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040/21
(Medida Provisória de “Ambiente de Negócios”)
Salomão Viana2
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Concluiu a graduação na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, em solenidade ocorrida em
1998, tendo recebido o diploma de honra ao mérito (láurea). É pós-graduado em Direito Civil pela Fundação
Faculdade de Direito da Bahia, tendo obtido nota dez em monografia de conclusão. É mestre em Direito Civil pela
PUC-SP, tendo obtido nota dez em todos os créditos cursados, nota dez na dissertação, com louvor, e dispensa de
todos os créditos para o doutorado. Foi aprovado em primeiro lugar em concursos para as carreiras de professor
substituto e professor do quadro permanente da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, e também
em primeiro lugar no concurso para Juiz do Tribunal de Justiça da Bahia (1999). É autor e coautor de várias obras
jurídicas, incluindo o Manual de Direito Civil, o Novo Curso de Direito Civil, O Contrato de Doação e o Manual
da Sentença Cível (Saraiva). É professor da Universidade Federal da Bahia. Já ministrou palestras e cursos em
diversas instituições brasileiras, inclusive no Supremo Tribunal Federal. Membro da Academia de Letras Jurídicas
da Bahia, do Instituto Brasileiro de Direito Contratual e da Academia Brasileira de Direito Civil.
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Graduado em Direito pela Universidade Católica do Salvador (1987) e em Medicina pela Universidade Federal
da Bahia (1985). Autor, juntamente com Pablo Stolze Gagliano, da obra Manual da Sentença Cível, publicada pela
Editora Saraiva. Autor e coautor de diversos capítulos de livros e de artigos no campo do Direito Processual Civil.
Professor de Direito Processual Civil da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia; do Brasil Jurídico
- Ensino de Alta Performance; e da Escola de Magistrados da Bahia. Membro da ANNEP Associação Norte e
Nordeste de Professores de Processo. Conferencista e palestrante. Especialista em Direito Processual Civil pela
Fundação Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. Aprovado em primeiro lugar no concurso para
provimento de cargos de Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (1994) e em
primeiro lugar para o cargo de professor do quadro efetivo da Faculdade de Direito da Universidade Federal da
Bahia (1996). Exerceu a advocacia e ocupou o cargo de Juiz de Direito do Estado da Bahia (1990-1994). É Juiz
Federal, atuando na Seção Judiciária da Bahia desde 1994. Ocupou o cargo de Juiz do Tribunal Regional Eleitoral
da Bahia (2009/2011, como titular, e 2013/2015, como suplente). Condecorado com a Medalha Mérito Legislativo,
pela Câmara dos Deputados (Plenário Ulysses Guimarães, Brasília, DF); com a Comenda Ministro Coqueijo Costa,
pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região; e com a Medalha do Mérito Eleitoral com Palma, pelo Tribunal
Regional Eleitoral da Bahia.
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1. CONSIDERAÇÃO INTRODUTÓRIA
Por meio destas breves notas, temos o propósito de emitir uma primeira impressão a
respeito do novo dispositivo, mormente no que se refere ao seu potencial – se é que há – para
causar impactos na ordem jurídica.
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Diante da variedade dos assuntos sobre que versa a mencionada Medida Provisória, é de todo adequado lembrar
que, de acordo com o texto do art. 7º, I, da Lei Complementar n. 95/1998, "excetuadas as codificações, cada lei
tratará de um único objeto". Essa regra é expressamente aplicável às medidas provisórias (LC 95/1998, art. 1º,
parágrafo único). Todavia, trata-se de diretriz que, em prejuízo da construção de bons textos legislativos, não vem
sendo observada.
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Prescrição é instituto submetido à realidade normativa que determinado ordenamento jurídico, em certo
momento, lhe impuser. A disciplina a respeito da prescrição se insere no âmbito dos conceitos jurídico-positivos,
e não lógico-jurídicos. Assim, apesar de a base de toda a teoria a respeito do tema estar assentada no Direito Civil,
a prescrição está submetida, por exemplo, a normas específicas no campo do Direito Tributário. No âmbito do
Direito Penal, a sua disciplina também é completamente diversa.
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“É o poder de exigir a submissão de um interesse subordinado (do devedor da prestação) a um interesse
subordinante (do credor da prestação) amparado pelo ordenamento jurídico” (GAGLIANO, Pablo Stolze.
PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil, 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2021, p. 204).
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2.2. Prescrição intercorrente
Daí se depreende que a prescrição intercorrente atinge outra pretensão, não a pretensão
original, uma vez que a pretensão original, que nasceu com o inadimplemento da obrigação, foi
exercitada mediante a propositura da demanda.
Essa outra pretensão – a que é objeto da prescrição intercorrente – somente pode ter
nascido, por óbvio, depois que a pretensão original foi exercitada.
Essa circunstância exige a aplicação de um pouco mais de energia para que se possa
extrair, do enunciado do novo artigo, o seu exato sentido.
Diante disso, o sentido a ser extraído do texto é o de que o prazo para consumação da
prescrição intercorrente é o mesmo prazo legalmente previsto para prescrição da pretensão
original, que foi exercitada por meio da propositura da demanda.
Num exemplo simples: como a pretensão à reparação civil prescreve em três anos (CC,
art. 206, § 3º, V), tendo ela sido exercitada a tempo, o prazo para que ocorra a prescrição
intercorrente – a prescrição no curso do processo – também será de três anos.
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O que é preciso saber é quais são as situações fáticas com aptidão para deflagrar o curso
do prazo de prescrição intercorrente.
Por meio do art. 40 da Lei n. 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal – LEF), a ordem
jurídica colocou o intérprete em contato com um texto legal que passou a disciplinar o instituto
da prescrição intercorrente.
Passado um ano desde que a parte exequente foi intimada do fato de não haver sido
localizado o executado ou não terem sido encontrados bens penhoráveis seus – ocasião em que
começa a correr o prazo de prescrição intercorrente –, deve o juiz ordenar o arquivamento dos
autos.
Está aí, às claras, uma situação em que a prescrição não decorre de inércia da parte
credora, mas de uma situação fática externa à sua atuação: se o executado não for localizado no
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curso de um procedimento de execução fiscal, ou não forem encontrados bens seus sobre os quais
possa recair a penhora.
Não importa, pois, em casos assim, que a parte exequente tenha ou não se movimentado
para tentar fazer com que o procedimento executivo tivesse sequência.
No âmbito das execuções fiscais nunca houve debate sério a respeito da identificação
do prazo para ocorrência da prescrição intercorrente. Tal prazo sempre foi vinculado ao prazo
para exercício, pela Fazenda Pública, da pretensão original.
Aliás, para se chegar a tal conclusão, basta observar o trecho do julgamento do REsp
1.340.553 – RS, acima invocado: "findo o prazo de 1 (um) ano de suspensão inicia-se
automaticamente o prazo prescricional aplicável (de acordo com a natureza do crédito
exequendo)".
O excerto entre parênteses – que tem clara função meramente explicativa – não deixa
margem a dúvidas quanto ao fato de que o prazo para a prescrição intercorrente deve coincidir
com o prazo para exercício da pretensão original, pois levará em consideração "a natureza do
crédito exequendo".
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Em complemento, o STJ estabeleceu que o "termo inicial do prazo prescricional, na
vigência do CPC-1973, conta-se do fim do prazo judicial de suspensão do processo ou,
inexistindo prazo fixado, do transcurso de um ano (aplicação analógica do art. 40, § 2º, da Lei
6.830/1980)".
Mais uma vez, a leitura do texto de um acórdão do STJ revela que o prazo para a
prescrição intercorrente deve coincidir com o prazo para exercício da pretensão original.
Em razão disso, no que se refere ao suporte fático para deflagração do prazo, são
plenamente aplicáveis, para as execuções distintas da execução fiscal, os fundamentos
determinantes da decisão proferida pelo STJ no julgamento do REsp 1.340.553 – RS, que, como
vimos, tratou da prescrição intercorrente na execução fiscal: "findo o prazo de 1 (um) ano de
suspensão inicia-se automaticamente o prazo prescricional aplicável (de acordo com a natureza
do crédito exequendo) durante o qual o processo deveria estar arquivado sem baixa na
distribuição", na forma do art. 921, §§ 1º a 5º, do CPC. Completado o prazo prescricional, o
magistrado, depois de ouvidas as partes, poderá, de ofício, reconhecer a ocorrência da prescrição
intercorrente.
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Quanto à identificação do interregno para consumação da prescrição intercorrente, o
raciocínio, aqui, não pode ser diferente do desenvolvido nas situações anteriormente abordadas.
Efetivamente, o prazo senão deve ser exatamente igual ao legalmente previsto para
prescrição da pretensão original, que foi exercitada por meio da propositura da demanda
executiva.
Nesse caso, tendo em vista a semelhança do quadro fático, incidem as regras que se
colhem dos enunciados dos §§ 1º a 5º do art. 921 do CPC, com a interpretação decorrente da
aplicação dos fundamentos determinantes da decisão proferida pelo STJ no julgamento do do
REsp 1.340.553 – RS.
A segunda é diferente: é aquela que se instala em razão da inércia da parte credora depois
encerrada a fase processual em que se deu a certificação da existência do direito a uma prestação.
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7.2. Identificação do prazo
Mas o que é digno de nota é o fato de o enunciado vincular, claramente, o prazo para
exercício da pretensão executiva ao prazo para exercício da pretensão original.
Pelo conteúdo dos itens anteriores, fica fácil perceber que a disciplina a respeito da
prescrição intercorrente, toda ela, está voltada para o processo de execução, e não para o processo
de conhecimento.
E é muito fácil entender a razão: é norma fundamental do processo civil aquela segundo
a qual o processo se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei (CPC,
art. 2º). Trata-se de regra que, à época do CPC-1973, também encontrava base legal, uma vez
que o texto do art. 262 do código revogado tinha redação similar.
Aliás, não é por outro motivo que a ordem jurídica processual, no que se refere ao tema
prescrição, adota, desde o CPC-1973, cautelas quanto à possibilidade de a demora para prática
de atos decorrer de falta imputável exclusivamente aos serviços judiciários (CPC-1973, art. 219,
§ 2º; CPC-2015, art. 240, § 3º; enunciado 106 da súmula do STJ).
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Não há, portanto, espaço para aplicação do instituto da prescrição intercorrente no curso
de processos de conhecimento.
Há, sim, como vimos, amplo espaço, aberto por disposições legais expressas, para que
tal instituto seja aplicado no âmbito do processo de execução.
E não será – definitivamente, não será – a inserção, no Código Civil, do art. 206-A que
alterará essa realidade.
Afinal, não teria sentido a criação, pelo intérprete, de um prazo para a prescrição
intercorrente que fosse maior ou menor do que aquele que a própria lei já estabelece para a
prescrição da pretensão que foi exercitada por meio da propositura da demanda.
Anote-se, ainda, que a utilização, pelo aplicador do Direito, de prazos, para a prescrição
intercorrente, distintos dos prazos que a própria ordem jurídica já estabelece, expressamente, para
a prescrição da pretensão que foi exercitada por meio da propositura da demanda não passaria
pelo crivo da aplicação do postulado da razoabilidade6.
Resta, por tudo isso, no máximo, somente uma palavra em favor da iniciativa legislativa:
o enunciado do novo artigo tem a serventia de inserir, em texto legal, norma cuja existência na
ordem jurídica já era percebida há muito tempo pelo intérprete, mas o intérprete não tinha à sua
disposição um texto para se apoiar.
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ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos, 19ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2019, pp. 194-205.
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O caso é, portanto, de mera inovação de texto, e não de inovação normativa.
Com isso, somente um efeito prático pode ser extraído: espanca-se, com antecedência,
qualquer tentativa de malferir a lógica do sistema normativo civil, no que se refere à identificação
do prazo da prescrição intercorrente.
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