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FALIMENTAR:
RECUPERAÇÃO
JUDICIAL E
EXTRAJUDICIAL
Eduardo Zaffari
Introdução
O processo de falência tem por objetivo a preservação da atividade
empresarial com o afastamento do devedor e a utilização de seu ativo
para a continuidade da atividade. Entretanto, os credores do devedor
terão que receber seus créditos, competindo ao administrador judicial
viabilizar a melhor forma de compatibilizar o pagamento dos débitos e
a preservação da empresa.
Neste capítulo, você estudará as diferentes espécies de realização
dos ativos da sociedade falida e a forma de encerramento do processo
de falência. Você verá, também, que o falido poderá ser reabilitado à
atividade empresarial, se cumpridos certos pressupostos previstos em lei.
A realização do ativo será iniciada após a arrecadação dos bens pelo ad-
ministrador judicial, comprovando-se pela juntada do auto de arrecadação ao
processo, conforme determina o art. 139 da Lei nº. 11.101/2005. A lei ainda
prescreve que se iniciará a liquidação antes mesmo da formação definitiva
do quadro geral de credores, além da possibilidade da venda antecipada dos
bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de
conservação arriscada ou dispendiosa, conforme o art. 113 da Lei de Falências.
Isso porque a formação do quadro de credores poderá demorar em razão de
discussão sobre os créditos habilitados (como habilitações, impugnações ou
ação revocatórias ajuizadas).
Basicamente, são quatro as formas de realizações do ativo (Lei 11.101/2005,
art. 140, incisos I, II e III), quais sejam:
Interessante observar que o caput do art. 140 da lei prescreve que “[...] a
alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada
a seguinte ordem de preferência” (BRASIL, 2005, documento on-line, grifo
nosso). Assim, ao liquidar o ativo, deve-se seguir a ordem prevista em lei, pois
a ideia é sempre preservar o negócio como atividade econômica.
A primeira hipótese na ordem de preferência é a venda dos estabelecimen-
tos da empresa em blocos, ou seja, a transferência do patrimônio da empresa
a terceiros arrematantes, que assumirão o negócio, e a atividade empresarial
continuará comprando dos fornecedores e fornecendo aos seus clientes. A massa
falida, por sua vez, receberá o valor pago pelo arrematante, com o pagamento
dos credores da massa falida. Muitos fornecedores e clientes sequer perceberão
A relação dos créditos a serem pagos constará no quadro geral de credores, conforme
prescreve o parágrafo único do art. 18 da Lei nº. 11.101/2005, no qual consta que:
A sentença que declara a falência é um ato complexo, que apresenta uma série de
determinações, conforme consta no art. 99 da Lei nº. 11.101/2005. Entre elas, poderá
determinar a prisão preventiva do falido inclusive.
A Lei nº. 11.101/2005 prescreve, nos arts. 158 e 159, os fundamentos e formas
de extinção das obrigações do falido. A extinção de suas obrigações poderá se
dar de forma ordinária ou extraordinária, pois ordinariamente se espera que
as obrigações sejam adimplidas por meio do pagamento e, excepcionalmente,
por meio de outras formas. Afirma-se que a primeira hipótese prevista no art.
158, I, da Lei de Falências é a extinção ordinária das obrigações do falido por
meio do pagamento de todos os credores. Pagos todos os credores do falido,
não mais persistirão obrigações, tornando possível o encerramento da falência.
A segunda hipótese prevista em lei consta no art. 158, II, da Lei de Falên-
cias. Ela consiste no “[...] o pagamento, após realizado todo o ativo, de mais
de 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos quirografários, facultado ao
falido o depósito da quantia necessária para atingir a referida porcentagem se
para isso não tiver sido suficiente a integral liquidação do ativo;” (BRASIL,
2005, documento on-line). Nessa possibilidade, deverão estar pagos mais de
25% dos créditos quirografários (credores não preferenciais), o que significa
que as classes anteriores terão sido pagas — mesmo que, para atingir esse
percentual, o falido deposite a diferença entre o valor arrecadado e o percentual
exigido por lei.
O decurso de prazo é de três anos, sendo contado a partir da decretação
da falência, ressalvada a utilização dos bens arrecadados anteriormente, que
serão destinados à liquidação para a satisfação dos credores habilitados ou com
pedido de reserva realizado. Caso o falido tenha cometido crime falimentar,
apenas com o implemento do prazo de 10 anos poderá o devedor requerer a
sentença de extinção de suas obrigações e reabilitação.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Instituiu o Código Civil. Brasília: Presidência,
2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.
htm. Acesso em: 13 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudi-
cial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Brasília: Presidência, 2005.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.
htm. Acesso em: 22 ago. 2020.
LENZA, P. (org.). Direito Empresarial esquematizado. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
MAMEDE, G. Falência e recuperação de empresas. São Paulo: Atlas, 2019.
NEGRÃO, R. Manual de Direito Empresarial. 10. ed. São Paulo: SaraivaJur, 2020.
REQUIÃO, R. Curso de Direito Falimentar. São Paulo: Saraiva, 1995. 2 v.
Leituras recomendadas
MIRANDA, P. de. Direito das obrigações: falência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
(Coleção Tratado de Direito Privado: parte especial, 28).
TOMAZETTE, M. Curso de direito empresarial: falência e recuperação de empresas.
8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. v. 3.
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