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A ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO VISTA POR

GUERREIRO RAMOS

MARCIO FLAVIO A. FRANCO


Apresentação
 O autor Guerreiro Ramos inicia sua obra em uma primeira parte
justificando que em nosso meio, o público interessado nas questões
da racionalização administrativa do trabalho encontra uma
abundância de autores na literatura ofertada, a qual já foi bastante
discutida e debatida no meio social. Porém, em sua visão, pretende
empreender sua contribuição em um enfoque diferenciado, suprindo
uma lacuna ausente no estudo da evolução da Organização Racional
do Trabalho.
30/09/2023
Introdução:
 O autor navega por uma linha de tempo que inicia
sua contagem com uma visão do trabalho nas
sociedades primitivas, a qual não tinha a
institucionalização hoje observada no mundo
moderno.
 A compartimentalização do trabalho citada é recente,
e decorrente de um longo processo histórico, e não de
uma causalidade ou invenção repentina.
30/09/2023
O TRABALHO NAS SOCIEDADES PRIMITIVAS

 Na sociedade pré-letrada, a idéia de lucro não era presente e a economia


era de subsistência pautada em bases naturais. O capital não tinha nenhum
papel de status para as sociedades primitivas, onde o prestígio era
conseguido por outras atividades tais como bravura e raciocínio. Havia o
acúmulo de bens, mas voltado a produzir reservas para o consumo ou
trocas com outras comunidades. O trabalho era prazer e criação
oriundos de um forte instinto de vida, por isso não era necessário nenhum
incentivo ou pressão externa para que o primitivo trabalhasse. A tarefa
estava entregue a preceitos mágicos que não deveriam ser violados.

30/09/2023
 Um fato relevante trazido pelo autor é que a mentalidade primitiva das
comunidades pré-letradas é incompatível com a técnica da racionalização
econômica do trabalho hoje preconizada. A forte tradição fixou as
necessidades da época e a forma de satisfazê-las, assim, qualquer tentativa
de inovação que viesse a alterar os processos vigentes era considerada
ofensiva. Em decorrência desta visão a mudança era desconhecida e tal
fato emperrava o desenvolvimento da racionalização do trabalho nestas
sociedades.

30/09/2023
OS PRECONCEITOS ANTI-TRABALHISTAS NA
ANTIGUIDADE

 Caminhando na linha do tempo que demarca os capítulos do livro, são


trazidos do contexto histórico da antiguidade citações em que o trabalho
sofreu fortes preconceitos entre os povos destas épocas mais distantes.
Assevera a lavra de Guerreiro que pensadores da Grécia Antiga e de outros
locais da civilização, por várias vezes, colocaram o trabalho mecânico e
braçal em um patamar de inferioridade social. A escravidão, em análise,
fora uma das grandes culpadas, pois proporcionara uma oferta de mão de
obra barata e degradada, por conseqüência de tal prática o preconceito que
se institucionalizara em torno atividade chamada trabalho.

30/09/2023
O trabalho na Idade Média e no Renascimento
 Adentrando os passos na Idade Média, a visão do trabalho se modifica e
toma uma nova conotação, a mística. A nobreza orgulhava-se de não
trabalhar e este período fica marcado por uma imobilidade que impedia as
técnicas organizacionais do trabalho progredirem. Porém, a ordem social é
rompida com o advento do Renascimento, que trás a tona a força do
trabalho e seu valor mercadológico dando início a especulação e a
contabilidade, afastando-se dos valores atrelados ao misticismo religioso e
anti-produtivo. O laicismo surge e o Estado começa a tomar sua posição
social no descortinar de uma nova etapa de avanços na humanidade.

30/09/2023
O despertar renascentista
 A Europa inunda-se com a eclosão da ciência, e uma nascente postura dá
início aos processos de racionalização em todas as atividades da vida
humana. E dentro deste novo cenário encontrava-se o trabalho, o qual foi
se desvencilhando dos antigos preconceitos vividos pelas profissões
mecânicas as quais começam a ser palco de estudo das ciências aplicadas
ao trabalho.

30/09/2023
Expoentes do Renascimento
 Alguns notáveis espíritos do pensamento humano se reportaram ao
nascimento da racionalização do trabalho, entre eles: Leonardo da Vinci
(1452-1519), Francis Bacon (1561-1626), Galileu Galilei (1564-1842), René
Descartes (1596-1650) e Frederick Taylor (1856-1915). Este último
consolidando-se como um importantíssimo ponto no tempo histórico no
mundo, assinalando o nascimento do estudo científico do trabalho, através
da aplicação de seu método cartesiano a o desenvolvimento da
racionalização das atividades laborais.

30/09/2023
AUTORES DESTACADOS DURANTE A 1* REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Fourier, citado como precursor da orientação profissional do trabalho, o qual asseverou


através de suas reflexões a falência das instituições, dos costumes e da tradição de sua época.
propôs que o trabalho fosse sempre uma fonte de prazer e deveria ser realizado de acordo com as
propensões do trabalhador.

Robert Owen (1771-1857), que salienta em suas obras que o homem é principalmente pré-
fabricado pelos seus predecessores. Havia na leitura de Owen o embrião da idéia de racionalização do
trabalho

30/09/2023
O SISTEMA TAYLOR
 A humanidade avança rumo a dias de melhor entendimento das coisas, e é através
do engenheiro americano F. W. Taylor que a organização racional do trabalho
propriamente dita tem seu ponto inicial, considerando todas as contribuições
anteriores com devida relevância, entretanto, é através deste notável homem que
esta ciência é organizada e estudada com nitidez e logicidade.
 Tendo como lema “ciência em lugar de empirismo” Taylor lança seu entusiasmo
reformista ao mundo, contribuindo de forma capital na libertação do trabalho
humano da tradição vigente oriunda dos tempos primitivos. Seu método científico
utilizou-se de duas operações fundamentais: a análise e a síntese, distinguindo o seu
sujeito – o homem, e o seu objeto – a matéria. O taylorismo foi seguido por vários
estudiosos nos Estados Unidos e no restante do mundo.
30/09/2023
O SISTEMA FORD
 Acompanhando os novos passos da civilização hodierna surge mais um vulto insigne
na escala mundial que contribuíra para a tecnologia do trabalho, Henri Ford (1863-
1947), criador do fordismo, considerado pelo autor mais que um sistema de
organização racional do trabalho, mas principalmente uma doutrina econômica,
sendo Ford, pioneiro no estudo da chefia executiva.
 Ford trouxe como uma de suas principais contribuições o mecanismo do trabalho
repetitivo. A teoria de eficiência de Ford baseou-se em três princípios
interdependentes: produtividade e intensificação, ligados ao fator tempo; e
economicidade, vinculado ao fator matéria. Por um complexo de condições, os
Estados Unidos da América foi o berço ideal do fordismo, que por várias outras
razões de cunho cultural e social não teve a mesma aceitação em outras localidades
do mundo.
30/09/2023
A RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO NA ALEMANHA

 Alinhado com o aparecimento do taylorismo e do fordismo na América e


espalhando-se para vários locais do mundo, a Alemanha por não se adaptar
com estes sistemas, desenvolveu características peculiares na
racionalização do trabalho, onde um grande centro de investigação e
estudo sobre o tema foi criado – O Conselho do Reich para a Produtividade.
Uma entidade para-estatal que consegue grande eficácia em seu intento, e
era subvencionada pelo Reich.

30/09/2023
Cont.
 A trajetória de melhoria contínua, peculiar a natureza humana, prossegue
trazendo a luz dos acontecimentos novos fatos, desta vez pelas
reivindicações da classe operária, para que os estudos sobre o impacto da
atividade laboral tomem rumo a atender demandas visando assegurar uma
melhor satisfação ao trabalhador nos aspectos agora fisiológicos e
psicológicos. Tais necessidades surgidas após os primeiros ensaios
do taylorismo formaram estímulos poderosos aos pesquisadores para
explorarem este novo campo de ensaios.

30/09/2023
Cont.

 O aparato estatal também é atingido por esta nova tecnologia, e toma uma
trajetória eminentemente sociológica. Seu ciclo de racionalização não se
processa pura e simplesmente ao saber técnico, como as organizações não
governamentais assimilaram, mas sim por uma transformação operada na
base da diminuição e até anulação da eficácia da antiga tradição. Assume
papel importante neste contexto o digno pensador e estudioso alemão Max
Weber (1864-1920) com sua tese que embasa as características da
administração pré-moderna e distingue as duas das principais fases da
administração pública: a administração patrimonial e administração racional
ou burocrática.

30/09/2023
O avanço da racionalização do trabalho
 Em vários países do mundo a racionalização do trabalho atinge também
os setores públicos e vai operando grandes transformações.
 No Brasil, pontua o autor, estas mudanças encontram resistências,
provindas do histórico da nação. A estrutura política e social do país não
comporta de forma rápida tais avanços trazidos por um sistema
racionalizado.
 A tradição do patrimonialismo, clans feudais, privatismo e espírito
patriarcal são apontados como fatores impeditivos do avanço de processo
no setor público. Alguns episódios importantes da racionalização
administrativa no Brasil são assinalados na obra em pauta. 30/09/2023
 A civilização chega a novo estágio, os sistemas de Taylor, Ford entre outras vertentes
do assunto revelam pressupostos que não suprem mais as necessidades do contexto da
sociedade que se descortinava, o homem como ser social não queria ser mais tratado
como uma “peça” voltada ao lucro no ambiente funcional. Este tipo de tratamento
mecanicista que até o presente momento da evolução era dado à racionalização do
trabalho estava causando grande desequilíbrio social. A sociologia do trabalho viceja e
trás com ela importantes estudiosos para o palco da pesquisa avançada no assunto.
Muitas descobertas decisivas foram feitas sobre esta nova tecnologia do trabalho,
alterando posicionamentos que até o momento vinham sendo aceitos. Foi mais um
passo importante nos estudos da racionalização do trabalho. Em síntese, os
pesquisadores foram unânimes em afirmar que a empresa só funciona de forma bem
sucedida se houver integração da organização formal com a não formal.
30/09/2023
Conclusões:
 A ORT até o presente momento não se constituía em uma
metodologia de organização, mas encontrava-se em fase de
emergência.

30/09/2023
Referências:
 RAMOS, A.G. Uma introdução ao histórico da organização
racional do trabalho. Brasília: Conselho Federal de
Administração, 2009.

30/09/2023

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