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Direito Financeiro IV – Aula 02 – 25/03

Trecho 02 - 14:35 a 29:15

[...] já em curso o processo de execuçã o, ele fica paralisado por mais de 5 anos. O que é uma
forma de extinguir esses casos e nã o deixá-los eternizar nos escaninhos judiciais.
Agora essa situaçã o, que era apenas aceita jurisprudencialmente, restou efetivamente
prevista com a lei 11.051. Vejam que a situaçã o anterior, antes dessa lei, era de que,
encontrando-se devedor ou bens, se prosseguia com a execuçã o. Agora, está positivado a
determinaçã o de que, se ao arquivamento durar 5 anos, pode estar caracterizada a
chamada prescriçã o intercorrente. Entã o, deve o juiz ouvir a Fazenda Pú blica e, em
seguida, se nã o houver nada que infirme essa situaçã o, decidir pela caracterizaçã o da
prescriçã o intercorrente, extinguindo o processo de execuçã o fiscal.
Chamo a atençã o para a utilidade do que dispõ e o §4º, acerca da audiência da Fazenda
Pú blica. Por quê? Isso é frequente, vá rios processos extintos em decorrência da prescriçã o
intercorrente sem, contudo, a realizaçã o dessa audiência da Fazenda Pú blica. O que se
tinha, nã o na situaçã o de casos de menor valor em que, de fato, é possível a nã o-audiência
da Fazenda, era a hipó tese de o processo estar parado há muito tempo (mais de 5 anos),
mas nã o por desídia da Fazenda, e sim, por exemplo, por ter o executado feito um
parcelamento especial, ou seja, estar pagando este parcelamento regularmente. Isso é
muito frequente e, obviamente, nã o acarreta a extinçã o do processo pela prescriçã o
intercorrente.
Há que se chamar a atençã o para outra hipó tese que por vezes acontece que é a da
exclusã o do parcelamento. Excluído o parcelamento, já se torna possível dar curso à
execuçã o, mas, nã o raro, nada é feito. E isso a prescriçã o pode se verificar se, em 5 anos,
nada é feito.
Entã o, em síntese: na situaçã o normal, suspende por um ano e depois arquiva-se por 5
anos, nada acontecendo, há prescriçã o. Por vezes, o juiz já faz essa determinaçã o no
despacho. Vejam que o prazo total é de 6 anos, 1 ano de suspensã o mais 5 de
arquivamento. Isso é objeto de Sú mula do STJ, inclusive:

Súmula 314, STJ - Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o
processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente.

Há uma situaçã o que por vezes acontece que é preciso ter em mente: nó s mencionamos
que a previsã o agora constante na lei 6.830 está correspondendo à quela do CTN quanto ao
despacho que ordena a citaçã o para interromper a prescriçã o. Por que isso é importante?
É em funçã o disso que muitos juízes, em virtude de uma citaçã o nã o é bem sucedida (a
pessoa nã o é localizada), considerando que o despacho que ordena a citaçã o promove a
interrupçã o da prescriçã o, acabam dispensando a citaçã o por edital por julgá -la
desnecessá ria. A citaçã o por secretaria é um procedimento que dá algum trabalho para a
Secretaria e que, na prá tica, tem se mostrado infrutífero, embora previsto em lei.
No entanto, é preciso ter em visto o que está disposto no art. 185-A do CTN:
Art. 185-A, CTN. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas
atribuições, façam cumprir a ordem judicial.

É o artigo que fala da indisponibilidade geral de bens. Vejam, “devidamente citado”. Disso
decorre que a possibilidade de utilizar o art. 185-A do CTN depende da devida citaçã o. Por
isso a citaçã o por edital é importante.
[Pergunta] Inaudível, mas algo sobre o que fazer se o juiz não promove a citação por
edital.
[Queiroz] A questão é, o que deve fazer a Fazenda Pública nesse caso? O aluno
respondeu e ele confirmou muito baixo, acho que a resposta é “agravar”, mas não
tenho nenhuma certeza [25:15, aproximadamente].

Processo administrativo-tributário

Passemos a algumas observaçõ es relativas ao processo administrativo-tributá rio. Nã o há


necessidade, como falamos, de a pessoa ir imediatamente a juízo, ela pode se valer de um
processo administrativo-tributá rio para tentar alcançar o seu propó sito.
De imediato, quero fazer uma primeira divisã o entre duas possibilidades no que tange ao
processo administrativo-tributá rio: a consulta e a revisã o.
1) Consulta: nó s vimos quando falamos das regras gerais do CTN que, em tendo uma
pessoa dú vida quanto à adequada interpretaçã o da legislaçã o tributá ria, ela pode
apresentar uma consulta à Administraçã o. E, enquanto assim fizer, ela nã o pode ser
apenada. Ela primeiro tem que ter a resposta.
Entã o, o processo administrativo de consulta traz essa ideia, a pessoa quer cumprir a
obrigaçã o tributá ria, mas tem dú vida sobre como fazê-lo adequadamente, requerendo o
posicionamento da Administraçã o nesse sentido. É o que dispõ e o art. 161, §2º do CTN:

Art. 161, CTN. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora,
seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades
cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei
tributária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por
cento ao mês.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor
dentro do prazo legal para pagamento do crédito.
[Pergunta] Se o contribuinte faz uma consulta e obtém determinada resposta com a
qual ele não concorda, o que acontece? O entendimento vincula o contribuinte?
[Queiroz] Não, não vincula. Ele pode recorrer ao Judiciário para tentar fazer valer
entendimento diverso. Para tal, o contribuinte pode se valer de uma ação
declaratória, por exemplo.
[Pergunta] Inaudível, mas o Queiroz repete pergunta do aluno a partir de 29:16, fora
do meu trecho.

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