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PRINCÍPIOS PROCESSUAIS

Conteúdo Capítulo V – T.G.P

01 – REGRAS E PRINCÍPIOS.

Aspectos gerais

As normas jurídicas podem se estruturar em forma de regras ou de princípios, sendo


diversas as formas de diferenciá-los.
Com base no critério de fundamentalidade da norma, princípios podem ser
entendidos como sendo as normas mais fundamentais do sistema, enquanto as regras seriam a
concretização de tais princípios. Já utilizando-se do critério da generalidade, princípios seriam as
normas com grau de generalidade mais elevada, enquanto as regras seriam as normas com grau
de generalidade mais baixo.
Humberto Ávila, por sua vez, defende que regras e princípios se diferenciam entre
si em relação ao grau de abstração correspondente, sendo os princípios mais abstratos do que as
regras.
Por outro lado, as regras teriam a "função de eliminar ou reduzir problemas de
coordenação, conhecimento, custos e controle do poder". Com efeito, por terem a função de
descrever com maior clareza aquilo que é proibido, permitido ou mesmo obrigatório, as regras
diminuem "a arbitrariedade e a incerteza, gerando ganhos em previsibilidade e em justiça para a
maior parte dos casos"
Já Carsten Bäcker sustenta que a derrotabilidade deve ser o critério para distinguir
regras e princípios. Segundo tal autor, derrotabilidade deve ser entendida como a capacidade de
acomodar exceções. Assim, as regras seriam derrotáveis, já que sempre admitem exceções. A
derrotabilidade das regras seria, portanto, decorrente da limitação humana de prever todas as
circunstâncias relevantes incidentes no caso concreto, não sendo possível criar uma regra sem
exceções. Por outro lado, princípios nunca seriam derrotáveis, já que, como mandamentos de
otimização, seriam aplicados considerando todas as circunstâncias dadas, não podendo surgir
nenhuma exceção em sua aplicação.
Para Ronald Dworkin, a primeira diferença entre regras e princípios é em relação
ao tipo de orientação que elas oferecem (dimensão de validade). As regras seriam aplicadas à
maneira do tudo ou nada, isto é, ou as regras são válidas para o caso concreto e, por isso, aplicadas
na sua integralidade, ou não são válidas, não sendo, portanto, aplicadas. Sendo assim, no caso de
conflito entre duas regras, uma delas nunca poderá ser válida. Já os princípios não teriam essa
dimensão de validade, e sim uma dimensão que as regras não possuem: a de peso ou importância.
Desta forma, no caso de colisão entre princípios prevaleceria aquele com maior importância para
aquele determinado caso concreto, sem que isso implicasse na invalidade do outro princípio, uma
vez que em outros casos é possível que o princípio de mais importância seja outro.
Com base em tal distinção, Dowrkin sustenta que princípio é "um padrão que deve
ser observado, não porque vá promover ou assegurar uma situação econômica, política ou social
considerada desejável, mas porque é uma exigência de justiça ou equidade ou alguma outra
dimensão de moralidade.
Robert Alexy, por sua vez, defende que a diferença entre regras e princípios é
qualitativa, sendo tais categorias diferentes em relação à estrutura e à forma de aplicação. Em
suas palavras, "o ponto decisivo na distinção entre regras e princípios é que princípios são normas
que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas
e fáticas existentes".
Por fim, Alexy defende que regras são normas que expressam deveres definitivos,
ou seja, definem exatamente o que se deve fazer, devendo ser aplicadas sempre por subsunção.
Regras só podem ser cumpridas ou não, sendo, portanto, mandamentos definitivos. Importante
esclarecer que uma norma pode ser estruturada como uma regra, apesar de ser chamada de
princípio. Ex: princípio da anterioridade tributária.
Os princípios, por sua vez, seriam mandamentos de otimização, ou seja, normas que
obrigam que algo seja realizado na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas
e jurídicas. Em outras palavras, princípios são normas que expressam deveres prima facie, cujo
conteúdo definitivo somente é fixado após a análise das condições fáticas e jurídicas do caso
concreto. Ex: o princípio da liberdade de expressão é um direito prima facie, já que ele
constantemente entra em colisão com outros direitos, tais como a intimidade e a honra.
Desta forma, podemos concluir desde já que os direitos fundamentais podem
constituir tanto regras quanto princípios. Porém, é certo que a maioria dos direitos fundamentais
se configuram como princípios.
Com efeito, a vantagem de utilizar-se de princípios é que tal modelo possibilita um
meio-termo entre vinculação e flexibilidade, enquanto o modelo de regras implica em uma maior
rigidez. Sendo assim, a vantagem de se estruturar direitos fundamentais na forma de princípios é
permitir o cumprimento da Constituição sem que se exija o impossível, como se fosse uma reserva
do possível daquilo que o particular pode exigir razoavelmente do Estado e da sociedade.
Vistas as principais diferenças entre regras e princípios, passaremos ao estudo das
soluções dadas por Robert Alexy para solucionar a colisão entre direitos fundamentais expressos
na forma de regra e de princípios.
1.1 Diferenças em relação ao Direito Processual.
A doutrina distingue os princípios gerais do direito processual
daquelas normas ideais que representam uma aspiração de melhoria
do aparelhamento processual; por esse ângulo, quatro regras foram apontadas, sob o nome de
“princípios informativos” do processo:
a) o princípio lógico (seleção dos meios mais eficazes e rápidos de procurar e
descobrir a verdade e de evitar o erro); b) o princípio jurídico (igualdade no processo e justiça
na decisão); c) o princípio político (o máximo de garantia social, com o mínimo de sacrifício
individual da liberdade); d) o princípio econômico (processo acessível a todos, com vista ao seu
custo e à sua duração).
Apesar de distintas dos princípios gerais, contudo, tais normas
ideais os influenciam, embora indiretamente —de modo que os princípios gerais, apesar do forte
conteúdo ético de que dotados, não se limitam ao campo da deontologia e perpassam toda a
dogmática jurídica, apresentando-se ao estudioso do direito nas suas projeções sobre o espírito e
a conformação do direito positivo.

2 – ESPÉCIES DE PRINCÍPIOS

2.1- PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

O intuito desse princípio é não deixar que as partes sejam lesadas com práticas não
especificadas. Vejamos: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”, inciso LIV, art. 5 da Constituição Federal. Trata-se, portanto, de norma
fundamental do Direito que garante que os atos processuais se realizem em conformidade à lei
vigente.

Além disso, a doutrina também divide esse princípio entre devido processo legal
formal (as garantias processuais) e o devido processo legal substancial (que seria a
proporcionalidade e razoabilidade nas decisões em si).

2.2 - PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA

A dignidade da pessoa humana, prevista no artigo 1º, inciso III da Constituição


Federal, constitui um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, inerente à República
Federativa do Brasil. Sua finalidade, na qualidade de princípio fundamental, é assegurar ao
homem um mínimo de direitos que devem ser respeitados pela sociedade e pelo poder público,
de forma a preservar a valorização do ser humano.
Sendo a dignidade da pessoa humana um fundamento da República, a essa categoria
erigido por ser um valor central do direito ocidental que preserva a liberdade individual e a
personalidade, portanto, um princípio fundamental alicerce de todo o ordenamento jurídico pátrio,
não há como ser mitigado ou relativizado, sob pena de gerar a instabilidade do regime
democrático, o que confere ao dito fundamento caráter absoluto.

2.3 - PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ


O caráter de imparcialidade é inseparável do órgão da jurisdição, sendo pressuposto
para que a relação processual se instaure validamente evitando favorecimento processual de uma
parte em detrimento da outra. A imparcialidade do juiz é uma garantia de justiça para as partes.
Por isso, têm elas o direito de exigir um juiz imparcial: e o Estado, que reservou para si o exercício
da função jurisdicional, tem o correspondente dever de agir com imparcialidade na solução das
causas que lhe são submetidas.

As organizações internacionais também se preocupam em garantir


ao indivíduo a imparcialidade dos órgãos jurisdicionais competentes. Como só a jurisdição
subtraída as influências estranhas pode configurar uma justiça que dê a cada um o que é seu e
somente através da garantia de um juiz imparcial o processo pode representar um instrumento não
apenas técnico, mas ético também, para a solução dos conflitos interindividuais com justiça, o
moderno direito internacional não poderia ficar alheio ao problema das garantias fundamentais
do homem, nem relegar a eficácia do sistema de proteção dos direitos individuais à estrutura
constitucional de cada país. Independentemente do reconhecimento de cada Estado, o direito
internacional público coloca sob sua garantia os direitos primordiais do homem, inerentes à
personalidade humana; entre eles, o direito ao juiz imparcial.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem» contida na proclamação feita pela


Assembleia Geral das Nações Unidas reunida era Paris em 1948, estabelece: “toda pessoa tem
direito, em condições de plena igualdade, de ser ouvida publicamente e com justiça por um
tribunal independente e imparcial, para a determinação de seus direitos e obrigações ou para
o exame de qualquer acusação contra ela em matéria penal

2.4 - PRINCÍPIO DA IGUALDADE

A igualdade perante a lei é premissa para a afirmação da igualda de perante o juiz da


norma inscrita no art. 5º, caput, da Constituição, brota o princípio da igualdade processual. As
partes e os procuradores devem merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas
oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões.
A absoluta igualdade jurídica não pode, contudo, eliminar a desigualdade econômica;
por isso, do primitivo conceito de igualdade, formal e negativa (a lei não deve estabelecer
qualquer diferença entre os indivíduos), clamou-se pela passagem à igualdade substancial.

No processo civil legitimam-se normas e medidas destinadas a reequilibrar as partes


e permitir que litiguem em paridade em armas, sempre que alguma causa ou circunstância exterior
ao processo ponha uma delas em condições de superioridade ou de inferioridade em face
da outra. É de absoluta legitimidade constitucional a lei que manda dar prioridade, nos juízos
inferiores e nos tribunais, às causas de interesse de pessoas com idade iguais ou superior a sessenta
anos. Exemplo: Artigo 7º do CPC.

2.5 - PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA

No Brasil, o contraditório na instrução criminal vinha tradicionalmente erigido em


expressa garantia constitucional, sendo deduzido da própria Constituição, indiretamente embora
para o processo civil. Idêntica postura era adotada quanto à garantia da ampla defesa, que o
contraditório possibilita e que com este mantém íntima ligação, traduzindo-se na expressão nemo
inauditus damnari poíest. A Constituição de 1988 previu contraditório e ampla defesa num único
dispositivo, aplicável expressamente aos litigantes, era qualquer processo, judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral (art. 5, inc. LV da CF).

Desta feita, o princípio do contraditório indica a atuação de uma garantia fundamental


de justiça, sendo certo que a bilateralidade da ação gera a bilateralidade do processo. Em todo
processo contencioso há pelo menos duas partes: autor e réu. O autor (demandante) instaura a
relação processual, invocando a tutela jurisdicional, mas a relação processual só se completa
expõe-se em condições de preparar o provimento judicial com o chama mento do réu a juízo.

O juiz, por força de seu dever de imparcialidade, coloca-se entre as partes, mas
equidistante delas: ouvindo uma, não pode deixar de ouvir a outra; somente assim se dará a ambas
a possibilidade de expor suas razões, de apresentar suas provas, de influir sobre o convencimento
do juiz. Somente pela soma da parcialidade das partes (uma representando a tese e a outra, a
antítese) o juiz pode corporificar a síntese, em um processo dialético. É por isso que foi dito que
as partes, em relação ao juiz, não têm papei de antagonistas, mas sim de “colaboradores
necessários”: cada ura dos contendores age no processo tendo em vista o próprio interesse, mas a
ação combinada dos dois serve à justiça na eliminação do conflito ou controvérsia que os envolve.

Decorre de tais princípios a necessidade de que se dê ciência a cada litigante dos atos
praticados pelo juiz e pelo adversário. Somente conhecendo-os, poderá ele efetivar o
contraditório. Entre nós, a ciência dos atos processuais é dada através da citação, da intimação e
da notificação.
Mas a citação, a intimação e a notificação não constituem os únicos meios para o
funcionamento do contraditório; é suficiente que se identifique, sem sombra de dúvida, a ciência
bilateral dos atos contrariáveis. Tratando-se de direitos disponíveis (demanda entre maiores,
capazes, sem relevância para a ordem pública), não deixa de haver o pleno funcionamento do
contraditório ainda que a contrariedade não se efetive. É o caso do réu em processo civil que,
citado em pessoa, fica revel.

Sendo indisponível o direito, o contraditório precisa ser efetivo e equilibrado: mesmo


revel o réu em processo-crime, o juiz dar-lhe-á defensor e entende-se que, feita uma defesa abaixo
do padrão mínimo tolerável, o réu será dado por indefeso e o processo anulado. Por outro lado, a
lei n. 9.271, de 17 de abril de 1996, não permite o prosseguimento do processo
contra o acusado que, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, suspendendo-
se seu curso, juntamente com o prazo prescricional. No processo civil, o revel citado por edital
ou com hora-certa será defendido por um curador nomeado pelo juiz e o incapaz será assistido
pelo Ministério Público.

Em síntese, o contraditório é constituído por dois elementos:

a) informação; Fundamentações. argumentações apresentadas pela parte em


detrimento à outra. (Ex: Petição Inicial – Artigo 319 do CPC).

b) reação (esta, meramente possibilitada nos casos de direitos disponíveis). O


contraditório não admite exceções: mesmo nos casos de urgência, em que o juiz, para evitar o
periculum in mora, provê inaudita altera parte, o demandado poderá desenvolver
sucessivamente a atividade processual plena e sempre antes que o provimento se tome
definitivo. Em virtude da natureza constitucional do contraditório, deve ele ser observado não
apenas formalmente, mas sobretudo pelo aspecto substanciai, sendo de se considerar
inconstitucionais as normas que não o respeitem.

2.6 - PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS.

Importante princípio, voltado como o da publicidade ao controle popular sobre o


exercício da função jurisdicional, é o da necessária motivação das decisões judiciárias.
Na linha de pensamento tradicional a motivação das decisões judiciais era vista como garantia
das partes, com vistas à possibilidade de sua impugnação para efeito de reforma.

Modernamente, foi sendo salientada a função política da motivação das decisões


judiciais, cujos destinatários não são apenas as partes e o juiz competente para julgar eventual
recurso, mas quis-quis de populo, com a finalidade de aferir-se em concreto a imparcialidade do
juiz e a legalidade e justiça das decisões. Por isso, diversas Constituições —como a belga, a
italiana, a grega e diversas latino-americanas - haviam erguido o princípio da motivação
à estatura constitucional, sendo agora seguidas pela brasileira de 1988, a qual veio adotar em
norma expressa (art. 93, inc. IX da CF/88).

2.7– PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO.

A morosidade processual apresenta-se como uma das principais causas de descrédito


da justiça, enfim, ‘justiça tardia não é justiça”.

Assim, os motivos que levaram o legislador a erigir a questão do tempo do processo


ao nível de garantia fundamental demonstram a insatisfação da sociedade com a prestação da
tutela jurisdicional e o entendimento de que a jurisdição não deve ser apenas "prestada" pelo
Estado como decorrência do direito de ação, mas que a tutela jurisdicional deve ser efetiva,
tempestiva e adequada, sendo atribuição do Estado alcançar esse objetivo.

Introduzido no ordenamento jurídico brasileiro com status de princípio fundamental


nos termos do inciso LXXVIII do art. 5º da CF/88, o princípio da "duração razoável do processo"
reconhecido primordialmente na "Convenção Europeia para Salvaguarda dos Direitos do Homem
e das Liberdades Fundamentais", subscrita em Roma, em 4 de novembro de 1950, visa assegurar
a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação com vistas
à efetividade da prestação jurisdicional.

Nessa nova perspectiva o Estado deve preparar-se a fim de que possa atender às novas
demandas que lhe são impostas, vindo a obter êxito no atendimento das lides que lhe são
direcionadas e tendo como tarefa essencial garantir o pleno acesso à justiça.

2.8 – PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DO CONTROLE


JURISDICIONAL.

Referido princípio já deixa claro que, se por um lado cabe ao Poder Judiciário o
monopólio da jurisdição, por outro lado é assegurado a todo aquele que se sentir lesado ou
ameaçado em seus direitos o ingresso aos órgãos judiciais.

Princípio do acesso à justiça, o princípio da inafastabilidade da jurisdição tem


previsão no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal vigente, que dispõe: “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

O princípio do acesso à justiça deverá colocar à disposição dos interessados os meios


que lhes garantam um processo rápido e eficiente, eliminando os empecilhos que possam se
apresentar ao cidadão menos culto ou economicamente hipossuficiente, a fim de proporcionar às
partes litigantes igualdade de condições.
Ao princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional corresponde o direito
fundamental à efetividade do processo, ou efetividade da jurisdição, pois, de nada adianta garantir
o ingresso à justiça, se a mesma não pode ser oferecida de forma célere, dando ao pretendente, no
menor tempo possível, a tutela prevista no ordenamento jurídico.

2.9 – PRINCÍPIO DA INÉRCIA

0 art. 2 º do CPC é expressão do princípio da inércia da jurisdição ou demanda ao


determinar que "o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial,
salvo as exceções previstas em lei". O que se busca é preservar a imparcialidade do juiz, tornando
faculdade exclusiva das partes a iniciativa para movimentar o aparato judicial e a delimitação dos
contornos do litígio. A segunda parte do dispositivo dá vazão ao subprincípio do impulso oficial,
dado que, uma vez provocado pelas partes, o sistema de justiça estatal deve colocar em marcha o
processo.

A impulsão do processo por parte do juiz é necessária à uma adequada prestação


jurisdicional devendo as partes, sempre que solicitadas, colaborar para esse fim de acordo com as
instruções fixadas pelo magistrado. Ao final, o artigo dá abertura a disposições diversas ao
permitir exceções previstas em lei. Essas exceções, quanto à inércia da jurisdição, se
fundamentam na eficaz proteção do bem jurídico que se pretende tutelar e no regular andamento
processual. Já as exceções ao impulso oficial decorrem da faculdade das partes em transigir sobre
determinados aspectos do processo.

Desse modo, o juiz poderá atuar de ofício para, por exemplo, suscitar conflito de
competência (art. 951) e instaurar incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 978).
Enquanto as partes poderão dispor sobre o próprio procedimento (art. 190), renunciar a prazos
(art. 225) e proceder a suspensão convencional do processo (art. 313, inciso II). Registra-se que
o novo CPC não abarcou previsão anterior, contida no art. 989 do antigo Código, que permitia ao
magistrado instaurar processo de inventário quando não houvesse interessado para tal.

3.0 - PRINCÍPIO DA LEALDADE PROCESSUAL

Sendo o processo, por sua índole, eminentemente dialético, é reprovável que as partes
se sirvam dele faltando ao dever de verdade, agindo deslealmente e empregando artifícios
fraudulentos. Referido princípio que impõe esses deveres de moralidade e probidade a todos
aqueles que participam do processo (partes, juízes e auxiliares da justiça; advogados e membros
do Ministério Público). Regra do artigo 5º do CPC.
As regras condensadas no denominado princípio da lealdade visam exatamente a
conter os litigantes e a lhes impor uma conduta que possa levar o processo à consecução de
seus objetivos. O desrespeito ao dever de lealdade processual traduz-se em ilícito processual
(compreendendo o dolo e a fraude processuais), ao qual correspondem sanções processuais.

3.1 - PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

Esse princípio indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já
julgadas pelo juiz de primeiro grau (ou primeira instância), que corresponde à denominada
jurisdição inferior. Garante, assim, um novo julgamento, por parte dos órgãos da “jurisdição
superior”, ou de segundo grau (também denominada de segunda instância).

O princípio do duplo grau de jurisdição funda-se na possibilidade de a decisão de


primeiro grau ser injusta ou errada, daí decorrendo a necessidade de permitir sua reforma em grau
de recurso.

O duplo grau de jurisdição é, assim, acolhido pela generalidade dos sistemas


processuais contemporâneos, inclusive pelo brasileiro. O princípio não é garantido
constitucionalmente de modo expresso, entre nós, desde a República; mas a própria Constituição
incumbe-se de atribuir a competência recursal a vários órgãos da jurisdição (art. 102, inc. n; art.
105, inc. n; art. 108, inc. da CF, prevendo expressamente, sob a denominação de tribunais, órgãos
judiciários de segundo grau). Ademais, o Código de Processo Penal, o Código de Processo Civil,
a Consolidação das Leis do Trabalho, leis extravagantes e as leis de organização judiciária
preveem e disciplinam o duplo grau de jurisdição.

3.2 - PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O princípio da publicidade do processo constitui uma preciosa


garantia do indivíduo no tocante ao exercício da jurisdição. Referido princípio do Direito
Processual Civil assegura a disponibilidade de dados do processo, o que é considerado uma
ferramenta essencial, já que processo é público (aqui, vale ressaltar as duas exceções da
publicidade: salvo em defesa da intimidade e do interesse social)

3.3 -PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO

“Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha,


em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”, art. 6 do CPC.
Esse princípio do Direito Processual Civil define o modo como o processo deve se
estruturar, articulando os papéis processuais das partes e do órgão jurisdicional, com o intuito de
cooperar, harmonizar e dialogar com a lide.

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