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O papel do governo

na sustentabilidade
Prof.ª Lynda Carolina Pavão

Descrição

O papel dos Estados junto às Organizações Multilaterais e o


Desenvolvimento Sustentável.

Propósito

Compreender o papel dos Estados e dos Governos junto às


Organizações Multilaterais no caminho para o Desenvolvimento
Sustentável, por meio de Acordos Internacionais.

Objetivos
Módulo 1

O papel do Estado

Descrever o papel do Estado no desenvolvimento sustentável.

Módulo 2

As Organizações Multilaterais
Reconhecer as organizações multilaterais e sua importância.

Módulo 3

Os Acordos Internacionais
Identificar os acordos internacionais que buscam o desenvolvimento
sustentável.

meeting_room
Introdução
A construção de uma sociedade sustentável exige a participação
de diversos atores sociais e atuação em diferentes frentes de
atuação. Por exemplo, as pessoas podem reciclar seu lixo, reduzir
seu consumo e dar preferência a adquirirem produtos e serviços
de empresas sustentáveis. As empresas podem adotar boas
práticas de produção, como filtros para emitir menos poluentes
ou a reutilização de produtos anteriormente descartados durante
o processo produtivo.

Um ator fundamental na construção da sustentabilidade é o setor


público. Seja através da atuação direta, ou através da regulação
do setor privado, os governos possuem um papel fundamental
para que a sociedade seja capaz de alcançar o desenvolvimento
sustentável.

Neste tema, estudaremos o papel do Estado, incluindo suas


diferentes esferas de atuação, tanto nacionais quanto
internacionais. Conheceremos as organizações multilaterais
engajadas no desenvolvimento sustentável e os principais
acordos internacionais firmados.
1 - O papel do Estado
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever o papel do Estado no desenvolvimento
sustentável.

Desenvolvimento sustentável

Objetivos do desenvolvimento
sustentável
Para que possamos compreender o papel dos governos na promoção
do desenvolvimento sustentável, devemos primeiro entender o que isso
significa.

Afinal, o que é desenvolvimento sustentável?


Em 1983, em uma Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas
(ONU), foi estabelecida uma comissão especial que disponibilizaria um
relatório sobre o meio ambiente e a problemática global para o ano 2000
e posteriores, incluindo estratégias propostas para o desenvolvimento
sustentável.

Essa comissão, posteriormente, adotou o nome Comissão Mundial para


o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), ou World Commission
on Environment and Development (WCDE) da qual resultou o documento
intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), em 1987,
conhecido como Relatório Brundtland, o qual apontava a
incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de
produção e consumo vigentes no período (STOFFEL; COLOGNESE,
2015).

O Relatório Brundtland apresentou um dos conceitos mais difundidos de


desenvolvimento sustentável definindo como:

Organização das Nações Unidas


Organização intergovernamental criada para promover a cooperação
internacional.

Relatório Brundtland
Nome devido a Gro Harlem Brundtland, primeira-ministra da Noruega, na
época, a qual presidia a CMMAD.

desenvolvimento que satisfaz


as necessidades presentes,
sem comprometer a
capacidade das gerações
futuras de suprir suas
próprias necessidades."
(RELATÓRIO BRUNDTLAND, 1987)

São destacados no relatório, ainda, três componentes fundamentais


para o desenvolvimento sustentável:

eco
Proteção ambiental

eco
Crescimento econômico

eco
Equidade social
Representaremos esses três componentes como as dimensões da
sustentabilidade:

a dimensão econômica,

dimensão social e

dimensão ambiental.

Na prática, a dimensão econômica está inserida na dimensão social e


esta, por sua vez, está inserida na dimensão ambiental. Isso porque as
políticas econômicas são adotadas por sociedades, as quais têm suas
instituições. Já essas sociedades estão inseridas no meio ambiente, o
qual tem recursos naturais finitos.

Em 1992, a ONU realizou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio


Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio de Janeiro, com 179
países participantes, que ficou conhecida como Rio-92. Os países
participantes acordaram e assinaram a Agenda 21 Global, um programa
de ação para promover um novo padrão de desenvolvimento, o chamado
desenvolvimento sustentável para o século XXI.

A Agenda 21 conciliou métodos de proteção ambiental,


justiça social e eficiência econômica a fim de construir
sociedades sustentáveis.

Durante os anos 1990, foi realizada uma série de cúpulas multilaterais


sobre o desenvolvimento humano, das quais emergiram os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM), em 2000. Os ODM foram adotados
pelos Estados-membros da ONU em 2000 e impulsionaram os países a
enfrentarem os principais desafios sociais no início do século XXI.
Objetivos do desenvolvimento no milênio

Já em 2012, 193 delegações, além de representantes da sociedade civil,


voltariam à cidade do Rio de Janeiro para renovar o compromisso global
com o desenvolvimento sustentável. O objetivo da Rio+20 era avaliar o
progresso obtido até então e as lacunas remanescentes na
implementação dos resultados das cúpulas anteriores, abordando
novos emergentes desafios.

O foco das discussões da conferência era, principalmente: a economia


verde no contexto do desenvolvimento sustentável, erradicação da
pobreza e o arcabouço institucional para o desenvolvimento
sustentável.

A Declaração Final da Conferência Rio+20 — o


documento O Futuro que queremos — reconheceu que a
formulação de metas poderia ser útil para o
lançamento de uma ação global coerente e focada no
desenvolvimento sustentável.

Assim, guiou as ações da comunidade internacional nos três anos


seguintes e deu início ao processo de consulta global para a construção
de um conjunto de objetivos universais de desenvolvimento sustentável
para além de 2015.
Mais recentemente, em 2015, todos os 193 Estados-membros das
Nações Unidas concordaram com uma agenda para transformar o
mundo em que vivemos até 2030, um plano de ação para erradicar a
pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e
a prosperidade, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a
qual contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, conhecidos como ODS e 169 metas como desdobramentos
destes objetivos.

Atenção!

Os ODS reconhecem que os países ao redor do mundo enfrentam


desafios universais que exigem investimento e colaboração de
governos, cidadãos e empresas. Nenhum indivíduo, organização ou país
é capaz de atingir os ODS agindo isoladamente e, por isso, é preciso
uma forte colaboração.

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, de acordo com as


Nações Unidas Brasil (2015), são os seguintes:

1. Erradicação da pobreza

Acabar com a pobreza em todas


as suas formas, em todos os
lugares.

2. Fome zero e agricultura


sustentável

A b f l
Acabar com a fome, alcançar a
segurança alimentar e melhoria
da nutrição e promover a
agricultura sustentável.

3. Saúde e bem-estar

Assegurar uma vida saudável e


promover o bem-estar para
todos, em todas as idades.

4. Educação de qualidade

Assegurar a educação inclusiva,


equitativa e de qualidade, e
promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida
para todos.
5. Igualdade de gênero

Alcançar a igualdade de gênero e


empoderar todas as mulheres e
meninas.

6. Água limpa e saneamento

Garantir disponibilidade e
manejo sustentável da água e
saneamento para todos.

7. Energia limpa e acessível

G i à i b
Garantir acesso à energia barata,
confiável, sustentável e
renovável para todos.

8. Trabalho decente e
crescimento econômico

Promover o crescimento
econômico sustentado, inclusivo
e sustentável, emprego pleno e
produtivo, e trabalho decente
para todos.

9. Indústria, inovação e
infraestrutura

Construir infraestrutura
resiliente, promover a
industrialização inclusiva e
sustentável, e fomentar a
inovação.
10. Redução das
desigualdades

Reduzir as desigualdades dentro


dos países e entre eles.

11. Cidades e comunidades


sustentáveis

Tornar as cidades e os
assentamentos humanos
inclusivos, seguros, resilientes e
sustentáveis.
12. Consumo e produção
responsáveis

Assegurar padrões de produção


e de consumo sustentáveis.

13. Ação contra a mudança


global do clima

Tomar medidas urgentes para


combater a mudança climática e
seus impactos.

14. Vida na água

Conservação e uso sustentável


dos oceanos, dos mares, e dos
recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável.
15. Vida terrestre

Proteger, recuperar e promover o


uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas,
combater a desertificação, deter
e reverter a degradação da Terra
e deter a perda da
biodiversidade.

16. Paz, justiça e


instituições eficazes

Promover sociedades pacíficas e


inclusivas para o
desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça
para todos e construir
instituições eficazes,
responsáveis e inclusivas em
todos os níveis.
17. Parcerias e meios de
implementação

Fortalecer os meios de
implementação e revitalizar a
parceria global para o
desenvolvimento sustentável.

Esses objetivos atingem de forma conjunta as três dimensões da


sustentabilidade. Dois objetivos, contudo, tratam da cooperação e das
parcerias entre países e organizações em prol do desenvolvimento
sustentável (ODS 16 e 17).

Para compreender melhor o papel dos ODS, podemos classificá-los de


acordo com seu direcionamento. Os ODS, assim, podem ser
direcionados ao meio ambiente, à sociedade, à economia e às parcerias.
No entanto, vale ressaltar que, mesmo que possamos categorizá-los, os
objetivos são integrados e equilibram as três dimensões do
desenvolvimento sustentável.
ODS e seus direcionamentos.

É importante observar também que cada um desses objetivos se


desdobra em metas mais específicas que podem ser encontradas na
página das Nações Unidas.

Princípios básicos da governança


para o desenvolvimento sustentável
Para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sejam
alcançados, os governos devem desempenhar seu papel de acordo com
princípios básicos da governança eficaz para o desenvolvimento
sustentável. Sabendo disso, cabe a pergunta: você conhece as
iniciativas do governo para promover o desenvolvimento sustentável na
sua cidade?

video_library
Quadro das Nações Unidas sobre
mudança do clima
Neste vídeo, iremos tratar da evolução histórica do papel dos governos
na promoção da sustentabilidade, focando nos acontecimentos da ONU,
nos relatórios internacionais, da Rio+20, dentre outros.

Em 2 de julho de 2018, o Comitê Econômico e Social da ONU apresentou


um conjunto de 11 princípios elaborados pelo Comitê de Peritos em
Administração Pública da ONU (CEPA) e pelo Departamento de
Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA).

Esses princípios básicos devem contribuir para o


desempenho dos governos e ajudar a construir
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em
todos os níveis, com o objetivo de alcançar a Agenda
2030 para o desenvolvimento sustentável.

Os princípios básicos devem orientar as políticas públicas e as


instituições governamentais, considerando as diferentes estruturas de
governança, realidades nacionais, capacidades e níveis de
desenvolvimento dos países, respeitando as políticas e prioridades
nacionais. Esses princípios básicos são:

competência;

formulação sólida de políticas;


colaboração;

integridade;

transparência;

supervisão independente;

não exclusão;

não discriminação;

participação;

subsidiariedade;

equidade intergeracional.

Como princípios básicos, eles se aplicam a todas as instituições


públicas, incluindo a administração de órgãos executivos e legislativos,
os setores de segurança e justiça, órgãos constitucionais independentes
e empresas estatais. Esses princípios podem ser divididos em três
categorias:

looks_one Eficácia

Os três primeiros princípios (competência,


formulação sólida de políticas e colaboração) se
concentram na eficácia, destinando-se,
especialmente, ao modo como as políticas públicas
devem ser elaboradas.

looks_two Responsabilidade

Os três princípios seguintes (integridade,


transparência e supervisão independente) se

bilid d i di d d
concentram na responsabilidade, indicando de que
modo as instituições devem aplicar essas políticas.

looks_3 Inclusão

Os cinco últimos princípios (não exclusão, não


discriminação, participação, subsidiariedade e
equidade intergeracional) se concentram na
inclusão, enfatizando a importância destas políticas
atenderem a todo o público-alvo.

Princípios de eficácia
Apresentamos agora, com mais detalhes, os princípios relacionados à
eficácia.

Competência expand_more

As instituições governamentais devem ter experiência, recursos


e ferramentas suficientes para desempenhar suas funções de
maneira eficaz. Como estratégias utilizadas, podemos citar
como exemplos o desenvolvimento de liderança e treinamento
de funcionários públicos, gerenciamento de desempenho,
gerenciamento baseado em resultados, gerenciamento e
controle financeiro, administração eficiente e justa da receita.
Formulação sólida de políticas expand_more

A fim de alcançar as metas propostas, as políticas públicas


devem ser coerentes entre si e fundadas em bases verdadeiras
ou bem estabelecidas, em total conformidade com o fato, a
razão e o bom senso. Para isso, deve haver planejamento
estratégico, análise de impacto regulatório, promoção de
políticas coerentes, fortalecimento dos sistemas estatísticos
nacionais, sistemas de monitoramento e avaliação, estruturas de
gerenciamento de riscos e compartilhamento de dados.

Colaboração expand_more

As instituições de todos os níveis do governo e de todos os


setores devem trabalhar em conjunto, além de atuar junto a
atores não estatais com o mesmo objetivo ou finalidade. Isso
inclui colaboração, coordenação, integração e diálogo entre os
níveis de governo e áreas funcionais.

Princípios de responsabilidade
Os três próximos princípios abordam a responsabilidade.

Integridade expand_more

Para servir ao interesse público, os funcionários públicos devem


cumprir com seus deveres oficiais de maneira honesta e justa.
Para isso, devem-se promover políticas, práticas e órgãos
anticorrupção, códigos de conduta para funcionários públicos,
compras públicas competitivas, eliminação de suborno e
comércio de influência, políticas de conflito de interesses,
proteção a denunciantes e fornecimento de remuneração
adequada.

Transparência expand_more

Para garantir a prestação de contas, as instituições devem ser


transparentes na execução de suas funções e promover o
acesso à informação, sujeitas apenas às exceções específicas e
limitadas previstas em lei. Exemplos de práticas de acordo com
o princípio da transparência são: a divulgação proativa de
informações, transparência orçamentária e dados abertos do
governo.

Supervisão independente expand_more

Para que se tenha confiança no governo, as agências de


supervisão precisam agir estritamente de modo profissional e
devem ser independentes. Esse princípio abrange a promoção da
independência das agências reguladoras, acordos para a revisão
de decisões administrativas por tribunais ou outros órgãos,
auditoria independente e respeito à legalidade.

Princípios de inclusão
Por fim, vejamos os cinco princípios que abordam a inclusão.
Não exclusão expand_more

Para garantir que todos os seres humanos possam ter dignidade,


as políticas públicas precisam levar em consideração as
necessidades e aspirações de todos os segmentos da
sociedade, incluindo os mais pobres e vulneráveis e os sujeitos à
discriminação. Como exemplos, destaca-se a promoção de
políticas fiscais e monetárias equitativas.

Não discriminação expand_more

Para respeitar, proteger e promover os direitos humanos e as


liberdades fundamentais para todos, o acesso ao serviço público
deve ser concedido em termos gerais de igualdade, sem
distinção de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou
outra, origem nacional ou social, propriedade, nascimento,
incapacidade ou outro status. As estratégias podem incluir
promoção da diversidade da força de trabalho do setor público,
proibição de discriminação na prestação de serviços públicos,
padrões de acessibilidade, entre outros.

Participação expand_more

Todos os grupos políticos significativos devem se envolver


ativamente em assuntos que os afetem diretamente e tenham a
chance de influenciar políticas. Os exemplos são eleições livres e
justas, processo regulatório de consulta pública, fóruns com
várias partes interessadas, orçamento participativo e
desenvolvimento orientado pela comunidade.
Subsidiariedade expand_more

Para promover um governo que responda às necessidades e


aspirações de todas as pessoas, as autoridades centrais devem
executar apenas as tarefas que não podem ser executadas
efetivamente em um nível mais intermediário ou local. Os
exemplos incluem federalismo fiscal, fortalecimento da
governança urbana, fortalecimento das finanças municipais e
sistemas financeiros locais, aprimoramento da capacidade local
de prevenção.

Equidade intergeracional expand_more

Esse princípio trata da importância da equidade entre a geração


atual e as futuras. Para promover a prosperidade e a qualidade
de vida de todos, as necessidades de curto prazo da geração
atual devem ser equilibradas com as necessidades de longo
prazo das gerações futuras.

A partir deste módulo, é possível compreender de que maneira os


governos devem atuar em direção ao crescimento sustentável. Com
base em princípios gerais, indicamos a importância dos governos na
promoção de políticas públicas eficazes, que sejam adotadas com
reponsabilidade e sejam inclusivas na trajetória para o desenvolvimento
sustentável.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
Estudamos os princípios básicos da governança eficaz para o
desenvolvimento sustentável apresentados pelo Comitê Econômico
e Social da ONU. Um desses onze princípios destaca a importância
de instituições de diferentes setores e níveis do governo atuarem
conjuntamente, além de trabalharem junto a atores não
governamentais com o mesmo objetivo. Assinale qual dos
princípios foi descrito:

A Integridade.

B Não exclusão.

C Equidade intergeracional.

D Colaboração.

E Supervisão independente.

Parabéns! A alternativa D está correta.

O princípio descrito acima é o da Colaboração. O princípio da


Integridade trata da importância da honestidade e justiça na
promoção de políticas públicas. Já o princípio da Não exclusão
destaca que as políticas públicas devem levar em consideração as
necessidades e aspirações de todos os segmentos da sociedade. O
princípio da Equidade intergeracional trata do equilíbrio das
necessidades de curto prazo da geração atual com as
necessidades de longo prazo das gerações futuras, avaliando o
impacto do desenvolvimento sustentável. Por fim, o princípio da
Supervisão independente trata da promoção da independência das
agências reguladoras, acordos para a revisão de decisões
administrativas por tribunais ou outros órgãos, auditoria
independente e respeito à legalidade.

Questão 2

Os princípios básicos da governança eficaz para o desenvolvimento


sustentável apresentados pelo Comitê Econômico e Social da ONU
devem contribuir para o desempenho dos governos e ajudar a
construir instituições que tenham eficácia, responsabilidade e
sejam inclusivas. Assinale qual das opções não é um princípio
básico da governança eficaz para o desenvolvimento sustentável
apresentado pelo Comitê Econômico e Social da ONU:

A Formulação sólida de políticas.

B Não discriminação.

C Meritocracia.

D Transparência.

E Não exclusão.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A meritocracia não é um dos princípios básicos da governança


eficaz, responsável e inclusiva para o desenvolvimento sustentável
apresentados pelo Comitê Econômico e Social da ONU. Os demais
podem ser considerados princípios básicos.

2 - As Organizações Multilaterais
Ao final deste módulo você será capaz de reconhecer as organizações multilaterais e sua
importância.

O papel das organizações


multilaterais
No módulo anterior, apresentamos a importância da atuação dos
governos para a promoção da sustentabilidade por meio da
implementação de políticas públicas alinhadas aos ODS.

Juntamente aos governos, as organizações


multilaterais, também chamadas de organismos
internacionais ou instituições multilaterais, têm um
papel crucial no incentivo ao desenvolvimento
sustentável, permitindo que diferentes países e
instituições contribuam conjuntamente para o melhor a
todos.

Organizações multilaterais são entidades criadas pelas principais


nações do mundo com a finalidade de trabalhar conjuntamente para o
desenvolvimento das diferentes áreas da atividade humana, como a
política, economia, saúde e segurança. Essas organizações são
constituídas por meio de acordos e têm como objetivo a permanente
cooperação entre seus membros.

Saiba mais
De acordo com Decicino (2013), as organizações multilaterais podem
atuar conjuntamente de diferentes maneiras, adotando normas comuns
de comportamento social ou político entre os países-membros,
planejando ações comuns, realizando pesquisas conjuntamente e
prestando serviços de cooperação, seja ela econômica, cultural ou
médica.

Algumas organizações desempenham importante papel na promoção


do desenvolvimento sustentável, tais como:

Organização das Nações Unidas (ONU).

Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento


Econômico (OCDE).

Organização Mundial do Comércio (OMC).

Banco Mundial.

Fundo Monetário Internacional (FMI).

Organização Internacional do Trabalho (OIT).


video_library
Papel da ONU
Neste vídeo, iremos apresentar o papel central que a ONU desempenha
na promoção da sustentabilidade, ressaltando que quase todas as
organizações multilaterais estão, em certa medida, atreladas a ela.

Organização para a Cooperação e


Desenvolvimento Econômico (OCDE)
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) é uma instituição econômica intergovernamental para estimular
o desenvolvimento econômico e o comércio mundial. Ela discute
políticas públicas e econômicas, apoiando-se nos princípios da
democracia representativa e nas regras da economia de mercado.

Essa organização tem uma história de envolvimento com os principais


processos das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento e bem-
estar humano, financiamento para o desenvolvimento, sustentabilidade
ambiental e mudanças climáticas.Também contribuiu para moldar a
Agenda 2030 e comprometeu-se em utilizar da sua capacidade e
experiência para apoiar esta agenda.
A OCDE afirmou seu compromisso com a Agenda 2030 confirmando a
preparação de um plano de ação que estabelece como a organização
apoiará os membros e a comunidade internacional na conquista dos
ODS. Foi elaborado um documento, mas reconhecendo que as
necessidades e os interesses dos países evoluirão com o tempo.

Atenção!
A responsabilidade pela implementação da Agenda 2030 cabe
principalmente aos países e seus governos. A colaboração reforçada
com outras organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas,
promoverá sinergias e evitará duplicação de esforços (OECD, 2016).

Em apoio à Agenda 2030, aos seus 17 objetivos e às suas 169 metas, a


OCDE vai:

check Apoiar os países na identificação de onde estão


atualmente em relação aos ODS, onde precisam
estar e propor caminhos sustentáveis com base em
evidências.
check Reafirmar seu papel como fonte de conhecimento,
dados, boas práticas e padrões nos setores
econômico, social e nas áreas ambientais de
políticas públicas relevantes para os ODS.

check Incentivar políticas melhores e mais coerentes que


possam ajudar a entregar os ODS, por meio do uso
das principais abordagens da OCDE, como a
avaliação por pares, o monitoramento e elaboração
de relatórios estatísticos e o diálogo sobre políticas
(OECD, 2016).

Organização Mundial do Comércio


(OMC)
A Organização Mundial do Comércio pode contribuir para alcançarmos a
Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e seus ODS. A OMC
identificou etapas que ajudariam a garantir que o comércio internacional
contribua para acelerar o progresso na consecução dos ODS. Essas
etapas são:

1. Integrar o comércio nacional e criar estratégias setoriais para


alcançar os ODS.

2. Fortalecer o sistema multilateral de comércio, para que possa


continuar apoiando o crescimento inclusivo, o emprego e a redução
da pobreza.
3. Continuar reduzindo os custos comerciais por meio da
implementação completa do Acordo de Facilitação do Comércio.

4. Desenvolver capacidade do lado da oferta e infraestrutura


relacionada ao comércio em países em desenvolvimento.

5. Focar na diversificação das exportações e adição de valor.

6. Melhorar o setor de serviços.

7. Aplicar regras de origem flexíveis e aumentar a utilização de


esquemas de preferências.

8. Garantir que medidas não tarifárias não se tornem barreiras ao


comércio.

9. Fazer do e-commerce uma força para inclusão.

10. Apoiar as micro, pequenas e médias empresas a se envolverem


no comércio internacional.

Mais especificamente, a OMC também destaca como pode atuar


diretamente para alguns dos ODS, como vemos abaixo (WORLD TRADE
ORGANIZATION, 2018).

check ODS 1: Erradicação da pobreza

A OMC acredita que iniciativas de política comercial


bem planejadas e estrategicamente executadas
podem ter um impacto positivo na redução
sustentável da pobreza. A abertura do comércio
também pode gerar padrões de vida mais altos por
meio de maior produtividade, aumento da
concorrência e mais opções para os consumidores
e melhores preços no mercado.
check ODS 2: Fome Zero e Agricultura Sustentável

A OMC acredita que, eliminando subsídios que


causam distorções nos mercados agrícolas, será
possível tornar os mercados mais justos e
competitivos, ajudando os agricultores e
consumidores, e, assim, contribuindo para a
segurança alimentar.

check ODS 3: Boa Saúde e Bem-Estar

Um dos principais objetivos do ODS 3 é garantir o


acesso a medicamentos a preços acessíveis para
todos. Uma importante emenda ao Acordo TRIPS
da OMC entrou em vigor nos últimos anos. Essa
medida facilitará aos países em desenvolvimento
um caminho legal seguro para acessar
medicamentos

check ODS 5: Igualdade de Gênero

A OMC defende que o comércio pode criar


oportunidades para o emprego e o desenvolvimento
econômico das mulheres. Por meio do comércio, as
oportunidades de emprego para as mulheres
aumentaram significativamente. Os empregos nos
setores de exportação também tendem a dispor de
melhores salários e condições. Os setores de
exportação são um importante fornecedor de

lh í
emprego para mulheres nos países em
desenvolvimento.

check ODS 8: Trabalho Decente e Crescimento


Econômico

O crescimento econômico inclusivo liderado pelo


comércio aprimora a capacidade de geração de
renda de um país, que é um dos pré-requisitos para
alcançar o desenvolvimento sustentável. A
iniciativa de Ajuda ao Comércio da OMC pode fazer
uma grande diferença na suplementação de
esforços domésticos na construção de capacidade
comercial.

check ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura

O comércio produz ganhos dinâmicos na economia,


aumentando a concorrência e a transferência de
tecnologia, conhecimento e inovação. Os mercados
abertos foram identificados como um determinante
essencial do comércio e do investimento entre
países em desenvolvimento e desenvolvidos,
permitindo a transferência de tecnologias que
resultam em industrialização e desenvolvimento,
ajudando a alcançar o ODS 9.

check ODS 10: Desigualdades reduzidas


N í l l b l d dõ d
No nível global, mudanças nos padrões de
desenvolvimento estão transformando as
perspectivas das pessoas mais pobres do mundo,
diminuindo a desigualdade entre os países. As
regras da OMC tentam reduzir o impacto das
desigualdades existentes por meio do princípio de
tratamento especial e diferenciado para os países
em desenvolvimento.

check ODS 14: Vida Debaixo d’Água

A OMC desempenha um papel importante no apoio


aos esforços globais, regionais e locais para
combater a degradação ambiental de nossos
oceanos no âmbito do ODS 14. A decisão sobre
subsídios à pesca adotada pelos membros da OMC
em dezembro de 2017 é um avanço nos esforços
multilaterais para cumprir o objetivo 14,
comprometendo os membros a proibir subsídios
que contribuam para a sobrecapacidade e a
sobrepesca, e para eliminar subsídios que
contribuam para a pesca ilegal, não declarada e não
regulamentada, com tratamento especial e
diferenciado para os países em desenvolvimento e
menos desenvolvidos.

check ODS 17: Parcerias para os objetivos

O ODS 17 reconhece o comércio como um meio de


implementação da Agenda 2030. Esse objetivo
exige que os países promovam um sistema
i l l il l i l b d
comercial multilateral universal, baseado em regras,
aberto, não discriminatório e equitativo; o aumento
das exportações dos países em desenvolvimento, a
duplicação da participação das exportações dos
países menos desenvolvidos e a implementação de
acesso ao mercado com isenção de direitos e sem
cota para os países menos avançados, com regras
de origem transparentes e simples para
mercadorias exportadas. A OMC é o principal canal
para alcançar esses objetivos.

Banco Mundial
Também chamado de Banco Internacional para a Reconstrução e
Desenvolvimento (BIRD), O Banco Mundial é uma agência especializada
independente do Sistema das Nações Unidas. O Banco Mundial é a
maior fonte global de assistência para o desenvolvimento,
proporcionando cerca de US$60 bilhões anuais em empréstimos e
doações aos 187 países-membros.

Atua como uma cooperativa de países, que disponibiliza seus recursos


financeiros, o seu pessoal altamente treinado e a sua ampla base de
conhecimentos para apoiar os esforços das nações em
desenvolvimento para atingir um crescimento duradouro, sustentável e
equitativo. O objetivo principal é a redução da pobreza e das
desigualdades.

O Banco Mundial lançou uma nova plataforma interativa que fornece ao


público uma visão ampla dos avanços e indicadores relacionados a
cada um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A
plataforma se chama Atlas dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável e traz mais de 180 mapas e gráficos, distribuídos de acordo
com as metas de cada ODS, indicando o panorama do desenvolvimento
e da qualidade de vida da população global. A ferramenta se baseia no
World Development Indicators (Indicadores de Desenvolvimento Global),
um banco de dados com mais de 1400 indicadores de mais de 220
economias, algumas delas com dados que podem ser comparados em
uma linha histórica de 50 anos (WORLD BANK GROUP, 2018).

Fundo Monetário Internacional (FMI)


O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma agência especializada das
Nações Unidas que foi concebida na conferência de Bretton Woods,
New Hampshire, Estados Unidos, em julho de 1944.

O FMI trabalha para promover a cooperação monetária


global, garantir a estabilidade financeira, facilitar o
comércio internacional, promover o alto nível de
emprego e o crescimento econômico sustentável e
reduzir a pobreza em todo o mundo.

O FMI está envolvido com os ODS quando eles afetam a estabilidade


econômica e o crescimento sustentável e inclusivo. A agência
categoriza os objetivos da Agenda 2030 em:

Pessoas expand_more

Promoção da inclusão. Mais recentemente, estudos do FMI


mostraram que níveis elevados de desigualdade de renda estão
associados a um crescimento econômico mais baixo e menos
durável, bem como a uma maior instabilidade financeira.
Ademais, evidências mostraram que a redução das diferenças de
gênero impulsiona a produtividade, o crescimento e a resiliência
da economia.

Do mesmo modo, o FMI tem explorado como a política fiscal


pode ser acionada para reduzir a desigualdade, por meio de
gastos em saúde, educação e proteção social, e da garantia da
progressividade dos sistemas tributários. Nas questões de
gênero, o fundo tem se concentrado em iniciativas para ampliar a
participação das mulheres na economia, sobretudo mediante a
formulação de políticas tributárias e de gastos baseadas em
uma perspectiva de gênero, uma prática conhecida como gender
budgeting.

Prosperidade expand_more

Apoio ao crescimento, ao emprego e à redução da pobreza.


Impulsionar o crescimento, sobretudo nos países de baixa renda,
é uma condição essencial para o êxito dos ODS. Aqui, o FMI está
se concentrando na geração de espaço fiscal para investimentos
em saúde, educação, infraestrutura e produtividade agrícola que
aumentem o crescimento e reduzam a pobreza, assim como em
políticas destinadas a promover a diversificação da economia.
Além disso, está explorando políticas para enfrentar os desafios
relacionados ao futuro do trabalho, dadas as rupturas
provocadas pela evolução da tecnologia. Isso é de especial
importância no contexto do desemprego entre os jovens, que
gera tanto descontentamento em todo o mundo.

Planeta expand_more

Participação em ações contra as mudanças climáticas. Um dos


desafios mundiais mais urgentes e complexos é a necessidade
de enfrentar as mudanças climáticas por meio da adoção de
uma matriz energética de baixa emissão. Um elemento
necessário a essa transição é assegurar que os preços da
energia reflitam os custos para a saúde e o meio ambiente, tanto
em termos das emissões de carbono quanto da poluição
atmosférica. Assim, o FMI está ajudando os países a precificar
as emissões de carbono e a eliminar os subsídios à energia
fóssil.

Paz expand_more

Fortalecimento da governança e combate à corrupção.


Instituições fortes, baseadas na boa governança são a base de
sociedades pacíficas e inclusivas. Ao constatar que a corrupção
e a debilidade dos quadros de governança estão associadas a
uma redução significativa do crescimento, investimento e
receitas tributárias, o FMI lançou um novo quadro que busca um
envolvimento mais franco, eficaz, imparcial e sistemático com os
países-membros.

Parcerias expand_more

Financiamento dos ODS. Alcançar os ODS exigirá um aumento


significativo dos gastos públicos em muitos países. O FMI está
apoiando esses esforços de algumas maneiras, elaborando um
quadro amplo para avaliar as necessidades de gastos tomando
como base uma série de estudos de caso de países (Benin,
Guatemala, Indonésia, Ruanda e Vietnã), e apoiando a realização
de alguns dos ODS de alto valor, como saúde, educação e
infraestrutura. Isso está sendo feito em colaboração com as
autoridades nacionais, o Banco Mundial e agências da ONU.

Em termos de financiamento, será crucial fortalecer a


capacidade tributária, sobretudo porque os crescentes níveis de
endividamento nos países de baixa renda estão dificultando os
progressos nos ODS. Mas na maioria dos países em
desenvolvimento, apenas a receita interna não será suficiente
para eliminar o déficit de financiamento, o que exige mais ajuda
oficial e opções de financiamento privado (ANNETT; LANE,
2018).

Organização Internacional do
Trabalho (OIT)
Única agência tripartida da ONU, desde 1919, a OIT reúne governos,
empregadores e trabalhadores de 187 Estados-membros para
estabelecer padrões de trabalho, desenvolver políticas e elaborar
programas que promovam trabalho decente para todas as mulheres e
homens.

Formalizado pela OIT em 1999, o conceito de trabalho decente sintetiza


a sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e
mulheres obtenham um trabalho produtivo e de qualidade, em
condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas,
sendo considerado condição fundamental para a superação da pobreza,
a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade
democrática e o desenvolvimento sustentável.

Saiba mais
Trata-se de um conceito central para o alcance dos ODS definidos pelas
Nações Unidas, em especial o ODS 8, que busca “promover o
crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego
pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos”.

Os principais aspectos de trabalho decente também foram amplamente


incluídos nas metas de muitos dos outros ODS da Agenda 2030 de
Desenvolvimento Sustentável (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO
TRABALHO, 2015).

O trabalho decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos


estratégicos da OIT:

Respeito aos direitos no trabalho, especialmente àqueles


definidos como fundamentais (liberdade sindical, direito de
negociação coletiva, eliminação de todas as formas de
discriminação em matéria de emprego e ocupação e
erradicação de todas as formas de trabalho forçado e trabalho
infantil).

Promoção do emprego produtivo e de qualidade.

Ampliação da proteção social.

Fortalecimento do diálogo social.

Assim, apresentamos algumas das principais organizações


multilaterais. Elas desempenham diferentes papéis, mas contribuem
conjuntamente para o Desenvolvimento Sustentável.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Diferentes organizações multilaterais demonstraram apoio à


Agenda 2030 e aos seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS). Com relação à Organização Mundial do Comércio (OMC),
assinale qual ODS não está no escopo de objetivos da OMC:
A ODS 3: Boa Saúde e Bem-Estar

B ODS 4: Educação de qualidade.

ODS 8: Trabaho Decente e Crescimento


C
Econôminco.

D ODS 17: Parcerias para os objetivos.

E ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A Organização Mundial do Comércio vem atuando em diversas


frentes para contribuir para o alcance dos ODS. No entanto, não
desempenha um papel declarado no objetivo 4.

Questão 2

Foram apresentadas diferentes organizações multilaterais neste


módulo. Entre elas, uma se destaca pelo papel na promoção de
trabalho decente para todos os homens e mulheres, um dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Assinale como se
intitula essa organização:

A Organização Mundial do Comércio.


B Central Única dos Trabalhadores.

C Organização Internacional do Trabalho.

D Fundo Monetário Internacional.

Banco Internacional para a Reconstrução e


E
Desenvolvimento.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A Organização Internacional do Trabalho desempenha um papel de


promover trabalho decente a todos, independentemente de gênero.
3 - Os Acordos Internacionais
Ao final deste módulo você será capaz de identificar os acordos internacionais que buscam o
desenvolvimento sustentável.

Acordo internacional
Como vimos, os ODS superam fronteiras de países e, portanto, são
debatidos por organizações multilaterais. Apresentaremos, então, os
acordos internacionais que estão relacionados ao desenvolvimento
sustentável nas últimas décadas.

Acordo internacional é um documento pelo qual um


Estado ou uma organização internacional assume
obrigações e adquire direitos perante outros no âmbito
do direito internacional, servindo para estabelecer uma
parceria em áreas específicas.

Esses acordos, segundo o Ministério das Relações Exteriores (2020),


são comumente denominados “tratados”, “convenções” ou, mesmo,
“acordos” e criam um compromisso jurídico, podendo servir para
apontar possíveis formas de cooperação futura.

Os acordos internacionais que serão apresentados neste módulo


demonstram a preocupação crescente com a sustentabilidade e, por
meio deles, podemos compreender melhor quais iniciativas já foram
tomadas em diferentes dimensões da sustentabilidade, sejam elas
econômicas, sociais sejam ambientais.

Podemos dividir esses acordos em três categorias:

looks_one
As conferências e declarações internacionais diretamente focadas no
desenvolvimento sustentável.

looks_two
Os documentos internacionais que tratam de aspectos relevantes da
sustentabilidade.

looks_3
Os instrumentos internacionais que, embora tenham por objetivo tratar
de outros assuntos, mencionam expressamente o compromisso com o
desenvolvimento sustentável.

Conferências internacionais
Na primeira categoria, destacam-se as grandes conferências
internacionais realizadas pela ONU para cuidar do tema, cujas
declarações finais muitas vezes elencam princípios e reafirmam que o
desenvolvimento sustentável é um objetivo que os países devem seguir.

Nessa categoria, destaca-se a Declaração da


Conferência de Estocolmo de 1972, que estabeleceu a
obrigação de assegurar que o desenvolvimento seja
compatível com a necessidade de proteger e melhorar
o meio ambiente para benefício da população.
Ademais, pode-se destacar também a Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, apresentada na conferência que ficou
conhecida como Rio-92, a qual defendia que as necessidades de
desenvolvimento e ambientais das gerações presentes e futuras
deveriam ser identificadas de forma equilibrada.

É importante observar que a Rio-92 gerou outros importantes


instrumentos internacionais, entre eles a

Agenda 21 e a Convenção do Clima.

Vale notar que a Convenção do Clima provocou sucessivas declarações


por parte dos Estados, reforçando seu comprometimento com o
desenvolvimento sustentável nas Conferências Anuais das Partes
(COPs). Isso pode ser observado na COP-3, a qual deu origem ao
Protocolo de Kyoto de 1997.

Agenda 21
A Agenda 21 é um documento que resultou da Rio-92 e que também
destaca que todos devem contribuir conjuntamente em uma parceria global
para que o desenvolvimento sustentável seja atingido.

Convenção do Clima
A Convenção do Clima prevê que os Estados participantes tenham o direito
e o dever de promover o desenvolvimento sustentável.

Saiba mais
O Protocolo de Kyoto foi de grande relevância, enfatizando a
importância da redução de emissões de gases de efeito estufa. Anos
depois, na COP-15 (Acordo de Copenhague de 2009) e na COP-16
(Acordo de Cancún de 2010), esse compromisso também foi citado.

Para além dos acordos já citados, nesta categoria também estão a


declaração resultante da Conferência de Johanesburgo sobre
Desenvolvimento Sustentável de 2002, na qual um de seus itens prevê
que o desenvolvimento sustentável é um objetivo comum dos países
participantes.

Além disso, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento


Sustentável de 2012, que ficou conhecida como Rio+20 e foi intitulada
“O Futuro que Queremos”, renovou a obrigação de garantir um futuro
econômico, social e ambientalmente sustentável para nosso planeta e
para as gerações presentes e futuras.

Ademais, vale destacar nessa categoria o Acordo Climático de Paris, de


2015. Assinado por 195 dos países na 21ª Conferência das Partes
(COP21), o acordo foi um marco da crescente preocupação com as
mudanças climáticas.

O Acordo de Paris foi aprovado a fim de reduzir emissões de gases de


efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. O
compromisso ocorre no sentido de manter o aumento da temperatura
média global bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e
buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima
dos níveis pré-industriais, reconhecendo que isso reduziria
significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas
(Conferência das Partes, 2015).
video_library
O papel dos governos na
sustentabilidade
Neste vídeo, iremos nos aprofundar no Acordo de Paris, falaremos sobre
os principais objetivos traçados e os desafios a serem enfrentados.
Abordaremos também o foco para as metas brasileiras.
Acordos e tratados internacionais
Uma segunda categoria é a dos acordos que abordam aspectos
significativos da sustentabilidade, identificando problemas globais que
dependem da cooperação internacional para serem tratados de forma
efetiva. Entre esses temas, destacam-se:

A defesa dos direitos humanos e a melhoria na qualidade de


vida.

A garantia de condições satisfatórias de trabalho.

O uso racional dos recursos naturais.

A defesa da ética e da transparência e a condenação da


corrupção.

A preservação de diferentes ecossistemas.

O controle de diversos tipos de poluição.

Fazem parte dessa categoria os seguintes acordos:

check A Declaração Universal dos Direitos Humanos de


1948.

check O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,


Sociais e Culturais de 1966.
check A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do
Mar de 1982.

check A Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos


Fundamentais no Trabalho de 1998.

check A Convenção das Nações Unidas Contra a


Corrupção de 2005.

check O Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que


Prejudicam a Camada de Ozônio de 1987.

check A Convenção de Roterdã sobre o Procedimento de


Consentimento Prévio Informado Aplicado a Certos
Agrotóxicos e Substâncias Químicas Perigosas de
1998.

Existem diversos outros instrumentos internacionais que mostram


como a sustentabilidade, em suas mais diversas vertentes, é um valor
presente na comunidade internacional nos últimos anos.
Atenção!
Os documentos mais recentes fazem questão de, além de tratar dos
assuntos específicos para os quais foram criados, afirmar
explicitamente a necessidade de se alcançar um desenvolvimento
sustentável.

Por fim, apresentamos uma terceira categoria, na qual os instrumentos


se direcionam a assuntos diversos que, em princípio, não estão
relacionados à sustentabilidade, mas nos quais se assume claro
compromisso com o desenvolvimento sustentável. Isso ocorre, por
exemplo, nos acordos multilaterais, plurilaterais ou bilaterais de livre-
comércio.
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O Acordo de Paris, redigido em 2015, foi assinado por 195 dos


países na 21ª Conferência das Partes (COP21). Assinale a
alternativa que indica o objetivo principal do Acordo de Paris:

Permitir acesso à saúde pública e universal de


A
qualidade.

B Reduzir a poluição das bacias aéreas.

C Limitar o aumento da temperatura global.

D Promover o livre-comércio entre nações.


Erradicar todas as formas de trabalho forçado e
E
trabalho infantil.

Parabéns! A alternativa C está correta.

O objetivo principal do Acordo de Paris é, por meio da redução das


emissões de gases de efeito estufa, limitar o aumento da
temperatura média global nos próximos quinquênios.

Questão 2

Assinale qual acordo não está relacionado à busca pelo


desenvolvimento sustentável:

Declaração Universal dos Direitos Humanos, de


A
1948.

B Declaração da Conferência de Estocolmo, de 1972.

C Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção.

D Tratado de Madrid.

Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar,


E
de 1982.
Parabéns! A alternativa D está correta.

O Tratado de Madrid foi firmado no século XVIII entre os reis de


Portugal e Espanha, não tendo qualquer relação com o
Desenvolvimento Sustentável. Já a Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948, a Declaração da Conferência de
Estocolmo de 1972, a Convenção das Nações Unidas Contra a
Corrupção e a Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar
de 1982 estão de acordo com a busca pelo desenvolvimento
sustentável.

Considerações finais
O desenvolvimento sustentável é cada vez mais urgente. Meio ambiente,
sociedade e economia devem andar lado a lado para a promoção de um
mundo mais equitativo, justo e responsável.

A responsabilidade do desenvolvimento sustentável recai sobre todas


as nações, que contribuem em conjunto para a degradação ou
conservação do meio ambiente. Com isso, é fundamental entendermos
o papel que os governos desempenham.

Ademais, é importante que tenhamos compreendido que esse tema


exige cooperação internacional, de modo que acordos e organismos
multilaterais contribuam para a definição e o atingimento de metas
sustentáveis.
headset
Podcast
Vamos discutir agora algumas questões sobre o papel do estado, e em
especial das organizações multilaterais, para um desenvolvimento
sustentável.

Explore +
Para saber mais sobre os assuntos estudados, leia:

The Atlas of Sustainable Development Goals 2018. Plataforma


interativa lançada pelo Banco Mundial para observar avanços nos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ela permite que o público
tenha uma visão ampla dos avanços e indicadores relacionados a cada
um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O World Commission on Environment and Development: Our common


future da ONU, também conhecido como Relatório Brundtland.

Declaração final da conferência das Nações Unidas sobre


desenvolvimento sustentável (RIO + 20). Disponível no site do
Ministério do Meio Ambiente.
Referências
AGÊNCIA ENVOLVERDE JORNALISMO. O Direito Internacional da
Sustentabilidade, 2015.

ANNETT, T.; LANE, C. Cinco coisas que você precisa saber sobre o FMI e
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. International Monetary
Fund, 2 ago. 2018.

BOUCKAERT, G.; CHAWDHRY, U.; FRASER-MOLEKETI, G.; MEULEMAN, L.;


PIZANI, M. Effective Governance for Sustainable Development: 11
Principles to Put in Practice. International Institute for Sustainable
Development, 7 ago. 2018.

BRANCO, P. Chegou a Hora de Revisitar o Triple Bottom Line. Página 22,


12 abr. 2012.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Tratados internacionais.


Itamaraty. Brasília, DF: 2020. Consultado na internet em: 21 jul. 2020.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Acordo de Paris. MMA. Brasília,


DF: 2017. Consultado na internet em: 21 jul. 2020.

BRUNDTLAND, G.; KHALID, M.; AGNELLI, S; AL-ATHEL, S.; CHIDZERO, B.;


FADIKA, L et al. Our common future: the World commission on
environment and development. Oxford University Press, 1987.

CONFERÊNCIA DAS PARTES. Adoção do Acordo Paris. Nações unidas,


2015. Consultado na internet em: 21 jul. 2020.

DECICINO, R. Organizações internacionais: conheça as principais


instituições multilaterais. Geografia Uol, 11 out. 2013.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2015. Momento de ação global para as


pessoas e o planeta. Nações Unidas Brasil. Consultado na internet em:
16 jul. 2020.
ODM BRASIL. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, 2000.
Nações Unidas Brasil. Consultado na internet em: 21 jul. 2020.

OECD. Better policies for 2030: An OECD Action Plan on the Sustainable
Development Goals, 2016. Consultado na internet em: 21 jul. 2020.

Organização Internacional do Trabalho. Trabalho decente. Consultado


na internet em: 16 jul. 2020.

STOFFEL, J.; COLOGNESE, S. O desenvolvimento sustentável sob a ótica


da sustentabilidade multidimensional. Rev. FAE, v. 18, n. 2, p. 18 – 37,
2015.

WORLD BANK GROUP. Atlas of Sustainable Development Goals from


World Development Indicators, 2018. The World Bank. Consultado na
internet em: 21 jul. 2020.

WORLD TRADE ORGANIZATION. Mainstreaming Trade to Attain the


Sustainable Development Goals, 2018. Consultado na internet em: 21
jul. 2020.

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