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01 – REGRAS E PRINCÍPIOS.
Aspectos gerais
2 – ESPÉCIES DE PRINCÍPIOS
O intuito desse princípio é não deixar que as partes sejam lesadas com práticas não
especificadas. Vejamos: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”, inciso LIV, art. 5 da Constituição Federal. Trata-se, portanto, de norma
fundamental do Direito que garante que os atos processuais se realizem em conformidade à lei
vigente.
Além disso, a doutrina também divide esse princípio entre devido processo legal
formal (as garantias processuais) e o devido processo legal substancial (que seria a
proporcionalidade e razoabilidade nas decisões em si).
O juiz, por força de seu dever de imparcialidade, coloca-se entre as partes, mas
equidistante delas: ouvindo uma, não pode deixar de ouvir a outra; somente assim se dará a ambas
a possibilidade de expor suas razões, de apresentar suas provas, de influir sobre o convencimento
do juiz. Somente pela soma da parcialidade das partes (uma representando a tese e a outra, a
antítese) o juiz pode corporificar a síntese, em um processo dialético. É por isso que foi dito que
as partes, em relação ao juiz, não têm papei de antagonistas, mas sim de “colaboradores
necessários”: cada ura dos contendores age no processo tendo em vista o próprio interesse, mas a
ação combinada dos dois serve à justiça na eliminação do conflito ou controvérsia que os envolve.
Decorre de tais princípios a necessidade de que se dê ciência a cada litigante dos atos
praticados pelo juiz e pelo adversário. Somente conhecendo-os, poderá ele efetivar o
contraditório. Entre nós, a ciência dos atos processuais é dada através da citação, da intimação e
da notificação.
Mas a citação, a intimação e a notificação não constituem os únicos meios para o
funcionamento do contraditório; é suficiente que se identifique, sem sombra de dúvida, a ciência
bilateral dos atos contrariáveis. Tratando-se de direitos disponíveis (demanda entre maiores,
capazes, sem relevância para a ordem pública), não deixa de haver o pleno funcionamento do
contraditório ainda que a contrariedade não se efetive. É o caso do réu em processo civil que,
citado em pessoa, fica revel.
Nessa nova perspectiva o Estado deve preparar-se a fim de que possa atender às novas
demandas que lhe são impostas, vindo a obter êxito no atendimento das lides que lhe são
direcionadas e tendo como tarefa essencial garantir o pleno acesso à justiça.
Referido princípio já deixa claro que, se por um lado cabe ao Poder Judiciário o
monopólio da jurisdição, por outro lado é assegurado a todo aquele que se sentir lesado ou
ameaçado em seus direitos o ingresso aos órgãos judiciais.
Desse modo, o juiz poderá atuar de ofício para, por exemplo, suscitar conflito de
competência (art. 951) e instaurar incidente de resolução de demandas repetitivas (art. 978).
Enquanto as partes poderão dispor sobre o próprio procedimento (art. 190), renunciar a prazos
(art. 225) e proceder a suspensão convencional do processo (art. 313, inciso II). Registra-se que
o novo CPC não abarcou previsão anterior, contida no art. 989 do antigo Código, que permitia ao
magistrado instaurar processo de inventário quando não houvesse interessado para tal.
Sendo o processo, por sua índole, eminentemente dialético, é reprovável que as partes
se sirvam dele faltando ao dever de verdade, agindo deslealmente e empregando artifícios
fraudulentos. Referido princípio que impõe esses deveres de moralidade e probidade a todos
aqueles que participam do processo (partes, juízes e auxiliares da justiça; advogados e membros
do Ministério Público). Regra do artigo 5º do CPC.
As regras condensadas no denominado princípio da lealdade visam exatamente a
conter os litigantes e a lhes impor uma conduta que possa levar o processo à consecução de
seus objetivos. O desrespeito ao dever de lealdade processual traduz-se em ilícito processual
(compreendendo o dolo e a fraude processuais), ao qual correspondem sanções processuais.
Esse princípio indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já
julgadas pelo juiz de primeiro grau (ou primeira instância), que corresponde à denominada
jurisdição inferior. Garante, assim, um novo julgamento, por parte dos órgãos da “jurisdição
superior”, ou de segundo grau (também denominada de segunda instância).