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CURSO ON-LINE - SOCIOLOGIA DO TRABALHO PARA AFT 1


PROFESSORA: TATIANA CLARO

AULA 1 – 0 TRABALHO NO PENSAMENTO CLÁSSICO E ATUAL

Olá, prezados(as) alunos(as)

É sempre um grande prazer poder compartilhar conhecimentos


com todos vocês! Aqui vamos dar continuidade ao nosso estudo da
Sociologia do Trabalho.
Na aula passada focamos no desenvolvimento do trabalho
através dos tempos, fazendo uma análise histórica das mudanças
ocorridas no mundo do trabalho desde a produção artesanal até a
indústria. Hoje nossa atenção estará voltada, em especial, para a
compreensão do conceito de trabalho. Contudo, antes de nos
envolvermos no estudo do trabalho, vamos tentar entender um pouco
sobre a Sociologia, seu desenvolvimento e seus objetivos, assim
como a relevância da criação de uma sociologia especializada no
estudo do trabalho.
Também iremos estudar uma diferente classificação do
trabalho, que pode ser visto como uma ação, uma necessidade ou,
ainda como uma coerção. Por fim abrangeremos o trabalho no
pensamento clássico na visão dos três principais sociólogos: Marx,
Durkheim e Weber. O estudo do trabalho no pensamento clássico nos
levará a outros dois importantes tópicos cobrados no concurso: a
divisão social do trabalho (em Marx, Durkheim em Weber) e
exploração e alienação (em Marx).
Certamente essa aula será um pouco mais “pesada” do que as
outras, pois é sempre densa a explicação do núcleo da teoria
marxista, em especial, mas ao mesmo tempo importantíssima. Aliás,
quando meus alunos me perguntam quais conteúdos considero mais
relevantes para aprofundamento de seus estudos, a teoria marxista é
sempre minha primeira aposta. Por quê? Nas provas de AFT de 1998,

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de 2003 e de 2006 esse tópico foi sempre cobrado, afinal, Marx é o


principal teórico clássico do trabalho!
Temos muito estudo pela frente, mãos à obra!

A Sociologia: desenvolvimento e conceito

Não pretendo estender a introdução ao estudo da Sociologia,


pois isto será de pequeno interesse para vocês neste momento, mas
é fundamental que conheçam alguns pontos básicos sobre seu
desenvolvimento.
As transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas no
século XVIII com as Revoluções Industrial (que já estudamos na aula
demonstrativa) e Francesa1, trouxeram muitas questões como
miserabilidade, fome, doenças, exploração.
A Revolução Industrial merece especial destaque, pois significou
algo mais do que a introdução da máquina a vapor; ela representou a
ascensão da indústria capitalista, que foi pouco a pouco concentrando
as máquinas, as terras e as ferramentas sob o seu controle,
convertendo grandes massas humanas em simples trabalhadores
despossuídos.
A classe trabalhadora recém-criada tornara-se miserável, suja,
bêbada; as mulheres eram prostituídas ou, juntamente com as
crianças, tornavam-se verdadeiras escravas nas fábricas. As
moradias eram imundas. As doenças, a fome, a insalubridade e falta
de higiene matavam os moços, as crianças e a população
trabalhadora. Salários baixos, jornadas diárias de até dezesseis horas
e castigos corporais por parte dos patrões eram a regra. Ao mesmo

1
A Revolução Francesa, que culminou em 1789, marca o início da Época
Contemporânea e se manifestou no fim do absolutismo e dos privilégios da
nobreza, na tomada do poder pela burguesia, na participação ativa dos camponeses
e artesãos, na superação das instituições feudais do Antigo Regime e na preparação
da França para a caminhada em direção ao capitalismo industrial.

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tempo, multas impostas pelos patrões criavam as condições para


uma consciência de seu próprio valor e de seus direitos, levando-os a
greves e movimentos políticos. Surgia a figura do proletariado -
classe que vende sua força de trabalho em um mercado, como se
fosse mercadoria, por não possuir mais nada, a não ser seu próprio
corpo.
Assim, neste momento instala-se a sociedade capitalista, que
divide a sociedade em duas diferentes e antagônicas classes:
burguesia (representada pelos donos dos meios de produção, como
como fábricas, máquinas e matéria-prima) e proletariado
(possuidores apenas de sua força de trabalho). O sumiço dos
pequenos proprietários rurais, dos artesãos independentes, a
imposição de prolongadas horas de trabalho, etc., tiveram um efeito
traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar
radicalmente suas formas tradicionais de vida.
Não demorou para que as manifestações de revolta dos
trabalhadores iniciassem. Máquinas foram destruídas, atos de
sabotagem e exploração de algumas oficinas, roubos e crimes,
evoluindo para a criação de associações livres, formação de
sindicatos e mesmo revoluções. Este fato é importante para o
surgimento da Sociologia, pois colocava a sociedade num plano de
análise, ou seja, passava a se constituir em “problema”, em “objeto”
que deveria ser investigado.
Dessa forma, a Sociologia surge no século XIX como forma de
entender esses problemas e explicá-los, estando seu surgimento
vinculado à consolidação do capitalismo moderno. Sociólogos não só
esperavam entender o que unia os grupos sociais, mas também
desenvolver uma solução para a desintegração social.
O termo Sociologie foi cunhado por Auguste Comte, que
esperava unificar todos os estudos relativos ao homem — inclusive a
História, a Psicologia e a Economia. Seu esquema sociológico era

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tipicamente positivista2 (corrente que teve grande força no século


XIX), e ele acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as
mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse
compreender este progresso, poderia prescrever os remédios para os
problemas de ordem social. Posteriormente, esse pensamento
positivista foi se modificando, ao longo do tempo, com diferentes
pontos de vista sobre os fatos sociais. De fato, esta ciência não é
uma ciência natural ou exata, é uma ciência do social como a História
ou a Antropologia.
Um pouco mais tarde Émile Durkheim definiu o que seria o
objeto de estudo da sociologia: o fato social. O fato social emerge da
sociedade, que se torna um dado isolável, podendo ser uma cidade,
uma instituição (família, escola, prisão) ou um tema (como a moda, a
violência juvenil, etc.). Os fatos sociais têm duas características
principais: são exteriores ao indivíduo, isto é, existem antes do
indivíduo e continuariam existindo mesmo que este não existisse; em
segundo lugar, os fatos sociais exercem coação sobre o indivíduo, ele
não pode deixar de praticá-los sob pena de exercer pressões sociais,
punições, etc.
Grandes nomes da Sociologia Clássica, como Karl Marx, Max
Weber e Émile Durkheim, entre final do século XIX e início do século
XX, analisaram as sociedades daquela época. Eles estavam
interessados, sobretudo, nas transformações que estavam ocorrendo,
devido ao surgimento de uma sociedade industrial e moderna. Cada
um deles tinha uma visão própria do que é uma sociedade e estudou-

2
O Positivismo foi uma corrente filosófica cujo mentor e iniciador principal foi
Comte, no século XIX. Apareceu como reação ao idealismo, opondo ao primado da
razão, o primado da experiência sensível (e dos dados positivos). Propõe a idéia de
uma ciência sem teologia ou metafísica, baseada apenas no mundo físico/material.
nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de
um só princípio. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos
fenômenos (Deus ou natureza) e torna-se pesquisa de suas leis, vistas como
relações constantes entre fenômenos observáveis.

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a a partir de diferentes ângulos e perspectivas, conforme


observaremos mais adiante.
Agora que entendemos como se desenvolveu a Sociologia,
ficará mais fácil conceituá-la. Há muitas definições para Sociologia,
contudo, há uma que responde melhor ao nosso objetivo:

A Sociologia é uma ciência que estuda as sociedades


humanas e os processos que interligam os indivíduos em
associações, grupos e instituições. Enquanto que o
indivíduo isolado é estudado pela Psicologia e a
Antropologia, a Sociologia estuda os fenômenos que
ocorrem quando vários indivíduos se encontram em
grupos de tamanhos diversos, e interagem no interior
desses grupos. Seu objetivo mais amplo é descobrir a
estrutura básica da sociedade humana, identificar as
principais forças que mantêm os grupos unidos ou os
enfraquecem.

A análise da definição acima permite-nos chegar a três idéias:

1. A Sociologia é uma ciência, ou seja, trata de um conjunto de


conhecimentos sitemáticos, organizados, baseados na observação e
na pesquisa objetiva dos fatos sociais, e não em crenças
preconcebidas ou sentimentos subjetivos;

2. O objeto de estudo da Sociologia é a sociedade humana, sua


estrutura básica, a coesão e a desintegração dos grupos, a
transformação ou manutenção da vida social;

3. A Sociologia pode ser encarada ao mesmo tempo como fator


revolucionário e conservador. Alguns sociólogos estudam fatos sociais
que são responsáveis pela manutenção da ordem, como a família, o
governo, etc. Outros estudam os fatos que acarretam a
transformação da sociedade, como as revoluções, por exemplo.

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Os sociólogos estudam uma variedade muito grande de


assuntos, entre eles podemos destacar as seguintes áreas de
estudos: Demografia social, Micro-sociologia, Sociologia ambiental,
Sociologia da cultura, Sociologia econômica, desenvolvimento
econômico, Sociologia da religião, Sociologia rural, Sociologia urbana,
Sociologia do trabalho, entre outras. Mas por que foi criada uma
sociologia especializada para o trabalho?

A Sociologia do Trabalho

A separação em um campo disciplinar dentro de qualquer


ciência recorta um ângulo da visão. Uma ciência aplicada a um dado
campo busca fazer uma ponte entre a teoria e a realidade concreta.
Também é assim com a Sociologia do Trabalho.
Desde seu início a Sociologia tem se dedicado à análise do
trabalho na sociedade moderna. Em suas mais diversas perspectivas
e concepções de mundo, os autores clássicos do pensamento
sociológico, cada um a seu modo, apontaram a importância do
trabalho e das relações que se construíram a partir dele para o
entendimento da sociedade.
Nos dias de hoje, com as grandes mudanças pelas quais passa
o mundo contemporâneo, a investigação sociológica permanece um
instrumento essencial para a compreensão dessas transformações e
seus respectivos impactos sociais.
A Sociologia do Trabalho abrange, portanto, pelo menos dois
aspectos principais:
 O estudo dos processos e das influências sociais envolvidos na
atividade trabalhista - incluem-se aqui os processos de
interação dos indivíduos e as influências exercidas pela
sociedade, pela comunidade e pela empresa;

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 A aplicação dos conhecimentos e descobertas da Sociologia à


atividade trabalhista, isto é, a utilização da Sociologia e de seus
princípios para refletir acerca do trabalho, tornando-o mais
eficiente.

A Sociologia do Trabalho adquiriu grande importância entre as


décadas de 40 e 50 no século XX, quando a indústria automobilística
havia se tornado a maior empregadora de mão-de-obra, com maior
domínio tecnológico e os sindicatos haviam se tornado extremamente
poderosos. Nessa época, a Sociologia do Trabalho tornou-se uma
especialização dentro da Sociologia muito valorizada.
Contudo, quem inaugurou o campo de observação sociológico
sobre o trabalho foi Karl Marx, no século XIX. De Marx herdamos os
pressupostos de que a posição do trabalhador no processo produtivo
(burguês ou proletariado) é o princípio organizador da estrutura
social e de que a dinâmica do desenvolvimento é pautada pelos
conflitos gerados em torno da exploração das relações de trabalho,
conforme aprofundaremos mais adiante.

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O conceito de trabalho

Por estar tão presente em nosso cotidiano, parece


relativamente fácil descrever o significado da palavra trabalho, pois
estamos sempre a utilizando: Hoje vou mais tarde ao trabalho; não
tinha idéia como essa pintura daria trabalho; o trabalho representa
dignidade para o homem. Veremos, contudo, que não é tão simples
definir o que venha a ser o trabalho, uma vez que as transformações
na sociedade influenciam diretamente no seu significado e
entendimento.
O trabalho, não somente em nossos dias, mas há longo tempo,
desempenha uma função importante na vida do ser humano. O
trabalho humano, socialmente organizado, foi o responsável principal
pela construção da história da humanidade, pois ele gera
conhecimentos, riquezas materiais, satisfação pessoal e
desenvolvimento econômico. Por isso ele é e sempre foi muito
valorizado em todas as sociedades. Em face de sua relevância,
grande parte de estudiosos tem dedicado vários anos de pesquisa na
tentativa de melhor elucidar esse tema.
No entanto, a palavra trabalho, em sua origem, tem um cunho
negativo, pois tem sua origem no termo encontrado no baixo-latim
tripalium, uma espécie de tortura, o que, para nós, dá uma noção de
dor e sofrimento, tendo como veículo o corpo. Trabalhar significaria,
portanto, estar submetido à tortura.
Arendt evidencia o fato de que todas as línguas européias,
antigas e modernas, apresentam duas palavras de etimologia
diferente para designar o que para nós, hoje, é a mesma atividade, e
conservam ambas a despeito do fato de serem repetidamente usadas
como sinônimas. Estas duas palavras são labor e trabalho, estando a
primeira relacionada à dor, sofrimento e adversidade e a segunda à
atividade executada com as mãos.

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Na Grécia antiga, já havia a distinção entre o artífice, o artesão,


que trabalha com as mãos e o escravo que labora, que provê seu
próprio sustento e dos seus senhores, utilizando o corpo para atender
às necessidades da vida. Nessa época o labor era tratado com
desprezo, uma vez que, na polis (cidade), os cidadãos davam ênfase
às atividades políticas, evitando o esforço físico. Na era moderna, não
há a distinção entre o labor realizado pelo corpo e o trabalho
realizado pelas mãos. O labor é visto como trabalho e enaltecido
como fonte de todos os valores.
No passado, o ser humano “trabalhava” basicamente para
suprir suas necessidades produzindo o que consumia, seja em
roupas, alimentos ou moradia. Ao se constituírem os povos, as
primeiras sociedades, o trabalho passou a ser recompensado por
mercadorias como uma espécie de troca, nascia o escambo. Até
então, era possível obter um trabalho através de uma simples
conversa, sem se exigir qualquer tipo de documentação ou
comprovação de experiência anterior. Na verdade, aprendia-se o
ofício, o trabalho, dali nasciam os artesãos, os artífices.
Somente na idade moderna, o conceito de trabalho passou a ter
valor positivo. Até então, a vida econômica, social e religiosa eram
uma só e o trabalho tinha uma finalidade em si mesmo. Não
significava, como hoje, um atalho para o consumo de bens materiais
ou para a conquista do céu. Embora houvesse o trabalho de servos,
artesãos, mestres e aprendizes, camponeses e uma vasta gama de
mercadores e comerciantes, não predominava a idéia de que o
trabalho pudesse ser vendido ou comprado livremente em um
mercado. Predominava a idéia de deveres e obrigações; a palavra
empenhada nas relações sociais, mas não a idéia de trabalho, como a
conhecemos.
Na Europa dos séculos XVII e XVIII, verifica-se que a expressão
trabalho foi inicialmente encontrada em escritos políticos ingleses. No

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início, significava labor, porém, mais tarde no século XIX, com o fim
do regime escravista, passa a representar produção, dando impulso a
partir de então, a luta por direitos, valorizando o sentido do trabalho.
Portanto, na visão moderna, a concepção muda, o conceito de
trabalho passa a dignificar o ser humano, enobrece-o, e para alguns
argumentos religiosos, transfere-se à idéia do trabalhador como
artífice que, à imagem e semelhança de Deus, realiza uma obra.
Histórica e politicamente, a humanidade se estrutura, quase em
sua totalidade, em função do conceito de trabalho. Os seres humanos
desde os caçadores da era paleolítica, aos fazendeiros, artesãos
medievais, operários da linha de montagem do século XX, aos
profissionais da área técnico-científica informacional de hoje, tem no
trabalho, parte fundamental de sua existência, de sua razão de viver.
A expressão “força de trabalho” sempre foi utilizada como sinônimo
da utilidade do ser humano, seu antônimo leva o trabalhador ao
sentimento de inapto, um peso morto para sua família e para a
sociedade.
Até aqui percebemos que a significação do trabalho foi sendo
modificada através dos tempos. A partir daqui veremos o que pensam
diversos autores sobre o conceito de trabalho.
Em Marx, vamos encontrar a definição de trabalho como sendo
a relação do homem com a natureza, bem como a origem do homem
como ser natural. Para ele, a relação do homem com a natureza se
faz na transformação desta através do trabalho; o homem a
transforma e, ao mesmo tempo, se transforma, alterando a vida em
sociedade. O fundamento essencial para a sobrevivência humana se
dá pela natureza social do homem e pela possibilidade de relacionar-
se com outros homens. Veja o que Marx diz a respeito:

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O trabalho é, em primeiro lugar, um processo de que


participam igualmente o homem e a natureza, e no qual o
homem espontaneamente inicia, regula e controla as
relações materiais entre si próprio e a natureza. Ele se
opõe à natureza como uma de suas próprias forças,
pondo em movimento braços e pernas, as forças naturais
de seu corpo, a fim de apropriar-se das produções da
natureza de forma ajustada a suas próprias necessidades.
Pois, atuando assim sobre o mundo exterior e
modificando-o, ao mesmo tempo ele modifica a sua
própria natureza. Ele desenvolve seus poderes inativos e
compele-os a agir em obediência à sua própria
autoridade. (MARX, O capital, I, p. 197-198)

Segundo Marx, os elementos simples do processo de trabalho


são: a atividade orientada a um fim ou o trabalho mesmo, seu objeto
e os meios. Assim, podemos concluir que o processo de qualquer
trabalho inclui:

1 – atividade (a ação racional de concepção do próprio trabalho e


sua execução);
2 - orientação para um objetivo (finalidade);
3 – o objeto (matéria onde será executado o trabalho, por
exemplo, algodão);
4 – os meios (ferramentas, instrumentos, corpo, equipamentos,
etc);
5 - o trabalho mesmo (resultado ou produto).

Decorre daí um outro ponto importante a ser destacado, que


refere-se à compreensão do trabalho como categoria central da teoria
marxista. Para Marx o trabalho é uma atividade construtiva da vida
individual e social, organizadora e produtora da história humana. Para
esse autor é pelo trabalho que nos tornamos humanos sociais,

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fazendo-nos distintos das outras espécies. Embora os pássaros


produzam ninhos, a abelha produza cera ou mel e os castores façam
barragens, eles são coagidos por necessidades instintivas.
Diferentemente dos animais, o homem não trabalha por instinto
somente, ele é capaz de planejar aquilo que deseja anteriormente ao
próprio trabalho.
O processo de trabalho humano é único, porque há uma
concepção do próprio trabalho, que se torna um ato consciente e uma
ação inteligente e proposital. Nós somos capazes de construir em
nossa mente o trabalho, entender sua finalidade e determinar os
meios necessários, antes de executá-lo. Após sua execução, surge
aquilo que nós imaginamos – é o resultado ou produto de nossa
atividade: “ele fiou e o trabalho é o fio”. Nas palavras de Marx:

Pressupomos o trabalho em uma forma que caracteriza


como exclusivamente humano. Uma aranha leva a cabo
operações que lembram as de um tecelão, e uma abelha
deixa envergonhados muitos arquitetos na construção de
suas colméias. Mas o que distingue o pior arquiteto da
melhor das abelhas é que o arquiteto ergue a construção
em sua mente antes de a erguer na realidade. Na
extremidade de todo processo de trabalho, chegamos a
um resultado já existente antes na imaginação do
trabalhador ao começá-lo. (MARX, O capital, I, p. 197-
198)

Em consonância com Marx, Harry Braverman, em sua obra


Trabalho e Capital Monopolista, aponta um importante fator distintivo
para o trabalho: o poder do pensamento conceitual. Segundo o autor,
a capacidade humana de idealizar o produto de seu trabalho distingue
o seu resultado daquele que é proveniente da mais organizada das
comunidades animais.
Friedmann coloca que é pelo trabalho que o homem, ajudado
por instrumentos, modifica seu próprio meio e, em contrapartida,

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pode modificar-se a si próprio. Para o autor, o trabalho quando


comporta uma certa substância e um certo engajamento de
personalidade, desempenha um papel fundamental para o equilíbrio
do indivíduo, para sua inserção no meio social, para sua saúde física
e mental. Entretanto, o trabalho especializado e automatizado leva a
uma degradação da personalidade, pois impossibilita ao indivíduo
apreender o significado de seu labor, gerando alienação.
De acordo com Giddens, “podemos definir o trabalho como a
realização de tarefas que envolvem o dispêndio de esforço mental e
físico, com o objetivo de produzir bens e serviços para satisfazer
necessidades humanas”.
Em contrapartida, Andre Gorz apresenta o trabalho como
inserido num sistema mais amplo, mais abrangente, a partir do qual
se deve entender suas “metamorfoses”, ou seja, suas
transformações. Para ele, o trabalho, tal como o entendemos hoje,
deve sua natureza, suas funções e seus modos de organização ao
capitalismo. Não é possível pensar as transformações pelas quais está
passando o trabalho sem ter presente as dinâmicas do capitalismo e
as características que este assume para manter, em tempos de
mundialização (globalização para muitos), o controle sobre os
trabalhadores.
O capitalismo passou a compreender o trabalho como emprego
e a valorizar mais a este do que àquele. No entanto, no afã de
acumular e de manter ou mesmo de aumentar os lucros, recorre à
“revolução tecnológica” para cortar custos e, portanto, economizar
trabalho vivo, trocando a mão de obra humana pela máquina. Esta
“racionalidade econômica” acaba por instaurar uma crise da
sociedade do trabalho e que induz a uma crise da sociedade salarial,
como veremos na aula 2.
Além disso, Gorz também relê os gregos especialmente a partir
das noções de labor e trabalho. Mas, vai dizer que aquilo que nós

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chamamos de “trabalho” atualmente não é rigorosamente nem labor


nem trabalho, mas é uma simbiose das duas atividades. Para ele,
esse novo trabalho tem as seguintes características:
 É realizado na esfera pública. Ele sai do esconderijo da esfera
privada a que era submetido no mundo antigo e passa a ser
realizado no coração do espaço público, à vista de todos. Havia,
no mundo antigo, uma certa simetria entre a esfera privada, o
mundo da família e a economia. “A maior parte da economia é
uma atividade privada que não se desenvolve à luz do dia, na
praça pública, mas no seio do domínio familiar”. O “novo”
trabalho precisa ser “demandado, definido, reconhecido como
útil pelos outros”.
 É um esforço humano remunerado. O trabalho reconhecido
como útil pela sociedade é aquele que é remunerado. Esta é a
principal característica do trabalho moderno. “Pelo trabalho
remunerado (e mais particularmente pelo trabalho assalariado)
é que pertencemos à esfera pública, conseguimos uma
existência e uma identidade sociais (ou seja, uma “profissão”),
estamos inseridos numa rede de relações e intercâmbios na
qual nos medimos com os outros e nos são conferidos direitos
sobre eles em troca de nossos deveres para com os mesmos”.
A transformação do trabalho assalariado no principal elemento
de socialização foi responsável não só para que a sociedade
industrial se distinguisse de todas as sociedades precedentes,
mas para que se autodenominasse como “sociedade de
trabalhadores”.
 É fator de exclusão social. É fazendo esta volta ao passado, que
Gorz alerta para o fato de que o trabalho necessário para a
sobrevivência nunca pôde converter-se num fator de integração
social. Ao contrário, sempre funcionou como princípio de
exclusão social. E isso porque aqueles que o realizavam sempre

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eram tidos como inferiores (escravos, mulheres...), pois


pertenciam ao reino da necessidade. A satisfação das
necessidades excluía da cidadania, pois impedia a participação
na polis. Fazendo a distinção entre labor e trabalho, Gorz é
capaz de desvendar a incapacidade de libertação no trabalho,
uma vez que ele sempre se realiza em condições de poder
extremamente desiguais.

Para Claus Offe, o papel fundamental do trabalho na definição


e estruturação das identidades individuais e coletivas, conforme
afirmam os pensadores clássicos da sociologia, teria pouco a pouco
se esvaziado, tendo em vista fatores como a organização taylorista
do trabalho (que estudaremos na próxima aula), os crescentes custos
cobrados aos trabalhadores que perceberiam cada vez mais seus
desejos e aspirações fora do espaço do trabalho e a precarização dos
vínculos criados no mundo do trabalho devido à rotatividade e
desemprego dos trabalhadores.
É importante destacar que Marx, Weber e Durkheim
conceberam o conceito de trabalho como a peça fundamental de seus
pensamentos. Contudo, em nossa atualidade, diversos autores não
mais vêem o trabalho como principal fator que organiza a sociedade.
Alguns sociólogos como Offe e Gorz, consideram outros fatores como
modos da organização social, como a família, o racismo, a
sexualidade, o corpo. Assim, concluímos que atualmente, não existe
uma só racionalidade organizando o trabalho, mas várias,
simultaneamente.

O trabalho enquanto ação, necessidade e coerção

Os estudos de Hanna Arendt a respeito do trabalho na Grécia


antiga, conforme vimos na seção anterior irá nos ajudar a

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compreender a classificação do trabalho como ação, necessidade e


coerção.

Trabalho enquanto ação

Na Grécia antiga a polis é o espaço público, local de muitos


governantes, dos homens livres que se governam, motivo pelo qual o
governo pertence a todos. No espaço público, as relações entre os
indivíduos são simétricas porque fundadas na igualdade. A polis é,
assim, o local de encontro dos iguais, dos homens que se libertaram
da coação da necessidade, isto é, do trabalho e da labuta, motivo
pelo qual são considerados livres e também é livre a atividade que
exercem.
Assim, é na polis, desenvolve-se a atividade denominada ação,
que possui as seguintes características:
a) é ilimitada: agir é iniciar continuamente relações;
b) é imprevisível: não é possível determinar antecipadamente
suas conseqüências.
A ação é livre, por um lado, de motivos e, por outro lado, do
fim intencionado como um efeito previsível. Assim, a ação é livre na
medida em que é capaz de transcender o motivo e a finalidade.

O trabalho caracteriza-se ação, segundo Friedmann, quando se


alimenta de uma disciplina livremente aceita, como às vezes a do
artista, que realiza uma obra sem fôlego, sem ser punido pela
necessidade, quando exprime as tendências profundas da
personalidade e ajuda a realizar-se. É o trabalho relacionado ao
prazer. Este tipo de atividade pressupõe liberdade, uma vez que
corresponde a uma escolha livremente feita, segundo as aptidões da
pessoa e pode ter efeitos positivos sobre a personalidade.

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Percebe-se que o trabalho exercido no dia-a-dia sob a pressão


da produção intensa, sob a batuta de ritmos impostos e realizado em
ambientes competitivos, distancia-se completamente da definição de
trabalho como ação, pois não é livremente selecionado e executado.
Concluímos que o trabalho enquanto ação é bem raro de ocorrer.

Trabalho enquanto necessidade

O labor está relacionado ao trabalho de manutenção da vida, a


necessidade de sobrevivência e reprodução da espécie humana. É o
trabalho com dor, associado ao sofrimento, às dores do parto, ao
esforço físico. Na Grécia antiga, onde esta distinção se originou, o
labor era aquilo que os escravos, as mulheres e os homens, que não
eram considerados cidadãos realizavam. É típico da esfera privada,
do lar, da família.
O trabalho entendido como necessidade é considerado um
produtor de utilidades (valor de uso3), bem como de mercadorias
(valor de troca); refere-se ao estímulo associado aos bens adquiridos
pelo trabalho. Neste caso, temos uma relação instrumental com o
trabalho e a nossa referência é a necessidade ou sobrevivência física.
Ou seja, queremos um trabalho devido ao salário.

Trabalho enquanto coerção

O trabalho quando forçoso, seja pela consecução de uma


necessidade ou satisfação de uma carência, caracteriza-se como uma
coerção. É imposto por uma exigência que deve ser atendida.

3
Marx, em O capital, conceitua valor de uso de acordo com sua utilidade: "É a
utilidade de uma coisa que lhe dá um valor de uso, mas essa não surge no ar. É
determinada pelas qualidades físicas da mercadoria e não existe sem isso".
Diferentemente do valor de troca, pode-se dizer que o valor de uso tem uma
relação qualitativa, enquanto o valor de troca tem relação quantitativa.

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A compulsão que caracteriza a atividade de trabalho coercitivo


pode ser de origem externa (como força física, persuasão moral ou
coação econômica – esta última sendo a mais freqüente) ou interna
(quando provém de um ideal se servir à sociedade ou da necessidade
de criação artística, científica ou técnica).
A coação econômica é a forma mais freqüente de se encontrar
o trabalho enquanto coerção.

Por fim, vale ressaltar que o trabalho executado que venha a


suprir uma necessidade pode, ao mesmo tempo, ser considerado uma
ação ou uma coerção, conforme razão que animou sua realização. O
mais comum, certamente, é que o suprimento de uma necessidade
funcione como elemento coercitivo. Aliás, só por exceção percebemos
associação entre trabalho e prazer, segundo a fórmula "unir o útil ao
agradável". Talvez no trabalho do artista, do escritor, do pintor, ou
dos que conseguem grande sintonia entre suas aptidões e sua
inserção no mercado se alcance a idéia do trabalho como 'ação' e,
portanto, liberdade.

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A divisão do trabalho no pensamento clássico


Marx, Durkheim e Weber

A divisão do trabalho pode ser encontrada mesmo em


sociedades de outros animais, como as formigas e as abelhas. A
partir do momento em que cada homem (ou animal) não tem mais
condições de sozinho garantir a sua sobrevivência, é preciso que eles
se organizem e estabeleçam uma distribuição de atividades que
permita a produção dos bens necessários para a sua própria
manutenção.
Entre as abelhas existem algumas que são responsáveis pelo
recolhimento de pólen (operárias) e outras responsáveis pela
reprodução (zangões e abelha-rainha). Nas sociedades humanas há,
por exemplo, entre os índios, aqueles que são responsáveis pela caça
e pesca (geralmente homens) e os que cuidam da fabricação de
utensílios (na maioria das vezes as mulheres), para não falar do
responsável pela saúde da tribo (o pajé).
Nas sociedades contemporâneas a divisão do trabalho é bem
mais relevante: há os que cuidam da segurança (policiais), os
responsáveis pela produção (empresários e trabalhadores), aqueles
ocupados com a educação (professores), e ainda sacerdotes, juízes,
médicos, entre outros.
A divisão do trabalho acontecer de várias maneiras. Vejamos:
 Social → quando os membros de uma sociedade se
dividem em diferentes funções dependendo de sua
posição social;
 Sexual → quando as atribuições são divididas entre
homens e mulheres;
 Técnica → quando ocorre a divisão entre trabalho
físico/manual e intelectual/mental no interior da atividade
realizada.

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Alguns sociólogos clássicos pautaram seus estudos e pesquisas


na divisão social do trabalho. A fim de melhor compreendermos tal
divisão, assim como a visão de trabalho no pensamento clássico,
aprofundaremos nossos conhecimentos acerca dos três teóricos
clássicos de maior relevância na área sociológica, sendo eles: Karl
Marx, Émile Durkheim e Max Weber.

A divisão social do trabalho segundo Karl Marx

A luta de classes

Para Marx a evolução histórica se dá pelo antagonismo


irreconciliável entre as classes sociais de cada sociedade. A história
do homem, para ele, é a história da luta de classes. Foi assim na
sociedade escravista (senhores de escravos X escravos), na feudalista
(senhores feudais X servos) e assim é na capitalista (burguesia X
proletariado). Entre as classes de cada sociedade há uma luta
constante por interesses opostos, eclodindo em guerras civis
declaradas ou não.
Na sociedade capitalista, a qual Marx analisou mais
intrinsecamente, a divisão social decorreu da apropriação dos meios
de produção por um grupo de pessoas (burgueses) e outro grupo foi
expropriado, acabando por possuir apenas seu corpo e capacidade de
trabalho (proletários). Estes são, portanto, obrigados a trabalhar para
os burgueses e acabam aceitando as imposições capitalistas. Os
trabalhadores são economicamente explorados e os patrões obtém o
lucro através da mais-valia (veja adiante o subtítulo “Exploração e
Alienação”). A divisão do trabalho apresenta-se, portanto, como
destruidora das relações entre os homens e agente da alienação.

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Materialismo histórico

Para Marx, a raiz de uma sociedade é a forma como a produção


social de bens está organizada. Esta engloba as forças produtivas e
as relações de produção. As forças produtivas são a terra, as técnicas
de produção, os instrumentos de trabalho, as matérias-primas e o
maquinário, enfim, as forças que contribuem para o desenvolvimento
da produção. As relações de produção são os modos de organização
entre os homens para a realização da produção. As atuais são
capitalistas, mas como exemplo podemos citar também as
escravistas e as cooperativas.
No processo de criação de bens estabelece-se uma relação
entre as pessoas. Os capitalistas, donos dos meios de produção
(máquinas, ferramentas, etc.), e o proletariado, que possui apenas
sua força de trabalho, estabelecem entre si a relação social de
trabalho. A maneira como as forças produtivas se organizam e se
desenvolvem dentro dessa relação de trabalho, Marx chama de modo
de produção. O estudo deste é fundamental para a compreensão do
funcionamento de uma sociedade.
Marx acreditava que a partir do momento que as relações de
produção começam a obstaculizar o desenvolvimento das forças
produtivas, cria-se condições para uma revolução social que geraria
novas relações sociais de produção liberando as forças produtivas
para o desenvolvimento da produção.
Afirmava que o dono da riqueza é a classe dirigente porque usa
o poder econômico e político para impor sua vontade ao povo jamais
abrindo mão do poder por livre e espontânea vontade e que, assim, a
luta e a revolução seriam inevitáveis.

A crítica ao capitalismo

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Marx tentou demonstrar que no modo de produção capitalista


sempre haveria injustiça social, e que o único jeito de uma pessoa
ficar rica e ampliar sua fortuna seria explorando os trabalhadores.
O capitalismo, de acordo com Marx é selvagem, pois o operário
produz mais para o seu patrão do que o seu próprio custo para a
sociedade. O capitalismo se apresenta necessariamente como um
regime econômico de exploração, sendo a mais-valia a lei
fundamental do sistema.
Em sua crítica ao capitalismo, Marx apresenta a divisão do
trabalho como essencialmente má, destruidora das relações entre os
homens e portanto promotora da alienação.
Para Marx ocorrem duas divisões fundamentais no capitalismo:
uma que é social e separa os meios de produção da força de trabalho
(quem possui a forção de trabalho não possui os meios de produção);
e a subdivisão do mesmo trabalho em diversas etapas
(principalmente na linha de montagem), o que caracteriza uma
divisão técnica de um ofício. Esta última, correspondente à
compartimentação de uma mesma atividade em várias outras, ou
seja, à especialização, impede que o homem tenha conhecimento do
processo completo de produção e saiba qual o resultado do seu
esforço, além do salário. Inviabiliza assim que os homens se
relacionem através do produto oriundo de seus respectivos trabalhos.
Para Marx, com o desenvolvimento do capitalismo, as classes
intermediárias da sociedade vão desaparecendo e a estrutura de
classes vai polarizando-se cada vez mais, com uma classe ficando
cada vez mais miserável e outra cada vez mais rica.
Marx acreditava que as sucessivas crises econômicas do
capitalismo iriam se agravando e aproximando-o de uma crise final
que levaria ao fim desse regime, mas a sociedade pós-capitalista não
foi inteiramente definida por Marx. Dizia ele que tal discussão seria
idealista e irrealista. Ponderou apenas que após a revolução instalar-

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se-ia uma ditadura do proletariado. As empresas, fábricas, minas,


terras passariam para o controle do povo trabalhador, e não para o
Estado. A propriedade capitalista extinguir-se-ia. A produção não
seria destinada ao mercado, mas sim voltada para atender às
necessidades da população. O socialismo, como essa fase é
denominada, deveria ser profundamente democrático. O Estado iria
naturalmente dissolvendo-se. Porém Marx ressalta: trazendo as
marcas de nascimento da velha sociedade, a sociedade recém-
nascida seria limitada, sob muitos aspectos, pelos legados da velha
sociedade capitalista.
Após o socialismo, uma fase superior se desenvolveria: o
comunismo. O Estado desapareceria definitivamente, pois seu único
papel é manter o proletariado passivo e perpetuar sua exploração. A
distinção de classes também deixaria de existir, todos seriam
socialmente iguais e homens não mais subordinariam-se a homens. A
sociedade seria baseada no bem coletivo dos meios de produção, com
todas as pessoas sendo absolutamente livres e finalmente podendo
viver pacificamente e com prosperidade.

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Exploração e Alienação

Alienação

Um dos primeiros pensadores sociais a utilizar o termo


alienação foi Rousseau, para descrever o ato de cada indivíduo
quando troca suas liberdades pessoais por direitos comuns garantidos
em lei, submetendo suas vontades às conveniências e os limites da
vida em sociedade, e por extensão à autoridade do Estado. Nesse
sentido, tem um caráter predominantemente jurídico, sendo sinônimo
de abdicar de algo que lhe pertence, seja por imposição externa ou
por decisão espontânea.
De acordo com essa definição, podemos abdicar de bens
materiais ou de direitos. Uma fazenda pode ser alienada
(desapropriada) de seu possuidor, para fins de reforma agrária. Um
criminoso encontra-se alienado (preso) numa penitenciária, pois sua
liberdade representa perigo para a sociedade.
Na Sociologia, este termo foi difundido na forma em que é
empregado por Marx em sua crítica ao capitalismo e à sociedade
industrial. Esse teórico percebe a existência de dois diferentes
processos de alienação no interior da classe trabalhadora, sendo o
segundo uma conseqüência do primeiro.
O primeiro processo de alienação seria quantitativo, isto é, a
expropriação da classe trabalhadora de seus meios de produção
(matéria-prima, ferramentas, técnicas, etc.) e de seus fins (a
mercadoria), quando a demanda por suas mercadorias ultrapassa os
limites de cada um. Neste momento a produção passa a ser
submetida ao ritmo determinado por um supervisor, que na grande
maioria das vezes passa também a ser o fornecedor de material e o
proprietário das máquinas - é o empresário.

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O segundo processo de alienação seria qualitativo e caracteriza-


se pela expropriação do conhecimento do processo de produção. A
organização da produção, ou como escreve Marx, a divisão técnica do
trabalho, e o fenômeno de especialização em que elas implicam,
impedem a percepção pelo trabalhador de todo o processo de
produção, impossibilitando que o trabalhador se identifique com o seu
produto.
Por exemplo, um operário cuja atividade consiste em instalar os
faróis dos carros que saem da linha de montagem não dirá que o
carro foi feito por ele. Assim, quando o carro for vendido, o
comprador também não verá nele o trabalho daquele operário, mas
apenas o do conjunto. A divisão do trabalho separa as pessoas uma
das outras, ao impedir que nas relações de troca (ou compra e
venda) elas se comuniquem pelo produto: o comprador não sabe
quem fez aquele bem, o operário não sabe quem o comprou.
Com a sua difusão, a idéia original de alienação de Marx foi
modificada pelos sociólogos que vieram depois dele. Sua aplicação foi
ampliada, e sua origem levada para além do nível do trabalho. Em
suas utilizações mais comuns, a alienação pode ser definida como a
incapacidade de um ou mais indivíduos de perceber os fundamentos
das relações que são estabelecidas entre eles. Não há o
reconhecimento, ou se há é parcial, dos laços de solidariedade que os
unem.
Desse modo, estando alienado, para poder sobreviver, o
trabalhador é obrigado a alugar sua força de trabalho à classe
burguesa, recebendo um salário por esse aluguel. Como geralmente
há mais pessoas que empregos, ocasionando excesso de procura, o
proletário tem de aceitar, pela sua força de trabalho, um valor
estabelecido pelo seu patrão. Caso negue, achando que é pouco, o
patrão “estala os dedos” e milhares de outros trabalhadores

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aparecem em busca do emprego. Portanto, é preciso aceitar ou


morrer de fome.
Com a alienação nega-se ao trabalhador o poder de discutir as
políticas trabalhistas, além de serem excluídos das decisões
gerenciais.

Exploração

Para Marx a exploração é decorrente de certos modelos


produtivos que se caracterizam por extrair dos agentes de produção
um valor excedente em relação ao que efetivamente lhe custava
esses mesmos agentes. Para o capitalista (aquele que detém o
capital) a força de trabalho é uma mercadoria que ele compra do
trabalhador. Essa produção de excedentes se dá uma vez que o
capitalista remunera o trabalhador de acordo com um valor que seja
o estritamente necessário para sua sobrevivência. Contudo, ele extrai
desse trabalho um produto maior do que pagou. Marx chama esse
mecanismo de mais-valia.
A força vendida pelo operário ao patrão vai ser utilizada não
durante 4 horas, mas durante 8, 10, 12 ou mais horas. A mais-valia é
constituída pela diferença entre o preço pelo qual o empresário
compra a força de trabalho (4 horas) e o preço pelo qual ele vende o
resultado (10 horas por exemplo). Desse modo, quanto menor o
preço pago ao operário e quanto maior a duração da jornada de
trabalho, tanto maior o lucro empresarial.
No capitalismo moderno, com a redução progressiva da jornada
de trabalho, o lucro empresarial seria sustentado através do que se
denomina mais-valia relativa (em oposição à primeira forma,
chamada mais-valia absoluta), que consiste em aumentar a
produtividade do trabalho, através da racionalização e
aperfeiçoamento tecnológico, mas ainda assim não deixa de ser o

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sistema semi-escravista, pois "o operário cada vez se empobrece


mais quando produz mais riquezas", o que faz com que ele "se torne
uma mercadoria mais vil do que as mercadorias por ele criadas".
Suponha que o operário leve 2h para fabricar um par de
sapatos. Nesse período produz o suficiente para pagar o seu trabalho.
Porém, ele permanece mais tempo na fábrica, produzindo mais de
um par de sapatos e recebendo o equivalente à confecção de apenas
um. Numa jornada de 8 horas, por exemplo, são produzidos 4 pares.
O salário do proletário continua o mesmo. Com isso ele trabalha 6h
de graça, reduzindo o custo e aumentando o lucro do patrão. Esse
valor a mais é apropriado pelo capitalista (mais-valia absoluta).
Além de o operário permanecer mais tempo na fábrica, o patrão pode
aumentar a produtividade com a aplicação de tecnologia (mais-valia
relativa).

Custo de 1 par de sapatos na jornada de Custo de 1 par de sapatos na jornada de


trabalho de 2 horas trabalho de 8 horas

GASTOS DO PATRÃO: GASTOS DO PATRÃO :


* meios de produção = R$60 * meios de produção = R$60 x 4 = R$240
* salário = R$20 * salário = R$20

* TOTAL = R$80 * TOTAL = R$260 : 4 = R$65

Assim, o custo do patrão caiu em R$15 por par produzido. No


final da jornada de trabalho o operário recebeu R$20, porém rendeu
o triplo ao capitalista. É a exploração capitalista.
A charge a seguir demonstra como ocorre a exploração do
trabalhador:

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Fonte: www.comunismo.com.br

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A divisão social do trabalho segundo Durkheim

Diferentemente de Marx, que percebe a divisão social do


trabalho como destruidora das relações entre os homens, Durkheim
acredita que essa a divisão do trabalho é benéfica para sociedade,
aumentando a força produtiva e a habilidade do trabalhador, além de
ser fonte de civilização.
A fim de melhor compreender o pensamento de Durkheim, é
importante perceber que em seus estudos ele concluiu que os fatos
sociais atingem toda a sociedade, o que só é possível se admitirmos
que a sociedade é um todo integrado. Se tudo na sociedade está
interligado, qualquer alteração afeta toda a sociedade, o que quer
dizer que, se algo não vai bem em algum setor da sociedade, toda ela
sentirá o efeito. Partindo deste raciocínio ele desenvolve dois dos
seus principais conceitos: Instituição Social e Anomia.
A instituição social, segundo Durkheim, é um mecanismo de
proteção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos
padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela
sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do
grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele
participam. As instituições são, portanto, conservadoras por essência,
quer seja família, escola, governo, polícia ou qualquer outra; elas
agem fazendo força contra as mudanças e pela manutenção da
ordem.
Para Durkheim uma sociedade sem regras claras, sem valores,
sem limites leva o ser humano ao desespero. Preocupado com esse
desespero, Durkheim se dedicou ao estudo da criminalidade, do
suicídio e da religião.
Basta uma rápida observação do contexto histórico do século
XIX, para se perceber que as instituições sociais se encontravam
enfraquecidas, havia muito questionamento, valores tradicionais

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eram rompidos e novos surgiam, muita gente estava vivendo em


condições miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados.
Ora, numa sociedade integrada essa gente não podia ser ignorada, de
uma forma ou de outra, toda a sociedade estava ou iria sofrer as
conseqüências. Aos problemas que ele observou, ele considerou como
patologia social, e chamou aquela sociedade doente de anomana. A
anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser
vencido, e a sociologia era o meio para isso. O papel do sociólogo
seria portanto estudar, entender e ajudar a sociedade.
Na tentativa de curar a sociedade da anomia, Durkheim escreve
A divisão do trabalho social, onde ele descreve a necessidade de se
estabelecer uma solidariedade social, conceito este formulado acerca
de observações feitas pelo autor à sociedade. A solidariedade social é
dividida em solidariedade mecânica e solidariedade orgânica.
Porém, antes de analisarmos essas solidariedades, devemos ter
em mente que dentro de nossa consciência há duas consciências,
uma que é coletiva, comum a todo o grupo social do qual fazemos
parte, isto é, a sociedade vivendo e agindo sobre nós, pressupõe-se
individualidade nula; e a outra é uma consciência individual que é a
gente mesmo.
A solidariedade mecânica, por analogia, é chamada de
corpos brutos, o indivíduo está diretamente ligado à sociedade, sem
que haja intermediário; apresenta-se como um conjunto organizado
de crenças e sentimentos comuns a quase todos os componentes; é
do tipo consciência coletiva. A sociedade tem coerência porque os
indivíduos ainda não se diferenciam. Já a solidariedade orgânica é
chamada de organismo animal, é aquela em que a coletividade
resulta de uma diferenciação. Os indivíduos não se assemelham, são
diferentes; é do tipo consciência individual.
Durkheim coloca as sociedades primitivas e arcaicas
caracterizadas pela prevalência da solidariedade mecânica, pois a

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consciência individual decorre do próprio desenvolvimento histórico.


Nessas sociedades cada indivíduo é o que os outros são, não havendo
praticamente divisão de trabalho, somente a divisão sexual do
trabalho. Não existe ainda a propriedade privada nem a diferenciação
entre as pessoas. A forma de consciência social existente nessa
sociedade se exprime no direito repressivo.
As sociedades onde ocorreu a divisão econômica do trabalho,
mais desenvolvidas, são caracterizadas pela solidariedade orgânica.
Referem-se a uma estrutura segmentária, que pressupõe uma
diferenciação social que possibilita o crescimento da individualidade.
A consciência social se exprime pelo direito reparador, que possibilita
a relação contratual entre as pessoas, e pela moral das corporações
de oficio.
A solidariedade orgânica poderia ser comparada a um
organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos
outros para sobreviver. Se cada membro da sociedade exercesse uma
função na divisão do trabalho, através de um sistema de direitos e
deveres, ele também sentiria a necessidade de se manter coeso e
solidário aos outros.
O importante para Durkheim é que o indivíduo realmente se
sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma
orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.
O quadro a seguir contribuirá para melhor compreensão dos
dois tipos de solidariedade estudados por Durkheim:

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Solidariedade Mecânica Solidariedade Orgânica

Presente nas sociedades Presente nas sociedades mais


primitivas, que ainda não se desenvolvidades, onde já ocorreu
desenvolveram. a divisão do trabalho.
Liga diretamente o indivíduo à O indivíduo depende da
sociedade, sem intermediários. sociedade, porque depende das
partes que a compõe.
A sociedade é um conjunto mais A sociedade é um sistema de
ou menos organizado de crenças funções diferentes e especiais,
e sentimentos comuns a todos os que unem relações definidas.
membros do grupo.
Maior consciência coletiva. Maior consciência individual.
Essa solidariedade é forte à Essa solidariedade supõe que os
medida que as ideias e indivíduos sejam diferentes entre
tendências comuns a todos os si. Ela só é possível na medida
membros da sociedade em que cada um tenha uma
ultrapassarem, em número e esfera de ação que lhe é própria,
intensidade, as ideias e uma personalidade. Quanto
tendências que pertençam a cada maior a divisão do trabalho, mais
um pessoalmente. dependente cada integrante
estará da sociedade.

Para Durkheim a sociedade é o conjunto das instituições, a


sociologia é a ciência das instituições e a sua função é garantir a
ordem social através do estabelecimento de uma nova moral: a moral
científica. A sociologia deveria explicar e intervir no funcionamento da
sociedade, a fim de diminuir os males da vida social.
Segundo o autor, o social é governado pela LEI DA DIVISÃO DO
TRABALHO SOCIAL e a evolução social tenderá a extrema divisão do
trabalho social. Resulta da divisão do trabalho social:
1) aumento da força produtiva;
2) aumento da habilidade do trabalho;
3) permite o rápido desenvolvimento intelectual e material das
sociedades;

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4) integra e estrutura a sociedade mantendo a coesão social e


tornando seus membros interdependentes;
5) traz equilíbrio, harmonia e ordem devido a necessidade de
união pela semelhança e pela diversidade;
6) provoca a solidariedade social.

No entanto, se a divisão do trabalho não produz a


solidariedade, isto se deve às relações dos órgãos que não são
regulamentadas e que se encontram num estado de anomia.

A divisão do trabalho segundo Max Weber

Observando a sociedade de sua época (final do século XIX),


Weber verificou que os praticantes da religião protestante eram os
patrões e capitalistas, enquanto os católicos tendiam a ser
empregados. Em geral, os protestantes eram donos de vários
empreendimentos industriais, sendo ativos e mais influentes.
Segundo Weber, a religião protestante, calvinista, encorajou o
aparecimento de um tipo de personalidade que promoveu o
capitalismo industrial.
Esta religião estabelece uma ética de comportamento que
conduz ao sucesso. Para o calvinismo cada um de nós já está
predestinado quanto à vida eterna, se seremos condenados ou não.
Mas devemos ser bons: ser honestos, sérios, perseverantes,
trabalhar duramente e ser parcimoniosos em tempo e dinheiro. O
tempo é breve e o trabalho, longo, eis o seu lema. A riqueza é um
sinal divino, ela não deve ser perseguida, mas é um subproduto do
trabalho disciplinado. É necessário viver e trabalhar da maneira
correta.
Para ele, o homem protestante é racional, metódico, produtivo,
como consequência de um tipo de instrução (que é baseada na leitura

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diária da Bíblia) e da importância que atribui ao tempo (a maioria dos


fabricantes de relógios na Suiça é de protestantes). Isto levou a uma
personalidade empreendedora nos negócios e a seu sucesso.

A ética protestante e o espírito do capitalismo

A ética protestante e o espírito do capitalismo é um livro de


Max Weber, escrito em 1904 e 1910 como uma série de ensaios mais
tarde publicados em livro, no qual ele investiga as razões do
capitalismo se haver desenvolvido inicialmente em países como a
Inglaterra ou a Alemanha, concluindo que isso se deve à
mundividência e hábitos de vida instigados ali pelo Protestantismo.
Nessa obra, Weber avança a tese de que a ética e as idéias
puritanas influenciaram o desenvolvimento do Capitalismo.
Tradicionalmente, na Igreja Católica Romana, a devoção religiosa
estava normalmente acompanhada da rejeição dos assuntos
mundanos, incluindo a ocupação econômica, mas isso não foi o caso
com o Protestantismo. Weber aborda este paradoxo nesta obra.
Ele define o espírito do capitalismo como as idéias e hábitos que
favorecem a procura racional de ganho econômico. Weber afirma que
tal espírito não é limitado à cultura ocidental, mas que indivíduos em
outras culturas não tinham podido por si só estabelecer a nova ordem
econômica do capitalismo. Como ele escreve no seu ensaio: Por
forma a que uma forma de vida bem adaptada às peculiaridades do
capitalismo possa predominar sobre outras (formas de organização),
ela tinha de ter origem em algum lugar, e não pela ação de
indivíduos isolados, mas como uma forma de vida comum aos grupos
de homens.
Após definir o espírito do capitalismo, Weber argumenta que há
vários motivos para procurar as suas origens nas idéias religiosas da
Reforma Protestante. Muitos observadores já tinham comentado a

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afinidade entre o protestantismo e o desenvolvimento do espírito


comercial. Weber mostrou que certos tipos de Protestantismo (em
especial o Calvinismo) favoreciam o comportamento econômico
racional e que a vida terrena (em contraste com a vida "eterna")
recebeu um significado espiritual e moral positivo. Este resultado não
era o fim daquelas idéias religiosas, mas antes um subproduto ou
efeito lateral. A lógica inerente destas novas doutrinas teológicas e as
deduções que se lhe podem retirar, quer direta ou indiretamente,
encorajam o planejamento e a abnegação ascética em prol do ganho
econômico.
Vale destacar que a disciplina monástica e ascética estabelece
que o dinheiro ganho através do trabalho não deve ser gasto em
divertimento ou conforto, mas diretamente investido para gerar mais
dinheiro. As virtudes de um homem são a frugalidade, a
laboriosidade, a pontualidade nos pagamentos e a fidelidade nos
acordos — todas as quais aumentam o crédito e habilitam a fazer uso
do dinheiro dos outros. Essa religião parece ter sido destinada a
concretizar a acumulação de capital.
Aqui encerramos a teoria de hoje, mas ainda temos trabalho
pela frente: preparei alguns exercícios de fixação e algumas questões
de provas anteriores para você colocar em prática o que estudou.
Sugiro que releia a apostila, faça suas marcações ou resumo e só
então faça as atividades.
Após as atividades você encontrará dois quadros-síntese do
conteúdo dessa que poderão ajudá-lo(a) também!

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Exercícios de Fixação

1. Para Bravermann o que distingue o resultado do trabalho


humano daquele proveniente da mais organizada das
comunidades animais?

(a) o emprego de máquinas para transformar os objetos de trabalho.


(b) o uso relativo de um esforço menor: são necessárias milhares de
formigas para realizar um trabalho simples.
(c) a capacidade humana de idealizar o produto de seu trabalho
(d) a exclusão social.

2. Quando o trabalho exprime as tendências profundas da


personalidade e a ajuda a realizar-se, podemos dizer que
equipara-se:

(a) à satisfação de necessidades.


(b) à coerção, já que obedece a uma exigência da pessoalidade.
(c) à ação.
(d) à produção de utilidades.

3. Podemos dizer que o trabalho enquanto necessidade:

(a) é livremente selecionado e executado.


(b) é imposto por uma tendência que necessita ser atendida.
(c) se revela um produtor de utilidades (valores de uso), bem como
de mercadorias (valor de troca).
(d) exigiu a introdução de práticas gerenciais.

4. O trabalho humano pode ser genericamente definido como:

(a) o trabalho realizado em qualquer processo independente da


finalidade.
(b) o trabalho que exprime uma tendência de personalidade.
(c) o trabalho pelo qual o homem transforma a natureza,
transformando a si próprio e à sociedade em que vive.
(d) do fim último das sociedades industriais.
(e) qualquer atividade que tenha por fim um valor de uso.

5. O trabalho executado que venha a suprir uma necessidade


pode ao mesmo tempo ser considerado, conforme a razão que
animou a sua realização:

(a) uma ação ou uma coerção.


(b) produtivo ou improdutivo.

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(c) remunerado ou não-remunerado.


(d) fator de integração ou exclusão social.

6. Para Marx, aumentando-se a jornada de trabalho para além


do tempo de trabalho em que o operário produziria o
necessário a sua subsistência, e reduzindo a sua remuneração
ao mínimo necessário para a satisfação de suas necessidades,
obtém-se:

(a) a mais valia absoluta.


(b) a força de trabalho.
(c) os meios de produção.
(d) o aumento da produtividade de trabalho.

7. A mais valia relativa consiste em:

(a) aumento da jornada de trabalho.


(b) aumento da remuneração de trabalho.
(c) diminuição do capital.
(d) potenciar a produtividade do trabalho.

8. Para Marx, a exploração:

(a) existe na medida em que é percebida pelos trabalhadores.


(b) é uma realidade objetiva decorrente de certos sistemas
produtivos e decorrente da própria alienação.
(c) é um procedimento técnico, amplamente desenvolvido nas minas
de carvão.
(d) é inexistente dentro do modo de produção capitalista.

9. Segundo Marx, existe uma divisão social do trabalho dentro


do modo de produção capitalista, uma vez que esse se divide
entre:

(a) senhores feudais e vassalos.


(b) senhores e escravos.
(c) burguesia e capitalistas.
(d) burguesia e proletariado

10. Segundo Marx, o trabalho tem como característica


fundante ser fruto de uma ação racional. Essa ação racional só
é possível devido à estrutura mental específica do ser
humano, assim, a principal diferença entre o trabalho humano
e o de outros animais reside no fato de que:

(a) os animais não trabalham.

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(b) os animais não possuem nenhum nível de raciocício.


(c) somente o trabalho humano tem importância.
(d) somente o trabalho humano transforma de forma permanente a
natureza, sendo fruto do pensamento conceitual.

11. Há sociedades em que a complexidade da cadeia produtiva


se torna tão grande que o produtor perde o sentido que sua
contribuição representa. Esse processo se denomina:

a) exploração.
b) extração de mais-valia.
c) alienação.
d) desvalorização.

12. De acordo com Marx, o processo de produção de


mercadorias desempenha um papel alienante porque o
trabalhador não elabora, cria ou define seu trabalho; este lhe
é dado cabendo ao mesmo apenas executá-lo. A alienação
ocorre:

(a) quando o trabalhador tem domínio sobre o processo de produção.


(b) quando o trabalhador é mal remunerado.
(c) quando o trabalhador faz greve.
(d) quando o trabalhador perde o domínio sobre o processo de
produção.

13. Tendo em vista que a divisão social do trabalho aumenta


simultaneamente a força produtiva e a habilidade do
trabalhador, ela é a condição necessária do desenvolvimento
intelectual e material das sociedades; ela é a fonte da
civilização.

O trecho acima considera que a divisão social é positiva para


sociedade. Tal pensamento é decorrente do seguinte teórico:

(a) Marx
(b) Durkheim
(c) Weber
(d) Friedmann

14. Para Durkheim, resulta da divisão do trabalho:

(a) a solidariedade orgânica, devido às semelhanças.


(b) o aumento da força produtiva e da habilidade do trabalhador,
sendo a fonte de civilização.

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(c) a solidariedade mecânica, que liga o indivíduo diretamente à


sociedade.
(d) o conjunto de regras sociais que eliminam a possibilidade de
patologia social.

15. Na vida em sociedade, há certas situações que Durkheim


chama de anomia. O que ela vem a ser?

(a) o mesmo que patologia social.


(b) as regras sociais, mas elas não se referem especificamente a
nenhuma relação social.
(c) as regras de uma dada sociedade.
(d) o mesmo que solidariedade mecânica.

16. Max Weber, ao pesquisar “o espírito do capitalismo”,


estabelece relação entre este e as idéias religiosas da reforma
protestante. Dentre as alternativas abaixo, qual delas NÃO
demonstra a afinidade entre o protestantismo e o
desenvolvimento do espírito comercial?

(a) a abnegação ascética fazia parte dos “mandamentos” do bom


homem religioso.
(b) as maiores virtudes de um homem relacionavam-se ao trabalho
árduo durante o máximo número de horas.
(c) A disciplina ascética conduz o homem a utilizar seu capital para
conforto da sua família.
(d) O dinheiro ganho através do trabalho deve gerar mais dinheiro.

Gabarito dos Exercícios de Fixação

1- c; 2 – c; 3 – c; 4 – c; 5 – a; 6 – a; 7 –d; 8 –b; 9 – d; 10 – d; 11 – c;
12 – d; 13 – b; 14 – b; 15 – a; 16 - c

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Questões de provas anteriores

1. (AFT/ESAF 1998) A partir do conteúdo do texto abaixo


considerar a incoerência de uma das opções que dele se
deduz.

O trabalho dos assalariados não é remunerado à medida de seu


resultado. Os detentores dos meios de produção apropriam-se da
mais-valia, então, concluiu Marx, existe exploração. Esta apropriação
está no coração dos conflitos de classe. O princípio desta condição é
que o trabalhador seja livre para vender seu trabalho a quem quiser.
O que regula esta venda é o contrato de trabalho.

(a) O valor de troca do trabalhador é sempre inferior ao seu valor de


uso. Isso oferece as bases para a existência da exploração capitalista.

(b) Entre o trabalho livre e a exploração, nos termos de Marx, está


sempre presente a dificuldade do trabalhador em barganhar seu valor
real na assinatura do contrato de trabalho.

(c) Pelo fato de o trabalhador livre ser destituído de todo meio de


produção, ele se submete à condição de exploração quando vende a
sua força de trabalho no mercado.

(d) O trabalho livre oferece ao trabalhador elementos de barganha na


assinatura do contrato de trabalho fazendo desaparecer a exploração
no processo de trabalho.

(e) Marx desmascara a armadilha da economia "vulgar", aquela que


consiste em acreditar nas aparências do jogo da oferta e da demanda
para analisar os fenômenos de troca no mercado.

2. (AFT/ESAF 2003) A partir do conteúdo do texto abaixo,


considerar a incoerência de uma das opções que dele se
deduz.

O conceito de processo de trabalho foi desenvolvido por Marx em O


Capital, v.I, Parte Terceira, Capítulo V (1867/1968). De acordo com o
autor, o trabalho é um processo no qual os seres humanos atuam
sobre as forças da natureza, submetendo-as ao seu controle e
transformando os recursos naturais em formas úteis à vida. Ao
modificar a natureza, o trabalhador coloca em ação suas energias
físicas – musculares e mentais. No processo de intercâmbio com as
forças da natureza, ele transforma a si mesmo, ao imprimir ao

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material sobre o qual opera um projeto que já houvera realizado


anteriormente, atribuindo um significado ao seu próprio trabalho.
(Rubini Liedke, 1997)

a) Os elementos componentes do processo de trabalho são: a) a


atividade adequada a um fim, o trabalho propriamente dito; b) o
objeto de trabalho, a matéria sobre a qual se aplica o trabalho; e c)
os meios de trabalho.

b) O processo de trabalho é processo de produção de mais-valia.

c) O processo de trabalho é atividade voltada para a produção dos


valores de uso para a satisfação de necessidades humanas.

d) O significado do processo de trabalho é eminentemente qualitativo


e refere-se à utilidade do resultado do trabalho.

e) O objeto de trabalho tanto pode ser a matéria em seu estado de


natureza (a terra), como objetos resultantes do trabalho anterior, as
matérias-primas.

3. (AFT/ESAF 2003) Há uma incompatibilidade de conteúdo


entre o sentido do texto abaixo e uma das opções que
seguem.

A indústria moderna assenta-se cada vez mais em potentes


mecanismos, em grandes conjuntos de forças e de capitais e, por
conseqüência, na extrema divisão do trabalho. Não somente no
interior das fábricas as ocupações se separaram e especializaram
infinitamente, como cada manufatura é, ela própria, uma
especialidade, que supõe outras. Mas a divisão do trabalho não é
específica do mundo econômico, pode se observar nas mais diversas
áreas da sociedade. As funções administrativas, políticas, judiciárias
especializam-se cada vez mais. O mesmo acontece com as funções
artísticas e científicas.
(E. Durkheim, 1930)

a) A divisão do trabalho é um processo sociológico explicativo da


transição de sociedades simples para a complexa sociedade
industrial.

b) A divisão social do trabalho é uma lei natural da sociedade, tendo


a função de reparar o debilitamento da coesão social baseada na
similitude dos indivíduos (solidariedade mecânica).

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c) As funções sociais dividem-se e especializam-se, cooperando,


entre si, para manterem a sociedade coesa.

d) A especialização das funções possibilita, aos indivíduos, um maior


desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades.

e) A intensificação da divisão do trabalho tem levado a uma crescente


degradação do trabalho e a maior controle e exploração do capital
sobre o trabalho.

4. (AFT/ESAF 1998) As opções abaixo dão seguimento


coerente e lógico ao trecho citado, exceto uma delas. Aponte-
a.

"Na interpretação de Max Weber acerca da doutrina calvinista em "A


Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", publicado inicialmente
em 1905, o conceito de trabalho no sentido ascese, operou uma
ruptura com a tradição cristã que separava a vida espiritual do
mercado. A recompensa pelo trabalho passou a ser entendida como
sinal de cumprimento do dever espiritual e da escolha divina."

(Kumar, 1985)

(a) Comportamentos individuais e de grupo voltados para uma vida


dedicada ao trabalho são considerados absolutamente adequados à
vida espiritual.

(b) Na "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" mostra-se que


se criou um ethos novo que conduz, na modalidade de um imperativo
moral, uma elite protestante a investir-se no trabalho e na indústria.

(c) O fundamento da sociedade capitalista é caracterizado pela ética


social e divina do dever.

(d) Em virtude da doutrina protestante, o êxito no mundo terreno


através de uma atividade profissional é, antes de tudo, um meio de
glorificar a Deus.

(e) Resta aos homens submeterem-se ao seu destino e no exercício


do seu trabalho, gozar dos bens deste mundo.

5. (AFT/ESAF 2006) A categoria trabalho, segundo Anthony


Giddens (Sociologia, Porto Alegre: Artmed, 2005) significa “a
execução de tarefas que requerem o emprego de esforço
mental e físico, cujo objetivo é a produção de mercadorias e
serviços que satisfaçam as necessidades humanas” (p.306).

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Baseado nessa concepção de trabalho, assinale a opção


correta.

a) Pensar a categoria trabalho como se ela equivalesse ao emprego


remunerado é uma visão muito simplificada.
b) A categoria trabalho diz respeito especificamente ao trabalho
remunerado.
c) A interpretação da categoria trabalho envolvendo o trabalho
remunerado e o não-remunerado é muito ampla e errônea.
d) O trabalho doméstico e o trabalho voluntário não se enquadram na
categoria trabalho.
e) Os vários trabalhos que não se ajustam às categorias ortodoxas do
emprego formal não se enquadram na categoria trabalho.

Gabarito das questões de provas anteriores

1. Resposta correta: (d) Marx mostra a desigualdade existente


entre a remuneração do trabalho e o seu real valor. Essa diferença
caracteriza-se como a mais-valia, ou seja, é reflexo da exploração do
trabalho ocorrida na produção através de uma apropriação do
trabalho por parte dos proprietários dos meios de produção. O
assalariado trabalha por um tempo maior que o necessário para
assegurar sua subsistência, aceitando as condições impostas pelo
capitalista. O trabalhador, portanto, não tem meios para barganhar
valores em seu contrato de trabalho.

2. Resposta correta: (b) Segundo Marx, para o trabalho reaparecer


em mercadorias, tem de ser empregado em valores-de-uso, em
coisas que sirvam para satisfazer necessidades de qualquer natureza.
O que o capitalista determina ao trabalhador produzir é, portanto um
valor-de-uso particular, um artigo especificado. Para Marx, ao
comparamos o processo de produzir valor com o processo de
trabalho, verificaremos que este consiste no trabalho útil que produz
valores-de-uso. O capitalista além de um valor-de-uso quer produzir
mercadoria, que é detentor de um valor de troca, gerando um valor
excedente. Este valor excedente que se caracteriza a mais valia.
Portanto, não é o processo de trabalho que produzirá a mais valia,
mas a troca dele resultante.

3. Resposta correta: (e) Segundo Durkheim, a divisão do trabalho


gera duas formas de solidariedade. A diferença básica entre o
primeiro e o segundo tipo de solidariedade, que foram
respectivamente chamadas por Durkheim de "mecânica" e
"orgânica", consiste que na primeira a solidariedade é causada pela
identificação entre elementos iguais, enquanto que na segunda ela é

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proporcionada pela coordenação de elementos diferentes. Vista deste


ângulo, a divisão do trabalho aparece como benéfica para a
sociedade, uma vez que une os homens através de suas atividades.
Além disso, Durkheim coloca que a sociedade paasa por uma anomi
e, na tentativa de curar a sociedade, ele descreve a necessidade de
se estabelecer uma solidariedade orgânica entre os membros da
sociedade. A solução estaria em, seguindo o exemplo de um
organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos
outros para sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma
função na divisão do trabalho, ele será obrigado através de um
sistema de direitos e deveres, e também sentirá a necessidade de se
manter coeso e solidário aos outros. A visão de exploração e controle
do capital sobre o trabalho pertence a Marx.

4. Resposta correta: (e) Weber busca no início do capitalismo quais


eram os princípios vigentes e encontra no trabalho dos protestantes
uma dedicação sem limites como forma de louvar a Deus. Os
protestantes encontravam na dedicação ao trabalho uma forma de
não se afastar da religião e esta maneira de trabalhar acaba se
tornando o espírito do capitalismo. Os protestantes, no entanto,
nunca poderiam esbanjar dinheiro e gozar dos bens materiais que
seu trabalho lhe proporcionava, deveriam apenas trabalhar, ganhar
muito dinheiro e seguir rigorosamente as prescrições
religiosas.Percebe-se que para Weber o espírito do capitalismo é dado
pela ascese protestante (a elevação espiritual, as práticas religiosas
para louvar a Deus, a moral protestante, virtudes religiosas) e,
embora o trabalho e a riqueza não sejam separados, como na religião
católica, a ascese implica em disciplina e seriedade, inclusive no uso
da riqueza. Usá-la com moderação, no exercício de seu trabalho, é
incompatível com o gozar dos bens do mundo.

5. Resposta correta: (a) Vimos que o conceito de trabalho é


bastante amplo, sendo considerado, genericamente, como a
transformação da natureza pelo homem objetivando sua própria
sobrevivência. Tomar o conceito de trabalho como simples sinônimo
de remuneração é restringir o significado do próprio trabalho.

CONCEITO DE TRABALHO

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ƒ Arendt: diferenciação entre labor (relacionado à dor, sofrimento e adversidade) e


trabalho (atividade executada com as mãos).
ƒ Marx: a relação do homem com a natureza se faz na transformação desta através do
trabalho
ƒ Friedmann: é pelo trabalho que o homem, ajudado por instrumentos, modifica seu
próprio meio e, em contrapartida, pode modificar-se a si próprio.
ƒ Braverman: (Trabalho e Capital Monopolista) fator distintivo para o trabalho - o
poder do pensamento conceitual.

A capacidade humana de idealizar o produto de seu trabalho distingue o


seu resultado daquele que é proveniente da mais organizada das
comunidades animais.

ƒ Andre Gorz: O trabalho está inserido num sistema mais amplo, mais abrangente, a
partir do qual se deve entender suas “metamorfoses”, ou seja, suas transformações.
Aquilo que nós chamamos de “trabalho” não é rigorosamente nem labor nem
trabalho, mas é uma simbiose das duas atividades
ƒ De acordo com Giddens (1997), “podemos definir o trabalho como a realização de
tarefas que envolvem o dispêndio de esforço mental e físico, com o objetivo de
produzir bens e serviços para satisfazer necessidades humanas”.

Trabalho enquanto ação Trabalho enquanto Trabalho enquanto


necessidade coerção

ƒ Se alimenta de uma ƒ Produtor de ƒ É forçoso;


disciplina livremente utilidades (valores de ƒ É imposto por uma
aceita sem ser punido uso), bem como de exigência que deve
pela necessidade; mercadorias (valor ser atendida;
ƒ Exprime as de troca) ƒ Tipos de coerção: a
tendências profundas ƒ Valor de uso → força física, a
da personalidade; artigos bastam-se em persuasão moral, a
ƒ Ajuda a realizar-se; cumprir utilidades. coação econômica e
ƒ Pressupõe liberdade; ƒ Valor de troca → coerção da lei.
ƒ Escolha livremente valor de uso
feira, segundo as produzido para
aptidões da pessoa; outros, que obterão
ƒ É bem raro de mediante uma troca
ocorrer. ƒ Trabalho como uma
necessidade: pode
ser uma ação ou uma
coerção, conforme a
razão que
desencadeou a sua
realização.
ƒ (O mais comum é
que o suprimento de
uma necessidade
funcione como
elemento coercitivo.)

O TRABALHO NO PENSAMENTO CLÁSSICO

KARL MARX EMILE DURKHEIM MAX WEBER

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A ÉTICA PROTESTANTE
A DIVISÃO DO
E O ESPÍRITO DO
OBRA O CAPITAL TRABALHO SOCIAL
CAPITALISMO
1. O Capitalismo divide
a sociedade entre
aqueles que possuem
os meios de produção e
acumulam riquezas
Anomia: as
(burgueses) e aqueles
instituições sociais
que foram expropriados
encontravam-se Weber procura em seus
de tudo (proletariado).
O PROBLEMA enfraquecidas, estudos definir o
desintegradas, espírito do Capitalismo
2. A divisão do trabalho
representando uma
é destruidora das
“patologia social”.
relações entre os
homens e portanto
promotora da
alienação.

Necessidade de se
estabelecer uma
Uma nova forma de solidariedade orgânica Encontra uma estreita
organização dos modos entre os membros da relação das implicações
de produção, onde o sociedade, seguindo o das orientações
SOLUÇÂO povo deteria os meios exemplo de um religiosas na conduta
de produção assim organismo biológico, econômica dos
como a riqueza: onde cada órgão tem homens.
Socialismo uma função e depende
dos outros para
sobreviver.

* Solidariedade
mecânica: encontrada
nas sociedades
* Exploração: * Contribuição da ética
arcaicas (maior
O trabalhador produz protestante, em
consciência coletiva)
excedentes e o especial o calvinismo,
capitalista remunera o na promoção do

trabalhador com valor moderno sistema
evolução
inferior. econômico.
CONCEITOS ↓
* Alienação: * As convicções
* Solidariedade
Expropriação da classe religiosas desses
orgânica: encontrada
trabalhadora dos meios puritanos os levavam a
nas sociedades onde
de produção, assim crer que o êxito
já ocorreu a divisão
como da percepção de econômico era como
econômica do trabalho
todo processo de uma benção de Deus.
(maior consciência
produção de riquezas.
individual).

Espero que essa aula resulte em bastante reflexão e


aprendizado e que tenham compreendido os conteúdos aqui
trabalhados !

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Aproveito para lembrar que temos o fórum para possíveis


dúvidas. Até a próxima semana.

Contem comigo e sucesso sempre!

Tatiana Claro

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