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Evolução histórica da Segurança e Saúde Ocupacional no Brasil

No Brasil, utilizou-se a mão de obra escrava na mineração e agricultura até o século XIX(19),
não havendo muitos registros sobre saúde e segurança relacionados ao trabalho desta época.

O surgimento da industrialização no país aconteceu no final do século XIX, basicamente no Rio


de Janeiro e São Paulo, com grande semelhança ao processo de industrialização na Inglaterra.

Assim como na Europa, o Brasil presenciou, no momento da sua industrialização, as más


condições de trabalho, jornada longa sem a remuneração adequada, a contratação da mão
de obra feminina e infantil e a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.

Os ambientes eram mal iluminados, sem ventilação e não dispunham de instalações sanitárias.
Uma das justificativas para tal fato foi o de que as indústrias aqui montadas haviam sido
transferidas da Europa, e no Brasil não havia tradição de trabalho livre, logo era mais difícil
cobrar melhores condições de trabalho aos empregadores. Nem o trabalhador nem o
empregador conheciam outra prática no trato com a força de trabalho que não fosse a
chibata.

Em 1912, constitui-se a Confederação Brasileira do Trabalho (CBT) durante o 4º Congresso


Operário Brasileiro. A CBT tinha como finalidade promover um programa de reivindicações
operárias, tais como:

 Jornada de trabalho de oito horas.


 Semanas de trabalho com seis dias.
 Construção de casas para operários.
 Indenização para acidentes de trabalho.
 Limitação da jornada de trabalho para mulheres e crianças.
 Pagamento de seguro para casos de doenças e velhice
 Estabelecimento de salário-mínimo.

Em 1918, Venceslau Braz Gomes, presidente do Brasil, cria através do Decreto nº 3.550 o
Departamento Nacional do Trabalho, com o objetivo de regulamentar a organização do
Trabalho. Em 1919, com o Decreto Legislativo nº 3.724, foi instituída a reparação em casos de
doença contraída pelo exercício do trabalho. O Decreto é conhecido como a primeira lei sobre
acidentes de trabalho.
A Lei Eloy Chaves (Decreto nº 4.688, 24/01/1923), com a criação da Caixa de Aposentadoria e
Pensões para os empregados de empresas ferroviárias, consolidou a base do sistema
previdenciário brasileiro. Também em 1923, foi criada a Inspetoria de Higiene Industrial e
Profissional, junto ao Departamento Nacional de Saúde, no Ministério do Interior e Justiça.

Em 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. E em 1934, introduz-se a


Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, no Departamento Nacional do Trabalho, do
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Ainda em 1934 foi decretada a segunda Lei de
Acidentes do Trabalho (Decreto nº 24.637, 10/07/1934). Em 1938, a Inspetoria foi
transformada em Serviços de Higiene do Trabalho e Divisão de Higiene e Segurança do
Trabalho, em 1942.

Foi fundada, em 1941, no Rio de


A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS É A
Janeiro, a Associação Brasileira para
Prevenção de Acidentes (ABPA) e, UNIFICAÇÃO DE TODA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA QUE
em 1943, é aprovada EXISTIA NO BRASIL ATÉ O MOMENTO DA SUA
a Consolidação das Leis do APROVAÇÃO. EM 1944, O DECRETO-LEI Nº 7.036,
Trabalho-CLT (Decreto-Lei nº 5.452, 10/11/1944 PROMOVEU A REFORMULAÇÃO DA LEI DE
01/05/1943), elaborada pelo ACIDENTES DE TRABALHO. EMPRESAS COM MAIS DE 100
Ministério do Trabalho, Indústria e FUNCIONÁRIOS DEVERIAM CONSTITUIR UMA COMISSÃO
Comércio, o qual elaborou também
INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) BASEADA
o primeiro projeto de consolidação
das Leis da Previdência Social.
NA RECOMENDAÇÃO 112 DA OIT. A LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA FOI EXPRESSA NO CAPÍTULO V DA CLT.

Em 1953, instituiu-se a Semana de Prevenção de Acidentes de Trabalho/SPTA (Decreto-Lei nº


34715, 27/11/1953), a ser realizada na 4ª semana de novembro de cada ano, e em 1960, a
Portaria 319, de 30/12/60, regulamenta o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI).

Na década de 1960, devido ao aumento dos registros de adoecimento e acidentes relacionados


ao trabalho, o governo brasileiro convidou técnicos da OIT para uma avaliação das condições
de segurança e higiene do trabalho em algumas indústrias brasileiras. Ao final da atividade, os
técnicos apontaram a necessidade da construção de um centro de investigação sobre
segurança, higiene e Medicina do Trabalho com o intuito de criarem estratégias para a
proteção física dos trabalhadores.

Após a criação de um grupo de trabalho com representantes de várias instituições nacionais e


acompanhada pela OIT, em 1966 era criada a Fundação Centro Nacional de Segurança,
Higiene e Medicina do Trabalho (Fundacentro), posteriormente conhecida como Fundação
Jorge Duprat Figueiredo.
Durante a década de 1980, surgiram outros centros de estudo sobre saúde e segurança do
trabalhador. Com a Constituição Federal de 1988, ampliaram-se atribuições e
responsabilidades dos estados e municípios na área da Saúde e Segurança do empregado, de
maneira que os Centros de Referência de Saúde do Trabalhador Estaduais e as Vigilâncias
Sanitárias passaram a ter competências para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS).

PARA A INSERÇÃO NO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO,


O BRASIL ADOTOU, NO CONTEXTO DO PROGRAMA
NACIONAL DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE,
AS NORMAS ISO SÉRIE 9000, QUE INTRODUZIRAM
UMA VISÃO SISTÊMICA DE GERENCIAMENTO DA
QUALIDADE E QUE SE EXPANDIRAM EM VÁRIAS
ÁREAS NAS EMPRESAS, INCLUINDO, MUITAS VEZES, A
DA SAÚDE E SEGURANÇA.

Por extensão à área da Qualidade e por serem compatíveis entre si, outras normas começaram
a ser adotadas, como a série ISO 14000, para gerenciamento do ambiente, e a norma britânica
BS 8800, para sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho.

Em 2002, por meio da Portaria nº 365, de 12/09/2002, o Ministério do Trabalho e Emprego


instituiu a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, com o objetivo prioritário
de viabilizar a elaboração do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao
Adolescente Trabalhador.
O primeiro Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo foi publicado em 2003. Já em
17 de abril de 2008, o segundo Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo é
aprovado, introduzindo modificações que decorrem de uma reflexão permanente sobre as
distintas frentes de luta contra a violação dos Direitos Humanos.

O Ministério do Trabalho e Emprego lançou, em 22 de maio de 2014, o Plano Nacional de


Combate à Informalidade dos Trabalhadores Empregados, tendo como um dos objetivos
instigar a formalização do trabalho assalariado aos trabalhadores informais da iniciativa
privada no Brasil e, como consequência, obtendo a proteção social do trabalhador e a
promoção da justiça fiscal entre os empregadores.

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