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Programa de Ergonomia da Embraer

Comitê de Ergonomia
Grupo Ergo&Ação/UFSCar.

CADERNO 1

FUNDAMENTOS DE ERGONOMIA

Programa de Ergonomia Embraer


Comitê de Ergonomia
Grupo Ergo&Ação/UFSCar
Julho 2001

Capa:
Katarzyna Smogorzewska, Krzystof Kokalski
Terceiro premiado no Concuros de Posters
Mistério do Trabalho e Política Social
Polônia, 2000

1
Programa de Ergonomia da Embraer
Comitê de Ergonomia
Grupo Ergo&Ação/UFSCar.

Apresentação

A Embraer em conjunto com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o


Instituto Nacional de Tecnologia (INT) do Rio de Janeiro, estará implementando
nos próximos dois anos o seu Programa de Ergonomia Industrial. Esta iniciativa
visa adequar as situações de trabalho na empresa aos preceitos da NR 17 do
Ministério do trabalho, bem como, colocar a empresa em consonância com as
práticas usuais nas organizações líderes do setor aeronáutico e aeroespacial.

Este primeiro caderno apresenta os fundamentos da Análise Ergonômica do


Trabalho (AET), método referencial para a construção do programa. Objetiva
estabelecer para o leitor, uma base conceitual que lhe permita compreender e
cooperar com o programa.

O caderno está dividido em três capítulos. O capítulo 1, apresenta a ergonomia


enquanto disciplina e profissão. O capítulo 2, apresenta os conceitos
fundamentais de ergonomia. O capítulo 3, o método de Análise Ergonômica do
Trabalho. No conjunto, visa situar o que é ergonomia dentro da perspectiva da
AET.

Como resultado, espera-se estabelecer com este caderno uma linguagem comum
na empresa acerca da ergonomia e da sua importância enquanto ação de
prevenção e promoção da saúde e da produtividade da população de
trabalhadores da empresa.

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Sumário

1 Ergonomia

1.1. Definição e especialidades

1.2. Limites e recortes no campo do trabalho

1.3. Considerações Finais

2 Fundamentos Conceituais para a AET

2.1. Ergonomia e Trabalho

2.2. Variabilidade

2.3. Carga de trabalho

2.4. Regulação e modo operatório

2.5. Considerações Finais

3 Método de ação ergonômica

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Definição (IEA)

Ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina


científica interessada com a compreensão das
interações entre os humanos e outros elementos de
um sistema, e a profissão que aplica teoria, princípios,
dados e métodos para projetar para aperfeiçoar o
bem-estar humano e o desempenho do sistema
global.

Ergonomistas contribuem na concepção e avaliação


de tarefas, trabalhos, produtos, ambientes e sistemas
para os fazer compatível com as necessidades,
habilidades e limitações das pessoas.

Ergonomistas praticantes têm que ter uma


compreensão global da extensão da disciplina. Quer
dizer, a ergonomia promove uma aproximação
holística na qual são levadas em conta considerações
de fatores pertinentes aos aspectos físicos, cognitivos,
sociais, organizacionais, ambientais e outros.

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Especialidades
Ergonomia física está preocupada com
características humanas anatômicas, antropométricas,
fisiológicas e biomecânicas e como estas relacionam-
se com as atividades físicas.
Tópicos pertinentes incluem posturas, manuseios de materiais,
movimentos repetitivos, Desordens muscoesqueléticas relacionadas
ao trabalho, layout dos postos de trabalho, segurança e saúde.

Ergonomia cognitiva está relacionada aos processos


mentais, como percepção, memória, raciocínio, e
resposta motora, como eles afetam interações entre
os humanos e outros elementos de um sistema.
Tópicos pertinentes incluem carga de trabalho mental, tomada de
decisão, qualificação, interação homem-computador, confiabilidade,
stress e treinando, integrando-os na concepção da relação homem-
sistema.

Ergonomia organizacional está relacionada com a


otimização do sistema sociotécnico, incluindo suas
estruturas organizacionais, políticas, e processos.
Tópicos pertinentes incluem comunicação, administração de recursos,
projeto do trabalho, jornada de trabalho, trabalho em equipe, projeto
participativo, ergonomia de comunidades, trabalho cooperativo, novos
paradigmas de trabalho, organizações virtuais, teletrabalho, e
administração de qualidade.

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Limites e recortes no campo do trabalho

a) a busca da adaptação do trabalho ao homem em


contraposição à adaptação do homem ao trabalho,
preceito este vigente no período do surgimento da
ergonomia e presente ainda hoje em algumas
abordagens de áreas do conhecimento que atuam
sobre o trabalho; e,

b) a ergonomia integra conhecimentos acerca do


homem e utiliza tais conhecimentos agindo sobre
a relação homem-trabalho.

Abordagem clássica: os conhecimentos acerca do homem


são colocados num primeiro plano e a situação de trabalho
num plano secundário.

Abordagem situada: a situação específica de trabalho é


colocada em destaque, recorrendo-se posteriormente aos
conhecimentos acerca do homem no trabalho.

FÍSICA
OR
A
TIV

GA
I

N
GN

IZA
CO

CI
NA O
L

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Observe um trabalhador sentado em uma cadeira diante da


tela e do teclado de um terminal de computador. Ele sente
dor nas costas. O ergonomista conhece bem os problemas
relacionados com a coluna e pode ajudar na concepção de
cadeiras melhores adaptadas. O mesmo trabalhador queixa-
se de dor de cabeça. A tela do vídeo reflete a luz e tem
pouco contraste. O ergonomista sabe muitas coisas sobre os
olhos e a visão, e pode dar elementos para se fazer telas
menos ofuscantes. O trabalhador apresenta sinais de fadiga.
Há quatro horas ele trabalha diante do seu terminal e ele não
é mais tão jovem. O ergonomista detém conhecimentos dos
efeitos de duração do trabalho sobre o organismo humano.
Logo, pode contribuir para melhor organizar os horários e as
pausas. Este trabalhador não está sentado sem fazer nada.
Ele executa uma atividade, interpreta informações que
aparecem na tela, resolve problemas e talvez cometa erros.
O ergonomista sabe muitas coisas sobre o raciocínio desse
trabalhador, podendo ajudar na melhor formulação dos
problemas e do treinamento. Este trabalhador considera seu
trabalho repetitivo e isolado. O ergonomista detém
conhecimentos sobre o interesse das tarefas e as
comunicações na equipe. Ele pode ajudar a conceber uma
organização mais satisfatória, e portanto mais eficaz.

Condicionante x Determinantes

análise/síntese

Em ergonomia a análise é sempre parcial, sobre variáveis


identificadas e isoladas, porém, a resposta deve ser global,
integrando variáveis e respondendo para aquela situação
específica, quais são os elementos determinantes.

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Fundamentos conceituais para a AET

Os fundamentos ou pressupostos conceituais da


ergonomia caracterizam aquilo que é próprio desta
disciplina, aquilo que constitui o olhar da ergonomia e
orienta tanto a pesquisa como a aplicação. São quatro
os conceitos básicos a serem compreendidos.

1. Distinção entre tarefa e atividade.

2. variabilidade.

3. carga de trabalho.

4. Regulação e modo operatório.

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Ergonomia e Trabalho

REAL

Ato Eficaz

EGO Tradicional
OUTRO

REAL

Atividade Útil

EGO Coordenada OUTRO


Figura 3: Conceito de trabalho.

Assumir tal definição é útil para a ergonomia por


possibilitar esclarecer a distinção entre trabalho
prescrito (tarefa) e trabalho real (atividade), no
interior da própria definição de trabalho.

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Trabalho prescrito

Foto 1: Remos de tribos amazônicas pré-colombianas.

Durante um longo período a coordenação, o


julgamento de utilidade e as atividades de trabalho
configuravam-se enquanto deliberações do grupo.

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Trabalho real

Se por um lado, aspectos significativos da tarefa estão


previstos e inscritos nos ensinamentos da formação e
no treinamento profissional; outros há, em número
indefinido, que não estão previstos e sujeitos à
descoberta do trabalhador.

O imprevisto decorre em parte, da variabilidade, seja do


homem seja dos dispositivos técnicos e organizacionais de
produção.

De outra parte, porque o novo sempre se manifesta nas


interações entre um sujeito e o real da sua situação de
trabalho. Numa dada atividade de trabalho, o sujeito sempre
descobre coisas novas.

Estas descobertas que o sujeito faz e incorpora ao seu


trabalho, é o que chamamos de macetes de ofício e que irão
constituir o saber fazer próprio, tácito, de uma profissão.

Tal distinção não pode ser entendida com uma falta de


prescrição ou debilidade na formulação da tarefa, cuja
conseqüência seria estudar o trabalho real para
incorporar os achados na prescrição da tarefa. Pelo
contrário a identificação da distância entre tarefa e
atividade assinala para a ergonomia a necessidade de
evidenciar a mobilização subjetiva do sujeito que
trabalha.

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Real e Realidade

real no mundo das coisas e no mundo social1 é aquilo


que no mundo se faz conhecer por sua resistência ao
domínio técnico e ao conhecimento científico...é aquilo
no mundo que nos escapa e se torna, por sua vez, um
enigma a decifrar. O real, então, é sempre um convite
a prosseguir no trabalho de investigação e de
descoberta. Mas tão logo dominada pelo
conhecimento, a nova situação faz surgir novos limites
de aplicação e de validade, assim como novos
desafios ao conhecimento e ao saber.

A atividade condensa aquilo que no trabalho é


apreendido, das manifestações do real. Nas palavras
de Dejours, a atividade condensa, então, de certa
forma, o sucesso do saber e o revés ocasionado pelo
real, em um compromisso que contém uma dimensão
de imaginação, inovação e invenção.

1
Dejours,1997, p. 41 a 51.

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Inteligência da prática

Toda atividade, qualquer que seja, implica uma


execução fora da tradição e fora da norma2.
Paradoxo:
Engendra novas formas de execução que, via de
regra, vantajosas, no sentido que reduzem a carga de
trabalho necessária para atingir o objetivo da tarefa.

Sofrimento, porque encerra na solidão o sujeito que


trabalha .
Sem a publicidade, a responsabilidade pesa apenas
sobre uma cabeça como também, e sobretudo, falta
ao achado técnico o julgamento pelo outro, aquele
sem o qual o achado fica condenado a manter-se fora
da tradição e não ser reconhecido como parte
integrante do ato técnico; aquilo que faz o sujeito
perder o benefício do reconhecimento e de suas
competências, de seu savoir-faire, de sua habilidade,
de seu talento ou de sua engenhosidade.

Organização real do trabalho

2
Idem.

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Variabilidade
A variabilidade está presente nas situações produtivas
e decorre tanto dos sujeitos como do dispositivo
técnico e organizacional.

Conceitualmente a variabilidade está associada ao


imponderável, ou aquilo que não foi previsto,
manifesto dentro das situações produtivas.

O estudo de suas fontes e os seus efeitos sobre as


situações de trabalho busca por meio da AET,
compreender como os trabalhadores enfrentam as
diversidades e as variações de situações e quais
conseqüências elas acarretam para a saúde e para a
produção 3.

3
Gerin et al., 1991.

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Variabilidade dos sujeitos: a ergonomia classifica uma


variabilidade intra-individual, que busca considerar as
alterações que o indivíduo sof re ao longo do tempo, e a
variabilidade inter-individual 4, que considera as diferenças
biocognitivas e histórias de vida de cada um.

Por exemplo, o tempo de serviço numa dada atividade


provoca mudanças na forma que um sujeito realiza o seu
trabalho (intra-individual). Quanto mais experiências ele
experimenta mais ele desenvolve a sua competência. Por
outro lado, dois sujeitos com o mesmo tempo de trabalho não
necessariamente realizam suas atividades da mesma forma.
Eles desenvolvem competências especificas (inter-individual).

projeto para indivíduos extremos5

variabilidade da empresa: relacionada aos materiais,


equipamentos e organização, destacam-se duas
categorias: a variabilidade normal6, decorrente das
características intrínsecas do trabalho executado e
que podem ser do tipo sazonal ou periódica; e a
variabilidade incidental, decorrente de eventos
aleatórios e desconhecidos antes da sua revelação
pelo revés.
Por exemplo, a existência de um conjunto de moldes, com
diferentes tamanhos e graus de complexidade é uma
variabilidade normal.

Por exemplo, porque peças fabricadas no mesmo molde


apresentam porosidades diferentes e implicam em cargas de
trabalho totalmente distintas, tanto em termos de duração
como de conteúdo?
4
Santos et al, 1997.
5
Iida, 1992
6
Gerin, et al, 1991.

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Variabilidade e Engenharia
Índices de desempenho

Estudo de tempos médios de execução

Rendimento de fábrica

Engenharia do Cotidiano.

Considerações:
O conhecimento de suas fontes não permite a
eliminação global das mesmas, porém permite
introduzir tal conhecimento na concepção dos
dispositivos técnicos de produção e na organização do
trabalho.

Os efeitos da variabilidade sobre a carga de trabalho


implicam na sua elevação ou diminuição e determina a
necessidade de uma reelaboração constante pelos
trabalhadores do seu modo operatório.

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Carga de Trabalho
O conceito de carga de trabalho está associado em
ergonomia à fração da capacidade de trabalho que o
operador investe na tarefa 7. Tal idéia pressupõe um
modelo de homem com capacidade de trabalho
limitada, o qual regula sua carga de trabalho, dentro
dos limites da sua capacidade disponível, por meio da
modificação do seu modo operatório.

Psíquica
Cognitiva
Física
oã ç au t i S

Carga de trabalho global

Física
Cognitiva

Psíquica Negativa
oã ç au t i S

Acréscimo na capacidade de realizar trabalho.

Figura 5: Setores da Carga de Trabalho e regulação psíquica.

7
Millot, 1988

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Trabalhador Contrato Empresa

Tarefa
Dados do Sujeito Complexidade da tarefa

Nível de Fromação Exigências físicas


Estado instantâneo Organização do trabalho
Vida fora do trabalho Dispositivos técnicos
Atividade

Carga de trabalho
Física
Saúde Cognitiva Produtividade
Psíquica

Figura 6: Modelo integrador d a situação de trabalho.

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Regulação e modo operatório

Resultados

Objetivos

Regulação Modo Operatório

Meios

Estado

Figura 7: Modelo Operante.

Imagine um sujeito laminando uma peça (objetivo).


Ele está usando uma determinada espátula (meios) e
percebe que não consegue acessar uma certa parte
do molde o que resulta na não aderência das camadas
(resultado). Ele pensa (estado), se eu trocar de
espátula poço acessar aquela porção
(representação), ele pode trocar de ferramenta
(regulação) e escolhe uma espátula que lhe permite
movimentos mais finos (modo operatório).

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Considere que ele não disponha de uma


ferramenta mais apropriada. Ele executará os
mesmos passos, e frente ao revés da situação,
pensa: se eu girar o punho, posso acessar
aquela porção (representação). Ele gira o punho
(regulação) e por conseguinte a ferramenta, e
passa a executar a operação nesta condição
(modo operatório).

Pode-se imaginar dois desfechos para esta


história. Considere que depois de alguns minutos
o sujeito passa a sentir um desconforto no punho
(estado): a) ele gira o molde (regulação) e
passa a laminar em uma nova posição (modo
operatório); e, b) ele não pode girar o molde
(regulação) e mantém a mesma postura na
operação (modo operatório degradado).

Resultados

Objetivos

Modo Operatório
Regulação
Degradado

Meios

Estado

Figura 8: Modelo Operante em estado degradado.

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Considerações finais

a) ampliação dos espaços de regulação;

b)e, b) redução da carga de trabalho.

Frente a tais objetivos a ergonomia não parte de um


modelo definido a priori para o desenho das situações
de trabalho. Ao contrário, é a partir da realidade da
atividade e das hipóteses explicativas da carga de
trabalho contextualizadas numa situação específica,
que a ergonomia buscará por meio da sua base
conceitual revelar as representação dos diferentes
atores envolvidos e negociar ações que objetivam
fundamentalmente adequar a situação produtiva ao
homem. Na seqüência será explicitado o método de
como faze-lo.

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Método para Análise Ergonômica do trabalho

Situação de Trabalho

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

Análise
Pesquisa Bibliográfia: Conhecimento acerca do homem no trabalho

Análise da Demanda:
Contexto
Análise da Tarefa:
Hipóteses Condicionantes
Análise da Atividade:
Dados Hipóteses Determinantes

Dados Hipóteses

Dados

Diagnóstico:
Modelo Operante

Implementação: Hipóteses

Caderno de Encargos Dados

Síntese

Figura 9: Meto de Análise Ergonômica do trabalho.

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Análise da Demanda

A análise da demanda no seu contexto social e


organizacional constitui-se numa fase preliminar onde o
analista de ergonomia confronta os conhecimentos
adquiridos sobre a situação concreta de trabalho com
aqueles que possui sobre o homem em atividade.

Ainda:

a) discutir os objetivos do estudo com o conjunto


das pessoas envolvidas (direção da empresa,
serviços funcionais, gerências, supervisores,
trabalhadores e suas organizações).

b) obter a aceitação dos trabalhadores que


ocupam o posto (ou postos) a ser estudado. A
participação destes trabalhadores é, de fato,
indispensável para realizar uma boa análise das
atividades. Para julgar a pertinência das variáveis
e ajudar na interpretação dos resultados; e,

c) esclarecer as respectivas responsabilidades,


tanto do analista, quanto da direção da empresa,
dos trabalhadores e das organizações destes, em
relação ao desenvolvimento do estudo e da
utilização dos resultados.

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Categoria Dados
Empresa Setores de Atividade.
Importância sócio-econômica.
Objetivos no curto, médio e longo
prazo.
Tecnologia utilizada.
Modo de gestão do pessoal.
Sistema Estrutura e funcionamento do
Produtivo processo global de produção.
Interações e inter-relações entre os
sub-sistemas.
População Efetivo
Repartição por idade e sexo.
Tempo de serviço na empresa e no
posto.
Nível de formação.
Nível de qualificação.
Situação de Posição da situação dentro do
Trabalho sistema global de produção.
Condições ambientais de trabalho.
Condições organizacionais de
trabalho.
Indicadores Índices de produção e produtividade.
de saúde e Absenteísmo.
Produtividade
Rotatividade.
Afastamentos médicos.
Quadro 1: Dados a serem levantados na análise da demanda.

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Análise da Tarefa
Trabalho prescrito e variáveis

Figura 10: EWA, Ergonomics workplace analisys.

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Percepção dos Trabalhadores:

TEMPO (em minutos) POSIÇÃO


Não +5 até +30 até +60 até
ATIVIDADE Até 5 Em pé Sentado Andando Agachado
Participa 30 60 8 horas
Recepção e descarregamento
caixas com as amostras
Abertura das caixas e
identificação
Separação dos lotes e
inspeção das amostras
Colocar as amostras na estufa
Ensaio de determinação da
resistência à abrasão: preparação
das amostras

Figura 11 a: Tarefas e tempo de execução.

Questão 2: Das atividades que você marcou na questão 1, assinale 2 (duas) que sejam mais
pesadas ou cansativas fisicamente:

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37

Figura 11b: Queixas associadas às tarefas executadas.

TIPO DE DESCONFORTO GRAU DE INTENSIDADE


REGIÃO Pes Formiga- Agu- Insupor
o mento lhada Dor Leve Moderado Forte -tável
01 – Cabeça 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
02 – Pescoço 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
03 – Ombro Direito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
04 – Ombro Esquerdo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
05 – Coluna Alta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
06 – Coluna Baixa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
07 – Nádega Direita 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
08 – Nádega Esq. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
09 – Braço Direito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10 – Braço Esquerdo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 – Cotovelo Dir. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
12 – Cotovelo Esq. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
13 – Antebraço Dir. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
14 – Antebraço Esq. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
15 – Punho Direito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
16 – Punho Esquerdo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
17 – Mão Direita 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
18 – Mão Esquerda 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
19 – Coxa Direita 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
20 – Coxa Esquerda 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
21 – Joelho Direito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
22 – Joelho Esquerdo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
23 – Perna Direita 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
24 – Perna Esquerda 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
25 – Pé Direito 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
26 – Pé Esquerdo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 11c: Desconfortos e graus de intensidade nas tarefas.

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3.3. Análise da atividade

Prescrição Real Causas Efeitos


Os objetos chegam Pode chegar misturado Economia de espaço nos Isso exige uma atividade
separados em containers em um mesmo container veículos a mais, uma vez que as
por categoria. objetos registrados, transportadores. cargas desses containers
simples e malotes desde são separadas, antes de
que facilmente serem transferidas para
identificáveis. os setores
correspondentes.
Todos os objetos Não é feito o registro Grande diversidade de Economiza tempo,
registrados que entram (escaneamento) dos atividades simultâneas e permitindo adiantar o
na unidade devem ser objetos contidos nas volume imprevisível de trabalho no registrado e
conferidos. malas. A conferência objetos a serem tratados. liberar pessoal para
consiste em confrontar a ajudar nas atividades
quantidade recebida dos outros setores.
com a registrada na LR.
Alguns veículos são Conforme o caso, os As quantidades de Balanceamento da carga
responsáveis pela veículos entregam encomendas e de trabalho. Se fosse
entrega de malotes e qualquer coisa dentro do telegramas variam muito seguido o prescrito, no
telegramas, enquanto seu percurso. Os de um dia para outro. mesmo dia haveria
outros pela entrega de motoristas se organizam alguns motoristas super
malote e encomendas. para dividir melhor a ocupados enquanto
carga de trabalho dentre outros estariam ociosos
eles.
A preparação dos DAs Muitos carteiros Essa atitude é justificada Esse fato pode ser um
deve preceder o ordenam todos os pelo fato de haver muito dos responsáveis pelo
ordenamento do resto objetos antes de “gato” em função da atraso da entrega dos
dos objetos. prepararem os DAs. mau elaboração dos DAs nos locais pré
CEPs e do estabelecidos .
desbalanceamento entre
distritos. Assim, pode Uma vantagem de
ocorrer do carteiro já ter colecionar tudo primeiro
preparado o DA e só é conseguir visualizar
depois chegarem cartas melhor a quantidade..
daquele trecho,
ocasionando um
retrabalho.
A equipe encarregada Nem sempre quem entra O horário de saída Há a possibilidade
do descarregamento mais cedo saí mais cedo. depende da quantidade desses carteiros estarem
entra mais cedo (8:15) e Pode ocorrer de outro de objetos que tem para sobrecarregados.
saem mais cedo (17:15). carteiro que entrou mais entregar. “Não gostaria de fazer
tarde ter menos carga e parte da equipe que
sair mais cedo. entra mais cedo”
A composição das As pessoas permanecem Dificuldade por falta de Algumas atividades são
equipes deve ser por muito tempo em tempo para treinar um muito desgastantes.
alterada de tempos em uma mesma equipe. A novo funcionário na Alguns funcionários
tempos. equipe de função. podem estar

Figura 12: Confrontação do trabalho prescrito e do trabalho real.

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Segmento corporal ETAPA 1 : pega do ETAPA 2: leitura do ETAPA 3.1:


objeto simples objeto simples escaninho lateral
Alto
Pescoço Flexão 20 graus Flexão 30 graus Rotação 50 graus
Tronco Flexão 10 graus e Ereto Ereto
inclinação lateral
Ombro Dir. Abdução 40 graus e Flexão 50 graus Abdução 90 graus
rotação medial
Ombro Esq. Posição neutra Posição neutra Posição neutra
Cotovelo Dir. Flexão 20 graus e Flexão 100 graus e Flexão 30 graus e
pronação do antebraço pronação do supinação do
antebraço antebraço
Cotovelo Esq. Flexão 70 graus posição Flexão 110 graus e Flexão 90 graus
neutra antebraço supinação do
antebraço
Punho Dir. Posição neutra Flexão 10 graus e Extensão
desvio radial
Punho Esq. Posição neutra Extensão 10 graus Extensão
Mãos e Dedos Dir. Pega ampla Pinça Pinça
Mãos e Dedos Esq. Posição neutra Pega Pega

Figura 13: Análise cinesiológica e biomecânica.

Diagnóstico

Caderno de encargos

As propostas testadas e aprovadas, passam a


constituir um caderno de encargos, tornando-se
referência para projetos futuros e das práticas
cotidianos no posto (postos) estudados. Os cadernos
de encargos, no geral deverão conter:

a) uma descrição geral do setor ao qual se destina;


b) uma descrição dos principais problemas
encontrados no setor;
c) uma revisão da literatura acerca das questões
evidenciadas;
d) uma listagem dos princípios que orientam o
projeto do trabalho no setor; e,
e) os dispositivos técnicos e organizacionais
recomendados para cada atividade.

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Considerações Finais

A apresentação geral do método AET e das principais


técnicas a serem utilizadas no decorrer do projeto visa
estabelecer um referencial comum no interior da rede
de relacionamentos necessária para o sucesso do
estudo. No decorrer do projeto, serão discutidas em
detalhes etapas apresentadas, bem como, serão
aprofundados os conteúdos técnicas a serem
utilizadas.

Neste momento, é importante construir uma visão do


todo. Ergonomia, como qualquer outra disciplina,
torna-se simples a partir do momento que se
compreenda seus métodos e pressupostos.

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