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29/09/2021 10:30 A Prescrição Intercorrente na Execução Fiscal - Blog | Arquivei

A Prescrição Intercorrente na Execução Fiscal

ANDRESSA SEHN DA COSTA

Conteúdo do Artigo
1. Diferença entre decadência e prescrição em matéria tributária
2. Marcos prescricionais 
3. Prescrição consumativa x Prescrição intercorrente
4. Considerações finais 
Comentários

Os débitos perante a Fazenda Pública são cobrados através da Execução Fiscal,


disciplinada pela Lei 6.830 de 1980 (LEF). É através dela que a União, Estados, Distrito
Federal, municípios e autarquias recebem os créditos tributários e não tributários dos
quais são titulares.

Em outras palavras, a cobrança do crédito na esfera judicial se dá por meio da Execução


Fiscal, pela qual se exige a satisfação do crédito constituído através da Certidão de Dívida
Ativa (CDA), originalmente apurado em procedimento administrativo posterior que, por
se tratar de um título executivo extrajudicial, goza de certeza, liquidez e exigibilidade.

A natureza jurídica da execução fiscal é de ação exacional, que é um dos tipos de ação
judicial tributária que visa a cobrança de tributos.

Vale mencionar que embora a Execução Fiscal tenha regramento próprio, aplicam-se a ela
subsidiariamente o Código Tributário Nacional (CTN) e o Código de Processo Civil
(CPC).

Ainda que o assunto seja complexo e cheio de peculiaridades, neste artigo nos
limitaremos a tratar sobre a prescrição, mais especificamente a prescrição intercorrente.

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1. Diferença entre decadência e prescrição em matéria tributária

Inicialmente é importante diferenciar esses conceitos, que não raras vezes acabam por
causar confusão.

De forma muito simples, a decadência se refere à perda do direito de constituir o crédito


tributário, enquanto a prescrição extingue o direito à cobrança. Ambas tratam da ação do
tempo sobre o direito. Abaixo detalhamos mais como funciona a diferença entre elas:

Ultrapassada a diferenciação entre os institutos, abordaremos adiante as causas de


interrupção e suspensão prescricional.

2. Marcos prescricionais 

Como visto na tabela, durante a contagem do prazo prescricional pode haver situações ou
circunstâncias que façam o prazo ser suspenso ou interrompido. 

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As causas suspensivas da prescrição estão estabelecidas no art. 151, do CTN, podendo


citar como exemplo o parcelamento da dívida. Havendo a suspensão do prazo, quando
retomado, computa-se o tempo que já passou. 

A suspensão do prazo se dá em razão da suspensão da exigibilidade da cobrança, ou seja,


quando o título não preenche os requisitos de certeza, liquidez e exigibilidade não pode
ser cobrado.

Então, por exemplo:  A fluência do prazo se dá em 2010. Em 2012, ocorre alguma causa
prevista no art. 151, CTN, sendo que o prazo foi suspenso depois de passados dois anos.
Cessada a causa, o prazo volta a fluir em 2014. Mas quando ocorrerá a prescrição?

A prescrição se dará em 2017, pois antes de suspender o prazo já tinham se passado 2


anos, tempo que é considerado quando o prazo volta a contar.

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Já no caso da interrupção, a contagem do prazo prescricional é zerada, ou seja, quando


ocorre alguma causa prevista no art. 174, § único do CTN, o prazo volta a contar do zero.

Diferente do exemplo anterior, havendo uma causa de interrupção, como o ingresso da


execução fiscal com a citação do devedor, o prazo é zerado, ou seja, o fisco tem mais 5
anos para satisfazer sua dívida, buscando bens para penhora ou realizando constrições no
patrimônio do executado.

3. Prescrição consumativa x Prescrição intercorrente

Existem basicamente dois tipos de prescrição: a prescrição consumativa ou genérica e a


prescrição intercorrente. Ambas têm o mesmo prazo de 5 anos, porém características
distintas.

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A prescrição consumativa ocorre antes do ajuizamento da ação. Trata-se do prazo que o


titular do direito tem para propor ação de cobrança. Em outras palavras, se a Fazenda não
promover a Execução Fiscal antes de decorridos 5 anos da constituição do débito, perde a
oportunidade de cobrar o contribuinte.

É necessário salientar que a prescrição tributária é matéria de ordem pública. Se o juiz


verificar em qualquer momento o escoamento do prazo, ele pode agir automaticamente, o
que se chama de ex officio, sem a provocação das partes (Súmula 409, STJ). 

A prescrição intercorrente, por sua vez, ocorre durante o trâmite do processo depois de
iniciada a Execução Fiscal. Assim, caso a Fazenda inicie os procedimentos judiciais para
cobrança e não encontre o devedor, bens passíveis de penhora ou permaneça inerte, o
transcurso de 5 anos leva a extinção do crédito tributário.

Essas situações estão elencadas no art. 40, e parágrafos da LEF, que prevê a possibilidade
de suspensão do processo durante 1 ano, onde não correrá o prazo prescricional.

Entretanto, a redação do artigo causou uma das maiores controvérsias quanto a contagem
dos prazos na Execução Fiscal. Quando começava exatamente a contar o prazo? O juiz
deveria se pronunciar? A Fazenda Pública deveria requerer a suspensão? Quando se
iniciava a contagem da prescrição intercorrente?

Em 2012, a discussão chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que através da


análise do Recurso Especial (REsp) 1.340.553/RS, proferiu uma decisão em 2018, da qual
destacamos três pontos essenciais para o entendimento da matéria:

 Não havendo citação ou não encontrando bens do devedor, a suspensão prevista no


art. 40 da LEF se inicia automaticamente, conforme Súmula 314, STJ. Ou seja, o que
importa para aplicação da lei é que a Fazenda Pública tenha tomado conhecimento da
não localização do executado ou da ausência de bens penhoráveis; 

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 Findo o 1 ano da suspensão, e o exequente permanecendo inerte, começará a contar


o prazo prescricional intercorrente;

 Embora a prescrição possa ser decretada pelo juiz de ofício, no caso da prescrição
intercorrente deve haver a prévia oitiva da Fazenda (art. 40, § 4° da LEF). A nulidade
decorrente da ausência dessa intimação dependerá da demonstração de efetivo
prejuízo por parte do fisco.

Podemos sintetizar a prescrição intercorrente e o entendimento do Tribunal através da


linha do tempo abaixo:

Importante mencionar que a suspensão de 1 ano se refere ao prazo para que a Fazenda
Pública realize as diligências necessárias para encontrar novo endereço do executado, ou
bens passíveis de penhora. Assim, encerrada a suspensão e verificada a inércia ou
inefetividade das buscas pelo exequente, o prazo intercorrente se iniciará.

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Nesse sentido, o STJ se manifestou por diversas vezes, considerando que os


“requerimentos para realização de diligências que se mostraram infrutíferas em localizar o
devedor ou seus bens não têm o condão de suspender ou interromper o prazo de
prescrição intercorrente” (Segunda Turma, rel. Min. Castro Meira, AgRg no Resp
1.208.833/MG, ago. 12).

Entretanto, caso a Fazenda demonstre que encontrou o devedor ou bens para penhora, ou
qualquer outra causa que importe na confissão ou garantia do juízo (como o contribuinte
ter aderido a parcelamento, por exemplo), o prazo prescricional intercorrente será
novamente suspenso ou interrompido.

4. Considerações finais 

A prescrição é uma matéria muito complexa, sobretudo para prescrição intercorrente.


Nesse artigo citamos os principais marcos, causas e controvérsias. Entretanto, na prática,
durante o trâmite processual, outras situações podem ocorrer, as quais não foram
abordadas aqui, razão pela qual cada caso deve ser analisado em minúcias.

Contudo, podemos afirmar que o objetivo principal do instituto – prescrição – é evitar que
os conflitos se tornem eternos, afrontando a paz e a segurança jurídica. 

Não pode o fisco promover cobrança eterna em face dos contribuintes, nem vice e versa,
de forma que é necessária a fixação de um prazo para o exercício do direito, sob pena de
perpetuação das incertezas.

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