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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


HERMENEUTICA JURIDICA- DT MATUTINO 2019.1
ANTONIO WELLINGTON ALVES DA SILVA
PROFº: DANILO
FICHAMENTO
NOTA CRÍTICA SOBRE OS CHAMADOS PRINCÍPIOS DO DIREITO

O presente artigo se propõe a analisar a interpretação do direito e a


necessidade de estabelecimento de um novo paradigma interpretativo, que
corresponda à realidade sociocultural contemporânea, marcada pela atuação
ativa do Poder Judiciário na efetivação de valores democráticos e
fundamentais.
As normas compreendem um gênero do qual são espécies as regras e
os princípios. Os princípios têm caráter primário e geral, ao passo que as
regras são normas secundárias e especiais, que dão concretude aos princípios.
Esse discernir não impede afirmar que regra e princípio têm em comum o
caráter de generalidade. Isso, porque a generalidade da regra jurídica é diversa
da generalidade de um princípio jurídico. Diferem na compreensão e extensão
do campo em que incidem.
Ressalta que sustentar Constituição condicionada pela realidade
histórica, razão pela qual não se à pode separar da realidade concreta de seu
tempo, e a pretensão de eficácia de suas normas somente pode ser realizada
se levar em conta essa realidade. Como a interpretação/aplicação, parte da
compreensão dos textos normativos e da realidade, passa pela produção das
normas que devem ser consideradas para a solução do caso e finda com a
escolha de determinada solução para esse caso, consignada na norma de
decisão. Por isso convém distinguir as normas jurídicas produzidas pelo
intérprete a partir dos textos e da realidade da norma de decisão do caso,
expressa na sentença judicial. A norma jurídica é produzida para ser aplicada a
um caso concreto. Essa aplicação se dá mediante a formulação de uma
decisão judicial, uma sentença expressiva da norma de decisão.
Fixando o caráter normativo dos princípios, assevera que aqueles que
integram o sistema jurídico podem ser:
1) explícitos, quando enunciados textualmente na Constituição ou na lei (direito
posto);
2) implícitos, quando não expressamente enunciados nos textos legais, mas
destes inferidos;
3) gerais de direito, também implícitos, porém em estado de latência sob dado
ordenamento jurídico (direito posto), sendo coletados (descobertos) no
correspondente direito pressuposto.
Os princípios morais, políticos ou dos costumes podem ser chamados
jurídicos apenas na medida em que influenciam a criação de normas jurídicas
individuais pelos juízes. A concepção deôntica toma a regra de direito como
norma de conduta ou comportamento, sob a ameaça de uma sanção estatal.
Conforme a categoria em que se apresente o princípio, será mais concretizado
e terá menos capacidade de otimização. Em regra, a maior otimização é
conferida aos terceiros, reduzindo-se nos segundos e daí para os primeiros.
Todas estas categorias de princípios, inclusive, os gerais de direito, não
são transcendentes. Não são resgatados de uma ordem suprapositiva ou do
“direito natural”, de um ideal de “direito justo” ou de “ideia de direito”. Estão
contemplados, em sua totalidade ou em parte, em determinado ordenamento
jurídico de modo subjacente. Não são anteriores ou posteriores ao Direito, mas
são o próprio Direito. Eles não precisam ser positivados, porque já são
positivos, ainda que, por vezes, em estado latente.
O intérprete jamais os cria; cumpri-lhe, em cada caso, perceber
diretamente ou, se necessário, descobrir aquele ou aqueles aplicáveis e
declará-los. Dada a capacidade que os princípios têm de revelar normas
implícitas no sistema, eles cumprem importante papel na interpretação e
aplicação do Direito. Deste modo, o "direito" não deve ser "interpretado em
tiras", mas em consonância com todo o ordenamento, principalmente
conformado à Constituição.
Sua generalidade está em que deve ser a mesma para todos. Outro é o
sentido da generalidade inerente à normatividade no quadro da concepção
funcional. A essência normativa de um enunciado encontra-se na sua vocação
a servir de referência (de modelo) para determinar como as coisas devem ser.
A generalidade então reside na aptidão, da regra, a receber um número de
aplicações a priori ilimitado. A regra pode ter diversos objetos, não apenas
condutas. Daí que a concepção funcional exclui qualquer oposição entre regra
e princípio. Os princípios são espécie do gênero regra.
Ademais, princípios e valores não se superpõem. O modo de pensar que
determina as práticas judiciais nas sociedades capitalistas é de todo coerente e
comprometido com a legitimação do modo de produção capitalista.
O pensamento crítico conduz à convicção de que o modo de ser dos
juristas, juízes e tribunais endeusando princípios — ao ponto de justificar, em
nome da Justiça, a discricionariedade judicial — compõe-se entre os mais bem
acabados mecanismos de legitimação do modo de produção social capitalista.
O Estado de direito fundado na divisão dos Poderes vem sendo transformado
em um Estado de Juízes.
 Portanto, as decisões judiciais atuais realizadas sob a égide do pós-
positivismo, as normas constitucionais adquiriram status de normas jurídicas.
Todos os ramos do Direito foram impactados pela nova ordem constitucional,
tendo seus contornos revistos para adequá-los aos princípios e às normas.
Neste contexto, ganhou relevância o tema dos princípios de interpretação, que
merece a atenção dos operadores do Direito, diante de sua ampla utilização
pelo Poder Judiciário nas soluções das demandas que lhe estão sendo
submetidas.
REFERÊNCIAS:
GRAU, Eros Roberto. A critical note on the so-called principles of law. Boletim de
Ciências Económicas, [s.l.], v. 57, n. 2, p.1551-1568, 2014. Coimbra University
Press. http://dx.doi.org/10.14195/0870-4260_57-2_8.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

NOTA CRÍTICA SOBRE OS CHAMADOS PRINCÍPIOS DO DIREITO

São Luis
MA
05/11/2019

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