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Curso de

CIPA
ORGANIZAÇÃO E ATRIBUIÇÃO DA CIPA

Segurança e Medicina do Trabalho – Evolução Histórica


O início dos estudos que envolviam o trabalho com a doença, começou há cerca
de 250anos. Em 1556, Georg Bauer Escreveu estudos sobre a Extração de Minerais, retratando
o que se chamava de “Asma dos Mineiros”, cujos sintomas hoje demonstram tratar-se de casos
de silicose.
Em 1700, o médico Bernardino Ramazzini catalogou uma série de doenças relacionadas
ao trabalho.
Todavia, foi entre 1760 e 1830, na Inglaterra, que ocorreu um movimento que mudou
profundamente a história da humanidade: a revolução Industrial.
O crescimento desenfreado, o baixo nível de vida e o uso de crianças no trabalho,
acarretaram em uma quantidade numerosa de acidentes do trabalho, que aconteciam freqüentes
mortes.
Esta situação alertou a opinião pública e o Parlamento Britânico que, através de uma
Comissão de Inquérito, aprovou a 1ª Lei de Proteção dos Trabalhadores – “Lei de Saúde e
Moral dos Aprendizes (1802), que estabeleceu:
a) limite de 12h de trabalho por dia;
b) proibia o trabalho noturno;
c) obrigava os empregadores a lavarem as paredes das
fábricas, pelo menos 2 vezes por ano;
d) obrigava a ventilação.

Em 1830, um empresário, preocupado com as péssimas condições de trabalho,


contratou o médico Robert Baker que, acompanhando a saúde dos empregados, afastava-os tão
logo as atividades estivessem prejudicando a sua saúde. Surgia, assim, o 1º Serviço Médico
Industrial em todo o mundo.
Em 1833, foi baixada a “FALTORY ACT”, considerada a 1ª Legislação realmente
eficiente da proteção do trabalhador.
Em 1946, na França, foi instituído o serviço médico obrigatório em empresas
industriais. Em 1956, o mesmo ocorreu na Espanha. Já nos Estados Unidos, muito embora
tenha desenvolvido bastante a indústria, demoraram a se preocupar com os problemas de saúde
de seus trabalhadores.
A resolução dos serviços médicos sensibilizaram as duas maiores organizações de
âmbito internacional, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a OMS (Organização
Mundial de Saúde). Em junho de 1959, na 43ª Conferência Internacional do Trabalho, foi
emitida a recomendação da Nº 112 – Recomendação para Serviços de Saúde Ocupacional.
NO BRASIL
Os serviços médicos nas empresas são relativamente recentes, criados por iniciativa dos
empregadores, feita no interior das próprias indústrias.
O Governo não se preocupava com a adesão da recomendação nº: 112 da OIT;
entretanto, com o número cada vez maior de acidentes e doenças profissionais, proporcionou
em 1972 que o Governo baixasse a portaria nº: 3.237, que tornava obrigatório a existência dos
serviços médicos, bem como dos serviços de higiene e segurança do trabalho em todos as
empresas com 100 ou mais trabalhadores.
Em 08 de junho de 1978, todas as normas relativas à Segurança e Medicina do Trabalho
foram consolidadas pela Portaria 3.214.

COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA


A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) foi criada oficialmente pelo
Decreto-lei nº: 7.036, de 10 de novembro de 1944, sem título definido. A obrigação para
instalação das comissões nas fábricas só entrou em vigor em 19 de junho de 1945, por
instrução da Portaria nº: 229 de então Departamento Nacional do Trabalho.

Sua criação foi resultado de recomendação da OIT (Organização Internacional do


Trabalho) aos governos e as indústrias para adoção de comitê de segurança.

Organização da CIPA

Objetivo:
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes tem como objetivo compatibilizar
“permanentemente” o trabalho com a preservação da integridade física do trabalhador, bem
como a saúde do mesmo, através da prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho.

Constituição da CIPA
Conforme determina o artigo da seção III, do capítulo V, título II da CLT,
regulamentado pela NR-5 (Norma Regulamentadora nº: 5), alterada pela Portaria SSST nº: 08
de 23/02/1999, são obrigados a constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular
funcionamento as:
a) empresas privadas;
b) empresas públicas;
c) sociedades de economia mista;
d) órgão da administração direta e indireta;
e) instituições beneficentes;
f) associações recreativas;
g) cooperativas;
h) outras instituições que admitem trabalhadores como empregados.

Para se constituir uma CIPA, deve-se levar em conta:


* O código de agrupamento de setores econômicos;
* O número de empregados no estabelecimento.

A CIPA é formada por representantes da empresa, indicado pelo empregador e


representantes dos empregados, eleitos por voto direto.

Conforme a NR-5, nos itens 5.7 e 5.8, observamos que o mandato dos membros eleitos da
CIPA terá a duração de um ano, sendo permitido uma reeleição. Durante o período que compreende
desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato, é vedada dispensa arbitrária
ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção da CIPA. Todos os inscritos para a
eleição da CIPA tem garantia de emprego até a eleição.
O secretário da CIPA deverá ser indicado, de comum acordo com os membros da CIPA, e seu
substituto, podendo estes serem componentes ou não da comissão, o que no caso necessita a
concordância do empregador.

Curso CIPA:
Todos os membros da CIPA, titulares e suplentes, inclusive o secretário e seu
substituto, conforme a NR-5 item 3.32, deverão participar do treinamento da CIPA promovido
pela empresa. Este treinamento poderá ser ministrado pelo SESMT (Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) da empresa, entidade de trabalhadores
ou por profissional que possua conhecimentos sobre os temas ministrados.A carga horária do
treinamento é de 20 horas, em horário normal de expediente da empresa, não podendo
ultrapassar 8 horas diárias.

Atribuição da CIPA:
Devemos encarar a CIPA como uma comissão ajudadora no processo de “Prevenção de
Acidentes”, sendo o enfoque principal, a preservação da integridade física dos trabalhadores na
sua jornada laboral. Neste trabalho, a CIPA é parceira do SESMT, ambos necessitam funcionar
em harmonia, buscando o melhor para a saúde do trabalhador.
Podemos identificar, conforme a NR-5, alguns itens que constituem as atribuições da
CIPA:
a) identificação dos riscos do processo de trabalho;
b) elaboração do mapa de risco;
c) elaboração do plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas
de segurança e saúde no trabalho;
d) participação da implantação e no controle da qualidade das medidas de prevenção
necessárias, bem como de avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;
e) verificar ambientes e condições de trabalho, identificando as situações de risco;
f) avaliar o cumprimento das metas fixadas nas reuniões;
g) divulgar as informações relativas à segurança e saúde do trabalhador;
h) participar, com o SESMT, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os
impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionado à segurança e saúde dos
trabalhadores;
i) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor
onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores;
j) participar no processo de desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA, e de outros
programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
l) divulgar e promover o cumprimento das normas regulamentadoras;
m) participar, com o SESMT ou com o empregador, da análise das causas das doenças e
acidentes do trabalho, propondo medidas de solução;
n) requisitar à empresa as cópias das CAT’s emitidas;
o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, a Semana Interna de Prevenção de
Acidentes do Trabalho – SIPAT;
p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS.

Presidente da CIPA:
O Presidente da CIPA possui as seguintes atribuições específicas:
* convocar os membros para as reuniões;
* coordenar as reuniões da CIPA;
* manter o empregador informado sobre os trabalhos da CIPA;
* coordenar e supervisionar as atividades de secretaria;
* delegar atribuições ao Vice-Presidente.

Vice-Presidente da CIPA:
O Vice-Presidente possui as seguintes atribuições específicas:
* executar as atribuições que lhe forem delegadas;
* substituir o Presidente, quando necessário.

Atribuições conjuntas:
O Presidente e o Vice-Presidente da CIPA terão as seguintes atribuições em conjunto:
* cuidar para que a CIPA disponha de condições necessárias para o desenvolvimento de seus
trabalhos;
* cuidar para que os objetivos propostos sejam alcançados, através da coordenação e
supervisão das atividades;
* delegar atribuições aos membros da CIPA;
* promover o relacionamento da CIPA com o SESMT;
* divulgar as decisões da CIPA;
* construir a comissão eleitoral.

Secretário da CIPA:
É atribuído ao secretário da CIPA o acompanhamento das reuniões, a redação das atas, o
preparo das correspondências e outras tarefas determinadas pelo Presidente e Vice-Presidente.

Funcionamento da CIPA:
Reuniões Ordinárias :
* mensais, de acordo com o calendário pré-estabelecido;
* realizadas durante o expediente normal da empresa;
* local apropriado;
* confecção de atas, assinadas por todos presentes.

Reuniões Extraordinárias :
* quando houver denúncia de risco grave e iminente;
* ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal;
* houver solicitação expressa de uma das representações.

Decisões da CIPA:
As decisões da CIPA devem ocorrer preferencialmente por consenso; não havendo, e frustradas
as tentativas de negociações direta ou indireta, será praticado o processo de votação, que
deverá constar em ata.

Presenças:
* o membro titular perderá o mandato se faltar a mais de 4 reuniões ordinárias, sem
justificativa;
* a vacância definitiva de cargo, será suprida por suplente, obedecendo a ordem decrescente
registrada na ata de eleição;
* no caso de afastamento definitivo do Vice-presidente, os membros titulares da representação
dos empregados, escolherão o substituto, entre os titulares, em dois dias úteis.
Princípios Gerais de Higiene do Trabalho
Histórico:
A relação entre o ambiente de trabalho e seu efeito sobre a saúde do trabalhador é conhecida
desde muito tempo atrás. Entretanto, na antiguidade, pouco foi feito para proteger os trabalhadores pois,
normalmente, eram utilizados escravos nos trabalhos mais perigosos. A primeira doença profissional
registrada foi a intoxicação por chumbo, no século IV a.C., observada por Hipócrates em mineiros e
metalúrgicos.
No século I d.C., Pliny – um romano de renome – registrou em sua enciclopédia de ciência
natural, os riscos existentes na manipulação de enxofre e zinco. Pliny, em seus escritos, descreve uma
máscara de proteção, feita da bexiga, que era usada pelos trabalhadores nos serviços de maior exposição
à poeira.
Ellonberg publicou, em 1473, seu primeiro livro que tratava das doenças ocupacionais e lesões
dos trabalhadores nas minas de ouro. Nesta feita, Ellonberg descreve os sintomas da intoxicação pelo
chumbo e mercúrio, sugerindo medidas de controle.
Em 1700, o médico Ramazzini escreveu o primeiro livro que é considerado como um tratado
sobre doenças ocupacionais, sendo abordado os riscos associados à maioria das profissões da sua época,
enfatizando a necessidade do médico conhecer a profissão do paciente, para melhor diagnosticar a sua
doença. Contudo, as medidas de controle sugerido por Ramazzini eram terapêuticas e curativas, em
detrimento das medidas preventivas.
No começo do século XX, a Dra. Alice Hamilton realizou a 1ª pesquisa que estudou
inicialmente o ambiente de trabalho, com posteriores exames médicos nos trabalhadores. Em seu
trabalho, a Dra. Alice sugeriu medidas de controle eficazes para eliminar as condições insalubres.

Definição:
Ciência e arte dedicada ao RECONHECIMENTO, AVALIAÇÃO E CONTROLE dos fatores
do ambiente de trabalho e “STRESS” originados do ambiente de trabalho ou no local de trabalho, que
podem causar doença, comprometimento à saúde e bem estar, ou significativo desconforto e
ineficiência entre os trabalhadores ou membros de uma comunidade.
Logo, a higiene do trabalho, também conhecida como HIGIENE INDUSTRIAL, tem como
objetivo promover a saúde dos trabalhadores através do estudo de diversos meios.
Face a definição apresentada, podemos definir o método de trabalho da Higiene Industrial em
três etapas:
 Reconhecimento;
 Avaliação;
 Controle.

Agentes Ambientais:
Os Agentes Ambientais que envolvem a Higiene Industrial, podem ser organizados em 5 grupos
de riscos: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos.

Agentes Físicos:
Segundo definições dada pela Portaria nº: 25, que alterou a redação da NR-09, agentes físicos
são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído,
vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, bem como
infra-som e ultra-som.
a) Ruído:
No ponto de vista da Higiene Industrial, entendemos ruído como sendo a presença de um som
não desejado e incômodo, e indica uma mistura de sons de diversas freqüências, que não seguem um
ordenamento padrão nem uma lei precisa; a combinação de sons não coordenados que produzem uma
sensação desagradável; qualquer som que interfira ou impeça uma atividade humana.
Dentre os vários aspectos encontrados em um processo industrial, o ruído é o principal. Por ser
o de maior ocorrência, o ruído tende a tornar-se um problema comum. Além do que, na maioria das
vezes, a exposição não traz conseqüências imediatas, apresentado-se como um mal crônico e quase
sempre irreversível.
A exposição ao ruído, além de produzir uma redução auditiva no trabalhador, provocando
surdez, pode provocar alterações emocionais que levam o trabalhador perder a concentração e,
conseqüentemente, cometer um erro que leve a um acidente de trabalho.
b) Temperaturas Extremas:
Uma série de atividades profissionais submete os trabalhadores a ambientes que apresentem
condições térmicas bastante adversas dos que o organismo humano é habitualmente submetido. Estes
profissionais ficam expostos ou calor ou frio intenso, que podem comprometer seriamente com a sua
saúde. No entanto, um estudo do problema permite, além de criar critérios adequados a qualificação dos
riscos envolvidos, definir as condições de trabalho compatíveis com a natureza humana.
O homem que trabalha em ambientes de altas temperaturas sofre de fadiga, seu rendimento
diminui, ocorrem erros de percepção, raciocínio e aparecem sérias perturbações psicológicas que podem
conduzir a esgotamentos e prostrações.
c) Iluminação:
Entende-se por radiação visível a faixa do espectro eletromagnético capaz da ser detectada pelo
olho humano. Esta faixa é responsável pela iluminação de ambientes.
Determinar a iluminação necessária a um ambiente, significa estabelecer a intensidade e
distribuição da radiação visível adequadas aos tipos de atividades e as características do local, bem
como sugerir alterações para este, a fim de proporcionar melhores condições de trabalho,
conseqüentemente, maior eficiência e conforto.
d) Vibração:
Vibração é movimento, oscilação, balanço de objetos, de coisas. Todos os objetos materiais
podem vibrar, contudo, nem sempre podemos perceber o movimento através do tato.
Por costume, se a oscilação for facilmente detectável pelo tato, ela é chamada simplesmente de
“vibração”. Se for detectável pelo sistema auditivo, é chamada de som, ou vibração sonora.
Do ponto de vista da Higiene do trabalho, interessa determinar as características das vibrações,
com objetivo de especificar medidas de controle tais, que eliminem ou reduzam os riscos a níveis
suportáveis e compatíveis com a preservação da saúde.
e) Pressões Anormais:
Há uma série de atividades em que os trabalhadores ficam sujeitas a pressões anormais, isto é,
pressões ambientais acima e abaixo da normal.
Pressão normal  Pressão Atmosférica/a que normalmente estamos expostos.
Baixa pressão  Pressões abaixo da pressão normal (ocorrência rara).
Exemplo: Pilotos de aviões não pressurizados.
Alta pressão  Pressões acima da pressão normal.
Exemplo: Máquinas de perfuração, caixões pneumáticos, campanhas, trabalhos executados
por mergulhadores, etc...
f) Radiações Ionozantes:
O perigo de ocorrerem exposições despercebidas a radiações ionizantes reside no fato de que o
organismo humano não possui mecanismo sensorial que permita detectá-las. Portanto, se não há
percepção das radiações por parte do trabalhador, este não pode, naturalmente, evitá-los.
Do ponto de vista da Higiene do Trabalho, as radiações ionizantes de maior interesse são em
número de cinco: gama, raios-X, beta, alfa e nêutron. As três primeiras são as mais comumente e
encontradas, visto que as fontes alfa e nêutrons não são normalmente usadas em processos industriais.
g) Radiações Não Ionizantes:
As radiações não ionizantes apresentam interesse do ponto de vista ambiental, porque os seus
efeitos sobre a saúde das pessoas são potencialmente importantes, sendo que exposições sem controle
podem levar à ocorrência de sérias lesões ou doenças. Por outro lado, há uma proliferação de
equipamentos, inclusive de uso doméstico, que emitem radiações, tais como: forno de microondas,
radares, lasers, inspeção para controle de qualidade, lâmpadas ultravilotas, celulares, etc...
Observamos que todas as radiações são invisíveis com exceção das que pertencem a parte visível do
espectro (pequena parte), e de difícil detecção pelas pessoas através de meios naturais. Quando acontece
aquecimento, se a radiação for perigosa, a sensação de calor pode ter chegado tarde demais para avisar
do risco.
A radiação não ionizante pode ser transmitida através do vácuo, haja visto a radiação solar que
atinge a terra, podendo ser infravermelha, visível, ultravioleta, etc...

Agentes Químicos:
Conforme a Portaria nº: 25, que alterou a redação da NR-09, são as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da exposição.

Agentes Biológicos:
De acordo com a definição dada pela Portaria nº: 25, que alterou a redação da NR-09, são as
bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.

Agentes Ergonômicos:
Entende-se por Ergonomia o conjunto de parâmetros que devem ser estudados e implantados de
forma a permitir a adaptação das condições de trabalho às características psicológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança desempenho eficiente.
A ergonomia é capaz de ajudar as empresas a diminuírem a incidência dos problemas,
principalmente das lesões por esforços repetitivos e traumas cumulativos. Ela visa desenvolver novos
métodos e postos de trabalho, proporcionar ao trabalhador conforto e eficiência na execução de suas
atividades o que, em contrapartida, se reverte em maior eficiência e produtividade a favor da empresa,
além da diminuição expressiva de determinados custos e incidência de acidentes.

Agentes Mecânicos:
São aqueles que se originam das atividades mecânicas, que envolvem máquinas e
equipamentos, responsáveis pelo surgimento das lesões nos trabalhadores quando da ocorrência dos
acidentes de trabalho.
Os exemplos mais comuns de agentes mecânicos são: máquinas e equipamentos sem proteção,
ferramentas defeituosas, ferramentas inadequadas, máquinas sem a devida manutenção, etc.

RUPO 3
Risco Físico Risco Químico Risco Biológico Risco Ergonômico Risco Mecânico
co Biológico
Ruído Poeiras Vírus Monotonia Incêndio
Vibrações Fumos Bactérias Repetitividade Abertura no piso
Radiações
Névoas Protozoários
Ionizantes Postura Incorreta Eletricidade
Radiações
Não Neblinas Fungos Trabalhos de Turno e Equipamento sem
Ionizantes noturno proteção
Iluminação deficiente Ferramenta
Frio Gases Parasitas
avariada
Mobiliário Inadequado Arranjo Físico
Calor Vapores Bacilos
inadequado
Levantamento e Armazenamento
Pressões Prod. Químicos em
transporte manual de inadequada
Anormais Geral
peso
Imposição de ritmos Animais
Umidade
inadequadas peçonhentos
Outras situações Outras situações
causadoras de estress de risco que
poderão contribuir
para acidentes
Limites de Tolerância:
É o parâmetro de referência utilizado para as avaliações, ou seja, aquelas concentrações dos
agentes químicos ou intensidades dos agentes físicos presentes no ambiente de trabalho, sob as quais
acredita-se que a maioria dos trabalhadores pode ficar exposta durante toda a sua vida laboral, sem
sofrer efeitos adversos à sua saúde.
Os limites de tolerância são baseados na melhor informação disponível, proveniente da
experiência industrial e de estudos experimentais com animais, refletindo o estado em que se encontram
os conhecimentos no momento atual. Por isto, podem sofrer alterações de acordo com o avanço dos
estudos na área de Toxicologia Industrial.
Esses limites são destinados para o uso na prática de Higiene Industrial como guias ou
recomendações no controle de riscos potenciais à saúde e não devem ser consideradas como limites
entre saúde e doença.
No Brasil, entende-se por limite de tolerância, para os fins da NR-15, a concentração ou
intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição aos agentes, que
não cansará dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral.

Medidas de Controle dos Riscos:


Conforme o método de trabalho da Higiene Industrial, antes de definir as medidas de controle
dos riscos, deve-se cumprir as seguintes etapas:
 Reconhecimento;
 Avaliação.

Reconhecimento:
A etapa de reconhecimento, ou levantamento preliminar, tem como objetivo básico, levantar
todos os riscos potenciais à saúde do trabalhador em seu ambiente de trabalho e fornecer subsídios para
a preparação da etapa de avaliação.
Para efetuar esse reconhecimento, é necessário conhecer detalhadamente o processo e/ou
equipamento. O fluxograma do processo deve ser obtido e estudado.
Em um reconhecimento é necessário levantar, no mínimo os seguintes dados:
a) Riscos envolvidos em cada atividade;
b) Produtos utilizados;
c) Fluxograma do processo, com as temperaturas dos produtos;
d) Número de pessoas expostas;
e) Jornada de trabalho;
f) Ciclos/ritmos de trabalho;
g) Duração e freqüência de exposição;
h) Toxicologia dos produtos presentes;
i) Medidas de controle empregadas;
j) Lay-out.

Avaliação:
A avaliação do ambiente de trabalho será necessária sempre que o reconhecimento indicar a
exposição potencial a agentes agressivos quantificáveis. Esta etapa está relacionada principalmente com
os riscos físicos, químicos e com o agente nível de iluminamento, constante e do grupo de riscos
ergonômicos.
A presença de agentes químicos, físicos ou biológicos no ambiente de trabalho oferece um risco
à saúde dos trabalhadores. Entretanto, o fato de estarem expostos a estes agentes agressivos não
implica, obrigatoriamente, que estes trabalhadores venham a contrair uma doença do trabalho.
Para que os agentes causem danos à saúde é necessário que estejam acima de um determinado
parâmetro (concentração ou intensidade), e que o tempo de exposição seja suficiente para uma atuação
nociva destes agentes sobre o ser humano.

Medidas de Controle:
Sempre que os resultados obtidos na avaliação demonstrarem exposição superior ao limite de
tolerância, deverão ser adotadas medidas de controle como forma de reduzir o risco de danos à saúde do
trabalhador. Essas medidas podem ser separadas em duas classes, a saber:
 Medidas relativas ao ambiente: controle dos agentes é feito nas fontes (máquinas, processos,
produtos e operações) e na trajetória desses agentes até o trabalhador;
 Medidas relativas ao trabalhador: o controle é feito no receptor involuntário desses agentes.

Medidas de Controle Relativas ao Ambiente:


a) Substituição:
Algumas vezes é possível substituir o material tóxico, equipamento ou processo possíveis de
expor o trabalhador a riscos potenciais por outros menos nocivos.
b) Mudança ou alteração de processo ou operação:
Uma mudança de processo oferece, em geral, oportunidades para a melhoria das condições de
trabalho. A substituição de métodos manuais por métodos mecanizados pode resultar na eliminação de
um risco.
c) Enclausuramento:
Algumas vezes o processo, ou parte deste, pode ser enclausurado de forma a impedir a
liberação do contaminante para o ambiente de trabalho. O enclausuramento pode incluir ou não o
trabalhador.
d) Segregação da operação ou processo:
A segregação ou isolamento é particularmente útil para operações limitadas que requerem um
número reduzido de trabalhadores ou, onde o controle por qualquer outro método é muito dificultoso. A
tarefa é isolada do restante das operações e, portanto, a maioria dos trabalhadores não é exposta ao risco
específico.
A segregação no espaço significa isolar o processo à distância; segregação no tempo significa
executar uma tarefa fora do horário normal, reduzindo igualmente o número de expostos.
e) Ventilação geral diluidora:
Consiste em insuflar ar em um ambiente de trabalho, de exaurir ar desse ambiente, ou ambos, a
fim de promover uma redução na concentração de poluentes nocivos. Esse método de ventilação não
impede a emissão dos poluentes, mas dilui esses poluentes.
f) Ventilação geral exaustora:
A ventilação geral exaustora tem como objetivo a proteção da saúde do trabalhador, uma vez
que capta os poluentes de uma fonte antes que os mesmos se dispersem no ar do ambiente de trabalho,
ou seja, antes que atingem a zona de respiração do trabalhador.
g) Ordem e limpeza:
Boas condições de ordem e limpeza, e asseio geral, ocupam uma posição chave entre as
medidas de controle.
A limpeza imediata de qualquer derramamento de produto tóxico, sobra de materiais, resíduos
de máquinas é importante medida de controle.
h) Projetos adequados:
A mais satisfatória medida de controle de riscos de doenças profissionais, consiste na adoção de
medidas preventivas no próprio projeto e construção da maquinaria e equipamentos industriais.
A manutenção de maquinaria ou equipamentos é tão importante quanto seu projeto e
construção. Deterioração, desgastes, corrosão, abrasão e choque resultam em operação deficiente, e se
devem a uma inadequada manutenção.
Medidas Relativas ao Trabalhador:
a) Limitação do tempo de exposição:
A redução do tempo de exposição do trabalhador é uma importante medida de controle,
considerando-se que os limites de tolerância são sempre estabelecidos levando-se em conta o tempo de
exposição.
b) Controle Médico:
Exames médicos pré-admissionais e periódicos constituem medidas fundamentais e de caráter
permanente. Os exames periódicos possibilitam, além de um controle de saúde geral do pessoal, a
detecção de fatores que podem levar a uma doença profissional.
c) Educação e Treinamento:
As ações de educação e treinamento devem ter lugar sempre independentemente de utilização
de outras medidas de controle, sendo na realidade importante complementação a qualquer uma.
d) Equipamento de Proteção Individual – EPI:
Os EPI’s devem ser sempre considerados como uma segunda linha de defesa, após criteriosas
considerações sobre todas as possíveis medidas de controle relativas ao ambiente, que possam
eventualmente ser tomadas e aplicadas prioritariamente.

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO E ÁNALISE DE


ACIDENTES DE TRABALHO E DOENÇA DO TRABALHO

INTRODUÇÃO AO ACIDENTE DE TRABALHO

Acidente de Trabalho será aquele que ocorrer pelo exercício do Trabalho, e Serviço da
Empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional que cause a morte, perda ou
redução permanente ou temporário, da capacidade para o trabalho. (Lei nº 6.367, de 19.10.76)
É também todo fato inesperado, não planejado, que possa, ou não, resultar em lesão,
danos materiais ou ambos.

Parágrafo Único :

Equiparam-se ao acidente de trabalho para os efeitos deste regulamento :

1. A doença profissional ou do trabalho, assim entendida a inerente ou peculiar a determinado


ramo de atividade, e constante da relação que constitui o Anexo l do Decreto 79.037 , de
24.12.76 .
2. O acidente que, ligado ao trabalho, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte, ou a perda ou redução da capacidade para o trabalho.
3. O acidente sofrido no local e no horário do trabalho, em conseqüência de:
a) ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiro ;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada
com o trabalho ;
c) ato de imprudência, negligência ou imperícia de terceiro, inclusive de companheiro
de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão ;
e) desabamento, inundação ou incêndio ;
f) outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior .
4. A doença proveniente da contaminação acidental de pessoal de área no exercício de
sua atividade .
Exemplo : Contato Dom a Amônia , causando irritação, espasmo respiratório e
asfixia rápida,
Queimaduras: da pele, globo ocular, trato respiratório.
5. A doença proveniente da contaminação acidental de pessoal de área médica .
Exemplo : AID’S ( vírus H.I.V ) .
6. O acidente sofrido pelo empregado, ainda que fora do local e horário de trabalho :
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da Empresa ;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à Empresa, para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito ;
c) em viagem a serviço da Empresa, seja qual for o meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do empregado ;
d) no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela ( acidente de
trajeto ).
7. Nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião de satisfação de
outras necessidades
fisiológicas, no local de trabalho ou durante este, o empregado será considerado
a serviço da
Empresa .
Conceito Prevencionista :

É todo fato inesperado, não planejado, que possa, ou não, resultar em lesão, danos materiais ou
ambos.
Exemplo : Queda de empilhamento defeituoso, sem vítimas.

Observação : Esse exemplo de acidente, bem como todos os demais, deve ser
analisado e
eliminadas as suas causas, para que tal fato não se repita, com ou sem
vítimas.

1) INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

Quando um acidente ocorre, e estamos agora falando apenas dos acidentes com lesão,
tanto faz Ter sido um acidente grave ou não, devemos analisá-lo profundamente com o
objetivo de agir eficazmente no sentido de evitar a sua repetição. Esta análise pode tanto ser
feita pelos Técnicos de Segurança do Trabalho do SESMT, como também pelos componentes
da CIPA.
Uma das principais função da CIPA é prevenir acidentes. Porém, quando estes ocorrem,
cabe à CIPA estudar causas, circunstâncias do acidente, ou participar do seu estudo ( Insto está
previsto no item da NR-5 que apresenta as atribuições da CIPA ). A isso se dá o nome de
Investigação dos acidentes.
Essa investigação tem por objetivo descobrir as causas de um acidente, estudá-las e
propor medidas que as eliminem, evitando sua repetição.
Um dos pontos fundamentais antes de se iniciar a Investigação do Acidente é de que o
empregado envolvido tenha consciência que não se está procurando um culpado ou um
responsável , mas sim se procurando encontrar as causas que contribuíram direta ou
indiretamente para a ocorrência do acidente , Na medida do possível, o acidentado deve ser
envolvido na investigação do acidente.
A análise de um Acidente de Trabalho deverá ser feita por pessoa que tenha os seguintes
predicados:

a) Habilitada – o investigador deve ter conhecimentos de proteção de máquinas,


identificação de
riscos e conhecimentos gerais. O bom investigador tem também vocação, tato e o
senso crítico para
separar o supérfluo do essencial, nas declarações que colhe e para perceber as
simulações.
b) Treinada - a boa análise de acidente exige que seu autor , além de habilitação e
vocação, tenha
boa experiência anterior.
c) Tenha uma Boa Imagem - o investigador deverá ser simpático e respeitado para
obter bons
resultados.
d) Ter Boa Redação - a investigação pouca utilidade terá, ainda que fruto de várias
pesquisas do
acidente, se o investigador não souber retratá-las em seus relatórios.

O local da ocorrência deve permanecer sem alteração, para que as condições do momento
sejam perfeitamente identificadas pelo Técnico de Segurança do Trabalho, acompanhado pela
chefia do local e de membros da CIPA. O supervisor do empregado acidentado deve logo obter
o maior número possível de informações que servirão como ponto de partida para um exame
pormenorizado. O supervisor deve ter consciência do seu envolvimento, como responsável
pelo acidentado e pela segurança do mesmo.

Um roteiro básico compreende algumas perguntas:

- O que fazia o empregado no momento imediatamente anterior à ocorrência?


- Como aconteceu?
- Quais foram as conseqüências?
- Quais as causas que contribuíram direta ou indiretamente para a ocorrência do
acidente?
- Quando ocorreu? (data e hora)
- Onde ocorreu?
- Quanto tempo de experiência na função tinha o acidentado?

A investigação de um acidente é feita quando este já aconteceu, através do levantamento dos


fatores que contribuíram para que ele ocorresse e da identificação do que poderia ter sido
corrigido para que ele fosse evitado.
Devemos identificar na investigação dos acidentes:
- o agente do acidente;
- a fonte de lesão;
- o fator pessoal de insegurança;
- a natureza da lesão;
- a localização da lesão.
ESPÉCIE DE ACIDENTE IMPESSOAL

Na classificação é necessário considerar-se que, muitas vezes, um acidente impessoal gera


outro acidente impessoal, que, pôr sua vez, pode gerar outro acidente impessoal e assim pôr
diante, sendo cada um desses acidentes impessoais capaz de gerar um ou mais acidentes
pessoais.
Exemplo: Um galpão que armazena inflamáveis, atingido pôr um raio (1º acidente
impessoal ), incendeia-se ( 2º acidente impessoal ) e, em virtude desse incêndio, cai a rede
elétrica externa ( 3º acidente pessoal ), que sofre choque elétrico ( lesão pessoal ).
O acidente impessoal não pode ser considerado causador direto da lesão pessoal..

TIPO DE ACIDENTE PESSOAL


Aplica-se a casos em que a lesão foi produzida pôr impacto da pessoa acidentada contra a fonte da
lesão, no desempenho de suas tarefas habituais, no ambiente de trabalho ou fora deste quando estiver a
serviço do empregador.

AGENTE DO ACIDENTE

O agente do acidente é a máquina, o local, o equipamento que se relaciona diretamente


com o dano físico que o acidentado sofreu. Assim, uma prensa ou furadeira manual podem ser
agentes de acidentes.
Há três tipos de risco que podem ser agentes do acidente:

- Riscos Locais = pôr exemplo: piso escorregadio.


- Riscos Ambientais = provenientes de:

FONTE DE LESÃO

Fonte da lesão é a “coisa, substância, energia ou movimento do corpo que diretamente


provocou a lesão”.
Em uma investigação, após saber qual a parte do corpo que foi lesionada, procura-se
identificar aquilo que, em contato com a pessoa, determinou a lesão, isto é, busca-se
determinar o agente do acidente (“coisa, substância ou ambiente que, sendo inerente à
condição ambientes de insegurança, tenha provocado o acidente”). Podem ser ácidos e outros
produtos químicos, uma ferramenta, parte de uma máquina, materiais incandescentes e/ou
excessivamente quentes, arestas cortantes, corrente elétrica, superfícies abrasivas, etc.
A determinação da fonte da lesão é um dado fundamental na investigação de acidentes.
Numa investigação de acidentes é importante se apurar e anotar os fatores pessoais de
insegurança que estiverem presentes no momento em que ele aconteceu. Os fatores pessoais de
insegurança (fatores pessoais) ficam evidentes quando o indivíduo apresenta desconhecimento
dos riscos de acidentes, treinamento inadequado, falta de aptidão ou interesse pelo trabalho,
excesso de confiança, incapacidade física para o trabalho, etc.

CAUSAS DO ACIDENTE

São os motivos, as situações, os comportamentos e as ações geradoras dos acidentes.


É importante que os membros da CIPA conheçam bem as verdadeiras causas dos
acidentes, pois, por incrível que pareça, muitas pessoas ainda acham que um acidente acontece
por acaso, azar, fatalidade, destino ou porque tinha que acontecer.
As Estatísticas de Acidentes realizadas na maioria das empresas de todo o País
demonstram que os acidentes ocorrem nesta seqüência de causas :
- falha humana ;
- falha ambiental ;
- elementos da natureza ou situações especiais .
Em segurança do Trabalho, as causas acima são denominadas tecnicamente conforme se
seguem :

 Falha humana = Ato inseguro - Perda de tempo


 Falha ambiental = Condição insegura - Lesão
 Elementos da natureza - Dano material
= Imprevistos
ou Situações especiais

O FATOR PESSOAL DE INSEGURANÇA

Todos nós temos características pessoais que podem interferir direta ou indiretamente no
trabalho que executamos. Elas podem ser físicas ou mentais, normais ou não. Quando essas
características pessoais interferem negativamente, no trabalho, provocando atos inseguros,
damos o nome de fator pessoal de insegurança
Como exemplos de características pessoais que podem provocar atos inseguros e, em
conseqüência, acidentes, podem ser citados: tempo de reação aos estímulos; falta de boa
coordenação motora (movimentos dos membros tronco, cabeça, olhos); instabilidade
emocional; extroversão, agressividade, nível de inteligência; grau de atenção; percepção;
deficiência física e força muscular.

Providências

 Recomendar medidas técnicas


- substituição do processo ou equipamento
- proteção do equipamento ou do local
- remoção de falha ou defeito do equipamento ou local
- fornecimento de equipamento adicional

 Recomendar medidas administrativas


- instrução
- treinamento
- transferência
- melhoria de supervisão
- fiscalização
- aplicação de punições

Na execução da investigação do acidente, muitas vezes aparecem circunstâncias que


impedem um melhor trabalho. Elas podem ser, entre outras:

- A incapacidade da vítima, ainda traumatizada, saber explicar como o acidente ocorreu;


- A ausência de testemunhas oculares;
- A simulação;
- O acobertamento de irregularidades, por parte da vítima, das testemunhas ou das
chefias.

2) ANÁLISE DE ACIDENTES

Já dissemos isto em outras vezes, mas nunca é demais reafirmar, fundamental diante, é a
busca de suas causas e a proposição de medidas para que acidentes semelhantes possam ser
evitados.
Sendo assim, a comunicação do acidente tem papel relevante.

a) Ato de comunicar verbalmente, pelo acidentado, colegas ou familiares.


b) Comunicação do fato por escrito, caracterizado como acidente do trabalho ao INSS,
pela empresa.
Ambas têm uma exigência única, a PREVENÇÃO, portanto, devem ser comunicados
imediatamente.
A comunicação, isto é, o fato de comunicar pode ser inicialmente verbal, mas é
importante que haja um documento interno informando ao órgão de Segurança do trabalho, da
ocorrência e caracterização do acidente. A caracterização do acidente deve ser uma atribuição
do supervisor. A comunicação ao INSS é feita mediante o preenchimento de formulários
apropriados.
Existem dois tipos de lesões, quanto ao seu afastamento:

- lesão sem afastamento (lesão não incapacitante ou lesão sem perda de tempo)
- lesão com afastamento (lesão incapacitante ou lesão com perda de tempo)

A lesão sem perda de tempo é “lesão pessoal que não impede o acidentado de voltar ao
trabalho no dia imediato ao do acidente, desde que não haja incapacidade permanente” , pelo
que, se diz que não houve nenhum dia de trabalho perdido, pois, sabidamente, o dia da
ocorrência do acidente se considera como dia trabalhado integralmente, independente da hora
em que tenha ocorrido, se no começo, no meio, ou no fim da jornada laboral.
A lesão com perda de tempo é a “lesão pessoal que impede o acidentado de voltar ao
trabalho no dia seguinte ao do acidente ou de que resulte incapacidade permanente” , ou seja,
esta lesão pode provocar incapacidade permanente total, incapacidade permanente parcial,
incapacidade temporária total ou morte. O trabalhador fica impossibilitado de trabalhar no dia
seguinte ao acidente, já que, conforme visto anteriormente, o dia do acidente é considerado
como integralmente trabalhado.
A comunicação de qualquer acidente é feita com o documento chamado CAT .

As lesões com perda de tempo podem ocasionar

 Incapacidade temporária total


 Incapacidade permanente parcial
 Incapacidade permanente total
 Morte

INCAPACIDADE TEMPORÁRIA TOTAL

Entende-se por incapacidade temporária total para o trabalho, a “perda total da


capacidade de trabalho de que resulte um ou mais dias perdidos, excetuados a morte, a
incapacidade permanente parcial e a permanente total”. Isto significa que após a consolidação
das lesões, o trabalhador tem condições de desenvolver as suas mesmas funções. Durante a
incapacidade temporária total, o trabalhador perceberá o benefício previdenciário denominado
de auxílio-doença, desde que o afastamento do trabalho ultrapasse a quinze dias.
Obs: Permanecendo o acidentado afastado de sua atividade por mais de um ano, é
computado somente o tempo de 360 dias.
PREZUÍZO MATERIAL

É todo aquele provocado através de um acidente.

PREJUÍZO PARA A EMPRESA


RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO ( DESCRIÇÃO DO ACIDENTE )

Nós vimos anteriormente as peças principais da Investigação de Acidentes, isto é, a


procura das causas, fontes da lesão, natureza da lesão e localização da lesão. Precisamos,
agora, partir para a elaboração do Relatório de Investigação, peça fundamental na investigação
do acidente é ferramenta de grande valia nas reuniões da CIPA.
Tão logo tome conhecimento de um acidente, deverá o órgão de Segurança do Trabalho
iniciar suas investigações, visando apurar de que forma exatamente ele ocorreu. Para isso um
Técnico de Segurança do Trabalho se dirigirá ao local do acidente e colherá os depoimentos do
acidentado (se for possível), das testemunhas e do chefe do acidentado, examinando
atentamente o local e verificando se os diversos depoimento e as observações feitas casam-se
perfeitamente.
Como há uma tendência natural dos supervisores de esconder deficiências de suas áreas,
é interessante ouvir primeiro a vítima e as testemunhas, e, posteriormente, o seu chefe para que
elas não se deixem influenciar pelo relato “OFICIAL” e se sintam na obrigação de confirmá-lo.
Esse procedimento nem sempre é possível, uma vez que pode melindrar superiores, cuja
colaboração não deve ser prescindida pela Segurança do trabalho. Assim, recomenda-se que
pelo menos a tomada de depoimento se faça isoladamente, um a um. Se os vários depoimentos
não se coincidirem com o quadro montado pelo Técnico de Segurança do Trabalho, este deverá
reexaminar o problema e se persistir sua indefinição, encaminhar o assunto par seu superior,
que procederá a investigação e acareações necessárias.
Este trabalho obedece à uma seqüência:

 Inicialmente, o investigador certifica-se de qual lesão sofrida pelo acidentado e a parte do


corpo atingida. Para tanto, se vale do laudo médico do primeiro atendimento do acidentado.
 Em seguida, classificará pela lesão e pela forma com que, aparentemente, o acidente se
deu, o tipo de acidente.
 Lesão
- com afastamento
- sem afastamento
 Forma
- Típico
- Trajeto
 Passará, então, a preocupar-se com a condição ambiente de insegurança ou ato inseguro
que causaram o acidente.
 Constatada qual a condição ambiente de insegurança e/ou ato inseguro, deverá averiguar
porque dessa condição ou ato inseguro.
 A seguir, deverá o investigador apurar quem é o responsável por essa condição ou ato
inseguro.
 Essas informações serão obtidas, em parte, através das entrevistas referidas anteriormente,
com a vítima, testemunhas e supervisor.
 A observação do local e das circunstâncias que cercavam a ocorrência é indispensável para
a constatação da ocorrência do que foi relatado pelos informantes.

É indispensável que o investigador adquira a convicção de como se passou, quando, e só


então se dará por concluída a sua pesquisa.
Apuradas todas as circunstâncias que cercaram o acidente, está o órgão de Segurança do
trabalho em condições de recomendar medidas corretivas ou preventivas para evitar a repetição
da ocorrência.
Não existe um padrão de relatório de Investigação. A NBR-14.280 apresenta um modelo
de relatório. Pode-se criar um relatório próprio, o qual contenha as informações necessárias.
Podemos agora, então, mostrar um roteiro prático para a investigação do acidente.

ÁRVORE DE CAUSA

O método Arvore e Causas parte dos princípios básicos: o de que o acidente do trabalho é
um fenômeno multicausal e que ocorre no interior de um sistema sócio-técnico aberto,
configurando sinal ou sintoma de disfuncionamento deste, de acordo com análise.
De maneira simplificada pode-se dizer que o método ADC compõe-se de um conjunto de
princípios e de regras que permitem, a partir do acidente ( e do também quase-acidente, do incidente e
do desgaste material ) identificar progressivamente os fatores envolvidos em sua gêneses.
Para utilizar a metodologia de árvore de causas deve ser respondida a pergunta “POR QUÊ” ? a
partir da conseqüência da doença ou do acidente. A cada resposta obtida deve-se repetir a pergunta,
seqüencialmente, até que não seja mais possível ou não se consiga mais responder o porquê da última
causa constante da cadeia. Muitas vezes se abrem duas ou mais respostas para a conseqüência ou para
cada causa avaliada, desta forma se abre duas ou mais linhas explicativas, formando-se a cadeia
explicativa, ou a Árvore de Causas da doença/acidente analisado.
As causas levantadas deverão ser unidas através de linhas que demonstram a relação entre elas.
Para se simplificar o trabalho do grupo podem ser utilizados métodos de visualização, escrevendo-se
em cartões cada uma das causas e montando-se um painel onde o grupo possa trabalhar em conjunto.
Após desenhar a Árvore de Causas, identificam-se as mudanças necessárias no ambiente/processo
de trabalho que podem prevenir doenças/acidentes semelhantes.

PARTICIPANTES DE UMA INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE METODOLOGIA – ÁRVORE


DE CAUSA

DEVEM PARTICIPAR OBRIGATORIAMENTE :


 O acidentado
 Testemunha do acidentado ( se houver )
 Supervisor imediato
 Coordenador da metodologia
EVENTUAIS PARTICIPANTES :
 Membro do serviço de segurança
 Médico do trabalho
 Membro da CIPA
 Pessoas que possam trazer informações técnicas necessárias ao levantamento dos fatos. Ex:
Manutenção.

CONSTRUÇÃO DA ÁRVORE DE CAUSA

Deve-se seguir as seguintes fases :

1. LEVANTAMENTO DOS FATOS .


Esta fase deve Ter início imediatamente após o acidente, através de coleta de
informações, investigação, visita ao local do acidente, feita pelo supervisor da área ou
profissional de segurança.
Ela deve prosseguir e ser complementada na apuração com a participação de cada
pessoa presente (anote tudo ao redor como, uma fotografia ).

2. ORDENAÇÃO DOS FATOS.


A partir das informações obtidas na fase anterior e partindo da lesão, termo último
da história e
remontado a cadeia causal, e iniciando sempre da direita para a esquerda,
reconstituir a seqüência
dos fatos respondendo as seguintes questões.
 O que causou este fato? ( O que foi preciso para que ele ocorresse )
 Esta causa foi realmente necessária?
 Ela foi suficiente?
Essas três perguntas serão repetidas para cada fato registrado na fase anterior, a
partir do último
acontecimento.

3. BUSCA DA PREVENÇÃO.
É uma fase e um momento importante, onde cada um dos participantes deve unir
experiências,
técnicas, bom senso e criatividade para que se alcance as prevenções que deverão ser
aplicadas
de forma prática, de acordo com os seguintes critérios :
 Conformidade com a Legislação
 Custo
 Substituição do Risco
 Generalização
 Observação

EXEMPLO : No dia 25/05/2000 o Sr. José Carlos sai de casa para o trabalho, de
bicicleta, ainda na rua de sua residência, sua bicicleta quebra, o Sr. José volta correndo, guarda
a bicicleta, ainda correndo embarca no ônibus que o levará a fábrica, correu, mas bateu o ponto
atrasado, por Ter chegado atrasado não participou da reunião relâmpago, não encontrou o chefe
de equipe e dirigiu-se para a área que ele pouco conhecia.
A área é mal iluminada, ele não observa um buraco entre uma chapa e outra devido a um
empilhamento irregular enfia o pé no buraco perde o equilíbrio e apoiou a mão em uma chapa
quente que se encontrava fora da área destinada a chapas em resfriamento.
O Sr. José sofre queimadura na palma das mãos.

Mal Iniciar o Dirigiu-


A ilumina trabalho se para
bicicleta da área
quebrou
Não Enfiou o
encontr- Perda do
pé no equilíbri
ou o buraco
chefe de o
equipe Área
com
buraco
Chegou
atrasado Apoiou
Não a mão
Desconheci
participou na chapa
a a área
da quente
Reunião Chapa
Não
fora da
observo
área
uo
Empilhamen buraco
to Irregular
QUEIMADURA
ACIDENTES DO TRABALHO - CONSEQUÊNCIAS

I - OBJETIVOS
Apresentar um resumo das leis e portarias existentes sobre a matéria, no intuito de divulga-
las objetivando disciplinar as tomadas de decisões à luz das consequências jurídicas dos atos
praticados.

II - RESUMO GERAL
Com as alterações que vem ocorrendo tanto na legislação acidentária como na prevencionista,
nos últimos anos, numa verdadeira revolução silenciosa, a empresa que não cumprir as normas
de segurança e higiene no trabalho fica passível de sofrer pelo Ministério Público, uma
"AÇÃO CIVIL PÚBLICA", de carater fulminante, porque possibilita, através de liminar , a
imediata interdição de máquina, setor da obra ou até mesmo de toda obra.

Pode ainda o Ministério Público mover uma "AÇÃO PENAL PÚBLICA" contra a
empresa, enquadrando-a em contravenção penal. Se o descumprimento culposo das normas de
Segurança e Higiene resultar em acidente do trabalho, a empresa passa a ficar passível de
sofrer mais três ações judiciais:

1 - AÇÃO INDENIZATÓRIA > proposta pelo acidentado ou por seus dependentes;

2 - AÇÃO PENAL contra o Empregador ou contra os responsáveis pela Empresa > Movida
pelo Ministério Público;

3 - AÇÃO REGRESSIVA > Iniciativa da Previdência Social para ressarcimento dos gastos
decorrentes do acidente do trabalho.

O trabalhador acidentado tem direito à estabilidade no emprego por 12 meses, contado a


partir do dia em que deixar de receber o auxílio-doença acidentário, pago pela Previdência
Social (após o 16º dia), sendo que em caso de impossibilidade do exercício da profissão inicial
(readaptação), o mesmo só poderá ser demitido como aposentadoria.
Todas essas mudanças na Legislação implicam maiores ônus para quem não cumprir as
normas de Segurança e Higiene.
O que se pretende é que a Legislação cumpra seu papel intimidativo e indutor da tomada de
medidas preventivas, para evitar a ocorrência do infortúnio.
Este papel indutor da Lei, não será alcançado (e nesse caso as Normas terão apenas a função
punitiva) se não houver uma ampla e maciça divulgação.

III - DADOS TÉCNICOS

A - AÇÃO ACIDENTÁRIA DO TRABALHO

O trabalhador acidentado (ou seus dependentes ou seus sucessores) podem receber


"compensação através de ação acidentária movida contra a Previdência Social e obter a
"indenização" através de ação reparatória de dano decorrente de ato ilícito da Empresa que
tenha gerado o acidente do trabalho.
Na ação reparatória, cabe ao trabalhador provar a culpa ou dolo da Empresa.

B - DEVERES E DIREITOS

B-1 * Deveres do Empregador

O Empregador é obrigado a cumprir e "FAZER CUMPRIR" as disposições legais e


regulamentares sobre Segurança Higiene e Medicina do Trabalho (NR-1 pela Portaria 3214 de
08 de Junho de 1978 e Artigo 157 e 158 da CLT).
A Lei 8213 de 24 de Julho de 1991 estabelece que "a Empresa é responsável pela adoção e
uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança do trabalhador".

O Empregador é obrigado a informar aos trabalhadores:

** Os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de    trabalho;

** Os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadaspela Empresa;

** Os resultados dos exames médicos e de exames complementares de    diagnósticos aos quais


os próprios trabalhadores foram submetidos;

** Os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de    trabalho.

A Lei 8213, ratifica estas obrigações ao prescrever que "é dever da Empresa prestar
informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular".
Há casos em que a comunicação deve, "obrigatoriamente", ser feita através de ordens de
serviço com o objetivo de:

** Prevenir a integridade física do trabalhador no desempenho de suas funções;

** Divulgar as obrigações e proibições que os empregados devam    conhecer e cumprir;

** Dar conhecimento aos empregados de que serão passíveis de punição    pelo


descumprimento das ordens de serviço expedidas;

** Determinar os procedimentos que deverão ser adotados em casos de    acidente do trabalho


e doenças profissionais ou do trabalho;

** Adotar medidas determinadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e da Previdência


Social;

** Adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e as    condições inseguras de


trabalho.
   A Empresa é também obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI's adequado ao
risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento.
Cabe também à Empresa cumprir todas as disposições regulamentares e adotar as medidas
que sejam determinadas pelo órgão competente, bem como facilitar o exercício da fiscalização,
permitindo que a mesma seja acompanhada pelo representante dos empregados.
    Cabe-lhe ainda a obrigação de respeitar os direitos dos empregados e de aplicar as
penalidades cabíveis, quando não cumprirem as disposições legais e regulamentares sobre
Segurança e Higiene no Trabalho.

C - AÇÕES CIVIS

A Empresa (ou o Empregador), pelo não cumprimento das normas e leis sobre Segurança e
Higiene do Trabalho, sujeita-se a:

** AÇÃO INDENIZATÓRIA > movida pelo acidentado ou por seus dependentes.


Ação reparatória de dano decorrente de ato ilícito.

** AÇÃO CIVIL PÚBLICA

** AÇÃO REGRESSIVA > movida pela Previdência Social.

# A ação Penal Pública e a ação Civil Pública podem ser proposta preventivamente, quando se
constatar que a Empresa não vem cumprindo normas de segurança e higiene do trabalho.

# Conforme prescreve o inciso XXVIII do Art. 7º da Constituição Federal, um trabalhador


pode mover uma ação indenizatória, denominada "Ação Reparatória de dano decorrente de ato
ilícito", contra a Empresa e também os prepostos, ou contra um colega de trabalho, desde que o
acidente de trabalho que sofreu foi decorrência de um ato ilícito, isto é, que houve "DOLO"
ou "CULPA".

DOLO > Quando a ação ou omissão que gerou o ato ilícito for voluntária, intencional. Quer-
se o dano final.

CULPA > Ação ou omissão de alguém que não deseja que o dano ocorra, mas ele vem a
ocorrer pela falta de previsão daquilo que é previsível.

ATO ILÍCITO > É todo ato contrário à lei, isto é,


que se caracteriza pela inobservância de normas legais.

# As modalidades de culpa, já que achamos absurdo a existência de dolo em uma Empresa, são
caracterizadas por: "Negligência, Imperícia e imprudência", além de ser definidas também a
"culpa IN ELIGENDO e culpa IN VIGILANDO".

CULPA IN ELIGENDO > Falta de cuidado na escolha daquele a quem é confiada a execução
de uma ação.
CULPA IN VIGILANDO > Falta de fiscalização, de atenção, de vigilância na execução de
uma ação.

# É normal, em "Análise de Acidente" feita pela Segurança do Trabalho, investigar a real causa
do acidente no intuíto de esclarecer, sem sombra de dúvida, o ocorrido pois, em caso de
acidente no qual as duas partes participam do ocorrido, o fato da Empresa alegar a culpa do
funcionário, não a desobriga totalmente da indenização, sendo o caso de "CULPA
CONCORRENTE" e, nesse caso, a indenização será arbitrada proporcionalmente ou reduzida
à metade, não podendo a Empresa eximir-se totalmente da indenização.

Em caso de indenização, o acidentado tem direito aos benefícios previdenciários que são de
natureza "compensatória", enquanto que a ação de responsabilidade civil para reparação de
dano causado por acidente do trabalho tem natureza "indenizatória", isto é, visa a restabelecer
uma situação existente antes do acidente.
Presume-se a culpa do patrão pelos atos culposos de seus empregados ou prepostos podendo,
a Empresa solicitar a inclusão dos demais culpados para que, no processo, sejam também
responsabilizados pelos seus atos, sendo isto considerado como "Denunciar a Lide".
Nestes casos, o mais rico, fica obrigado à indenização na sua totalidade, podendo após
sastifazer ao débito total, exigir dos co-responsáveis a cota que lhes cabe, como co-devedores,
na hipótese do causador do dano alegar falta de recursos, a execução fica pendente, aguardando
que se lhe melhore a condição econômica, respeitados os prazos de prescrição.

D - AÇÕES PENAIS PÚBLICAS

O código penal, art. 132, prevê o chamado "crime de perigo", que consiste em expor a vida
ou a saúde de outrem a perigo direto ou iminente.

Respondem pelo crime de perigo os causadores, pessoas físicas, podendo ser incriminados o
Presidente da Empresa, os Diretores, os Engenheiros ou Técnicos de Segurança, ou qualquer
membro da Empresa que tenha envolvimento ou omissão, dolosa ou culposa.

Ocorrendo morte ou lesão corporais, eles responderam por crime de homícidio ou de lesões
corporais na forma dolosa ou culposa, conforme prescreve o Código Penal Brasileiro.

No que diz respeito aos EPI's, não basta o fornecimento gratuito pela Emprêsa, que é
obrigatório.  Ela é responsável por fiscalizar e compulsoriamente determinar que os
trabalhadores os usem, a recusa do empregado é "ato faltoso", que implica obrigatoriedade da
Empresa em aplicar as penalidades previstas.

A pena prevista, no caso de inclusão no art. 132, é a de três meses a um ano, se o fato não
constituir crime mais grave.
A pena privativa de liberdade pode, a critério do Juiz, com base no art. 44, parágrafo único
do Código Penal, ser substituida por pena restritiva de direito, como por exemplo, a de
prestaçào de serviços à comunidade.
A pena poderá ser aumentada de um terço, se o crime resultar de inobservância de regra
Técnica de profissão, arte ou ofício, conforme prevê o art.121, parágrafo 4º/ do Código Penal.
Outro fato a considerar, é que o causador do dano, condenado na área penal, terá também de
arcar com o mesmo na esfera civil.

No Código do Consumidor, art. 63 parágrafo 1º, prescreve como modalidade penal, com
detenção de 6 meses a 2 anos e multa, "deixar de alertar, mediante recomendações escritas
ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado".

Para poder eximir-se da acusação de culpa por negligência na informação ao trabalhador, a


Empresa deve munir-se, por todos os meios, dos elementos comprovantes das medidas que
houver tomado:

- Lista de presença em palestras a respeito;


- Cartazes;
- Avisos;
- Comunicações internas;
- Outras.

A ação penal aquí tratada é de iniciativa do Promotor de Justiça. Basta o Sindicato


comunicar ao Ministério Público que, participando da fiscalização em uma Empresa,
comprovou que normas de segurança e higiene do trabalho não vem sendo cumpridas, para que
o Ministério Público, ato contínuo, proponha a ação penal.

Ressalta-se, que em resposta à dúvida suscitada pela convenção Nº 148 da Organização


Internacional do Trabalho - OIT (se quem representava os trabalhadores eram os cipeiros ou o
sindicato), já há decisão judicial autorizando que o sindicato participe da fiscalização, porém,
"por meio do seu Engenheiro de Segurança ou Médico do Trabalho".

O Promotor Público pode tomar conhecimento do fato através da imprensa, ou pessoalmente


ao passar, casualmente, por uma obra ou prédio em construção e aí constatar, de forma
flagrante, o desrespeito às normas de segurança e higiene do trabalho.

Devemos considerar também, que a Previdência Social, a partir da vigência da lei 8213 de 24
de Julho de 1991, concluí que lhe cabe responder somente pelos acidentes do trabalho
decorrentes do risco normal da atividade laborativa. Não mais responderá pelos acidentes
decorrentes de atos ilícitos, ou seja, por aqueles que decorrem da inobservância das normas
legais.
CONCLUSÃO

A resolução 359 do CONFEA e a NR-4 preconiza que cabe ao Engenheiro de Segurança a


orientação e não a execução, acreditamos portanto, que este apanhado da legislação em vigor,
possa atingir o objetivo de elucidar dúvidas relativas a Segurança e Higiene do Trabalho bem
como, orientar a tomada de decisões por parte dos líderes de equipe à luz dos preceitos legais.

Podemos citar alguns exemplos de julgamentos ocorridos:

1 - MINERAÇÃO TEJUCO > Morte de funcionário que trabalhava com linha de 13,8 KV.
A Empresa alegou que o mesmo tinha luva apropriada, mas o operário não usava.
Foi condenada por omissão de fiscalização no uso de EPI.

2 - Prensa com defeito de conservação - Acidentou o operador.


Responderam solidariamente pelos danos e perdas o Empregador (que criou o risco), além
do mestre, supervisor e gerente por não terem paralisado o trabalho, cientes da condição
insegura do equipamento.

3 - GRUPO BRAHMA - LONDRINA > Acidente por soterramento de um funcionário em


obras de drenagem na cervjaria SKOL.
O Engenheiro foi condenado a um ano de detenção por negligência, e o mestre de obras por
2 anos teve que comparecer ao Forum, a cada 2 meses, cumprindo a pena em liberdade.

4 - CONSTRUTORA PINTO DE ALMEIDA > Acidente por desvio de função - Servente


deslocado para operador de elevador, caiu de 19 andares e ficou tetraplégico.
Operário foi indenizado em US$1 milhão.

5 - UNION CARBIDE > Vazamento de gás isocianato de metila em Bopal na India.


O vazamento causou 2.850 mortos e afetou a saúde de 520 mil pessoas.
O governo Indiano exigiu 3 bilhões de dólares e a UNION CARBIDE foi condenada a pagar,
como indenização provisória, US$269.000.000,00, como negligente no contrôle de segurança
de sua fábrica de pesticida.

6 – Obra da Fábrica de ônibus e caminhões da VOLKSWAGEN em Resende – RJ

Dois acidentes fatais ocorridos com encarregados na pressa de execução de serviço. Telha
solta provocou queda de altura com morte instantânea.
Os serviços foram paralisados, com 1500 funcionários dispensados por uma semana. Foram
exigidas várias medidas de segurança para continuação. O Engenheiro responsável voltou para
Espanha antes da abertura do processo. A Direção da VOLKSWAGEN foi arrolada
juridicamente. A indenização foi de US$1,5 milhão de dólares por cada acidente. Não tivemos
notícias do final do processo criminal.
O êrro humano se constituí numa das maiores preocupações de qualquer àrea de trabalho,
devido ao grande número de problemas que ocasiona. Citamos apenas 6 dos vários que
existem nas súmulas dos tribunais.
As leis trabalhistas vigoram há já um bom tempo porém, agora aos poucos, estão sendo
redescobertas e aplicadas e, um dos alvos são os profissionais que conhecem a fundo as
metodologias de produção e dominam pouco as leis pelas quais são regidos.
Esperamos que este apanhado de leis, possa vir a clarear e sanar algumas distorções que
possam estar sendo cometidas não por dolo porém, simplesmente por
desconhecimento(IMPERÍCIA).

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 99 INSS/DC, DE 5 DE DEZEMBRO DE 2003 – DOU DE 10/12/2003

Subseção IV
Do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)

 
Art. 146. O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) constitui-se em um documento
histórico-laboral do trabalhador que reúne, entre outras informações, dados administrativos,
registros ambientais e resultados de monitoração biológica, durante todo o período em que este
exerceu suas atividades.
 
Art. 147. O PPP tem como finalidade:
 
I - comprovar as condições para habilitação de benefícios e serviços previdenciários, em
especial, o benefício de que trata a Subseção V desta Seção;
II - prover o trabalhador de meios de prova produzidos pelo empregador perante a Previdência
Social, a outros órgãos públicos e aos sindicatos, de forma a garantir todo direito decorrente da
relação de trabalho, seja ele individual, ou difuso e coletivo;
III – prover a empresa de meios de prova produzidos em tempo real, de modo a organizar e a
individualizar as informações contidas em seus diversos setores ao longo dos anos,
possibilitando que a empresa evite ações judiciais indevidas relativas a seus trabalhadores;
IV - possibilitar aos administradores públicos e privados acesso a bases de informações
fidedignas, como fonte primária de informação estatística, para desenvolvimento de vigilância
sanitária e epidemiológica, bem como definição de políticas em saúde coletiva.
 
Art. 148. A partir de 1º de janeiro de 2004, a empresa ou equiparada à empresa deverá elaborar
PPP, conforme Anexo XV, de forma individualizada para seus empregados, trabalhadores
avulsos e cooperados, que laborem expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou
associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins de
concessão de aposentadoria especial, ainda que não presentes os requisitos para a concessão
desse benefício, seja pela eficácia dos equipamentos de proteção, coletivos ou individuais, seja
por não se caracterizar a permanência.
 
§ 1º A exigência do PPP referida no caput, em relação aos agentes químicos e ao agente físico
ruído, fica condicionada ao alcance dos níveis de ação de que trata o subitem 9.3.6, da Norma
Regulamentadora-NR nº 09, do Ministério do Trabalho e Emprego-MTE, e aos demais
agentes, à simples presença no ambiente de trabalho.
§ 2º Após a implantação do PPP em meio magnético pela Previdência Social, este documento
será exigido para todos os segurados, independentemente do ramo de atividade da empresa e da
exposição a agentes nocivos, e deverá abranger também informações relativas aos fatores de
riscos ergonômicos e mecânicos.
§ 3º A empresa ou equiparada à empresa deve elaborar, manter atualizado o PPP para os
segurados referidos no caput, bem como fornecer a estes, quando da rescisão do contrato de
trabalho ou da desfiliação da cooperativa, sindicato ou Órgão Gestor de Mão de Obra-OGMO,
conforme o caso, cópia autêntica desse documento.
§ 4º O PPP deverá ser emitido pela empresa empregadora, no caso de empregado; pela
cooperativa de trabalho ou de produção, no caso de cooperado filiado; pelo OGMO, no caso de
trabalhador avulso portuário e pelo sindicato da categoria, no caso de trabalhador avulso não
portuário.
§ 5º O sindicato de categoria ou OGMO estão autorizados a emitir o PPP, bem como o
formulário que ele substitui, nos termos do parágrafo 14, somente para trabalhadores avulsos a
eles vinculados.
§ 6º O PPP deverá ser emitido com base nas demais demonstrações ambientais de que trata o
artigo 152.
§ 7º O PPP deverá ser atualizado sempre que houver alteração que implique mudança das
informações contidas nas suas seções, com a atualização feita pelo menos uma vez ao ano,
quando permanecerem inalteradas suas informações.
§ 8º O PPP será impresso nas seguintes situações:
I - por ocasião da rescisão do contrato de trabalho ou da desfiliação da cooperativa, sindicato
ou OGMO, em duas vias, com fornecimento de uma das vias para o trabalhador, mediante
recibo;
II - para fins de requerimento de reconhecimento de períodos laborados em condições
especiais;
III - para fins de análise de benefícios por incapacidade, a partir de 1º de janeiro de 2004,
quando solicitado pelo INSS;
IV - para simples conferência por parte do trabalhador, pelo menos uma vez ao ano, quando da
avaliação global anual do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais-PPRA, até que seja
implantado o PPP em meio magnético pela Previdência Social;
V – quando solicitado pelas autoridades competentes.
§ 9º O PPP deverá ser assinado por representante legal da empresa, com poderes específicos
outorgados por procuração, contendo a indicação dos responsáveis técnicos legalmente
habilitados, por período, pelos registros ambientais e resultados de monitoração biológica.
§ 10. A comprovação da entrega do PPP, na rescisão de contrato de trabalho ou da desfiliação
da cooperativa, sindicato ou OGMO, poderá ser feita no próprio instrumento de rescisão ou de
desfiliação, bem como em recibo à parte.
§ 11. O PPP e a comprovação de entrega ao trabalhador, na rescisão de contrato de trabalho ou
da desfiliação da cooperativa, sindicato ou OGMO, deverão ser mantidos na empresa por vinte
anos.
§ 12. A prestação de informações falsas no PPP constitui crime de falsidade ideológica, nos
termos do artigo 297 do Código Penal.
§ 13. As informações constantes no PPP são de caráter privativo do trabalhador, constituindo
crime nos termos da Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995, práticas discriminatórias decorrentes
de sua exigibilidade por outrem, bem como de sua divulgação para terceiros, ressalvado
quando exigida pelos órgãos públicos competentes.
§ 14. O PPP substitui o formulário para comprovação da efetiva exposição dos segurados aos
agentes nocivos para fins de requerimento da aposentadoria especial, a partir de 1º de janeiro
de 2004, conforme determinado pelo parágrafo 2º do artigo 68 do RPS, alterado pelo Decreto
nº 4.032, de 2001.

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