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EXPLÍCITOS DA
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
SUMÁRIO
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
Sua definição é bem concisa. Significa que a Administração Pública, direta ou indireta, só pode
praticar as condutas autorizadas em lei.
É interessante observar neste princípio o fato de que, no Brasil, temos três poderes: o EXE-
CUTIVO, que administra; o JUDICIÁRIO, que julga, e o LEGISLATIVO, que exerce a chamada função
legiferante, que consiste em criar as leis. O LEGISLATIVO tem seus representantes eleitos pela popu-
lação e, como são os responsáveis por fazer as leis, é possível afirmar que o princípio da legalidade
existe para afirmar que a Administração Pública vai fazer aquilo que o POVO quer, visto que, em
suma, é o próprio povo que elege o Poder Legislativo, produtor de nossas leis.
Durante um bom tempo a doutrina afirmava existirem dois princípios da legalidade dentro
da Constituição Federal: um estampado no art. 5º, inciso II, e outro no art. 37, caput. A doutrina
moderna batizou o princípio da legalidade do particular (art. 5º, inciso II) como princípio da auto-
nomia da vontade. Aconselho você a ter cuidado para não confundir os conceitos em prova, pois o
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE indica que o particular pode fazer tudo isso desde que
não haja uma lei proibitiva; e o PRINCÍPIO DA LEGALIDADE obriga a Administração a fazer aquilo
que consta na lei.
em seu sentido estrito ou todo o arcabouço jurídico do país. O que esse princípio afirma é que se
deve dar observância à totalidade do ordenamento jurídico, e não apenas a determinadas normas.
Assim, o agente público está vinculado não só à lei e aos princípios jurídicos, mas também
aos atos administrativos gerais pertinentes àquela situação concreta em que a Administração se
encontra, exigindo dela uma atuação ainda mais restrita.
Para corroborar essa visão, temos a Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, parágrafo único, inciso
I, que exige da Administração “uma atuação conforme a LEI e O DIREITO”.
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
O princípio da impessoalidade estabelece um dever de IMPARCIALIDADE, de NEUTRALIDADE
no exercício da função administrativa. Esse princípio impede discriminações negativas e privilégios
oferecidos a particulares quando no exercício dessa função, tendo em vista que a atuação pública
deve ser objetiva, e não subjetiva.
Para o professor Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoalidade é sinônimo de princípio
da finalidade.
“O princípio da impessoalidade, referido na Constituição/88 (art. 37, caput), nada mais é que
o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique
o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica
expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.”
(MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 42 ed. São Paulo: Malheiros Edi-
tores, 2016. p. 97.)
Toda a atuação da Administração Pública deve ser caracterizada pela impessoalidade, mas é
possível observar sua plenitude em algumas atuações específicas. Veja os exemplos:
ͫ LICITAÇÃO: procedimento formal realizado para escolher a proposta mais vantajosa e
casos de contratação para obras, serviços, compras e alienações.
ͫ CONCURSO PÚBLICO: processo seletivo que permite o acesso a emprego ou cargo público
de modo amplo e democrático. É um procedimento impessoal em que se assegura igual-
dade de oportunidades a todos os interessados em concorrer ao exercício das atribuições
oferecidas pelo Estado. A este incumbirá identificar e selecionar os mais adequados
mediante critérios objetivos.
A doutrina majoritária analisa esse princípio sob três VERTENTES (aspectos):
1º Vedação a que o agente público se promova à custa da administração pública.
2º Como determinante da FINALIDADE PÚBLICA de toda a atuação administrativa.
3º Teoria do órgão.
ͫ 1º ASPECTO
Nos termos da Constituição Federal, em seu art. 37, § 1º, pode-se dizer que o princípio da
impessoalidade veda a vinculação de atividades da Administração à pessoa dos administradores,
evitando que os estes utilizem a propaganda oficial para promoção pessoal.
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Importantíssimo!
No art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB/88), a palavra PUBLICIDADE é utilizada no
sentido de propaganda, e sua violação atinge o princípio da impessoalidade. É muito comum em provas de
concurso as bancas quererem induzir o candidato a marcar a opção em que se afirma que tal conduta tem nexo
com o princípio da publicidade.
NÃO CAIA NESSA PEGADINHA!
ͫ 2º ASPECTO
A finalidade de todo e qualquer ato administrativo será sempre o INTERESSE PÚBLICO, por-
tanto, todo ato que se apartar desse objetivo será NULO por desvio de finalidade.
Mas o que é o desvio de finalidade?
Resposta: Sua manifestação ocorre quando um ato é praticado por agente ou órgão compe-
tente, porém é evidente na prática do ato que a verdadeira finalidade pública a que a própria lei
determina não foi atingida.
Em seu art. 2º, parágrafo único, alínea e, a Lei de ação popular (Lei nº 4.717/65) afirma:
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
O desvio de finalidade é tão sério que é tido como vício insanável, não admitindo convalidação
(conserto do ato). O único caminho a ser tomado diante de sua constatação é a anulação do ato.
ͫ Exemplos reais de provas de concurso público de desvio de finalidade:
» Ato de remoção quando é aplicado no sentido não de remanejar o servidor público,
e sim de puni-lo.
PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 7
PRINCÍPIO DA MORALIDADE
Esse princípio exige uma atuação ética, proba, honesta dos agentes da administração pública.
Tal atuação é conhecida como moralidade administrativa.
A moralidade administrativa é diferente da moral comum. O princípio da moralidade adminis-
trativa NÃO IMPÕE o dever de atendimento conforme a moral comum conhecida pela sociedade.
Ela exige respeito a padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade
incorporados pela prática diária ao conceito de boa administração.
Portanto, não se deve confundir a moral comum com a moral administrativa. Enquanto aquela
está pautada na noção do certo e errado para a sociedade, esta se encontra intrinsecamente ligada
à boa ou má administração. Para o Direito Administrativo, deve-se analisar a moral administrativa.
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Certas condutas, ainda que não obrigatórias pela lei, passam a fazer parte dos comportamentos
socialmente esperados de um bom administrador público, incorporando-se, assim, ao conjunto de
condutas que o Direito torna exigíveis.
Para a moralidade administrativa, não basta o agente público cumprir formalmente a lei – ele
tem que observar tanto a letra como o objetivo da lei. Assim, aquilo que é legal se filiará ao que é
ético, motivo pelo qual a doutrina afirma que o princípio da moralidade complementa o princípio
da legalidade.
ͫ NEM TUDO QUE É LÍCITO É MORAL
No âmbito do Poder Legislativo, os responsáveis pelo aumento do subsídio são os próprios
parlamentares. O aumento do valor dos respectivos subsídios por eles mesmos pode até ser um ato
legal, no entanto, se aumentarem acima do normal, estarão indo de encontro (contra)ao princípio
da moralidade.
A CRFB/88 levou tão a sério a moralidade administrativa na conduta de seus agentes que
impôs algumas penalidades a quem agir contrariamente a ela. E isso está positivado no art. 37, §
4º, da nossa Carta Magna.
Como é um assunto muito abordado em provas, vamos memorizar: CRFB/88 art. 37 §4º.
Utilizando o método mnemônico (Paris), temos:
Os atos de improbidade administrativa importarão na:
» Perda da função pública;
» Ação penal cabível;
» Ressarcimento ao erário;
» Indisponibilidade dos bens;
» Suspensão dos direitos políticos.
OBSERVAÇÕES. Quero fazer duas observações:
ͫ A primeira é de que qualquer questão de prova em que se afirmar que os atos de impro-
bidade implicarão a cassação de direito políticos, deve ser marcada como errada, pois
a Constituição proíbe tal medida:
LINHA RETA
1º grau: pai, mãe e filho/filha.
2º grau: avô, avó e neto/neta.
3º grau: bisavô, bisavó e bisneto/bisneta.
PARENTES COLATERAIS
2º grau: irmão/irmã. (a)
3º grau: tio/tia e sobrinho/sobrinha
4º grau: primo/prima (OBS! NÃO EXISTE PRIMO DE 1º GRAU.)
PARENTES POR AFINIDADE
1º grau: sogro/sogra
» 2º grau: cunhado/cunhada
Conclusão: posso nomear meu primo ou prima para um cargo comissionado de natureza admi-
nistrativa.
Você pode perguntar: Por que no estudo do Direito Administrativo preciso saber a linha de
parentesco do Código Civil? Simples, porque temos a sumula vinculante nº 13.
O importante agora é saber quais são os tipos de cargos comissionados que nós temos no
ordenamento jurídico brasileiro. Existem duas naturezas nos cargos comissionados, e eles podem
ser de natureza política ou de natureza administrativa.
Importantíssimo!
A súmula vinculante nº 13 só atinge os cargos comissionados de natureza administrativa. Assim, o SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL (STF) referendou a possibilidade de que QUALQUER PARENTE pode ser nomeado para cargos
comissionados de natureza política, como os de ministros de Estado e secretários estaduais e municipais.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade pode ser definido como o dever de divulgação oficial dos atos
administrativos. A Administração Pública tem o dever de informar a sociedade sobre a prática dos
atos administrativos, garantindo, assim, uma atuação transparente por parte do Poder Público.
É por conta desse princípio que os atos administrativos são publicados em órgãos de imprensa
ou afixados em locais determinados das repartições administrativas, ou, ainda, mais modernamente,
divulgados nos sites oficiais dos órgãos públicos na internet.
importante!
ͫ PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE NÃO É ABSOLUTO.
Ao se ver diante de uma questão de prova em que se afirma que TODOS OS ATOS são publi-
cados, o candidato deverá marcar tal opção como errada, pois o princípio da publicidade não é
absoluto. Podemos afirmar, como exceção à regra, o sigilo das propostas exigido na Lei de licitações
(Lei nº 8.666/93), assim como o sigilo exigido no procedimento administrativo conhecido como
inquérito policial nos termos do Código de Processo Penal vigente no país. Esses atos são de natu-
reza administrativa, porém serão sigilosos justamente para garantir sua eficácia. A própria CRFB e
a Lei de Processo Administrativo no âmbito federal respaldam essa exceção.
Lei nº 9.784/99
Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, con-
traditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios
de:
[...]
V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas
na Constituição;
A doutrina afirma também que o princípio da publicidade engloba dois subprincípios do
Direito Administrativo, a saber:
ͫ Princípio da transparência: dever de prestar informações de interesse dos cidadãos e de
não praticar condutas sigilosas, via de regra;
PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 11
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Acrescentado no art. 37, caput, da CRFB pela Emenda nº 19/98, o princípio da eficiência foi um
dos pontos principais da Reforma Administrativa, cujo objetivo foi implementar o modelo de ADMI-
NISTRAÇÃO PÚBLICA “GERENCIAL”, com vistas a alcançar melhores resultados na atuação estatal.
Antes da supracitada emenda, nossa Administração Pública apresentava uma visão burocrática.
O princípio de eficiência traz a ideia de presteza, perfeição, rendimento funcional, redução
de desperdícios, qualidade, rapidez e produtividade.
A doutrina analisa esse princípio sob duas óticas:
1ª ÓTICA
ͫ ATUAÇÃO DO AGENTE: o agente público, no desempenho de sua função, deve buscar
a satisfação do interesse da coletividade sempre com presteza, perfeição e rendimento
funcional.
» Pensando nessa obrigatoriedade, a CRFB determinou a aprovação na avaliação espe-
cial de desempenho, que ocorre durante o estágio probatório, como requisito para
ganhar a tão sonhada estabilidade, que se dá após três anos de efetivo exercício.
» Temos também a chamada avaliação periódica de desempenho, à qual o servidor
será submetido depois de ganhar sua estabilidade. Caso o servidor não continue
sendo eficiente, a CRFB respalda ao respectivo órgão público a possibilidade de
exonerar esse servidor.
» Como regra, a CRFB veda o acúmulo de cargos públicos, porém a própria Carta
Maior traz exceções, quais sejam, para dois cargos de professor, a de um cargo de
professor com outro técnico ou científico, e a de dois cargos ou empregos priva-
tivos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas, DESDE QUE haja
compatibilidade de horário, justamente para manter a eficiência no desempenho
das atribuições do cargo.
» OBSERVAÇÃO: Nas provas que cobram jurisprudência, é importantíssimo o enten-
dimento atual do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL sobre o acúmulo de horas, que é
de sessenta horas semanais. No tocante aos profissionais da área da saúde, não
incide essa limitação.
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