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29/08/2022 18:31 A ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO VISTA POR GUERREIRO RAMOS | Blog do PH

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A ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO VISTA


POR GUERREIRO RAMOS

Publicado: 26/12/2012 em Sem categoria


1
A Organização Racional do Trabalho vista por Guerreiro Ramos

Resumo de:

GUERREIRO RAMOS, Alberto. Uma Introdução ao Histórico da Organização Racional do


Trabalho. Brasília: Conselho Federal de Administração, 2008.

Por Paulo Henrique Corrêa Brum[1]

Resumo apresentado à disciplina de “Tópicos Especiais em Gestão Organizacional” – Prof.ª Ms.


Helenice Rodrigues Reis.

O autor Guerreiro Ramos inicia sua obra em uma primeira parte justificando que em nosso meio, o
público interessado nas questões da racionalização administrativa do trabalho encontra uma
abundância de autores na literatura ofertada, a qual já foi bastante discutida e debatida no meio
social. Porém, em sua visão, pretende empreender sua contribuição em um enfoque diferenciado,
suprindo uma lacuna ausente no estudo da evolução da Organização Racional do Trabalho.

Dando prosseguimento a seu trabalho no livro em resumo, a parte segunda engloba todo o
desenvolvimento da obra, fazendo o leitor navegar por uma linha de tempo que inicia sua contagem
com uma visão do trabalho nas sociedades primitivas, a qual não tinha a institucionalização hoje
observada no mundo moderno. A compartimentalização do trabalho citada é recente, e decorrente de
um longo processo histórico, e não de uma causalidade ou invenção repentina.

https://paulohcb.wordpress.com/2012/12/26/a-organizacao-racional-do-trabalho-vista-por-guerreiro-ramos/ 1/4
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Na sociedade pré-letrada, a idéia de lucro não era presente e a economia era de subsistência pautada
em bases naturais. O capital não tinha nenhum papel de status para as sociedades primitivas, onde o
prestígio era conseguido por outras atividades tais como bravura e raciocínio. Havia o acúmulo de
bens, mas voltado a produzir reservas para o consumo ou trocas com outras comunidades. O
trabalho era prazer e criação oriundos de um forte instinto de vida, por isso não era necessário
nenhum incentivo ou pressão externa para que o primitivo trabalhasse. A tarefa estava entregue a
preceitos mágicos que não deveriam ser violados.

Um fato relevante trazido pelo autor é que a mentalidade primitiva das comunidades pré-letradas é
incompatível com a técnica da racionalização econômica do trabalho hoje preconizada. A forte
tradição fixou as necessidades da época e a forma de satisfazê-las, assim, qualquer tentativa de
inovação que viesse a alterar os processos vigentes era considerada ofensiva. Em decorrência desta
visão a mudança era desconhecida e tal fato emperrava o desenvolvimento da racionalização do
trabalho nestas sociedades.

Caminhando na linha do tempo que demarca os capítulos do livro, são trazidos do contexto histórico
da antiguidade citações em que o trabalho sofreu fortes preconceitos entre os povos destas épocas
mais distantes. Assevera a lavra de Guerreiro que pensadores da Grécia Antiga e de outros locais da
civilização, por várias vezes, colocaram o trabalho mecânico e braçal em um patamar de inferioridade
social. A escravidão, em análise, fora uma das grandes culpadas, pois proporcionara uma oferta de
mão de obra barata e degradada, por conseqüência de tal prática o preconceito que se
institucionalizara em torno atividade chamada trabalho.

Adentrando os passos na Idade Média, a visão do trabalho se modifica e toma uma nova conotação, a
mística. A nobreza orgulhava-se de não trabalhar e este período fica marcado por uma imobilidade
que impedia as técnicas organizacionais do trabalho progredirem. Porém, a ordem social é rompida
com o advento do Renascimento, que trás a tona a força do trabalho e seu valor mercadológico dando
início a especulação e a contabilidade, afastando-se dos valores atrelados ao misticismo religioso e
anti-produtivo. O laicismo surge e o Estado começa a tomar sua posição social no descortinar de uma
nova etapa de avanços na humanidade.

A Europa inunda-se com a eclosão da ciência, e uma nascente postura dá início aos processos de
racionalização em todas as atividades da vida humana. E dentro deste novo cenário encontrava-se o
trabalho, o qual foi se desvencilhando dos antigos preconceitos vividos pelas profissões mecânicas as
quais começam a ser palco de estudo das ciências aplicadas ao trabalho.

Em uma passagem do livro são citados notáveis espíritos do pensamento humano que se reportaram
ao nascimento da racionalização do trabalho, entre eles: Leonardo da Vinci (1452-1519), Francis Bacon
(1561-1626), Galileu Galilei (1564-1842), René Descartes (1596-1650) e Frederick Taylor (1856-1915).
Este último consolidando-se como um importantíssimo ponto no tempo histórico no mundo,
assinalando o nascimento do estudo científico do trabalho, através da aplicação de seu método
cartesiano a o desenvolvimento da racionalização das atividades laborais.

Mais um grande marco na humanidade eclode, a Revolução Industrial, causando uma transformação
radical na cultura material do ocidente, onde as organizações sociais e econômicas dos estados,
egressas do feudalismo, partem para as formações dos centros industriais nas cidades em busca de
melhores condições de vida. As instituições arraigadas a tradição e costumes do ontem resistem à
mudança, e passam a ser as geradoras de novos problemas advindos da revolução que se instaura.

Neste período se observou as contribuições de Charles Fourier (1772-1837), citado como precursor da
orientação profissional do trabalho, o qual asseverou através de suas reflexões a falência das
instituições, dos costumes e da tradição de sua época. Fourier propôs que o trabalho fosse sempre
uma fonte de prazer e deveria ser realizado de acordo com as propensões do trabalhador. Também

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foi destacado pelo autor neste período da revolução um expoente do movimento racionalizador,
Robert Owen (1771-1857), que salienta em suas obras que o homem é principalmente pré-fabricado
pelos seus predecessores. Havia na leitura de Owen o embrião da idéia de racionalização do trabalho.

A humanidade avança rumo a dias de melhor entendimento das coisas, e é através do engenheiro
americano F. W. Taylor que a organização racional do trabalho propriamente dita tem seu ponto
inicial, considerando todas as contribuições anteriores com devida relevância, entretanto, é através
deste notável homem que esta ciência é organizada e estudada com nitidez e logicidade. Tendo como
lema “ciência em lugar de empirismo” Taylor lança seu entusiasmo reformista ao mundo,
contribuindo de forma capital na libertação do trabalho humano da tradição vigente oriunda dos
tempos primitivos. Seu método científico utilizou-se de duas operações fundamentais: a análise e a
síntese, distinguindo o seu sujeito – o homem, e o seu objeto – a matéria. O taylorismo foi seguido por
vários estudiosos nos Estados Unidos e no restante do mundo.

Acompanhando os novos passos da civilização hodierna surge mais um vulto insigne na escala
mundial que contribuíra para a tecnologia do trabalho, Henri Ford (1863-1947), criador do fordismo,
considerado pelo autor mais que um sistema de organização racional do trabalho, mas
principalmente uma doutrina econômica. Ford trouxe como uma de suas principais contribuições o
mecanismo do trabalho repetitivo. A teoria de eficiência de Ford baseou-se em três princípios
interdependentes: produtividade e intensificação, ligados ao fator tempo; e economicidade, vinculado
ao fator matéria. Por um complexo de condições, os Estados Unidos da América foi o berço ideal do
fordismo, que por várias outras razões de cunho cultural e social não teve a mesma aceitação em
outras localidades do mundo.

Embora uma das principais correntes da organização racional do trabalho tenha sua nascente na obra
de Taylor e continuada por inúmeros outros trabalhos desenvolvidos por ilustres pensadores e
cientistas no decorrer destes períodos trazidos nas linhas acima desta obra resumida, o autor cita o
relevante contributo dos estudos de Henri Fayol (1841-1925) na teoria científica da organização
administrativa, sendo o pioneiro no estudo da chefia executiva.

Alinhado com o aparecimento do taylorismo e do fordismo na América e espalhando-se para vários


locais do mundo, a Alemanha por não se adaptar com estes sistemas, desenvolveu características
peculiares na racionalização do trabalho, onde um grande centro de investigação e estudo sobre o
tema foi criado – O Conselho do Reich para a Produtividade. Uma entidade para-estatal que
consegue grande eficácia em seu intento, e era subvencionada pelo Reich.

A trajetória de melhoria contínua, peculiar a natureza humana, prossegue trazendo a luz dos
acontecimentos novos fatos, desta vez pelas reivindicações da classe operária, para que os estudos
sobre o impacto da atividade laboral tomem rumo a atender demandas visando assegurar uma
melhor satisfação ao trabalhador nos aspectos agora fisiológicos e psicológicos. Tais necessidades
surgidas após os primeiros ensaios do taylorismo formaram estímulos poderosos aos pesquisadores
para explorarem este novo campo de ensaios.

O aparato estatal também é atingido por esta nova tecnologia, e toma uma trajetória eminentemente
sociológica. Seu ciclo de racionalização não se processa pura e simplesmente ao saber técnico, como
as organizações não governamentais assimilaram, mas sim por uma transformação operada na base
da diminuição e até anulação da eficácia da antiga tradição. Assume papel importante neste contexto
o digno pensador e estudioso alemão Max Weber (1864-1920) com sua tese que embasa as
características da administração pré-moderna e distingue as duas das principais fases da
administração pública: a administração patrimonial e administração racional ou burocrática.

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Em vários países do mundo a racionalização do trabalho atinge também os setores públicos e vai
operando grandes transformações. No Brasil, pontua o autor, estas mudanças encontram resistências,
provindas do histórico da nação. A estrutura política e social do país não comporta de forma rápida
tais avanços trazidos por um sistema racionalizado. A tradição do patrimonialismo, clans feudais,
privatismo e espírito patriarcal são apontados como fatores impeditivos do avanço de processo no
setor público. Alguns episódios importantes da racionalização administrativa no Brasil são
assinalados na obra em pauta.

A civilização chega a novo estágio, os sistemas de Taylor, Ford entre outras vertentes do assunto
revelam pressupostos que não suprem mais as necessidades do contexto da sociedade que se
descortinava, o homem como ser social não queria ser mais tratado como uma “peça” voltada ao
lucro no ambiente funcional. Este tipo de tratamento mecanicista que até o presente momento da
evolução era dado à racionalização do trabalho estava causando grande desequilíbrio social. A
sociologia do trabalho viceja e trás com ela importantes estudiosos para o palco da pesquisa avançada
no assunto. Muitas descobertas decisivas foram feitas sobre esta nova tecnologia do trabalho,
alterando posicionamentos que até o momento vinham sendo aceitos. Foi mais um passo importante
nos estudos da racionalização do trabalho. Em síntese, os pesquisadores foram unânimes em afirmar
que a empresa só funciona de forma bem sucedida se houver integração da organização formal com a
não formal.

No final da presente obra, Guerreiro Ramos sintetiza em sete tópicos tudo que fora tratado
anteriormente, citando somente os pontos nevrálgicos da ascensão da Organização Racional do
Trabalho no mundo. Nesta conclusão o autor assevera que a ORT até o presente momento não se
constituía em uma metodologia de organização, mas encontrava-se em fase de emergência.

[1] Mestrando em Gestão Estratégica das Organizações – URI Campus Santo Ângelo/RS.

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comentários
Contribuições da Obra de Guerreiro Ramos | Canal da Sociologia disse:
03/12/2015 às 0:52
[…] A Organização Racional do Trabalho vista por Guerreiro Ramos.
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guerreiro-ram… […]

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