mais violentos como o ludismo. Também
conhecidos como "quebradores de máquinas", os ludistas invadiam fábricas e
destruíam seus equipamentos numa forma de protesto e revolta com relação à
vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, pois optou
pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores.

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) surgiu a


partir da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII,
na Inglaterra, em decorrência da chegada das máquinas, do
aumento do número de acidentes, da adaptação do homem ao
trabalho, bem como da necessidade de um grupo que pudesse
apresentar sugestões para a correção de possíveis riscos de
acidentes. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aprovou,
em 1921, uma instrução para a criação de comitês de segurança para
indústrias que tivessem em seus quadros funcionais pelos menos
25 trabalhadores.

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História da Segurança do Trabalho no Brasil

A iniciativa da criação de um grupo de funcionários que, além de terem suas


atribuições normais, se preocupassem também com a Prevenção de Acidentes
foi desenvolvida pela OIT.

A OIT, fundada em 1919, com sede em Genebra, na Suíça, tem o objetivo de


fazer recomendações a partir da busca da solução de problemas relacionados
com o trabalho, como os acidentes de trabalhos, tendo-se em vista os altos
índices já registrados na época.

No Brasil, essa recomendação foi atendida parcialmente por meio do Art.82


do Decreto-Lei nº 7036, de 10 de novembro de 1944, que determinava que
todas as empresas com 100 ou mais empregados deveriam providenciar em
seus estabelecimentos a organização de CIPA.

Amparada por uma legislação específica a partir de 1944 e contemplada nos


direitos sociais constitucionais, a segurança do trabalho no Brasil desdobra-se
nas atividades das CIPA, disseminadas no cenário empresarial e na fiscalização
realizada por funcionários de setores da administração pública.

O conhecimento dos níveis de ocorrência de acidentes de trabalho é fator


indispensável para a adoção de uma política trabalhista e empresarial que
preserve o bem-estar do trabalhador e evite custos e prejuízos aos empresários
e às instituições previdenciárias. Um dos mecanismos mais utilizados é a
elaboração de estatísticas que, por meio de métodos comparativos, mostram
o aumento ou a queda dos índices de acidentes de trabalho num período e
setor de trabalho dados. A organização de estatísticas de acidentes de trabalho
foi possível no Brasil a partir do estabelecimento de definições, convenções e
regras pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O sistema usual
de prevenção de acidentes consiste em investigar os acidentes ocorridos para
descobrir sua causa, visando eliminar e prevenir novas ocorrências.

Esses mecanismos técnicos, legais, sociais e jurídicos ainda não foram


suficientes para reduzir de forma significativa os níveis de acidentes de trabalho
e de doenças profissionais no Brasil que, em comparação com países de
instituições mais avançadas, são muito altos e resultam em graves prejuízos
humanos, sociais e financeiros. Os acidentes mais frequentes ocorrem na
construção civil, na indústria metalúrgica, na fabricação de móveis, no garimpo
e nas atividades agrícolas.

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A CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é a principal norma legislativa
brasileira referente ao Direito do trabalho e ao Direito processual do
trabalho. Ela foi criada através do Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943
e sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas durante o período do
Estado Novo, entre 1937 e 1945, unificando toda legislação trabalhista então
existente no Brasil.

Essa Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais


e coletivas de trabalho, nela previstas. O termo "celetista", derivado da sigla
"CLT", costuma ser utilizado para denominar o indivíduo que t r a b a l h a
com registro em carteira de trabalho e previdência
social. Em oposição à CLT, existem funcionários
que são regidos por outras normas legislativas do
trabalho, como aqueles que trabalham como
pessoa jurídica (PJ), profissional autônomo,
ou ainda como servidor público pelo regime
jurídico estatutário federal.

A CLT surgiu como uma necessidade


constitucional após a criação da Justiça do
Trabalho em 1939. O país passava por um
momento de desenvolvimento, mudando a
economia de agrária para industrial, e por isso as
mudanças eram extremamente necessárias.

Constituição Federal
A Constituição Federal (CF), a lei máxima do país, a origem de todas as
leis, faz uma previsão ao direito de condições de trabalho seguras para os
trabalhadores urbanos e rurais.

Vejamos. O Artigo 7° da CF garante aos trabalhadores rurais e urbanos um


desfile de direito nos seus incisos. O primeiro mandamento da Constituição
na matéria de segurança do trabalho está exposto no Inciso XXII:

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por


meio de normas de saúde, higiene e segurança;

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De uma forma simples e objetiva, a Constituição Federal faz a previsão
expressa, afirmando que o trabalhador urbano e rural tem o direito à redução
dos riscos do trabalho através da aplicação das normas de saúde, higiene e
segurança no trabalho. Em seguida, no Inciso XXIII, a norma constitucional
estabelece o direito ao adicional de insalubridade e periculosidade, aqueles
mesmos dispostos nas NRs 15 e 16 da Portaria nº 3.214/78.

XXIII - adicional de remuneração para as atividades


penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.

De todas as previsões constitucionais dos direitos e garantias de trabalho


seguro, o Inciso XXVIII é o mais importante.

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a


cargo do empregador, sem excluir a indenização
a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa.

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Política de saúde e Segurança
A Política é um conjunto de práticas e valores centrais de Saúde e Segurança
para os colaboradores da Cogna e suas empresas, visando nortear a prevenção
de acidentes de trabalhos e doenças ocupacionais, promovendo assim um
ambiente seguro e saudável a todos.

A política é um compromisso em que todos os colaboradores da companhia


assumem um papel de ser responsável e cumprir todas as práticas e valores
esperados para que seja cumprido cada item.

Este documento se assemelha a Constituição Federal, a qual rege as regras


mínimas para demais leis, logo, qualquer procedimento, manual ou conduta
dentro da companhia, deve estar alinhado com o descrito na Política.

Os pontos chaves em que você cipeiro deve se atentar dentro da Política e


cumpri-los, são:

Intenção e Compromisso:
“Somos responsáveis por nossas ações e tratamos saúde e segurança como
um valor inegociável. Toda e qualquer atividade que realizamos deve seguir as
melhores práticas, com o objetivo de preservar a saúde, segurança e promover
o bem-estar das nossas pessoas”

Valores:
• Pró atividade – Antecipar-se aos cenários, prevendo impactos relacionados
a saúde e segurança das pessoas e atuando para mitigá-los;

• Responsabilidade – Conhecer seu papel em prevenção, não assumindo


riscos que atentem a saúde e segurança, compreendendo que este é um
papel de todos;

• Empatia – Colocar-se no lugar de outras pessoas e olhar pela saúde e


segurança delas da maneira que olha para si mesmo;

A Segurança é uma responsabilidade de todos nós e cabe aos membros da


CIPA serem agentes de multiplicação deste conceito em sua unidade junto com
a equipe do SESMT.

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CAPÍTULO II
NR’S E CIPA, E O PROCESSO
ELEITORAL
NR’S e CIPA, e o Processo
Eleitoral
No Brasil atualmente existem 37 normas regulamentadoras. As NR’s como
são conhecidas, tem o papel de fornecer orientações sobre os procedimentos
obrigatórios sobre saúde e segurança no trabalho.

A norma que trata deste manual e treinamento é a NR.5, onde são abordados
os objetivos, funcionamento, processo eleitoral e orientações de organização e
como deve ser procedido a implantação e o funcionamento da CIPA nas empresas.

Objetivo da CIPA:
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes tem como objetivo a
prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar
compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador.

Objetivo da CIPA:
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes tem como objetivo a
prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar
compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a
promoção da saúde do trabalhador.

Atribuições da CIPA:
a) acompanhar o processo de identificação de perigos e
avaliação de riscos bem como a adoção de medidas de
prevenção implementadas pela organização;

b) registrar a percepção dos riscos dos trabalhadores, em


conformidade com a NR-1, por meio do mapa de risco ou
outra técnica ou ferramenta apropriada à sua escolha, sem
ordem de preferência, com assessoria do Serviço Especializado em
Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, onde houver;

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c) verificar os ambientes e as condições de trabalho visando identificar situações
que possam trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores;

d) elaborar e acompanhar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva


em segurança e saúde no trabalho;

e) participar no desenvolvimento e implementação de programas relacionados


à segurança e saúde no trabalho;

f) acompanhar a análise dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho,


nos termos da NR-1 e propor, quando for o caso, medidas para a solução
dos problemas identificados;

g) requisitar à organização as informações sobre questões relacionadas à


segurança e saúde dos trabalhadores, incluindo as Comunicações de
Acidente de Trabalho - CAT emitidas pela organização, resguardados o
sigilo médico e as informações pessoais;

h) propor ao SESMT, quando houver, ou à organização, a análise das condições


ou situações de trabalho nas quais considere haver risco grave e iminente
à segurança e saúde dos trabalhadores e, se for o caso, a interrupção das
atividades até a adoção das medidas corretivas e de controle;

i) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a


Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT, conforme
programação definida pela CIPA.

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Cabe ao Presidente da CIPA:
a) convocar os membros para as reuniões; e

b) coordenar as reuniões, encaminhando à organização e ao SESMT, quando


houver, as decisões da comissão.

Cabe ao Vice-Presidente substituir o Presidente nos seus impedimentos


eventuais ou nos seus afastamentos temporários. O Presidente e o Vice-
Presidente da CIPA, em conjunto, terão as seguintes atribuições:

a) coordenar e supervisionar as atividades da CIPA, zelando para que os


objetivos propostos sejam alcançados;

b) divulgar as decisões da CIPA a todos os trabalhadores do estabelecimento.

Constituição e estruturação
A CIPA será constituída por estabelecimento e composta de representantes
da organização e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto
no Quadro I desta NR, ressalvadas as disposições para setores econômicos
específicos.

Os representantes da organização na CIPA, titulares e suplentes, serão por


ela designados.

Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em


escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical,
exclusivamente os empregados interessados.

A organização designará, entre seus representantes, o Presidente da CIPA,


e os representantes eleitos dos empregados escolherão, entre os titulares, o
vice-presidente.

O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano,


permitida uma reeleição.

Os membros da CIPA, eleitos e designados serão empossados no primeiro dia


útil após o término do mandato anterior. A organização deve fornecer cópias
das atas de eleição e posse aos membros titulares e suplentes da CIPA.

Quando solicitada, a organização encaminhará a documentação referente ao


processo eleitoral da CIPA, podendo ser em meio eletrônico, ao sindicato dos
trabalhadores da categoria preponderante, no prazo de até dez dias.

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A CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como
não poderá ser desativada pela organização, antes do término do mandato de
seus membros, ainda que haja redução do número de empregados, exceto no
caso de encerramento das atividades do estabelecimento.

É vedada à organização, em relação ao integrante eleito da CIPA:

a) a alteração de suas atividades normais na organização que prejudique o


exercício de suas atribuições; e

b) a transferência para outro estabelecimento, sem a sua anuência, ressalvado


o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do art. 469 da CLT. É vedada
a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo
de direção da CIPA desde o registro de sua candidatura até um ano após o
final de seu mandato.

O término do contrato de trabalho por prazo determinado não caracteriza


dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de
direção da CIPA.

A nomeação de empregado como representante da organização e sua forma


de atuação devem ser formalizadas anualmente pela organização. A nomeação
de empregado como representante da organização não impede o seu ingresso
na CIPA, quando da sua constituição, seja como representante do empregador
ou como dos empregados.

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Do Processo Eleitoral
Compete ao empregador convocar eleições para escolha dos representantes
dos empregados na CIPA, no prazo mínimo de sessenta dias antes do término
do mandato em curso.
A organização deve comunicar, com antecedência, podendo ser por meio
eletrônico, com confirmação de entrega, o início do processo eleitoral ao
sindicato da categoria preponderante.
O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA constituirão dentre seus membros a
comissão eleitoral, que será a responsável pela organização e acompanhamento
do processo eleitoral. Nos estabelecimentos onde não houver CIPA, a comissão
eleitoral será constituída pela organização.
O processo eleitoral deve observar as seguintes condições:
a) publicação e divulgação de edital de convocação da eleição e abertura de
prazos para inscrição de candidatos, em locais de fácil acesso e visualização,
podendo ser em meio físico ou eletrônico;

b) inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição


será de quinze dias corridos;

c) liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento,


independentemente de setores ou locais de trabalho, com fornecimento
de comprovante em meio físico ou eletrônico;

d) garantia de emprego até a eleição para todos os empregados inscritos;

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e) publicação e divulgação da relação dos empregados inscritos, em locais de
fácil acesso e visualização, podendo ser em meio físico ou eletrônico;

f) realização da eleição no prazo mínimo de trinta dias antes do término do


mandato da CIPA, quando houver;

g) realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários


de turnos e em horário que possibilite a participação da maioria dos
empregados do estabelecimento;

h) voto secreto;

i) apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acompanhamento


de representante da organização e dos empregados, em número a ser
definido pela comissão eleitoral, facultado o acompanhamento dos
candidatos; e

j) organização da eleição por meio de processo que garanta tanto a segurança


do sistema como a confidencialidade e a precisão do registro dos votos.

Na hipótese de haver participação inferior a cinquenta por cento dos


empregados na votação, não haverá a apuração dos votos e a comissão eleitoral
deverá prorrogar o período de votação para o dia subsequente, computando-
se os votos já registrados no dia anterior, a qual será considerada válida com a
participação de, no mínimo, um terço dos empregados.
Constatada a participação inferior a um terço dos empregados no segundo
dia de votação, não haverá a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá
prorrogar o período de votação para o dia subsequente, computando-se os
votos já registrados nos dias anteriores, a qual será considerada válida com a
participação de qualquer número de empregados.
A prorrogação referida nos subitens anteriores deve ser comunicada ao sindicato
da categoria profissional preponderante. As denúncias sobre o processo eleitoral
deverão ser protocolizadas na unidade descentralizada de inspeção do trabalho,
até trinta dias após a data da divulgação do resultado da eleição da CIPA.
Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e
apuração, em ordem decrescente de votos, possibilitando nomeação posterior,
em caso de vacância de suplentes.

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Funcionamento
A CIPA terá reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário
preestabelecido. As reuniões ordinárias da CIPA serão realizadas na organização,
preferencialmente de forma presencial, podendo a participação ocorrer de
forma remota.

A data e horário das reuniões serão acordadas entre os seus membros


observando os turnos e as jornadas de trabalho.

As reuniões da CIPA terão atas assinadas pelos presentes.

As atas das reuniões devem ser disponibilizadas a todos os integrantes da CIPA,


podendo ser por meio eletrônico.

As deliberações e encaminhamentos das reuniões da CIPA devem ser


disponibilizadas a todos os empregados em quadro de aviso ou por meio eletrônico.

As reuniões extraordinárias devem ser realizadas quando:

a) ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal; ou

b) houver solicitação de uma das representações.

Para cada reunião ordinária ou extraordinária, os membros da CIPA designarão


o secretário responsável por redigir a ata.

O membro titular perderá o mandato, sendo substituído por suplente, quando


faltar a mais de quatro reuniões ordinárias sem justificativa. A vacância definitiva de
cargo, ocorrida durante o mandato, será suprida por suplente, obedecida a ordem
de colocação decrescente que consta na ata de eleição, devendo os motivos ser
registrados em ata de reunião.

Caso não existam mais suplentes, durante os primeiros seis meses do mandato,
a organização deve realizar eleição extraordinária para suprir a vacância, que
somente será considerada válida com a participação de, no mínimo, um terço dos
trabalhadores

No caso de afastamento definitivo do presidente, a organização indicará o


substituto, em dois dias úteis, preferencialmente entre os membros da CIPA.

No caso de afastamento definitivo do vice-presidente, os membros titulares da


representação dos empregados, escolherão o substituto, entre seus titulares, em
dois dias úteis.

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O mandato do membro eleito em processo eleitoral extraordinário deve ser
compatibilizado com o mandato dos demais membros da Comissão.

O treinamento de membro eleito em processo extraordinário deve ser realizado


no prazo máximo de trinta dias, contado a partir da data da posse.

As decisões da CIPA serão, preferencialmente, por consenso. Não havendo


consenso, a CIPA deve regular o procedimento de votação e o pedido de
reconsideração da decisão.

Treinamento
A organização deve promover treinamento para o representante nomeado
previsto para os membros da CIPA, titulares e suplentes, antes da posse.

O treinamento de CIPA em primeiro mandato será realizado no prazo máximo


de trinta dias, contados a partir da data da posse.

O treinamento deve contemplar, no mínimo, os seguintes itens:

a) estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos


originados do processo produtivo;

b) noções sobre acidentes e doenças relacionadas ao trabalho decorrentes das


condições de trabalho e da exposição aos riscos existentes no estabelecimento
e suas medidas de prevenção;

c) metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças relacionadas


ao trabalho;

d) princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de prevenção dos riscos;

e) noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à segurança


e saúde no trabalho;

f) noções sobre a inclusão de pessoas com deficiência e reabilitados nos


processos de trabalho;

g) organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições


da Comissão.

O treinamento realizado há menos de dois anos contados da conclusão do


curso pode ser aproveitado na mesma organização, observado o estabelecido na
NR-1. 5.7.4

16 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


O treinamento deve ter carga horária mínima de:

a) oito horas para estabelecimentos de grau de risco 1;

b) doze horas para estabelecimentos de grau de risco 2;

c) dezesseis horas para estabelecimentos de grau de risco 3; e

d) vinte horas para estabelecimentos de grau de risco

A carga horária do treinamento deve ser distribuída em, no máximo, oito


horas diárias.

Para a modalidade presencial/prática deve ser observada a seguinte carga


horária mínima do treinamento:

a) 4 (quatro) horas para estabelecimentos de grau de risco 2; e

b) 8 (oito) horas para estabelecimentos de grau de risco 3 e 4.

A carga horária do treinamento dos estabelecimentos de grau de risco 1 e


do representante nomeado da organização pode ser realizada integralmente na
modalidade de ensino à distância ou semipresencial, nos termos da NR-1. 5.7.4.4

O integrante do SESMT fica dispensado do treinamento da CIPA.

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CAPÍTULO III
CONCEITO DE ACIDENTE E
PERCEPÇÃO DE RISCO
Conceito de Acidente e
Percepção de Risco

Conceito Legal (Lei nº 6367/1976 e nº 8.213/1991)


Art. 19 -“Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que causa a morte ou perda, ou redução permanente ou temporária,
da capacidade para o trabalho”.

Acidente Típico do Trabalho


Ocorre no local e durante o horário do trabalho, considerado como um
acontecimento súbito, violento e ocasional, que provoca no trabalhador
incapacidade para a prestação do serviço.

Acidente de Trajeto
Ocorre na ida ou na volta do trabalho para casa, ou ocorrido no mesmo
trajeto quando o trabalhador efetua suas refeições em casa. Deixa de ser
caracterizado o acidente quando o empregado tenha, por interesse próprio,
interrompido ou alterado o percurso normal.

Ato de Terceiro
Esse ato de terceiro pode se culposo ou doloso. Será considerado culposo
quando a pessoa que deu ensejo ao mesmo não tinha intenção de que o fato
acontecesse. Foi um ato de imprudência, negligência, imperícia que resultou
num dano de outrem. Já o ato doloso é consciente, e a pessoa que o pratica
age de má fé com vontade dirigida para a obtenção de um resultado criminoso.

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Assim, o legislador (pessoa que elabora as leis) estendeu o conceito de
acidente aos atos dolosos que atingem o trabalhador proveniente da relação
de emprego, tal como os casos de sabotagem, ofensa física levada a cabo
por companheiro de serviço ou terceiro, resultante de disputa originada na
prestação de serviço. Como vemos a exclusão que se manifesta é a referente
a ato doloso contra empregado, oriundo de terceiros ou de companheiro
de serviço, não originado de disputa relativa ao trabalho. Assim, o ferimento
sofrido por um empregado no local e horário de trabalho, por parte de outro
colega de serviço, com origem em questão de ciúme ou mesmo de discussão
sobre futebol, não se caracteriza como acidente do trabalho.

Acidente de Força Maior


Ocorre caso o funcionário se acidente por causa de desabamento, raios
elétricos, terremotos, inundação, incêndio e fatores que não podem ser
previsíveis, deste que em horário de trabalho ou local sob autorização da
empresa.

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Acidente fora do local de horário de trabalho
Ocorre fora do local e horário de trabalho, quando no cumprimento de
ordem ou na realização de serviços sob a autorização da empresa. Ex: Quando
o empregado se acidenta realizando uma viagem a serviço da empresa.

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:

II - O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em


consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou


companheiro de trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa


relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de


companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou


decorrentes de força maior;

III - A doença proveniente de contaminação acidental do empregado no


exercício de sua atividade.

IV - O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade


da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar


prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando


financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da
mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para


aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de
propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da


satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante
este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

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Doenças Profissionais e do Trabalho
Doença Profissional
É entendida como produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar de determinada atividade. Assim, o saturnismo (intoxicação provocada
em quem trabalha com chumbo) é uma doença tipicamente profissional.

Doença do Trabalho
É entendida como adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.
Assim, por exemplo, podemos citar a surdez como doença do trabalho, tendo
em conta o serviço executado em local extremamente ruidoso.

Causas dos Acidentes de Trabalho


Sob o ponto de vista prevencionista, a causa de um acidente é qualquer fator
que, se removido a tempo, teria evitado o acidente.

Os acidentes não são inevitáveis, não surgem por acaso, eles são causados,
portanto possíveis de prevenção através de eliminação, a tempo, de suas causas.

Existem três fatores principais na ocorrência de acidentes: o ato inseguro, a


condição insegura e o fator pessoal.

• Ato inseguro: são ações, atitudes e comportamentos de riscos que o próprio


trabalhador pratica, indo contrário as normas de segurança. Exemplos:

◘ Não usar o Equipamento de Proteção Individual.

◘ Pressão.

◘ Correria.

◘ Afobação.

◘ Falta de Conhecimento.

◘ Gambiarras.

◘ Excesso de confiança, exibicionismo.

◘ Brincadeiras.

◘ Operar máquinas e equipamentos a qual não é habilitado.

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• Condição Insegura: são aquelas que, presentes no ambiente de trabalho,
colocam em risco a integridade física e mental do trabalhador devido
possibilidade de o mesmo acidentar-se.

◘ Pisos irregulares.

◘ Falta de ordem e limpeza.

◘ Instalações elétricas impróprias ou com defeitos.

◘ Falta de proteção em partes móveis de máquinas.

◘ Falta de sinalização (cone, correte, tela, fita zebrada, placa).

◘ Ambiente escuro, mal iluminado.

◘ Equipamentos operando com defeito.

• Fator pessoal de insegurança: estão relacionados aos problemas pessoais


do trabalhador, influenciando diretamente seu comportamento, podendo
resultar em acidentes, como:

◘ Problemas sociais e/ou psicológicos.

◘ Tensão, estresse.

◘ Adaptação a mudança.

◘ Uso de substâncias tóxicas.

◘ Alcoolismo.

◘ Conflitos familiares.

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As Consequências dos Acidentes de Trabalho
Para o Trabalhador:
É a principal vítima, sofre com as dores e as demais consequências do
acidente, afetando a autoestima, reduzindo a capacidade laboral.

Para a Família do Acidentado:


A família sofre as consequências diretamente com o acidente do trabalhador,
na falta do pai, na diminuição da capacidade financeira, dos gastos e das
preocupações com o acidentado.

Para a Empresa:
O acidente afeta o sistema de produção, causa gastos com treinamento de
substitutos, gastos nos acidentes com máquinas; indenizações pelo passivo
trabalhista causado pelo acidente.

Para a Sociedade:
A sociedade sofre as consequências com os acidentes do trabalho
sustentando as vítimas no sistema SUS, gerando gastos volumosos com
seguros de acidentes do trabalho e pagamentos de salários e aposentadorias
para os acidentados.

Percepções de Risco
A percepção dos riscos de uma atividade está diretamente ligada ao
comportamento, atitude, experiência de vida e cultura de cada um.

Diversos são os motivos que levam as pessoas a trabalharem expostas a riscos.

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Podemos citar:

• Desconhecimento da atividade.

• Ignorar Procedimentos de segurança.

• Tolerar os riscos.

• Ignorar os riscos.

• Acostumar-se com hábitos e rotinas.

Risco é algo incerto em que há probabilidade de ocorrer e pode causar danos


ao trabalhador se não for controlado. O risco está relacionado à consequência
do acidente e definido como o produto entre a exposição do indivíduo e ao nível
do perigo que o funcionário estiver exposto.

R= P x E

Onde:

R = Risco

P = Perigo

E = Exposição

• PERIGO: uma fonte ou situação com potencial para provocar danos em


termos de lesão, doenças, danos a propriedade, danos ao meio ambiente
ou uma combinação destes.

• RISCO: é a combinação da probabilidade de ocorrência e da consequência


de um determinado evento perigoso.

Alguns exemplos de situação:

• Utilize os EPI’s, há risco de acidente.

• Não corra, há risco de quebrar a perna.

• Não corra ao volante, há risco de colisão de acidente.

• Não ande falando ou digitando ao celular, há risco de queda.

O perigo NUNCA deve ser considerado:

• Insignificante.

• Que não precisa ser controlado.

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• Pouco provável que aconteça.

• Nunca causou um problema ou acidente.

Por menor que seja o perigo, dependendo das circunstâncias, pode provocar
um incidente muito significativo. O comprometimento de uma pessoa pode
ser medido quando mesmo sozinho e atrasado, segue todos os procedimentos
seguros para realizar a atividade.

26 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


CAPÍTULO IV
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO
Equipamento de Proteção
Todo equipamento, dispositivo ou produto, de uso individual utilizado
pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho.

O uso deste tipo de equipamento só deverá ser feito quando não for
possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que
se desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas de proteção coletiva
não forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos riscos e não
oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/
ou de doenças profissionais e do trabalho.

O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou importado,


só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de
Aprovação (CA), expedido pelo órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

Tipos de Proteção:

• Proteção para cada crânio – Capacete de segurança.

• Face – Máscara de solda e protetor com viseira.

• Ouvidos – Protetor tipo concha, plug ou inserção.

• Olhos – Óculos contra impacto, para manuseio de ácido e para soldadores.

• Vias respiratórias – Respirador.

• Tronco – Jaquetas e aventais.

• Mãos e braços – Luvas e mangas.

• Pés – Botas de borracha, PVC e


sapatos de segurança.

28 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Quanto a Distribuição, Utilização e Conservação.
• Seu uso e conservação são obrigação dos empregados, conforme NR – 06
da Portaria 3214 de 08/06/1978.

• Para a perfeita conservação dos equipamentos de proteção os empregados,


após o término do trabalho, devem:

◘ Limpar os equipamentos removendo todas as impurezas e, se necessário,


lavando-os com produtos que não os danifiquem.

◘ Fazer uma inspeção geral nos equipamentos para certificar-se do seu


bom estado de uso.

◘ Solicitar à sua chefia a substituição dos equipamentos sem condição


de uso.

◘ Guardar os equipamentos em local adequado.

Responsabilidades
Obrigações do empregador (item 6.6.1 da NR 06):

a) Adquirir o tipo adequado à atividade do empregado.

b) Fornecer ao empregado somente E.P.I. aprovado pelo MTA e de


empresas adastradas no DNSST/MTA.

c) Treinar o trabalhador sobre o seu uso adequado.

d) Tornar obrigatório o uso.

e) Substituí-lo, imediatamente, quando danificado ou extraviado.

f) Responsabilizar-se pela sua higienização e manutenção periódica.

g) Comunicar ao MTA, qualquer irregularidade observada no E.P.I.

29 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Obrigações do empregado (item 6.7.1 da NR 06):

a) Usá-lo apenas para a finalidade a que se destina.

b) Responsabilizar-se por sua guarda e conservação.

c) Comunicar o empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso.

Nota: Art. 158 da CLT - Parágrafo único: “Constitui ato faltoso do empregado
a recusa injustificada ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos
pela empresa.

Equipamento de Proteção Coletiva (EPC)


São recursos aplicados com a finalidade de neutralizar, isolar ou sinalizar os
riscos de acidentes. Exemplos de EPC:

• Guarda-corpo.

• Tapetes de borracha.

• Sistema de exaustão e ventilação.

• Placas, cones e bandeiras de sinalização.

• Escoramento de valas.

• Proteção às partes de móveis, máquinas e equipamentos.

• Para-raios.

• Extintor de incêndio.

Existe uma séries de medidas de controle utilizadas no meio ambiente e/


ou no homem, e cabe à CIPA a tarefa de encontrar soluções para situações
perigosas. A CIPA deve fazer a identificação dos riscos e ter como prioridade
às medidas de Proteção Coletiva.

Medidas de Proteção Coletiva


Neste sentido três alternativas podem ser adotadas.

• Eliminação do Risco

◘ Os acidentes se previnem com a aplicação de medidas específicas


de segurança, selecionadas de forma a estabelecer maior eficácia na
prática. Como primeira opção, deve-se analisar a viabilidade técnica da
eliminação do risco.

30 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


◘ Uma escada com piso escorregadio apresenta um sério risco de
acidente. Este risco poderá ser eliminado com a adaptação de uma faixa
emborrachada e antiderrapante em cada degrau. Com essa medida, o risco
foi definitivamente eliminado e os trabalhadores protegidos.

• Neutralização do Risco

◘ Existem problemas que impedem a eliminação do risco existente, como


as partes móveis de uma máquina: polias, engrenagens etc. Não é possível
suprir tais partes do equipamento, o que é possível fazer é neutralizar o
risco com uma proteção coletiva (anteparos protetores).

◘ Caberá à CIPA, se não for possível a eliminação do risco, propor


equipamentos de proteção coletiva como medida de neutralização. Essas
medidas beneficiam todos os trabalhadores indistintamente, isolando o
risco do trabalhador, neutralizando o perigo na própria fonte.

◘ Outros exemplos: operações que promovem a eliminação de gases,


vapores ou poeiras devem ter um sistema de exaustão que retire estes
contaminantes do local de trabalho; uma máquina muito barulhenta deve
ser enclausurada para livrar o ambiente do ruído excessivo.

◘ Deve-se dar ênfase ao uso dos equipamentos de proteção coletivo como


forma de neutralização eficaz dos riscos existentes, conforme legislação
vigente em matéria de Segurança e Medicina do Trabalho.

◘ Quando as medidas de segurança de ordem geral – Equipamento de


Proteção Coletiva – não são eficientes para garantir a proteção contra os
riscos de acidentes e doenças profissionais, deve-se utilizar os Equipamentos
de Proteção Individual (EPI). O uso dos EPI’s neutraliza o risco, isolando o
homem do mesmo, ao contrário da Proteção Coletiva que isola o risco do
homem.

• Sinalização do Risco

◘ A sinalização do risco é o recurso que se usa quando não há alternativas


que se apliquem às duas medidas anteriores: eliminação do risco e
neutralização do risco através de proteção individual e coletiva.

◘ A sinalização deve ser usada como alerta de determinados perigos e


riscos ou em caráter temporário, enquanto tomam medidas definitivas.

◘ Por exemplo: quando o chão está molhado por algum motivo, deve-se
colocar uma placa com os dizeres “cuidado piso molhado”.

31 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


CAPÍTULO V
ATIVIDADES ATRIBUÍDAS À
CIPA
Atividades Atribuídas à CIPA
A CIPA deverá montar um plano de trabalho, planejando suas atividades no
decorrer de todo o mandato. Esse planejamento é conhecido como plano de
trabalho.

→ Plano de trabalho

O Plano de Trabalho é um cronograma em que são destacadas as atividades


da CIPA no decorrer de seu mandato, ele deve ser elaborado na primeira reunião
da CIPA. Todas as ações e atribuições da CIPA devem ser pré-estabelecidas e
seguidas conforme o plano de trabalho. Todas as ações que constarem no plano
deve ter um responsável pela execução e um prazo conforme exemplo do anexo
II presente no Manual de Rotinas do Cipeiro.

→ Reuniões Mensais

As reuniões ordinárias mensais devem seguir o calendário previamente


estabelecido na posse. Caso haja necessidade de alterar alguma data do
calendário oficial, esta condição deve ser anotada na ata de reunião.

Cabe ao Presidente da CIPA, com apoio do Vice-presidente, conduzir a


reunião da CIPA de acordo com as pautas apresentadas. Deve haver uma pauta
que contemple pelo menos:

• Acidentes de Trabalho.

• Situações de riscos identificadas.

• Verificação de pendência da última reunião.

• Demais assuntos.

O secretário da CIPA tem como atribuição fazer


o controle de presença dos cipeiros, lembrando que
aquele membro efetivo que tiver mais de 4 faltas
injustificadas, perde o mandato.

33 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


→ Inspeção de Segurança

A inspeção de segurança possibilita a determinação dos meios preventivos,


antes da ocorrência dos acidentes, estimula e preserva o interesse dos
empregados quanto à segurança, e desenvolve a mentalidade prevencionista.

As inspeções de segurança devem ocorrer trimestralmente, conforme


programado no plano de trabalho da CIPA, totalizando quatro inspeções no ano.

Etapas da investigação de segurança:

1. Observação do ambiente e dos meios de trabalho.

2. Coleta de informações.

3. Registro de dados e elaboração do relatório a partir do preenchimento dos


check list’s.

4. Apresentação nas reuniões da CIPA.

5. Encaminhamento do relatório através do Presidente da CIPA para os


departamentos responsáveis.

6. Acompanhamento da implantação das medidas recomendadas.

A inspeção de segurança deverá ocorrer dentro do horário normal de trabalho,


além de ser acompanhada preferencialmente pelo responsável da área ou por um
responsável da área de manutenção / serviços gerais. Em caso de condição de
risco grave e eminente de acidente, recomenda-se a paralisação das atividades
até regularização.

→ Campanhas de Segurança

Campanhas de segurança são eventos voltados para a educação e


sensibilização dos funcionários, transmitindo conhecimentos sobre segurança
e saúde no trabalho.

• SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho.

• Antitabagismo – cabe também à CIPA recomendar que todos os locais de


trabalho adotem medidas restritivas ao hábito de fumar.

• Acidente de Trânsito.

• Acidentes com Motocicleta.

34 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


• Outubro Rosa.

• Novembro Azul

• Saúde Mental

→ Mapas de Risco

Mapa de Risco é uma representação referente aos riscos presentes no


ambiente de trabalho. É apresentado graficamente, de acordo com o layout do
local analisado, através de círculos de cores diferentes, conforme o nível dos
riscos e as cores correspondentes a eles.

35 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


CAPÍTULO VI
MAPAS DE RISCO
Mapas de Risco
• O Que é Mapeamento de Riscos?

O Mapeamento de Risco consiste na identificação e no reconhecimento dos


riscos existentes nos diversos locais de trabalho, cuja representação gráfica é
o Mapa de Risco.

• Objetivos:

Reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação


de segurança e saúde no trabalho e na empresa. Possibilitar, durante a sua
elaboração, a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores, bem
como estimular sua participação nas atividades de prevenção.

• Legislação:

A Portaria n° 5 de 18/04/1994 da Secretaria e Segurança no Trabalho, do


Ministério do Trabalho, estabelece a obrigatoriedade da elaboração do Mapa
de Riscos Ambientais. O Mapa de Riscos será executado pela CIPA, através de
seus membros após ouvidos os trabalhadores de todos os setores produtivos
da empresa e com a colaboração dos Profissionais de Segurança e Medicina
do Trabalho.

Etapas de Elaboração
• Conhecer o processo de trabalho no local analisado.

◘ Os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e


segurança e saúde.

◘ Os instrumentos e materiais de trabalho.

◘ As atividades exercidas.

• Conhecer o ambiente:

◘ Identificar os riscos existentes no local analisado.

◘ Identificar as medidas preventivas existentes e

sua eficácia:

37 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


▫ Medidas de proteção coletiva.

▫ Medidas de organização no trabalho.

▫ Medidas de proteção individual.

▫ Medidas de conforto e higiene, banheiros, lavatórios, vestiários,


armários, e bebedouros, refeitórios, etc.

◘ Identificar os indicadores de saúde:

▫ Queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos


aos mesmos riscos.

▫ Acidentes de trabalho ocorridos.

▫ Doenças profissionais e diagnósticos.

▫ Causas mais frequentes de ausência ao trabalho.

◘ Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local.

• No mapa de riscos só deve constar os riscos considerados “inerentes” ao


processo de trabalho, ou seja, aquele que é indissociável ou muito difícil de
ser eliminado naquele processo de trabalho. (Ex.: a eletricidade é inerente ao
trabalho do eletricista, portanto é um risco que jamais poderá ser eliminado
/ operação de máquinas e equipamentos também possui riscos inerentes de
corte, prensamento, esmagamento, os quais são indissociáveis deste trabalho).

• Os riscos considerados “transitórios” não devem compor o mapa de riscos.


Risco transitório é todo e qualquer risco que não faz parte do processo de
trabalho, surgindo por alguma falha de processo ou falta de manutenção
adequada e, teoricamente, deve ser eliminado em um curto espaço
de tempo. (Ex.: tomada sem tampa ou plug / buraco no piso / falta de
iluminação / armazenamento inadequado / falta de proteção).

• Caso seja identificado riscos transitórios durante o levantamento de


mapa de riscos, um relatório deve ser feito à parte e encaminhado aos
responsáveis para providências.

Riscos Ambientais
São agentes presentes nos ambientes de trabalho capazes de afetar o
trabalhador a curto, médio e longo prazo, provocando acidentes com lesões
imediatas e/ou doenças chamadas profissionais ou do trabalho, que se equiparam
a acidentes do trabalho.

38 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Classificamos como “Riscos Ambientais” aqueles causados por agentes
químicos, físicos e biológicos. Também costumam estar presentes os agentes
ergonômicos e de acidentes.

Uma das atribuições da CIPA é a de identificar e relatar os riscos existentes


nos setores e processos de trabalho. Para isso é necessário que se conheça os
riscos que podem existir nesses setores, solicitando medidas para que possam
ser eliminados e/ou neutralizados.

TABELA DE CLASSIFICAÇÕES DOS RISCOS AMBIENTAIS


GRUPO III:
GRUPO I: GRUPO II: GRUPO IV: GRUPO IV:
MARROM
VERDE VERMELHO AMARELO Azul
Riscos
Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes
Biológicos
Esforço físico Arranjo físico
Ruídos Poeiras Vírus
intenso inadequado
Levantamento e Máquinas e
Vibrações Fumos Bactérias transporte manual equipamentos sem
de peso proteção
Ferramentas
Radiações Exigência de postura
Neblinas Protozoários inadequadas ou
ionizantes inadequada
defeituosas
Radiações
Controle rígido de
não- Neblinas Fungos Iluminação inadequada
produtividade
ionizantes
Imposição de ritmos
Frio Gases Parasitas Eletricidade
excessivos
Trabalhos em turnos Probabilidade de
Calor Vapores Bacilos
diumo e noturno incêndio ou exposão
Substâncias,
Pressões compostos ou Jornada de trabalho Armazenamento
-
anormais produtos químicos prolongada inadequado
em geral
Monotonia e
Umidade - - Animais peçonhentos
repetitividade

Outras situações Outras situações de


causadoras de risco que poderão
- - -
estresse físico e/ou contribuir para a
psíquico ocorrência de acidentes

Cada um desses tipos de agentes é responsável por diferentes riscos ambientais,


os quais devem ser observados também para elaboração do Mapa de Riscos.

Os tipos de riscos são:

• Riscos Físicos – Cor verde.

• Riscos Químicos – Cor Vermelho.

39 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


• Riscos Biológicos – Cor Marrom.

• Riscos Ergonômicos - Cor Amarelo.

• Riscos de Acidente – Cor Azul.

Levantamento dos Riscos


Esta é a etapa mais importante na elaboração do mapa de riscos, pois aqui serão
mapeados e determinados os riscos ambientais presentes no local de trabalho.

Passo 1 – Levar consigo o formulário de levantamento de riscos ambientais e


também um croqui do setor a ser avaliado. Lembrando que se não dispor de croqui,
rascunhe o layout do setor e passe para o desenho final depois.

Passo 2 – Iniciar o levantamento no setor, preenchendo o cabeçalho do formulário


de levantamento. O exemplo do formulário está abaixo (anexo III do Manual de
Rotinas de Cipeiros).

Passo 3 – Iniciar o mapeamento dos riscos, com base nas observações do setor e
entrevista dos colaboradores que trabalham no local, sendo um formulário para cada
setor. À medida que os riscos forem identificados na tabela, fazer uma marcação no
croqui ou rascunho de layout, sinalizando o local correspondente ao risco. Para esta
marcação no croqui, utilizar o número do risco apresentado na 1ª coluna (Risco)
do formulário de levantamento. Caso a tarefa tenha mais de um risco, deve ser
preenchida uma linha para cada risco no formulário, repetindo a tarefa.

Na coluna “perigo” do formulário, consultar a tabela no anexo IV do Manual


de Rotinas de Cipeiros para o enquadramento do “nível de perigo” do agente
identificado.

Nas colunas “Frequência” e “Duração”, observar a legenda na parte inferior do


formulário de levantamento.

Deve-se avaliar também as medidas preventivas atuais (se existirem) de cada


risco, verificando se são adequadas. Se não forem, a CIPA deve indicar a medida
preventiva mais adequada. De acordo com as boas práticas de prevenção, devem-
se aplicar as medidas respeitando a seguinte ordem:

1ª – Eliminação do agente causador do risco.

2ª – Substituição do agente causador do risco.

3ª – Enclausuramento do agente causador do risco.

40 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Determinação do Nível do Risco
Finalizado o mapeamento dos riscos em todos os locais de trabalho, a CIPA
deve reunir-se para discutir os levantamentos e alinhar eventuais divergências.
Analisados os dados, deve-se prosseguir com a determinação do nível de risco
(pequeno, médio ou grande) para cada agente identificado. É recomendável que
a CIPA utilize o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) vigente,
com o objetivo de validar e comparar os riscos ambientais levantados em ambos
documentos, evitando que haja informações incoerentes entre estes.

Passo 1 - Para se determinar o nível de risco é necessário entender que este


se dá pela seguinte fórmula:

R=PxE

Onde:

R – Risco

P – Perigo

E – Exposição (determinado através da matriz Frequência x Duração)

41 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Passo 2 – Com os formulários de levantamento em mãos, determinar
primeiramente qual a exposição (E). Observar quais os itens marcados na planilha
de levantamentos nas colunas “Frequência” e “Duração”. A frequência refere-se
à recorrência da atividade. A duração refere-se ao tempo que a atividade leva.
Esses itens devem ser cruzados na seguinte matriz:

O valor situado na intersecção da “Frequência” x “Duração” será o valor da


Exposição.

Onde:

Frequência:

E – Eventual (atividade não faz parte da rotina, sendo realizada na minoria


dos dias).

I – Intermitente (atividade realizada na maioria dos dias ou dias alternados).

H – Habitual (atividade realizada diariamente).

Duração:

C – Curta (inferior a 10% da jornada).

P – Parcial (entre 10% e 50% da jornada).

L – Longa (maior que 50% da jornada).

Passo 3 – Ao se determinar o valor da exposição (E) na matriz, deve-se multiplicá-


lo pelo valor identificado na coluna “Perigo”. Desta forma, R = P X E. O resultado desta
multiplicação será o nível do risco (R), o qual determinará o tamanho do círculo.

Se o “R” for:

1 a 3 – Risco Baixo (Círculo Pequeno).

4 ou 6 – Risco Médio (Círculo Médio).

8 ou 9 – Risco Alto (Círculo Grande).

42 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Representação Gráfica
Os riscos são representados por círculos de diferentes tamanhos e cores de
acordo com o seu tipo e intensidade do risco.

A revisão do mapa de riscos deve fazer parte do plano de trabalho da CIPA e


suas revisões devem ser mencionadas nas atas de reuniões ordinárias. A CIPA deve
realizar a revisão dos mapas de risco a cada nova gestão (mínimo 1 vez ao ano),
ou quando ocorrerem mudanças significativas no setor que impacte nos riscos.

Exemplo de mapa de risco

43 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


CAPÍTULO VII
INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES
Investigação de Acidentes
Toda vez que acontecer um acidente, ou um quase acidente, devemos fazer
a análise do acidente e preencher um formulário denominado Investigação de
Acidentes de Trabalho (RIA) ou o Formulário de Acidentes de Trajeto (RAT). Como
roteiro básico na investigação, podemos nos valer das seguintes perguntas:

• O que fazia o trabalhador no momento imediatamente anterior à


ocorrência?

• Como aconteceu?

• Quais foram às consequências?

• Quais as causas direta ou indiretamente para a ocorrência do acidente?

• Quando ocorreu? (Data e hora)

• Onde ocorreu? (Especificando o setor ou seção)

• Quanto tempo de experiência na função tinha o acidentado?

Responsabilidade:
• Supervisores imediatos: encaminhar o acidentado para atendimento
médico, comunicar à Segurança do Trabalho e participar da investigação.

• Médico do trabalho: atendimento médico e emissão da ficha de


Comunicação e Análise de Acidente.

• Técnico de segurança: acompanhar e coordenar a investigação e efetuar


relatório de análise juntamente com a CIPA.

• Membro da CIPA: participar da investigação e comentar a aplicação das


medidas recomendadas na reunião da CIPA.

• Empregado acidentado e testemunhas: prestar informações corretas


sobre a ocorrência;

• CIPA: discutir as ações recomendadas na Ficha de Comunicação e Análise


de Acidente.

Nota: Todos os envolvidos na investigação devem assinar a Ficha de


Comunicação e Análise de Acidente.

45 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


A prevenção de acidentes deve obedecer a um processo dinâmico e constante
que se caracteriza por ações efetivamente prevencionistas que devem ser
tomadas no sentido de evitar, eliminar, controlar ou impedir a evolução e
consolidação dos riscos no ambiente de trabalho.

Assim, a ação prevencionista correta e ideal é aquela que procura eliminar ou


minimizar as causas dos acidentes antes que eles aconteçam, proporcionando
aos trabalhadores condições eficazes de sobrevivência no exercício do trabalho.
No entanto, mesmo dentro desse sistema, os acidentes poderão ocorrer e caberá
à CIPA estudar suas causas, circunstâncias e consequências.

Análise dos Acidentes


A cuidadosa investigação de um acidente oferece elementos valiosos para
análise, que deve ser feita a fim de concluir sobre suas causas e consequências.
Tal trabalho provoca a adoção de uma série de medidas ou providências
administrativas, técnicas, psicológicas ou educativa dentro da empresa.

A CIPA deve participar dos vários aspectos relacionados com o estudo


dos acidentes, preocupando-se em analisá-los e elaborando relatórios,
registros, comunicações e sugestões entre providencias. A análise do acidente
correspondente a uma visão geral da ocorrência, e suas informações devem ser
elementos de estudo e não um simples registro burocrático.

O estudo dos acidentes não deve limitar-se àqueles considerados graves.


Pequenos acidentes podem revelar riscos grandes, acidentes sem lesão podem
transformar-se em ocorrência. A CIPA deve investir na identificação de perigos que
parecem sem gravidades, mas que poderão tornar-se fontes de acidentes graves.

A análise dos acidentes fornece dados que se acumulam e possibilitam uma


visão mais correta sobre a condições de trabalho da empresa, com indicações
sobre os tipos de acidentes mais comuns e as causas mais atuantes, medindo a
gravidade das consequências e revelando os setores que necessitam de maior
atenção da CIPA.

Considerando a dimensão das consequências do acidente (físicas,


econômicas, psicológicas, sociais, etc.) para o trabalhador e analisando de forma
real os benefícios devidos, os efetivados pela legislação, e a real perspectiva de
reabilitação profissional, reintegração social e familiar, revela-se a necessidade
de realizar com seriedade e competência a investigação e análise dos acidentes,
como trabalho prevencionista.

46 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Cuidados a Serem Tomados em uma Investigação
Antes da investigação

A CIPA deverá se reunir e buscar, de forma ordenada, todas as informações


disponíveis sobre a doença ou acidente, tais como:

• Uma avaliação do local onde ocorreu o acidente, sempre que possível antes
que as condições do local sejam alteradas.

• As funções desenvolvidas na hora do acidente.

• Dados sobre os produtos, máquinas, equipamentos ou processos ligados


direta ou indiretamente à situação objeto de análise.

• Pessoas que presenciaram o acidente e/ou o próprio doente ou acidentado


poderão fazer parte do grupo, desde que isso não cause constrangimentos.

Durante a investigação

• Respeitar a hierarquia do setor onde se procederá a investigação.

• Apresentar-se a cada envolvido, dando-lhe uma ideia dos objetivos da


investigação.

• Não comentar os depoimentos de um envolvido com outro.

• Não tornar a investigação um interrogatório, e sim uma conversa informativa.

• Solicitar aos envolvidos que apresentem sugestões para solucionar o caso.

• Não emitir opiniões próprias sobre o acidente, mas sim a opinião do grupo
da CIPA.

Depois da investigação

• Manter sigilo sobre os dados obtidos, informando apenas a CIPA e a chefia


imediata do empregado.

• Acompanhar a execução das medidas preventivas adotadas.

• Elaborar relatório de investigação.

Todo acidente traz informações úteis para aqueles que se dedicam à sua
prevenção, pois revela a existência de causas ainda não conhecidas, ou seja,
causas que permaneciam ocultas e que não haviam sido notadas. Portanto, a CIPA
deve preocupar-se em, após uma completa investigação, analisar todo e qualquer
acidente, e proceder com registros e comunicações.

47 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


A comunicação do acidente

A comunicação do acidente é obrigação prevista por lei. O acidentado, ou


quem possa fazer isso por ele, deve comunicar ao seu superior o acidente, logo
que ocorra, tenha ele se dado no local de trabalho ou não.

A empresa, por sua vez, deve fazer a comunicação do acidente dentro de


vinte quatro horas por intermédio da ficha de CAT (Comunicado de acidente
do Trabalho), ou pelo preenchimento desta ficha pela internet. A empresa pode
ser multada se não cumprir a lei. Em caso de ocorrer a morte do segurado, a
comunicação deverá ser feita também à autoridade policial. A comunicação do
acidente deve conter informações detalhadas.

Essas comunicações têm importância especial, pois somente se o fato for conhecido
é que se pode colocar em execução as medidas preventivas e corretivas, para que não
volte a ocorrer. Mesmo o mais leve acidente pessoal deve ser comunicado à chefia.

Acidentes de Trajeto

Todos os acidentes de trajeto devem ser relatados e registrados no formulário


presente no manual de acidentes e doenças do trabalho anexo IV.

Importante lembrar que para ser considerado acidente de trajeto o colaborador


deve apresentar na unidade o Boletim de Ocorrência e o atestado médico com
horário e data compatível com seu deslocamento habitual. Este formulário deve ser
preenchido pelo RH local e caso este necessite de algum apoio deve acionar a CIPA.

48 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


CAPÍTULO VIII
NOÇÕES BÁSICAS DE
PRIMEIROS SOCORROS
Noções Básicas de Primeiros
Socorros
Conceito: De acordo com a Federação Internacional das Sociedades da Cruz
Vermelha, define-se os primeiros socorros como a prestação e assistência médica
imediata a uma pessoa doente ou ferida até à chegada de ajuda profissional.

Lembre-se: os primeiros socorros deverão ser realizados por um brigadista


da unidade treinado ou profissional qualificado, a CIPA é um apoio ao time da
brigada e ao SESMT.

Precauções Importantes:

• Toda vítima deverá ser considerada como alto potencial de fonte de


contaminação.

• Sempre utilizar os EPI’s quando houver a possibilidade de contato com


algum fluído do paciente, como sangue, secreções, saliva, suco gástrico.

• Avaliar o ambiente verificando se está seguro ANTES de iniciar o resgate da


vítima, não colocando sua própria vida em perigo.

A pessoa que está prestando os primeiros socorros deve seguir um plano de


ação baseando-se no P.A.S. que são as três letras iniciais a partir das quais se
desenvolvem todas as medidas técnicas e práticas de primeiros socorros.

• Prevenir - afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo.

• Alertar - contatar o atendimento emergencial informando o tipo de


acidente, o local, o número de vítimas e o seu estado.

• Socorrer - após as avaliações dos sinais vitais e solicitação de apoio.

50 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Objetivo deste capítulo
Compreender noções importantes sobre primeiros socorros, quando e como
aplicar técnicas que podem salvar vidas e seu papel enquanto cipeiro no time
em resposta às emergências da sua unidade.

O que são primeiros socorros?


• Atendimento imediato a uma pessoa acometida de mal súbito, trauma
ou ameaça a vida, até a chegada de apoio da Brigada, do SESMT (Serviço
Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho) ou apoio de equipes
externas de emergência (SAMU/Bombeiros).

• Vítima: dano físico, doença ou apoio psicológico.

• Acidentes, lesões, queimaduras, sangramento ou males súbitos como por


exemplo, ataque cardíaco, desmaio, convulsões e outras situações.

Qual é o melhor primeiros socorros?


• Não deixar que um acidente ocorra!

• Atuar na prevenção de forma efetiva;

• Observar riscos;

• Reportar problemas;

• Propor melhorias;

Aspectos legais nos primeiros socorros


• Sempre peça ajuda Acione a Brigada da unidade, SESMT Local, Bombeiros
ou SAMU. Informara emergência é o primeiro passo;

• Fique com a vítima até chegada de ajuda. Não abandone a vítima, fique
com ela até chegada da solicitada;

• Nunca aplique técnicas sem ter recebido treinamento. Não se arrisque


para tentar salvar alguém. Aplique somente técnicas para as quais você
foi treinado;

51 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Precauções Importantes:

• Toda vítima deverá ser considerada como alto potencial de fonte de


contaminação.

• Sempre utilizar os EPI’s quando houver a possibilidade de contato com


algum fluído do paciente, como sangue, secreções, saliva, suco gástrico.

• Avaliar o ambiente verificando se está seguro ANTES de iniciar o resgate da


vítima, não colocando sua própria vida em perigo.

• Acione a Brigada;

• Afaste os curiosos;

• Ajude a garantir a segurança da cena;

• Busque os equipamentos de primeiros socorros: prancha, cadeira de rodas,


kit de primeiros socorros e DEA;

• Não permita que alunos, visitantes e outras pessoas fotografem ou filmem


a vítima;

Avaliação da vítima
• Peça ajuda da Brigada da unidade, SESMT, SAMU ou Bombeiros;

• Avalie se a cena está segura;

• Toque nos ombros e pergunte: “-Posso ajudar?”

• Avalie se a vítima respira normalmente;

• Procure por sangramentos graves;

• Atenda condições que ameaçam a vidada vítima;

Condições de ameaça a vida


•Problemas no cérebro (Ex: Inconsciência)

•Problemas no coração (Ex: Parada cardíaca, sangramentos graves)

•Problemas no pulmão (Ex: Parada respiratória ou dificuldade para respirar)

•Primeiros Socorros serão aplicados quando a vítima não tem ameaça a vida;

52 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


• SBV –Suporte Básico de Vida é o conjunto de técnicas aplicadas às vítimas
em situações de ameaça a vida, onde utilizamos RCP (Ressucitação
Cardiopulmonar) e DEA (Desfibrilador Externo Automático).

Sangramentos Nasais
• Colocar a vítima sentada, com a cabeça ligeiramente voltada para trás, e
apertar-lhe as narinas durante cinco minutos.

• Caso a hemorragia não ceda, comprimir externamente o lado da narina


que está sangrando e colocar um pano ou toalha fria sobre o nariz. Se
possível, usar um saco com gelo.

• Encaminhar para atendimento hospitalar.

Hemorragias
• Hemorragias externas: sangramento grave que, se ininterrupto, causa
estado de choque, seguido de morte.

O QUE FAZER:

- Aplicar um curativo sobre o ferimento e exercer pressão firme, com a palma


da mão e os dedos de forma contínua e uniforme.

- Ajude a manter o ferimento cheio de sangue até formar um coágulo.

- Manter a região que sangra em posição mais elevada que o resto do corpo.

• Hemorragias internas:

SINTOMAS:

- Pulso fraco e rápido.

- Pele fria.

- Sudorese (transpiração abundante).

- Palidez acentuada.

- Sede intensa.

- Calafrios.

- Tonturas.

53 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Aplique compressa gelada no ponto que a vítima foi atingida (possível local da
hemorragia) e, encaminhe-a imediatamente a um hospital.

Estado de Choque
É a falência do sistema cardiocirculatório devido a causas variadas,
proporcionando uma inadequada perfusão e oxigenação dos tecidos.

CAUSAS:

• Choque elétrico.

• Queimaduras extensas.

• Envenenamento.

• Emoção violenta.

• Exposição extrema e simultânea ao frio e ao calor.

• Hemorragias.

SINTOMAS:

• Pele fria e pegajosa.

• Sudorese na testa e palma da mão,

• Face pálida.

• Sensação de frio, tremores, náuseas e vômitos.

• Respiração curta, rápida e irregular.

• Pulso rápido e fraco.

• Inconsciência total ou parcial.

O QUE FAZER:

• Mantenha a vítima deitada, com as pernas mais altas que o restante do corpo.

• Retire da boca objetos soltos (dentaduras, goma de mascar).

• Mantenha a cabeça da vítima para lado em caso de vômito.

• Mantenha a vítima agasalhada.

54 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Choque Elétrico
É a passagem de corrente elétrica pelo corpo quando em contato com partes
energizadas.

O QUE FAZER:

• Interromper imediatamente o contato da vítima com a corrente elétrica,


utilizando luvas isolantes de borracha de acordo ou cabo/pedaço de
madeira.

• Certificar-se de estar pisando em chão seco, se


não estiver usando botas com solado isolante.

• Aplicar as condutas preconizadas para parada


cardiorrespiratória, queimaduras e lesões
traumáticas.

• Encaminhar para atendimento hospitalar.

Convulsão
Perda súbita da consciência acompanhada de contrações musculares bruscas
e involuntárias, conhecida popularmente como “ataque”. Causas variadas:
epilepsia, febre alta, traumatismo craniano, etc.

SINTOMAS:

• Perda súbita de consciência.

• Queda desamparada.

• Contratura desordenada da musculatura.

• Salivação abundante.

• Às vezes há ocorrência de fezes e urina, pelo relaxamento dos esfíncteres.

• OBS: Segurar cabeça para não bater, colocar lenço na boca para não
morder a língua.

• NUNCA COLOCAR O DEDO NA BOCA.

55 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Queimaduras
As queimaduras são lesões produzidas pelo excesso de calor, eletricidade ou
produtos químicos (ácidos, bases).

Classificação: Podem ser de 1º, 2º e 3º graus e são tanto mais graves quanto
mais extensas as áreas do corpo atingidas.

Tratamento:

• Cobrir o local queimado com gaze.

• Se a queimadura for produzida por embebeçam da roupa com ácidos ou


bases, retirá-la, imediatamente, e lavar com água corrente a superfície
atingida.

• Nunca usar no local queimado qualquer “remédio caseiro”.

• Não perfurar bolhas.

• Encaminhar para avaliação médica.

Fraturas
Em caso de fraturas, o primeiro socorro consiste apenas em impedir o deslocamento
das partes quebradas para se evitar maiores danos.
Características:
• Fraturas fechadas: quando o osso se quebrou, mas a pele não foi perfurada.
• Fraturas expostas: quando o osso está quebrado e a pele rompida.
Providências:
• Nas fraturas fechadas:
→ Manter o membro acidentado na posição em que foi encontrado,
procurando não corrigir desvios.
→ Colocar talas sustentando o membro atingido, de forma
que estas tenham comprimento suficiente para ultrapassar
as juntas acima e abaixo da fratura.
→ Qualquer material rígido pode ser empregado como tala
(tábua, papelão, vareta de metal, revista ou jornal dobrado).

56 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


→ Usar panos ou material macio para acolchoar as talas, a fim de evitar danos
a pele.
→ Amarrar as talas com ataduras ou tiras de pano, não muito apertadas, na
extremidade da junta abaixo da fratura e na extremidade da junta acima da
fratura.
• Nas fraturas expostas:
→ Colocar uma gaze, um lenço ou um pano limpo sobre o ferimento.
→ Fixar firmemente o curativo no lugar, utilizando-se para isso, de uma gravata,
tira de pano, etc.
→ No caso de hemorragia grave siga as instruções vistas anteriormente.
→ Manter a vítima deitada.
→ Aplicar talas, conforme descrito para as fraturas fechadas, sem tentar puxar
o membro ou fazê-lo voltar a sua posição natural.
→ Transportar a vítima para um médico ou hospital, conforme instruções
anteriores, após a fratura ter sido imobilizada.

Acidente Vascular Cerebral (AVC)


O acidente vascular cerebral, ou derrame cerebral, ocorre quando há um
entupimento ou o rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro provocando
a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea adequada.

SINTOMAS

• Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado do


corpo.

• Alteração súbita da sensibilidade com sensação de formigamento.

• Perda súbita de visão num olho ou nos dois olhos.

• Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular, expressar ou


para compreender a linguagem.

• Dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente.

• Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio associado a náuseas ou


vômitos.

Em caso de AVC, a vítima deverá ser encaminhada o quanto antes para


atendimento médico especializado, pois o socorre eficaz e em curto espaço de
tempo minimiza as chances de sequelas.

57 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Picadas de Animais Peçonhentos

O que fazer:

• Limpe o local da lesão com água corrente e sabão.

• NÃO usar garrotes, gelo, punção ou cortes no


local.

• Encaminhar o paciente ao médico imediatamente,


e se possível levar o animal para identificação.

Parada Cardiorrespiratória
É a interrupção da circulação sanguínea que ocorre em consequência
da interrupção súbita e inesperada dos batimentos cardíacos. A parada
cardiorrespiratória leva à morte no período de 3 a 5 minutos.

SINAIS E SINTOMAS

• Dor no peito.

• Suor excessivo.

• Palpitações.

• Tontura.

• Escurecimento da visão.

• Desmaios.

• Ausência de movimentos respiratórios e batimentos cardíacos.

O QUE FAZER:

• Localize o coração, mova o dedo indicador na direção da garganta até o


esterno (osso situado entre um peito e outro).

• Coloque a palma da sua mão sobre o osso esterno e sua outra mão sobre
a primeira. Os dedos não devem tocar as costelas.

• Comprima o esterno, fazendo pressão suficiente para fazê-lo baixar


mais ou menos 5 centímetros. Após cada compressão, relaxe a mão sem
removê-la, para permitir a expansão do peito da vítima.

58 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Doenças sexualmente transmissíveis (DST)
• AIDS

A AIDS é uma doença que surgiu em meados de 1982 na cidade de São


Francisco, nos Estados Unidos, e ataca o sistema imunológico do indivíduo.
Carregada de preconceitos e sem cura, considerada uma doença contraída por
homossexuais e drogados, vitimou centenas de milhares de pessoas na medida
em que se espalhou pelo mundo.

Em 1985, uma portaria emitida pelo Ministério da Saúde, em conjunto com o


Ministério do Trabalho, atribuiu às CIPA’s das empresas a tarefa de realizar uma
campanha, no âmbito interno das empresas, de prevenção da AIDS. Desde então
essa campanha vem sendo desenvolvida pelas CIPA’s nas empresas através de
palestras, aulas e outras formas que buscam a conscientização de todos em
relação ao uso de preservativos nas relações sexuais e cuidados com uso comum
de seringas descartáveis para aqueles que usam drogas injetáveis.

Trinta anos se passaram e ainda não existe cura para a AIDS. A mortalidade
daqueles que contraíram a doença diminuiu consideravelmente em razão de
tratamentos desenvolvidos nessas décadas de existência da doença sem uma
cura definitiva da doença.

COMO SE TRANSMITE

• Contato sexual (homossexuais e heterossexuais).

• Uso de agulhas e acessórios contaminados (drogas injetáveis).

59 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


• Transfusão sanguínea ou hemoderivados.

• Mãe contaminada >> feto, recém-nascido, durante a gestação, parto e


aleitamento.

COMO NÃO SE TRANSMITE

• Em reuniões com amigos.

• Cumprimentando.

• Em ônibus.

• Em bebedouros.

• Em sanitários.

• Em salas de aulas.

• Em telefones públicos.

• Em utensílios domésticos.

• Em piscinas.

PREVENÇÃO:

• Reduzir o número de parceiros sexuais.

• Não usar drogas injetáveis.

• Usar preservativos.

• Para transfusão exigir sangue testado.

60 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


CAPÍTULO IX
NOÇÕES SOBRE INCÊNDIO
Noções sobre Incêndio
A brigada de combate a incêndio, juntamente com a CIPA, é uma organização
interna formada por empregados da empresa, treinada para atuar com rapidez e
eficiência em princípios de incêndio.

Recomendações Gerais
• Levar consigo os visitantes que estiverem em seu local de trabalho.

• Deixar a rua e as entradas livres para a ação dos bombeiros e do pessoal de


socorro médico.

• Ir para o local pré-determinado pela brigada (Ponto de Encontro) e aguardar


novas instruções.

→ Em locais com mais de um pavimento:

• Nunca utilizar o elevador.

• Não subir, procurar sempre descer.

• Ao utilizar as escadas de emergência, descer sempre utilizando o lado


direito da escada.

Elementos que Compõem o Fogo


O fogo é uma reação química que gera luz e calor. Para que exista fogo é
necessário a combinação de 4 elementos:

• Combustível: é todo elemento capaz de queimar (tudo que queima),


serve de propagação do fogo e compreende todo tipo de material que se
possa imaginar. Os combustíveis podem ser encontrados no estado sólido,
líquido e gasoso.

Ex.: Sólido: madeira, papel, tecidos, borracha, carvão.

Líquidos: gasolina, álcool, éter, benzina, tintas.

Gasosos: metano, propano, acetileno, gás.

• Calor: é o elemento que dá início a queima, que mantém o incêndio e


incentiva sua propagação.

62 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


• (Comburente) oxigênio: está presente em todos os lugares; é o ar que
respiramos, é o elemento que alimenta e intensifica a combustão. O
oxigênio é encontrado em nossa atmosfera terrestre em 21% e para existir
fogo são necessários apenas 16% de oxigênio.

• Reação em cadeia: é o elemento que forma o quadrado ou tetraedro do


fogo. Trata-se de um fenômeno químico da combustão – uma reação
que se processa em cadeia, que após a partida inicial é mantida pelo calor
produzido durante o processamento da reação.

Propagação do Fogo
O fogo pode se propagar:

• Pelo contato da chama em outros combustíveis.

• Através do deslocamento de partículas incandescentes.

• Pela ação do calor, que é uma forma de energia produzida pela combustão
ou originada do atrito dos corpos. Ele se propaga por três processos de
transmissão:

◘ Condução: É a forma pela qual se transmite o calor através do próprio


material, de molécula a molécula ou de corpo a corpo. Ex: Uma barra
de metal aquecida em uma de suas extremidades, com o passar do
tempo a outra extremidade também estará quente, o que ocorreu foi
a transmissão por condução, o calor caminhou pela barra em razão do
metal ser um bom condutor de calor.

◘ Convecção: É quando o calor se transmite através de uma massa de


ar aquecida, que se desloca do local em chamas, levando para outros
locais quantidade de calor suficiente para que os materiais combustíveis
aí existentes atinjam seu ponto de combustão, originando outro foco
de fogo.

◘ Irradiação: É quando o calor se transmite por ondas caloríficas através


do espaço, sem utilizar qualquer meio material.

63 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Classes de Incêndio
Os incêndios são classificados de acordo com as características dos seus
combustíveis. Somente com o conhecimento da natureza do material que está
sendo queimado é que pode-se descobrir o melhor método para uma extinção
rápida e segura.

Classe A

• Caracteriza-se por fogo em materiais sólidos madeira, plástico, papel, tecido.

• Queimam em superfície e profundidade.

• Após a queima, deixam resíduos, brasas e cinzas.

• Esse tipo de incêndio é extinto principalmente pelo método de resfriamento,


e às vezes por abafamento através de jato pulverizado.

Classe B

• Caracteriza-se por fogo em combustíveis líquidos inflamáveis.

• Queimam em superfície.

• Após a queima, não deixam resíduos.

• Esse tipo de incêndio é extinto pelo método de abafamento.

64 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Classe C

• Caracteriza-se por fogo em materiais/equipamentos energizados (geralmente


equipamentos elétricos).

• A extinção só pode ser realizada com agente extintor não condutor de


eletricidade, nunca com extintores de água ou espuma.

• O primeiro passo num incêndio de classe C é desligar o quadro de força, pois


assim ele se tornará um incêndio de classe A ou B.

Classe D

• Caracteriza-se por fogo em metais pirofóricos (alumínio, antimônio, magnésio).

• São difíceis de serem apagados.

• Esse tipo de incêndio é extinto pelo método de abafamento.

• Não devem ser utilizados extintores de água ou espuma para extinção do fogo.

Métodos de Extinção
• Retirada e Isolamento Material: consiste na retirada ou isolamento do
combustível, pois se este faltar não haverá substância para queimar.

• Resfriamento: consiste na retirada de calor, pois se faltar o calor não haverá


combustão.

• Abafamento: consiste na eliminação do oxigênio na reação, pois se faltar


o comburente (oxigênio), a ação estará incompleta.

Tipos de Equipamentos de Combate à Incêndio


Os mais utilizados são:
• Extintores.
• Hidrantes.
• Chuveiros automáticos ou outros.

Extintores
É um aparelho que contém um agente extintor (produto cuja ação provoca
a extinção do fogo) em seu interior, que pode ser projetado ou dirigido sobre um
incêndio por ação de uma pressão interna. Tem a finalidade de apagar o fogo em sua
fase inicial (princípio de incêndio), sendo operado manualmente.

65 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


• Extintor tipo espuma (indicado fogo classe A e B): seu funcionamento ocorre
pela reação química entre duas substâncias (sulfato de alumínio e bicarbonato de
sódio dissolvidos em água), bastando, para isso, inverter a posição do aparelho.

• Extintor água pressurizada (indicado fogo classe A): o agente extintor é a água.
Há dois tipos comerciais:

◘ COM PRESSÃO PERMANENTE (pressurizado): é um cilindro com água sob


pressão, cuja carga é controlada através do manômetro do qual é provido.
O manuseio é simples. O operador deve aproximar-se até uma distância
conveniente, retirar o pino de segurança e, dirigir o jato de água para a base
do fogo.

◘ COM PRESSÃO INJETADA (a pressurizar): há uma ampola de gás externa


e, uma vez aberta a válvula da referida ampola, o gás liberado, pressionando
a água.

• Extintor de gás carbônico CO² (Indicado fogo classe B e C): ao ser acionado
o gatilho, o gás passa por uma válvula num forte jato. No combate com
extintor de CO2, o operador deverá aproximar-se o máximo possível do fogo,
devido ao curto alcance do jato desse aparelho. Ideal para equipamentos
delicados (pois não deixa resíduo).

• Extintor de Pó Químico Seco – PQS (Indicado fogo classe B, C e D): podem


ser sob pressão permanente ou injetada. São mais eficientes que os de gás
carbônico, mas deixam poeiras em suspensão e resíduos.

Sinalização dos Extintores

• Os locais destinados aos extintores devem ser assinalados por um quadrado


vermelho no piso.

• Nos casos onde houver dificuldades de visualização imediata dos extintores


devem ser colocadas, em locais visíveis, setas vermelhas indicando sua
localização exata.

• Deve ser pintado de vermelho uma área de 1x1m² no piso localizado em baixo
do extintor a qual não deve ser obstruída de forma nenhuma.

• Sistema de proteção por hidrantes, chuveiros automáticos e outros devem ser


estudados dentro de projetos de engenharia. A água para incêndio deve ser
exclusiva, e guardada em reservatórios especiais para essa utilização.

Os extintores devem ser inspecionados mensalmente e recarregados anualmente


por uma empresa credenciada ao corpo de bombeiros. Caso algum extintor seja
identificado descarregado deve-se informar imediatamente o responsável da unidade
para que seja realizado a troca do equipamento.

66 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Sistemas de Hidrantes
São terminais das tubulações, que permitem a captação da água através de
mangueira e controlados por válvulas (registros). Os hidrantes podem ser de
tipos diferentes, de acordo com as necessidades dos locais. Em cada caixa de
mangueiras deve haver dois lances de 15m de mangueira de 21/2 polegadas,
duas chaves de conexão, uma chave para válvula, dois esguichos de jato pleno
ou sólido, podendo ser também esguicho tipo neblina.

O abastecimento de água poderá ser por gravidade ou através de bombas que


sugam água de cisternas ou de lagos. As instalações hidráulicas são recursos
que as equipes de combate ao fogo, por ocasião dos acidentes dispõe, para
possibilitar o controle da situação. São dois os tipos principais:

• As automáticas: que são acionadas por sensores (detectores de fumaça),


termostatos (temperatura), sprinklers.

• Instalações sob comando ou manuais: são aquelas que necessitam de


equipes treinadas para, no momento da ocorrência, montar os dispositivos
de combate ao fogo.

Sistema de Iluminação de Emergência


Sistema automático com a finalidade de iluminar ambientes e vias de fuga,
sempre que houver interrupção do suprimento normal de energia elétrica da
edificação, para facilitar a saída ou abandono seguro de pessoas do local, em
situação de emergência.

67 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Sistema de Alarme de Incêndio
Dispositivo elétrico destinado a produzir sons de alerta aos ocupantes de
uma edificação, em situação emergencial ou sinistro.

Saída de Emergência
Caminho desobstruído, devidamente protegido e sinalizado, a ser
percorrido pelo usuário de uma edificação em caso de incêndio, até atingir a via
pública ou espaço aberto, ficando em local seguro.

Como Evitar um Incêndio


O primeiro passo para se prevenir um incêndio é:

• Armazenagem adequada de materiais combustíveis e inflamáveis.

• Cuidados com instalações elétricas.

• Instalação de para-raios.

• Manter ordem e limpeza.

• Cuidado com fumantes e cinzas e cigarros acesos.

• Riscos de faíscas e fagulhas.

68 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


CAPÍTULO X
SAÚDE MENTAL
Atualmente no século XXI, as doenças mentais têm se destacado em relação
as doenças físicas.

Saúde mental refere-se a um bem-estar no qual o indivíduo desenvolve suas


habilidades pessoais, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma
produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para sua comunidade.

Transtorno mental é uma grande variedade de condições que afetam humor,


raciocínio e comportamento, por exemplo: a ansiedade, depressão, síndrome
de burnout.

Doença mental é um distúrbio mental, comportamental ou emocional


(excluindo transtornos do desenvolvimento) que resulta em grave
comprometimento funcional, que interfere substancialmente ou limita uma ou
mais atividades importantes da vida, por exemplo, a esquizofrenia.

A doença mental é tratável.  A maioria dos indivíduos com transtorno ou


doença mental continuam a funcionar normalmente em suas vidas diárias.

Caso seja observado algum caso, oriente ao colaborador que procure por
ajuda. Informe o time de SESMT e o responsável de sua unidade para suporte.

Saúde e Segurança é responsabilidade de todos nós!

70 MANUAL | FORMAÇÃO DE CIPEIROS


Referências
AGEITEC. Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. Ministério do Trabalho e
Emprego. Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. Disponível em: <https://
www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Portaria+n.+25+SSST+MTb+29+
dezembro+1994+Aprova+a+NR+9+sobre+o+Programa+de+Prevencao+e+ri
scos+ambientais_000gvpl14yq02wx7ha0g934vgrnn5ero.PDF>. Acesso em: 20
abr. 2017.

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de Maio de 1943. Aprova a Consolidação


das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 20 abr. 2017.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso em: 20 abr. 2017.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. Disponível em: <http://www.


corpodebombeiros.sp.gov.br/>. Acesso em: 20 abr. 2017.

GUIA TRABALHISTA. Norma Regulamentadora NR 05. Disponível em: <http://


www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr5.htm>. Acesso em: 20 abr. 2017.

GUIA TRABALHISTA. Norma Regulamentadora NR 06. Disponível em: <http://


www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm>. Acesso em: 20 abr. 2017.

GUIA TRABALHISTA. Norma Regulamentadora NR 23. Disponível em: <http://


www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr23.htm>. Acesso em: 20 abr. 2017.

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