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Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Introdução à Ergonomia e
Segurança no Trabalho
• Segurança Industrial;
• O Mundo do Trabalho;
• Conceito de Ergonomia;
• Origem da Ergonomia;
• Os Precursores da Ergonomia;
• A Ergonomia, do Taylorismo até os Dias de Hoje;
• Campos de Atuação para o Profissional da Ergonomia.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Apreender o conceito de segurança e ergonomia, sua origem, objetivos básicos,
seus precursores e sua evolução.
UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Contextualização
No Brasil, a preocupação com a saúde, segurança e ergonomia nos locais de trabalho
vem se destacando na sociedade moderna e isso se dá pelo fato de crescer diariamente o
número de acidentes e doenças relacionadas às atividades produtivas nos mais variados
campos de trabalho.
A segurança no trabalho surge, então, como um campo que visa subsidiar constantes
transformações de processos no ambiente de trabalho, no maquinário, nas ferramentas e
nos produtos que são utilizados nas diferentes atividades laborais no decorrer da história,
tendo como característica o aumento da qualidade de vida aos trabalhadores durante
suas jornadas de trabalho.
Essa área atende o trabalhador desde o ingresso na empresa, com os exames admis-
sionais, até o término de seu contrato de trabalho, com os exames demissionais, além
de intervenções que visam empoderar o trabalhador frente aos cuidados com sua saúde
durante sua vida laboral.
Tavares (2009, p. 16 e 17) destaca que diversos são os fatores que se relacionam à
implantação de programas de segurança e saúde do trabalho nos espaços organizacio-
nais, dentre eles a autora aponta:
• Aspectos sociais: O ônus pelo acidente do trabalho reflete-se em toda a nação; é
ela que paga, através da arrecadação de impostos, ao incapacitado ou à família da
vítima de um acidente fatal o seguro social a que tem direito. É expressivo o número
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de brasileiros aposentados por invalidez, que ficam à espera apenas do seu irrisório
salário, quando poderiam estar produzindo e, consequentemente, contribuindo para
o desenvolvimento do país;
• Aspectos humanos: Embora não se possa representar em números, o aspecto
humano é o mais importante, pois não há dinheiro que pague o preço de uma
vida, assim como não há indenização que corresponda ao valor de uma mão, de
um braço ou de qualquer parte do corpo mutilada em um acidente. Não dá para
mensurar o significado para os familiares de um indivíduo que saiu para trabalhar
e não voltou vítima de um acidente de trabalho que poderia ter sido evitado. Outro
fator não quantificável são os traumas que um acidente acarreta para os compa-
nheiros do acidentado;
• Aspectos econômicos: A queda na produção de uma empresa e da nação como
um todo, decorrente de acidentes de trabalho, é um aspecto que deve ser conside-
rado, pois, além do custo final dos produtos, o acidente acarreta gastos com aten-
dimento médico, transporte, remédios, indenizações, pensões etc.
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Segurança Industrial
A história dos acidentes industriais é dolorosa com muitas perdas materiais, ambien-
tais e humanas, mas as oportunidades de ações de prevenção foram desenvolvidas para
que não ocorressem os acidentes de processo similares, é se apoiou, inicialmente, sobre
uma concepção técnica: o trabalho dos engenheiros permitiu preservar a integridade
das instalações em situações não habituais (DANIELLOU et al., 2010).
Segundo Daniellou et al. (2010, p. 3):
1960 – 1980
Engenharia e Qualidade
Integridade das Instalações 1980 – 2000
Taxas de Acidentes
Tempo
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do sistema, e por isso seu papel é fundamental para enfrentar essas situações. Mas no
meio ambiente de trabalho vão ocorrer, na produção, situações que não foram anteci-
padas, observadas, identificadas etc. E a resposta do sistema para essas situações vai
depender dos recursos locais das equipes e do gerenciamento disponível em tempo real
(DANIELLOU et al., 2010).
As equipes de segurança precisam conhecer a resiliência de um sistema, uma vez
que têm:
Segurança Segurança
Normatizada:
Prever o melhor
possível
+ em Ação:
Presença diante
do imprevisto
= Segurança
Industrial
O Mundo do Trabalho
Um dos principais objetivos no mundo de hoje é a produção máxima com custo mí-
nimo. Isso vale tanto para os países subdesenvolvidos que buscam de alguma maneira
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alternativas que possam melhorar seus custos para, eventualmente, alcançar o cresci-
mento quanto para os países desenvolvidos que buscam o controle econômico, deixando
de lado, muitas vezes, o bem-estar do ser humano, sendo necessário que exista algo que
possa tratar da sua segurança.
Conceito de Ergonomia
O conceito de Ergonomia está relacionado à concepção do trabalho, de todo tipo de
trabalho, e remonta à história do homem na Terra – a primeira definição de trabalho
conhecida está nas Sagradas Escrituras, em Gênesis 3: 17 p, 19:
Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra por tua
causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do rosto
comerás teu pão, até que tornes a terra; pois dela foste tomado; pois és
pó, e ao pó tornarás.
É conclusivo, pois que o trabalho está relacionado à noção geral de sofrimento e pena
(SOCIEDADE BÍBLIA DO BRASIL, 1995).
Há muitas definições sobre Ergonomia. Vamos apresentar algumas delas.
Segundo Falzon (2009), a International Ergonomics Association (IEA), em 2000,
adotou uma definição que é referência internacional. Todavia, vamos apresentar a definição
que antecedeu a definição de 2000, para que o leitor possa compreender a evolução da
conceituação entre os próprios ergonomistas.
Assim, ilustramos a premissa de que além de ser uma disciplina “nova”, em especial
no Brasil, o conceito vem sendo continuamente revisto, causando constante ampliação
do escopo da citada Disciplina.
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aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em
grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo,
cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade.
Para darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas atividades
do trabalho, é preciso que os ergonomistas tenham uma abordagem multidisciplinar de
todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físicos e cognitivos, como
sociais, organizacionais, ambientais etc.
Contudo, pode-se dizer que a Ergonomia está apoiada em dois pilares fundamentais.
De um lado, o objetivo centrado nas organizações e sua busca incansável pela eficiência,
produtividade, confiabilidade, qualidade, durabilidade etc. a fim de serem mais compe-
titivas reduzindo custos. De outro, o objetivo centrado no ser humano, considerando-se
segurança, saúde, conforto, facilidade de uso, motivação etc.
Origem da Ergonomia
A Ergonomia surgiu em meados da Segunda Guerra Mundial, em virtude da com-
plexidade de manuseio de armamento e dispositivos de ataque. Todo planejamento e
investimento feito no desenvolvimento de materiais bélicos seria inútil se o “operador”
(soldado) não soubesse como fazê-lo. E, ainda, frente aos horrores da Guerra, muitos
soldados desenvolveram doenças psiquiátricas.
Para amenizar o impacto, tanto de manuseio como da saúde mental dos soldados
e procurar “manter a produtividade”, grupos multidisciplinares foram mobilizados para
entrar como “suporte” no cenário da Guerra.
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UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Os Precursores da Ergonomia
Discorrendo sobre a Ergonomia, é imprescindível citar as definições, a origem, mas
para um completo entendimento da aplicação da Ergonomia nos dias de hoje não podemos
deixar passar despercebidos os precursores da Ergonomia.
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Vamos a eles!
Já foi mencionado, nessa seção, que identificamos nas Escrituras da Bíblia a noção
de trabalho do homem voltado para a sua sobrevivência.
Vimos, também, que a noção de Ergonomia acompanha a necessidade de trabalho
que o homem tem, a partir da mais básica, que é caçar para comer. Ainda na Pré-
-história, quando o homem era nômade, precisava caçar para comer e, quando a comida
começava a faltar em uma determinada região, migrava para outra.
Quando saía para a caça, procurava uma pedra que melhor se encaixasse em sua
mão a fim de usá-la como arma e auxiliar na caçada.
Nota-se que, desde a Pré-história, ainda que intuitivamente, o homem procura por
dispositivos que o auxiliem no trabalho. Essa ideia também esteve presente na era da
produção artesanal que antecedeu a revolução industrial quando os artesãos procuravam
adaptar as tarefas às necessidades humanas.
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UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Essa união de fatores promoveu a Revolução Industrial na Inglaterra, evento esse que
mudou a face do mundo.
Naquela época, o trabalho era realizado por homens, mulheres e crianças que ti-
nham jornadas de trabalho de até 18 horas por dia e, constantemente, submetidos a
castigos físicos, sem férias, sem indenizações de qualquer espécie e o pagamento pelo
trabalho era feito diariamente.
No final do século XVIII e início do século XIX, surge nos Estados Unidos da América
um simples operário que revolucionaria a maneira de se produzir bens industrialmente
(em larga escala), seu nome é Frederick Winslow Taylor. Taylor estudou e tornou-se
Engenheiro Mecânico e, no ambiente que conhecia, foi de simples operário à gerente
industrial promovendo estudos sistêmicos acerca de como organizar a produção e me-
lhorar a sua eficiência. Esses estudos transformaram-se em publicações que preconiza-
vam uma maneira sistêmica, científica, de analisar o trabalho buscando redução de mo-
vimentos e aumento de eficiência. A essa “maneira científica” de “organizar o trabalho”
deu-se o nome de Administração Científica ou Taylorismo.
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Na Europa, mais especificamente na Alemanha e França e países escandinavos em
meados de 1900, surgiram estudos sobre a fisiologia humana voltada ao trabalho (fisio-
logia do trabalho) e gastos energéticos na tentativa de migrar os conhecimentos sobre
fisiologia desenvolvidos em laboratório para ambientes extremos tais como: minas de
carvão, fundições e outras situações onde a energia gasta para realizar o trabalho huma-
no era máxima e o ambiente extremamente agressivo à saúde humana.
A Ergonomia, do Taylorismo
até os Dias de Hoje
Conforme citado anteriormente, o ícone da Administração Científica é o Engenheiro
americano, Frederick Winslow Taylor (1856-1915), todavia, devido à importância de
seus métodos, vamos conhecê-lo melhor. Taylor começou sua vida profissional como
simples funcionário de uma empresa metalúrgica americana e chegou, como engenheiro
mecânico ao nível, do que se conhece de estrutura organizacional nos dias de hoje, dire-
toria industrial tendo passado também pelo Nível Gerencial.
Pelo fato de Taylor iniciar sua vida profissional como simples operário, nessa função,
teve a oportunidade de vivenciar o que a sociologia do trabalho chama de código de
trabalho. Código de trabalho é quando os funcionários de um determinado setor de uma
empresa definem regras próprias quanto ao ritmo de trabalho e, muitas vezes, regras
próprias para o método de trabalho também. Por isso, mais tarde, Taylor definiu os fun-
cionários de “indolentes”; oportunamente retornaremos a essa afirmação.
Ao receber sua primeira promoção, Taylor, como qualquer líder, inclusive nos dias de
hoje, passou a ser cobrado por resultados. Como era conhecedor de como o trabalho
era realizado em sua Empresa, sabia que era vital para seu sucesso profissional orga-
nizar a parte feia, suja e desorganizada da Empresa chamada de produção. Como não
havia nenhum histórico anterior relacionado a estudos específicos sobre organização da
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UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
produção ou eficiência do processo produtivo, Taylor pode realizar, sem nenhum tipo
de cobrança ou expectativa, seus experimentos acerca do que ele, imaginava ser uma
empresa organizada e eficiente.
Taylor fez muitos testes como tentativa e erro. O resultado desses testes e observa-
ções fez com que Taylor publicasse sua teoria de organização do trabalho conhecido
como “Princípios da Administração Científica” que consistia primeiramente na Divisão
do Trabalho. Taylor pregava que para se obter ganhos de eficiência na produção de todo
trabalho a ser realizado, esse “trabalho todo” deveria ser dividido em tarefas simples e
repetitivas e que o funcionário deveria ser treinado nas suas tarefas seguindo rigorosa-
mente a “prescrição da tarefa”.
Naquela época, o funcionário recebia por dia e não havia um vínculo formal de tra-
balho na forma de “emprego” como conhecemos hoje. Antes de seu método, não havia
nenhuma recomendação da sequência de atividades que deveriam ser feitas ou como essas
atividades deveriam ser feitas. Cada um fazia, mais ou menos, o que queria da forma que
queria e com a “carga de trabalho” que achava justa pelo seu ganho diário. Ou seja, um
funcionário que trabalhava muito ganhava o mesmo dinheiro que um funcionário que
trabalhava pouco; logo, a realização do trabalho era nivelada por baixo.
E Taylor sabia disso, sabia que havia uma boa parcela de ineficiência aceita pelo for-
mato de trabalho da época. Foi nesse cenário que Taylor, ao dividir o trabalho, impôs
uma sequência de trabalho, posto a posto de trabalho. Ele definiu que, em cada posto
de trabalho, as tarefas deveriam ser feitas de maneira simples e repetitivas. Foi uma ma-
neira inteligente de definir um fluxo contínuo de produção além de tentar garantir que o
trabalho fosse feito, sempre, da mesma maneira e, como consequência, distribuiu a carga
de trabalho uniformemente entre os operários em cada um dos seus postos der trabalho.
Na prescrição da tarefa dos postos de trabalho, Taylor procurava pensar na tarefa e rever
os movimentos de maneira a eliminar os movimentos desnecessários a fim de economizar
tempo e energia. A fim de tornar o trabalho mais eficiente e menos exaustivo ao operário,
começou a medir o trabalho no tempo, o que mais tarde seria chamado de cronoanálise.
Taylor teve preocupações relativas à organização da fábrica, bem como à sua efici-
ência, e preocupou-se, também, em organizar o espaço fabril, ordenando os elementos
(máquinas) de maneira eficiente no meio (fábrica). Após a publicação dos “Princípios da
Administração Científica”, de Taylor, muitas empresas adotaram seus métodos. Taylor
foi muito criticado em sua obra, pois se afirmava que ele rebaixava o homem à condição
de animal. Ele dizia que o estudo do método de trabalho deveria ser executado por uma
parte da Empresa composta por pessoas que deveriam ter estudado e estar devidamente
preparadas para isso.
Para ele, jamais deveria ser dada ao simples funcionário a autonomia de decidir o
que, como e quando fazer. Falava-se, com essa afirmação, que Taylor definia o simples
funcionário como “acéfalo”, ou pouco dotado de inteligência, e incapaz de tomar de-
cisões racionais. Taylor dizia, também, que o trabalho deveria ter um método definido
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com ritmo a fim de “impedir” que o funcionário “burlasse intencionalmente” os índices
de eficiência esperados.
Hoje em dia, poderíamos dizer que Taylor não queria que o simples funcionário “en-
costasse o corpo” e, com essa situação, afirmava-se que ele havia rotulado o simples
funcionário de indolente ou, se preferir, de vagabundo.
Taylor, para “motivar” seus funcionários, oferecia prêmios para ganhos em produ-
tividade; quem produzisse mais, ganhava mais. Todavia, nem sempre os princípios de
Taylor eram devidamente empregados. Muitas vezes, o tempo definido para a execução
da tarefa e o próprio método eram definidos por quem sequer conhecia a fábrica e, as-
sim, impossíveis de ser cumpridos.
O descontentamento era tão grande que Taylor foi chamado a se explicar no Congresso
Nacional Americano sob o argumento de que nesse “novo método de trabalho” trabalha-
va-se mais (produzia-se mais) e se ganhava a mesma quantidade em dinheiro, além de ele
ser coercitivo. Taylor defendeu-se dizendo que, na Administração Científica, o trabalhador
não trabalhava mais, trabalhava melhor. Como havia uma grande preocupação com a
economia de energia do trabalhador por meio da racionalização dos movimentos, ele
trabalhava menos, produzia mais e ainda tinha prêmio relativo ao seu desempenho.
Segundo a Física, toda ação requer uma reação e, como reação à Administração Cien-
tífica de Taylor, ou Taylorismo, surge a Escola das Relações Humanas, cujo ícone é Elton
Mayo. Até Mayo, a noção de trabalho era relacionada à pena bem como na Bíblia. E a
imagem de operário era relacionada a quem não tem vontade, direitos ou, sequer, dores.
Esse efeito foi chamado de efeito Hawtorne, e Mayo concluiu que a eficiência na pro-
dução não era explicada ou justificada apenas por fatores físicos; havia o componente
humano, que deveria ser identificado, reconhecido e valorizado.
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UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Engenharia do Trabalho
https://bit.ly/3zZvpbL
Ergonomia da Atividade - Produção de Conteúdo Sobre o Trabalho Real
https://bit.ly/3tBzAIs
Vídeos
PGR e a Nova NR-17 I Live com Marçal Jackson, Maria de Lourdes Moure e Mauro Muller
https://youtu.be/4tmyX-MonUQ
Live CANPAT | Especial PGR
Campanha Nacional de Prevenção de Acidente de Trabalho – Programa de Gerenciamento
de Risco.
https://youtu.be/wrpdwR8aP5Q
Lives sobre ergonomia, segurança e cultura no trabalho
https://bit.ly/3BXcU8u
Leitura
Livro Engenharia do Trabalho Saúde, Segurança, Ergonomia e Projeto
https://bityl.co/7WNK
Parte VIII. Gestão de Acidentes e Segurança – OIT
https://bit.ly/399qB81
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UNIDADE Introdução à Ergonomia e Segurança no Trabalho
Referências
ABERGO. Associação Brasileira de Ergonomia. Disponível em: <http://www.abergo.
org.br/>. Acesso em: 23/03/2021.
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Ergonomia e
Segurança do Trabalho
Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar aos alunos informações básicas sobre as obrigações legais, as responsabilidades
e as ações que visem à proteção e à prevenção no meio ambiente de trabalho – especial-
mente as Normas Regulamentadoras;
• Apresentar estudos casos para promover a reflexão.
UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
Contextualização
No mundo do trabalho, um dos principais objetivos é a produção máxima com custo
mínimo. Isso vale tanto para os países subdesenvolvidos, que buscam de alguma ma-
neira alternativas que possam melhorar os seus custos para, eventualmente, alcançar o
crescimento, quanto para os países desenvolvidos, que buscam o controle econômico,
mas, muitas vezes, esse interesse deixa de lado o bem-estar do ser humano e, para isso,
é necessário que exista algo que possa tratar da sua segurança.
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Regulamentação do Trabalho no Brasil
A fim de regulamentar as relações entre empregador e empregado e de conter a
exploração do trabalho humano, o Governo brasileiro, a exemplo de outros governos,
procurou formalizar as regras de desenvolvimento do trabalho humano em ambientes
específicos, com o objetivo de proteger e manter a vida do trabalhador.
Existem normas que definem essa relação. Essas normas são conhecidas como Nor-
mas Regulamentadoras e advêm da Consolidação das Leis do Trabalho, sancionada pelo
então Presidente da República Federativa do Brasil, Getúlio Vargas, em 1943.
Para esclarecer o trecho supracitado, é preciso fazer uma viagem no tempo. Nos
primeiros séculos da Idade Média, no feudalismo, quando houve uma migração da mão
de obra do campo para as cidades, as terras dos feudos, em algumas situações, foram
arrendadas e o trabalho humano passou a ser assalariado.
A burguesia acumulava riquezas a partir da expansão de suas operações, que era basi-
camente o comércio. Nesse cenário, surge a figura dos “detentores dos meios de produ-
ção”, que tinham como objetivo principal obter lucros a partir desses meios de produção.
A utilização dos meios de produção com o objetivo de gerar lucros (acumular rique-
zas) é a definição de Capitalismo.
Havia quem detinha os meios de produção e havia também uma franca expansão dos
mercados consumidores.
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UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
governo com políticas favoráveis, explode a Revolução Industrial, advento que reinven-
taria, definitivamente, a face do mundo em termos de consumo e produção.
Mesmo com a Administração Científica de Taylor, essas questões não foram ameni-
zadas. Equivocadamente, muitas pessoas acreditavam que era o taylorismo que empu-
nha essa dinâmica ao trabalho.
O termo “celetista”, derivado da sigla “CLT”, costuma ser utilizado para denominar o
indivíduo que trabalha com registro em Carteira de Trabalho (BRASIL, 1943).
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ampliadas e alteradas ao longo dos anos, ajustando-se às mudanças legais, técnicas,
sociais e ao texto constitucional (BRASIL, 1977). No momento atual (2021), as com-
petências do Ministério do Trabalho foram transferidas para o Ministério da Economia,
que responde pela Inspeção do Trabalho em nosso país (BRASIL, 2019).
A seguir, são descritos os itens mais importantes do Capítulo V da CLT (artigos 154
a 201), atualizados, sobre segurança e saúde no trabalho.
Tabela 1
Artigo
Descrição Importância
CLT
Define a obrigação de as empresas cumprirem as normas
Permite que os profissionais de saúde, segurança e ergo-
157 de SST e instruir os empregados quanto às precauções
nomia atuem para prevenir e proteger os trabalhadores.
contra acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.
Define a possibilidade de interdição de estabelecimento, Permite que os auditores fiscais do trabalho realizem
161 máquina ou equipamento, pela autoridade trabalhista re- a interdição de situações que podem gerar a morte
gional, se houver grave e iminente risco para o trabalhador. dos trabalhadores.
Define que as empresas são obrigadas a manter ser-
Permite que as empresas contratem os profissionais de
162 viços especializados em segurança e em medicina do
saúde e segurança.
trabalho (SESMT).
Define a obrigação da Comissão Interna de Prevenção de
Permite ter representantes dos trabalhadores para pro-
163 a 165 Acidentes (CIPA) nas empresas, de acordo com o número
mover ações de melhorias no meio ambiente de trabalho.
de empregados e o tipo de atividade.
Definem que a empresa é obrigada a fornecer aos em-
pregados, gratuitamente, Equipamentos de Proteção Permite o uso de EPI regularizado e gratuito para prote-
166 e 167
Individual (EPI) adequados ao risco quando não houver ção dos trabalhadores.
proteção completa.
Define a obrigatoriedade do exame médico dos trabalhado-
168 res por conta do empregador, conforme a NR 7, sobre o Pro- Permite o controle médico da saúde dos trabalhadores.
grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
Exige que o empregador faça a notificação ao INSS das
Importante para o controle epidemiológico dos adoeci-
169 doenças do trabalho comprovadas ou mesmo ainda
mentos relacionados ao trabalho / ocupacional.
quando em fase de suspeita.
Define princípios importantes quanto à segurança na
184 a 186 Permite ações de proteção de máquinas e equipamentos.
operação de máquinas e equipamentos.
Define que reparos, limpeza e ajustes somente poderão Permite ações de proteção dos trabalhadores durante as
185
ser executados com as máquinas paradas. fases de ajustes, manutenção, limpeza etc.
Define ações de proteção nas caldeiras e vasos sob pres-
Permite atuação da equipe de segurança para a proteção dos
187 e 188 são, que deverão dispor de válvulas e outros dispositivos
trabalhadores operadores de caldeiras e vasos sob pressão.
de segurança.
Prevê o pagamento de adicionais de insalubridade para
Permite os profissionais atuarem no campo da higiene do
189 a 192 trabalhadores expostos a agentes insalubres acima dos
trabalho – riscos físicos, químicos e biológicos.
limites de tolerância.
Permite o profissional de segurança avaliar as condições
Define o trabalho em condições de periculosidade onde
periculosas na exposição a inflamáveis, explosivos ou
193 assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o seu
energia elétrica, tendo sido incluídos os trabalhadores em
salário mensal.
vigilância armada e aqueles em trabalho com motocicletas
Estabelece que não sejam exigidos do empregado servi- Permitem aos profissionais de saúde, ergonomista e se-
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ços superiores às suas forças gurança ações de prevenção da fadiga.
Fonte: BRASIL, 1943 – 1977
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UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
Ponto importante das NR é que atingem uma parcela do meio ambiente de trabalho,
especificamente a obrigatoriedade de todas as empresas brasileiras regidas pela CLT,
para a modificação das NRS são necessários a participação tripartites (três lados) espe-
cíficas, compostas por representantes do Governo, empregadores e empregados.
Uma forma de entender melhor essas alterações é compreendendo muito bem a Clas-
sificação das Normas Regulamentadoras. Essa classificação é trazida a nós pela Portaria
nº 787 de 27 de Novembro de 2018. Essa Portaria classifica as NR em três categorias:
gerais, especiais e setoriais.
Vamos entender cada uma delas abaixo: Normas Regulamentadoras Gerais são as
normas que regulamentam aspectos decorrentes da relação jurídica prevista na Lei sem
estarem condicionadas a outros requisitos, como atividades, instalações, equipamentos
ou setores e atividades econômicas específicas.” (Art. 3º, §1º.). Ou seja, as NR Gerais são
aquelas que estão presentes em todos os setores econômicos do Brasil.
• Normas gerais regulamentam aspectos decorrentes da relação jurídica prevista na
Lei sem estarem condicionadas a outros requisitos, como atividades, instalações,
equipamentos ou setores e atividades econômicas específicas.
» Exemplo. O item 1.5.3.1.1 da Norma NR 1 descreve que o gerenciamento de
riscos ocupacionais deve constituir um Programa de Gerenciamento de Riscos -
PGR. E o item 1.5.3.2 descreve como deve se dar a organização deve: a) evitar os
riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho; b) identificar os peri-
gos e possíveis lesões ou agravos à saúde; c) avaliar os riscos ocupacionais indican-
do o nível de risco; d) classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessi-
dade de adoção de medidas de prevenção; e) implementar medidas de prevenção,
de acordo com a classificação de risco e na ordem de prioridade estabelecida na
alínea “g” do subitem 1.4.1; e f) acompanhar o controle dos riscos ocupacionais.
Portanto, a NR 1 deve ser utilizada por todos os setores que envolvem rela-
ção de trabalho regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho;
• Normas especiais regulamentam a execução do trabalho considerando as ativi-
dades, instalações ou equipamentos empregados, sem estarem condicionadas a
setores ou atividades econômicas específicas.
» Exemplo. O item 12.1.9 da NR 12 descreve que na aplicação da NR e de seus
anexos, devem-se considerar as características das máquinas e equipamentos,
do processo, a apreciação de riscos e o estado da técnica. Portanto, deve ser
utilizada em todos os setores que possuem máquinas e equipamentos que
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oferecem risco de acidentes e adoecimentos dos trabalhadores que envol-
vem relação de trabalho, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
• Normas setoriais regulamentam a execução do trabalho em setores ou atividades
econômicas específicas.
» Exemplo. O item 18.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR 18 estabelece dire-
trizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam
a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança
nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da
Construção. Portanto, deve ser utilizada apenas nos setores na Indústria da
Construção que envolvem relação de trabalho regido pela Consolidação das
Leis do Trabalho (BRASIL, 2018).
Tabela 2
Norma Classificação
Descrição
Regulamentadora da NR
Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais: O objetivo é
estabelecer as disposições gerais e as diretrizes e os requisitos para o gerencia-
1 GERAL
mento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde
no Trabalho – SST.
Inspeção Prévia: foi revogada pela PORTARIA SEPRT nº 915, de 30 de julho de
2 REVOGADA
2019, publicada no DOU de 31/07/2019.
Embargo ou Interdição: estabelece as diretrizes para caracterização do grave e
3 GERAL
iminente risco e os requisitos técnicos objetivos de embargo e interdição.
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Tra-
balho (SESMT): estabelece os critérios para a organização dos SESMT, de forma
a reduzir os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais. Para cumprir suas
4 funções, o SESMT deve ter os seguintes profissionais: Médico do Trabalho, Enge- GERAL
nheiro de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Segurança
do Trabalho e Auxiliar de Enfermagem, em quantidades estabelecidas em função
do número de trabalhadores e do grau de risco.
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA): As Empresas privadas e
públicas e os Órgãos Governamentais que tenham empregados regidos pela CLT
– Consolidação das Leis do Trabalho ficam obrigados a organizar e a manter em
5 GERAL
funcionamento da CIPA, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e de
doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemen-
te o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
Equipamento de Proteção Individual (EPI): O EPI – Equipamento de Proteção
Individual é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estran-
6 ESPECIAL
geira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. A Em-
presa é obrigada a fornecer os EPIs gratuitamente aos empregados.
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): Estabelece a
obrigatoriedade da elaboração e da implementação, por parte de todos os empre-
7 GERAL
gadores e Instituições que admitam trabalhadores como empregados. O PCMSO
tem o objetivo de promover e preservar a saúde do conjunto dos seus trabalhadores.
Edificações: Estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados
8 ESPECIAL
nas edificações para garantir segurança e conforto aos que nela trabalham.
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UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
Norma Classificação
Descrição
Regulamentadora da NR
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): Estabelece a obrigato-
riedade da elaboração e da implementação, por parte de todos os empregadores
9 e Instituições que admitam trabalhadores como empregados, do PPRA, por meio GERAL
da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência
de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho.
Serviços em Eletricidade: Estabelece os requisitos e as condições mínimas exigi-
das para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem com ins-
10 ESPECIAL
talações elétricas, em suas etapas de projeto, construção, montagem, operação e
manutenção, bem como de quaisquer trabalhos realizados em suas proximidades.
Transporte, Movimentação, Armazenagem, e Manuseio de Materiais: Esta-
belece Normas de Segurança para a operação de elevadores, guindastes, trans-
11 ESPECIAL
portadores industriais e máquinas transportadoras. O armazenamento de ma-
teriais deverá obedecer aos requisitos de segurança para cada tipo de material.
Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos: Estabelece os procedi-
mentos obrigatórios nos locais destinados a máquinas e a equipamentos, como
12 ESPECIAL
piso, áreas de circulação, dispositivos de partida e parada, normas sobre proteção
de máquinas e equipamentos, bem como manutenção e operação.
Caldeiras e vasos de Pressão: Estabelece os procedimentos obrigatórios nos
locais onde se situam as caldeiras de qualquer fonte de energia, projeto, acom-
13 panhamento de operação e manutenção, inspeção e supervisão de inspeção de ESPECIAL
caldeiras e vasos de pressão, em conformidade com a regulamentação profissio-
nal vigente no país.
Fornos: Estabelece os procedimentos mínimos, fixando construção sólida, revesti-
14 da com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites ESPECIAL
de tolerância, oferecendo o máximo de segurança e conforto aos trabalhadores.
Atividades e Operações Insalubres: Estabelece os procedimentos obrigatórios,
nas atividades ou nas operações insalubres que são executadas acima dos limites
15 de tolerância previstos na Legislação, comprovados por meio de laudo de inspe- ESPECIAL
ção do local de trabalho. Agentes agressivos: ruído, calor, radiações, pressões,
frio, umidade e agentes químicos.
Atividades e Operações Perigosas: Estabelece os procedimentos nas ativida-
des exercidas pelos trabalhadores que manuseiam e/ou transportam explosivos
16 ou produtos químicos, classificados como inflamáveis, substâncias radioativas e ESPECIAL
serviços de operação e manutenção, bem como os trabalhadores em vigilância
armada e aqueles em trabalho com motocicletas.
Ergonomia: Estabelece parâmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a pro-
porcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, incluindo
17 GERAL
os aspectos relacionados ao levantamento, ao transporte e à descarga de ma-
teriais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de
trabalho e à própria organização do trabalho.
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção: Esta-
belece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização,
18 que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos SETORIAL
de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na
Indústria da construção.
Explosivos: Estabelece os procedimentos para manusear, transportar e armaze-
19 ESPECIAL
nar explosivos de uma forma segura, evitando acidentes.
Líquidos Combustíveis e Inflamáveis: Estabelece a definição para líquidos com-
20 bustíveis, líquidos inflamáveis e Gás de Petróleo liquefeito, parâmetros para ar- ESPECIAL
mazenar, como transportar e como devem ser manuseados pelos trabalhadores.
14
Norma Classificação
Descrição
Regulamentadora da NR
Trabalhos a céu aberto: Estabelece os critérios mínimos para os serviços reali-
21 zados a céu aberto, sendo obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, ESPECIAL
com boa estrutura, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries.
Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: Estabelece sobre procedi-
mentos de Segurança e Medicina do Trabalho em Minas, determinando que a
22 Empresa adotará métodos e manterá locais de trabalho que proporcionem a seus SETORIAL
empregados condições satisfatórias de segurança e saúde aos trabalhadores pro-
tegendo o meio ambiente de trabalho.
Proteção Contra Incêndios: Estabelece os procedimentos que todas as Empre-
sas devem possuir, no tocante à proteção contra incêndio, saídas de emergência
23 ESPECIAL
para os trabalhadores, equipamentos suficientes para combater o fogo e pessoal
treinado no uso correto.
Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho: Estabelece crité-
rios mínimos, para fins de aplicação de aparelhos sanitários, gabinete sanitário,
24 ESPECIAL
banheiro, cujas instalações deverão ser separadas por sexo, vestiários, refeitó-
rios, cozinhas e alojamentos.
Resíduos Industriais: Estabelece os critérios para a eliminação de resíduos in-
25 dustriais dos locais de trabalho, por meio de métodos, equipamentos ou medidas ESPECIAL
adequadas, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança do trabalhador.
Sinalização de Segurança: Tem por objetivos fixar as cores que devem ser usa-
26 das nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando, delimitan- ESPECIAL
do e advertindo contra riscos.
27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho. REVOGADA
Fiscalização e Penalidades: Estabelece que fiscalização, embargo, interdição e
penalidades, no cumprimento das disposições legais e/ou regulamentares sobre
28 GERAL
segurança e saúde do trabalhador, serão efetuadas obedecendo ao disposto nos
Decretos-Leis.
Segurança e Saúde no Trabalho Portuário: Estabelece ações de proteção obri-
gatória contra acidentes e doenças profissionais, alcançando as melhores condi-
29 ções possíveis de segurança e saúde dos trabalhadores que exerçam atividades SETORIAL
nos portos organizados e nas instalações portuárias de uso privativo e retropor-
tuárias, situadas dentro ou fora da área do Porto organizado.
Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário: Esta norma aplica-se aos traba-
lhadores das embarcações comerciais que utilizam no transporte de mercadorias
ou de passageiros, inclusive naquelas utilizadas na prestação de serviços, seja na
30 SETORIAL
navegação marítima de longo curso, na de cabotagem, na navegação interior, de
apoio marítimo e portuário, seja em plataformas marítimas e fluviais, quando
em deslocamento.
Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Ex-
ploração Florestal e Aquicultura: Tem por objetivo estabelecer os preceitos a
serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar
31 SETORIAL
compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura,
pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde
e meio ambiente do trabalho.
Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde: Tem por fina-
lidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de pro-
32 SETORIAL
teção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como
daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados: Estabelece os requi-
sitos mínimos para a identificação de espaços confinados e o reconhecimento,
33 avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir ESPECIAL
permanentemente a segurança e a saúde dos trabalhadores e que interagem
direta ou indiretamente nestes espaços.
15
15
UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
Norma Classificação
Descrição
Regulamentadora da NR
O Brasil tem ratificadas muitas Convenções da OIT, dentre elas destacamos: Idade
Mínima de Admissão nos Trabalhos Industriais, Repouso Semanal na Indústria, Proteção
à Maternidade, Férias Remuneradas, Inspeção do Trabalho na Indústria e no Comércio,
Organização do Serviço de Emprego, Proteção do Salário, Direito de Sindicalização e de
Negociação Coletiva, Normas Mínimas da Seguridade Social, Abolição do Trabalho For-
çado, Proteção Contra as Radiações, Proteção das Máquinas, Proteção Contra os Riscos
da Intoxicação pelo Benzeno, Prevenção e Controle de Riscos Profissionais Causados por
Substâncias ou Agentes Cancerígenos, Contaminação do Ar, Ruído e Vibrações, Seguran-
ça e Saúde dos Trabalhadores, Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas Deficientes,
Serviços de Saúde do Trabalho, Sobre a Segurança e Saúde na Construção, Segurança
no Trabalho com Produtos Químicos, Sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores,
Sobre segurança e saúde nas minas, Convenção e Recomendação sobre Trabalho Decente
para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos etc.
16
Convenções ratificadas pelo Brasil. Disponível em: https://bit.ly/3zY70n6
A OIT possui um material didático muito importante no campo da saúde, segurança e er-
gonomia no trabalho, esse material está distribuído em uma enciclopédia de quatro volumes:
Tabela 3
Volume Descrição do conteúdo
Este volume trata de três temas, o primeiro descreve “O corpo humano” e “Cuidados de saúde”, e é adotada uma
abordagem descritiva e médica, disponibilizando informação sobre doenças, sua detecção e prevenção, serviços
de medicina do trabalho e atividades de promoção da saúde.
O segundo descreve ações sobre a “Gestão e política de saúde e segurança” e os aspectos legais, éticos e sociais,
I
bem como os recursos educacionais, informativos e institucionais.
O terceiro descreve “Ferramentas e abordagens relacionadas com o estudo e aplicação da saúde e seguran-
ça no trabalho”: ergonomia, epidemiologia e estatística, higiene e segurança industrial, bem como controle de
riscos em geral. Uma seção é dedicada à toxicologia geral e aplicada à prevenção.
Este volume trata de assuntos “específicos dos riscos e perigos” no meio ambiente de trabalho, portanto, des-
creve os riscos sociais, mecânicos, físicos e químicos; métodos de gestão de acidentes e segurança que podem ser
encontrados em todo o mundo. Detalha a natureza dos riscos e fornece informações técnicas sobre sua identifi-
II
cação, avaliação e controle. Inclui artigos sobre radiação da qualidade do ar interior, ruído, equipamentos com
telas, violência, estresse e outros. Todas as facetas do uso de produtos químicos, armazenamento, transporte,
identificação e utilização.
Este volume trata de assuntos do “como realizar as ações” nos setores industriais e profissionais, portanto, expli-
ca “como funcionam as coisas” e “como são controlados os riscos” nos principais setores da indústria. Amplamente
III
ilustrado com diagramas e fotografias, direciona o leitor às operações básicas da indústria, agricultura e serviços,
com foco nos riscos, sua prevenção, controle e as consequências.
Este volume trata de construção de “Guias de profissões” e descreve as atividades de riscos/perigos e as medidas
de prevenção.
IV Também possui um “Guia de Produtos Químicos” que apresenta informações básicas sobre a identificação, usos
industriais e seus riscos, propriedades químicas, físicas e toxicológicas de mais de 2.000 substâncias químicas,
incluindo tabelas de fácil acesso ao leitor.
Fonte: Enciclopédia OIT – 20 de fevereiro de 2012
Constituição Federal
A legislação de Segurança e Saúde do Trabalhador está consolidada na Constituição
Federal que é a atual Carta Magna do Brasil que serve de parâmetro para as demais
legislações vigentes no país. Aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte, ela foi
promulgada no dia 5 de outubro de 1988, durante o governo do presidente José Sarney.
A constituição regulou vários campos para a proteção da saúde e segurança dos tra-
balhadores e, dentre eles, destacamos: a Saúde, Previdência Social, Meio Ambiente, dos
Direitos Sociais e da Seguridade Social, conforme apresentado a seguir:
17
17
UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
Tabela 4
Título Capítulo Artigo Descrição
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que vi-
Dos Direitos e Dos Direitos
7º sem à melhoria de sua condição social [...] XXII – redução dos riscos ine-
Garantias Fundamentais Sociais
rentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma di-
Seguridade
195º reta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
Social
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polí-
ticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
196º
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação.
Dispõe que “são de relevância pública as ações e serviços de saúde,
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regula-
Saúde 197º mentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita dire-
tamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
Da Ordem Social
de direito privado”.
Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos ter-
mos da lei: Inciso II: executar as ações de vigilância sanitária e epidemio-
200º
lógica, bem como as de saúde do trabalhador; Inciso VIII: colaborar na
proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de
Previdência Social [...] I - cobertura dos eventos de incapacidade tem-
porária ou permanente para o trabalho e idade avançada; II - proteção
201º
à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção ao trabalhador
em situação de desemprego involuntário; [...] V - pensão por morte do
Previdência segurado [...].
Social
A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independen-
temente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: [...]
203º III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação
e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária;
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
Meio Ambiente 225º
-lo para as presentes e futuras gerações. [...] V - controlar a produção,
a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
Fonte: CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988
18
Estudo de caso Norma Regulamentadora 11 – Transporte,
Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
Para compreender a aplicação da NR 11, será apresentado, a seguir, um acidente
fatal decorrente de atividade de movimentação de carga:
19
19
UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
20
• Estabelecer um limite de velocidade suficientemente baixo para garantir um movi-
mento seguro;
• Evitar a elevação de cargas em altura acima dos trabalhadores;
• Evitar métodos de manipulação que exijam subir ou trabalhar em alturas elevadas;
• Colocar proteções nos pontos de perigo;
• Transportar e elevar pessoas utilizando somente equipamentos destinados a esse fim;
• Manter a estabilidade de equipamentos e cargas;
• Proporcionar aos operadores uma boa visibilidade;
• Substituir a manipulação e transporte manual por mecanizada e automatizada;
• Proporcionar e manter uma comunicação eficaz;
• Aplicar os princípios de ergonomia, visando às interfaces humanas com a manipula-
ção de material;
• Proporcionar capacitação e assessoramento adequados;
• Proporcionar aos trabalhadores envolvidos os EPI adequados;
• Realizar trabalhos de inspeção e manutenção adequados;
• Prever no planejamento as mudanças das condições ambientais, tais como: chuva,
vento etc.;
• Promover a participação dos trabalhadores nas etapas descritas.
Correto
Equip
amen
soal
Pes
to
Resultado
Entorno Tarefa
Pro Análise de
ced Segurança
im
ent
Carga
o Incorreto
Melhorias
Acidente guilhotina – Acidente com amputação de quatro dedos (Figura 1). O Sr. X
relata que a guilhotina (Figura 2) pequena estava dando problema há algum tem-
po, que estava travando há, pelo menos, quatro meses, a alavanca que comandava
a subida e descida da lâmina estava com problema na mola, ao empurrá-la para
21
21
UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
subir, ela enroscava e não parava e vice-versa ao descer, tinha que mexer em um
parafuso para parar ou balançar a alavanca para parar a lâmina. A guilhotina foi para
manutenção onde permaneceu por dez dias para amolar a lâmina e, consequente-
mente, realizar manutenção no pistão da guilhotina. Ao retornar para a empresa,
a guilhotina foi instalada por trabalhadores da própria empresa contratante, não
havendo mão de obra especializada na instalação. Não havia um controle sistemáti-
co (autorização) por parte da empresa para operação da guilhotina, o que é exigido
por Lei para operação desse tipo de máquina, que estabelece curso de capacitação
para a operação de prensas e outras máquinas perigosas. Nesse novo cenário de
funcionamento da máquina, o Sr. X foi trabalhar com a guilhotina. No início da ati-
vidade, pegou um pedaço de borracha no chão, na lateral direita, colocou na guilho-
tina, segurou a borracha com a mão esquerda e com a mão direita na alavanca para
acionar e descer. O trabalhador percebeu que a lâmina estava baixa e que precisava
subi-la para melhor encaixar a borracha em baixo da lâmina, quando movimentou a
alavanca para subir a mesma desceu prensando sua mão que segurava a borracha.
Na tentativa de subir a lâmina, novamente realizou movimento com a alavanca para
subir como era de costume e a lâmina baixou ainda mais vindo a cortar o 2°, 3°, 4°
e 5° dedos da mão esquerda. Percebeu então que o comando estava invertido e
movimentou a alavanca para baixo. Quando a lâmina subiu e ele conseguiu puxar
sua mão, visualizou que seus dedos estavam pendurados, refere ter gritado e saído
em direção ao escritório, encontrou com seu irmão no caminho (na calçada) que foi
chamar o proprietário, outro trabalhador trouxe uma camiseta para enrolar em sua
mão, foi levado ao hospital. (SILVA, 2016b)
22
Considerando a NR 12 e os Princípios de Prevenção e Proteção no uso da Guilhotina, explore a NR
para apontar os itens que não foram atendidos, para ampliar a pesquisa segue itens importantes:
• Criar barreiras físicas em todas as áreas de acesso às partes móveis da zona de corte;
• Realizar os levantamentos de riscos na empresa para identificar pontos sem proteção
nas partes móveis e transmissão de força;
• Adotar medidas que não permitam o ingresso de partes do corpo, tais como: mãos,
dedos e pés nas partes móveis;
• Adotar medidas de redundância de segurança no acesso às partes móveis;
• Criar responsáveis pela manutenção;
• Criar sinalizações diferentes para os componentes de acionamento e desligamento e
a sua interação;
• Podem-se criar conexões diferentes para o sistema hidráulico para evitar a inversão
do sistema de acionamento;
• Capacitar os operadores.
23
23
UNIDADE Aspectos Legais e Normativos da
Ergonomia e Segurança do Trabalho
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Live CANPAT 09/06/2020 - 9h - especial PGR
https://youtu.be/wrpdwR8aP5Q
Canpat 2020 - Especial NR-18
https://youtu.be/c3bZe6awWbA
PGR e a Nova NR-17 I Live com Marçal Jackson, Maria de Lourdes Moure e Mauro Muller
https://youtu.be/4tmyX-MonUQ
Cultura de Segurança e sua importância na promoção da saúde e segurança no trabalho
https://youtu.be/NoRJUKyKRY0
Leitura
Livro Engenharia do Trabalho – Saúde, Segurança, Ergonomia e Projeto
https://bit.ly/3jbCyQI
24
Referências
BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis
do trabalho. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943.
25
25
Ergonomia e Segurança
do Trabalho
A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
A Relação entre Saúde,
Trabalho e Adoecimento
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Estudar os conceitos das Doenças Relacionadas ao Trabalho, em especial as Lesões por Esforços
Repetitivos (LER) e dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT);
• Apresentar os Fatores de Risco para a Saúde e Segurança dos Trabalhadores;
• Apresentar ações para a atuação multiprofissional e a investigação dos casos;
• Apresentar medidas preventivas e protetivas para a saúde do trabalhador.
UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Importante!
A Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho organiza os agravos a partir dos agentes
etiológicos, fatores de risco de natureza ocupacional e doenças, incluindo neoplasias,
transtornos mentais, doenças infecciosas, parasitárias, do sangue, do sistema nervoso,
do olho, do ouvido e dos sistemas circulatório, respiratório, digestivo, osteomuscular e
endócrino, dentre outras. Disponível em: https://bit.ly/3w1d2jR
8
É a lógica do “trabalhador saudável”. O trabalhador só consegue trabalhar por-
que tem saúde. Se ele perde saúde no trabalho, esse é um evento inaceitável
do ponto de vista de saúde pública.
Como exemplo, vamos refletir e, para isso, vamos para ano de 1700 quando o Pai
da Medicina do Trabalho, Bernardino Ramazzini, descreve em seus relatos o caso
das doenças dos coveiros:
9
9
UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Como o médico Bernardino Ramazzini construiu essa narrativa? Quais os problemas dos
coveiros naquela época? Transportando para os dias atuais, em plena pandemia (março de
2021), como você enxerga o trabalho dos coveiros? Considerando o capítulo anterior das
normas regulamentadoras, quais NR devem ser usadas para proteger esses trabalhadores?
Diante desses fatores de riscos, todos os profissionais que se preocupam com a prote-
ção dos trabalhadores devem considerar a gravidade das situações – para isso, precisam
estabelecer o excesso de risco, seguindo as etapas determinadas pela Norma Regula-
mentadora n.º 3 (NR 3):
• Avaliar o risco atual (situação encontrada) decorrente das circunstâncias encontra-
das, levando em consideração as medidas de controle existentes, ou seja, o nível
total de risco que se observa ou se considera existir na atividade;
• Estabelecer o risco de referência (situação objetivo), ou seja, o nível de risco rema-
nescente quando da implementação das medidas de prevenção necessárias;
• Determinar o excesso de risco por comparação entre o risco atual e o risco de
referência.
10
Uma estratégia a ser usada pelos profissionais é utilizar o método adotado pela NR 3,
no qual a caracterização de uma atividade de trabalho com risco grave e iminente risco
precisa considerar: a) a consequência, como o resultado ou resultado potencial espera-
do de um evento e b) a probabilidade, como a chance de o resultado ocorrer ou estar
ocorrendo. Assim, a aplicação deve considerar que o risco é expresso em termos de
uma combinação das consequências de um evento e a probabilidade de sua ocorrência,
conforme descritos nos Quadros 2 e 3 e na Tabela 1:
11
11
UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Tabela 1 – Tabela de excesso de risco: exposição individual ou reduzido número de potenciais vítimas
Consequência Probabilidade
Nenhuma Rara N N N N N N N N N N N
Remota N N P N N N P N N N P
Classificação do risco atual
Leve Possível N N P N N N P N N P P
(situação encontrada)
Provável N N M N N N M N P M M
Remota N N M N N N M P M M M
Significativa Possível N N M N N M M M M M M
Provável N N S N M M S M M M S
Remota N N S M M M S M M S S
Morte/Severa Possível N M E M S S E S S S E
Provável S S E S S S E S S E E
Possível
Remota
Rara
Provável
Possível
Remota
Rara
Provável
Possível
Remota
Rara
Probabilidade de referência
12
olfato. Os pintores vestem, para trabalhar, blusas sujas e manchadas de
tinta, e, ao pintar, absorvem vapores malignos pelo nariz e pela boca, os
quais penetram nas vias respiratórias, passam ao sangue, perturbam a
economia das funções naturais e provocam os distúrbios já referidos aci-
ma. O cinábrio é parente do mercúrio, a cerusa se prepara com chumbo,
o verde bronzeado com cobre, a cor ultramarina com prata (os pintores
preferem cores minerais, mais duradouras que as vegetais), pois sabemos
que quase toda a matéria corante é extraída do reino mineral e ocasiona
prejuízos graves. (FUNDACENTRO, 2016, p. 61 )
13
13
UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Essa patologia que, anos depois, foi denominada de “câimbra do escrivão” ou “pa-
ralisia do escrivão”, para o médico Ramazzini, era caracterizada por três fatores básicos
que, em sua essência, influenciavam de forma determinante no seu surgimento.
Como exemplo, vamos realizar a leitura da narrativa de Ramazzini, mas para isso
precisamos viajar no tempo e ir próximo ao ano de 1700, quando o médico descreve em
seus relatos o caso das doenças dos escribas e notários:
14
jornada de escrita. A necessária posição da mão para fazer correr a
pena sobre o papel ocasiona não leve dano que se comunica a todo
braço, devido à constante tensão tônica dos músculos e tendões, e
com o andar do tempo diminui o vigor da mão. Conheci um homem,
notário de profissão que ainda vive, o qual dedicou toda sua vida a es-
crever, lucrando bastante com isso; primeiro começou a sentir grande
lassidão em todo o braço e não pôde melhorar com remédio algum
e, finalmente, contraiu uma completa paralisia do braço direito.
A fim de reparar o dano, tentou escrever com a mão esquerda; porém,
ao cabo de algum tempo, esta também apresentou a mesma doença. Em
verdade, martiriza os operários, o poderoso e tenaz esforço do ânimo,
necessitando para o seu trabalho grande concentração de todo o cérebro,
contenção dos nervos e fibras; sobrevêm as cefalalgias, corizas, rouqui-
dões, lacrimejamento de tanto olharem fixamente o papel, consequências
estas que afetam muito mais os contadores e mestres de cálculos, como
assim se chamam os que se alugam aos comerciantes. Na mesma cate-
goria estão compreendidos os secretários dos príncipes cujo prazer da
companhia não é a última glória. Passam por grande tortura mental
não só pela multidão de cartas que escrevem, como porque não
adivinham suas intenções ou porque, por astúcia dos príncipes, não
querem ser entendidos de duas maneiras; o certo é que aqueles que
se destinam a esse emprego maldizem seu trabalho e, ao mesmo
tempo, a corte. [...]. (FUNDACENTRO, 2016, p. 249)
O que o médico Ramazzini fez para construir esta narrativa? Quais os problemas osteomuscu-
lares e mentais que foram narrados? Transportando para os dias atuais, como você enxerga o
trabalho do outro? Trabalhadores da limpeza? Dos dentistas? Das telefonistas? Dos professores?
No cenário brasileiro, a década de 1980 foi marcada pelo conhecimento acerca das
LER/DORT, pois os casos de tenossinovite entre os profissionais digitadores levaram
os sindicatos de trabalhadores em processamento de dados a começarem a lutar pelo
reconhecimento das lesões como doenças profissionais. No dia 06 de agosto de 1987,
o Ministério da Previdência identificou coerência na solicitação do sindicato, elaborando
assim, por meio da portaria 4.602, a inclusão da tenossinovite do digitador no índice
de doenças do trabalho. A portaria supracitada, embora mencionasse outras categorias
profissionais além do digitador, era compreendida pela perícia do INSS como exclusiva
aos digitadores.
Já em 1993, foi publicada uma norma técnica, que instituiu o nome Lesões Por Es-
forços Repetitivos (LER), o que ampliou o conceito e aplicação dos direitos previdenciá-
rios ao grupo de trabalhadores portadores de doenças relacionadas ao trabalho.
Em 1998, na revisão de sua norma técnica, a Previdência Social mudou o termo LER
para Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT, reduzindo conside-
ravelmente os direitos previdenciários.
15
15
UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Vale ressaltar que a LER não corresponde a uma doença ou enfermidade, a sigla é
denominada para caracterizar “Lesões por Esforços Repetitivos” e representa um grupo
de afecções presentes no sistema musculoesquelético. São várias essas afecções, que
apresentam manifestações clínicas distintas e podem variar em graus de intensidade.
Desse modo, não é uma patologia, mas sim uma síndrome inflamatória que provoca dor e
incapacidade funcional. O diagnóstico inclui patologias bastante conhecidas no âmbito da
ortopedia como: a tendinite, reumatismo, bursite, esclerose sistêmica, traumática e artrite,
por exemplo, já que essas também apresentam lesões causadas por esforço repetitivo.
16
Desde o ano 2000, o dia 28 de fevereiro é considerado o Dia Internacional de Combate às
Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT). Assista à pesquisadora da Fundacentro Dr.ª Maria Maeno que narra sobre o dia 28
de fevereiro, Dia Internacional de Combate às LER-DORT, a pesquisadora comenta as mani-
festações de diferentes formas de apresentação dos quadros, dificuldades encontradas no
reconhecimento das relações entre quadros e o histórico de exposições.
Disponível aqui: https://youtu.be/nPXyQArsiK0
Você perceberá que alguns fatores receberão atenção especial a fim de evitar possí-
veis riscos de doenças ocupacionais, como:
• Identificação se existe sobrecarrega ao trabalho executado pelo trabalhador;
• Se esse trabalhador exerce suas funções sob pressão, seja da chefia, coordenador,
supervisor, ou dos colegas de trabalho (o que pode acarretar no aumento significa-
tivo de alterações nos aspectos físicos e mentais);
• Visualizar os aspectos gerais em que o trabalhador não tem controle sobre suas
atividades (caixa, digitador, operador de telemarketing e outros);
• Obrigatoriedade na manutenção rítmica de maneira acelerada para garantir o ren-
dimento da produção;
• Trabalho fragmentado, que é compreendido como aquele em que cada trabalhador
exerce uma única tarefa de forma repetitiva;
• Identificar o baixo número de profissionais para determinadas funções;
• Alta jornada de trabalho, além da parte de mobiliários, ambiente, equipamentos,
falta de EPIs adequados e necessários para aquela determinada função;
• A ausência de pausas durante o trabalho também é um grande fator para desenvol-
vimento de doenças ocupacionais.
Assim, pode-se pensar em cinco fatores de riscos que devem ganhar um olhar am-
pliado do profissional que atua com ergonomia.
Fatores de risco:
• Fatores intrínsecos: relacionam-se com o trabalhador como, por exemplo: má
postura, antropometria inadequada, dentre outros;
• Fatores extrínsecos: referem-se às empresas e organizações, como o ritmo das
atividades, condições ambientais desfavoráveis, organização do trabalho etc.;
17
17
UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Você percebeu que, dessa maneira, para realizar um diagnóstico voltado para a saúde
do trabalhador de forma eficaz, os profissionais irão se basear em avaliações ocupacio-
nais (por meio de técnicas, escalas, questionários) e exames clínicos com o máximo de
detalhes possíveis para se identificar as alterações nos aspectos biopsicossociais voltados
à atenção da saúde do trabalhador, bem como realizar análise das situações ocupacio-
nais, por meio de dados ergonômicos e epidemiológicos.
O profissional que atua com a saúde do trabalhador precisa conhecer o guia para os profis-
sionais de saúde em LER, material educativo desenvolvido pela Médica Ada Ávila Assunção e
pela auditora fiscal Lailah Vasconcelos Oliveira Vilela. Disponível em: https://bit.ly/3x1eVhG
Nos espaços laborais, existem três níveis de atenção preventiva. A seguir, vamos
compreender cada um deles:
• Prevenção primária: a análise da atividade é fundamental para ações de preven-
ção para a eliminação ou diminuição dos riscos/perigos que possam gerias lesões e
distúrbios osteomusculares. Atendimentos coletivos e individuais como massagens,
liberação miofascial, osteopatia, alongamentos, fortalecimento muscular, podem
contribuir com a redução de danos;
• Prevenção secundária: caracterizada pelo período de patogênese, sendo necessá-
rio inserir intervenções terapêuticas para que o trabalhador retorne ao seu estado
de saúde, baseando-se na conceituação da qualidade de vida ao exercer sua rotina
laboral. O fisioterapeuta deverá realizar avaliações contínuas e assistência integral
18
ao trabalhador (incluindo ações que viabilizem a promoção e prevenção da saúde,
para que a saúde do trabalhador seja protegida);
• Prevenção terciária: visa elaborar ações que evitem o surgimento refratário das
lesões acometidas ao trabalhador, ou seja, que já tenha passado pelos estágios an-
teriores, por exemplo, tratamento de algum pós-operatório, reabilitação funcional
durante o período de recuperação.
É necessário que exista uma compreensão mútua, pois ambas as partes são impor-
tantes nas organizações: o trabalhador, com sua mão de obra e conhecimento, e a orga-
nização, com a oferta de trabalho, devendo existir preocupação entre os pares, zelando
uns pelos outros para aumento da qualidade de vida e saúde no ambiente de trabalho.
19
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UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Assim, a anamnese ocupacional é uma etapa que, além de relevante para elaboração
de tratamentos e diagnóstico, torna-se investigativa, o que amplia a visão do profissional
para inserir condutas que beneficiem a saúde do trabalhador. É indispensável que o pro-
fissional avalie, estabeleça metas e condutas, bem como oriente e reavalie o trabalhador.
A Investigação das
Relações Saúde & Trabalho
No campo do reconhecimento do acidente do trabalho e doenças ocupacionais, os
profissionais tais como médicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas
ocupacionais, engenheiros, dentre outros, devem se atentar para as normas legais e
ético-profissionais para análise.
Assim os profissionais que estão na linha de frente para a proteção da saúde dos
trabalhadores devem estabelecer a relação causal ou do nexo entre um determinado
evento de saúde – dano ou doença – individual ou coletivo, potencial ou instalado, e
uma dada condição de trabalho. De modo esquemático, esse processo pode se iniciar
pela identificação e controle dos fatores de risco para a saúde presentes nos ambientes e
condições de trabalho e/ou a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos,
lesões ou doenças provocadas pelo trabalho, no indivíduo e no coletivo de trabalhadores
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
Pontos importantes que devem ser considerados sobre o adoecimento dos trabalha-
dores e sua relação com o trabalho:
20
Segundo as Diretrizes Sobre Prova Pericial em Acidentes do Trabalho e Doenças
Ocupacionais, proposto pelo Comitê Gestor Nacional do Programa Trabalho Seguro,
que é uma iniciativa do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e do Tribunal Supe-
rior do Trabalho e pela resolução do Conselho Federal de Medicina CFM Nº 2183 DE
21/06/2018, para a investigação dos profissionais, precisam considerar:
Importante!
A abertura da CAT possibilita o controle estatístico dos órgãos federais, além de garantir
a assistência do trabalhador junto ao INSS ou mesmo a sua aposentadoria por invalidez,
se for o caso. Após a comprovação do acidente de trabalho ou doença profissional, o
trabalhador terá direito ao auxílio-doença acidentário.
21
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UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Ações de Proteção e
Prevenção em Saúde do Trabalhador
As equipes de saúde e segurança devem se organizar visando a ações que permitam
gerar ações em vários níveis, lembrando que muitas ações podem levar muito tempo
para transformar as ações propostas pela equipe. Nesse sentido, vamos observar a fi-
gura abaixo:
Nesse sentido, vamos apresentar três cenários em que podem ter atuação:
22
Elaboração de políticas de
Estado e Regulamentações
MACRO Definição de plano industrial
Sociambiental e de serviços
MICRO
Queixa e atividade Anamnese
Estudos ergonômicos
Figura 1
Fonte: ASSUNÇÃO; VILELA, 2009
23
23
UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Como esse mesmo material acima, a International Labour Organization lançou o aplicativo
Checkpoints de Ergonomia com download gratuito! Onde o aplicativo permite a interação
de checkpoints de ergonomia, para ser utilizado nos postos de trabalho. No total, são 132
checkpoints que podem auxiliar na análise do trabalho. Disponível em: https://bit.ly/3w5b7uu
A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST tem por objetivos a promo-
ção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes
e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por
meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho.
Disponível aqui: https://bit.ly/2SverRW
24
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Protocolo de Complexidade Diferenciada – LER/DORT
https://bit.ly/3x3L3RY
Carne, Osso: documentário sobre trabalho em frigoríficos
https://bit.ly/3qw8MYl
Leitura
Lesões por esforços repetitivos (LER) e Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort)
https://bit.ly/2U8ncSq
Promoção de ambientes de trabalho saudáveis e seguros na
prevenção das doenças e agravos relacionados ao trabalho
https://bit.ly/35ZdLaw
25
25
UNIDADE A Relação entre Saúde, Trabalho e Adoecimento
Referências
ANAMT. Sugestão 7. Em Relação às Ações de Promoção da Saúde. 2002. Dis-
ponível em: <http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/sugestao_de_condu-
ta_13120151011467055475.pdf>. Acesso em: 03/04/2021.
ASSUNÇÃO, A. A.; VILELA, L. V. O. Lesões por esforços repetitivos: guia para pro-
fissionais de saúde. Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST, 2009.
Disponível em: <http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/images/LIVRO_LER_2_
corrigido%201605X230.pdf>.
PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. de. Saúde coletiva: uma “nova saúde pública” ou campo
aberto a novos paradigmas? Revista de Saúde Pública, vol. 32, n. 4, pp. 299-316, 1998.
26
Ergonomia e Segurança
do Trabalho
Análise do Trabalho em Ergonomia
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Análise do Trabalho em Ergonomia
• Abrangência da Ergonomia;
• Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17) – Ergonomia;
• Antropometria;
• Biomecânica;
• Fisiologia;
• Métodos de Aplicação da Ergonomia.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar as normativas básicas de ergonomia;
• Fornecer instrumentos de trabalho que permitam o desenvolvimento de projetos e concepções
de postos/ambientes de trabalho que levem em consideração as características psicofisiológicas
dos trabalhadores;
• Apresentar a Antropometria, Biomecânica e Fisiologia, que são elementos necessários à aná-
lise do trabalho, bem como o projeto do posto de trabalho para as atividades relacionadas à
indústria e às atividades relacionadas à prestação de serviços.
UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
Abrangência da Ergonomia
A amplitude do conceito de Ergonomia vem sendo ampliado dia após dia.
Quanto maior o conhecimento das pessoas em geral sobre o que vem a ser Ergonomia
e suas respectivas aplicações, não só o conceito fundamental se consolida, como também
se aperfeiçoa de acordo com a resposta da Sociedade.
A maioria das empresas que aplicam a Ergonomia não possui uma área composta de
ergonomistas, mas possui um grupo de profissionais ligados, direta ou indiretamente, à
execução do trabalho e suas derivações.
Esse grupo deve ser multidisciplinar, ou seja, composto por profissionais de áreas
diversas, com aptidões e competências diferentes e complementares.
Isso permite que grupos multidisciplinares de Ergonomia possam e devam agir ergo-
nomicamente em qualquer tipo de trabalho e em qualquer segmento de mercado, no que
diz respeito à atividade ocupacional.
8
• Engenheiros de Produção: Procuram distribuir o trabalho sem sobrecarga, esta-
belecendo um fluxo racional de materiais e postos de trabalho; devem estudar os
métodos de trabalho, tempos e postos de trabalho;
• Engenheiros de Segurança e Manutenção: Identificam áreas, máquinas e pro-
cessos de trabalho que podem oferecer risco ao trabalhador;
• Desenhistas Industriais: Ajudam na adaptação de máquinas e de equipamentos,
projeto do posto de trabalho e sistemas de comunicação;
• Psicólogos: São comumente envolvidos na análise dos processos cognitivos, relacio-
namentos humanos, seleção e treinamento de pessoal e podem dar sua contribuição
no estabelecimento de novos métodos;
• Enfermeiros e Fisioterapeutas: devem procurar agir preventivamente no histórico
de dor e de lesões ocupacionais. Quando a prevenção não tiver sido possível, atuam
na recuperação desses trabalhadores;
• Programadores de Produção: podem contribuir definindo, na medida do possível,
um fluxo contínuo de produção e evitando trabalhos noturnos;
• Administradores: podem atuar na elaboração de cargos e salários mais justos,
melhorando a autoestima do trabalhador;
• Compradores: devem ser conhecedores dos Princípios de Ergonomia, a fim de
procurarem adquirir máquinas, equipamentos e materiais mais limpos, seguros,
confortáveis e menos tóxicos.
9
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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
parte da empresa de NADA valem. A dor vai existir, o assédio moral vai existir, o
afastamento e o aumento nos custos, bem como a perda de eficiência vão persistir.
Por mais que seja oneroso “parar” a operação para palestras, ainda é bem mais
barato do que perder os investimentos de energia, de tempo e de dinheiro para
“aplicar devidamente a Ergonomia”;
• Ergonomia de participação: É quando o trabalhador ou o usuário participam do
processo de desenvolvimento de máquinas, equipamentos, mobiliário e processo
de fabricação e/ou prestação de serviços. A Ergonomia de participação é efetiva
quando o trabalhador ou usuário já possui conhecimentos prévios sobre o que vem
a ser Ergonomia.
Para essa situação, é possível afirmar que a empresa chegou ao estágio de QUALI-
DADE TOTAL. Bem como a empresa que invade toda a organização com os conceitos
de qualidade e chega ao estágio de qualidade total, a organização, seja de natureza
manufatureira, seja de prestação de serviços, quando “invade” toda a empresa com os
conceitos de Ergonomia, podemos afirmar que aplicou a MACROERGONOMIA. Onde
há trabalho humano, sempre, em qualquer segmento de mercado, inclusive em nossa
vida cotidiana, deve haver Ergonomia. No ato de um estudante levar uma mochila para
escola, deve haver ergonomia de correção, na conscientização sobre como carregar a
mochila: as duas alças devem ser usadas uma em cada ombro. Caso seja possível, as
mochilas com rodinhas devem ser escolhidas.
Norma Regulamentadora
nº 17 (NR-17) – Ergonomia
No Brasil (2018), a NR 17 é a normativa que estabelece os parâmetros que permitam a
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,
de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
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Como exemplo, o livro Pontos de Verificação Ergonômicas, traduzido pela Funda-
centro, mostra exemplos de ações simples que podem ser realizadas no meio ambiente
de trabalho (FUNDACENTRO, 2018).
Figura 2 – Criar estratégias para que o trabalhador possa empurrar ou puxar os materiais pesados, em
lugar de erguê-los ou baixá-los. Mover os materiais ao longo de superfícies da mesma altura
Fonte: Fundacentro, 2018
O item 17.3 da NR 17 trata do mobiliário dos postos de trabalho. Para isso, o profissional
tem vários instrumentos de trabalho, desde o mais simples ao mais complexo, dependendo
muito da necessidade de cada momento de atuação, seja ele na fase de projeto ou de
melhorias. Para auxiliar, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou
algumas normas que permitem auxiliar os profissionais, conforme apresentado a seguir:
ABNT NBR ISO 11228-2:2017 Ergonomia – Movimentação manual – Parte 2: Empurrar e puxar.
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11
UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
12
Nota-se que as luminárias altas proporcionam uma melhor distribuição da luz. Uma
ação simples que os profissionais que atuam no campo da ergonomia podem proporcionar
para os trabalhadores uma iluminação suficiente, de forma que possam operar em todo
momento de modo eficiente e confortável.
Organização do Trabalho
A ergonomista aposentada da Fundacentro Leda Leal Ferreira aponta que devemos
olhar para a organização do trabalho, considerando nove elementos: 1) Deve haver
instrumentos de trabalho apropriados; 2) Deve haver uma ideia clara sobre o produto
que se quer 3) Deve haver local de trabalho apropriado para trabalhar, isto é, com boa
iluminação, espaço para se movimentar, ventilação etc. 4) Deve haver matéria-prima;
5) Ter tempo suficiente; 6) Ter trabalhadores em número suficiente; 7) Ter qualificação
necessária; 8) Ter tranquilidade para se dedicar ao trabalho; 9) Ter uma remuneração
condizente com as suas necessidades (FERREIRA, 2016).
A primeira conclusão que a autora tira é que, quando analisamos o trabalho, conse-
guimos compreender: a) o que está neste trabalho é bom e faz bem aos trabalha-
dores e o que neste trabalho é ruim e pode fazer com que os trabalhadores sofram e
até fiquem doentes, com doenças físicas e mentais (FERREIRA, 2016).
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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
Um exemplo que podemos utilizar neste tema é o retorno de experiência dos tra-
balhadores. Para podermos colocar em prática melhorias nos itens citados, podemos
utilizar um espaço de formação ou treinamento aos trabalhadores para que assumam
responsabilidades e fornecer-lhes os meios para que tragam melhorias nas suas tarefas.
A Fundacentro (2018, p. 271), sobre a organização do trabalho, destaca:
Antropometria
Segundo Lida (2005), a origem da antropometria está na Antiguidade, pois egípcios
e gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O reconhe-
cimento dos biótipos aparece nos tempos bíblicos, e os nomes de muitas unidades de
medida, utilizados hoje em dia, são derivados de segmentos do corpo.
A antropometria trata das medidas do corpo humano. Aparentemente, medir as pes-
soas seria uma tarefa fácil, bastando para isso ter uma régua, trena e balança.
14
Entretanto, isso não é tão simples assim quando se pretende obter medidas represen-
tativas e confiáveis de uma população, que é composta de indivíduos dos mais variados
tipos e dimensões.
Biomecânica
Qual a importância da Biomecânica para os estudos ergonômicos?
Para refletirmos sobre isso, precisamos compreender do que trata essa ciência. Ou seja:
• Considerando que a análise do movimento humano é feito pela Biomecânica e
Cinesiologia, respectivamente. A primeira refere-se às formas de avaliação dos mo-
vimentos (provas e funções), e a segunda busca analisar o movimento e o efeito da
força ao trabalhador (LIDA; GUIMARÃES, 2018);
• Considerando que o corpo humano é movido por um sistema musculoesquelético
e possui limitações, as quais devem ser respeitadas no desenvolvimento de um pro-
jeto ou uma atividade de trabalho (LIDA; GUIMARÃES, 2018);
• Considerando que a biomecânica é uma disciplina que estuda a estrutura e a função
dos sistemas biológicos, contribuindo para a devida compreensão do funcionamento
do sistema musculoesquelético que é composto por ossos, articulações, ligamentos,
músculos e tendões.
Para mostrar a importância dessa ciência, vamos refletir sobre o estudo realizado
por Vilela et al. (2015, p. 38). Eles realizaram uma análise ergonômica da atividade de
trabalho de um trabalhador no corte de cana manual e chegaram ao seguinte resultado:
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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
Fisiologia
As análises ergonômicas do trabalho devem ser realizadas para avaliar a adaptação
das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e subsi-
diar a implementação das medidas e adequações necessárias previstas na NR-17.
Portanto, precisamos compreender o que significa a Fisiologia, que é uma área de es-
tudo sobre o funcionamento físico, orgânico, mecânico e bioquímico dos seres humanos.
A fisiologia do trabalho está relacionada aos gastos energéticos, preocupando-se em re-
duzir a carga física e os fatores de sobrecargas fisiológicos, como temperatura ambiental
e ruídos (LIDA; GUIMARÃES, 2018).
Como usar o conhecimento da fisiologia nas avaliações ergonômicas?
Um exemplo pode ser uma avaliação realizada junto aos trabalhadores cortadores de
cana no estudo conduzido por (VILELA et al., 2015), no qual, ao avaliar um trabalhador,
evidenciou o corte de 22,4 toneladas no dia do monitoramento. Tal situação trouxe uma re-
percussão fisiológica que pode ser vista no registro dos batimentos cardíaco do trabalhador:
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Figura 5 – Monitoramento de parâmetros fisiológicos (frequência cardíaca) e do Índice de Bulbo Úmido
Termômetro de Globo (IBUTG) durante uma jornada de trabalho no corte manual de cana-de-açúcar
Fonte: VILELA et al., 2015
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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
senvolvido por uma equipe multidisciplinar. A fim de promover uma análise ergonômica
adequada e técnica do posto de trabalho, são utilizadas as ferramentas auxiliares aplica-
das à ergonomia.
Importante!
A Análise do Trabalho em Ergonomia, existem termos “modelo”, “método” e “ferramenta”
que são, muitas vezes, utilizados de maneira indiscriminada e acabam se confundindo nos
estudos práticos, por isso, abaixo, apresentamos uma descrição para ajudar na reflexão.
A equipe que vai analisar pode escolher um modelo ou mais, e uma ou várias ferramen-
tas de análise. Veja, como exemplos, as tradicionais (OCRA, Owas, Equação NIOSH, Rula,
Reba, Questionário Nórdico, EWA, lista de verificação etc.) que serão descritas abaixo.
Antes de dar continuidade no estudo, assista ao vídeo Ferramentas Ergonômicas? Para quê?
Disponível em: https://bityl.co/7jPB
18
O uso das ferramentas ergonômicas é variada e, por isso, é preciso refletir sobre suas
características, tais como:
• Qualidade da aplicação;
• Rapidez em obtenção de resultados;
• Resultado objetivo;
• Reconhecimento internacional;
• Uso para identificação de funções de maior risco;
• Estudo comparativo após melhorias;
• Efeito judicial;
• Comercial.
Segundo Pavani e Quelhas (2006), a legislação brasileira, embora afirme que visa es-
tabelecer parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características psi-
cofisiológicas dos trabalhadores e que para avaliar essa adaptação cabe às organizações
realizar análise ergonômica do trabalho, não deixa claro ou não sugere metodologias
para essas avaliações de riscos ergonômicos.
O manual de aplicação da NR 17 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2002) também
não define ou orienta quanto aos métodos a serem utilizados para avaliação dos riscos er-
gonômicos das atividades ocupacionais, citando apenas a equação do National Institute
for Occupational Safety and Health – NIOSH, órgão do governo americano que desen-
volveu uma equação que permite calcular qual seria o limite recomendável para levan-
tamento e transporte manual de peso, levando-se em conta alguns fatores específicos.
Existem muitas ferramentas de análise de riscos ergonômicos encontrados na lite-
ratura disponível, delineados para determinar e quantificar a exposição a fatores de
risco devido à sobrecarga biomecânica dos membros superiores. Entre eles, destacam-se
aqueles que evidenciam de forma qualitativa a presença de características ocupacionais
que podem levar o avaliador em direção à possível presença de um risco, aqueles que,
por outro lado, na base de checklist, permitem um rápido enquadramento do problema
e aqueles mais complexos que podem caracterizar a multifatoriedade da exposição. Não
existem métodos de avaliação de risco que podem atender completamente todos os
critérios, apesar disso, alguns deles se apresentam mais completos em sua formulação.
Nesse cenário, abordaremos algumas das ferramentas aplicadas à ergonomia:
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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
20
Tabela 1 – Nível de Intervenção para os Resultados do Método RULA
Nível de Ação Pontuação Intervenção
A postura è aceitável se não for mantida ou repe-
1 1-2
tida por longos períodos;
São necessárias investigações posteriores; Algum
2 3-4
intervenções podem se tornar necessárias;
3 5-6 É necessário investigar e mudar em breve;
4 ≥ É necessário investigar e mudar imediatamente.
Segundo Pavani e Quelhas (2006), a ferramenta REBA (Rapid Entire Boby Assessment)
foi desenvolvida para estimar o risco de desordens corporais ao que os trabalhadores estão
expostos. As técnicas que se utilizam para realizar uma análise postural têm duas caracterís-
ticas que são a sensibilidade e a generalidade. Uma alta generalidade quer dizer que é apli-
cável em muitos casos, mas provavelmente tenha uma baixa sensibilidade, que quer dizer
que os resultados que se obtenham podem ser pobres em detalhes. Porém, as técnicas com
alta sensibilidade, em que é necessária uma informação muito precisa sobre os parâmetros
específicos que se medem, parecem ter uma aplicação bastante limitada.
A ferramenta REBA é para avaliar a quantidade de posturas forçadas nas tarefas ma-
nipuladas pessoas ou qualquer tipo de carga animada, apresentando uma grande simi-
laridade com a ferramenta RULA, e assim como ela, é dirigida às análises dos membros
superiores e a trabalhos onde se realizam movimentos repetitivos. A ferramenta inclui
fatores de carga postural dinâmica e estática, na interação pessoa-carga, e um conceito
denominado de “a gravidade assistida” para a manutenção da postura dos membros supe-
riores; isso quer dizer que é obtida a ajuda da gravidade para manter a postura do braço
onde é mais custoso manter o braço levantado do que tê-lo pendurado para baixo. Ela foi
concebida inicialmente para ser aplicada em análises de posturas forçadas, adotadas pelo
pessoal da área médica e hospitalar, como auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas etc.
A avaliação de risco também é feita a partir de uma observação sistemática dos ciclos
de trabalho, pontuando as posturas do tronco, pescoço, pernas, carga, braços, antebraços
e punhos em tabelas específicas para cada grupo. Após a pontuação de cada grupo, é
obtida a pontuação final, que é comparada com uma tabela de níveis de risco e ação em
escala que varia de 0 (zero), correspondente ao intervalo de movimento ou postura de
trabalho aceitável e que não necessita de melhorias na atividade, até ao valor 4 (quatro),
onde o fator de risco é considerado muito alto sendo necessária atuação imediata.
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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
Intervenção e
Nível de Ação Pontuação Nível de Risco
Posterior Análise
3 8 - 10 Alto Prontamente necessário
4 11 - 15 Muito Alto Atuação imediata
NIOSH
Em 1981, nos Estados Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational
Safety and Health – NIOSH, patrocinou-se o desenvolvimento da ferramenta para de-
terminar a carga máxima a ser manuseada numa atividade de trabalho.
A ferramenta NIOSH foi revisada em 1991, sendo proposto o limite de peso reco-
mendado (LPR) e o Índice de levantamento (IL).
Deve-se respeitar o peso que uma pessoa possa levantar em situação de trabalho, na
qual 90% dos homens e, no mínimo, 75% das mulheres o façam sem lesão.
Cálculo:
Onde o valor 23, corresponde ao peso limite ideal, quer dizer, aquele que pode ser ma-
nuseado sem risco particular, quando a carga está idealmente colocada, compreendendo:
• FDH (Fator de Distância Horizontal em relação à carga) = 25 cm;
• FAV (Fator de Altura Vertical em relação ao solo) = 75 cm;
• FRLT (Fator de Rotação Lateral do Tronco) = 0;
• FFL (Fator Frequência de Levantamento) menor que uma vez a cada 5 minutos;
• Pega carga fácil e confortável (boa).
Questionário Nórdico
O questionário nórdico foi desenvolvido para autopreenchimento. Há um desenho
dividindo o corpo em 9 partes. Os trabalhadores devem responder “sim” ou “não” para
3 situações que envolvem essas 9 partes:
• Você teve algum problema nos últimos 7 dias?
• Você teve algum problema nos últimos 12 meses?
• Você quis deixar de trabalhar algum dia nos últimos 12 meses devido ao problema?
22
O questionário é distribuído juntamente com uma carta explicando os objetivos do
levantamento e solicitando a colaboração. Segue-se um bloco de caracterização do su-
jeito, pedindo para indicar o sexo, idade, lateralidade (destro, canhoto, ambidestro). Fi-
nalmente, indica-se onde devem ser entregues os questionários preenchidos e faz-se um
agradecimento pela colaboração.
Segundo Lida (2005), o questionário é válido, sobretudo, quando se quer fazer um le-
vantamento abrangente, rápido e de baixo custo. Ele pode ser usado para que se faça um
levantamento inicial das situações que requerem análises mais profundas e medidas cor-
retivas. Os dados podem ser processados eletronicamente para identificar os principais
problemas posturais em uma empresa. Pode ser usado como diagnóstico preliminar que
será usado no primeiro pilar da primeira fase de implantação do Comitê de Ergonomia.
23
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UNIDADE Análise do Trabalho em Ergonomia
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Ferramentas ergonômicas podem ser pesquisadas no site Ergolândia 7.0
https://bityl.co/7jNn
Vídeos
Antropometria
https://youtu.be/b7kdFt2Hpdc
Técnicas Antropométricas
https://youtu.be/QwXcKAuhooE
Biomecânica do Pé
https://youtu.be/0EHV2PfDv7I
Laboratório de Biomecânica
https://youtu.be/AUYYjawZsH0
Ciência das artes marciais – Biomecânica do judô
https://youtu.be/oLRpzvBkXmE
Fisiologia humana
https://youtu.be/w4-1-QaXc5c
Leitura
Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora Nº 17
https://bityl.co/7jNj
Manual de Auxílio na Interpretação e Aplicação da Norma Regulamentadora nº 36
https://bityl.co/7jNk
24
Referências
BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho.
São Paulo. Editora Blucher, 1977.
25
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Ergonomia e Segurança
do Trabalho
Contribuições da Simulação em Ergonomia
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Contribuições da Simulação em
Ergonomia
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Proporcionar olhares diferentes em uma dinâmica participativa envolvendo diferentes atores
(multiprofissionais) de uma organização no conhecimento da atividade de trabalho;
• Apresentar ferramentas que permitam a simulação de atividades de trabalho.
UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia
Simulação do Trabalho
A simulação do trabalho deve ser uma das estratégias que permite trazer contribuições
para a integração do projeto aos sistemas de trabalhos. Por isso o ergonomista ou o comitê
de ergonomia, quando tiver uma demanda, pode criar um projeto e envolver os trabalha-
dores, gerentes e projetistas para discutir as futuras condições de trabalho e soluções.
Nesse caso, o uso de simulação do trabalho é uma oportunidade para esses atores
exteriorizarem e reconstruírem suas representações acerca do trabalho. Isso permite a
troca de representações de diferentes atores no momento do desenvolvimento do pro-
jeto que contribui para integração do conjunto das soluções futuras (BITTENCOURT;
DUARTE, 2021).
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As abordagens que as equipes vêm usando no meio ambiente de trabalho são variadas
e essas representações (Tabela 1) dos sistemas de trabalho (ex. maquetes físicas e virtuais)
são usadas como suporte para trabalhadores apresentarem sugestões de soluções com
base em sua experiência (LUVIZOTO; FONTES; TORRES, 2021).
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UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia
Para maior conhecimento, apresentamos algumas técnicas que são utilizadas para a
simulação:
Uso de modelos físicos A simulação física compreende todas aquelas em que são utilizados
para a simulação um meio físico e um cenário físico.
Simulação utilizando Os protótipos são construídos para revelar, resolver ou validar es-
protótipos pecificações.
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Simulação humana computacional utiliza os benefícios da reali-
dade virtual e da computação gráfica para aplicações nas áreas
Simulação humana de projeto de instalações industriais e na concepção, avaliação e
implantação de sistemas de produção.
Simulação Humana
As ferramentas computacionais de cronoanálise da atividade são softwares ou aplica-
tivos de dispositivos móveis utilizados para auxiliar a análise da cronologia da atividade,
que permite compreender a sequência, os deslocamentos, construindo-se o curso tem-
poral da operação, permitindo compreender significados de arranjos organizacionais
informais ou mesmo o desencadeamento de uma sobrecarga de trabalho (RODRIGUES;
TONIN, 2021).
Rodrigues e Tonin (2021) descrevem que as ferramentas mais conhecidas pelos ergono-
mistas no Brasil talvez sejam o Captiv (Teaergo) e o Kronos (Actogran Kronos). O software
Kronos “é um software de suporte à análise do trabalho, que torna visível a evolução de ati-
vidades laborais ao longo do tempo, em curtos ou longos períodos” (ROCHA, 2015, p. 1).
Software Kronos
O software Kronos pode ser usado durante a observação direta no local de trabalho ou
posteriormente, quando as observações diretas são utilizadas por meio de acoplamento a
computadores de dimensões reduzidas, que normalmente cabem no bolso ou na mão do ob-
servador. Por sua vez, as observações que são realizadas posteriormente ocorrem por meio
de análises de filmes da atividade, que podem ser integradas ao Kronos (ROCHA, 2015).
O Kronos é, portanto, uma ferramenta extremamente útil na coleta de dados sobre o trabalho
conforme pode ser analisado no artigo “A cadeirologia e o mito da postura correta”, da profes-
sora de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais Ada Ávila Assunção, que é Mestre e
Doutora em Ergonomia. Disponível em: https://bityl.co/7uHy
11
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UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia
Software Captiv
Em estudo no setor canavieiro, o pesquisador Erivelton Laat utilizou a ferramenta
Captiv (Teaergo), mas, para o início da avaliação, foi preciso observação da filmagem iso-
lada, na qual foram definidas na pré-codificação as variáveis que seriam usadas (Figura 1).
Essas variáveis foram apontadas como as mais importantes na compreensão do trabalho
dos cortadores (LAAT, 2010).
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A atividade do ergonomista, após a filmagem, é descrever as variáveis e realizar o início
do registro quantitativo da análise. Observe, na figura acima, à direita, os botões que são
resultados das observações pré-selecionadas na filmagem. Em vermelho, o tipo de atividade,
em azul, as ações de deslocamento, em roxo, o tipo de postura e, em verde, o tipo de corte.
Do lado esquerdo, a imagem da filmagem transferida para o software (LAAT, 2010).
Importante!
Através de registros automáticos do tempo é possível obter gráficos e dados estatísticos
sobre a duração e as transições de variáveis previamente definidas por um observador.
Por fim, o software fornecerá informações em formatos de gráficos e poderá auxiliar na
análise estatística da situação (RODRIGUES; TONIN, 2021).
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UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia
Importante!
O software Captiv permite captar medidas por outros instrumentos periféricos, tais como
frequência cardíaca, temperatura corporal e IBUTG, que podem ser agregadas na mesma
linha de tempo do mesmo caso. Portanto, permite uma avaliação mais integrada com
várias variáveis que podem comprometer a saúde do trabalhador.
O CAPITV permite uma conexão entre vários sensores desde que tenha um cabo
para conectar no computador em que será instalado o software. Nesse estudo da cana,
um dos instrumentos usados foi o aparelho de IBUTG, que monitora a sobrecarga tér-
mica durante a jornada de trabalho a céu aberto.
14
Figura 2 – Monitor de IBUTG integrado com estação climática
Fonte: LAAT, 2010
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UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia
Outro ponto que é preciso ter muito cuidado é quando se usam os sensores, uma
vez que é preciso garantir a calibração e sincronização com aceitável nível de precisão,
pois isso pode afetar a qualidade dos dados gerados e a interpretação dos resultados
(RODRIGUES; TONIN, 2021).
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Figura 6 – Sistema Captiv integrando as variáveis de
observação e medidas fisiológicas e ambientais
Fonte: Adaptada de LAAT, 2010
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UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia
Em Síntese
O software auxilia na análise das situações de trabalho, fornecendo evidências estatís-
ticas. E também auxilia na visualização (diálogo com os trabalhadores) dos constrangi-
mentos e variabilidades nas atividades e identificar as estratégias explícitas ou tácitas
adotadas pelo operador.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Captura de imagem CAPTIV VR by TEA
https://www.youtube.com/watch?v=DJiAXJJV0G8
Efeitos de cinema – Motion Capture/Captura de Movimento
https://www.youtube.com/watch?v=LZ-esdw2ZWg
O que é Ergonomia?
https://www.youtube.com/watch?v=F0GJJUb1Qxc
Simulação e participação na Ergonomia
https://www.youtube.com/watch?v=XYlQjD2jC04
Simulador de Percepção de Riscos 360° – Ergonomia
https://www.youtube.com/watch?v=wSM639-fcps
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UNIDADE Contribuições da Simulação em Ergonomia
Referências
BITTENCOURT, J. M.; DUARTE, F. J. de C. M. Contribuições da simulação em ergo-
nomia para a engenharia do trabalho: perspectivas metodológicas e conceitos operacio-
nais. In: BRAATZ, D; ROCHA, R.; GEMMA, S.(orgs.). Engenharia do Trabalho – Saú-
de, Segurança, Ergonomia e Projeto. Campinas: Libris, 2021. Disponível em: <http://
engenhariadotrabalho.com.br/sobreolivro/>.Acesso em: 01/10/2021. No prelo.
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Ergonomia e Segurança
do Trabalho
Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Por uma Cultura de Segurança
nas Organizações
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar o tema cultura de segurança visando à proteção e prevenção dos trabalhadores
e dos meios ambientes de trabalho;
• Apresentar a organização e as normativas para construção de Sistema de Gestão de Ergonomia;
• Apresentar a organização e as ações do Comitê de Ergonomia.
UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
A construção cultural dentro de uma organização tem uma variação muito grande,
uma vez que existem ao longo do tempo muitas mudanças (vendas, troca de gestores,
de diretores, de proprietários etc.). Por isso a cultura da organização é progressivamente
construída pelas interações dos indivíduos no curso da história, determinando as maneiras
de fazer e pensar do grupo como um todo (ROCHA; VILELA, 2021).
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Quadro 1 – Estágios de Maturidade
Gonçalves Filho et al. (2011) organiza uma proposta para que as equipes de saúde e se-
gurança das organizações possam criar a estratégia de implantar o modelo desenvolvido:
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UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
Para refletir, a cultura de segurança somente pode ser observada em organizações que
têm compromissos prévios. Fleming (2001) descreve um alerta de que o seu modelo de cul-
tura de segurança somente é aplicável em organizações que atendam aos seguintes critérios:
Importante!
• Tenha um adequado Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho;
• A maioria dos acidentes de trabalho não é causada por falhas técnicas;
• Atenda às leis e normas sobre segurança do trabalho;
• A segurança do trabalho é dirigida para evitar acidentes.
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algumas ferramentas e métodos aplicados à ergonomia, dentre os vários existentes.
Todavia, neste contexto, compreender a forma de execução, seus estágios e a condução
da negociação são fundamentais para o sucesso das ações ergonômicas.
O Sistema de Gestão visa organizar uma empresa por meio da identificação dos pro-
cessos de uma organização, identificando-se entradas e saídas, deve-se estabelecer um
sistema de controle – verificação a fim de criar dados “vivos” sempre atualizados – que
permita aos líderes tomarem decisões objetivas e efetivas. Todo e qualquer conjunto de
normas e procedimentos que a organização seja sistêmica pode ser considerado um sis-
tema de gestão. O conjunto de normas e procedimentos mais conhecidos são as normas
da série ISO 9000.
Em 1994, houve uma revisão nas normas ISO 9000. Nessa época, a indústria auto-
mobilística mundial vivia um cenário em que cada região era precedida por um sistema:
• VDA: Sistema alemão;
• AVSQ: Sistema Italiano;
• EAQF 94: Sistema francês;
• GM, Chrisler, Ford: (big 3) – QS – Norma certificável.
A ISO TS 16.649 foi uma harmonização dos requisitos na norma e de outros sis-
temas vigentes no segmento (VDA, AVSQ, EAQF 94, QS) e surge conceitualmente
atualizada, pois se baseia na revisão 2000 da ISO com foco em gestão por processos.
A ISO TS 16.649 conta, além dos requisitos da norma, com a seção de “Requisitos
específicos do cliente” que são, basicamente, o atendimento às normas internas do cliente
como simbologia, nomenclatura, características críticas, especificações, regime de quali-
ficação de fornecedores etc.
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UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
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• Determinar o escopo geral da auditoria, a norma de sistema da qualidade, ou docu-
mento que deve ser seguido;
• Receber o relatório de auditoria;
• Determinar o acompanhamento a ser adotado.
ISO série 14.000 – Gestão Ambiental: A ISO 14.001 é uma norma de, relativamente,
simples aplicação, mas, em um dos seus requisitos, pede-se que siga as legislações am-
bientais vigentes no local da unidade a ser certificada. No caso do Brasil, são mais de
80.000 leis relacionadas ao meio ambiente. Deve-se considerar também a hierarquia
das leis: municipal, estadual e federal que, em muitos casos, são divergentes. Deve ser
aplicada a lei mais rígida independentemente da hierarquia das leis. A norma consiste
basicamente em três pontos:
• Levantamento dos aspectos e impactos ambientais;
• Classificação dos riscos relacionados aos impactos ambientais (pode ser FMEA);
• Estabelecimento de planos para que esses aspectos sejam identificados e controlados,
além da aplicação de toda legislação vigente.
A organização deve ter um plano de atendimento a emergências (fogo, explosão,
contaminação etc.), deve-se responder à questão: qual o dano que vai causar ao meio
ambiente se isso acontecer? O plano de atendimento à emergência deve contar, inclusive,
com simulações.
Você Sabia?
Hoje, o país que mais certifica a norma ISO 14.001 (gestão ambiental) e a ISO 50.000
(gestão de energia) é o Japão.
Existem outras normas que não pertencem à família ISO, mas são igualmente certi-
ficáveis:
• Normas de segurança: OHSAS – abordada mais profundamente, ainda nesta
unidade. A partir de dezembro de 2017, a norma que conhecemos como OHSAS
18.001 integrará a família ISO com o nome de ISO 45.001;
• Responsabilidade social: SA 8.000 (norma criada a partir do “escândalo da Nike”,
quando veio a público a submissão do ser humano ao trabalho escravo – regime de
escravidão – sem condições dignas de trabalho);
• PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat): o
programa brasileiro de qualidade e produtividade do habitat foi uma forma do go-
verno federal brasileiro fazer com que a indústria da construção civil se preocupasse
com qualidade e produtividade. As construtoras (e não incorporadoras) que seguem
todos os elementos da norma do PBQP-H ganham o direito de usar o selo de quali-
dade, após passar por auditoria de organismo certificador devidamente qualificado.
O PBQP-H segue a norma ISO revisão 2000 (com ênfase em gestão de processos).
A empresa que possui a certificação PBQP-H consegue financiamento de todo seu
empreendimento com recursos do governo sem precisar dispor de recursos próprios
13
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UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
que, muitas vezes, pode ser a fronteira entre o sucesso e o fracasso de construtoras de
qualquer porte.
Gestão da Ergonomia –
Comitê de Ergonomia
Trocando Ideias...
Antes de iniciarmos nossos estudos sobre a indicação de um modelo de aplicação de
gestão da ergonomia, é importante ressaltar que a gestão da ergonomia é necessária
quando a organização mobiliza recursos para promover a integração, mais harmônica
possível, entre homem, sistema e ambiente. Apesar de termos afirmado, anteriormente,
que a ergonomia deve propor um “modelo um mental” no sentido de ser uma forma de
pensar e agir no emprego e fora dele, nesse contexto, o modelo sugerido de gestão da
ergonomia dedica-se a uma organização, seja manufatureira, ou de serviços. O modelo
proposto oferece um “caminho” ao sistema de certificação internacional de saúde e se-
gurança do trabalho, que, a partir de dezembro de 2017 será “rebatizado” e passará a
integrar a família ISO com a identificação de ISO 45.001.
Sugere-se que “Gestão da ergonomia” seja um processo maior a ser implantado em fases:
• 1º Fase: Início do processo;
• 2º Fase: Ciclo de melhoria – atuação;
• 3º Fase: Desenvolvimento em longo prazo.
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Sugere-se, ainda, que a implantação da primeira fase, denominada “Início do Processo”,
seja feita a partir dos 5 pilares:
• 1º Pilar: Apoio da alta administração;
• 2º Pilar: Treinamentos;
• 3º Pilar: Participação dos funcionários;
• 4º Pilar: Estruturação do serviço médico;
• 5º Pilar: Estruturação administrativa.
Importante!
Deve ser solicitado apoio ao staff e promover a assinatura de Declaração de Princípios de
Atuação Ergonômica.
2º Pilar – Treinamentos
A organização deve promover treinamentos sobre conhecimentos gerais em ergono-
mia, tais como:
• Situações atuais da empresa;
• Processo de gestão;
• Participação efetiva.
Participação na identificação de problemas e identificação de soluções mais adequa-
das (8 horas para engenheiros e técnicos, 4 horas para encarregados e líderes e de 1 a
2 horas para funcionários).
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UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
Constituição do Comitê de
Ergonomia – COERGO
• Ações do Comitê: identificar problemas ergonômicos, implantar soluções realizando
mudanças para reduzir ou eliminar riscos (causas de desconforto, fadiga e lesões)
aplicando princípios da ergonomia, validar dados e acompanhá-los periodicamente;
• Nº de Comitês de Ergonomia: depende da organização da empresa, da relação
matriz x filiais, dos riscos ergonômicos existentes e, caso haja, dos processos indus-
triais diferenciados;
• Nº de Integrantes do Comitê: em média, 8 membros (4 representantes da empresa
e 4 representantes dos funcionários). Para empresas de grande porte, são recomen-
dados de 10 a 12 integrantes, a fim de evitar dificuldades operacionais (encontros,
discussões etc.);
• Coordenador do Comitê: profissional da área operacional (engenheiro, técnico
operacional, supervisor, gerente etc.). O coordenador deve ter, dentre suas com-
petências, respeito para com os demais colegas, boa articulação ao lidar com os
representantes dos funcionários e alta gerência. Deve interessar-se por problemas
ergonômicos que eventualmente demandem aprovação orçamentária, negociação e
aprovação de investimentos. O coordenador deverá abrir e fechar a reunião, manter
o foco na discussão, garantir a participação de pessoas envolvidas, garantir a for-
mação do consenso e poderá, eventualmente, convocar pessoas para participar de
reuniões do comitê ou projetos;
• Líder de Ergonomia: encarregado de assumir problemas de natureza ergonômica
de cada setor, ele deve ter um perfil criativo e comunicativo;
• Representante dos Funcionários: deve ser indicado pela chefia, ter interesse nas condi-
ções de trabalho, ser capaz de identificar problemas ergonômicos e ser um porta-voz,
além de poder selecionar em cada projeto o auxílio de um funcionário do setor;
• Secretário Executivo do Comitê: ocupa uma função estratégica e deve ter um bom
senso de organização. Verificar, antes da reunião, se a sala está pronta e os ma-
teriais necessários disponíveis. Tomar nota das discussões utilizando uma folha de
evolução do processo de ergonomia;
• Ata da Reunião: determinar data, horário de início e término, local e itens a serem
discutidos. A pauta da próxima reunião deve ser elaborada e afixada em quadro de
avisos. As atas das reuniões devem ser distribuídas, e o registro com problemas de
acompanhamento deve ser mantido. Deve ser tomado como base o plano de ação
desenvolvido. Dever ser mantido o foco durante as reuniões;
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• Integrantes Complementares: escolher um representante ligado à área com maiores
problemas ergonômicos, identificando problemas junto aos integrantes da CIPA;
• Profissionais de Saúde e Segurança: devem, obrigatoriamente, participar das reuniões
do comitê, mesmo não sendo integrantes efetivos;
• Engenheiros de Diversas Áreas: experiência em projetos e “re-projetos” devem par-
ticipar das soluções;
• Consultor de Ergonomia: interno ou externo.
Os membros do comitê devem ser devidamente treinados e qualificados na prática
da análise ergonômica e na dedução de soluções adequadas. O período de treinamento
deve ser de 40 horas teórico e prático. O conteúdo programático deve conter: conceito
de ergonomia, estrutura da coluna vertebral, patologias da coluna vertebral, LER/DORT,
princípios da ergonomia, acessórios ergonômicos, antropometria, ferramentas de análise,
posturas corretas domiciliares e no trabalho e, atividades e ações do Coergo.
O comitê deve ser oficializado junto à alta administração, deve ter legitimidade e ser
de conhecimento de todos. Deve haver uma minuta oficializando o Comitê.
As reuniões devem ser regulares, em intervalos fixos, sempre na mesma hora e local.
Em média, 1 hora a cada 15 dias. O secretário deve informar previamente sobre a pro-
gramação da reunião.
Os membros do comitê devem sempre ser capazes de relacionar todos os principais pro-
blemas analisados, os problemas atuais, grau de prioridade e encaminhamento do momento.
O comitê deve estar alerta e aberto aos problemas novos por meio de uma adminis-
tração dinâmica e eficiente. As inspeções e questionamentos periódicos são importantes.
Deve ser elaborado um formulário de acompanhamento de problemas.
• 1º fase: Início do processo;
• 2º fase: Ciclo de melhoria – Atuação;
• 3º fase: Desenvolvimento em longo prazo.
O ciclo de melhoria dos processos de atuação, propriamente dito, pode ser feito em
6 passos:
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UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
Figura 1
V. Documentar as soluções:
Riscos, recomendações, planos de ação, evolução das medidas adotadas e validação
dos funcionários sobre a solução adotada.
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II. Aperfeiçoamento da Documentação Evidenciada:
Deve ser criado um arquivo comparativo em vídeo. Os formulários devem ser arqui-
vados. Deve, também, ser documentado o problema identificado e a solução aplicada.
Deve haver uma organização de pastas por setor.
V. Auditoria Periódica:
Aspectos levantados: registro de entrada de processos, análise ergonômica, perio-
dicidade de reuniões do comitê, presença dos membros às reuniões, oficialização das
mudanças dos membros do comitê, análise dos problemas em categorias, verificação e
acompanhamento.
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UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
Em Síntese
Para uma boa atuação da equipe do Sistema de Gestão Integrado, deve-se sempre buscar
a antecipação do previsível e enfrentar o imprevisto, para isso as equipes precisam estar
formadas para atuar com a resiliência que é um sistema que busca “a capacidade de ante-
cipar, de detectar precocemente e de responder adequadamente a variações do funciona-
mento do sistema no que diz respeito às condições de referência, visando minimizar seus
efeitos sobre a estabilidade dinâmica” (DANIELLOU et al., 2010). Os trabalhos relacionados
à segurança sistêmica mostram que essa resistência depende de dois componentes:
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Como produzir indicadores de segurança confiáveis?
https://https://youtu.be/mwiA1QY9SNI
Como medir a Segurança no Trabalho?
https://youtu.be/0kTxU03q4x0
“Safety Differently”, o Filme. Apresentado por Sidney Dekker
https://youtu.be/iy1g1hqwBhU
Leitura
Fatores Humanos e Organizacionais da Segurança Industrial
https://bityl.co/7s8z
O Essencial da Cultura de Segurança
https://bityl.co/7s8w
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UNIDADE Por uma Cultura de Segurança nas Organizações
Referências
DANIELLOU, F.; SIMARD, M.; BOISSIÈRES, I. Fatores Humanos e Organizacionais
da Segurança Industrial: um estado da arte. Traduzido do original Facteurs Humains
et Organisationnels de la Sécurité Industrielle por ROCHA, R.; LIMA, F.; DUARTE, F.
Número 2013-07. Cadernos da Segurança Industrial, ICSI, Toulouse, França, 2010.
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