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IAD II
O que será verificado neste resumo é o cometimento normativo das relações jurídicas.
Este cometimento serve para estabelecer uma diferença entre o emissor (autoridade) e o
receptor (sujeito, aquele que se submete) – relação hierárquica.
Sabe-se que a doutrina é um conjunto de teorias com função social. Isso significa que é
decisivo, para a dogmática jurídica, que a decidibilidade dos conflitos que ocorrem nas
relações é considerado o núcleo do conflito social. Isso pode ocorrer tanto numa
disputa acadêmica, quanto nas relações familiares, negociais, comerciais,
empresariais, políticas, religiosas, sexuais etc.
Para Kelsen, relação jurídica nada mais é do que uma relação entre normas
(normas que qualificam os sujeitos, ativo e passivo, normas que lhes prescrevem
condutas). Salientando-se que o credor é o sujeito de um direito (ex.: fulano deve pagar
sob pena de prisão) e o devedor é o sujeito da obrigação (ex.: ciclano pagará, adotando
uma postura prescrita na norma, evitando sofrer a sanção de prisão).
Bilateralidade Atributiva é uma relação objetiva que, ligando entre si dois ou mais
seres, lhes confere e garante, de maneira recíproca ou não, pretensões ou competências.
Assim sendo a bilateralidade atributiva não se confunde com a bilateralidade comum.
Uma relação jurídica é uma relação entre dois sujeitos, dentre os quais um
deles, o sujeito ativo, é titular de um direito, o outro, o sujeito passivo, é titular de um
dever e obrigação. A relação jurídica é, em outras palavras, uma relação direito-
dever. Ora, o que significa ter um direito? Significa ter o poder de realizar uma
certa ação. Mas, de onde deriva este poder? de uma regra, a qual no mesmo
momento em que me atribui este poder, atribui a um outro, a todos os outros, o
dever de não impedir a minha ação. E o que significa ter um dever? Significa
estar obrigado a comportar-se de um certo modo.
A relação jurídica, enquanto direito-dever, remete sempre a duas regras de conduta,
dentre as quais a primeira atribui um poder, a outra atribui um dever.
A relação jurídica é aquela que se distingue de todos os outros tipos de relação por
ser regulada por uma norma jurídica. A relação jurídica é caracterizada não pela
matéria que constitui seu objeto, mas pelo modo com que os sujeitos se
comportam um em face do outro. E se exprime também desta maneira: o que
caracteriza a relação jurídica não é o conteúdo, mas a forma.
Uma norma NÃO é jurídica porque regula uma relação jurídica, mas sim que uma
relação é jurídica porque é regulada por uma norma jurídica.
Norma é uma regra de conduta, podendo ser jurídica, moral, técnica, etc. Esta abrange
também o costume e os princípios gerais do direito.
A posição de Kelsen, mesmo que não seja adotada a sua tese normativista, implica no
uso das normas ou, no mínimo, que elas sejam usadas para o fim a que destina. As
normas jurídicas não constituem prescrições claras e diretas, mas são expressões
que se reportam a mecanismos que produzem certos efeitos: obrigação, direito
subjetivo, responsabilidade, etc.
Para Kelsen, a realidade das relações jurídicas está relacionada ao sentido normativo da
conduta. A relação entre credor e devedor não é uma relação em si (substância)
que o direito vem a disciplinar, mas é a própria disciplina: juridicamente, credor
é um objeto constituído pelas normas e não reconhecido por elas , a relação
entre ele e o devedor idem. Por exemplo, a norma penal, ao fixar a conduta tipo
(modelo de conduta criminosa) e prescreverlhe uma sanção, não disciplina nenhuma
relação entre indivíduos, mesmo porque o delito penal, um crime de morte, não
é, juridicamente, uma relação entre criminoso e vítima, mas decorre de uma
exigência da sociedade toda.
Já que as relações jurídicas são estruturadas por normas, é possível propor uma
organização sistemática baseada nas classificações normativas. São elas: Normas de
Conduta e Normas de Competência. As primeiras estabelecem obrigações,
proibições, faculdades e impõem sanções. Já as Normas de competência
configuram poderes, os delimitam, limitam seu exercício e preveem nulidade
quando descumpridas. Por exemplo, a relação imposta pela norma contratual entre
o agente que deve pagar o preço (sujeito passivo ) e o agente que pode exigir o
pagamento (sujeito ativo) é uma relação de coordenação. Entretanto, se a relação
ocorre em face de um poder juridico (emanar normas, legislar, regulamentar,
julgar) a um agente (sujeito ativo) em face de outro agente (sujeito passivo)
por exemplo: ter o poder de estabelecer normas tributárias (competência da
União, dos Estados, dos Municípios) para os cidadãos é uma relação de
subordinação.
As relações jurídicas também podem ser cruzadas com a dicotomia direito público
e privado, falamos, então, em relações jurídicas de direito público, aquelas que,
genericamente, são dominadas pelo princípio do jus imperii (direito de mandar, de
exercer autoridade, de governar), e relações jurídicas de direito privado, as que são do
minadas pelo princípio da autonomia privada.
Para terminar, ao se estabelecer uma análise da relação jurídica como direito e dever,
deve-se tomar cuidado para não entendê-la de forma simplificada, pois a expressão
direito subjetivo não é pura e simplesmente um correlato de dever, mas abarca
um conjunto de modalidades relacionais. Por exemplo, o direito (subjetivo) de
propriedade inclui relações de faculdade, liberdade, imunidade, capacidade,
competência e seus correlatos. A noção de direito subjetivo serve ao jurista para
operar relações, isto é, descrever, de uma forma sintética, relações reguladas por
normas.
Esta correlação entre facultas agendi e norma agendi se verifica numa ordem
interessante de fatores, pois como as regras jurídicas têm como destinatários sempre o
indivíduo – sujeito de direitos -, cabe a partir disso, a reflexão sobre o que consiste a
possibilidade que têm as pessoas (sejam físicas ou jurídicas) de ser, de pretender, de agir
com referência ao sistema de regras jurídicas em um determinado país, sendo este
exatamente o problema do direito subjetivo, ou mais ainda, das situações jurídicas.
Facultas está correlacionada ao Direito Subjetivo, pois advém de “faculdade”, ou seja,
aquilo que não é obrigatório. Já a Norma Agendi está correlacionada ao Direito
Objetivo, pois é uma regra.
Norma Agendi tem sua origem do latim e significa "norma de agir", é uma norma de
conduta, a qual pode ser uma lei, norma ou regra. Já a Facultas Agendi à faculdade de
agir conforme a norma, trata-se do "agir dentro das leis do direito".
O direito objetivo nasceu na cultura romana. A partir do código novo para ordenar ou
como diziam os romanos “fazer jus” usavam a norma agendi e Facultas Agendi “agir
dentro das regras do direito”. Para conviver é necessário um ambiente pacífico, foi
criado um conjunto de normas e regras jurídicas.
Desta forma, a norma agendi valia para todas as pessoas do império. Caso alguma regra
não fosse levada a sério por alguém, o seu não cumprimento geraria uma sanção.
A norma agendi e a facultas agendi tratam-se da forma de agir perante as leis criadas
pelo Estado, ou seja, são as regras estabelecidas pelos órgãos responsáveis pela criação,
legislação e fiscalização de:
No direito objetivo, cada indivíduo deve ter um comportamento que siga a ordem social.
Então, o direito objetivo nada mais é do que o conjunto de normas legais que são
impostas à população com a finalidade de nortear as relações de trabalho, lazer,
convivência entre outras.
Constituição Federal;
É a norma agendi (norma de agir) que preside nossa vida em sociedade evitando o caos
e a anarquia. É direito objetivo, positivado em nossos diplomas legais.
A relatora de recurso especial no STJ, ministra Nancy Andrighi, pontuou que “os
costumes, obviamente, assumem importante papel no contexto de interpretação das leis,
pois, enquanto fonte mediata ou secundária do direito, decorrente da repetição geral de
comportamentos, incutem nas pessoas a ideia de um modo de agir. Todavia, frisou a
ministra “esse modo de agir (‘facultas agendi‘) não será tolerado pelo direito se violar a
norma de agir (‘norma agendi‘)”.
Fonte: (Migalhas)
O direito objetivo é o conjunto de normas que o estado mantém em vigor. Constitui uma
entidade objetiva frente aos sujeitos de direitos, que se regem segundo ele.
O Direito Objetivo estabelece normas de conduta social. De acordo com elas, devem
agir os indivíduos.
Já o direito subjetivo, designa a faculdade da pessoa de agir dentro das regras do direito
(FACULTAS AGENDI). É o poder que as pessoas têm de fazer valer seus direitos
individuais.
Obs.: Sujeito de Direito pode ser além dos cidadãos, uma pessoa jurídica, ou seja, ser
uma personalidade jurídica.
Segundo Puchta, autor do século XIX, “o homem é sujeito do direito, posto que
aquela possibilidade de se determinar a ele se atribui, já que ele tem uma vontade."
Fazendo uma correlação entre uma propriedade e o corpo humano, deduz-se que se o
sujeito é titular de uma propriedade privada e a noção desta é identificada com a
possibilidade de se produzir bens (adquirir “riqueza”), silogisticamente, deduz-se
também que o próprio corpo humano, por ser uma fonte de trabalho, é sujeito jurídico
por excelência.
Segundo o uso doutrinário mais tradicional, o sujeito jurídico enquanto ser humano
é aquele que é sujeito de um direito ou de um dever correspondente. Para Kant,
no direito, o homem é para o homem sempre pessoa, nunca objeto. Porém, como
não apenas o homem, mas também as sociedades, as associações, uma empresa
mercantil, o próprio Estado são também portadores de direitos e deveres, a
doutrina estende o conceito de pessoa a esses entes, falando então também em
pessoa jurídica.
Toda pessoa fisica ou jurídica é um sujeito jurídico. pode ser uma pessoa, fisica
ou jurídica, mas também um patrimônio. A ele se atribuem, nele convergem
normas que conferem direitos e deveres. Falase assim em sujeito ativo (de um
direito subjetivo) e em sujeito passivo (de um a obrigação).
A pessoa jurídica aparece no direito como uma forma de dar personalidade a grupos de
pessoas que se unem em torno de uma atividade e têm um objetivo em comum e,
principalmente, para distinguir a personalidade do grupo daquela dos seus
integrantes. Isso é importante para diferenciar o patrimônio da pessoa jurídica e de seus
integrantes, o que será relevante, por exemplo, caso os bens da pessoa jurídica sejam
penhorados pois, via de regra, os bens dos seus integrantes não podem ser penhorados
para a quitação de dívida da pessoa jurídica.
Direito Subjetivo (explicação do Professor) advém, do termo em latim “Subjectum” e
está relacionado àquelas garantias que fazem parte do patrimônio jurídico de uma
determinada pessoa e que, em geral, somente por ela pode ser exercida pois ela é o
titular daquele direito. Existem as exceções que estão correlacionadas aos casos de
representações como tutela e curatela, cujos direitos pertencem aos representados.
Segundo o jurista francês François Geny, existem dois tipos de fontes, as substanciais
(que são dados) e as formais (corresponde à elaboração técnica do material).
No século XIX, com o desenvolvimento das Teorias do Direito Público, surgiu um
conceito-chave de:
ATO JURÍDICO, que corresponde às condutas que positivam o Direito e são emanadas
do Estado e seus órgãos, a sociedade, indivíduos, etc... Podem ser Atos Jurídicos
Estatais que produzem normas gerais (leis e decretos) ou Jurisdicionais (sentenças) ou
Estatutários (estatutos de sociedades civis e comerciais) ou Atos Negociais (contratos,
doações).
O ato jurídico perfeito é aquele em que já se consumou de acordo com a lei vigente à
época. O direito já foi exercido, todos os atos já foram praticados, não podendo ser
modificados por Lei posterior. “§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.”
Ato jurídico: É definido pelo artigo 81 do Código Civil que “Todo o ato lícito que tenha
por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos, se
denomina ato jurídico”.
Convém ressaltar que os efeitos jurídicos decorrentes da volição humana são instituídos
pela norma jurídica, assim como os provenientes da ação da natureza também o são.
Porém, no âmbito dos atos jurídicos, o caminho para a realização dos objetivos visados
pelo declarante da vontade depende da natureza ou do tipo do ato realizado. Tal
caminho terá que ser seguido na conformidade da lei ou poderá ser traçado
autonomamente pela parte interessada.
Conforme a doutrina pandeccista alemã, os atos jurídicos no sentido estrito são aqueles
decorrentes de uma vontade moldada perfeitamente pelos parâmetros legais, ou seja,
uma manifestação volitiva (reflete a materialização dos pensamentos de
uma pessoa através dos seus atos) submissa à lei. São atos que se caracterizam pela
ausência de autonomia do interessado para auto regular sua vontade, determinando o
caminho a ser percorrido para a realização dos objetivos perseguidos.
O Ato Jurídico Inexistente não constitui um ato propriamente dito, de vez que a própria
expressão ato inexistente constitui uma contradictio in adiectio (uma contradição entre
partes de um argumento").
Ato Jurídico Nulo é um Ato desprovido de requisitos substanciais ou que fere a norma
jurídica, sendo inquinado de ineficácia absoluta. O Código Civil exige, no art. 82, para a
validade do ato jurídico, agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em
lei.
Os fatos brutos são aqueles mais gerais que não tem relevância jurídica. O fato se torna
jurídico na medida em que ele passa de fato bruto para fato percebido.
Miguel Reale Apud Renan Lotufo explica que o direito não fica reduzido a qualquer
fato, ao chamado pelo mesmo de fato bruto; os fatos que tem relação como direito são
chamados de fatos juridicamente qualificados, pois as normas jurídicas lhe atribuíram
consequências.
Todo fato social potencialmente relevante para o direito e moldado pela valoração
(social decorrente) do elemento normativo (o qual, ao mesmo tempo, é construído na
historicidade evolutiva da sociedade), é fato jurídico.