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SEMINÁRIO DE PROJETO II
O ÓLEO DE DENDÊ COMO FONTE ENERGÉTICA RENOVÁVEL
Janeiro de 2023
Resumo
O Dendê “Elaies guiniensis” (óleo de palma) é uma “commodity” importante que contribui para
a subsistência de muitas comunidades, para o PIB dos governos e para a consecução de vários
objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), biodiversidade e alterações climáticas No
entanto, o seu cultivo e expansão contínua, devido à elevada e crescente procura, tem conduzido
a muitos efeitos negativos e subsequentes apelos para tornar a produção sustentável. A produção
sustentável do Dendê enquadra-se na visão mundial de sustentabilidade, que ao longo dos anos,
crises económicas e o debate sobre mudanças climáticas têm focado a atenção de académicos,
industriais e formuladores de políticas, a promoverem uma economia verde. Neste contexto a
o artigo científico centrou-se no Óleo de Dendê como uma energia renovável, e realidade,
substituto da energia consumida no mundo de fontes não renováveis (carvão, óleo, gás natural
e principalmente petróleo). Neste estudo, a metodologia desenvolvida é em avaliar o balanço
energético. por meio de uma revisão bibliográfica, na qual foram levantados artigos publicados
em periódicos de referência relacionados ao tema.
1. Introdução
1.1.Generalidades
2. Sustentabilidade
2
visibilidade e proporciona problemas ambientais e o crescimento desordenado das
comunidades.
3. Biomassa do Dendê
4
de processos de produção, colheita, armazenagem, transporte e processamento de biomassa, são
alguns exemplos de inovações tecnológicas (Mapa, 2005)
.
5
Uso da casca e da fibra do mesocarpo - As cascas representam em média 5% dos
frutos da palma de óleo e devido a seu alto poder calorífico (4401 kcal/kg e 20% de
humidade) elas são bastante utilizadas como combustível. A fibra do mesocarpo
representa aproximadamente 12% do cacho de fruto fresco. Com um poder calorífico
acima de 2600 kcal/kg, é muito utilizada como combustível nas plantas extratoras
(Singh et al., 1989). A fibra do mesocarpo pode ser usada como adubo orgânico,
fornecendo boa quantidade de nutrientes (Ferreira et al., 1998).
Engaço ou cacho vazio - O engaço ou cacho vazio é amplamente utilizado como adubo
orgânico, colaborando significativamente para a elevação do teor de matéria orgânica
dos solos cultivados com palma de óleo (Furlan, 2006).
Efluente líquido - Mill Effluent (POME) - O manejo do efluente líquido conhecido
como POME requer grande atenção por parte das indústrias extratoras de óleo de palma.
As usinas produzem dois efluentes: o natural (cru ou puro) e o centrifugado, os quais
possuem níveis consideráveis de nutrientes, que podem substituir parte de fertilizantes
minerais (Furlan, 2006). O conteúdo de nutriente é bastante variável (Chan et al., 1981;
Ferreira et al., 1998) e a sua aplicação no solo em doses controladas e adequadas
melhora as propriedades químicas e aumenta a fertilidade (Furlan, 2006). A quantidade
de POME produzida depende do modelo de processamento da usina. Em regra,
trabalha-se com uma produção de 0,67t de POME fresco por tonelada de cacho de fruto
fresco (CFF) processado (Redshaw, 2003).
Características do pome - Por cada tonelada de óleo de palma bruto produzida a partir
dos cachos de frutos frescos, são produzidas cerca de 6 toneladas de folhas de dendê
usadas, 5 toneladas de cachos de frutos vazios, 1 tonelada de troncos de palmeiras, 1
tonelada de fibra de prensa (do mesocarpo), 500 kg de endocarpo de caroço, 250 kg de
torta de dendê e 100 toneladas de efluente de fábrica de óleo de palma (POME) podem
ser obtidos (Wikipédia, 2009). Por natureza, o efluente fresco da fábrica de óleo de
palma é uma suspensão coloidal ácida, espessa, acastanhada, viscosa e volumosa com
95-96% de água, 0,6-0,7% de óleo e 2-4% de sólidos em suspensão (Ahmad AL et al.,
2005). O efluente é proveniente da corrente mista de condensado do esterilizador, lodo
separador e águas residuais do hidrociclone, principalmente na forma de fibras de
mesocarpo (fibra de torta prensada), cachos de frutos vazios e materiais de caule após o
desengace dos frutos (Khalid AR et.al., 1992). Contendo uma quantidade essencial de
aminoácidos, nutrientes inorgânicos (sódio, potássio, cálcio, magnésio, manganês e
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ferro), organelas, fibras curtas, constituintes nitrogenados, ácidos orgânicos livres e um
conjunto de carboidratos que variam de hemicelulose a açúcares simples (Santosa SJ,
2008) o efluente apresenta uma alta demanda biológica de oxigênio de 10.250 a 43.750
mg / L, demanda química de oxigênio de 16.000 a 100.000 mg / L, sólidos suspensos
de 5.000 a 54.000 mg / L, teor de nitrogênio variando de 200 a 500 mg / L (nitrogênio
amoniacal e nitrogênio total) e temperatura de descarga de 80–90 ºC.
O óleo de palma tornou-se uma das commodities agrícolas de alta produtividade e uso
geral e tem sido utilizado mundialmente em diversos itens como alimentos, não alimentícios e
biocombustíveis. A maioria das oleaginosas anuais possui fatores limitativos de expansão,
pois existem no globo poucas terras ricas, aptas às suas culturas e sua localizações estão
sujeitas a grande instabilidade climatológica (geada, estiagem, etc.). No cenário internacional,
entre todas as oleaginosas existentes, ocupa o primeiro lugar, atingindo produção de óleo acima
de 56 milhões de toneladas anuais (USDA, 2012).
7
exemplo: combate ante erosivo; elementos úteis à planta cultivada; combate às pragas etc.).
Recomenda-se a consorciação com leguminosas, no intuito de combater plantas daninhas,
reduzir a compactação e erosão do solo, melhorar a fixação de nitrogênio (Müller, 1980).
Poucas commodities tropicais foram tão polêmicas quanto o óleo de palma. A grande
pegada social e ambiental do setor nas últimas décadas o tornou um alvo principal para a ação
cívica, impulsionando o surgimento de várias inovações regulatórias transnacionais (Noordwijk
et al., 2017; Rival e Levang, 2014).
De acordo com a Oil World (2017) o óleo de palma refinado está presente em 50%
dos produtos comercializados nos supermercados, sendo que 72% do óleo de palma produzido
no mundo é aplicado em alimentação. No Brasil, 97% da demanda de óleo de palma é para fins
alimentícios, incluindo a indústria alimentícia (ABRAPALMA, 2017).
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Além do uso consagrado para fins alimentícios, os óleos de palma e palmiste ganham
cada vez mais utilizações industriais. O consumo mundial de óleo e gorduras em 2013 foi de
191.5 Mt distribuídos por: alimentação 138.0 Mt (72%); energia-biodiesel 26.8 Mt (14%);
produtos químicos 17.6 Mt (9,2%); outros, principalmente em alimentação de animais (bovinos,
equinos, suínos, etc.) 9.1 Mt (4,8%) (Oil World, 2014).
O óleo de dendê apresenta-se sob uma forma sólida e líquido a 30°. A técnica de
cristalização fracionária permite produzir uma fração líquida que se mantém absolutamente
límpida a 5 e 7 ºC, qualidade básica para os óleos de cozinha, e uma fração sólida, ou estearina,
que pode ser utilizada sem hidrogenação no preparo de margarina e do “shortening” (IRHO,
1976).
O óleo de dendê de qualidade inferior, quer dizer, com um teor de acidez superior a 5%,
é utilizado na produção de sabão de má qualidade, de vela e de ferro branco.
4.Energia e Desenvolvimento
Durante todo o curso da história, com a evolução das civilizações, a demanda de energia
tem subido continuamente. Ela é um agente pró-ativo em facilitar aumentos no padrão de vida
e mudanças nas condições sociais que se acredita influenciarem na taxa de fertilidade. Acredita-
se que a disponibilidade de combustíveis baratos e de fácil manuseio, que exigem o uso de todas
as fontes de energia, será importante para permitir o desenvolvimento mundial, fazendo a
transição para uma população estável com um padrão de vida digno (Carvalho,2010).
Atualmente, a maior parte da energia consumida no mundo provém de fontes não
renováveis (carvão, óleo, gás natural e principalmente petróleo), como observado na Figura 3,
matriz energética mundial, as quais poderão ser esgotadas rapidamente se não for racionalizado
o seu uso (Saxena et al., 2007). As fontes renováveis no Mundo totalizam aproximadamente
14% sendo que, a energia hidráulica e da biomassa, representam 11,9 %.
9
.
Figura 3 - Figura Matriz Energética Mundial 2019 (IEA, 2020)
10
fósseis, de 19% hoje, para 25% em 2040, concentrados nos sectores dos transportes e
petroquímicos”.
Uma das mais importantes fontes renováveis de energia é o dendê. O Dendê é
principalmente um captador de energia solar produzindo óleo (carbono, hidrogênio e oxigênio).
A maior parte dos outros elementos (fibras e cokes de Kernel) é queimada para fornecer a
energia necessária ao processamento, e as cinzas, ricas em potássio, são utilizadas como
adubo.
Em termos de rendimento por unidade de superfície cultivada, o dendê atende a uma
produção entre 4 e 6 toneladas de óleo de palma/ano/ha o que comparado com outros óleos é
bastante significativo, conforme se observa na Figura 5. Possibilita ainda uma produção de
0,8/1,2 ton de óleo de palmiste/ano/ha (Embrapa, 2010).
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Figura 6- Óleo de Palma (avermelhado); óleo de Palmiste (amarelado) (Denpasa, 2021)
Quadro 1- Diferenças Comparativas do óleo de dendê e do diesel (ANP, 2010; Alptekin, 2008)
12
Para se tornar compatível com os motores a diesel atuais, o óleo vegetal precisa passar
por diversos processos: pirólise, mico emulsões, esterificação e transesterificação (Ma E Hanna,
1999).
A pirólise (craqueamento térmico) envolve aquecimento com ou sem o uso de
catalisadores, em ausência de ar. Parafinas, olefinas e ácidos carboxílicos, além dos
ésteres, são os principais produtos da decomposição de triglicerídeos. Pode ser uma
alternativa para áreas com baixa produção de petróleo.
Mico emulsões são misturas diretas de óleos vegetais com álcoois de cadeia curta (até
4 átomos de carbono). Estas misturas, apesar de apresentarem viscosidade bem menor
que a do óleo vegetal, possuem a desvantagem de combustão incompleta, além da
formação de depósitos de coque.
A esterificação é a reação entre um ácido carboxílico e um álcool, tendo o éster como
produto principal e a água como subproduto. É realizada com catalisadores ácidos,
como ácido sulfúrico e ácido nióbico.
13
4.3 Biogás do óleo de dendê
Entre os resíduos gerados durante a extração do óleo de palma, tem-se o efluente líquido
chamado POME (Palm Oil Mill Effluent) (Figura 7) caracterizado como poluente devido sua
elevada carga orgânica, acarretando inúmeros impactos ambientais quando disposto sem
tratamento adequado (Junior J.F. et al., 2019). Estes autores avaliaram a produção de biogás a
partir do POME, utilizando o processo de digestão anaeróbia e os resultados mostraram que a
produção de biogás foi satisfatória, com concentração de metano maior que 50%.
5.Metodologia
Este estudo faz uma pesquisa exploratória no intuito de identificar características dos
trabalhos realizados sobre a energias renováveis no contexto do Dendê e evidenciar os métodos
mais recentemente desenvolvidos na literatura. Para Forza (2002), a finalidade dessa
metodologia é construir uma ideia inicial sobre um tema, fornecendo base para estudos mais
detalhados, isto é, para o aprimoramento das técnicas atualmente disponíveis. A pesquisa foi
realizada por meio de uma revisão bibliográfica, na qual foram levantados artigos publicados
em periódicos de referência relacionados a : Amazónia, Dendê “Elaies guiniensis”, Óleo de
palma., Energia Renováveis, Sustentabilidade., na conceção de Cauchick Miguel (2007), a
pesquisa bibliográfica/revisão da literatura permite identificar, conhecer e acompanhar o
desenvolvimento de determinado campo de conhecimento, levantando perspetivas e sugestões
para futuros trabalhos. Na presente pesquisa, a revisão literária foi inicialmente realizada para
contextualizar o problema ora estudado, sendo em seguida utilizada para mapear trabalhos
nesse campo de conhecimento e levantar hipóteses para futuras pesquisas
14
Nesse sentido, foram investigados 56 artigos relacionados sobre o tema estudado entre
os anos de 2016 e 2022.Todos os artigos analisados ofereciam uma modelagem para a resolução
do problema em questão. Os trabalhos foram analisados com base em diferentes aspetos, tais
como: ano de publicação, método utilizado, critérios considerados e metodologia adotada.
6 Considerações Finais
O Brasil não representa um grande plantador e produtor desta cultura importante para
suprir as suas necessidades. O país ocupou, em 2005, segundo estatísticas de “Malaysian Palm
Oil Board” [MPOC], a 11a posição entre os maiores produtores mundiais de óleo de palma
(com 160 mil toneladas), produção insuficiente para atender a demanda interna (MPOC, 2012).
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