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Competências Para a Vida

CAPITALISMO SUSTENTÁVEL

Aula 1 – Pacto Global

INTRODUÇÃO
Talvez você já tenha lido, ouvido falar ou visto em um anúncio ou propaganda sobre a
sigla em inglês ESG (Enviromental, Social and Governance), a qual traduzida seria
responsabilidade ambiental, social e governança, porém a sua origem, essência e importância
ainda é desconhecida por muitos.
Conhecer a origem deste termo é muito mais do que saber a sua história e diz respeito
ao entendimento de como as práticas da responsabilidade social, ambiental e de governança
(ESG) influenciam e impactam o desenvolvimento e o relacionamento global entre empresas,
governos e cidadãos, pois trazem a todos os envolvidos uma nova maneira de identificar a
responsabilidade de todos no mundo.
Mesmo sem perceber, você já está envolvido e participando do ESG, basta conhecer
estas responsabilidades que você verá isso.

EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE E O CONCEITO BANI


Antes de conhecer como a responsabilidade social, ambiental e de governança está
presente em nosso dia a dia, temos que compreender a ação transformadora que a
palavra responsabilidade trouxe para as empresas e como ela reuniu os governos do mundo em
alguns pactos.
A palavra responsabilidade já era utilizada pelas empresas e pelos governos, porém
ganhou grande força a partir do final do século XX e vem, desde então, transformando essas
organizações, esses governos e suas formas de se relacionar. Esta evolução da responsabilidade
ocorreu através do tempo e o seu marco inicial pode ser datado do ano de 1972, em Estocolmo,
quando a Organização da Nações Unidas (ONU) promoveu a primeira Conferência Mundial
sobre o Homem e o Meio Ambiente e passou a tomar posse do termo sustentabilidade (GOI
JUNIOR, 2023).
Após a conferência de 1972 tivemos outros eventos que marcaram esta mudança de
pensamento, com destaque para:
 Em 1984, Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
 Em 1992, a ONU realizou na cidade do Rio de Janeiro a ECO-92 ou Rio-92, para
celebrar os 20 anos da conferência de Estocolmo, que ficou conhecida como Cúpula da
Terra e representou um marco nas discussões sobre a preservação ambiental e o
desenvolvimento sustentável.
 Em 2012, aconteceu a Rio+20 para celebrar a ECO-92 e a partir deste momento o termo
Economia Verde passou a ser adotado.
 Em 2015, a Organização da Nações Unidas em Nova Iorque realizou uma nova
conferência na qual apresentou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS),
os quais foram discutidos entre os anos de 2012 e 2013.
 Em 2015, ocorreu também a Comissão entre Partes (COP21), famosa pelo documento
produzido denominado Acordo de Paris.
Todas as cúpulas e reuniões citadas têm a sua importância dentro da história, porém, o
evento realizado em Nova Iorque em 2015 trouxe para o mundo o documento no qual 193
países foram signatários e que traz as metas a serem alcançadas até 2030 pelas nações. Os ODS
consistem de 17 objetivos e 169 metas.
Como vimos, os governos através de décadas vêm firmando pactos entre si objetivando
uma nova maneira de terem o desenvolvimento econômico necessário, porém com um
olhar mais atento para a responsabilidade e sustentabilidade social, ambiental e de
governança.
A mudança de pensamento e de ação não ficou somente restrita aos fatos acima, pois a
sociedade evoluiu em conjunto com as empresas e governos neste período. Em 2020, o mundo
BANI, sigla em inglês que compreende as palavras britlle (frágil); anxious (ansioso); nonlinear
(não linear); e incomprehensible (incompreensível), teve seu avanço acelerado devido à
Pandemia de Covid-19, doença causada pelo vírus Sars-Cov-2, a qual trouxe novas formas de
relacionamento no mundo e acelerou o desenvolvimento de outras (CASCIO, 2021).
As relações entre todos, inclusive entre empresas e governos, sofreram alterações e se
tornaram mais frágeis, pois descobrimos que os eventos de grande impacto podem afetar a todos
de forma indistinta, e com isso as pessoas ficam propensas a se tornarem mais ansiosas e como
consequência ocorre uma não linearidade, ou seja, as perspectivas de futuro sofrem alterações;
por fim, o excesso de informações disponíveis e acessíveis atualmente pode gerar
incompreensão de fatos, gerando ansiedade e criando um círculo vicioso.
As empresas e os governos devem entender e atuar neste novo mundo sem se esquecer
de suas responsabilidades trazidas pelas práticas do ESG.

RELAÇÃO ENTRE ESG, ODS E MUNDO BANI


Um importante e valioso documento produzido pela ONU foi o ODS, o qual trata os dezessete
objetivos que são citados abaixo:
ORDE OBJETIVOS RESUMO
M
1 Erradicação da Erradicar a pobreza em todas as formas e em todos os lugares.
pobreza
2 Fome zero e Erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e
agricultura promover a agricultura sustentável.
sustentável
3 Saúde e bem- Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos,
estar em todas as idades.
4 Educação de Garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e
qualidade promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
5 Igualdade de Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
gênero
6 Água potável e Garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do
saneamento saneamento para todos.
7 Energia limpa e Garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas para
acessível todos.
8 Trabalho decente Promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o emprego
e crescimento pleno e produtivo e o trabalho digno para todos.
econômico
9 Indústria, Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e
inovação e sustentável e fomentar a inovação.
infraestrutura
10 Redução das Reduzir as desigualdades no interior dos países e entre países.
desigualdades
11 Cidades e Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,
comunidades resilientes e sustentáveis.
sustentáveis
12 Consumo e Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
produção
responsáveis
13 Ação contra a Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus
mudança do impactos.
clima e seus
impactos
14 Vida na água Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos
recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
15 Vida terrestre Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas
terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação,
deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
16 Paz, justiça e Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
instituições sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir
eficazes instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
17 Parceria e meios Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o
de implementação desenvolvimento sustentável.

Todos os objetivos têm a sua importância e relevância e não existe uma ordem para
aplicá-los, de modo que todos devem ser feitos no transcorrer do tempo. Analisando cada
objetivo pode-se notar que todos estão dentro de uma perspectiva de responsabilidade social,
ambiental e de governança, assim influenciam as práticas de ESG, ou até melhor, todos fazem
parte desta nova forma de analisar a responsabilidade das empresas e com uma nova forma de
se portar em suas relações, a qual pode ser sintetizada por: “Não se trata de ser a melhor
empresa do mundo, mas de ser uma empresa melhor para o mundo” (HARRACA, 2022, p.73).
Analisando o objetivo 12 Consumo e produção responsáveis como exemplo, em
conjunto com a ESG, podemos dizer que não se trata tão somente de como a empresa trabalha
para produzir de maneira responsável, mas também como cada fornecedor o faz e a forma que a
empresa lida com os resíduos que podem ser gerados a partir do seu produto. Ainda neste
tópico, podemos buscar auxílio para ter uma produção responsável com o objetivo de número
sete, o qual trata da utilização de energias renováveis.
Neste breve exemplo, você pode notar como os objetivos se intercalam e auxiliam um
ao outro na sua aplicação. Desta forma, as empresas conseguem se estruturar e reestruturar para
que consigam atender esta nova visão de mercado, pois nos dias atuais não importa somente o
lucro, mas sim como ele se enquadra nas normas da ESG (GOI JUNIOR, 2023).
Os pilares da ESG de responsabilidade social e ambiental são fáceis de serem identificados
dentro dos ODS, porém, o pilar da governança não é tão simples de se identificar e pode gerar
dúvidas de sua existência na ODS, mas é a governança quem direciona a aplicação e o
desenvolvimento dos ODS.
Você pode entender como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os princípios
da ESG se relacionam entre si e podem ser aplicados conjuntamente, afinal os ODS não são
somente de responsabilidade dos governos, inclusive os não signatários do documento, e sim da
sociedade mundial, mas ambas são anteriores ao surgimento abrupto do mundo BANI (em
2020), apesar de continuarem aplicáveis em um mundo afetado pela Pandemia de Covid-19 em
2019.
Recordando as características do mundo BANI, as quais são: frágil, ansioso, não linear
e incompreensível, pode-se dizer que por meio da busca por atingir aos ODS e das práticas da
ESG, as demandas geradas pelo mundo BANI serão sanadas.
A fragilidade citada no BANI teve como propulsor a Pandemia de Covid-19 em 2019,
em que todos, inclusive as empresas, notaram a fragilidade que temos frente a eventos que não
podem ser previstos, mas podem causar grande impacto que modifica o mundo e traz novas
formas de se relacionar, trabalhar e consumir, aumentando ou gerando ansiedade nas pessoas.
Além disso, a perspectiva de futuro mudou, pois as certezas que tínhamos anteriormente já não
temos mais e devido à facilidade ao acesso e da quantidade de informações disponibilizadas a
um toque no celular, por exemplo, muitos fatos podem ser incompreendidos ou distorcidos.
Porém, o objetivo de número 4 dos ODS que trata de educação poderia ser utilizado na busca
por uma educação de qualidade que visa a correta pesquisa por informação e senso crítico, com
discernimento para identificar e não espalhar Fake News, por exemplo – o que poderia ser
incentivado e promovido pelas empresas do ponto de vista de sua responsabilidade social. Você
pode perceber que todos os três temas se intercalam entre si, mesmo tendo suas origens em
épocas diferentes.

IDENTIFICAÇÃO AÇÕES DE ESG


Estudante, após esta imersão nas três siglas: ESG, ODS e BANI chegou o momento de
analisar o comportamento deles e suas interações.
Os sites das empresas, em geral, na parte que trata de relação com investidores ou
institucional contêm informações sobre como ela trata as questões ligadas à responsabilidade
social, ambiental e de governança. Quanto maior o porte da empresa, mais informações você
pode obter do relacionamento dela com os temas da ESG, que pode ser também referido como:
Relação com a Natureza, Preocupação com o Futuro, Novo Mundo, entre outros.
Agora, como aplicar todo este conhecimento ou identificá-lo no mundo corporativo? A
resposta poderá estar mais próxima do que se imagina, em situações nas quais você pode pensar
que não estariam relacionadas a eles. Observe os exemplos a seguir:
 Uso de cestos de lixos identificando o que pode ser descartado em cada um deles é uma
prática de responsabilidade social/ambiental e está dentro dos objetivos da ODS;
 Muitas empresas adotam a prática de ginástica laboral para os empregados, possuem em
seu pacto de benefícios descontos em academias, incentivos à prática de meditação e
yog;, neste caso temos questões de responsabilidade social, objetivos da ODS ligados
ao trabalho e atividades físicas podem auxiliar o trabalhador em sua saúde física e
mental, assim podem trabalhar os desafios do mundo BANI;
 Empresas de cosméticos estão cada vez mais proibindo o teste dos seus produtos em
animais, isto se relaciona com as responsabilidades social/ambiental, com as práticas da
ODS e pode trabalhar questões do mundo BANI diminuindo a não linearidade dos seus
clientes;
 Órgãos públicos e empresas quando buscam trabalhar ou desenvolver energias
renováveis trabalham práticas da ESG, ODS e no mundo BANI também;
 Horário flexível de trabalho traz a responsabilidade social, questão de trabalho e
proporciona ao trabalhador como gerir melhor o seu tempo em atividades fora do
ambiente corporativo;
 Parques abertos em horários estendidos para que as pessoas tenham oportunidade de
praticar exercícios corrobora com questões de responsabilidade social, ODS e do
mundo BANI, pois órgãos públicos têm esta responsabilidade em sua essência;
 Ambientes privados e públicos que permitem a circulação de animais de estimação, isto
auxilia nas questões do mundo BANI, possui relação com questões da ODS e de
responsabilidade social;
 Uso de sacolas biodegradáveis oferecidas por muitos estabelecimentos está relacionado
à responsabilidade ambiental, tema da ODS ligado ao meio ambiente; quando pensamos
no mundo BANI está relacionado à melhoria do futuro, entre outros.
Outras questões que trazem um conteúdo muito representativo são as ações de marketing
que mostram diversidade de pessoas relacionadas a diferentes profissões, demonstrando
representatividade e mostrando que qualquer pessoa pode exercer aquela profissão,
independentemente de credo, orientação sexual, religião, cor, etnia, etc.
Como vimos, são diversas as situações e os momentos que você pode encontrar no seu dia a
dia e têm relação com ESG e os ODS, mas se não nos atentarmos podem passar despercebidas
por nós.
Aula 2 – Papel da Cultura e Liderança na Aplicação ESG
Caro estudante, nesta aula serão abordados os desafios que as empresas e os órgãos
públicos têm ao implantarem o ESG e quais mudanças trazem para eles, principalmente para a
gestão, a qual é a principal responsável pela disseminação da iniciativa na implantação da
cultura.
A entidade, seja ela pública ou privada, que adote e trabalhe dentro de uma cultura de
responsabilidade ou, como hoje é chamado Cultura ESG vai muito além de escrever manuais ou
políticas internas e sim como a ela se relaciona com o mercado e como o mesmo identifica a
cultura da empresa, tem que estar nos propósitos das empresas o ESG.

ESG – MUDANÇAS E DESAFIOS ORGANIZACIONAIS


A preocupação do mundo com as questões da estratégia ESG ganhou evidência no final
do século XX apesar de o tema ser anterior. No início do século XXI, o tema de governança
ganhou maior exposição e, principalmente durante a crise econômica de 2019, ganhou um novo
status dentro das companhias.
O grande desafio das entidades é entender a mudança cultural que a ESG exige dentro
das organizações e isto deve partir da gestão da empresa. Outra importante questão a ser
discutida é como as empresas vão se portar na mudança de geração de lucros para geração de
valor, dentro de parâmetros capitalistas, mas equilibrando lucro e valor.
Primeiramente para entender a cultura ESG vamos identificar o que compõe cada letra,
exemplificando:
E – Planeta Consumo de energia, redução da emissão de carbono e emissões
atmosféricas; uso da água, economia circular, biodiversidade, uso da
terra, uso de materiais, redução de resíduos.
S – Pessoas Saúde, bem-estar e segurança dos colaboradores, direitos humanos,
diversidade e inclusão, stakeholders relations (stakeholders são
consideradas todas as partes interessadas: sócios, acionistas, governo,
empregados, clientes etc.), cidadania corporativa, data
privacy (privacidade de dados), inovação de produtos e serviços
sustentáveis, reputação e credibilidade.
G – Propósito e Tomada de decisão da liderança, transparência, gestão de risco,
Princípios diversidade na alta liderança e no board, compliance e competência
justa, ética dos negócios, impacto econômico indireto, pagamento e
contratação justos.
Após identificar o conteúdo intrínseco da sigla ESG podemos dizer que as entidades que
já possuem uma prática de compliance estabelecida e a prática talvez saiam ou estejam na frente
na prática da ESG. Porém, não podemos confundir ambas, pois compliance de forma macro
estabelece critérios a serem seguidos para que os resultados da empresa sejam obtidos com as
melhores e mais corretas práticas de mercado. Já a estratégia ESG vai muito além disto e possui
uma preocupação de como este resultado foi atingido e não somente com qual prática; ainda
assim, a ESG pode e deve utilizar-se de muitas questões inerentes ao compliance.
A responsabilidade social, ambiental e de governança deve ser fomentada nas entidades
e sua adoção deve ser explicada para todos os envolvidos nesse processo, ou seja, esta mudança
ou aperfeiçoamento de conduta das empresas não são suficientes, é necessário que as práticas e
responsabilidades da ESG também sejam adotadas por toda a cadeia envolvida, a qual deve ter a
mesma mentalidade.
A adoção da cultura ESG, como vimos, passa primeiramente pela gestão das empresas,
sendo assim ela é propulsora para esta nova forma de se fazer negócio. Desse modo, a alta
direção deve ser treinada e inserida neste contexto, pois a gestão autoritária do passado já não
tem mais espaço dentro da cultura ESG.
Conforme Paula Harraca (2022): “O líder aponta o caminho não com o dedo, mas com a
própria caminhada”. Mais do que nunca, o líder deve ser aquele que motiva, engaja, direciona,
treina e sabe que o aprendizado é contínuo e não tem fim. A má gestão da liderança dentro desta
nova cultura pode ser ainda mais prejudicial do que era no passado.
O líder dentro de uma cultura ESG deve sempre questionar e principalmente se colocar
à disposição dos seus liderados e, com isso, conseguir envolver a todos nesta mudança cultural.
Ele não se pode esquecer que em muitos casos as pessoas envolvidas no processo de
transformação e adoção da cultura ESG não conseguem visualizar algumas das práticas em seu
cotidiano e podem cometer o erro de pensar que isto é somente mais uma tendência ou moda do
mundo corporativo. Destaco como uma característica do líder dentro da cultura ESG, o
inconformismo, pois quem assume o papel de liderança deve estar sempre buscando novas
maneiras de fazer o trabalho, tendo como meta a responsabilidade social, ambiental e da
governança (HARRACA, 2022).

IMPACTO DA ESG NA LUCRATIVIDADE


As empresas que passam a adotar a cultura ESG e não somente as práticas como muitas
empresas, o fazem de forma errônea, pois entendem que as práticas são a própria cultura, devem
estar cientes que iniciaram um novo ciclo na empresa e que não devem introduzir a mesma a
qualquer custo, pois desta forma estariam indo contra a própria ESG.
Na introdução da cultura ESG dentro das organizações deve-se identificar qual é o grau
de maturidade da empresa e o conhecimento que os envolvidos têm sobre o tema. Neste caso, é
necessário conhecer o tema e saber aplicá-lo e treinamentos nesta etapa podem ser essenciais,
para a partir deste momento iniciar a construção de uma nova cultura, a começar pela gestão da
empresa, que é também responsável pela disseminação dessa cultura.
A responsabilidade social, ambiental e da governança busca em sua essência um
desenvolvimento sustentável das organizações, ou seja, o lucro continua sendo importante, mas
não a qualquer custo, ao contrário: com o compromisso da responsabilidade social. Para Godi
Junior (2022), isso significa “lucrar com propósito”.
A questão do lucrar com propósito significa que ao invés de a empresa somente almejar
o lucro, ela deverá considerar as responsabilidades trazidas pela ESG.
As organizações devem sempre buscar entender o tripé: lucro, planeta e pessoas,
conhecido como Triple Botton Line, termo criado por John Elkington, e com isto a introdução e
a manutenção das práticas da ESG ficam mais fáceis. O que acontece com muitas empresas é
que elas querem adotar as práticas de ESG, porém consideram o lucro a peça mais importante
desse tripé.
A adoção e o interesse pela cultura ESG terão um aumento exponencial com a redução dos
custos para sua implantação, pois aumentar os custos significa menos lucro e em uma visão
capitalista isto se torna prejudicial, porém conforme Elkington (2012): “À medida que o
interesse dos mercados financeiros aumentar, o interesse pelas maneiras de internalizar os
custos da linha dos três pilares, sem abalar as empresas, também aumentará”.

A afirmação de Elkington confronta os interesses capitalistas com os da ESG, porém o


mundo pós pandemia de Covid-19 em 2019 passou por transformações profundas e alguns
fatores que não eram presentes no momento da escolha de produtos e até mesmo nos hábitos
dos consumidores mudaram. Pode-se citar:
 Compra de produtos cosméticos não testados em animais;
 Expansão residencial da geração e energia fotovoltaica;
 Prédios com jardins nas fachadas verticais e nos terraços;
 Incremento de transportes coletivos elétricos;
 Pesquisa e desenvolvimento de combustíveis a partir de fontes renováveis;
 O aumento exponencial do home office;
 Compra de produtos preferencialmente de empresas que adotam políticas de inclusão de
pessoas, entre outras.
Além de toda a questão da responsabilidade social, ambiental e da governança, as quais já
justificariam a implantação da cultura ESG, existem muitas outras prerrogativas além das
citadas acima em que as empresas, mesmo tendo um aumento de custo, não reduzam o seu lucro
e passem a lucrar com propósito.
Dentro da cultura ESG, as pessoas passam a ter ainda mais um papel de protagonistas,
pois as empresas são formadas em sua essência por pessoas e no final quem consome os
produtos e serviços são pessoas, então elas são o centro de mudança de cultura; menosprezar ou
diminuir isto pode custar a própria existência das empresas.
Assim reforça-se a comparação: se a ESG fosse uma corrida, seria uma maratona em
que o que importa não é o impulso da largada e sim a constância durante todo o percurso.

CULTURA PRÁTICA DO ESG


Estudante, agora que já conhecemos a origem da responsabilidade social, ambiental e da
governança e identificamos a sua cultura, podemos analisar como todas as questões podem ser
identificadas e aplicadas dentro das organizações.
Em muitos casos existe uma confusão entre dois termos, pois as empresas em geral
dizem que estão se tornando sustentáveis e afirmam que isto é ESG; em certo ponto, a
afirmação pode estar correta, porém temos que lembrar que a sustentabilidade faz parte da
responsabilidade, ou seja, a empresa se torna responsável para depois ser sustentável.
Um termo importante e que surgiu a partir dos anos de 2020 é a Economia Verde, o qual faz
parte das responsabilidades trazidas pela cultura ESG dentro das organizações. Porém, em
alguns momentos, temos opiniões contrárias, pois consideramos o termo não no olhar da
sustentabilidade e sim voltado para o capitalismo, incentivando o consumo, com a
justificativa de que se for sustentável pode ser consumido e isso gera uma nova etapa de
discussão dentro da cultura ESG.

Quando a empresa adota uma cultura ESG é de fundamental importância estabelecer


métricas para conseguir mensurar o avanço da cultura e dos seus reflexos, porém é importante
que a empresa tenha conhecimento da representatividade do que será avaliado, após estabelecer
como serão mensurados os dados coletados, mas estes devem ser representativos, verdadeiros,
possíveis de serem comparados com outras situações e que qualquer pessoa que os analise possa
entender.
Não existe um modelo padrão, o que as empresas devem fazer é criar e estabelecer uma
matriz de dados da ESG dependendo do seu ramo de atuação e do tema a ser analisado. Vejamos
o exemplo abaixo referente a inclusão de mulheres na gestão da empresa:
Descrição 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 4º Trimestre
Total de
Gestores
Total de
Gestores
Homens
Total de
Gestoras
Mulheres
Como pode-se observar Quadro, a empresa busca verificar e conhecer como está a
distribuição de cargos de gestão entre mulheres e homens. O tema de inclusão de mulheres na
gestão das empresas faz parte da responsabilidade social trazida pela ESG, porém a tabela com
inserção de dados somente terá funcionalidade caso a empresa tenha adotado a cultura ESG e
transformado os dados em informações; porém antes mesmo de analisar os dados, a empresa
deve verificar a sua veracidade e os padrões de cargos de gestão, podendo utilizar os
questionamentos a seguir:
1. Quais foram os cargos de gestão de considerados?
2. Qual é o tempo médio de existência dos cargos de gestão?
3. Qual é o cargo mais novo e o mais antigo de gestão?
4. Qual é o turnover de pessoas nos cargos de gestão?
5. Qual é a importância e responsabilidade dos cargos ocupados por mulheres em
comparação aos que são ocupados por homens?
6. Conseguimos ter uma contraprova dos números apresentados?
7. Os cargos de gestão que existem na empresa são similares a de outras?
8. Qual é a proporção que a empresa almeja ter e em quanto tempo será alcançada?
9. Qual é a proporção que as empresas que tenham a cultura ESG praticam?
Vejam que uma simples tabela não quer dizer que a empresa esteja adotando a cultura ESG,
porém quando essa análise de números é associada com perguntas de referência à
responsabilidade social adotada e com o mercado externo, a empresa poderá validar e, caso
necessário, corrigir a política de prática do ESG.

Aula 3 – Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) e Qualidade de Vida no


Trabalho
Olá, estudante, nesta aula, vamos desenvolver mais sobre a responsabilidade social da
ESG analisando a questão de como a empresa se relaciona com o ambiente externo dela, porém
esta relação em geral está intrinsecamente conectada em como a empresa age com os seus
empregados, tanto quando eles estão dentro ou fora dela. Para melhorar a compreensão deste
tema vamos utilizar alguns modelos que tratam das questões de relacionamentos da empresa
com todos em geral, mas o ponto inicial para que toda esta responsabilidade social seja possível
é não esquecer de que empresas são feitas de pessoas e seus clientes são pessoas. Vamos juntos
para esta responsabilidade.

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO


Estudante, a questão da responsabilidade social dentro do ESG é de fundamental
importância, pois ela impacta diretamente a forma como as empresas fazem a gestão dos
trabalhadores, não somente analisando o resultado do trabalho e sim o todo, inclusive como o
trabalho afeta a vida pessoal de cada um.
Uma abordagem que merece destaque é a de Richard Walton (1973) que trata de uma
mensuração da vida do trabalhador dentro da empresa denominada de Qualidade de Vida no
Trabalho ou simplesmente QVT. Este método é dividido em 8 critérios, conforme demonstrado
no quadro abaixo:
CRITÉRIO INDICADORES DESCRIÇÃO
Compensação - Salário - Referente também à remuneração
justa e adequada - Jornada de trabalho - Carga horária de trabalho
Condições de - Ambiente físico - No sentido de conforto
trabalho - Salubridade ergonômico
- Ausência de exposição a riscos
ocupacionais
Uso e - Autonomia - Liberdade para tomar decisões
desenvolvimento - Estima - O quanto se sente querido por
das capacidades - Capacitação múltipla parte dos colegas
pessoais - Informações sobre o trabalho - Qualificação específica e geral
para o exercício da função
- De que forma e em que
profundidade se é informado sobre
o trabalho
Oportunidade de - Carreira - Movimento de ascensão
crescimento e - Desenvolvimento pessoal profissional
segurança - Estabilidade no emprego - Melhoria em performance
- Risco de demissão
Integração social - Ausência de preconceitos - Inclusão ou exclusão na empresa
na organização - Habilidade social - Educação e diplomacia
- Valores comunitários - Valorização das tarefas pela
empresa
Cidadania - Direitos garantidos - Pagamentos, férias, seguros, etc.
- Habilidade social - Não invasão na documentação e
- Valores comunitários nas decisões
- Ausência de subjetividade e
decisões objetivas

Trabalho e o - Liberdade de expressão - Revelação das opiniões


espaço total de - Vida pessoal preservada - Ausência de interferência na vida
vida - Horários previsíveis pessoal
- Uso do tempo pessoal-profissional
Relevância social - Imagem da empresa - Credibilidade da empresa na
do trabalho - Responsabilidade social da comunidade
empresa - Preservação ambiental, geração de
empregos, metaqualidade.

Em 1996, a professora Ana Cristina Limongi França trouxe em sua tese de doutorado
uma abordagem para a qualidade de vida no trabalho considerando as áreas de investigação:
biológica, psicológica, social e organizacional.
A divisão trouxe um complemento para o método QVT, pois separando em áreas é
possível identificar de uma maneira mais específica os efeitos. A metodologia de França (1996)
é conhecida como BPSO-96 (Biopsicossocial e Organizacional) e trabalha com variáveis dentro
da organização. Abaixo o quadro demonstrando a metodologia BPSO-96.

Área de Descrição Programas Específicos Setores que Desenvolvem


Investigação Indicadores
Organizacional Ações que valorizem a imagem, Endomarketing Diretorias executivas
estrutura, o produto e Comitês executivos e decisórios Marketing
relacionamento da empresa com Comunicação interna Recursos humanos
os empregados. Imagem externa
Social Ações que ofereçam benefícios Direitos legais Serviço social
sociais obrigatórios e Atividades associativas e esportivas Grêmio esportivo
espontâneos e criem Eventos de turismo e cultura Fundações específicas
oportunidade de lazer e cultura Atendimento à família Recursos humanos

Psicológica Ações que promovem a Processos de seleção e avaliação de Recrutamento e seleção


autoestima e o desenvolvimento desempenho Treinamento de pessoal
de capacidades pessoais e Carreira Cargos e Salários
profissionais Remuneração Relações industriais e/ou
Programas participativos recursos humanos
Biológica Ações que promovam a saúde, Mapa de riscos Segurança do trabalho e
que controlem os riscos SIPAT medicina ocupacional
ambientais e atendem às Refeições Ambulatório
necessidades físicas. Serviço Médico – interno e contratado Nutrição
Melhorias ergonômicas Relações industriais e/ou
- Treinamentos específicos recursos humanos

Como podemos observar, tanto o método de Walton e as variáveis de França podem ser
utilizados de forma conjunta, pois eles não são conflitantes entre si, mas para a empresa utilizar
ambos é necessário que ela tenha um propósito, que pode ser trazido pela responsabilidade
social. A partir destas ferramentas é possível adotar três temas para serem implantados e
desenvolvidos:
1. Equidade
2. Inclusão
3. Diversidade
A equidade não pode ser confundida com igualdade, pois ambas são diferentes em sua essência,
a equidade antecede a igualdade. Moragas (2022 [s.p.]) define ambas como:
A igualdade é baseada no princípio da universalidade, ou seja, que todos devem ser regidos
pelas mesmas regras e devem ter os mesmos direitos e deveres.
Equidade significa dar às pessoas o que elas precisam para que todos tenham acesso às mesmas
oportunidades.
A diferença entre ambas tem que estar de forma clara para as empresas, pois é fator
decisivo na política de inclusão social para que as pessoas possam ser tratadas de forma
igualitária na medida de suas desigualdades.
Como exemplo, podemos mencionar empresas que decidem contratar pessoas com
necessidades especiais, porém não preparam os equipamentos e as instalações para recebê-las,
ou seja, ela pode ter dado igual oportunidade de concorrência para a vaga de emprego, mas não
verificou se a empresa estava apta a tratar com equidade as pessoas com necessidades especiais
frente às que não possuem.
Ter responsabilidade social com foco também em inclusão social é ir ao encontro das
pessoas ou grupos menos favorecidos ou discriminados por questões de gênero, cor, raça, etnia,
credo, idade, necessidades especiais entre outras, ou seja, não é somente cumprir cotas
governamentais e sim desenvolver políticas que permitam aos grupos citados ter a equidade
para que possam ter as mesmas oportunidades.
Trazer a questão de inclusão com equidade para dentro das empresas exige uma
conscientização e, em muitos casos, uma mudança de postura de todos os envolvidos, ou seja,
não basta mudar a cultura da empresa, mas também trazer todos os empregados, independentes
das funções que exerçam, para este pensamento e cultura.

MUDANÇA NA SOCIEDADE E SEUS IMPACTOS NA INCLUSÃO SOCIAK


DAS EMPRESAS
Estudante, no século XVIII, na Inglaterra, aconteceu a Revolução Industrial e umas das
principais causas foi o advento da máquina a vapor inventada por Thomas Newcomen, com isto
iniciou-se a alteração da relação de trabalho e emprego existente na época. Neste momento, a
sociedade passou a ser dividida em dois grupos distintos: Burguesia x Proletariado. Na maioria
das empresas, o ambiente de trabalho era insalubre e até crianças trabalhavam de forma
“normal”, além de terem uma jornada de trabalho exaustiva; porém a sociedade foi se
transformando e tais fatos na relação de trabalho de emprego no século XXI são inconcebíveis,
mas ainda assim acontecem.
A comparação citada acima traz à tona que a sociedade está em constantes modificações e
não podemos simplesmente adotar a metodologia de QVT, critérios da BSPO ou qualquer outra,
sem entender a sua essência e o mundo em que estamos inseridos.
Talvez quando falamos em inclusão social podemos lembrar primeiramente de negros,
quilombolas, indígenas e LGBTQIAPN+, porém além destes ainda temos outros grupos de
pessoas:
 sem acesso à educação de qualidade;
 com mais de 40 anos;
 gestantes;
 com necessidades especiais;
 sem experiência profissional;
 refugiados;
 apátridas;
 mulheres com filhos pequenos, etc.
Ainda poderiam ser citados outros grupos que podem variar em razão da região do mundo,
ou seja, não podemos restringir o nosso pensamento em um determinado grupo, para evitar
desse modo a exclusão social.
Tomando por base o método QVT no item Trabalho e o espaço total de vida associado ao
critério Social de BPSO, teremos uma interligação, pois o primeiro traz a liberdade de opinião, a
não interferência na vida privada e ter horários previsíveis, já no critério de França (1996) a
preocupação é em criar ambientes para que o trabalhador possa ter a sua desconexão com o
trabalho; porém, a partir de 2019 com a Pandemia causada pelo SarsCov19, as relações de
trabalho se alteraram profundamente, e hoje o local de trabalho de muitos não é mais a empresa,
mas, sim, onde o trabalhador esteja; existem empresas que não exigem mais a presença física do
funcionário, ou seja, o trabalhador pode morar em qualquer local do mundo. Diante disto, como
as empresas podem trazer qualidade de vida no trabalho com inclusão social e equidade? Este
talvez seja o grande desafio das empresas do século XXI, porém isto não cabe somente aos
gestores, e sim a todos os trabalhadores.
Caro estudante, ainda sobre o tema da mudança trazida pela pandemia citada, em que você
está e em qual horário está lendo este texto sobre ESG? Talvez você possa considerar uma
pergunta sem sentido, porém a Pandemia de Covid-19 trouxe à tona outra realidade: a das
pessoas que estão excluídas do acesso à informação e em muitos casos também da educação,
podendo haver a falsa sensação que não faz parte de Qualidade de Vida no Trabalho. Os itens
abaixo trazem a relação entre o método QVT e exclusão citada acima:
 Uso e desenvolvimento das capacidades pessoais;
 Oportunidade de crescimento e segurança;
 Integração social na organização.
Tanto os três itens acima como a questão de acesso de informação se relacionam com os
critérios BPSO em Psicológicas e Sociais, ou seja, estão interligados.
No século XXI não é concebível pensar em Qualidade de Vida no Trabalho e inclusão social
somente dentro do local onde a pessoa trabalhe e no horário em que ela esteja desenvolvendo
tarefas para a empresa, mas, sim, em todo o contexto em que a empresa e o trabalhador estão
envolvidos, ou seja, em qualquer momento. A cada dia pode estar surgindo um novo grupo que
necessite de um olhar especial e por consequência da inclusão social.

EQUIDADE E INCLUSÃO NA PRÁTICA


A inclusão social nas empresas faz parte do dia a dia de todas as pessoas e, em muitos
casos, passamos despercebidos por ela, pois temos que reforçar que nesta nova relação de
trabalho estabelecida pela Pandemia em 2019, o local de trabalho mudou.
Muitas empresas adotaram em campanhas publicitárias e até mesmo na marca de suas
empresas as cores do LGBTQIAP+ em apoio e inclusão deste grupo social.
Outro exemplo que podemos trazer são as empresas que constroem e destinam áreas
dentro da empresa chamadas de: “Áreas de Descompressão”, em que os trabalhadores podem
ficar após o término de uma tarefa, durante o almoço ou simplesmente quando julgarem
necessário.
Uma importante forma de inclusão social adotada também é a licença-paternidade em
igual período da licença-maternidade, assim o acompanhamento dos filhos nos primeiros meses
poderá ser feito por ambos os pais; ainda há empresas que deixam o pai escolher se desejam que
a licença paternidade seja junto com a maternidade ou quando esta acabar, priorizando, assim, o
convívio do(s) filho(s) com os pais. Ainda na parte de inclusão social para mulheres com filhos
menores de cinco anos, já temos casos de empresas no Brasil que ao invés de darem auxílio
creche para as mães, possuem creches no ambiente de trabalho delas e alguns casos deixam as
crianças virem com as mães com o transporte ofertado pela empresa.
Nas grandes metrópoles já é adotado por diversas empresas o horário flexível de
trabalho e com isto existe um ganho de qualidade de vida para o trabalhador, pois cumprida a
carga horária estabelecida, o funcionário pode escolher o horário para iniciar e encerrar a sua
jornada de trabalho, e desta forma poderá se locomover em horários com menos trânsito, por
exemplo.
Uma importante inclusão social que as empresas fazem é apoiarem nas comunidades em
que estão inseridas ou até dentro delas mesmo, por meio de cursos de formação voltado para a
educação de jovens e adultos (EJA), o que influencia positivamente na vida de quem aprende e
o deixa com maiores chances em caso da necessidade de recolocação.

Outra capacitação que muitas empresas adotam são o que chamamos de “Jovem Aprendiz” e a
parceria com escolas profissionalizantes para que no contraturno os alunos estejam nas indústrias
aprendendo, ou seja, capacitam e dão oportunidade para o jovem ter o primeiro emprego, além
disso, os “aprendizes” obrigatoriamente devem estar matriculados e frequentando a escola.
Já temos exemplos de empresas que buscam equilibrar os cargos de gestão entre grupos
predominantes, como homem branco, com grupos que são considerados menos favorecidos, em
especial mulheres e negros.
Existe ainda uma forma de inclusão social pouco comentada: quando a empresa contrata
um estagiário e traz para ele uma formação, com certeza está contribuindo para o futuro
profissional dele; o grande problema neste caso é que muitas empresas contratam estagiários
como uma mão de obra barata, neste caso está indo contra tudo o que é disseminado pela
responsabilidade social.
Fazer inclusão social com equidade não é algo complexo para as empresas fazerem,
porém basta que elas tenham isto como propósito e cultura.

Aula 4 – Boas Práticas ESG


Bem-vindo, caro estudante! Nesta aula, você conhecerá as boas práticas de ESG e o
desenvolvimento do tema será feito por meio de estudos de casos sobre: responsabilidade social,
sustentabilidade e governança.
Todos os estudos de caso serão embasados com o conteúdo desenvolvido nesta Unidade
1, assim, você, estudante poderá verificar que o tema de responsabilidade está mais presente no
seu dia a dia do que muitas vezes você pode pensar e, em alguns momentos, a escolha de
determinado serviço, produto ou mercadoria feita por você pode considerar estes princípios sem
mesmo que pense em ESG. Bons estudos neste importante tema!

ESG E ISSO
Estudante, nesta aula vamos desenvolver a temática das boas práticas relacionadas aos
propósitos da cultura do ESG, ou seja, responsabilidade.
No século XX surgiram diversas demandas atreladas às boas práticas por conta das
exigências de muitas empresas a se adequarem às normas da cultura da International
Organization for Standardization (ISO), as quais dizem respeito à normatização e qualificação
dos trabalhos. O INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) traz a
seguinte definição sobre a ISO: “A ISO tem como objetivo criar normas que facilitem o
comércio e promovam boas práticas de gestão e o avanço tecnológico, além de disseminar
conhecimentos” (INMETRO, 2010 [s.p.]).
Como pode-se observar, a ISO trouxe a questão de boas práticas para dentro da gestão,
ainda não atrelada à cultura ESG, e as mais conhecidas são:
 ISO 9000, que trata sobre a gestão da qualidade;
 ISO 14000, que trata sobre a gestão do meio ambiente;
 ISO 26000, responsabilidade social.
As empresas que passaram a implantar a ISO 9000 tiverem obrigatoriamente que entender
sobre boas práticas para poder ter sucesso na implantação. Mourão (2002 [s.p.]) definiu boas
práticas como:

Boa prática consiste em uma(s) técnica(s) identificada(s) e experimentada(s) como eficiente(s) e


eficaz(es) em seu contexto de implantação, para a realização de determinada tarefa, atividade ou
procedimento ou, ainda, em uma perspectiva mais ampla, para a realização de um conjunto destes,
visando o alcance de um objetivo comum.

Desta forma podemos notar que a implantação da ISO auxiliou no processo da


construção de boas práticas para a cultura ESG, pois a base já havia sido constituída, mas ainda
existe um longo percurso para as empresas trilharem na questão de:
 Boas práticas de sustentabilidade;
 Boas práticas sociais;
 Boas práticas de governança.

Considerando que a boa prática visa alcançar um objetivo comum, é importante destacar
que para a cultura ESG este envolvimento é para que possa gerar impacto em tudo na empresa,
ou seja, de nada adianta ter uma boa prática junto aos seus empregados se a empresa gerar uma
degradação do ambiente familiar e social, por exemplo.
Além de saber como boas práticas impactam no resultado da ESG, é necessário reforçar
sempre os termos inerentes a esta cultura: sustentabilidade, social e governança.
A sustentabilidade busca um equilíbrio entre dois fatores que em geral se opõem:
exploração x preservação, ou seja, ambos têm que conviver de forma harmônica. O termo
exploração aqui se refere ao que a empresa extrai do meio ambiente para a produção de seus
bens e o quão a sua atividade degrada o meio ambiente, assim, analisa a operação da empresa
como um todo.
A questão social para boa prática pode ser considerada de forma mais abrangente e utilizar o
termo de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), ou seja, a empresa que adota boas
práticas sociais analisa não somente a relação com seus empregados e terceiros, mas também
com a comunidade local e como os clientes e fornecedores gerem seus empregados, com isto
consegue levar boas práticas para um campo muito maior e com impactos abrangentes.
Complementando o tripé, temos as boas práticas em governança e esta faz a junção nas
demais, pois envolve de forma direta e indireta acionistas, órgãos de fiscalização e diretoria, ou
seja, como eles cuidam dos negócios em que as empresas estão inseridas.

IMPLANTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS


Estudante, agora vamos tratar da implantação de boas práticas nos três pilares da ESG:
social, sustentabilidade (ambiental) e de governança, pois isto deve ocorrer de forma contínua,
planejada e consciente.
Primeiramente, os responsáveis pela empresa devem estabelecer um grupo para atuar como
comitê para implantação do ESG, o qual será responsável pela elaboração do plano de ação,
além dos seguintes conselhos:
 Conselho de administração: tem a função de auxiliar a administração da empresa no
planejamento financeiro e socioeconômico. Tem como responsabilidade o contato com
a auditoria interna e externa, gerenciamento de desempenhos, riscos, entre outros.
 Conselho fiscal: pode variar suas demandas em virtude da localização da empresa e
onde ela atua, porém como o próprio diz, tem a responsabilidade fiscalizatória da
entidade.

O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) define o conselho como:


É parte integrante do sistema de Governança das organizações brasileiras. Poder ser
permanente ou não, conforme dispuser o estatuto. Representa um mecanismo de fiscalização
independente dos administradores para reporte aos sócios, instalado por decisão da assembleia
geral, cujo objetivo é preservar o valor da organização. Os conselheiros fiscais possuem poder
de atuação individual, apesar do caráter colegiado do órgão.
 Conselho consultivo ou conselho familiar: não deve ser confundido com o da
administração. Este, dentro da organização, tem uma grande importância, pois ele está
acima dos outros dois; em caso de empresa familiar ganha uma relevância ainda maior,
pois é nele em que os representantes da família participam na empresa. Tem a função de
aconselhar, sugerir, esclarecer dúvidas, entre outros, para os sócios da empresa; deve ser
formado por profissionais qualificados.
Após a implantação dos Conselhos, a etapa seguinte é verificar se a empresa tem as
características abaixo:
 Transparência: de forma geral em seus atos e não somente na parte financeira,
tornando público o seu acesso nas partes que tenham interesse, deste que não venha
trazer prejuízo a empresa;
 Equidade: todos devem ser tratados de forma isonômica dentro da empresa, inclusive
os sócios, sem se importar com a função ou quantidade de quotas que detenham;
 Prestação de contas: os gestores devem prestar contas de seus atos sejam eles positivos
ou negativos;
 Responsabilidade: todos devem zelar pela empresa, independentemente de sua função
dentro dela, seja pelo capital humano, patrimonial, econômico ou financeiro.
Cada empresa pode desenvolver um roteiro para implantar as boas práticas, pois não existe
um modelo único para isto. Para tanto, deve-se levar em consideração a cultura e localização de
cada empresa, porém algumas etapas podem ser comuns a todos, conforme abaixo:
 Diagnóstico – este é o passo primordial e que não pode ser ignorado, pois é neste
momento que a empresa faz o levantamento da atual situação da empresa em vista da
ESG;
 Planejamento – o segundo passo é elaborar um planejamento prévio, com a criação dos
conselhos responsáveis por cada etapa, tempo de execução, medições, reuniões, etc.
 Orçamento – após o planejamento, é necessário elaborar um orçamento que se adeque
à empresa e à implantação;
 Suporte da gestão – fundamental e essencial para o sucesso da implantação de boas
práticas de ESG;
 Estratégia – definir qual é a estratégia para adoção das boas práticas, ou seja, como os
demais empregados e parceiros serão envolvidos.
 Treinamento – para o sucesso das boas práticas é necessário treinar a todos nesta nova
cultura empresarial;
 Divulgação – de cada etapa do processo, inclusive comunicando a fornecedores e
clientes sobre a implantação da cultura de boas práticas;
 Medição – criação de formas de medir a eficácia durante e a após a implementação,
somente assim o sucesso poderá ser alcançado; e caso algo esteja fora do programado, é
na medição que poderá ser ajustado.
Como vimos, adoção boas práticas se dão por meio de um processo, cujo tempo de
implementação depende de cada empresa. Vale lembrar que boas práticas de ESG não são de
exclusividade somente de grandes empresas, qualquer uma pode implementar com práticas
simples:
 fornecer copos de vidros aos empregados para o café e água em substituição dos de
plástico;
 separar o lixo da empresa em orgânico e reciclável, com destinação correta;
 deixar a empresa acessível para qualquer público;
 buscar a diversidade de gênero para empresa.
Como vimos, a ESG é para qualquer empresa.

CASOS DE BOAS PRÁTICAS


Nesta aula vamos demonstrar diversos exemplos reais para cada boa prática, ou seja, social,
de sustentabilidade e de governança. Lembre-se que existem outras e tome as listadas abaixo
como exemplos:
 Boa prática de sustentabilidade – podemos pensar que somente as empresas
desenvolvem boas práticas, mas, não, e um exemplo público disto é o município de
Araraquara/SP que por meio da Lei nº 895/2018 (YASHUDA, 2018) institui descontos
progressivos no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para construções que
tenham:
o Instalação de energia fotovoltaica;
o Instalação de aquecimento hidráulico solar;
o Área mínima arborizada;
o Área permeável do solo.
No caso acima, foi uma iniciativa do Município incentivar a adoção de boas práticas;
existem outros municípios no Brasil que adotam o chamado IPTU Verde, verifique se não é o
caso do município onde você reside.
Um outro caso de sustentabilidade são as indústrias moveleiras que somente produzem
móveis a partir de madeira com origem em áreas de reflorestamentos, assim, antes de comprar
pedem o certificado de origem da matéria-prima de modo que toda a cadeia produtiva dela se
adeque às boas práticas.
 Boa prática social – uma boa prática social que podemos identificar em diversos
restaurantes são os cardápios em Braille, os quais possibilitam às pessoas com
deficiência visual escolher de forma autônoma sua alimentação.
No século XXI houve uma mudança em algumas funções tidas como exclusivas do sexo
masculino como: motorista de ônibus e caminhão, fresador, torneiro mecânico, entre outras, que
hoje também são exercidas por mulheres.
Uma outra forma muito comum que as empresas adotam como boa prática social é auxiliar
instituições que desenvolvam projetos sociais; em muitos casos, as empresas criam seus
próprios institutos para atuação.
Também há exemplos de empresas que durante os meses que antecedem o inverno iniciam
campanhas junto aos empregados para doação de agasalhos, com isto conseguem envolver os
empregados e incentivá-los nesse tema.
 Boa prática de governança – pode ser difícil identificá-la, mas seguem exemplos
inspiradores:
o Desenvolver e divulgar código de conduta da empresa, este não envolve
somente os empregados, mas também os fornecedores e clientes;
o As práticas antissuborno começaram a ganhar grande evidência nas empresas
que negociam com empresas americanas, pois isto é condição primordial para
esse tipo de negócio. No Brasil existe uma legislação que trata deste assunto
(Lei nº 12846/2013), a qual levou muitas empresas a adotarem um maior
controle e punição sobre o tema, e isto engloba inclusive os presentes que
alguns empregados ganham em especial no fim de ano;
o Processos internos da empresa claros, bem definidos e aplicáveis a todos os
empregados;
o Divulgação no site da empresa de todos os manuais de boas práticas.
Em geral, o site de grandes empresas contém as informações de como a empresa trata
do tema e pode ser uma boa fonte de inspiração para seus estudos e atividades.

Aula 5 – Revisão da Unidade

IMPLANTAÇÃO, DESAFIOS E MONITORAMENTO DA ESG


Olá, estudante! Nesta unidade, trataremos sobre os desafios que as empresas têm ao iniciar a
implantação da responsabilidade de governança, social e ambiental ou simplesmente ESG e
como isto impacta nas suas operações. Após a implantação surgem duas novas etapas
complementares entre si e que trazem novos desafios, a saber: do controle, manutenção e
mensuração.
Para as etapas terem sucesso, a empresa ou o órgão público sempre deve considerar diversos
fatores, porém alguns impactam de maneira direta nos resultados. São eles:
 a sociedade em que está inserida;
 qual o segmento em que atua;
 público-alvo com o qual a empresa trabalha;
 propósito da ESG x cultura da empresa;
 comprometimento da gestão com a ESG;
 tempo e investimento que a empresa/ente público tem para a ESG.
Quando se implanta a ESG, as empresas de alguma forma buscam compensar ou até mesmo
reparar algum impacto negativo que tenham levado à sociedade ou ao ambiente, com isto é
necessário ajustar os seus procedimentos por meio da governança. Porém, a cultura do local
onde a empresa está instalada é de fundamental importância, pois se tomarmos como exemplo o
Brasil, existem hábitos diferentes dentro do território nacional, devido à diferença de cultura nas
cinco regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Como exemplo, podemos
citar o hábito de tomar chimarrão no Sul do Brasil ou o consumo de feijão do tipo carioquinha
no estado de São Paulo, que não são hábitos comuns nas outras regiões do país.
Não podemos incorrer no erro de pensar ESG somente no lado de sustentabilidade e não
desenvolver a responsabilidade social, pois as empresas são formadas de pessoas e, casos estas
não tenham o envolvimento com a responsabilidade ambiental e de governança, todo o trabalho
de implantação poderá fracassar, por isto um ponto importante dentro implantação da ESG é
fornecer treinamento adequado aos empregados para que possam se comprometer e
principalmente desenvolver a liderança da empresa. Além disso, deve-se considerar qual o tipo
de sociedade vigente, no caso do ano de 2023, é possível indicar que se trata de um ambiente
social incerto, ansioso, não linear e com excesso de informação, o que pode gerar a
incompreensão, todas estas características se referem ao mundo BANI (sigla em inglês
para brittle, anxious, non-linear, incomprehensible; que pode ser traduzido por: frágil, ansioso,
não linear e incompreensível).

Outro fato relevante


Na implantação é desenvolver
pode-se verificar políticas inclusivas
outras fontes aos grupos
para auxiliar, poisde
aspessoas que por diversos
responsabilidades
motivos
tratadas na ESGsejam menosforam
também favorecidos, excluídos,
citadas de uma outramarginalizados ou sequer
forma nos Objetivos de lembrados, nestes
Desenvolvimento
casos não se trata de caridade, mas de um trabalho de inclusão.
Sustentável (ONU-2015), os quais elencaram 17 metas globais nas áreas sociais e ambientais.
Caso não haja o controle, a empresa poderá ter desperdiçado preciosos recursos para
implantar a ESG e nesta fase, devido à constante evolução da sociedade, pode ser necessário
que se façam manutenções nas boas práticas da empresa. Porém isto somente será possível se a
organização tiver ferramentas para mensurar como estão as boas práticas sociais, de
sustentabilidade e de governança na empresa, pois tudo o que não é mensurável não pode
também ser controlado.
Se a ESG fosse um esporte, poderíamos dizer que ela se assemelha à maratona, em que o
importante é iniciar e manter o ritmo, diferentemente de uma corrida de 100m rasos, que preza
pela velocidade.

ESTUDO DE CASO
Estudante, para contextualizar sua aprendizagem da Unidade 1, você será o protagonista da
situação a seguir. Vamos lá!
Uma empresa fundada no início dos anos de 1970 tem como ramo de atividade a fabricação
e o comércio de roupas infantis, estando instalada no município de São Paulo em uma área hoje
residencial. A administração da empresa está na segunda geração da família, próxima da
terceira, e recebeu uma oferta do exterior para fabricar uma linha exclusiva durante os próximos
10 anos; com isto, seu faturamento anual terá um acréscimo de 70% ao ano, mas o cliente impõe
a seguinte exigência: a empresa deve ter políticas desenvolvidas ou as desenvolver para
responsabilidade social, ambiental e práticas de governança estabelecidas. Neste momento, você
é chamado para auxiliar a empresa nesta transição e recebe do atual diretor geral um
memorando contendo algumas características da empresa que ele julga ser necessário alterar por
conta dessa demanda, conforme a seguir:
 Somente homens ocupam cargo de gestão na empresa;
 A carga diária de trabalho da produção em geral é de 10 horas diárias de segunda a
sábado;
 Todos os direitos trabalhistas e impostos são pagos;
 A equipe de manutenção trabalha todos os domingos;
 Toda a parte administrativa fica no segundo andar do galpão, o qual somente é acessível
por escadas.
 As mulheres que trabalham na produção, após retornarem da licença-maternidade, são
dispendas;
 Não são contratadas mulheres com filhos menores de 14 anos;
 A maioria dos trabalhadores na produção somente estudou até o quinto ano do Ensino
Fundamental I e muitos são imigrantes que têm grande dificuldade de comunicação;
 Toda a parte de fiação elétrica da empresa é a mesma desde sua fundação;
 Não existe reciclagem de material;
 100% de sua produção é vendida, mas as peças que apresentam algum defeito de
fabricação são descartadas no lixo comum;
 As promoções para os funcionários não são feitas por mérito;
 A empresa já foi multada diversas vezes pela poluição sonora que causa;
 Não existe um programa de reuso de água ou de seu uso consciente;
 A empresa fornece refeição no local para os funcionários, porém as pessoas que têm
alguma restrição alimentar devem levar sua própria comida;
 Os donos e a diretoria se alimentam na empresa, mas têm um cardápio diferente do
cardápio dos funcionários;
 É fornecido transporte fretado com desconto de 1% do valor do salário-mínimo a todos
os empregados, porém os que fazem hora extra usam o transporte público para ir
embora;
 Na rua onde está instalada a empresa, há uma escola de Ensino Fundamental I e II e
uma Unidade Básica de Saúde;
 Quando ocorre a carga e descarga de produtos da empresa, muitas vezes, a rua é fechada
e o tráfego é interrompido durante essa atividade.
Com as informações acima e considerando os seus conhecimentos iniciais em ESG, elabore
um relatório elencando quais boas práticas de ESG poderiam ser implantadas nesta empresa,
tendo como base os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e como estariam
alinhados com a sua proposta. Por fim, elabore observações de como seriam mensuradas e
monitoradas as ações.

Reflita!
Olá, estudante! O estudo de caso proposto traz situações comuns a muitas empresas
e para que seja possível a transformação, primeiramente, é necessário mensurar quais
impactos cada item traz no dia a dia das empresas; na sequência é possível identificar as
melhorias possíveis relacionando-as com as responsabilidades sociais, ambientas e de
governança. Existem situações que demandam baixo nível de investimentos financeiros e
podem trazer um resultado imediato para a empresa. Essencialmente, a cultura da empresa
deve ter alterações, mas para isto é necessário que todos saibam o que é a cultura ESG.
Importante salientar que algumas mudanças podem ser consideradas como
consequência, ou seja, quando você alterar uma rotina pode ser que outra melhore
automaticamente; e isto é importante estar mapeado.
Outro ponto importante: não se esqueça de contextualizar a empresa no ambiente em que ela
está inserida, isto poderá fazer toda a diferença na implantação.
No relatório não deixe de explicar as boas práticas do ESG e quais as vantagens trazidas por
ela para a empresa, assim, seu trabalho estará fundamentado e pronto para ser colocado em
prática.

RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO


Estudante, a situação apresentada pode ter mais de uma solução, porém, para todas é indicado
iniciar pela tabulação dos desafios e fazer a ligação deles com as responsabilidades da ESG e
ODS.
DESAFIOS ESG ODS
Somente homens ocupam cargos de Social Igualdade de gênero
gestão

Trabalho diário de 10 horas e aos Social Trabalho decente e crescimento


sábados e domingos econômico
Falta de acessibilidade para Social Trabalho decente e crescimento
administração econômico
Dispensa de mulheres pós-parto e Social Igualdade de gênero
não contratação de mulheres com
filhos pequenos (até 14 anos)
Funcionários com baixo nível de Social Educação de qualidade
escolaridade
Parte elétrica antiga Ambiental Energia limpa e acessível
Não fomenta a reciclagem e não há Ambiental Consumo e produção responsáveis
política para o descarte de materiais
Poluição sonora Ambiental Consumo e produção responsáveis
Promoções sem critério Social Trabalho decente e crescimento
econômico
Falta de política para uso consciente Ambiental Água potável e saneamento
de água
Diferenciação de alimentação da Social Trabalho decente e crescimento
diretoria e falta de cardápio para econômico
restrição alimentar
Transporte fornecido não atende às Social Trabalho decente e crescimento
demandas da empresa econômico
Problemas com carga e descarga de Social Indústria, inovação e infraestrutura
produtos
Escola e UBS próximas à empresa Social Indústria, inovação e infraestrutura

Pode-se notar a ausência de item referente à Governança na ESG, porém ela é


necessária para implementar os demais. Após a construção do Quadro 1, você deve alocar os
itens similares e uma maneira é analisar cada um em relação ao ODS correspondente.
DESAFIOS ESG ODS
Somente homens ocupam cargos de Social Igualdade de gênero
gestão, dispensa de mulheres pós-
parto e não contratação de mulheres
com filhos pequenos (até 14 anos)

Trabalho diário de 10 horas e aos Social Trabalho decente e crescimento


sábados e domingos, falta de econômico
acessibilidade para administração,
promoções sem mérito,
diferenciação de alimentação da
diretoria e falta de cardápio para
pessoas com restrição alimentar e
transporte fornecido não atende às
demandas da empresa.
Funcionários com baixo nível de Social Educação de qualidade
escolaridade
Parte elétrica antiga Ambiental Energia limpa e acessível
Não fomenta a reciclagem e sem Ambiental Consumo e produção responsáveis
política para o descarte e a poluição
sonora
Falta de política para uso consciente Ambiental Água potável e saneamento
de água
Problemas com carga e descarga de Social Indústria, inovação e infraestrutura
produtos e escola/UBS próximas à
empresa

A partir da alocação, foram identificados sete tópicos a serem tratados, é neste momento que
se fazem as indicações para tratar cada tema:
 Igualdade de gênero – estabelecer metas tanto em tempo como para quantidade de ter
diversidade de gênero na gestão da empresa, além de cessar com as demissões de
mulheres pós-parto e incentivar as contratações de mulheres que tenham filho em idade
escolar. Pode ser feita uma parceria com a escola que fica próxima à empresa.
 Trabalho decente e crescimento econômico – unificar o refeitório da empresa e sua
alimentação, dispor cardápios alternativos para as pessoas com restrição alimentar .
Estabelecer política para redução de horas extras, realizar as manutenções durante a
semana com programação de paradas (este tema poderia estar na indústria, inovação e
infraestrutura).
 Educação de qualidade – promover para os empregados Educação de Jovens e
Adultos (EJA), a qual poderia ser dentro da empresa e até mesmo durante o expediente
normal de trabalho.
 Energia limpa e acessível – elaborar um plano de adequação e modernização da rede
elétrica, além de instalação de placas fotovoltaicas, que pode gerar economia de
energia.
 Consumo e produção responsável – desenvolver campanhas internas sobre a
reciclagem e desenvolver políticas para o descarte consciente de resíduos, além disto as
peças que estivessem em boas condições de uso poderiam ser doadas. Outro fato
importante é a melhora no isolamento acústico da empresa e limitação do horário de
trabalho.
 Água potável e saneamento – criar campanhas para uso consciente da água, troca de
torneiras para automáticas, reuso da água de chuva entre outras políticas.
 Indústria, inovação e infraestrutura – criar docas para carga e descarga, além de
estabelecer horário para esta atividade, o qual não poderia coincidir com o horário da
escola, além de comunicar qual o tipo de transporte que será aceito pela empresa na
carga e descarga, evitando, assim, a necessidade de fechar a rua para carga e descarga
de produtos.
Desafios para implementar a ESG sempre existirão, porém, alguns não demandam
investimentos altos, como o caso da igualdade de gênero, porém necessitam de uma mudança de
cultura por parte da empresa, mas no momento em que se aloca os similares, pode ser percebido
como uma ação que pode interferir no ambiente em que a empresa está inserida.
Após esta etapa, a empresa necessita desenvolver políticas internas claras para que a cultura
ESG consiga ser implantada e isto é tarefa para a Governança.

EXERCÍCIOS
1. À medida que o interesse dos mercados financeiros aumentar, o interesse
pelas maneiras de internalizar os custos da linha dos três pilares, sem
abalar as empresas, também aumentará. A alternativa correta a qual
confronto se refere a expressão acima é:
Alternativa correta, é Capitalismo versus ESG, pois Capitalismo busca na sua
essência gerar lucros para as empresas, e em muitos casos este lucro pode ser
entendido como obter a qualquer custo, porém a ESG trouxe uma responsabilidade
sobre como as empresas buscam este lucro, e em muitos caso tem sido para alguns
uma geração de custo extra.
ONU versus COP21, a alternativa está incorreta, pois a COP21 foi a conferência
promovida pelas Organização das Nações Unidas para debater sobre mudanças
climáticas.
ESG versus ODS, a alternativa está incorreta, porque a ESG busca a
responsabilidade social, ambiental e de governança enquanto a ODS (Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável) trata de questões nos três pilares da ESG.
VULCA versus BANI, a alternativa está incorreta, pois ambos termos são tipos de
mundo e o VULCA antecedeu ao BANI.
ECO-92 versus ONU, a alternativa está incorreta, pois a ECO-92 foi a conferência
promovida pelas Organização das Nações Unidas para debater sobre o Meio
Ambiente e Desenvolvimento sustentável.
2. A adoção da cultura ESG, passa primeiramente pela gestão das empresas, sendo
assim eles são os propulsores para esta nova forma de se fazer negócio, desta
forma os mesmos devem ser treinados e inseridos dentro deste contexto, pois a
gestão autoritária do passado não tem espaço dentro da cultura ESG. A
alternativa correta qual somente contenha as características do líder envolvido
com os propósitos da ESG é:.
Alternativa correta: Motivador, direcionador, questionador e que valorize o
aprendizado contínuo, pois a liderança tem papel fundamental dentro da ESG e não
pode-se ter líder com caraterísticas do passado como: autoritários e centralizadores.
O líder dentro da ESG deve ser aquele que acolhe, treina, direciona, e principalmente
mostra com o seu exemplo o comportamento dentro da cultura.
Centralizador, direcionador, questionador e que valorize o aprendizado contínuo., a
alternativa está incorreta pois o líder dentro dos propósitos da ESG não deve ser
centralizador.
Autoritário, direcionador, questionador e motivador, .a alternativa está incorreta pois
o líder dentro dos propósitos da ESG não deve ser autoritário.
Direcionador, centralizador, motivador e que não valoriza o aprendizado contínuo,
a alternativa está incorreta pois o líder dentro dos propósitos da ESG não deve ser
centralizador.
Questionador, centralizador, direcionador e motivador., a alternativa está incorreta
pois o líder dentro dos propósitos da ESG não deve ser centralizador.
3. A palavra responsabilidade já era utilizada pelas empresas e pelos governos,
porém ganhou grande força a partir do final do século XX e vem, desde então,
transformando os mesmos e suas formas de se relacionar. A alternativa que
corresponda ao marco inicial desta transformação é: Alternativa CORRETA:
Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, em 1972. O
marco inicial considerado para a transformação da responsabilidade é atribuído a
conferência geral da ONU em Estocolmo, aonde foi tratado questões sobre o meio
ambiente, homem e o relacionamento entre eles.
A Comissão Mundial sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento, em 1984
está INCORRETA. Como indicado, ela ocorreu em 1984, desta forma posterior a
conferência de 1972.
A ECO-92, em 1992 está INCORRETA. Ocorreu em 1992 atualizando a
conferência de 1972, além de trazer em discussão temas pertinentes a época sobre o
meio ambiente.
A Rio+20, em 2012, está INCORRETA. Ela ocorreu 20 anos após a ECO-92.
A COP21, em 2015 está INCORRETA. Em 2015 a palavra responsabilidade já era
entendido pelas empresas como uma questão de zelo.

MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Aula 1 – Mudança Climática

INTRODUÇÃO
Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre mudanças climáticas. Nesta aula, você vai
aprender sobre os principais fatores que contribuem para o aquecimento global, as medidas que
estão sendo tomadas para mitigar seus efeitos e o papel do mercado de carbono na redução das
emissões de gases de efeito estufa.
Para combater o aquecimento global e seus impactos, é crucial promover ações que
envolvam a mitigação das emissões, a adaptação às mudanças climáticas e a conscientização da
sociedade. Investimentos em energias renováveis, transporte sustentável, preservação de áreas
naturais e práticas agrícolas mais sustentáveis são alguns caminhos a percorrer em busca desse
objetivo. Além disso, a educação ambiental desempenha um papel fundamental, capacitando as
pessoas a agirem de forma consciente e responsável em relação ao meio ambiente.
A mudança global exige um esforço coletivo e comprometimento de governos,
empresas e cidadãos. Somente com ações integradas e sustentáveis poderemos preservar nosso
planeta para as gerações futuras. Nesse contexto, é necessário ainda compreender a gravidade
dos problemas ambientais e buscar soluções que promovam a harmonia entre o
desenvolvimento humano e a proteção dos recursos naturais.
Você também vai desenvolver habilidades para analisar dados, argumentar criticamente e propor
soluções para os desafios ambientais do século XXI. Esperamos que você aproveite esta
oportunidade de ampliar seus conhecimentos e se engajar em uma questão vital para o futuro do
planeta. Juntos, podemos construir um futuro mais sustentável e resiliente. Bons estudos!

OS PRINCIPAIS CONCEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS


O sistema climático é composto por vários elementos interativos e complexos, incluindo
a atmosfera, a superfície terrestre, neve, gelo, oceanos e outros corpos de água, além dos seres
vivos. Todos esses componentes desempenham um papel essencial no funcionamento do
sistema climático. Existem três mecanismos principais que podem influenciar as alterações no
balanço de radiação da Terra. O primeiro está relacionado a mudanças na radiação solar
incidente, que podem ocorrer devido a mudanças na órbita da Terra ou no próprio Sol. O
segundo mecanismo envolve alterações no albedo de uma região, ou seja, na fração de radiação
solar refletida. Essas alterações podem ser causadas por mudanças na cobertura de nuvens,
partículas atmosféricas ou vegetação. Por fim, o terceiro mecanismo refere-se a alterações na
radiação de onda longa liberada pela Terra para o espaço, que podem ocorrer devido a mudanças
na concentração de gases de efeito estufa (CORTESE; NATALINI, 2014).
As mudanças climáticas são alterações significativas que ocorrem no clima do nosso
planeta ao longo de um período extenso, que pode abranger décadas ou até mais. Essas
mudanças podem ser causadas por eventos naturais, como erupções vulcânicas ou alterações na
quantidade de radiação solar que a Terra recebe. No entanto, também podem ser desencadeadas
por atividades humanas, como o aquecimento global que vem sendo observado nas últimas
décadas (IPCC, 2023).
O aquecimento global, especificamente, tem um impacto substancial no clima global.
Ele pode alterar os padrões climáticos aos quais estamos acostumados, provocar o aumento do
nível do mar, causar o derretimento de geleiras e gerar uma série de outros efeitos que alteram
significativamente nosso ambiente.
Mas o que é exatamente o aquecimento global? De acordo com o Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão das Nações Unidas responsável
por produzir informações científicas sobre o clima, o aquecimento global é o aumento
progressivo da temperatura média da Terra. Este aumento é causado principalmente pelo
acúmulo de certos gases na atmosfera, conhecidos como gases de efeito estufa (GEE).
O efeito estufa é um processo natural fundamental para a vida na Terra. Ele ocorre
quando alguns gases na atmosfera retêm calor do sol, mantendo nosso planeta aquecido. Esses
gases incluem dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e vapor d'água.
Sem eles, a Terra seria muito fria para sustentar a vida como a conhecemos.
No entanto, ações humanas têm aumentado a quantidade desses gases na atmosfera. Atividades
como a queima de combustíveis como gasolina e diesel, a queima de madeira e o desmatamento
estão liberando maior quantidade desses gases na atmosfera. Como resultado, mais calor é
retido na Terra, o que eleva a temperatura do planeta e provoca mudanças no clima.
Os principais culpados são o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), que são
liberados principalmente pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento e agricultura
intensiva (WWF, 2022). Os combustíveis fósseis são formados pela decomposição de
organismos que morreram milhões de anos atrás, e esses depósitos ricos em carbono são
extraídos e queimados para gerar energia. Esses combustíveis, que atualmente fornecem cerca
de 80% da energia mundial (CLIENT EARTH, 2022), liberam grandes quantidades de CO2
quando queimados.
O desmatamento é a remoção intencional e permanente de florestas, associadas com o
crescimento dos mercados para os produtos que produzem a mudança de uso do solo como para
agricultura, indústria madeireira e com a urbanização e o crescimento populacional (RIVERO et
al, 2009). Assim como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento contribui para o
aumento das emissões de gases de efeito estufa, além de causar perda de biodiversidade,
degradação do solo e impactar os ciclos climáticos e hídricos regionais.
Para combater as mudanças climáticas, foram estabelecidos acordos internacionais,
como o Protocolo de Quioto em 1997, que complementa a Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). Ele estabeleceu metas de
redução de emissões para países desenvolvidos e aqueles em transição para o capitalismo, uma
vez que esses países são os principais responsáveis históricos pelas mudanças climáticas atuais.
O Protocolo de Quioto entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, após ser ratificado
por pelo menos 55% dos países-membros da Convenção, representando no mínimo 55% do
total das emissões de 1990. Seu objetivo principal é reduzir as emissões de gases de efeito
estufa para combater o aquecimento global e suas consequências.
Além disso, a Agenda 21, um documento resultante da Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, propõe diretrizes para o desenvolvimento
sustentável, abordando temas como proteção dos ecossistemas, desenvolvimento econômico
equitativo, erradicação da pobreza e promoção da participação social.
Outro instrumento importante na luta contra as mudanças climáticas é o conceito de crédito
de carbono, uma unidade de medida que equivale à redução de 1 tonelada de CO2 emitida
na atmosfera. Este conceito foi introduzido no Protocolo de Quioto em 1997, para
incentivar os países a reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Os mercados de crédito de carbono são sistemas que permitem a empresas,


organizações e até indivíduos balancear suas emissões de gases de efeito estufa. Eles fazem isso
adquirindo créditos que são gerados por projetos que reduzem as emissões desses gases ou
capturam carbono da atmosfera. O princípio que rege esses mercados é transferir o custo social
das emissões de gases de efeito estufa para aqueles que os emitem (NEXO, 2023).
Existem dois tipos principais de mercados de carbono: regulado e voluntário (BNDES,
2022). O mercado regulado, também conhecido como mercado de conformidade, é regido por
leis ou acordos internacionais, como o Protocolo de Quioto. Nele, os países ou empresas têm
limites legais (cotas) para suas emissões de gases de efeito estufa. Se ultrapassarem esses
limites, devem comprar créditos de carbono para compensar as emissões excedentes.
Já o mercado voluntário de carbono não é regido por leis obrigatórias, mas por
iniciativas individuais, de empresas ou de organizações que desejam reduzir voluntariamente
suas emissões de carbono. Essas entidades compram créditos de carbono para compensar suas
emissões, mesmo que não sejam legalmente obrigadas a fazê-lo.

TORNANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS UMA PRIORIDADE: IMPACTOS


GLOBAIS E AÇÕES LOCAIS
As mudanças climáticas não são mais uma previsão, mas sim uma realidade com a qual
a população mundial precisa lidar. Testemunhamos seus efeitos no nosso cotidiano: a
infraestrutura de cidades ameaçada, a produtividade das lavouras reduzida, os oceanos alterados
e a disponibilidade de peixes em risco. Devido à gravidade e abrangência dessas consequências,
o termo "crise climática" tornou-se amplamente adotado (WWF, 2023). Os fenômenos
climáticos deslocaram mais de 30 milhões de pessoas em 2020, tornando-as mais vulneráveis à
pobreza. Além disso, há milhões de pessoas refugiadas que ainda residem em regiões
vulneráveis às mudanças climáticas, como áreas propensas a inundações e tempestades, e
enfrentam a falta de recursos essenciais para se adaptarem a ambientes cada vez mais
desafiadores (ONU, 2021).
Em 2019, cerca de 356 mil pessoas morreram de doenças ligadas a intensas ondas de
calor em todo o mundo (THE LANCET, 2021). O Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC, 2023) assegura com 90% de confiança que o aquecimento global é
consequência das atividades humanas. Entre as principais ações que contribuem para esse
aquecimento estão: a queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo, carvão mineral e
gás natural) para geração de energia e transportes; a mudança no uso do solo; a agropecuária; o
descarte inadequado de resíduos sólidos e o desmatamento.
No Brasil, as mudanças do uso do solo e o desmatamento são as principais fontes de
nossas emissões, colocando o país entre os maiores emissores de gases de efeito estufa do
mundo. As mudanças de uso da terra responderam por 49% das emissões brutas de gases de
efeito estufa do país em 2021, seguidas da agropecuária, com 25%, o país é o sétimo maior
emissor de gases de efeito estufa do mundo (OBSERVATÓRIO DO CLIMA, 2023). Quando há
incêndios florestais ou áreas são desmatadas, esse carbono é liberado para a atmosfera,
contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global. No entanto, as emissões de GEE por
outras atividades, como agropecuária e geração de energia, têm aumentado significativamente
ao longo dos anos.
A queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, para geração de
energia e transporte, é uma das principais fontes de emissões de CO2. A indústria, a agricultura
e o desmatamento também contribuem para a liberação desses gases.
Incêndios florestais não só liberam carbono para a atmosfera, mas também afetam a
qualidade do ar, prejudicam a saúde humana e reduzem a biodiversidade. O desmatamento,
sobretudo em florestas tropicais como a Amazônia, contribui para a perda de habitats, redução
da biodiversidade e intensificação do efeito estufa, visto que as árvores desempenham um papel
crucial na regulação do equilíbrio atmosférico.
Considerando essa situação, fica evidente a importância contínua do debate sobre a
adaptação às mudanças climáticas no Brasil e em outros países da América Latina e do Caribe.
É essencial que os responsáveis pela tomada de decisões priorizem esse tema (CORTESE;
NATALINI, 2014).
O Brasil é signatário do Protocolo de Quioto, um acordo internacional que estabelece
metas de redução das emissões de gases de efeito estufa. Este acordo introduziu três
mecanismos para auxiliar os países a atingir suas metas de redução de emissões: Comércio de
Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Estes
mecanismos proporcionam aos países a possibilidade de reduzir suas emissões de forma mais
eficiente e promover projetos sustentáveis em outros países. Esse acordo representou um marco
significativo nas negociações internacionais sobre o clima e resultou em uma conscientização
global sobre a necessidade de ações concretas para mitigar as mudanças climáticas.
A Agenda 21 incentiva ações integradas entre governos, sociedade civil e o setor
privado para enfrentar de forma coesa os desafios ambientais. Essa agenda promove a
integração de políticas sustentáveis, estimula a participação da sociedade civil, incentiva a
cooperação entre os setores público e privado e busca o equilíbrio entre os aspectos sociais,
econômicos e ambientais do desenvolvimento. Além disso, a Agenda 21 contribui para a
conscientização ambiental e para a criação de estratégias de longo prazo para alcançar o
desenvolvimento sustentável.
Os Relatórios do Fórum Econômico Mundial também desempenham um papel crucial
no contexto das políticas públicas voltadas à mudança do clima. Em 2022, o relatório anual
destacou os principais riscos e desafios globais, incluindo questões ambientais. Ao analisar as
perspectivas econômicas e sociais, ele enfatiza a necessidade de ações concretas para mitigar as
mudanças climáticas e promover a resiliência diante de seus impactos.
Em 2022, o governo brasileiro promulgou o Decreto nº 11.075/2022 que regulamenta o
mercado de créditos de carbono no país, focando na exportação desses créditos para países
e empresas que necessitam compensar suas emissões. Esta regulamentação tem como
objetivo impulsionar a economia verde e aproveitar o potencial do Brasil na geração de
créditos de carbono (MMA, 2022).

A implementação dos créditos de carbono traz diversas vantagens. Em primeiro lugar, é


um mecanismo que incentiva a redução das emissões de GEE e contribui para mitigar os efeitos
das mudanças climáticas. Ao criar um mercado para a compra e venda desses créditos, as
empresas são estimuladas a adotar práticas mais sustentáveis e a investir em projetos de redução
de emissões. Além disso, os créditos de carbono podem impulsionar o desenvolvimento
econômico e tecnológico, promovendo a transição para uma economia de baixo carbono.
Os créditos de carbono desempenham um papel importante na mitigação das mudanças
climáticas e na transição para uma economia sustentável. Suas características, vantagens e
desvantagens devem ser cuidadosamente consideradas na implementação desses mecanismos.
No caso do Brasil, é necessário enfrentar desafios relacionados à governança ambiental e ao
combate ao desmatamento ilegal, visando aproveitar o potencial do país na geração de créditos
de carbono e promover o desenvolvimento sustentável.

APLICANDO CONCEITOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PRÁTICA:


EXEMPLOS DE AÇÕES LOCAIS E SETORES PROFISSIONAIS
Os conceitos relacionados às mudanças climáticas estão sendo aplicados no mundo real
e estão impactando e sendo abordados em vários setores profissionais. No setor de transportes,
por exemplo, o aumento do uso de veículos elétricos e híbridos está ajudando a reduzir as
emissões de CO2. Outra aplicação prática são as empresas compartilhamento de bicicletas e
patinetes elétricos, uma alternativa aos carros particulares e ao transporte público para viagens
curtas, essas empresas podem ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa
provenientes do setor de transporte, um dos maiores contribuintes para a mudança climática.
Hoje, a Tembici com o projeto Bike Itaú, seguem operando nesse segmento no Brasil,
incentivando a mobilidade urbana sustentável.
As políticas públicas são essenciais para a redução das emissões de gases de efeito
estufa, pois elas podem orientar, incentivar e regular as ações dos diferentes setores da
sociedade para diminuir o impacto das atividades humanas no clima. A implementação do
Protocolo de Quioto é um exemplo de política pública voltada para as mudanças climáticas. No
nível local, muitas cidades estão adotando planos de ação climática. Um bom exemplo é a
cidade de São Paulo, que, no ano de 2009, lançou a Política Municipal de Mudança do Clima e,
mais recentemente, em 2021, apresentou o Plano Municipal de Ação Climática. Dentro deste
plano, a meta estabelecida é eliminar 17 milhões de toneladas de Gases de Efeito Estufa (GEE)
até o ano de 2030. O plano também prevê a implementação de medidas que visem reduzir as
vulnerabilidades sociais, econômicas e ambientais, facilitando, assim, um processo de adaptação
mais efetivo.
Nos últimos anos, a administração pública local, incluindo tanto o governo executivo
quanto o legislativo, abordou ativamente a questão, colocando-a como uma prioridade da
agenda da cidade. Como resultado, foram criadas leis e políticas públicas com o objetivo de
lidar com os efeitos adversos desse fenômeno, concentrando-se em medidas de prevenção,
remediação, mitigação e adaptação (CORTESE, NATALINI, 2014). A cidade de São Paulo já
começou a tomar ações concretas em relação a essas metas. Algumas dessas ações incluem a
substituição de lâmpadas tradicionais por lâmpadas LED, a substituição de veículos a diesel na
frota de transporte público, a criação de Ecopontos, a implementação de um sistema de coleta
seletiva de resíduos e a instalação de jardins de chuva, que ajudam a gerenciar o escoamento da
água durante fortes precipitações.
As empresas também têm um papel importante na redução das emissões de gases estufa, pois
elas são responsáveis por uma parte significativa das atividades que geram essas emissões,
como a queima de combustíveis fósseis, os processos industriais, o transporte e o consumo de
energia.
A Natura, uma renomada empresa brasileira de cosméticos, tem um compromisso
profundo com a sustentabilidade. Ela utiliza ingredientes naturais de forma responsável,
esforça-se para minimizar o uso de embalagens e investe em projetos de reflorestamento. Um
exemplo notável é o Programa Natura Carbono Neutro. Iniciado em 2007, este programa tem
como objetivo compensar 100% das emissões de gases de efeito estufa geradas pelas atividades
da empresa. Portanto, a Natura já neutralizou todas as emissões de carbono decorrentes de suas
operações desde então.
Outro caso, certificada como B-Corp, uma certificação que atesta o compromisso da
empresa com padrões rigorosos de desempenho social e ambiental, transparência e
responsabilidade, é a empresa Patagonia de equipamentos e roupas para atividades ao ar livre,
tem uma longa história de envolvimento em questões ambientais e climáticas. Em 2019, a
Patagonia recebeu o título de 'Campeã da Terra', o maior prêmio ambiental concedido pela
Organização das Nações Unidas (ONU). Esse prêmio reconheceu a abordagem inovadora da
empresa que colocou a sustentabilidade no centro do seu modelo de negócios bem-sucedido.
Atualmente, quase 70% dos produtos fabricados pela Patagonia provêm de materiais reciclados,
entre eles, garrafas plásticas, e a empresa tem o objetivo de alcançar o uso de 100% de materiais
renováveis ou reciclados até 2025. Além disso, a Patagonia mantém um compromisso com a
filantropia voltada ao meio ambiente, destinando 1% de suas vendas totais para organizações
ambientalistas por meio do programa '1% for the Planet'. Esta ação já resultou em doações de
aproximadamente US$ 90 milhões para organizações de base e capacitou milhares de jovens
ativistas durante os últimos 35 anos.
O Brasil pode se beneficiar financeiramente com a venda de créditos de carbono.
Devido à extensa cobertura florestal do país, principalmente na Floresta Amazônica, o país
possui potencial para gerar créditos ao preservar suas áreas naturais e reduzir o desmatamento.
Estimativas indicam que o Brasil poderia gerar até R$ 26 bilhões por ano com a venda de
créditos de carbono, com potencial de criação de 1,5 milhão de empregos até 2030
(MCKINSEY & COMPANY, 2021).
Na Amazônia, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) tem um papel
ativo na pesquisa e promoção de soluções sustentáveis. Eles têm trabalhado na criação de um
mercado de carbono que compensa os povos indígenas e as comunidades locais pela
conservação das florestas. Outro projeto, localizado no estado do Amapá, o Projeto REDD
(Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação florestal) Jari/Amapá é um dos
exemplos de projeto que gera créditos de carbono no Brasil. Por meio da preservação de uma
grande área de floresta tropical, o projeto evita a emissão de milhões de toneladas de carbono
que seriam liberadas pelo desmatamento e queima da floresta.

Aula 2 - Questões e Impactos Ambientais

INTRODUÇÃO
Olá, estudante, seja bem-vindo à nossa segunda aula da unidade Meio Ambiente e
Sustentabilidade, na qual exploraremos as questões e os impactos dos programas de
sustentabilidade nos meios organizacional, público e social.
Vivemos em um mundo em constante transformação, no qual a busca pelo equilíbrio
entre o progresso econômico e a preservação ambiental se torna cada vez mais crucial. A
sustentabilidade emerge como um conceito fundamental nessa busca, com o objetivo de atender
às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras.
Nessa aula, discutiremos os dilemas do desenvolvimento sustentável, examinaremos os pilares
da sustentabilidade em relação à cadeia produtiva e abordaremos a noção de sociedade de risco,
seus impactos no meio ambiente, o risco social dos problemas ambientais e o esgotamento de
recursos.
Ao final desta aula, espero que você tenha adquirido uma compreensão mais aprofundada das
questões e dos impactos dos programas de sustentabilidade nos meios organizacional, público e
social. Também espero que tenhamos despertado uma consciência maior sobre os dilemas do
desenvolvimento sustentável, os pilares da sustentabilidade na cadeia produtiva e os desafios da
sociedade de risco. Lembrem-se: a sustentabilidade é uma responsabilidade compartilhada por
todos nós e cada ação individual pode fazer a diferença na construção de um futuro mais
sustentável.
Bons estudos!

PROGRAMAS DE SUSTENTABILIDADE: FUNDAMENTOS, ATORES E


DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DE UM FUTURO SUSTENTÁVEL
Agora, exploraremos os conceitos fundamentais e as classificações dos programas de
sustentabilidade. Em um mundo cada vez mais consciente dos desafios ambientais, sociais e
econômicos, os programas de sustentabilidade desempenham um papel crucial na busca por
soluções duradouras.
Um programa de sustentabilidade é um roteiro acionável detalhando as medidas e
atividades relacionadas que geram resultados e contam sua história de sustentabilidade. Inclui
estrutura organizacional, iniciativas bem definidas e planos de implementação específicos
(GREEN BUSINESS BUREAU, 2021).
Os programas de sustentabilidade no meio organizacional são desenvolvidos por
empresas e organizações privadas com o objetivo de reduzir seu impacto ambiental e promover
práticas sustentáveis. Geralmente incluem a definição de metas e indicadores de desempenho
ambiental, a adoção de tecnologias mais limpas, o estabelecimento de cadeias de suprimentos
sustentáveis e a promoção da responsabilidade social corporativa (UN GLOBAL COMPACT,
2021).
Após a implementação do programa e o alcance das metas ambientais estabelecidas,
uma etapa de avaliação será realizada para enfocar a constante melhoria do desempenho
ambiental. Ao elaborar um plano de gestão ambiental, os responsáveis pela atividade ou
empreendimento se empenharão em abordar todos os efeitos ambientais associados a ele,
debatendo e implementando estratégias para reduzir ou eliminar esses impactos (VALLE et al.,
2019).
Os governos também desempenham um papel fundamental na promoção da
sustentabilidade, por meio de uma variedade de intervenções políticas e medidas de
financiamento. Essas ações têm como objetivo apoiar a transformação dos sistemas
energéticos e industriais, melhorar a eficiência energética, combater a poluição ambiental e
proteger e restaurar o capital natural (EY, 2022). Os programas de sustentabilidade no meio
público são implementados por governos e instituições governamentais para promover
práticas ambientalmente responsáveis em nível regional, nacional ou internacional.

Quando implementados por organizações da sociedade civil, movimentos sociais e


comunidades locais, são denominados programas de sustentabilidade no meio social e têm como
objetivo promover a conscientização ambiental, capacitar as comunidades e incentivar práticas
sustentáveis no nível individual e coletivo. Essas organizações têm como características a
ausência de finalidades lucrativas, o foco no interesse público e a atuação em áreas que
frequentemente não são abrangidas pelo setor público ou pelo setor privado. Promovem a
participação ativa das comunidades na proteção do meio ambiente, fortalecem os laços sociais e
culturais e empoderam grupos marginalizados (GIFE, 2020).
O conceito de desenvolvimento sustentável é de fundamental importância para
compreendermos os desafios e as soluções necessárias para promover um futuro viável e
equilibrado. O conceito surgiu durante a Comissão de Brundtland, na década de 1980, onde foi
elaborado o relatório Our Commom Future, "É a forma como as atuais gerações satisfazem suas
necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem
as suas próprias necessidades" (SCHARF, 2004, p.19).
Portanto, é essencial que governos, empresas e organizações levem em conta o equilíbrio dos
seguintes elementos ao planejar e executar suas ações no processo de tomada de decisões: a)
Aspectos econômicos (estimular o crescimento e o desenvolvimento econômico); b) Aspectos
sociais (atender às necessidades humanas); c) Aspectos ambientais (preservar a capacidade de
regeneração e recuperação do ambiente natural) (DIAS, 2015; PEREIRA; SILVA;
CARBONARI, 2017).
Nos conceitos mais recentes de desenvolvimento sustentável, há o reconhecimento
crescente da importância de envolver múltiplos atores e adotar uma perspectiva da cadeia
produtiva para promover a sustentabilidade. A perspectiva da cadeia produtiva é essencial para
entender o impacto ambiental, social e econômico de um produto ou serviço em todas as etapas
de sua vida útil – desde a extração de recursos até o descarte final. Isso envolve a análise dos
processos de produção, transporte, distribuição, consumo e descarte, e como eles afetam os
recursos naturais, o meio ambiente e as comunidades envolvidas (ONU, 2022).
Nessa perspectiva complexa, integrada e interdependente, as Nações Unidas em 2015
como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, propuseram os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma série de 17 objetivos interconectados que visam
abordar os principais desafios globais, como a erradicação da pobreza, a proteção do meio
ambiente, a promoção da igualdade de gênero, o acesso à educação, a melhoria da saúde e o
combate às mudanças climáticas.
Diante da nova configuração social em que perigos e riscos são produzidos pela
atividade humana, o sociólogo alemão Ulrich Beck, em 2002, propôs o conceito de “sociedade
de risco”, os riscos são gerados principalmente por avanços científicos e tecnológicos, pela
industrialização, pela globalização e pela exploração indiscriminada dos recursos naturais. Esses
riscos podem assumir várias formas, como acidentes nucleares, desastres ambientais, crises
econômicas, epidemias, alterações climáticas, entre outros (LEHFELD; NETO, 2022).
Uma pesquisa da Mckinsey (2016) destacou dois riscos da cadeia produtiva: o primeiro
está relacionado ao impacto na sustentabilidade do fornecimento de bens e serviços aos clientes.
Isso envolve a capacidade de as empresas de fornecer produtos de forma sustentável,
considerando aspectos como eficiência energética, redução de emissões de carbono, gestão
responsável de recursos naturais e práticas de trabalho justas.
Outro tipo de risco está ligado ao impacto da sustentabilidade nas cadeias de
suprimentos das empresas consumidoras. Isso significa que as ações e práticas sustentáveis
adotadas por uma empresa podem ter efeitos na cadeia de fornecedores, podendo causar
interrupções ou desafios em relação à sustentabilidade em diferentes estágios da cadeia
(MCKINSEY, 2016).
A sociedade de risco apresenta desafios significativos no que diz respeito aos impactos
no meio ambiente, ao risco social dos problemas ambientais e ao esgotamento de recursos. A
abordagem desses temas requer ações coletivas e políticas integradas que visem a conservação
dos recursos naturais, a redução dos riscos sociais e a promoção de práticas sustentáveis.
COMPREENDENDO A INTEGRAÇÃO DE PROGRAMAS, ATORES E
SETORES PARA AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade tornou-se uma preocupação global nas últimas décadas,
impulsionada pela necessidade de preservar os recursos naturais e minimizar os impactos
negativos das atividades humanas no meio ambiente. Para abordar essa questão, diferentes
setores da sociedade, como o meio organizacional, público e social, têm implementado
programas de sustentabilidade. Além disso, de acordo com a pesquisa "Líderes em
Sustentabilidade" realizada pela GlobeScan em 2020, constatou-se que os governos nacionais
apresentam uma lacuna na liderança em relação ao desenvolvimento sustentável. Essa
constatação reforça a necessidade de intervenções estatais mais assertivas para enfrentar os
crescentes desafios globais de sustentabilidade.
Ao adotar um programa de sustentabilidade, as organizações podem reduzir seus custos
operacionais por meio da eficiência energética, do uso de materiais sustentáveis e da redução de
resíduos. Além disso, as empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade podem
melhorar sua imagem corporativa, fortalecer a confiança dos consumidores e atrair investidores
socialmente responsáveis.
Os programas públicos envolvem a elaboração de políticas ambientais, a criação de leis e
regulamentos ambientais, a implementação de programas de educação ambiental e o
estabelecimento de parcerias com o setor privado e organizações da sociedade civil. Os
governos podem promover o desenvolvimento econômico sustentável e melhorar a qualidade de
vida das comunidades. Os programas no meio social envolvem atividades como campanhas de
sensibilização, programas de educação ambiental, projetos de agricultura sustentável, incentivo
ao comércio justo, criação de reservas naturais comunitárias e ações de preservação cultural.
Os programas de sustentabilidade nos meios organizacional, público e social
desempenham um papel fundamental na transição para um futuro mais sustentável. Cada
contexto apresenta características, vantagens e limitações específicas. Enquanto as organizações
podem reduzir seu impacto ambiental e fortalecer sua reputação por meio de programas de
sustentabilidade, os governos podem promover ações coordenadas e políticas ambientais
eficazes.
A sociedade civil assume um papel central nessa construção dos fundamentos para um
desenvolvimento mais responsável e abrangente (VALLE et al., 2019). Já no meio social, os
programas de sustentabilidade capacitam as comunidades e promovem a participação ativa das
pessoas na proteção do meio ambiente. No entanto, é importante reconhecer as limitações, como
a resistência cultural, a falta de recursos e a complexidade dos desafios ambientais.
Com ações integradas entre os setores público, privado e as organizações da sociedade
civil para impulsionar o desenvolvimento sustentável, é possível o compartilhamento de
recursos, acesso a mercados sustentáveis, fortalecimento da governança participativa e a criação
de soluções inovadoras. Quando aplicada à cadeia produtiva, essa integração pode impulsionar
melhorias sustentáveis em todas as etapas do processo, desde a produção até o consumo,
resultando em uma cadeia mais responsável e sustentável.
Os ODS foram desenvolvidos para serem integrados e abrangentes, são fundamentais
para a implementação da Agenda 2030, que busca uma transformação profunda nos padrões de
produção e consumo, abordando simultaneamente as dimensões econômica, social e ambiental
do desenvolvimento sustentável. Eles reconhecem a necessidade de equilibrar o crescimento
econômico, a inclusão social e a proteção ambiental, buscando um futuro sustentável para as
gerações presentes e futuras.
Essa temática se torna fundamental para reduzir os riscos ambientais, sociais e de
esgotamento de recursos, a fim de assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações. É
imprescindível repensar nossos padrões de produção, considerando a eficiência energética, a
redução de resíduos, a conservação de recursos naturais e a promoção de práticas de consumo
consciente.
Ao adotarem a sustentabilidade como critério e objetivo em suas atividades, as
empresas transformam a forma como se relacionam com os diversos atores envolvidos em seu
processo de produção, incluindo a cadeia de valor, a cadeia de suprimentos e os stakeholders.
Seguindo essa lógica, o enfoque estratégico das empresas deve ser estabelecer, integrar e
desenvolver redes de negócios interdependentes e corresponsáveis, nas quais a produtividade
esteja diretamente ligada e seja viabilizada pelo retorno dos recursos utilizados nos processos de
sua cadeia produtiva para a sociedade como um todo. Dessa maneira, pode-se afirmar que esses
recursos são renováveis (PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2017).
Na perspectiva da cadeia produtiva, embora os riscos de sustentabilidade sejam uma
realidade, é importante destacar que relativamente poucas empresas estão trabalhando em
colaboração com seus fornecedores para gerenciar esses riscos de maneira eficaz (MCKINSEY,
2016). A abordagem tradicional de apenas monitorar e auditar fornecedores não é suficiente
para lidar com os desafios e as oportunidades relacionados à sustentabilidade.
Os riscos derivados dos processos de produção e consumo da sociedade, juntamente
com a degradação ambiental e os impactos negativos na saúde resultantes, são distribuídos de
maneira desigual tanto no espaço geográfico quanto no âmbito social (ROSA; FRACETO;
MOSCHINI-CARLOS, 2009). Quanto aos riscos causados pelos impactos ambientais, é crucial
desenvolver estratégias de mitigação e adaptação, além de promover a conservação dos recursos
naturais. Essa compreensão é essencial para a tomada de decisões informadas e a
implementação de políticas eficazes.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO),
aproximadamente 33% do solo do planeta está atualmente em estado de degradação, o que afeta
negativamente a produtividade agrícola, comprometendo a segurança alimentar e o sustento de
comunidades rurais em todo o mundo (ONU, 2021). Além disso, contribui para a perda de
biodiversidade, aumenta a vulnerabilidade às mudanças climáticas e prejudica os serviços
ecossistêmicos essenciais, como a regulação do ciclo da água e a conservação dos nutrientes do
solo.
O risco social dos problemas ambientais é influenciado por fatores sociais, econômicos
e culturais. Grupos socialmente vulneráveis, como populações de baixa renda, comunidades
indígenas e minorias étnicas, geralmente enfrentam maiores riscos e desafios relacionados aos
problemas ambientais. O Relatório da ONU (2022) destacou que os países e grupos
populacionais mais vulneráveis são impactados desproporcionalmente. As mulheres sofreram
maior perda de postos de trabalho, combinada a um aumento do trabalho doméstico, além do
aumento de casos de violência contra as mulheres no período da Pandemia de Covid-19. No ano
de 2020, houve um aumento de aproximadamente 25% na ocorrência global de ansiedade e
depressão, com os jovens e as mulheres mais afetados .
Outro risco da sociedade causado pelos problemas ambientais é o esgotamento de
recursos, o qual se refere à diminuição e degradação dos recursos naturais disponíveis, como
água, minerais, energia e biodiversidade. Esse esgotamento resulta do consumo excessivo, da
exploração insustentável e da degradação dos ecossistemas.
Em 2018, a pesquisa da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN)
indicou que quase 30% das mais de 138 mil espécies do planeta estão ameaçadas de
extinção (CNN, 2021). De acordo com o Relatório Planeta Vivo, a biodiversidade global
diminuiu em 69% entre 1970 e 2022, sendo que os países da América Latina e Caribe
foram particularmente afetados, com uma redução de 94% (WWF, 2022).

De acordo com uma pesquisa recente divulgada pela GFN (Global Footprint Network)
em 2022, foi constatado que seria necessário o equivalente a 1,75 planetas para sustentar o
nosso atual padrão de consumo. Essa estatística revela que estamos operando com um modelo
de produção e consumo insustentável, uma vez que quase dois planetas seriam necessários para
suprir nossas demandas.
Segundo a pesquisa "Consumo Consciente" realizada em 2019 pelo SPC Brasil e
Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 98% dos brasileiros têm a percepção de
que o consumo irresponsável dos recursos naturais do planeta acarreta algum tipo de impacto no
meio ambiente. Esses dados nos alertam para a urgência de discutir e repensar esse modelo, bem
como nos comprometer coletivamente com agendas que busquem uma mudança. Um exemplo
importante é a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que inclui entre seus
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável o objetivo número 12, que trata especificamente do
compromisso com a produção e o consumo responsáveis.
É necessário estabelecer parcerias estratégicas com os fornecedores, envolvendo-os de
maneira ativa e colaborativa no desenvolvimento e na implementação de práticas sustentáveis
na cadeia de suprimentos. Isso inclui compartilhar informações, estabelecer metas e indicadores
de desempenho, realizar capacitação e incentivar a inovação sustentável. O World Wildlife
Fund (WWF) oferece mais de 50 indicadores de desempenho para medir os riscos da cadeia,
associados à produção de uma variedade de commodities, bem como a probabilidade e a
gravidade desses riscos.

SUSTENTABILIDADE NA PRÁTICA: OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA


UM FUTURO SUSTENTÁVEL
As organizações têm uma grande oportunidade de promover a sustentabilidade por meio
de seus modelos de negócios, operações, cadeias de suprimentos e engajamento dos
funcionários. Elas podem implementar iniciativas de sustentabilidade que beneficiem o meio
ambiente, ao mesmo tempo em que economizam custos, impulsionam a inovação e criam valor
para a marca.
A Interface, Inc. é um exemplo de uma empresa que transformou a sustentabilidade em
uma oportunidade de negócios. A empresa global de carpetes e revestimentos tem uma visão
chamada "Missão Zero", cujo objetivo é não ter nenhum impacto negativo no meio ambiente até
2020. Ela também introduziu um modelo de negócios chamado "Sistema de Serviço de
Carpete", em que os clientes compram o serviço de carpete, em vez do produto, permitindo a
reutilização e reciclagem de materiais.
Para apoiar empresas na avaliação de seus programas, a organização Global Reporting
Initiative (GRI) desenvolve diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade pelas
empresas. Por meio de suas diretrizes, é possível acessar informações sobre programas de
sustentabilidade e indicadores usados para monitorar o desempenho sustentável.
No caso do setor público, existe a possibilidade de estabelecimento de políticas,
regulamentos e iniciativas que promovam práticas sustentáveis em vários setores da sociedade.
Um exemplo bem-sucedido dessa prática é o Programa Cidades Sustentáveis (Brasil), o
programa fornece aos municípios uma agenda completa de sustentabilidade, ajudando-os a
integrar as considerações ambientais, sociais e econômicas em suas políticas e práticas.
Para analisar os esforços conjuntos dos governos, do setor privado e das organizações
da sociedade civil, o Relatório Global de Desenvolvimento Sustentável 2022 (ONU, 2022) é
uma compilação abrangente de dados fornecidos por mais de 200 países de todo o mundo. Ele
fornece uma análise detalhada dos impactos diretos da atual crise nos 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), destaca a urgência de enfrentar os desafios globais, como
as mudanças climáticas, a pobreza, a desigualdade e a degradação ambiental, que estão cada vez
mais interligados. Atingir os ODS não é apenas uma aspiração, mas uma necessidade imperativa
para garantir um futuro sustentável para todos.
Para conhecer os programas de sustentabilidade da sociedade civil, é possível acessar o
Mapa das Organizações da Sociedade Civil, uma plataforma online georreferenciada de
transparência pública, lançada em 2016, conforme determinado pelo Decreto Federal nº 8.726.
Essa iniciativa, desenvolvida pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), tem como
propósito promover a transparência e facilitar o acesso a informações sobre as OSCs,
fornecendo uma visão abrangente do cenário do terceiro setor no país.
No ano de 2017, foi estabelecida uma parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Essa
colaboração permitiu que as Organizações da Sociedade Civil (OSC), ao preencherem seus
dados no Mapa, pudessem relacionar suas ações e atividades com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS). Essa integração entre o Mapa das OSCs e os ODS oferece
uma oportunidade valiosa para as organizações demonstrarem seu engajamento com a agenda
global de sustentabilidade e contribuírem para o alcance desses objetivos em nível local e
nacional.
O Programa Bolsa Floresta (Amazonas, Brasil) é um exemplo de um programa que
promove tanto a sustentabilidade ambiental quanto social. Ao fornecer pagamentos diretos
às comunidades que se comprometem com a conservação e a utilização sustentável das
florestas, o programa apoia o desenvolvimento econômico local e a preservação do
ecossistema da floresta tropical.

O desenvolvimento sustentável é baseado em três pilares principais: social, ambiental e


econômico. A sustentabilidade social na cadeia produtiva envolve a promoção dos direitos
humanos, condições de trabalho justas e seguras, a participação e o desenvolvimento da
comunidade local. A The Body Shop, uma empresa de cosméticos, implementou uma iniciativa
chamada "Comércio Justo com Comunidades", que visa melhorar a vida das comunidades locais
ao comprar ingredientes e acessórios diretamente de pequenos produtores ao redor do mundo.
Essa iniciativa não só garante que os produtores recebam um preço justo, mas também ajuda a
apoiar o desenvolvimento econômico nas comunidades onde a empresa opera.
Também no ramo de cosméticos, a Natura & Co é reconhecida globalmente por seu
compromisso com a sustentabilidade ambiental. Ela está comprometida com a obtenção
sustentável de ingredientes, com foco especial na Amazônia brasileira. Um programa
emblemático da Natura é o "Programa Amazônia", o qual foi criado para promover a
biodiversidade e o desenvolvimento socioeconômico na região amazônica. A Natura trabalha
diretamente com comunidades locais para a extração sustentável de ingredientes botânicos que
são usados em seus produtos. Isso não só promove a preservação da floresta, mas também
proporciona uma fonte de renda para as comunidades locais.
Além disso, a Natura foi a primeira empresa de cosméticos a oferecer recargas de
produtos no Brasil, uma prática que se tornou um pilar de seus esforços para reduzir o
desperdício de embalagens. Em 2007, a empresa também lançou sua linha "Ekos", que utiliza
apenas ingredientes extraídos de forma sustentável da Amazônia.
O setor eletrônico e de tecnologia é uma área em que a sustentabilidade pode
desempenhar um papel importante, dada a rápida taxa de obsolescência dos produtos e a
quantidade de resíduos eletrônicos que são produzidos. A Fairphone, por exemplo, é uma
empresa de tecnologia social com sede na Holanda e seu objetivo principal é desenvolver
smartphones que tenham um impacto mínimo no meio ambiente e que sejam produzidos sob
condições de trabalho justas. A empresa procura usar materiais obtidos de forma responsável e
justa, com design durável projetados para serem duráveis e reparáveis. Ela também oferece um
programa de reciclagem para ajudar a garantir que os telefones antigos sejam descartados de
forma responsável e que os materiais valiosos sejam recuperados e reutilizados.
Esses exemplos mostram como a sustentabilidade pode ser incorporada em todas as etapas da
cadeia produtiva, desde a aquisição de matérias-primas até a produção, distribuição e descarte
de produtos.
Mesmo com tantos exemplos que tornam o planeta mais sustentável e justo, na
Sociedade de Risco, as ameaças modernas, como a degradação ambiental e o esgotamento de
recursos, não respeitam fronteiras nacionais e têm o potencial de afetar a todos,
independentemente de sua posição social.
O risco social dos problemas ambientais refere-se a como esses problemas afetam de
maneira desproporcional certas populações, especialmente as mais vulneráveis. Muitas vezes, as
populações mais pobres e marginalizadas são as mais afetadas pelos impactos ambientais, um
conceito conhecido como injustiça ambiental.
A poluição plástica nos oceanos é um exemplo muito claro de um risco ambiental
moderno. Os plásticos são materiais duráveis e versáteis que são usados em uma grande
variedade de produtos. No entanto, sua resistência à degradação, juntamente com o uso
excessivo e descarte inadequado, tem levado a uma poluição plástica generalizada. Isso é
particularmente evidente nos oceanos, onde se estima que milhões de toneladas de plástico
acabem todos os anos.
O tratado global de plástico teve como objetivo debater as diretrizes e ações de um
tratado para combater a poluição especificamente provocada pelo plástico em nível global.
Como direcionamento, representantes de 175 países querem limitar a produção e o consumo de
plásticos descartáveis, como sacolas plásticas, e favorecer a reciclagem e reutilização como
estratégia para reduzir os resíduos plásticos descartados no meio ambiente. Além de incentivos
para indústria, a adoção de práticas mais sustentáveis também promoverá de certo modo a
limpeza dos oceanos.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgou um plano
para reduzir o desperdício de plástico em 80% até 2040, com ações de reutilização, reciclagem e
reorientação de embalagens plásticas a materiais alternativos (ONU, 2023). Ainda há um longo
caminho de negociações, mas a transição para uma indústria do plástico mais sustentável é
fundamental para alcançar as metas estabelecidas no acordo e mitigar os impactos das mudanças
climáticas. Essas ações fomentam os caminhos para circularidade do plástico – que envolve
projetar, produzir e gerenciar plásticos de forma a mantê-los dentro da economia e fora do meio
ambiente – como novo produto e novos modelos de negócio.

Aula 3 – Uso de Recursos


INTRODUÇÃO
Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre uso de recursos. Iremos explorar as
principais questões relacionadas ao uso de recursos e sustentabilidade, analisando conceitos,
estratégias e práticas que podem contribuir para a construção de um futuro mais responsável e
harmonioso com a natureza. Nesta aula, você vai aprender sobre os três pilares fundamentais
para a gestão responsável dos recursos naturais: Ecologia e o uso sustentável dos recursos
naturais, os 5Rs e a inovação e logística verde.
A crescente preocupação com os impactos das atividades humanas no meio ambiente
tem impulsionado a busca por soluções inovadoras e práticas mais conscientes em relação ao
uso dos recursos naturais. A Ecologia, como ciência que estuda as interações dos seres vivos
com o meio ambiente, desempenha um papel primordial ao fornecer os conhecimentos
necessários para compreender os ecossistemas, a biodiversidade e os efeitos das ações humanas
sobre o ambiente.
A estratégia dos 5Rs visa não apenas reduzir a quantidade de resíduos e a extração de
recursos naturais, mas também estimular uma reflexão sobre nossos hábitos e comportamentos
em relação ao consumo, levando a escolhas mais sustentáveis.
Por fim, abordaremos a inovação e logística verde, que representa um enfoque
estratégico para otimizar a gestão dos recursos naturais. A inovação verde busca incorporar
novas ideias e tecnologias que promovam a eficiência energética, a redução do desperdício e a
conservação dos recursos. A logística verde, por sua vez, visa considerar aspectos ambientais
em todas as etapas do processo logístico, buscando aprimorar transporte, armazenamento,
distribuição e gerenciamento de resíduos de forma ambientalmente responsável.
Bons estudos!

SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO: CONCEITOS E ESTRATÉGIAS PARA


UM USO RESPONSÁVEL DE RECURSOS
No cenário atual de crescente desenvolvimento humano e exploração dos recursos
naturais, a busca por equilíbrio entre o progresso socioeconômico e a preservação ambiental
tornou-se uma das maiores preocupações da humanidade. O uso de recursos naturais é essencial
para o bem-estar e a prosperidade das sociedades, mas a exploração irresponsável tem gerado
danos significativos ao meio ambiente, ameaçando a estabilidade dos ecossistemas e o futuro
das gerações vindouras.
A Ecologia é um componente essencial da ciência ambiental, abordando a interação
entre os seres vivos e o meio ambiente. Cada organismo pertence a uma espécie específica, com
características distintas que os diferenciam –os seres humanos, por exemplo, são classificados
como Homo sapiens sapiens pelos biólogos (MILLER; SPOOLMAN, 2012). A Ecologia
desempenha um papel fundamental no entendimento das interações entre os organismos e os
recursos naturais disponíveis, promovendo a conscientização sobre a importância do uso
sustentável desses recursos para garantir a preservação dos ecossistemas e a qualidade de vida
das gerações presentes e futuras.
De acordo com Miller e Spoolman (2012), um dos pontos-chave da Ecologia é o estudo
dos ecossistemas, que são conjuntos de organismos interagindo entre si e com o meio ambiente
de matéria inanimada e energia em uma área específica. Por exemplo: um ecossistema florestal
consiste em plantas, animais e microrganismos que interagem, decompondo materiais orgânicos
e reciclando produtos químicos, além de receberem energia solar e produtos químicos do ar, da
água e do solo do ecossistema.
O estudo da ecologia engloba tanto fatores bióticos— incluem todos os seres vivos
presentes no ecossistema, como produtores (plantas) e consumidores (animais), quanto abióticos
— englobam processos físicos e químicos, como condições climáticas, fatores ambientais e
elementos químicos essenciais para o funcionamento do ecossistema (REIS; CAMARGO,
2018).
Esses fatores interagem de forma complexa e dinâmica, influenciando a estrutura e o
funcionamento dos ecossistemas, bem como as populações de seres vivos que deles dependem.
O estudo dessas interações é fundamental para compreender a diversidade e a estabilidade dos
sistemas naturais e, assim, embasar estratégias de conservação e uso sustentável dos recursos
naturais.
A aplicação da Ecologia no manejo de recursos naturais tem mostrado resultados
positivos, auxiliando na tomada de decisões sobre a utilização e preservação desses recursos
para as futuras gerações. O termo "manejo" refere-se a procedimentos e operações que
interferem nas condições ambientais com o objetivo de aumentar a produtividade, melhorar a
qualidade e agregar valor à matéria-prima.
Segundo Reis e Camargo (2018), o manejo de todo e qualquer recurso natural deve
englobar um conjunto de procedimentos e técnicas que assegurem:
1) a capacidade ininterrupta do ambiente de oferecer produtos e serviços, diretos e indiretos;
2) a capacidade de regeneração natural;
3) a capacidade de manutenção da biodiversidade;
4) a capacidade de sustentabilidade.
Outra abordagem sustentável para o uso de recursos naturais é a estratégia dos “Rs”.
Focada na minimização do impacto ambiental e na promoção da responsabilidade individual e
coletiva. Essa abordagem visa romper com o paradigma do consumo excessivo e descarte
irresponsável, incentivando práticas conscientes e proativas em relação aos recursos
disponíveis.
Os "3Rs" (reduzir, reutilizar e reciclar) são um conceito tradicional que tem sido
amplamente utilizado em programas de gestão de resíduos e na busca por uma abordagem mais
sustentável no tratamento dos resíduos sólidos (DIAS, 2015). Mais recentemente, pesquisas
ampliaram para 5Rs, embora as duas abordagens compartilhem o mesmo objetivo de promover
a sustentabilidade, os "5Rs" oferecem uma visão mais abrangente, enfatizando a importância de
repensar nossas ações e recusar práticas insustentáveis, além de reduzir, reutilizar e reciclar.
Essa abordagem mais completa é frequentemente adotada em programas de educação ambiental
e em iniciativas que buscam uma abordagem mais holística e proativa para a gestão de recursos
e resíduos.
Os 5Rs têm suas raízes no conceito de economia circular, que propõe um modelo de
produção e consumo baseado no fechamento do ciclo dos materiais, minimizando a extração de
recursos e o desperdício (WEETMAN, 2020). Essa abordagem é fundamentada na percepção de
que os recursos naturais são finitos e preciosos, e que ações individuais e coletivas são
essenciais para preservá-los para as futuras gerações.
A primeira etapa dos 5Rs envolve a redução do consumo desnecessário. Trata-se de
evitar o uso excessivo de recursos e a produção de resíduos desde o início, por meio de escolhas
mais conscientes e sustentáveis. Essa abordagem requer uma mudança de mentalidade,
buscando uma vida mais simples e focada na qualidade em vez da quantidade. Reutilizar é dar
uma segunda vida aos produtos ou materiais, evitando que se tornem resíduos. Ao reutilizar
itens, reduzimos a demanda por novos recursos e minimizamos a quantidade de lixo descartado.
Isso pode ser feito por meio de consertos, doações e trocas, ou criando novos usos para objetos
que seriam descartados.
Reciclar é uma prática amplamente conhecida e fundamental nos 5Rs. Ela envolve o
processamento de resíduos e materiais descartados para criar novos produtos ou matérias-
primas. A reciclagem contribui para a redução da extração de recursos naturais e o alívio da
pressão sobre os ecossistemas, além de minimizar a quantidade de resíduos que acabariam em
aterros sanitários ou no meio ambiente.
Repensar significa questionar nossos hábitos e comportamentos em relação ao
consumo e ao uso de recursos. É um convite para refletir sobre o impacto que nossas escolhas
têm no meio ambiente e na sociedade como um todo. Ao repensar, buscamos alternativas mais
sustentáveis e avaliamos as consequências de nossas ações, visando um futuro mais
equilibrado. Recusar é uma etapa fundamental para evitar a geração desnecessária de resíduos e
a exploração de recursos não renováveis. Isso envolve dizer não a produtos descartáveis e
aquisições supérfluas, bem como evitar o uso de materiais não sustentáveis. Ao recusar, estamos
fazendo uma escolha consciente de não contribuir para padrões de consumo insustentáveis.
Com essa crescente preocupação com a preservação do meio ambiente, a busca por
soluções inovadoras e sustentáveis em diversos setores da sociedade tem sido impulsionada.
Nesse contexto, a relação entre a inovação e logística verde emerge como uma abordagem
fundamental para a gestão responsável dos recursos naturais. A combinação desses dois
conceitos traz uma perspectiva holística para a gestão de recursos, focando na eficiência
operacional, na redução do impacto ambiental e no desenvolvimento de práticas responsáveis e
sustentáveis.
A inovação verde é amplamente reconhecida como um mecanismo estratégico
fundamental para a promoção do desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, para
alcançar vantagens competitivas (LIU, 2020). Segundo Chen, Lai e Wen (2006), a inovação
verde pode ser classificada em duas dimensões: inovação de produtos verdes e inovação de
processos verdes. Busca encontrar soluções mais eficientes, com menor consumo de recursos
naturais e menor geração de resíduos, incentivando a economia circular e a conservação do
meio ambiente.
A busca por uma logística verde e inovação ambiental é impulsionada por acordos
internacionais, como o Acordo de Paris, que visam mitigar os impactos das mudanças climáticas
e promover um desenvolvimento mais sustentável. Além disso, governos e empresas têm
adotado políticas e práticas voltadas para a responsabilidade ambiental, o que tem estimulado a
inovação em prol da sustentabilidade.
Alguns tipos dessa inovação são por meio da eficiência energética, em que a inovação e
logística verde buscam reduzir o consumo de energia em todas as operações logísticas,
utilizando fontes renováveis sempre que possível e implementando tecnologias que maximizem
a eficiência energética.
Outro tipo é na gestão de resíduos, que envolve o gerenciamento adequado de resíduos,
incentivando a reciclagem, reutilização e o descarte responsável. Além disso, a inovação verde
procura reduzir a geração de resíduos em toda a cadeia de suprimentos. Por fim, no transporte
sustentável, a logística verde busca aprimorar o transporte de mercadorias, priorizando modais
mais sustentáveis, como o transporte ferroviário e marítimo, e incentivando a adoção de
veículos com baixas emissões de carbono.
A adoção dessas abordagens não apenas contribui para a preservação do meio ambiente,
mas também agrega valor aos negócios, uma vez que a sustentabilidade se tornou um fator
relevante na preferência do consumidor e nas estratégias empresariais.

ENTENDENDO OS DESAFIOS E CAMINHOS PARA O USO SUSTENTÁVEL


DE RECURSOS
A extração de recursos tem apresentado um crescimento alarmante desde 1970, tendo
mais que triplicado neste período. Especificamente, o uso de minerais não metálicos aumentou
cinco vezes, enquanto o consumo de combustíveis fósseis registrou um aumento de 45%. As
projeções para o futuro são igualmente preocupantes. Estima-se que, até 2060, o consumo
global de materiais poderá dobrar, alcançando a marca de 190 bilhões de toneladas, comparado
aos atuais 92 bilhões de toneladas. Paralelamente, as emissões de gases do efeito estufa têm o
potencial de aumentar em 43% (ONU, 2019).
Essa exploração desenfreada dos recursos naturais ao longo dos séculos tem levado a
uma série de problemas ambientais, como desmatamento, poluição, perda de biodiversidade e
mudanças climáticas. Para enfrentar esses desafios, é necessário adotar uma abordagem
sustentável na gestão dos recursos naturais.
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em 1972
em Estocolmo, marcou o início da conscientização global sobre a importância da proteção
ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais. Desde então, diversos acordos e
convenções internacionais foram firmados para promover a conservação e a sustentabilidade,
como a Convenção sobre Diversidade Biológica, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
O Brasil tem uma vasta extensão territorial, representando 17% de toda a área dos
trópicos. Sua biodiversidade é extremamente rica e diversificada, superando até mesmo a de
continentes inteiros. O país abriga mais de 20% das espécies de peixes de água doce existentes
no planeta e é lar de aproximadamente 17% de todas as aves conhecidas (RAS; AMBIENTAL
MEDIA, 2021). Governos, empresas e indivíduos têm um papel fundamental nessa jornada
rumo à sustentabilidade. Medidas como incentivos à pesquisa e ao desenvolvimento de
tecnologias limpas, políticas de conservação de áreas protegidas, promoção do uso responsável
da água e da energia, bem como práticas agrícolas sustentáveis, são essenciais para garantir a
preservação do meio ambiente e a prosperidade das sociedades.
Em conclusão, a Ecologia e o uso sustentável dos recursos naturais estão
intrinsecamente ligados ao bem-estar da humanidade e ao equilíbrio dos ecossistemas. Somente
com a adoção de práticas sustentáveis poderemos garantir um futuro mais promissor para as
gerações presentes e futuras, preservando a riqueza da biodiversidade e a capacidade do planeta
de sustentar a vida em todas as suas formas.
Uma dessas práticas é o manejo sustentável dos recursos naturais, que envolve o planejamento
cuidadoso das operações em uma determinada área, garantindo a continuidade da
disponibilidade desses recursos. De acordo com a Lei nº 9.985/2000, o uso sustentável é a
exploração do ambiente de forma que os recursos ambientais renováveis e os processos
ecológicos sejam mantidos, assegurando a biodiversidade e os demais atributos ecológicos de
maneira socialmente justa e economicamente viável.
Nesse contexto, o planejamento adequado das áreas de desenvolvimento econômico é
fundamental para proteger os recursos naturais, manter o equilíbrio ambiental e a produtividade
das terras.
Atualmente, o país possui mais de um milhão de hectares sob concessão federal, em
regime de Manejo Florestal Sustentável, que produziram 247 mil metros cúbicos de madeira
tropical em 2019. As áreas de cultivo de florestas têm uma participação de 1,3% no Produto
Interno Bruto (PIB) do país e representam 6,9% do PIB da indústria, proporcionando a geração
de cerca de 3,8 milhões de postos de trabalho (EMBRAPA, 2021).

Recentemente, o mais recente relatório publicado pela Global Forest Watch (2022) aponta
o Brasil comoe oo uso
O manejo paísplanejado
com a maior taxa dedos
e racional desmatamento florestal
recursos naturais sãono cenário global.
justificados diante da
Segundo a organização, aproximadamente 1,5 milhão de hectares de bioma
rápida destruição de ambientes naturais. Quando realizados de forma consciente, nativo
essesforam
perdidos
processos permitem a continuidade no país aorentabilidade,
da produção, longo de 2021.segurança no trabalho, respeito à
legislação, oportunidades de mercado e a preservação dos recursos naturais e serviços
ambientais. Além disso, o manejo de recursos naturais tem sido uma importante ferramenta para
a conservação das espécies, contribuindo para a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas.
Os 5Rs – reduzir, reutilizar, reciclar, repensar e recusar – são uma abordagem prática e
proativa para promover a sustentabilidade no uso de recursos. Reduzir envolve a diminuição do
consumo desnecessário, restringindo a produção de resíduos desde o início. Reutilizar consiste
em dar uma segunda vida aos produtos e materiais, evitando que se tornem lixo. Reciclar é
transformar resíduos em novos produtos ou matérias-primas. Repensar é questionar hábitos e
comportamentos, buscando alternativas mais sustentáveis. Recusar é evitar o uso de produtos
descartáveis e práticas insustentáveis desde o início. Essa abordagem contribui para a redução
da extração de recursos naturais e para a minimização do impacto ambiental dos resíduos.
No Brasil, estima-se que cada indivíduo produza, em média, 343 quilos de resíduos por
ano, totalizando aproximadamente 80 milhões de toneladas de lixo anualmente, em que apenas
4% passam por processamento, reaproveitamento ou reciclagem (AGÊNCIA BRASIL, 2023).
A relação entre o uso de recursos e os 5Rs se fundamenta na necessidade de repensar
nossos padrões de consumo e implementar ações que minimizem o impacto ambiental. Cada um
dos 5Rs representa uma etapa crucial no ciclo de vida dos produtos e materiais, contribuindo
para a redução do desperdício, a conservação dos recursos naturais e a mitigação dos problemas
ambientais.
Ao adotar os 5Rs, estamos direcionando nossas escolhas e nossos comportamentos para
uma perspectiva mais consciente, que valoriza a redução do consumo excessivo, a reutilização
de materiais, a reciclagem de resíduos, a reflexão sobre nossas ações e a recusa de práticas
insustentáveis. Essa abordagem se alinha com a economia circular, que busca fechar o ciclo dos
materiais e promover um uso mais eficiente e responsável dos recursos disponíveis. Ao adotar
essa abordagem, estamos promovendo a conscientização, a responsabilidade e a ação para
enfrentar os desafios ambientais e construir um futuro mais equilibrado e próspero.
A implementação dos 5Rs requer uma colaboração ampla, envolvendo indivíduos,
empresas, governos e organizações, a fim de criar uma cultura de sustentabilidade e respeito à
natureza. Somente por meio de esforços conjuntos poderemos garantir a preservação dos
recursos naturais e a proteção do meio ambiente para as gerações presentes e futuras.
Em 2023, a MIT Technology Review publicou o “Green Future Index”, um índice que
avalia a inovação verde em 76 países, analisando sua capacidade de desenvolver futuros
sustentáveis e de baixo carbono. O Brasil foi classificado na 38ª posição nesse índice, que
mensura o grau de comprometimento de cada economia com uma abordagem mais verde
em suas indústrias, agricultura e sociedade, por meio de investimentos em energias
renováveis, inovação tecnológica e políticas públicas para a sustentabilidade.
A Inovação Verde refere-se à incorporação de novas ideias, tecnologias e processos que
promovam a sustentabilidade ambiental, buscando soluções mais eficientes e com menor
consumo de recursos naturais. A logística verde, por sua vez, considera os aspectos ambientais
em todas as etapas do processo logístico, otimizando o transporte, armazenamento, distribuição
e gerenciamento de resíduos de forma responsável. A combinação desses conceitos busca
promover a eficiência operacional, reduzir o impacto ambiental e desenvolver práticas mais
responsáveis em relação ao uso de recursos.
A aplicação da inovação e logística verde pode ser observada em diversos setores da
economia, desde a indústria até o comércio varejista. Empresas têm investido em embalagens
mais ecoeficientes, sistemas de transporte sustentáveis, tecnologias de rastreabilidade e
monitoramento que permitem a otimização das operações logísticas e a redução dos impactos
ambientais. E representam um caminho promissor para a gestão sustentável de recursos,
alinhando eficiência operacional com responsabilidade ambiental. Essas abordagens, quando
integradas em toda a cadeia de suprimentos, contribuem para a construção de um futuro mais
equilibrado e próspero, em que a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento
econômico caminham lado a lado
As certificações e os selos ambientais atuam como um incentivo para que empresas e
organizações adotem práticas sustentáveis, sendo uma forma de reconhecimento e diferencial no
mercado, o que estimula a busca por inovações verdes na logística e em outras áreas. No Brasil,
os mais populares são Carbon Trust Standard, ISO 14001, ISO 26000, ISO 50001, OHSAS
18001.

O QUE EMPRESAS E A SOCIEDADE CIVIL ESTÃO FAZENDO PARA


PROMOVER O USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS
A Ecologia e o uso sustentável dos recursos naturais desempenham um papel
fundamental na preservação do meio ambiente e na garantia de recursos para as gerações
futuras. O Brasil é um país rico em biodiversidade e recursos naturais e o manejo sustentável
tem sido uma abordagem essencial para equilibrar o desenvolvimento socioeconômico com a
conservação ambiental.
A Amazônia é uma das maiores florestas tropicais do mundo e desempenha um papel
crucial na regulação do clima global e na manutenção da biodiversidade. No entanto, a
exploração desenfreada da madeira pode levar ao desmatamento e à degradação do ecossistema.
Para garantir o uso sustentável da madeira na Amazônia, foram implementadas medidas como o
manejo florestal certificado. Além disso, são seguidas normas rigorosas para garantir que a
exploração seja feita de forma legal e responsável, com o mínimo impacto ambiental.
Um exemplo são as certificações aplicadas para promover a sustentabilidade e o uso
responsável dos recursos. A certificação FSC (Forest Stewardship Council) é feita por uma
organização independente que certifica práticas de manejo florestal sustentável em todo o
mundo. Empresas que obtêm a certificação FSC demonstram que seus produtos de origem
florestal provêm de fontes responsáveis, contribuindo para a conservação das florestas e a
proteção da biodiversidade.
Alinhando tecnologia, inovação, sustentabilidade e conservação, empresas que
desenvolvem tecnologias inovadoras para a conservação do meio ambiente, como sensores para
monitoramento de recursos naturais, softwares de gestão ambiental e soluções de eficiência
energética, podem atender a uma ampla gama de setores e clientes preocupados com a
sustentabilidade. A Conservation Metrics, por exemplo, é uma empresa de tecnologia que
desenvolve soluções inovadoras para monitorar e proteger a vida selvagem e habitats naturais.
Eles usam drones, inteligência artificial e aprendizado de máquina para coletar e analisar dados
de forma mais eficiente, ajudando na conservação de espécies ameaçadas e ecossistemas
vulneráveis.
Essas empresas demonstram que a tecnologia pode ser uma poderosa aliada na busca
por soluções sustentáveis para os desafios ambientais. Ao desenvolverem inovações que
promovem a eficiência energética, o uso de fontes renováveis e a proteção dos ecossistemas,
elas estão contribuindo para a conservação do meio ambiente e um futuro mais sustentável para
todos.
Ainda sobre a gestão de resíduos, outro exemplo é o uso de tecnologia para incentivar
os 5Rs. Aplicativos e plataformas online podem facilitar a troca e doação de objetos usados,
incentivando a reutilização. A OLX é uma plataforma de compra e venda de produtos usados e
suas ações estão alinhadas com os princípios dos 5Rs (repensar, recusar, reduzir, reutilizar e
reciclar) para promover a economia circular e a sustentabilidade ambiental. Em 2021, a OLX
contribuiu para evitar a emissão de 7 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono) por
meio da compra e venda de produtos seminovos e usados.
O movimento "Lixo Zero" tem ganhado força em várias cidades brasileiras, incentivando a
redução do consumo e a busca por alternativas mais sustentáveis (Instituto Lixo Zero
Brasil).

Além disso, empresas têm investido em inovações para a reciclagem de materiais e a


criação de produtos mais sustentáveis. Como é o caso da Renewcell, uma empresa sueca que
desenvolveu uma tecnologia inovadora para reciclar resíduos de algodão e tecidos descartados,
transformando-os em polpa de celulose que pode ser utilizada na produção de novos tecidos.
Sua meta é reciclar o equivalente a mais de 1,4 bilhão de camisetas anualmente até 2030.
Adicionalmente, o Circulose, produto inovador feito exclusivamente a partir de 100% de
resíduos têxteis. As marcas têm a oportunidade de utilizá-lo como substituto de matérias-primas
de alto impacto, como óleo fóssil e algodão, em seus produtos têxteis. Com essa iniciativa, a
Renewcell busca impulsionar a economia circular e promover a sustentabilidade na indústria da
moda.
Para promoção do consumo consciente e a sustentabilidade, o Instituto Akatu,
organização não governamental que atua no Brasil desde 2001, tem como uma das principais
abordagens a promoção dos 5Rs: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. Esses conceitos
são fundamentais para incentivar práticas mais sustentáveis e conscientes na utilização dos
recursos e na geração de resíduos. O Instituto trabalha com diversas iniciativas educativas e de
mobilização para disseminar esses conceitos, por meio de campanhas, projetos e programas de
educação.
O Edukatu é uma iniciativa do Instituto Akatu que promove a educação para o consumo
consciente e sustentável entre estudantes e educadores. Por meio de uma plataforma, os
estudantes são estimulados a repensar suas escolhas de consumo, questionando o impacto
ambiental e social dos produtos que consomem. Eles aprendem sobre a importância de reduzir o
consumo excessivo e evitar o desperdício, bem como a reutilizar itens e materiais para
prolongar sua vida útil. E são convidados a realizar desafios e projetos que estimulem a
aplicação dos 5Rs no dia a dia, seja na escola, em casa ou na comunidade.
Existem muitos exemplos de inovação verde ao redor do mundo, onde empresas,
governos e indivíduos têm implementado soluções sustentáveis para enfrentar desafios
ambientais.
A excessiva extração e processamento de materiais, combustíveis e alimentos são
responsáveis por cerca da metade das emissões globais de gases do efeito estufa e mais de 90%
da perda de biodiversidade e do estresse hídrico (ONU, 2019). Esses impactos representam
sérios desafios ambientais que precisam ser enfrentados de forma urgente e consciente para
garantir um futuro sustentável e equilibrado para as gerações presentes e futuras. Dessa forma, a
aplicação de técnicas agrícolas sustentáveis, como a agricultura de conservação, o uso de
fertilizantes orgânicos e a agrofloresta, são exemplos de inovação verde que promovem a
produção de alimentos de forma ambientalmente responsável. A adoção de técnicas de
agricultura de conservação, como o plantio direto, rotação de culturas e uso de cobertura
vegetal, reduz o impacto ambiental da agricultura e melhora a saúde do solo. Exemplo: a
organização TNC (The Nature Conservancy) trabalha com agricultores para implementar
práticas de agricultura de conservação, protegendo o solo e reduzindo o uso de agroquímicos.
A logística verde engloba diversas práticas sustentáveis que podem ser aplicadas em
várias etapas da cadeia de suprimentos. Um dos casos da aplicação prática é o uso de veículos
elétricos e híbridos por empresas de logística em suas frotas para reduzir as emissões de carbono
e a poluição do ar. Esses veículos são mais limpos e energeticamente eficientes, contribuindo
para a redução do impacto ambiental do transporte de mercadorias. O Mercado Livre, uma das
maiores empresas de comércio eletrônico da América Latina, tem dado passos significativos em
direção à logística verde para reduzir o impacto ambiental de suas operações logísticas.
Segundo um comunicado de imprensa divulgado em 2022, a empresa planeja aumentar sua frota
de veículos elétricos em 100% até o final deste ano, adicionando mais 400 vans e caminhões
elétricos no Brasil. A empresa já possui a maior frota de caminhões movidos a gás natural e
biometano no Brasil, com um aumento significativo de 31 para 103 caminhões em apenas um
ano.
Além da adoção de combustíveis mais sustentáveis, a empresa também tem investido na
melhoria da eficiência do transporte de mercadorias. O aumento da capacidade de transporte por
paletes permite que mais mercadorias sejam transportadas utilizando veículos menores
reduzindo, assim, ainda mais a liberação de gases poluentes. Essas iniciativas de logística verde
têm recebido suporte por meio da emissão de um título sustentável no valor de US$ 400
milhões, captados em 2021. Esse capital é direcionado para projetos de triplo impacto,
abrangendo a redução da pegada ambiental por meio do uso de energias renováveis, eficiência
energética, embalagens sustentáveis e mobilidade sustentável.
Outra estratégia para implementar a logística verde é por meio da roteirização
inteligente, com a utilização de tecnologias que permitem otimizar as rotas de entrega,
reduzindo a distância percorrida e o tempo de viagem. Isso resulta em menor consumo de
combustível e, consequentemente, menor emissão de gases poluentes. A Driv.in,
uma startup brasileira que oferece um serviço de drive-in para exibição de filmes ao ar livre,
também ingressou nesse mercado. Por meio de sua plataforma, busca atender às necessidades
logísticas de empresas de todos os portes, que possuam operações de transporte intensivo. Essa
ferramenta utiliza tecnologia de ponta, incluindo inteligência artificial e aprendizado de
máquina, para automatizar processos logísticos e criar uma roteirização inteligente. A partir da
implementação deste software, os parâmetros reais da operação são analisados, permitindo a
geração das melhores rotas que atendam às especificidades de cada cliente e entrega de forma
eficiente.

Aula 4 – Poluição
INTRODUÇÃO
Olá, estudante, seja bem-vindo à aula sobre poluição. A poluição é um desafio global
que exige ação imediata para garantir a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida das
gerações futuras. Nesta aula, abordaremos importantes ferramentas e conceitos que contribuem
para a gestão responsável dos resíduos e a redução da poluição. Iniciaremos com a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que representa um marco significativo no enfrentamento
dos problemas causados pelos resíduos sólidos.
Além disso, apresentaremos a logística reversa de pós-consumo como uma estratégia
promissora para reduzir a quantidade de resíduos descartados inadequadamente no meio
ambiente. Por meio da logística reversa, busca-se o retorno de produtos, embalagens e materiais
ao ciclo produtivo, visando à reciclagem e reutilização, minimizando a poluição e os danos aos
ecossistemas. A aula também abordará casos específicos, como descarte de pilhas, baterias,
medicamentos e microplástico, destacando a necessidade de descarte adequado. Os ecopontos
serão evidenciados como locais-chave para o correto encaminhamento dos resíduos,
incentivando práticas sustentáveis.
Esperamos que o conteúdo apresentado contribua para uma maior conscientização e
ações concretas em prol de um futuro mais limpo, saudável e sustentável para todos. Bons
estudos!

DESAFIOS DA POLUIÇÃO: OS TIPOS, REGULAMENTAÇÕES E SOLUÇÕES


SUSTENTÁVEIS
A poluição é um dos desafios mais prementes enfrentados pela humanidade na
contemporaneidade. Esse fenômeno, resultante das atividades humanas e naturais, tem assumido
diversas formas e atingido proporções alarmantes ao redor do globo. Entre os efeitos mais
evidentes estão o aquecimento global, a destruição de ecossistemas, a escassez de recursos
hídricos, o surgimento de doenças respiratórias e a perda de espécies vitais para a estabilidade
dos ecossistemas. Diante dessa realidade preocupante, faz-se urgente compreender a extensão
dos problemas causados pela poluição e buscar soluções inovadoras, sustentáveis e
compartilhadas para assegurar a preservação do planeta e a qualidade de vida das presentes e
futuras gerações.
A poluição pode assumir muitas formas, desde compostos orgânicos e outras
substâncias químicas até diferentes tipos de energia. A severidade de um poluente para a saúde
humana e para os ecossistemas é baseada em sua natureza química, quantidade ou concentração
e persistência. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) (2017)
identificou seis tipos de poluição: ar, água doce, terra e solo, marinha, química e por resíduos.
Alguns tipos de poluição são facilmente percebidos, como certas formas de água contaminada,
má qualidade do ar, resíduos industriais, lixo, luz, calor e ruído. Outros são menos visíveis,
como a presença de pesticidas nos alimentos, mercúrio nos peixes, excesso de nutrientes no mar
e lagos, desreguladores endócrinos na água potável e outros micropoluentes na água doce e
marinha.
O rápido crescimento industrial resultou em problemas ambientais e sociais, como o
aumento do transporte individual e a alta poluição atmosférica devido ao grande número de
veículos. Além disso, houve um aumento significativo na geração de resíduos sólidos, águas
residuais e habitações irregulares. Essas questões tornaram-se problemas difíceis de solucionar,
pois requerem estratégias adequadas para conciliar o interesse individual e coletivo (DIAS,
2015).
A poluição causada pelos resíduos sólidos é um problema crescente nas últimas
décadas, afetando a qualidade do ar, do solo e da água, bem como a fauna e a flora. O acúmulo
inadequado de lixo em aterros e lixões a céu aberto gera impactos ambientais negativos, além de
riscos à saúde das comunidades próximas a esses locais.
Resíduos são materiais, substâncias, objetos ou bens descartados como resultado das
atividades humanas em sociedade, cujo destino final pode, deve ou é obrigatório que seja
tratado. Esses resíduos podem ser encontrados em estados sólidos ou semissólidos, bem como
gases contidos em recipientes e líquidos com características que impedem sua disposição na
rede pública de esgotos, em corpos d’água, ou que requerem soluções técnicas ou
economicamente inviáveis, considerando a melhor tecnologia disponível (JARDIM et al.,
2012).
A gestão inadequada dos resíduos sólidos também contribui para a poluição dos rios e
oceanos, uma vez que muitos materiais descartados de forma imprópria acabam chegando aos
corpos d'água por meio de chuvas e ventos, causando danos à vida marinha e comprometendo a
cadeia alimentar. Com objetivo de reduzir e dar a destinação correta aos resíduos, a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um conjunto de diretrizes e ações adotadas pelo
governo para promover uma gestão mais eficiente dos resíduos sólidos no Brasil. Aprovada em
2010 pela Lei nº 12.305, a PNRS busca soluções sustentáveis para o tratamento, a destinação
final e disposição adequada dos resíduos sólidos, visando à preservação do meio ambiente e à
promoção da saúde pública.
As principais diretrizes da PNRS são: responsabilidade compartilhada; prevenção e
minimização; logística reversa; metas e planos; coleta seletiva; e engajamento da sociedade
civil. A legislação estabelece a adoção da responsabilidade compartilhada pelos diversos agentes
envolvidos na geração de resíduos, como fabricantes, importadores, distribuidores,
comerciantes, cidadãos e prestadores de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos.
A Instrução Normativa Ibama nº 13, de 18 de dezembro de 2012, é um importante
marco na gestão de resíduos sólidos no Brasil. Essa normativa estabelece a "Lista Oficial
Brasileira de Resíduos Sólidos", um documento detalhado que desempenha um papel
fundamental como instrumento para a gestão responsável e eficiente dos resíduos no país. Os
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), lixo doméstico, são gerados em residências, comércios e
serviços e incluem materiais como papel, plástico, vidro, metal, alimentos, entre outros. Os
resíduos eletrônicos (e-lixo) são provenientes de equipamentos eletroeletrônicos descartados,
como computadores, celulares, eletrodomésticos, entre outros. Os resíduos orgânicos são os
resíduos biodegradáveis de origem animal ou vegetal, como restos de alimentos, folhas e aparas
de grama.
O aumento do consumo e a crescente produção de resíduos têm gerado impactos
significativos no meio ambiente, ameaçando ecossistemas, a biodiversidade e a qualidade de
vida das comunidades ao redor do mundo. A logística reversa é um conceito que busca
minimizar o impacto ambiental da produção e consumo de produtos, promovendo a coleta,
reciclagem e reintegração dos resíduos sólidos ao ciclo produtivo. Quando aplicada ao pós-
consumo, a logística reversa assume um papel essencial no combate à poluição.
A experiência global e brasileira têm demonstrado que as regulamentações relacionadas
a resíduos de maneira geral devem abranger, de forma responsável, todos os participantes das
cadeias diretas e reversas desses produtos, a fim de garantir a sua eficácia. Isso envolve criar
condições para que a logística reversa funcione de maneira eficiente (JARDIM et al., 2012).
A logística reversa (LR) de pós-consumo é uma estratégia que busca reverter o fluxo
tradicional de resíduos sólidos, direcionando-os de volta ao ciclo produtivo ou para destinações
ambientalmente adequadas. Essa abordagem visa a dar uma nova vida aos materiais
descartados, recuperando recursos e reduzindo a necessidade de extração de matérias-primas
virgens, contribuindo para uma economia mais circular e sustentável.
A logística reversa é essencial após a compra do produto, abrangendo devoluções,
reciclagem e reuso. Ela está intimamente relacionada ao fluxo logístico direto, sendo essencial
para o seu funcionamento (LUZ, 2021).
Um dos princípios das LR, é da responsabilidade estendida do produtor (REP), que
atribui aos fabricantes a responsabilidade de recolher e dar destinação adequada aos produtos
após o uso pelo consumidor. Essa abordagem incentiva a criação de produtos com menor
impacto ambiental e fomenta a economia circular. Conforme mencionado por Weetman (2020),
a economia circular tem sua base na sustentabilidade, promovendo a criação de produtos que
sejam livres de resíduos, capazes de conservar recursos e operar em harmonia com a biosfera.
Dessa forma, é essencial reconhecer que as emissões, subprodutos e bens danificados ou
indesejados devem ser transformados em matéria-prima para dar origem a um novo ciclo de
produção.
As pesquisas sobre o tema listam a cinco atributos prioritários para reverter o fluxo. São
eles:
1. Coleta seletiva, como primeiro passo da logística reversa, que consiste na separação dos
resíduos por tipo (plástico, papel, metal, vidro) para facilitar a reciclagem e reduzir a
quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários.
2. Reciclagem, processo em que os materiais descartados são transformados em novos
produtos ou matérias-primas, reduzindo a extração de recursos naturais e a geração de
resíduos.
3. Reintegração ao ciclo produtivo quando os materiais reciclados são utilizados na
fabricação de novos produtos, fechando o ciclo de produção e consumo sustentável.
4. Responsabilidade compartilhada, que envolve diferentes atores, como fabricantes,
varejistas, consumidores e órgãos governamentais, todos com responsabilidades
definidas para garantir o sucesso do processo.
5. Estabelecer incentivos econômicos, como benefícios fiscais ou créditos ambientais,
pode estimular empresas e consumidores a participarem ativamente da logística reversa.
Dentre as diversas fontes de poluição, destacam-se casos específicos relacionados a pilhas,
baterias, medicamentos, microplásticos e o papel dos ecopontos na mitigação desses impactos.
A destinação final de pilhas e baterias usadas é regulamentada pela Resolução CONAMA nº
401/2008. De acordo com o artigo 6 desta resolução, as pilhas e baterias mencionadas no artigo
1º, sejam de fabricação nacional ou importadas, utilizadas ou inservíveis, devem ser enviadas
integralmente para um processo de destinação ambientalmente adequada. Essa responsabilidade
recai sobre o fabricante ou importador e se aplica tanto aos estabelecimentos comerciais quanto
às redes de assistência técnica autorizada. Existem 3 tipos de baterias, sendo elas as de chumbo-
ácido, níquel-cádmio e óxido de mercúrio, devendo essas serem recolhidas pelas lojas que as
comercializam (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica-ABINEE, 2023).
O descarte de medicamentos vencidos ou não utilizados em pias ou vasos sanitários pode
contaminar as águas residuais, que não são totalmente tratadas em estações de tratamento de
esgoto, permitindo a disseminação de substâncias farmacêuticas no ambiente. A conscientização
sobre pontos de coleta específicos para devolução de medicamentos vencidos é fundamental
para mitigar esse tipo de poluição. O decreto nº 10.388/2020 estabelece regras para o descarte
correto de medicamentos: drogarias e farmácias devem ter pelo menos um ponto de coleta a
cada 10 mil habitantes. Esses pontos de coleta têm como objetivo proporcionar a destinação
adequada para medicamentos vencidos, impedindo que sejam consumidos de forma imprópria
ou que contaminem o meio ambiente ao se dissolverem, resultando em água contaminada,
chuva ácida ou poluição.
Outro poluente é o microplástico e, como o próprio nome indica, é uma pequena partícula
de plástico que representa um dos principais poluentes dos oceanos. Algumas pesquisas definem
o tamanho máximo do microplástico como 1 milímetro, enquanto outras adotam a medida de 5
milímetros (UNIVASF, 2019). O problema significativo é que o microplástico altera a
composição de certas áreas marítimas, prejudicando o ecossistema local e, consequentemente,
afetando a saúde humana (USP, 2022).

ENTENDENDO OS IMPACTOS DA POLUIÇÃO E AS SOLUÇÕES PARA


SUSTENTABILIDADE
De acordo com o Pnuma, a poluição do ar é o maior risco à saúde ambiental mundial,
matando cerca de 6,5 milhões de pessoas prematuramente a cada ano no mundo e expondo nove
em cada dez pessoas a níveis de poluição do ar ao ar livre. Sobre a poluição dos oceanos, a
organização destaca que 12,7 milhões de toneladas de resíduos plásticos são jogados no oceano
a cada ano.
Desde o ano de 1850, o Brasil liberou 112,9 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2) na
atmosfera. Mais de 85% dessa quantidade está relacionada ao desmatamento de florestas. Entre
os 20 principais poluidores, o Brasil é líder na categoria de desmatamento e emissões
decorrentes do uso da terra (CARBON BRIEF, 2021).
Em 2022, apenas 4% das aproximadamente 82 milhões de toneladas de resíduos
produzidos no Brasil foram recicladas. O restante acabou em aterros sanitários, depósitos de
lixo ao ar livre ou espalhados por ruas e praças do país (ABRELPE, 2022). De acordo com o
Banco Mundial, o Brasil ocupa a quarta posição entre os maiores produtores de lixo plástico no
mundo, totalizando 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás somente de Estados Unidos, China
e Índia. Desse volume, mais de 10,3 milhões de toneladas foram coletadas (91%), porém,
apenas 145 mil toneladas (1,28%) são efetivamente recicladas, ou seja, reintroduzidas na cadeia
de produção como produto secundário. Esse é um dos menores índices da pesquisa e está bem
abaixo da média global de reciclagem plástica, que é de 9%. Ou seja, aproximadamente 7,7
milhões de toneladas de plástico são destinados aos aterros sanitários, enquanto outros 2,4
milhões de toneladas são descartados de maneira irregular, sem receber qualquer tipo de
tratamento, em lixões a céu aberto (WWF, 2019).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos representa um avanço significativo na busca
por um futuro mais sustentável e livre da poluição causada pelos resíduos sólidos. A
responsabilidade compartilhada é a base dessa política e o envolvimento de todos os setores da
sociedade é essencial para que suas metas e seus objetivos sejam alcançados.
Preocupada em prevenir e reduzir a geração de resíduos, a PNRS propõe a adoção de
hábitos de consumo sustentável e a implementação de um conjunto de instrumentos para
promover o aumento da reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos com valor econômico.
Além disso, a política busca garantir a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos, ou
seja, daquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado.
Essa abordagem tem como objetivo principal reduzir a quantidade de resíduos
descartados inadequadamente em aterros e lixões, minimizando os impactos ambientais e os
riscos à saúde pública. A prática de hábitos de consumo consciente, aliada à valorização da
reciclagem e reutilização de materiais, torna-se essencial para a construção de uma sociedade
mais sustentável e menos poluente.
A logística reversa de pós-consumo é uma estratégia promissora para enfrentar o
problema da poluição causada pelos resíduos sólidos. Esse conjunto de atividades visa o retorno
dos produtos, embalagens e materiais descartados ao ciclo produtivo, por meio de coleta
seletiva, reciclagem ou outras formas de destinação ambientalmente adequada. Com a
responsabilidade compartilhada e o comprometimento de todos os envolvidos, podemos
transformar o cenário atual de desperdício em um futuro mais sustentável e consciente. A
adoção da logística reversa de pós-consumo é um passo importante rumo a um mundo com
menos poluição, preservação dos recursos naturais e maior qualidade de vida para as gerações
presentes e futuras.
A logística reversa traz inúmeros benefícios para o meio ambiente e a sociedade. Ao
incentivar a recuperação de materiais descartados, reduz-se a quantidade de resíduos enviados
para aterros sanitários e lixões, minimizando a poluição do solo e das águas subterrâneas. Além
disso, a reutilização e reciclagem dos materiais contribuem para a diminuição da extração de
recursos naturais, preservando ecossistemas e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.
Apesar dos benefícios evidentes, ela ainda enfrenta desafios como a conscientização da
população, a infraestrutura adequada para a coleta seletiva e o investimento em tecnologias de
reciclagem. Entretanto, essa abordagem também traz oportunidades econômicas, como a
geração de empregos na cadeia de reciclagem e o desenvolvimento de novos modelos de
negócios sustentáveis.
De acordo com o relatório The Global E-waste Monitor 2020, anualmente, mais de 53
milhões de toneladas de equipamentos eletroeletrônicos e pilhas são descartadas em todo o
mundo. Em 2019, somente no Brasil, mais de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos
foram descartadas, com menos de 3% sendo reciclados (ONU, 2022).
As pilhas e baterias são fontes significativas de poluição ambiental devido à presença de
metais pesados, como mercúrio, chumbo, cádmio e níquel, que podem contaminar o solo e a
água quando descartados incorretamente. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica (Abinee), aproximadamente 800 milhões de pilhas são consumidas
anualmente no Brasil, porém apenas 5% desse volume é descartado de maneira adequada. O
descarte inadequado, principalmente em aterros sanitários comuns, pode levar à liberação de
metais tóxicos no solo e na água, causando contaminação ambiental. As pilhas alcalinas não têm
metais pesados, então podem ser jogadas no lixo comum. A logística reversa é uma solução para
o adequado descarte e reciclagem desses materiais.
Há diversas iniciativas para o descarte correto de medicamentos, embalagens e objetos
perfurocortantes utilizados em sua administração (PFIZER, 2020). Desde 2009, a Anvisa
autoriza a participação de farmácias e drogarias em programas voluntários para esse fim. É
importante verificar se as farmácias em sua região participam dessas iniciativas e, caso positivo,
peça orientações sobre como proceder. E, mais recentemente, o Decreto nº 10.388/2020
determina que as farmácias precisam registrar no Sistema Nacional de Informações sobre a
Gestão dos Resíduos Sólidos o peso dos medicamentos antes de enviá-los para o descarte
adequado. Em 2021, mais de 3 mil pontos de coleta foram criados no Brasil, evitando o descarte
inadequado de 53 toneladas de remédios. Outra opção são os pontos de coleta disponíveis em
algumas cidades, especialmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2022).
De acordo com pesquisas, a poluição por microplásticos pode ser causada pelo descarte
impróprio de plásticos na indústria, assim como pela perda de matérias-primas que contêm
microplásticos, como os pellets plásticos, que se dispersam no meio ambiente durante o
processo logístico. Uma pesquisa conduzida em conjunto pela Fundação North Sea e outras
instituições revelou que produtos de beleza e higiene pessoal, como esfoliantes, shampoos,
sabonetes, pastas de dente, delineadores, desodorantes, gloss e protetores labiais, contêm
microplásticos nas formas de polietileno (PE), polipropileno (PP), politereftalato de etileno
(PET) e nylon (MCSUK, 2023). O uso excessivo de plásticos de uso único também contribui
para a presença de microplásticos nos oceanos. O consumo inadvertido por animais marinhos e
sua subsequente entrada na cadeia alimentar humana são preocupações crescentes.

TORNANDO A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS UMA


REALIDADE: EXEMPLOS PRÁTICOS DE RESPONSABILIDADE
COMPARTILHADA E LOGÍSTICA REVERSA
Alguns exemplos demonstram como a Política Nacional de Resíduos Sólidos pode ser
aplicada na prática para promover a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos e
incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis pelas empresas e pela sociedade em geral.
Muitas empresas têm se engajado na logística reversa, assumindo a responsabilidade
compartilhada na gestão dos resíduos gerados pelos seus produtos. Elas estabelecem parcerias
com cooperativas de catadores, recicladores e outras instituições para coletar e dar destino
adequado às embalagens pós-consumo.
Por meio de parcerias com cooperativas de catadores, o programa “Reciclar pelo Brasil”
promove a coleta, triagem e reciclagem de resíduos plásticos pós-consumo. Por meio da
parceria entre empresas e associações, a iniciativa atua no aprimoramento, regularização e
profissionalização das cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis.
Comprometido em seguir as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o
programa é fundamentado na transparência, responsabilidade e foco nos resultados, com metas
claras de aumentar a quantidade de resíduos reciclados, potencializar a receita das cooperativas
e aperfeiçoar a renda dos catadores envolvidos.
A PNRS determina que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes são
responsáveis pela implementação de sistemas de logística reversa para as embalagens pós-
consumo. Um exemplo prático é o programa de recolhimento de embalagens de óleo
lubrificante usado, no qual os fabricantes e distribuidores são responsáveis por receber o óleo
lubrificante usado e destinar adequadamente, evitando que esse resíduo contamine o meio
ambiente. Por meio do Programa Jogue Limpo, com base no sistema de logística reversa,
embalagens plásticas de lubrificantes usadas são drenadas e armazenadas em sacos plásticos
transparentes, após o consumidor trocar o óleo do carro, em postos ou revendas. Essas
embalagens são entregues ao Sistema de Recebimento ou às Centrais de Recebimento, que são
contratados pelo Jogue Limpo. Os sacos de embalagens são pesados em balanças eletrônicas e
os dados transmitidos para o site do Jogue Limpo. Esses dados são disponibilizados, por senha
de acesso, às agências ambientais municipais e estaduais.
Além disso, a PNRS também incentiva a adoção de práticas mais sustentáveis na
produção e no consumo, como a redução da geração de resíduos e o estímulo ao uso de
embalagens retornáveis. As empresas têm buscado desenvolver produtos com menor impacto
ambiental, investindo em pesquisa e inovação para tornar seus processos produtivos mais
eficientes e eco-friendly.
Outra iniciativa que potencializa a logística reversa é o Reuse, com foco em economia
circular da Dow e do Instituto Akatu, cujo objetivo é promover o consumo consciente, a coleta
seletiva e a logística reversa, principalmente de produtos contendo espumas de poliuretano
(PU), conciliando estratégias em educação, mobilização social e comunicação com um sistema
de operação de coleta, tratamento e destinação final com reaproveitamento dos materiais.
Quando se trata de economia circular, é importante destacar as iniciativas da Waste &
Resources Action Programme (WRAP – Programa de Ação de Resíduos e Recursos).
Fundada como uma empresa sem fins lucrativos em 2000, a WRAP desempenha um papel
crucial na promoção e no incentivo ao uso sustentável de recursos. Isso é alcançado por
meio do design de produtos, redução de resíduos, reutilização, reciclagem e
reprocessamento de materiais residuais (LUZ, 2021).
A HP Inc., empresa multinacional de tecnologia, desenvolveu um programa de logística
reversa para reciclagem de cartuchos de impressoras em todo o mundo. Por meio do programa
"HP Planet Partners", a empresa disponibiliza pontos de coleta em diversas regiões para que os
clientes possam devolver os cartuchos de tinta e toner usados. A HP se compromete a utilizar até
30% de plástico reciclado na fabricação de novos cartuchos, contribuindo para a redução do uso
de recursos naturais e evitando a poluição ambiental causada pelo descarte inadequado desses
materiais.
Os resíduos de medicamentos têm um impacto significativo no meio ambiente,
representando um grave problema. A fim de enfrentar essa questão, empresas que fazem parte
dessa cadeia produtiva criaram o Programa Descarte Consciente. De acordo com o programa,
cada quilograma de medicamento descartado de maneira inadequada tem o potencial de
contaminar até 450.000 litros de água (PROGRAMA DESCARTE CONSCIENTE, 2023).
O Greenpeace conduziu uma análise em 13 rios do Reino Unido, onde foram colocadas
redes em 30 áreas, abrangendo regiões tanto rurais quanto urbanas. Durante o estudo, foram
identificados 1.271 fragmentos de plástico pertencentes a 15 variedades distintas, sendo que
quase metade deles eram compostos de polietileno. Esses fragmentos incluíam desde canudos
até micropartículas, como as utilizadas pela indústria cosmética em esfoliantes ou pastas de
dente. O Greenpeace, organização ambientalista internacional, realiza campanhas e ações em
diversos países para combater a poluição causada pelo plástico nos oceanos. A organização
pressiona empresas e governos a adotarem políticas de redução do uso de plástico descartável e
a implementarem sistemas de logística reversa para a coleta e reciclagem de resíduos plásticos.
Aula 5 – Revisão da Unidade
PRESERVANDO O MEIO AMBIENTE: DESAFIOS, OPORTUNIDADE E
ESTRATÉGIAS PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL
As mudanças climáticas já não são apenas uma projeção, mas uma realidade enfrentada
pela população mundial. Seus impactos são evidentes em nosso dia a dia: cidades ameaçadas
devido à deterioração da infraestrutura, redução da produtividade nas lavouras, alterações nos
oceanos e ameaça à disponibilidade de peixes, com destaque para o aquecimento global causado
por gases de efeito estufa provenientes de atividades humanas, como queima de combustíveis
fósseis e desmatamento. Essa situação evidencia a importância de mitigar o aquecimento global
por meio de ações coletivas e individuais, como adoção de fontes de energia sustentáveis e
promoção do uso responsável da terra e dos recursos naturais. Além disso, destaca-se a
relevância dos acordos internacionais para enfrentar as mudanças climáticas e o papel das
empresas e organizações na busca de soluções sustentáveis para o futuro do planeta.
Os programas de sustentabilidade são essenciais para enfrentar os desafios ambientais,
sociais e econômicos em um mundo cada vez mais consciente. Um programa de
sustentabilidade é um roteiro acionável que inclui medidas, estrutura organizacional e planos de
implementação para gerar resultados e promover a sustentabilidade. Empresas privadas buscam
reduzir seu impacto ambiental e adotar práticas sustentáveis, enquanto governos implementam
políticas de apoio à transformação dos sistemas energéticos e industriais. Além disso,
organizações da sociedade civil e comunidades locais implementam programas para
conscientização e capacitação em práticas sustentáveis.
No cenário atual, o equilíbrio entre desenvolvimento humano e preservação ambiental é
uma preocupação crucial. A abordagem dos 5Rs, centrada na economia circular, enfatiza
repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar como estratégias sustentáveis no consumo e no
tratamento de resíduos.
A gestão inadequada de resíduos sólidos contribui significativamente para a poluição, afetando a
qualidade do ar, do solo e da água, além da fauna e flora. A Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS) é uma legislação importante para promover uma gestão mais eficiente dos
resíduos no Brasil. Já a logística reversa é uma estratégia essencial para reverter o fluxo de
resíduos sólidos, promovendo a coleta, reciclagem e reintegração ao ciclo produtivo.
Com inovação, incorporação de novas ideias e tecnologias é possível promover a
eficiência energética e a conservação dos recursos naturais. A adoção dessas abordagens não só
preserva o meio ambiente, mas também agrega valor aos negócios, atendendo à preferência do
consumidor por empresas sustentáveis e conscientes e às estratégias empresariais. A
conscientização sobre a importância do uso sustentável dos recursos é essencial para garantir a
preservação dos ecossistemas e o bem-estar das gerações presentes e futuras.

REVISÃO DA UNIDADE
Olá, estudante! Neste vídeo, vamos explorar um tema de extrema relevância para o
nosso planeta: as questões ambientais e as ações que podem ser tomadas para enfrentar os
desafios relacionados às mudanças climáticas, como questões e impactos ambientais, uso de
recursos naturais e poluição.
As mudanças climáticas são uma realidade enfrentada globalmente, com eventos
extremos cada vez mais frequentes. Para combater isso, precisamos reduzir as emissões de gases
de efeito estufa. Para reduzir os impactos ambientais como desmatamento, degradação de
ecossistemas e perda de biodiversidade, a conservação e uso sustentável dos recursos são
fundamentais. A poluição é outro desafio significativo, a qual afeta ar, solo e água.
Neste vídeo, você terá a oportunidade de aprender sobre os conceitos fundamentais de
políticas e estratégias para enfrentar os desafios ambientais. Vamos explorar a importância da
responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos, a implementação da logística reversa de
pós-consumo e como essas abordagens podem fazer a diferença na redução da poluição
ambiental e na preservação dos recursos naturais.
Aproveite o vídeo para identificar oportunidades, implementar práticas e atuar como
agente de sensibilização e conscientização em prol do meio ambiente!

ESTUDO DE CASO
Contexto conceitual:
A logística e o uso de recursos são aspectos fundamentais intrinsecamente ligados à
sustentabilidade ambiental e econômica de qualquer sociedade. A logística é responsável por
planejar, executar e controlar o fluxo eficiente de materiais, produtos e informações ao longo da
cadeia de suprimentos, desde a obtenção de matérias-primas até a entrega dos produtos aos
consumidores. Por outro lado, o uso de recursos refere-se à forma como a sociedade utiliza os
recursos naturais, como água, energia, minerais e biodiversidade, para atender às necessidades e
demandas da população.
Neste contexto, a logística verde e o uso consciente de recursos emergem como
soluções promissoras. A logística verde visa integrar práticas sustentáveis ao longo de toda a
cadeia de suprimentos, como o uso de veículos elétricos ou a otimização das rotas de transporte
para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Já o uso consciente de recursos envolve a
adoção de tecnologias limpas, a promoção da economia circular e a implementação de práticas
que visam preservar e renovar os recursos naturais utilizados.
Caso:
A Logística Verde Sustentável Ltda. é uma empresa inovadora e comprometida com a
promoção da sustentabilidade e responsabilidade ambiental no setor de logística. Fundada em
2010 por um grupo de empreendedores visionários, a empresa nasceu com a missão de oferecer
soluções logísticas eficientes e ao mesmo tempo ecologicamente responsáveis, alinhando o
crescimento econômico com a preservação ambiental.
Uma das principais características da Logística Verde Sustentável Ltda. é a sua frota de
veículos movidos a energia limpa, como os caminhões elétricos e híbridos, que contribuem
significativamente para a redução das emissões de gases do efeito estufa. Além disso, a empresa
adota estratégias inteligentes de roteirização e consolidação de cargas, visando otimizar o uso de
recursos e minimizar a emissão de poluentes.
Outro diferencial da empresa é a sua atuação na economia circular, buscando promover
a reutilização, reciclagem e reaproveitamento de materiais e embalagens ao longo de toda a
cadeia logística. Por meio de parcerias com fornecedores e clientes engajados com a
sustentabilidade, a Logística Verde Sustentável Ltda. viabiliza o retorno de embalagens e
materiais ao ciclo produtivo, evitando o desperdício e a geração de resíduos.
Introdução do problema:
Você foi contratado pela empresa Logística Verde Sustentável Ltda. que está empenhada
em adotar práticas sustentáveis para minimizar os impactos negativos que pode causar no
ambiente natural. A empresa está elaborando um portfólio de trabalho, como plano de ação para
outras empresas de logística implementarem processos que reduzam seus impactos no meio
ambiente, especialmente em relação ao transporte, armazenamento e gerenciamento de resíduos.
O seu objetivo neste estudo de caso é elaborar um relatório técnico que apresente os
passos para eliminar ou reduzir ao máximo os impactos ambientais da empresa.
 Passo 1: Diagnóstico ambiental e benchmarking
 Passo 2: Definição de metas e indicadores
 Passo 3: Implementação de práticas sustentáveis
 Passo 4: Monitoramento e avaliação
 Passo 5: Comunicação e engajamento
Reflita!
Ao seguir cada passo listado será possível indicar o caminho que a empresa deve seguir
para eliminar ou reduzir ao máximo os impactos negativos que pode causar no ambiente natural.
O relatório demonstrará o compromisso da empresa em adotar práticas sustentáveis,
contribuindo para a preservação do meio ambiente e construindo um futuro mais equilibrado e
próspero. Com ações concretas e responsáveis, a empresa poderá se destacar no mercado como
uma referência em logística sustentável, atraindo mais clientes e parceiros alinhados com os
valores da sustentabilidade.

RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO


Em um mercado cada vez mais consciente e exigente em relação às questões ambientais, a
Logística Verde Sustentável Ltda. se destaca como um exemplo de empresa comprometida com
a causa ambiental e com a construção de um futuro mais sustentável.

Passo 1: Diagnóstico ambiental


O primeiro passo é realizar um diagnóstico ambiental abrangente da empresa "Logística
Verde Sustentável Ltda." O diagnóstico não apenas delineia os desafios ambientais, mas
também fornece insights valiosos para a tomada de decisões informadas e a implementação de
estratégias eficazes de gestão ambiental.
Ao considerarmos o caso da empresa, o diagnóstico ambiental busca mapear de maneira
abrangente todas as atividades da empresa que podem criar impactos negativos no ambiente
natural. Isso inclui aspectos como o consumo de recursos naturais, emissões de gases de efeito
estufa, geração de resíduos e utilização de materiais não sustentáveis. Ao avaliar esses
elementos, a empresa pode obter uma visão clara de seu desempenho ambiental atual e
identificar áreas de oportunidade para melhorias.
Uma técnica complementar e extremamente valiosa nesse processo é o benchmarking.
O benchmarking envolve a análise comparativa de práticas, processos e desempenho de uma
empresa com relação a outras organizações que são consideradas líderes em sustentabilidade ou
excelência em determinada área. No contexto do estudo de caso, o benchmarking pode ser
aplicado para identificar empresas que já estão implementando ações sustentáveis em seus
processos logísticos.
Considerando um caso, o estudante pode mapear empresas que já atuem com ações
sustentáveis em seus processos de logística. Isso inclui avaliar todas as possíveis atividades da
empresa que podem gerar impactos negativos no ambiente natural, como o consumo de
combustíveis fósseis pelos veículos de transporte, o uso de embalagens não sustentáveis, o
gerenciamento inadequado de resíduos sólidos, entre outros.
Passo 2: Definição de metas e indicadores
A definição de metas e indicadores é um passo crucial na jornada de transformação
rumo à sustentabilidade para a empresa "Logística Verde Sustentável Ltda." Uma vez que o
diagnóstico ambiental tenha identificado os impactos negativos das operações, é essencial
traduzir essas informações em ações concretas e mensuráveis. Metas claras e indicadores bem
escolhidos fornecem à empresa uma estrutura tangível para monitorar o progresso, medir o
sucesso e ajustar estratégias conforme necessário.
Eles fornecem dados concretos que refletem o desempenho da empresa ao longo do
tempo. Os indicadores podem ser quantitativos, como a quantidade de emissões de CO2
reduzidas ou a porcentagem de materiais reciclados, ou qualitativos, como a satisfação dos
clientes em relação às práticas sustentáveis adotadas. Com base no diagnóstico ambiental, o
estudante deve ajudar a empresa a definir metas claras e mensuráveis para reduzir ou eliminar
os impactos negativos identificados. Por exemplo: a empresa pode estabelecer metas para
reduzir o consumo de combustíveis fósseis em uma porcentagem específica, aumentar o uso de
embalagens sustentáveis ou implementar um sistema de logística reversa para reciclar materiais.
Passo 3: Implementação de práticas sustentáveis
A implementação de práticas sustentáveis é o ponto crucial em que as aspirações da
empresa "Logística Verde Sustentável Ltda." se transformam em ações concretas e impactantes.
Neste estágio, você desempenha um papel fundamental ao auxiliar a empresa na tradução das
metas e dos indicadores definidos anteriormente em um plano de ação robusto e realista. Esse
processo é essencial para garantir que as boas intenções se convertam em mudanças reais que
beneficiam tanto o negócio quanto o meio ambiente.
Neste passo, você deve auxiliar a empresa com um plano de implementação das práticas
sustentáveis definidas anteriormente. Isso pode incluir a adoção de veículos elétricos ou
híbridos para o transporte, a substituição de embalagens plásticas por materiais biodegradáveis
ou recicláveis, o estabelecimento de parcerias com empresas de reciclagem para o
gerenciamento adequado dos resíduos, entre outras ações.
Passo 4: Monitoramento e avaliação
O processo de monitoramento e avaliação é um elo vital na corrente da sustentabilidade
da empresa "Logística Verde Sustentável Ltda." Após a implementação das práticas
sustentáveis, você deverá acompanhar de perto os resultados e impactos das ações
empreendidas. Essa etapa é essencial para garantir que as mudanças realizadas estejam
alinhadas com as metas estabelecidas e para identificar oportunidades contínuas de melhoria.
Após a implementação das práticas sustentáveis, você deve acompanhar e avaliar os
resultados ao longo do tempo. Isso pode ser feito por meio de indicadores ambientais, como a
redução das emissões de gases do efeito estufa, o aumento da reciclagem de materiais ou a
diminuição do uso de recursos naturais. Com base nos resultados, a empresa pode ajustar suas
estratégias e metas, se necessário. Se os resultados não estiverem atendendo às expectativas,
você deve orientar a equipe na investigação das causas subjacentes e no desenvolvimento de
estratégias corretivas.
Passo 5: Comunicação e engajamento
A empresa deve considerar a importância da comunicação transparente e responsável
com os stakeholders, compartilhando os resultados, progressos e desafios enfrentados. Isso
ajuda a construir confiança e credibilidade, além de demonstrar o compromisso da empresa com
a sustentabilidade.
Você também deve ajudar a empresa a comunicar suas ações e seu progresso em relação
à sustentabilidade para seus stakeholders, como clientes, funcionários e investidores. A
comunicação transparente e eficaz pode aumentar a conscientização sobre a importância da
sustentabilidade e incentivar o engajamento de todos os envolvidos. Além disso, você pode
orientar a empresa na organização de eventos de conscientização e engajamento, como palestras
internas sobre sustentabilidade, feiras ambientais ou programas de voluntariado comunitário.
Essas iniciativas não apenas promoveriam a conscientização, mas também demonstrariam o
compromisso da empresa com a sustentabilidade na prática.

EXERCÍCIOS
1. No contexto atual da sociedade globalizada, uma das discussões centrais é sobre
os perigos e riscos oriundos das atividades humanas. Em 2002, o sociólogo
alemão Ulrich Beck introduziu o conceito de "sociedade de risco", onde
argumenta que os riscos modernos, muitas vezes invisíveis e transnacionais, são
gerados principalmente por avanços científicos e tecnológicos, industrialização
e exploração indiscriminada dos recursos naturais. Estes riscos podem
manifestar-se como desastres ambientais, crises econômicas, alterações
climáticas, entre outros. Complementando esta visão, a pesquisa da McKinsey
em 2016 apontou riscos significativos associados à cadeia produtiva, focando
em dois aspectos principais: o impacto na sustentabilidade do fornecimento de
bens e serviços e o impacto das práticas sustentáveis nas cadeias de
suprimentos das empresas consumidoras. Considerando a solução mais
adequada para enfrentar os desafios apresentados para a sociedade de risco, é
correto afirmar que:
RESPOSTA:
- Reduzir a dependência de avanços tecnológicos, retornando a práticas mais
tradicionais e menos intensivas em recursos para diminuir os riscos associados
à modernidade. INCORRETA, embora a redução de dependência de certas
tecnologias possa ser benéfica em alguns contextos, a solução para os riscos da
sociedade moderna não é necessariamente um retorno completo às práticas
tradicionais.
- Promover práticas sustentáveis isoladas em empresas individuais, sem se
preocupar com a integração ou impacto dessas práticas nas cadeias de
suprimento mais amplas. INCORRETA, as práticas sustentáveis não devem ser
isoladas.
- Estabelecer políticas integradas e ações coletivas que visem a conservação dos
recursos naturais, a redução dos riscos sociais e a promoção de práticas
sustentáveis em toda a cadeia produtiva. CORRETA, a promoção de práticas
sustentáveis em toda a cadeia produtiva reconhece a interconexão e
interdependência das operações comerciais na era moderna.
- Ignorar os riscos associados à globalização e focar apenas nos riscos imediatos
e tangíveis que afetam comunidades locais. INCORRETA, ignorar qualquer
conjunto de riscos, seja global ou local, é uma abordagem imprudente.
- Encorajar as empresas a priorizar apenas a eficiência energética, sem
considerar outros aspectos do ESG, como gestão responsável de recursos e
práticas de trabalho justas. INCORRETA, enquanto a eficiência energética é
uma parte importante da sustentabilidade, ela é apenas um aspecto do ESG.
2. Diversos relatórios e pesquisas têm trazido à luz dados alarmantes sobre a atual
trajetória da humanidade, sublinhando a urgência em repensar nosso modelo de
desenvolvimento. As afirmações a seguir exploram algumas dessas descobertas
e insights sobre a sustentabilidade e seus desafios no cenário mundial.
Considerando o contexto apresentado, julgue as afirmativas a seguir:
I. As empresas que adotam programas de sustentabilidade não apenas podem
reduzir seus custos operacionais, mas também fortalecer sua imagem
corporativa, atraindo consumidores e investidores socialmente responsáveis.
II. O Relatório Planeta Vivo evidenciou que a biodiversidade global diminuiu
em 69% entre 1970 e 2022, com os países da América Latina e Caribe sendo
particularmente afetados, apresentando uma redução de 94%.
III. De acordo com uma pesquisa da GFN em 2022, seriam necessários o
equivalente a 1,75 planetas para sustentar o atual padrão de consumo global,
revelando a insustentabilidade do modelo atual. Considerando o contexto
apresentado, é CORRETO o que se afirma em:
Resposta CORRETA: I, II e III.
I. As empresas que adotam programas de sustentabilidade não apenas podem
reduzir seus custos operacionais, mas também fortalecer sua imagem
corporativa, atraindo consumidores e investidores socialmente responsáveis.
CORRETA. Muitas empresas têm percebido que a adoção de práticas
sustentáveis pode levar a reduções de custo, seja através da economia de
recursos, eficiência energética, ou minimização de resíduos. Além dos
benefícios financeiros diretos, a sustentabilidade pode fortalecer a marca e a
reputação de uma empresa, tornando-a mais atraente para consumidores
conscientes e investidores que valorizam práticas responsáveis.
II. O Relatório Planeta Vivo evidenciou que a biodiversidade global diminuiu
em 69% entre 1970 e 2022, com os países da América Latina e Caribe sendo
particularmente afetados, apresentando uma redução de 94%. CORRETA. Esta
informação é baseada em dados do Relatório Planeta Vivo, publicado pela
WWF, monitora a saúde do nosso planeta, examinando as tendências em termos
de biodiversidade.
III. De acordo com uma pesquisa da GFN em 2022, seriam necessários o
equivalente a 1,75 planetas para sustentar o atual padrão de consumo global,
revelando a insustentabilidade do modelo atual. CORRETA. Com base na GFN
(Global Footprint Network) que monitora a "pegada ecológica" da humanidade,
uma medida do consumo humano dos recursos naturais em relação à
capacidade da Terra de regenerar esses recursos.
3. Quando as empresas buscam fazer a inclusão social em muitos os casos as
fazem para cumprir cotas obrigatórias por lei, porém buscar trabalhar com a
inclusão vai muito além de cotas e sim uma mudança de cultura da empresa a
qual pode ser promovida através da responsabilidade social. Assinale
alternativa que corresponda uma forma da empresa fazer inclusão social
conforme ESG. Escolha uma:
Alternativa correta, é Montar turmas de EJA (Educação de Jovens e adultos)
para os empregados que não concluíram o fundamental e o ensino médio,
porque a inclusão social na perspectiva ESG visa incluir as pessoas sem
considerar a legislação que torna obrigatória para determinado grupo de
pessoas, e além disto é necessário que as empresas façam as adaptações
necessárias para os trabalhadores que necessitem de condição especial, ou seja,
tratar todos com equidade e não somente igualdade.
Contratar menores aprendizes conforme estabelecido pela legislação, está
incorreta pois a cultura da ESG vai além de cumprir legislação e sim a
responsabilidade social da empresa.
No quadro de empregados da empresa ter a quantidade mínima de PCDs
(Pessoa com Deficiência) que é obrigatório por lei., está incorreta pois a cultura
da ESG vai além de cumprir legislação e sim a responsabilidade social da
empresa.
Promover empregados considerando essencialmente a relação de amizade com
o gestor., está incorreta pois a ESG busca tratar todos com equidade e
igualdade, somente desta forma a empresa poderá ter a responsabilidade social.
Aumentar a quantidade de mulheres na empresa, porém deixando os cargos de
gestão exclusivos para homens., a ESG busca uma equidade e igualdade de
gênero, assim qualquer ação que não esteja neste sentido estará contra os
propósitos da ESG.

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