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                                          Aula 2| Tema

Estudamos as modalidades de lançamento, da sistemática de decadência que é muito


discutida nos tribunais entre contribuintes e fisco, se se aplica o artigo 150, §4º ou o artigo
173, I do CTN nos tributos que originariamente deveriam ter sido lançados por homologação,
mas foram lançados de ofício porque o contribuinte deixou de apurar ou simplesmente apurou
e não pagou o tributo que deveria tê-lo feito por obrigação acessória.
Entao nesses casos, quando deveria ter sido lançado por homologação, mas é lançado
de ofício em razão de o contribuinte não ter feito o autolançamento, o lançamento acontece de
ofício correndo o prazo decadencial para lançamento de ofício. Ou seja, o fisco acaba
ganhando o resto daquele ano em que teria ocorrido o fato gerador porque o prazo decadencial
só começará a ser contado a partir de 01 de janeiro do ano subseqüente em que ocorreu o fato
gerador.
Neste momento vamos voltar para lançamento a fim de falar sobre o crédito tributário.
Já temos o conceito de lançamento que se reporta ao fato gerador, pois uma vez verificado o
fato gerador não tem mais decadência, começando a correr a prescrição.

2 SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


O crédito, uma vez lançado, perfeito e acabado, seria exigível. Dessa forma,
suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
1) Moratória;
A moratória é nada mais e nada menos do que um favor fiscal temporal concedido
antes do próprio vencimento do tributo e apenas dilata o prazo para seu pagamento.
2) Parcelamento;
Necessariamente deve ser feito por lei e possibilita o pagamento dos créditos
tributários vencidos em parcelas diante do que dispõe a lei que estabelece, as vezes com
benefícios, as vezes com redução de multas, etc. Enquanto o parcelamento não for quitado ou
rompido pelo contribuinte, a exigibilidade do crédito permanece suspensa. Ou seja, o fisco
tem que fornecer a certidão positiva com efeitos de negativa, não pode prosseguir em
execução fiscal, não pode inscrever o débito em dívida ativa e uma série de aspectos.
3) Depósito de seu montante integral e em dinheiro;
Trata-se de um direito subjetivo do contribuinte.
Exemplo: o fisco lhe exige 100 mil reais, mas você acha que é indevido. Dessa forma
você pode depositar em juízo esse montante integral em dinheiro, pois isso suspende a
exigibilidade do crédito tributário sem a necessidade de que haja liminar, sendo suficiente
apenas o depósito por si só.
Nas palavras do professor, isso é óbvio, pois a pretensão fiscal já está garantida por
aquele depósito, sendo certo que ele deve ser integral e em dinheiro, ou seja, aquilo que o
fisco entende ser devido.
Exemplo: se você acha que é devido 50 mil, mas o fisco acha que é 100 mil, você vai
ter que depositar 100 mil, pois o depósito parcial não suspende a exigibilidade de nada, sendo
que o fisco pode cobrar o débito inteiro.

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Além da lei, a Súmula 112 do STJ1 também fala que o depósito deve ser integral no
que diz respeito ao valor exigido pelo fisco e não o que o contribuinte acha devido.
Por fim, o depósito é um direito subjetivo do contribuinte, mas ele tem que gasrantir o
crédito como um todo.
4) Reclamações e recursos nos termos do processo administrativo tributário;
Uma impugnação em primeira instância ao lançamento lavrado pelo agente fiscal ou
mesmo um recurso para a segunda instância2.
Até o término da instância de julgamento administrativo o crédito tributário tem a sua
exigibilidade suspensa. Na verdade, ele sequer fica exigível nesse período.
Saiba que durante esse período pode o contribuinte obter certidão positiva com efeitos
de negativa, pode também não ver contra si ajuizadas execuções fiscais, pode não ver contra
si esse crédito tributário inscrito em dívida ativa, assim como não pode ser protestado3.
5) Concessão de medida liminar ou tutela antecipada em mandado de segurança e
outras espécies de ação judicial.
O poder judiciário pode suspender mediante liminar, sendo certo que é uma tutela
jurisdicional em que não há o depósito e que não seja sentença4.
Exemplo: quando o judiciário considera que o crédito tributário exigido pelo fisco
aparentemente é ilegal, e há um grande perigo na demora.
OBSERVAÇÃO: quando se fala em liminar, entende-se em amplíssimo senso,
podendo considerar todas as tutelas de urgência5. Mas agora com o Novo Código de Processo
Civil entende-se também que poderá também suspender o crédito tributário a tutela de
evidência. Dessa forma, a interpretação deve ser ampliada para liminar no começo do
processo, ou de natureza cautelar, ou de natureza antecipatória, ou de natureza de evidência.

3 EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


O crédito tributário chega a seu fim, sendo que a extinção é a extinção do curso natural
do crédito tributário.
3.1 Hipóteses que extinguem o crédito tributário – artigo 156 do CTN:
I - o pagamento;
1
Súmula 112 STJ: Depósito só suspende se for integral e em dinheiro.
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No caso de São Paulo, a segunda instância é exercida pelo Tribunal de Impostos e Taxas (“TIT”)
quando o valor de alçada ultrapassa determinado número de unidades fiscais do estado e quando não
pelos Delegados Regionais Tributários.
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O STJ considerou lícitas as operações de protesto de Certidão de Dívida Ativa que tem sido levadas a
cabo pelo Estado de São Paulo, porque não se trata de sanção política, mas apenas um meio de cobrança
regular já que a CDA é um título executivo extrajudicial, e como qualquer título executivo extrajudicial
pode sim ser protestado. Nas palavras do professor, o protesto é bom uma vez que reduz a litigiosidade,
ou seja, é o que se busca atualmente ante um judiciário atravancado com milhões de execuções fiscais
ajuizadas pelo país. O protesto acaba sendo um meio extrajudicial de cobrança, destravando o judiciário e
cumprindo com a operacionalização do princípio da eficiência.
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Se discute doutrinariamente também se a sentença em cognição exauriente, quando o recurso não tem
efeito suspensivo, suspende ou não a exigibilidade.
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Aqui se faz uma errata quando na aula de processo civil o professou trocou tutela de urgência com tutela
cautelar, pois na verdade tutelas de urgências são gêneros das quais a tutela antecipada e a cautelar são
espécies.

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Ou seja, pagou, acabou o crédito.


II - a compensação;
Só acontece mediante lei porque o ente público não pode fazer nada sem lei. Dessa
forma, só se compensa mediante lei, do caso contrário, caso não haja lei autorizando, não tem
compensação.
III - a transação;
A transação também só acontecerá mediante lei6.
IV - remissão;
Perdão dos créditos tributários. Difere-se da anistia (que vai ser vista mais para frente)
porque a remissão perdoa créditos de tributos e não de multas.
V - a prescrição e a decadência;
Extinguem sem o pagamento pelo decurso do tempo7.
VI - a conversão de depósito em renda;
Exemplo: o sujeito, para a suspensão do crédito tributário, entra com ação e deposita o
valor integral, mas, todavia, perde a ação. Dessa forma, o fisco vai levantar esse valor integral
e converter em renda. Quando ele converte em renda, o crédito tributário fica extinto porque
aquele depósito fez frente ao valor do crédito tributário, e essa conversão em renda extinguiu
o crédito tributário.
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto
no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
Quando o contribuinte apura o crédito tributário e antecipa o pagamento, acaba por
extinguir o crédito tributário apurado por ele. Pode haver um novo lançamento de forma
complementar ou mesmo um lançamento de ofício caso se identifique que ele fraudou a
apuração ou verifique que o pagamento foi a menor.
Mas o crédito que nasceu da apuração pelo contribuinte no lançamento por
homologação vai ser extinto com o pagamento antecipado.
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
A consignação e pagamento é uma ação judicial
Exemplo: eu tenho dúvidas a quem pagar o IPTU já que estou no limite entre dois
municípios, ou no caso em que há dúvidas se o que ofereço é mercadoria ou serviços, como
por exemplo, não sabe se o software é de prateleira ou não. Dessa forma, deve-se pegar o
montante maior exigido, depositar em juízo e consignar em pagamento. Quando se consigna

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Todos tem que haver lei, mas o professor destacou a compensação e a transação devido à
dinâmica da legalidade. Ano passado veio uma emenda possibilitando a compensação dos precatórios
vencidos, mas para isso deve haver a regulamentação.
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Lembrando que essa matéria deve estar necessariamente regulamentada por lei complementar.

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em pagamento, ocorre a extinção do crédito tributário, ficando a cargo dos dois fiscos
descobrirem quem é o titular do crédito.
Ou seja, o contribuinte vai ajuizar contra os fiscos que se entendem competentes,
depositando a integralidade do maior valor que lhe é cobrado para que os fiscos decidam
quem é o titular, e o contribuinte se exonere da responsabilidade.
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória8;
Exemplo: o sujeito faz um recurso administrativo que foi provido, pois se entendeu
que o lançamento estava equivocado e deveria ser cancelado, extinguindo o crédito tributário.
X - a decisão judicial passada em julgado.
Isso é óbvio porque o Juiz faz lei para o caso concreto, logo, se ele disser que o crédito
não está devido, o crédito está extinto.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em
lei. 
Notem que a dação, compensação e todas essas formas de adimplemento distintas do
pagamento necessitam de previsão legal porque a Administração Pública se rege pelo
princípio da legalidade de forma muito mais estrita do que o particular.

3.2 CAUSAS DE EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO


As causas de exclusão do crédito tributário são a isenção e a anistia.
Art. 175. Excluem o crédito tributário:
I - a isenção;
Veremos que a isenção, na verdade é o não exercício da competência tributária, ou
seja, o fisco opta por não exercer. O fisco, por força de lei vai especificar os casos que não vai
exercer a competência, sendo certo que não pode haver a isenção heterônoma, salvo a exceção
dos tratados internacionais.
II - a anistia.
A anistia é o perdão das multas tributárias.
OBSERVAÇÃO: quando não for geral necessita de despacho de autoridade
administrativa reconhecendo requisitos.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das
obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela
conseqüente.

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O fisco tem ação anulatória em situações absurdas como, por exemplo, em caso de corrupção.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Basicamente, estamos dando todo um percurso do crédito tributário para você saber
como ele nasce até o seu término para que você entenda o fluxo desse crédito tributário e com
base nisso, consiga fazer frente a todas as questões que lhes possam ser aventadas acerca da
matéria na prova da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo.
Notem que muitas vezes um tema ou outro não será abordado como um curso, mas o
que abordamos aqui são os principais pontos e as vezes uma ou outra questão controvérsia
que cai. Os parênteses abertos aqui são para tratar de questões que necessariamente vão cair,
ou que necessariamente deveriam cair.
Pois temos um perfil de análise e de estudo tão apurado ao longo dos anos trabalhando
com concurso público que conseguimos meio que prever o que vai cair pensando nos
problemas atuais da carreira e no currículo de quem vai examinar onde a pessoa vai estar
trabalhando.
Exemplo: o parêntese aberto para falar de protesto porque o Estado de São Paulo está
protestando tudo9.
Continuaremos na próxima aula e seguiremos com a matéria de Direito Tributário a
fim de preparar os senhores para a prova de procurador do Estado de São Paulo considerando
que estamos muito próximos, então, temos que pontuar questões que acreditemos que vão cair
através do estudo de perfil de examinador, necessidades de carreira e como e em que local
trabalha o examinador.

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Nas próximas aulas o professor vai trazer jurisprudência sobre protesto de crédito tributáriopara
que perceba como isso é de suma importância.

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