Você está na página 1de 300

alfaconcursos.com.

br

SUMÁRIO
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................... 2
CONTEÚDO DO REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO ............................................................................... 2
PRINCÍPIOS NORTEADORES .......................................................................................................................... 3
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO ............................................................................... 3
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO ..................................................................... 3
PRINCÍPIOS EXPRESSOS OU EXPLÍCITOS........................................................................................................ 3
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ...................................................................................................................... 4
1) EM RELAÇÃO AO PARTICULAR (LEGALIDADE LATO SENSU): .............................................................. 4
2) EM RELAÇÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LEGALIDADE STRICTO SENSU) ....................................... 4
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA X ADMINISTRAÇÃO PRIVADA.......................................................................... 4
LEGALIDADE X RESERVA LEGAL ................................................................................................................ 4
EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ................................................................................................ 5

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


O Regime Jurídico Administrativo é o CONJUNTO HARMÔNICO de princípios que definem
a LÓGICA DE ATUAÇÃO do ente público, baseando-se na existência de limitações e
prerrogativas em face do interesse público.
Os princípios, então, são normas de caráter geral, que têm por objeto o norteamento do
sistema jurídico.
Eles representam as ideias centrais de um sistema, estabelecendo diretrizes e orientações
gerais, que conferem um sentido lógico e harmonioso, responsável por pautar todo o
ordenamento jurídico e a atuação da Administração Pública.
Os princípios fundamentais da Administração Pública podem ser expressos (encontrados
no texto constitucional) ou implícitos (aqueles que, embora não contenham previsão expressa,
são extraídos do texto constitucional).
É importante ressaltar que, entre os princípios, não existe qualquer tipo de subordinação
ou hierarquia, sejam eles expressos ou implícitos.
LEMBRE-SE – Não Existe HIERARQUIA entre os princípios, sejam eles
EXPLÍCITOS ou EXPLÍCITOS.

Ainda neste conceito, os Doutrinadores costumam separar a definição de princípios e


regras, sendo:
PRINCÍPIOS - Normas Gerais – Estabelecem o sentido geral de atuar do ente
estatal.

REGRAS - Definem a atuação perante um caso concreto – Estabelecem a forma


e momento da atuação do ente.

CONTEÚDO DO REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


A atuação administrativa deve se pautar pela busca do INTERESSE PÚBLICO, por isso, a
Doutrina diferencia o conceito de interesse público em:
 Interesse Público PRIMÁRIO
 Interesse Público SECUNDÁRIO
Sendo:
INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO – Norteador da Administração Pública, é o
interesse que reflete as necessidades da SOCIEDADE

INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO – Compreende os interesses do


PRÓPRIO ESTADO como instituição, deve ser buscado de forma SECUNDÁRIA, pois a
“finalidade final” é sempre o INTERESSE PÚBLICO

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

PRINCÍPIOS NORTEADORES
Entre os princípios IMPLÍCITOS, dois merecem destaque, por serem considerados como
NORTEADORES de toda atuação administrativa. Sendo estes:
• SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PRIVADO
• INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO


Esse princípio, juntamente com o princípio da indisponibilidade do interesse público,
reflete a base do direito administrativo, pautando todas as condutas da Administração Pública,
que sempre agirá sob a ótica desses postulados norteadores.
De acordo com esse princípio, o interesse público, isto é, da coletividade, é mais
importante que os interesses privados.
Também deste princípio extraímos os poderes da Administração Pública, que a coloca
em situação de superioridade em face dos administrados, de modo a poder exercer o seu mister,
a proteção do interesse público.
IMPORTANTE – Apesar da “superioridade” e das “prerrogativas” que o estado
detém ante aos administrados, NÃO EXISTE HIERARQUIA ENTRE ADMINISTRADOR
E ADMINISTRADOS.

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO


Esse princípio, implicitamente previsto na Constituição Federal, trata da
indisponibilidade inerente aos bens e serviços públicos, que pertencem à coletividade, e não à
Administração Pública (ou a seus agentes), que apenas atuam em prol da sociedade.
A Administração Pública não é a titular do interesse público, sendo na verdade a guardiã
do mesmo, não podendo, desse modo, renunciar injustificadamente a ele, de modo a onerar a
coletividade.
O administrador público é um mero gestor da coisa alheia, não podendo dispor (abrir
mão) dos interesses públicos, sendo esse princípio o fundamento dos deveres da
Administração.

PRINCÍPIOS EXPRESSOS OU EXPLÍCITOS


A Constituição Federal traz, de forma expressa, cinco princípios que regem a
Administração Pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Sobre o princípio da Eficiência, é importante ressaltar que este só se tornou princípio
expresso com o advento da EC 19/98.
Desse modo, os cinco princípios expressos são:
 Legalidade
 Impessoalidade
 Moralidade
 Publicidade
 Eficiência
DICA – Lembre-se de “LIMPE”, sendo as iniciais de cada princípio.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Vale ressaltar que esses princípios são aplicados aos três Poderes do Estado (Executivo,
Legislativo e Judiciário), de qualquer das esferas (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) e também à sua Administração Indireta.
Art. 37 da Constituição Federal:
A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte..."

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade impõe um dever de observância à lei. Entretanto, esse princípio
funciona de maneira diferente para os particulares e para a Administração Pública, podendo
ser visto sob duas perspectivas distintas.
1) EM RELAÇÃO AO PARTICULAR (LEGALIDADE LATO SENSU):
Art. 5º da Constituição Federal:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei.
Segundo esse dispositivo constitucional, o particular pode fazer tudo aquilo que a lei não
proíba. Nesse caso, a regra é a autonomia da vontade.

2) EM RELAÇÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LEGALIDADE STRICTO


SENSU)
De acordo com o Art. 37 da Carta Magna, a Administração Pública somente pode fazer
aquilo que a lei ordena (atuação vinculada) ou autoriza (atuação discricionária). Ela jamais
pode agir na omissão da lei. O desrespeito a esse princípio torna o ato ilegal (que deve ser
anulado).

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA X ADMINISTRAÇÃO PRIVADA


A Administração Pública possui uma submissão total ao que está previsto em lei, não
podendo agir na omissão legal. Sendo inclusive a discricionariedade do administrador pautada
na legalidade.
Já a atuação da Administração Privada é mais ampla, pois não se submete apenas ao que
está previsto em lei, podendo agir na omissão legislativa, desde que não seja ato ilícito.
Então:
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – Pode fazer APENAS o que a lei permite
ADMINISTRAÇÃO PRIVADA – Pode fazer TUDO que a lei NÃO PROÍBE

LEGALIDADE X RESERVA LEGAL


O princípio da legalidade diferencia-se do da reserva legal.
• O princípio da LEGALIDADE pressupõe a submissão e o respeito à lei e aos atos
normativos em geral.
• O princípio da RESERVA LEGAL consiste na necessidade de a regulamentação de
determinadas matérias ser feita necessariamente por lei formal.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


São situações em que o texto constitucional excepcionaliza a legalidade, admitindo a
atuação da Administração Pública à margem das disposições legais.
Sem entrar em detalhes, pois invadiríamos o Direito Constitucional, são exceções ao
princípio da legalidade:
 Edição de Medida Provisória
 Situações de Estado de Defesa
 Situações de Estado de Sítio

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
PRINCÍPIOS EXPRESSOS ................................................................................................................................ 2
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE .......................................................................................................................... 2
1) EM RELAÇÃO AO PARTICULAR (LEGALIDADE LATO SENSU): .............................................................. 2
2) EM RELAÇÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LEGALIDADE STRICTO SENSU) ....................................... 2
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA X ADMINISTRAÇÃO PRIVADA.......................................................................... 3
LEGALIDADE X RESERVA LEGAL ................................................................................................................ 3
EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ................................................................................................ 3
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE .................................................................................................................. 3
1) ISONOMIA: .......................................................................................................................................... 3
VEDAÇÃO AO NEPOTISMO ................................................................................................................... 3
2) FINALIDADE: ........................................................................................................................................ 4
3) VEDAÇÃO A PROMOÇÃO PESSOAL (OU PARTIDÁRIA) ........................................................................... 4
PRINCÍPIO DA MORALIDADE ........................................................................................................................ 4
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ......................................................................................................................... 4
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA............................................................................................................................. 5
EFICIÊNCIA X EFICÁCIA X EFETIVIDADE ..................................................................................................... 5

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

PRINCÍPIOS EXPRESSOS
Recapitulando temos:
A Constituição Federal traz, de forma expressa, cinco princípios que regem a
Administração Pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Sobre o princípio da Eficiência, é importante ressaltar que este só se tornou princípio
expresso com o advento da EC 19/98.
Desse modo, os cinco princípios expressos são:
 Legalidade
 Impessoalidade
 Moralidade
 Publicidade
 Eficiência
DICA – Lembre-se de “LIMPE”, sendo as iniciais de cada princípio.

Vale ressaltar que esses princípios são aplicados aos três Poderes do Estado (Executivo,
Legislativo e Judiciário), de qualquer das esferas (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) e também à sua Administração Indireta.
Art. 37 da Constituição Federal:
A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte..."

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade impõe um dever de observância à lei. Entretanto, esse princípio
funciona de maneira diferente para os particulares e para a Administração Pública, podendo
ser visto sob duas perspectivas distintas.

1) EM RELAÇÃO AO PARTICULAR (LEGALIDADE LATO SENSU):


Art. 5º da Constituição Federal:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei.
Segundo esse dispositivo constitucional, o particular pode fazer tudo aquilo que a lei não
proíba. Nesse caso, a regra é a autonomia da vontade.

2) EM RELAÇÃO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (LEGALIDADE STRICTO


SENSU)
De acordo com o Art. 37 da Carta Magna, a Administração Pública somente pode fazer
aquilo que a lei ordena (atuação vinculada) ou autoriza (atuação discricionária). Ela jamais
pode agir na omissão da lei. O desrespeito a esse princípio torna o ato ilegal (que deve ser
anulado).

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA X ADMINISTRAÇÃO PRIVADA


A Administração Pública possui uma submissão total ao que está previsto em lei, não
podendo agir na omissão legal. Sendo inclusive a discricionariedade do administrador pautada
na legalidade.
Já a atuação da Administração Privada é mais ampla, pois não se submete apenas ao que
está previsto em lei, podendo agir na omissão legislativa, desde que não seja ato ilícito.
Então:
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – Pode fazer APENAS o que a lei permite
ADMINISTRAÇÃO PRIVADA – Pode fazer TUDO que a lei NÃO PROÍBE

LEGALIDADE X RESERVA LEGAL


O princípio da legalidade diferencia-se do da reserva legal.
• O princípio da LEGALIDADE pressupõe a submissão e o respeito à lei e aos atos
normativos em geral.
• O princípio da RESERVA LEGAL consiste na necessidade de a regulamentação de
determinadas matérias ser feita necessariamente por lei formal.

EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


São situações em que o texto constitucional excepcionaliza a legalidade, admitindo a
atuação da Administração Pública à margem das disposições legais.
Sem entrar em detalhes, pois invadiríamos o Direito Constitucional, são exceções ao
princípio da legalidade:
 Edição de Medida Provisória
 Situações de Estado de Defesa
 Situações de Estado de Sítio

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
Esse princípio reflete a impessoalidade na atuação dos agentes públicos, que devem agir
sempre embasados por critérios de interesse público, jamais com o intuito de favorecer
interesses próprios ou de terceiros, não podendo, inclusive, atrelar a atuação administrativa a
sua própria imagem, de forma a promovê-la.
Desse modo, o princípio da impessoalidade pode ser visto sob três perspectivas:

1) ISONOMIA:
O administrador público deve tratar os administrados de maneira isonômica, sem criar
distinções ou critérios de preferência entre eles, que devem ser tratados de maneira igualitária.
Contudo, em determinadas situações, poderá existir um tratamento diferenciado, embasado na
igualdade material (ou substancial).

VEDAÇÃO AO NEPOTISMO
Súmula Vinculante 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,


viola a Constituição Federal.
ATENÇÃO – Para o STF, “nomeações políticas” não são consideradas como atos
de nepotismo

2) FINALIDADE:
A finalidade de toda atuação pública é o interesse social. A Administração sempre deve
agir objetivando fins públicos. Esse princípio veda que o administrador atue visando a
interesses próprios ou de terceiros. Nessa acepção, o princípio da impessoalidade representa
um sinônimo de princípio da finalidade.

3) VEDAÇÃO A PROMOÇÃO PESSOAL (OU PARTIDÁRIA)


Sob essa ótica, o princípio da impessoalidade veda que o administrador utilize obras
públicas para fins de promoção pessoal ou partidária.
CF, Art. 37, § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.

PRINCÍPIO DA MORALIDADE
Esse princípio torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da Administração,
isto é, nosso ordenamento jurídico expressamente exige que o administrador público tenha
uma conduta pautada por preceitos éticos e morais.
Assim, conforme rege inclusive o Decreto 1.171/94, que trata da ética profissional do
servidor público civil do Poder Executivo federal, o servidor deve decidir não somente entre o
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno,
mas principalmente entre o honesto e o desonesto. É necessário que se atenda não somente à
“letra fria” da lei, mas também ao espírito dela, juntando aquilo que é legal com aquilo que
também é ético, moral.
A moralidade administrativa é um dos pressupostos da validade de todo ato praticado
pela Administração Pública. Cabe ressaltar que não se trata da moral segundo o senso comum,
mas sim de uma moral jurídica, extraída do nosso ordenamento jurídico.

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade também pode ser analisado sob dois aspectos. O primeiro
refere-se à obrigação que possui a Administração Pública de publicar seus atos em meio oficial
(Diário Oficial da União, por exemplo), como requisito de sua eficácia. Convém notar que não
se trata de um requisito de validade, mas sim de eficácia, que diz respeito à produção de
efeitos de um ato.
LEMBRE-SE – Publicidade é REQUISITO de Eficácia e Moralidade do Ato
Administrativo

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

Entretanto, nem todos os atos praticados pela Administração Pública devem ser
publicados em meio oficial, sendo que em determinadas situações prevalecerá o sigilo, como
nos casos em que for imprescindível para a segurança nacional ou em situações em que deverá
haver a preservação da intimidade dos administrados.
Uma segunda acepção desse princípio é o dever que possui a Administração Pública de
dar transparência a sua atuação, tornando as informações acessíveis aos administrados,
possibilitando, assim, o controle social de sua atuação.
Desse modo, não basta a mera publicação. Para que esse princípio seja realmente
observado, é necessário que essa publicação esteja acessível para os administrados. Como
exemplo, temos o direito à obtenção de certidões em repartições públicas.
Art. 5º da Constituição Federal:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.
Com base nesse entendimento, o STF já entendeu que publicar a remuneração dos
servidores públicos em site próprio (portal da transparência) não viola a sua intimidade, pois
se trata de uma das maneiras de dar publicidade a esses gastos públicos.

PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
O princípio da eficiência, diferentemente dos outros princípios expressos, não foi
contemplado no texto original da Constituição Federal de 1988, sendo inserido posteriormente
por meio da EC 19/98, chamada de reforma administrativa.
Esse princípio impõe uma obrigação de que as atribuições públicas sejam prestadas com
presteza, perfeição e rendimento funcional, de modo a prestar um serviço público que atenda
de forma satisfatória às necessidades da coletividade, entretanto, sem onerar
desnecessariamente os cofres públicos, com gastos supérfluos ou desperdícios.
Para privilegiar esse princípio, a Constituição Federal estabeleceu as avaliações
periódicas de desempenho para os servidores públicos, sendo que, mesmo o estável pode ser
exonerado caso não tenha resultados satisfatórios.
Art. 37, § 1º, da CF: O servidor público estável só perderá o cargo:
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho,
na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.

ATENÇÃO – Atualmente, a avaliação periódica de desempenho ainda não se


encontra formalizada, tendo sua lei em discussão.

EFICIÊNCIA X EFICÁCIA X EFETIVIDADE


Em resumo temos:
• A EFICIÊNCIA é a relação do processo envolvido com seu meio. Assim, possui foco
interno e refere-se aos custos (materiais, econômicos, pessoais) envolvidos.
EFICIÊNCIA é fazer MAIS com MENOS, sem perder a QUALIDADE

• A EFICÁCIA se expressa pelo alcance dos objetivos ou metas, independentemente


dos custos implicados. Possui foco externo e refere-se aos RESULTADOS.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

• A EFETIVIDADE representa a relação entre os resultados alcançados e as


transformações ocorridas. Possui foco externo e refere-se aos IMPACTOS causados
na sociedade.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS ............................................................................................................................... 2
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.................................................................................... 2
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE ................................................................................................................. 2
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA ..................................................................................................................... 3
CRITÉRIO DE LEGALIDADE .................................................................................................................... 3
CRITÉRIO DE MÉRITO ........................................................................................................................... 3
SÚMULA DA AUTOTUTELA ................................................................................................................... 3
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE ..................................................................... 3
SEGURANÇA JURÍDICA ............................................................................................................................. 4
SÚMULAS PERTINENTES............................................................................................................................... 4

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
Além dos Princípios citados expressamente pela Constituição de 1988, existem outros
Princípios de Direito Administrativo, que são verdadeiramente importantes para uma
administração pública legal, impessoal, moral, pública e eficiente. Esses Princípios são
chamados de princípios constitucionais implícitos e possuem a mesma importância para o
estudo em questão apresentado.
Os Princípios implícitos da Administração Pública, que podem ser considerados como de
maior relevância, são:
 Contraditório e Ampla Defesa
 Continuidade
 Autotutela
 Razoabilidade
 Proporcionalidade
 Finalidade
 Especialidade
 Segurança Jurídica

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA


Trata-se da proteção constitucionalmente consagrada no art. 5º, inciso LV, da C.F./88, que
diz:
“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ele inerentes.”
A ampla defesa deve ser assegurada sempre que a decisão administrativa afetar
interesses de terceiros. Como exemplo, podemos citar o direito à ampla defesa no PAD
(processo administrativo disciplinar), que poderá culminar na penalização de um servidor.
Em procedimentos em que inexista a restrição de direitos, não há que se falar em direito
à ampla defesa, como no caso da sindicância investigativa (cuidado, não confunda com a
sindicância, que é uma modalidade de PAD, na qual é exigida a ampla defesa) ou no inquérito
civil ou policial.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Os serviços públicos têm como destinatário a coletividade, devendo a sua prestação ser
feita de modo contínuo e de maneira que atenda às necessidades da população.
Desse modo, os serviços públicos devem ser prestados de maneira adequada e
ininterrupta, somente podendo haver a paralisação da prestação dos mesmos em casos
excepcionais, como em situações de emergência ou havendo aviso prévio.
Esse princípio aplica-se tanto para os entes da Administração Pública como também para
os particulares delegatários de serviços públicos.
No caso de a Administração Pública descumprir sua parte, os serviços prestados pelo
delegatário não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em
julgado, não se aplicando a cláusula de exceção de contrato não cumprido (essa cláusula define
que a parte que não cumpriu sua parcela no contrato, não pode exigir que a outra parte cumpra
a sua).
Assim, o delegatário de serviço público não pode interromper a prestação alegando que a
Administração Pública não cumpriu sua parte no contrato, somente podendo rescindir o

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

contrato mediante decisão judicial com trânsito em julgado (aquela que não comporta mais
nenhum recurso tornou-se definitiva).

PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
Esse princípio proporciona à Administração o poder para revisar seus próprios atos,
assegurando um meio adicional de controle de sua atuação, reduzindo o congestionamento do
Poder Judiciário.
A autotutela administrativa difere do controle judicial, sendo que a sua execução é feita
pela própria Administração que praticou o ato independente de provocação.
A autotutela autoriza o controle, pela Administração, sob dois aspectos: o da legalidade,
em que ela irá anular seus atos ilegais, e o de mérito, em que ela poderá revogar seus atos que,
embora válidos, se mostrarem inoportunos ou inconvenientes.
Assim, esse princípio permite que a Administração Pública exerça o controle sobre seus
próprios atos. Esse controle pode ser realizado sob dois aspectos:

ATENÇÃO – Esses critérios abaixo serão vistos com mais calma quando
tratarmos de ATOS ADMINISTRATIVOS

CRITÉRIO DE LEGALIDADE
Quando o ato for ilegal ou ilegítimo, a Administração Pública deve ANULAR esse ato (de
ofício ou quando provocada). Essa anulação do ato ilegal possui efeitos "ex tunc" (retroativos).
CRITÉRIO DE MÉRITO
Nesse caso, a Administração Pública pode REVOGAR seus próprios atos por conveniência
ou oportunidade. Na revogação, os atos válidos (ela é feita por razões de interesse público, e
não por ilegalidades) e gera apenas efeitos "ex nunc" (não retroagem).

SÚMULA DA AUTOTUTELA
A súmula 473 do STF também trata desse assunto:
"A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO
EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO
SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE
CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS
ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO
JUDICIAL."

PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE


Esses princípios refletem limitações impostas aos atos discricionários, sendo que o
administrador público, ao exercer a margem de escolha dada pela lei, deverá sempre fazê-lo de
forma proporcional e razoável. Assim, esse princípio tem o condão de evitar os excessos na
discricionariedade administrativa.
Caso um ato administrativo não guarde a relação entre a adequação da medida utilizada
e o fim pretendido, teremos um ato excessivo, passível de ser invalidado.
Trata-se de uma relação entre meios e fins, isto é, para o alcance de determinado fim
almejado, deve ser utilizado um meio adequado e proporcional para tanto.
LEMBRE-SE – Esses princípios oferecem LIMITAÇÕES À
DISCRICIONARIEDADE

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

SEGURANÇA JURÍDICA
Esse princípio protege as expectativas legítimas, impedindo que o administrado seja
surpreendido por uma situação inesperada.
Visa dar credibilidade e estabilidade nas relações travadas com o Estado, vedando que
seja aplicada retroativamente uma nova interpretação da lei. Esse princípio está intimamente
relacionado com aos princípios da boa-fé e da confiança.
Conforme já disse o STF, esse princípio reflete a necessidade de respeitar situações
consolidadas pelo tempo e amparadas pela boa-fé dos administrados.

SÚMULAS PERTINENTES
SÚMULA VINCULANTE 3 - Nos processos perante o Tribunal de Contas da União, asseguram-
se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de
ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

SÚMULA VINCULANTE 5 - A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo


disciplinar não ofende a Constituição.

SÚMULA VINCULANTE 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
viola a Constituição Federal.

SÚMULA VINCULANTE 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios


de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

SÚMULA 346 - STF - A administração pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos.

SÚMULA 473 – STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

SÚMULA 373 – STJ – É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso
administrativo.

SÚMULA 599 – STJ – O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a


Administração Pública

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ..................................................................................................................... 2
PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ........................................................................................ 2
FORMAS DE PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE PÚBLICA ........................................................................................ 2
DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO .................................................................................................... 3
DESCONCENTRAÇÃO E CONCENTRAÇÃO ...................................................................................................... 3
DESCENTRALIZAÇÃO E CENTRALIZAÇÃO ....................................................................................................... 4
DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA, SERVIÇOS OU FUNCIONAL ............................................................ 4
DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO OU COLABORAÇÃO ..................................................................... 5
DESCENTRALIZAÇÃO TERRITORIAL OU GEOGRÁFICA................................................................................ 5
HIERÁRQUIA ENTRE ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA .......................................................................... 5

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
A organização administrativa trata-se da própria estruturação do Estado, analisando os
órgãos e entidades que irão desempenhar a função administrativa. Nesse contexto, a principal
diferença entre entidade e órgão é que:

ENTIDADE – Tem personalidade jurídica própria. É um ente PERSONALIZADO.

ÓRGÃO – Não tem personalidade jurídica própria. É DESPERSONALIZADO.

Para que o Estado funcione de maneira mais eficiente, alguns serviços são prestados
diretamente pelos ENTES FEDERATIVOS, já em outras situações, estes entes TRANSFEREM as
pessoas jurídicas a outros ENTES.

ATENÇÃO – Entes Federativos ou Federados são UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO


FEDERAL e MUNICÍPIOS.

DICA – ENTE e ENTIDADE podem ser vistos como SINÔNIMOS de maneira


geral.

PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA


Estes princípios não costumam ser cobrados em provas de Direito Administrativo, sendo
mais condizentes com provas de Administração Pública, porém, é interessante mencioná-los.

Estes princípios foram propostos pelo “Decreto-Lei 200/67”, decreto que foi
recepcionado como LEI ORDINÁRIA pela Constituição Federal de 1988, são estes princípios:

• Princípio do Planejamento
• Princípio da Coordenação
• Princípio da Descentralização Administrativa
• Princípio da Delegação de Competências
• Princípio do Controle

FORMAS DE PRESTAÇÃO DA ATIVIDADE PÚBLICA


Como já citado, serviços públicos podem ser prestados:

• DIRETAMENTE – Pelos Entes Federativos (Entes Políticos)

• INDIRETAMENTE – Tendo a prestação dos serviços TRANSFERIDA para


Entidades ou Particulares
LEMBRE-SE – Entes Políticos e Entes Federativos são “sinônimos” –
Compreendendo UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDERAL e MUNICÍPIOS.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Quando as atividades são prestadas diretamente pelos entes políticos, seus órgãos ou
agentes, esta prestação é chamada de CENTRALIZADA. Formando a chamada
ADMINISTRAÇÃO DIRETA.

ATENÇÃO – Órgãos e Agentes são simplesmente DISTRIBUIÇÃO DE


COMPETÊNCIAS dentro do Ente.

Porém, para alcançar a maior eficiência administrativa, os entes políticos TRANSFEREM


a prestação das atividades para terceiros, pois estes podem se ESPECIALIZAR nas atividades a
que se dedicam, esse movimento é chamado pela doutrina de DESCENTRALIZAÇÃO.

Quando a Administração Pública descentraliza suas atividades, pode fazer de duas


formas:

• Transferindo para PESSOAS JURÍDICAS CRIADAS (ou Autorizadas) pela Própria


Administração Pública.

• Transferindo para PARTICULARES, por meio de CONCESSÃO ou PERMISSÃO, na


forma da Lei.

Quando a Administração Pública descentraliza sua competência para PESSOAS JURÍDICAS


especializadas na atividade descentralizada, sendo essas CRIADAS ou AUTORIZADAS por lei,
temos a chamada ADMINISTRAÇÃO INDIRETA.

CENTRALIZAÇÃO - Ocorre quando o estado executa suas tarefas diretamente,


por meio dos órgãos e agentes integrantes da ADMINISTRAÇÃO DIRETA.

DESCENTRALIZAÇÃO - Ocorre quando o estado desempenha suas funções


por meio de outros entes PERSONALIZADOS (que possuem personalidade jurídica).

DESCENTRALIZAÇÃO X DESCONCENTRAÇÃO
São coisas diferentes, sendo muito importante para o estudante saber diferenciar estes
institutos, sendo:

DESCONCENTRAÇÃO E CONCENTRAÇÃO
Ocorre dentro de UMA MESMA ESTRUTURA. Sendo esta estrutura da Administração
Direta ou da Administração Indireta. Desconcentrar é apenas uma técnica administrativa de
distribuir competências.
Quando a UNIÃO distribui sua competência para um Ministério, por exemplo, está
DESCONCENTRANDO. Da mesma forma, a desconcentração pode acontecer dentro da
Administração Indireta. Dividir uma Autarquia (entidade descentralizada) em departamentos
(Departamento Financeiro, Departamento de Aposentadoria, Departamento de Perícias) é fruto
de desconcentração.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

A CONCENTRAÇÃO é o movimento inverso, concentrando variadas competências no


mesmo ente ou órgão central.

EXEMPLO – Imaginemos que a União possui os Ministérios da Pesca,


Agricultura e Pecuária, todos estes seriam DESCONCENTRAÇÕES da União, uma vez
que ministérios NÃO POSSUEM PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA.

EXEMPLO – Imaginemos que a União, por meio de lei, concentre estes três
ministérios citados em apenas um, o Ministério “AGRO É POP”, estaria então
CONCENTRANDO as suas atividades.

LEMBRE-SE – Tanto a Administração Direta quanto a Indireta PODEM


DESCONCENTRAR e CONCENTRAR.

DESCENTRALIZAÇÃO E CENTRALIZAÇÃO
Como já vimos, ocorre quando o Estado desempenha suas funções por meio de outros
entes PERSONALIZADOS (que possuem personalidade jurídica própria).

A Descentralização pode ocorrer por:

• OUTORGA LEGAL
• DELEGAÇÃO ou COLABORAÇÃO
• GEOGRÁFICA
DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA, SERVIÇOS OU FUNCIONAL
Ocorre quando o estado CRIA uma entidade e transfere a ela determinado serviço público.
Transferindo então a TITULARIDADE e a EXECUÇÃO do serviço público.

LEMBRE-SE – A Descentralização por Outorga transfere a TITULARIDADE e


a EXECUÇÃO do serviço público.

A doutrina se divide sobre as entidades que seriam descentralizadas por outorga, porém
a posição adotada pela CESPE/CEBRASPE preceitua esta espécie de descentralização ocorre
PARA TODAS AS ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. Dessa forma, será feita a
Descentralização por Outorga, Serviços ou Funcional para:

• Autarquias
• Fundações de Direito Público ou Direito Privado
• Empresas Públicas
• Sociedades de Economia Mista

DICA – Consórcios Públicos, quando de Direito Público, são consideradas


AUTARQUIAS INTERFEDERATIVAS.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

APROFUNDANDO – Parte da Doutrina considera que APENAS as entidades que


precisam de LEI ESPECÍFICA para serem Criadas, ou seja, de DIREITO PÚBLICO,
que são fruto de Descentralização por Outorga.

DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO OU COLABORAÇÃO


Acontece quando o estado transfere apenas a EXECUÇÃO do serviço público por:

• CONTRATO oriundo de Concessão ou Permissão


• ATO UNILATERAL – Autorização

LEMBRE-SE – Esta espécie de Descentralização transfere apenas a EXECUÇÃO


do serviço, diferentemente da descentralização por OUTORGA, que transfere a
própria titularidade do serviço, e não apenas sua mera execução.

DESCENTRALIZAÇÃO TERRITORIAL OU GEOGRÁFICA


Pode acontecer apenas na hipótese de ser criado um território federal ou autarquia
territorial.

Os territórios são considerados Autarquias, pois:

• Possuem Personalidade Jurídica Própria


• São de Direito Público
• Possuem Capacidade Administrativa

HIERÁRQUIA ENTRE ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA


É muito importante salientar que em NENHUMA forma de descentralização há
HIERARQUIA.

Isso não significa que as Pessoas Jurídicas Descentralizadas podem agir com
arbitrariedade, pois existe uma relação de VINCULAÇÃO, o que difere de uma relação de
subordinação.
LEMBRE-SE – Essa vinculação é chamada também de CONTROLE FINALÍSTICO
ou TUTELA ADMINISTRATIVA.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................................................. 2
CONSTITUIÇÃO: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS .............................................................................................. 2
RESUMO .................................................................................................................................................... 2
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ..................................................................................................................... 2
NOÇÕES GERAIS......................................................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS DO FEDERALISMO BRASILEIRO .................................................................................... 2
TIPOS DE FEDERALISMO ............................................................................................................................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
CONSTITUIÇÃO: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Na nossa Constituição, esse cerne político materializa-se nos princípios fundamentais,
integrantes dos Arts. 1° a 4° da CF/88. Ali, vamos encontrar princípios definidores da forma
de Estado (Federação), da forma de governo (República), do regime político (Estado
Democrático de Direito), da titularidade do poder constituinte (Soberania popular) e da forma
de relacionamento entre os poderes (independência e harmonia entre os poderes).
Os princípios fundamentais estão apresentados logo no início da Constituição Federal
de 1988 (Arts. 1° ao 4°). Concluímos, desde já, que esse Título I da CF/88 apresenta as
características mais essenciais do nosso Estado.
No caput do artigo 1º encontramos os princípios materiais estruturantes que formam a
base fundamental para toda a ordem constitucional: a) princípio republicano; b) princípio
federativo; c) princípio do Estado democrático de direito.
RESUMO:
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
NOÇÕES GERAIS:
O modelo federativo de Estado encontra-se previsto no Art. 1o da CF/88:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos: (grifo nosso)

Contudo, esse dispositivo deve ser analisado conjuntamente com o Art. 18 da CF, que
define a Organização Político-Administrativa do Estado brasileiro:
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.

República Federativa do Brasil é o Estado Federal dotado de Soberania - pessoa jurídica


de Direito Público Internacional.
União, Estados, Municípios e DF: entes federados dotados de autonomia- pessoas
jurídicas de Direito Público interno.
Dizer que os entes que compõem uma federação são dotados de autonomia significa
afirmar que eles possuem capacidade de: auto-organização, autoadministração, autogoverno,
autolegislação e autonomia financeira.
As características decorrentes da autonomia política são mais bem estudadas no tópico
“Organização do Estado”.
Não há hierarquia entre os entes! IMPORTANTE!
CARACTERÍSTICAS DO FEDERALISMO BRASILEIRO:
Soberania do Estado federal: o poder que confere ao Estado federal a independência
na ordem externa, que lhe permite não se sujeitar, jurídica ou politicamente, a quaisquer
imposições de Estados estrangeiros ou organismos internacionais.
Autonomia dos entes federativos: poder conferido, aos diversos entes federativos da
Federação, que lhes permite graus variáveis de auto-organização, autogoverno,
autoadministração e também de arrecadação de receitas próprias, nos termos e limites
fixados pela Constituição federal.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Caráter indissolúvel do vínculo federativo: uma vez formalizado o Estado federal, não
mais é permitido a qualquer dos entes que fazem parte da Federação separar-se dela, tendo
em vista seu caráter permanente (não há direito de secessão).
Formalização por meio de uma constituição: o Estado federal é criado por uma
Constituição, a denominada Constituição Federal, que estabelece e formaliza o pacto
federativo.
Repartição de competências entre o poder central e os entes parciais: a
Constituição Federal estabelece as bases em que a mesma deve funcionar, inclusive fixando as
competências materiais e legislativas de cada um dos entes que fazem parte do Estado
Federal.
Direito de participação das vontades parciais na vontade central (bicameralismo
do Poder Legislativo da União): para que um Estado possa ser considerado efetivamente
uma Federação, os entes parciais também devem ter o direito de participar da formação da
vontade central, por meio de representantes no Parlamento.
Possibilidade de intervenção federal: o texto constitucional da Constituição Federal
deve prever a possibilidade de a União agir, em nome dos demais entes federativos, não só
para a garantia da indissolubilidade do vínculo federativo, como também para o respeito à
repartição de competências.
Controle Jurisdicional de Constitucionalidade, por intermédio do Guardião da CF =
STF (Tribunal Constitucional).
Os fundamentos devem ser compreendidos como os valores estruturantes do Estado
brasileiro, aos quais foi atribuído um especial significado dentro da ordem constitucional, sendo a
dignidade da pessoa humana considerada valor supremo do nosso ordenamento jurídico.
I. Soberania: pode ser definida como um poder político supremo e independente, por
não estar limitado por nenhum outro e por não ter de acatar, na ótica das relações
internacionais, a regras que não sejam voluntariamente aceitas.
II. Cidadania: enquanto conceito decorrente do Estado Democrático de Direito, consiste
na participação política do indivíduo na vontade do Estado. O conceito de cidadania
sempre esteve fortemente "ligado" aos direitos políticos, que permitem ao indivíduo
intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou
indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar (direto), seja ao
concorrer a um cargo público (indireto).
III. Dignidade da pessoa humana: constitui o valor constitucional supremo que irá
informar a criação, interpretação e a aplicação de toda a ordem normativa
constitucional. A dignidade humana, então, é um valor fundamental que se viu
convertido em princípio jurídico de estatura constitucional, seja por sua positivação
em norma expressa seja por sua aceitação como um mandamento jurídico extraído do
sistema. Serve, assim, tanto como justificação moral quanto como fundamento
normativo para os direitos fundamentais.
IV. Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: como um dos fundamentos do
Estado brasileiro, reconhece-se que o trabalho é um dos valores imprescindíveis à
promoção da dignidade da pessoa humana. A partir do momento em que contribui
para o progresso da sociedade à qual pertence, o indivíduo se sente útil e respeitado. A
liberdade de iniciativa, que envolve a liberdade de empresa e a liberdade de contrato,
é um princípio básico do liberalismo econômico.
V. pluralismo político: decorre do princípio democrático, que impõe a opção por uma
sociedade plural na qual a diversidade e as liberdades devem ser amplamente

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

respeitadas. O caráter pluralista da sociedade se traduz no pluralismo social, político,


partidário, religioso, econômico, cultural. Desse valor fundamental é que se reconhece
a proteção das diversas liberdades, dentre elas, a de opinião, a filosófico-religiosa, a
intelectual, artística, científica, a de comunicação, a de orientação sexual, a profissional,
a de informação, a de reunião e a de associação.
ANOTA AÍ!
TIPOS DE FEDERALISMO:
AGREGAÇÃO x DESAGREGAÇÃO
O federalismo por agregação: é caracterizado pela reunião de vários Estados para a
formação de um novo Estado, um Estado Federal. Movimento Centrípeto.
O federalismo por desagregação, ao contrário, ocorre quando um Estado unitário se
descentraliza. Movimento Centrífugo.
DUAL x COOPERATIVO
O federalismo dual é caracterizado por uma rígida separação de competências entre o
ente central (União) e os entes regionais (Estados-Membros).
No federalismo cooperativo as competências podem ser exercidas de forma comum ou
concorrente, não havendo necessariamente uma separação rígida de competências entre os
entes federados, justamente para promover aproximação, cooperação entre a união e os
Estados-Membros. Isso não significa que no modelo cooperativo não existam competências
exclusivas ou privativas, o que ocorre é que, além dessas, devem existir competências comuns
e concorrentes.
SIMÉTRICO x ASSIMÉTRICO
O federalismo simétrico é caracterizado pela homogeneidade entre os entes federados,
inclusive no que tange ao tratamento (relacionamento) dos Estados para com a União.
O federalismo assimétrico é caracterizado pela heterogeneidade entre os entes federados.
Dessa forma há um tratamento diferenciado entre a União e os Estados, considerando fatores
socioeconômicos ou mesmo territoriais.
 Federalismo de segundo grau ou terceiro grau: de acordo com a doutrina, no
Brasil existe uma TRÍPLICE estrutura do Estado Brasileiro (União, Estados e
Municípios). Contudo quanto à auto-organização os municípios devem obedecer a
duas ordens constitucionais: a CF e as CE, por isso a doutrina classifica como
federalismo de segundo grau.
 Atenção: A banca CESPE entende que o federalismo é de terceiro grau.
 O federalismo de equilíbrio busca estabelecer repartição equilibrada de
competências entre os entes que compõem a Federação. A ideia é a manutenção da
harmonia entre os entes, reforçando suas instituições.
 No federalismo de integração há uma predominância do Governo Central sobre
os demais entes, com a imposição aos Estados-Membros do modelo adotado para o
ente central. Nele, há uma tendência de estabelecer um Estado unitário
descentralizado, e não um verdadeiro Estado federal. Seria um federalismo apenas
formal.
 O federalismo orgânico: o Estado é visto como organismo, com a presença
marcante do Estado Federal sobre os entes.
Resumindo: Princípios fundamentais:
Noções gerais:
- Forma de Estado (como o Estado é organizado).
FEDERAÇÃO (UNIÃO + ESTADOS + DF + MUNICÍPIOS) = união indissolúvel (proibida a
secessão).

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

- Forma de Governo (relação entre governantes e governados) = FOGO NA REPÚBLICA.


Eletivo. Temporal e prestação de contas.
- Sistema de governo (Relação entre os poderes) = SIGO O PRESIDENTE.
Presidencialismo (O Presidente da república é o chefe de Estado e o chefe de Governo).
- Regime de Governo (Regime é coisa do Demo).
Democracia semidireta.
FORMA DE ESTADO FE FEDERAÇÃO
FORMA DE GOVERNO FOGO NA REPÚBLICA REPÚBLICA
SISTEMA DE GOVERNO SIGO O PRESIDENTE PRESIDENCIALISMO
REGIME DE GOVERNO REGIME É COISA DO DEMO DEMOCRACIA

 FORMAS DE GOVERNO:
A) REPÚBLICA:
• ELETIVIDADE – DIRETA OU INDIRETA
• TEMPORALIDADE NO EXERCÍCIO DO PODER
• NECESSIDADE DE LEGITIMIDADE DO POVO
• REPRESENTATIVIDADE POPULAR
• DEVER DO GOVERNO DE PRESTAR CONTAS
B) MONARQUIA:
• HEREDITARIEDADE
• VITALICIEDADE
• NÃO REPRESENTATIVIDADE POPULAR
• AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE CONTA PELO GOVERNO
 SISTEMA DE GOVERNO:
A) PRESIDENCIALISMO:
• Independência entre os poderes
• Chefia monocrática
• Mandato por prazo certo
• Responsabilidade do governo perante o povo
B) PARLAMENTARISMO:
• Cooperação entre os Poderes Executivo e Legislativo
• Chefia dual
• Mandato por prazo indeterminado
• Responsabilidade do governo perante o parlamentarismo
 REGIME DE GOVERNO:
A) AUTOCRACIA: O destinatário da política governamental não participa de sua elaboração.
B) INDIRETA OU REPRESENTATIVA: O povo elege os representantes e esses elaboram as
políticas públicas.
C) DIRETA: O povo participa diretamente
D) SEMIDIRETA OU PARTICIPATIVA: Tanto Direta como Indireta (existem os dois
mecanismos)
 FORMA DE ESTADO:

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

A) Unitário:
A1) Centralizado
A2) Descentralizado (Não há autonomia política)
B) Federação:
B1) Agregação/centrípeta
B2) Desagregação/Centrífuga
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição Federal.
CANOTILHO, J.J. GOMES e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: JusPodivm,
2016.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 15
ed. São Paulo: Método, 2016.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros,
2006.

EXERCÍCIOS
1. À luz do disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir, acerca
dos princípios constitucionais e dos direitos fundamentais.
Conforme a CF, o poder emana do povo e é exercido por meio de representantes eleitos,
não havendo previsão do exercício do poder diretamente pelo povo.
Certo ( ) Errado ( )
ERRADO
Atenção:
Nosso regime de governo é
democrático SEMIDIRETO ou PARTICIPATIVO = DIRETO (povo) + INDIRETO ou
REPRESENTATIVO.

2. Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de 1988 (CF),


julgue o item a seguir.
Conforme o princípio democrático, todo o poder emana do povo, que o exerce
diretamente ou por meio de representantes eleitos.
Certo ( ) Errado ( )
CERTO
Democracia Direita:
Poder exercido pelo povo diretamente.
EX.: Plebiscito / Referendo / Iniciativa Popular.
Democracia Indireta:
Poder exercido por representantes do povo.
EX.: Voto
Democracia Semidireta:

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Misturam-se elementos da democria direta com elementos da democracia


indireta.
EX: PRÉbiscito ANTES/ ReferenDo DEPOIS + Eleições indiretas.

3. Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de 1988 (CF),


julgue o item a seguir.
Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais
constituem objetivos da República Federativa do Brasil expressos na CF.
Certo ( ) Errado ( )
CERTO
Essa questão é a literalidade do artigo, basta memorizar (normas
programáticas)
Art 3°- Constituem objetivos (metas do Estado) da República Federativa
do Brasil
I- Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II- Garantir o desenvolvimento nacional;
III- Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais;
IV- Promover o bem de todos, sem preconceito de raça, sexo, cor, idade ou
quaisquer outras formas de discriminação.

4. Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de 1988 (CF),


julgue o item a seguir.
A soberania, que consiste em um poder político supremo e independente, é um dos
fundamentos da República Federativa do Brasil.
Certo ( ) Errado ( )
CERTO
Essa questão é a literalidade do artigo, basta memorizar.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

5. Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos da Constituição Federal de 1988 (CF),


julgue o item a seguir.
A concessão de asilo político é um ato de soberania estatal de competência dos
governadores dos estados e aplica-se em virtude de perseguição a estrangeiro praticada
por seu próprio país ou por terceiro.
Certo ( ) Errado ( )
ERRADO
O Asilo Político é o acolhimento de estrangeiro por parte do Estado.
Os motivos da perseguição que vão ensejar o asilo político envolvem a liberdade
de manifestação de pensamento ou de expressão, a dissidência política ou mesmo

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

crimes de cunho político que não configuram delitos do direito penal comum.
A concessão de asilo político é ato de soberania estatal.
É de competência do Presidente da República. (O Presidente da República, à luz
de um caso concreto,
terá a discricionariedade de conceder ou não asilo político).

GABARITO
1. Errado
2. Certo
3. Certo
4. Certo
Errado

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
princípios fundamentais .................................................................................................................................... 2
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES – TRIPARTIÇÃO DOS PODERES ................................................... 2
OBJETIVOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – ART. 3º ...................................................................... 3
PRINCÍPIOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS – ART. 4º ............................................................................... 4
Exercícios ........................................................................................................................................................... 6
Gabarito ......................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES – TRIPARTIÇÃO DOS
PODERES
PODER É UNO E INDIVISÍVEL, o que se divide são as funções estatais básicas.
OBJETIVO: preservar a liberdade individual, combatendo a concentração de Poder, isto
é, a tendência absolutista de exercício de Poder político pela mesma pessoa ou grupo de
pessoas.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Cada Poder possui funções típicas e funções atípicas, em respeito ao princípio da


indelegabilidade de atribuições, os Poderes não podem ficar transferindo suas atribuições para
outros Poderes.
Contudo, isso não significa que essa separação de funções do Estado seja rígida, isso
porque pelo sistema de freios e contrapesos é possível o exercício de forma atípica de um
Poder por outro Poder.
A separação dos Poderes, nesse modelo, estabelece um mecanismo de fiscalização e
responsabilização recíproca dos Poderes estatais.
Condicionam a competência de um Poder à apreciação de outro Poder de forma a
garantir o equilíbrio entre os Poderes.
Dessa forma, além do exercício de funções típicas, cada órgão exerce também outras
duas funções atípicas dos demais órgãos.
 SEPARAÇÃO DOS PODERES:
• Origem no Iluminismo.
• Poder soberano é uno e indivisível (o povo é o titular).
• A separação dos Poderes divide apenas a divisão de tarefas estatais (as
atividades de distintos órgãos).
 DIVISÃO FUNCIONAL DAS 3 FUNÇÕES ESTATAIS:
• Poder Legislativo – funções de legislar e fiscalizar (típica),
• Poder Executivo – função típica de administrar.
• Poder Judiciário – função típica de julgar.
 Modelo flexível: Os Poderes são independentes e harmônicos entre si.
• As funções são reciprocamente indelegáveis (excepcionalmente podem ser
delegadas – ex.: Lei Delegada).
• Há uma divisão funcional das atividades estatais.
• Cada Poder tem uma função típica e atípica.
Teoria dos freios e contrapesos ( promove o exercício harmônico dos Poderes) ex.: veto
presidencial, edição de MP, controle judicial de constitucionalidade, etc.
Destacamos o Princípio da Separação dos Poderes (ou princípio da divisão funcional dos
Poderes), que consiste na repartição das funções estatais (executiva, legislativa e judiciária)
entre três órgãos distintos. Como esse dispositivo, a Constituição Federal, com respaldo nos
ensinamentos de Montesquieu, evita a concentração de todo o Poder nas mãos de uma única
pessoa. Assim, ao instituir Poderes distintos, independentes e harmônicos, cria-se um sistema

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

de controle recíproco, em que um Poder controla as atividades dos outros, a fim de se evitar
desvios e excessos. Esse sistema de controle é denominado pela doutrina como sistema de
freios e contrapesos.
Assim, cada Poder possui competências típicas. Ao Poder Executivo, destacamos a
competência de administrar; ao Poder Legislativo, destacamos a competência de legislar e de
fiscalizar; e ao Poder Judiciário, destacamos a competência de julgar.
Contudo, em razão do sistema de controle recíproco adotado pela Constituição Federal,
os Poderes exercem, além das funções típicas, que foram mencionadas, as funções atípicas.
Nesse sentido, a título de ilustração, observamos que o Poder Legislativo desempenha
função jurisdicional quando o Senado Federal julga certas autoridades da República nos
crimes de responsabilidade (CF, Art. 52, I e II e parágrafo único). O Poder Legislativo e o
Poder Judiciário exercerem a função executiva atipicamente, ao realizar concurso público
para suprir seu quadro de pessoal, ou realizar uma licitação para compra de canetas, por
exemplo. O Executivo, por meio de um processo disciplinar administrativo, realização função
de julgamento. Enfim, a própria Constituição Federal estabelece uma série de competências
para os Poderes, que se distanciam de suas funções típicas/preponderantes.

OBJETIVOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – ART. 3º


Os objetivos da República dispõem a respeito de questões a serem alcançadas pelo
Estado e constam de um rol NÃO TAXATIVO, e sim EXEMPLIFICATIVO.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

 COM GARRA ERRA POUCO


Diversamente dos fundamentos, valores estruturantes do Estado brasileiro
consubstanciados em normas de eficácia plena, os objetivos fundamentais constituem em
metas de governo. Daí ser atribuída a qualidade de normas programáticas. Consagram,
portanto, fins precípuos para os quais o Poder Público deve empreitar todos os esforços
necessários para que sejam alcançados.
Os objetivos fundamentais estão expressos no Art. 3° da CF/88 e visam a assegurar a
igualdade material aos brasileiros, possibilitando iguais oportunidades a fim de concretizar a
democracia econômica, social e cultural e tornar efetivo o fundamento da dignidade da
pessoa humana. Trata-se de programas para o futuro, diretrizes a serem alcançadas de
forma a tornar mais justa a sociedade brasileira.
Observe que são quatro os objetivos e todos eles começam com um verbo: I -
construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III -
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV -
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.
Os objetivos fundamentais deste Art. 3° são diferentes dos fundamentos do Art. 1º. No
Art.1º, extraímos os valores que compõe as bases da República. Aqui, o assunto são os
objetivos que a República deve buscar com a sua atuação, as metas a atingir.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

PRINCÍPIOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS – ART. 4º


Os princípios nas relações internacionais estabelecem orientações e limites à atuação do
Estado em um cenário internacional.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações.

 AInDa Não ComPreI ReCoS


 A – autodeterminação dos povos
 In – independência nacional
 D – defesa da paz
 Não – não intervenção
 Co – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
 Pre – prevalência dos direitos humanos
 I – igualdade entre os Estados
 Re – repúdio ao terrorismo e ao racismo
 Co – concessão de asilo político
 S – solução pacífica dos conflitos
No artigo 4º, a Constituição Federal estabelece os 10 princípios que regem o Brasil em
suas relações internacionais (CF, Art. 4°), que podem ser subdivididos em 3 grupos: a)
Princípios ligados à independência nacional; b) Princípios ligados à pessoa humana; c)
Princípios ligados à paz.
Independência nacional é uma expressão que não possui definição no campo do
Direito, a não ser que se pretenda uma aproximação, como quer Celso de Albuquerque Mello,
com a palavra "soberania", pelo que, no plano interno de um Estado, ter-se-ia autonomia; no
externo, independência. De qualquer maneira, é possível buscar um sentido útil a este
princípio, qual seja, o entender-se nele não a independência nacional brasileira, mas as
independências nacionais dos outros Estados.
Prevalência dos direitos humanos também é um princípio de conteúdo jurídico
impreciso. É possível ver nele, contudo, duas faces robustas: a primeira é a importância dos
direitos humanos no contexto internacional atual, e, ao se reconhecer-lhe prevalência, admite-
se que esses direitos humanos estejam em posição hierárquica mais elevada do que qualquer
outro bem jurídico local. São esses direitos humanos prevalentes, aliás, que autorizam, como
têm autorizado, a interferência de outros Estados em um determinado, onde os habitantes
locais estejam sendo despojados desses direitos elementares, como no caso dos curdos do
Iraque, dos hutus e tsutis no Zaire e arredores, dos ex-iugoslavos nas diversas regiões em que
foi transformada a unidade anterior da terra de Tito. Nesses casos, e em outros, os direitos
humanos foram prevalentes à própria soberania.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

Autodeterminação dos povos é princípio que tem origem no princípio das


nacionalidades. Esse princípio foi tratado após a 1ª Guerra Mundial por Lenin e Woodrow
Wilson, e, após a 2a Guerra, pela ONU, em Assembleia Geral (1952 e 1962). Diretamente, a
autodeterminação dos povos é encontrada, como premissa básica, nos Pactos Internacionais
de Direitos Econômicos- Sociais e Culturais, de 1967, da ONU.
Não intervenção é princípio fundamental de Direito Internacional Público, e foi
mencionada pela primeira vez no século XVIII, por Christian Wolff e Emmanuel Kant.
Consagrada nas Cartas da ONU (Art. 2°, alínea 7) e da OEA (Art. 18), a não intervenção não
escapa de seu perfil mais político do que jurídico, e parece dar razão ao comentário formulado
no início deste século, segundo o qual a justificação da intervenção é o seu sucesso.
Igualdade entre os Estados, para nós, não é uma igualdade absoluta, mas relativa, na
medida de suas desigualdades, que são mais claras no plano econômico, sendo que o GATT
(Acordo Geral de Tarifas e Comércio) é uma tentativa de diminuir essa distância entre uns e
outros Estados.
Defesa da paz é princípio que pode ser entendido de duas maneiras, ainda de acordo
com Celso Albuquerque Mello. Por uma linha, é conflito armado nacional (ou seja, guerra),
internacional, ou qualquer combate armado, sendo preferível esta segunda interpretação. Mas
a defesa da paz, de que fala a Constituição, não é somente evitar ou finalizar um conflito
armado. A expressão abrange também os direitos de solidariedade, também chamados de
novos direitos do homem ou 3ª geração de direitos humanos, que são o direito ao
desenvolvimento, direito à autodeterminação dos povos e direito à paz no sentido mais
estrito, todos, vê-se, de expressão coletiva.
Solução pacífica dos conflitos é princípio que reconhece, logicamente, a existência ou
potencialidade de conflitos internacionais, mas prescreve o seu equacionamento pela via
pacífica, no que, aliás, complementa o princípio anterior. Um instrumento muito utilizado para
preservar essa via pacífica de solução de conflitos foi o arbitramento ou arbitragem, no qual
os Estados em litígio escolhem um outro, não envolvido, para intermediar as conversações e
encaminhar uma solução aceitável.
Repúdio ao terrorismo e ao racismo pode ser entendido como a rejeição a essas duas
espécies de condutas vis. As definições do que sejam terrorismo e racismo não são, contudo,
desprovidas de dificuldades. Terrorismo, já se disse, é a arma do fraco, e mistura-se com
frequência a elementos políticos, e, dependendo do ângulo pelo qual se olhe, pode-se chamar
o mesmo movimento de terrorista ou de guerrilha. Por isso, não há uma definição jurídica
clara do que seja, exatamente, o terrorismo, ficando-se, apenas para fins didáticos, na
constatação, enunciada por Sottile, de que se caracteriza ele pelo uso de método criminoso e
violência, visando a atingir um fim determinado. No plano internacional (principalmente na
Europa, a partir de 1977, por ato do Conselho da Europa), são identificadas três áreas de
terrorismo reprimidas por tratados: o sequestro de embaixadores, a tomada de reféns e o
apoderamento ilícito de aeronaves. Já o racismo encontra definição no Art. 1° de uma
convenção da ONU de 1966, onde se lê que a discriminação racial significará qualquer
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem
nacional ou étnica que tenha por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento,
gozo ou exercício num mesmo plano, em igualdade de condições, de direitos humanos e
liberdades fundamentais.
Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade é princípio que impõe,
de plano, uma limitação aos conceitos de soberania e de independência nacional, uma vez que
cooperar é interagir. Essa interação pelo progresso da humanidade tem raízes no dever de
solidariedade e de auxílio mútuo.
Concessão de asilo político, ou melhor, de asilo diplomático. Esse asilo é concedido a
quem esteja sendo perseguido por motivos políticos ou de opinião. Tal estrangeiro, a
Constituição brasileira, no Art. 5°, LII, faz inextraditável, justamente para garantir o instituto

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

do asilo diplomático ou político. A Declaração Universal dos Direitos do Homem já prevê essa
figura no seu Art. XIV. No continente americano, o asilo diplomático está tratado no
documento da convenção de Caracas, de 1954, onde se lê que todo Estado tem o direito de
conceder asilo, mas não se acha obrigado a concedê-lo, nem a declarar porque o nega.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
CANOTILHO, J.J. GOMES e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva,
2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2016.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 15 ed. São
Paulo: Método, 2016.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.

EXERCÍCIOS
1. No que se refere aos princípios fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988
(CF), julgue o próximo item.
A concessão de asilo político é um direito individual previsto no Art. 5.º da CF.
Certo ( ) Errado ( )
ERRADO
Trata-se de um princípio das relações internacionais, previsto no Art. 4º da
CF/88.
Questão fácil, mas é preciso prestar atenção nos detalhes.
Não é um direito fundamental, mas um princípio fundamental.

2. No que se refere aos princípios fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988


(CF), julgue o próximo item.
São objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
Certo ( ) Errado ( )
CERTO
Essa é para você decorar, não caia nessa besteira.
Alfartano não erra essa!
Anota aí!!
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA RFB
CONGA ERRA PRO
CONstruir uma sociedade livre, justa e solidária;
GArantir o desenvolvimento nacional;
ERRAdicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
PROmover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

3. No que se refere aos princípios fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988


(CF), julgue o próximo item.
Os princípios da dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa regem as relações do Brasil com as demais nações.
Certo ( ) Errado ( )
Errado
Essa questão quer nos confundir: Mistura o Art. 4º (Relações Internacionais)
com o 1º(Fundamentos).
Anota aí!
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
III- a dignidade da pessoa humana;
IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

4. Dentre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estão promover os


valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, construir uma sociedade livre, justa e
solidária, e garantir o desenvolvimento nacional.
Certo ( ) Errado ( )
Errado
Mais uma questão “decoreba” (deu para perceber que a maioria das questões
que envolvem os Princípios Fundamentais é a simples literalidade do artigo, em que
a banca tenta derrubar o candidato com o trocadilho de palavras, misturando as
espécies).
Art. 1º (CF) - A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e Distrito Federal, registrada no Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
IV - os valores sociais do trabalho e da iniciativa livre.
Logo, trata-se de um fundamento da RFB, e não de um objetivo.

5. Em relação à Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item.


Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil os valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa.
Certo ( ) Errado ( )
ERRADO
Mais uma questão “decoreba” (deu para perceber que a maioria das questões
que envolvem os Princípios Fundamentais é a simples literalidade do artigo, em que
a banca tenta derrubar o candidato com o trocadilho de palavras, misturando as
espécies).
Art. 1º (CF) - A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e Distrito Federal, registrada no Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
IV - os valores sociais do trabalho e da iniciativa livre.
Logo, trata-se de um fundamento da RFB, e não de um objetivo.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. Errado
2. Certo
3. Errado
4. Errado
5. Errado

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................ 2
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................ 2
CONCEITO .................................................................................................................................................. 2
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS................................................................................... 2
EFICÁCIA HORIZONTAL E VERTICAL ........................................................................................................... 3
Eficácia vertical .......................................................................................................................................... 4
Eficácia HORIZONTAL................................................................................................................................. 4
Exercícios ........................................................................................................................................................... 4
Gabarito ......................................................................................................................................................... 6

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS FUNDAMENTAIS
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
CONCEITO
Os direitos e as garantias fundamentais são institutos jurídicos que foram criados no
decorrer do desenvolvimento da humanidade e se constituem de normas protetivas que
formam um núcleo mínimo de prerrogativas inerentes à condição humana.
Possuem como objetivo principal a proteção do indivíduo diante do poder do Estado.
Mas não só do Estado. Os direitos e as garantias fundamentais também constituem normas de
proteção do indivíduo em relação aos outros indivíduos da sociedade.
O Título II da Constituição Federal, que estabelece o tema: Direitos e Garantias
Fundamentais, foi assim dividido (ART. 5° ao 17, CF):
Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Art. 5°.
Capítulo II – Dos Direitos Sociais – Art. 6o ao 11.
Capítulo III – Da Nacionalidade – Art. 12 e 13.
Capítulo IV – Dos Direitos Políticos – Art. 14 ao 16.
Capítulo V – Dos Partidos Políticos – Art. 17.
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Características:
H 123I RUA (CONCORRÊNCIA)
H – Historicidade – possuem caráter histórico, passando pelas diversas revoluções até os
dias de hoje.
I – Indisponível (irrenunciável) – não podem ser renunciados.
Obs.: podem renunciar temporariamente, desde que não ofenda a dignidade da pessoa
humana.
I – Imprescritível – Não se perde pela falta de uso.
I – Inalienável – não podem ser comercializados.
R – Relativo – estão no mesmo nível de hierarquia.
U – Universal – destinam-se a TODOS, sem qualquer tipo de discriminação.
 TODOS = pessoas físicas e jurídicas.
 Brasileiros e estrangeiros.
A – Aplicação imediata - Art. 5º, § 1º, CF - As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
Concorrência – podem ser exercidos cumulativamente.
Os direitos fundamentais dotam das seguintes características: VEDADO O
RETROCESSO.
a) HISTORICIDADE: possuem caráter histórico, passando por diversas revoluções e
movimentos sociais que batalhavam pela sua concretização, chegando aos dias atuais. Como
exemplo que pode ilustrar essa característica, temos a conquista do direito de voto pelas
mulheres e, mais recentemente, a liberação da marcha da maconha.
b) UNIVERSALIDADE: os direitos fundamentais se destinam, sem discriminação, a
todos os seres humanos, inclusive às pessoas jurídicas, como empresas, indústrias etc. A título
de exemplo, o artigo 5º da Constituição Federal observa o caráter universal dos direitos
fundamentais, mencionando, com efeito, que os direitos lá elencados estão garantidos a todos,
sejam brasileiros ou estrangeiros.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

c) RELATIVIDADE: os direitos fundamentais não são absolutos, havendo, muitas vezes,


no caso concreto, confronto, conflito de interesses, que, muitas vezes, deverá ser decidido pelo
Poder Público, principalmente, pelo Poder Judiciário, já que sua função típica é solucionar os
conflitos. Observe que a própria Constituição Federal, em diversos artigos, faz menção que os
direitos fundamentais lá estampados são relativos. Como exemplo, mencionamos o direito à
vida, que é excepcionado com a pena de morte, em casos de guerra declarada. Outro exemplo
é o direito de propriedade e a possibilidade de o Poder Público desapropriar.
d) IRRENUNCIABILIDADE: os direitos fundamentais, por serem inerentes à qualidade
da pessoa humana, não podem, em regra, ser renunciados. É dizer: o indivíduo não dispõe do
poder de renunciar, de afastar direitos fundamentais que lhe foram outorgados pela
Constituição. Entretanto, excepcionalmente, diante de um caso concreto, admite-se a renúncia
temporária a direito fundamental. Um bom exemplo de situação em que, diante de um caso
concreto, o indivíduo renuncia legitimamente a direito fundamental seu é o que ocorre nos
programas de televisão conhecidos como reality shows (caso do BIG BROTHER BRASIL, da
Rede Globo), nos quais o indivíduo renuncia temporariamente ao seu direito de
inviolabilidade da privacidade/intimidade, no intuito de participar da competição e
conquistar os prêmios oferecidos.
e) INALIENABILIDADE/INDISPONIBILIDADE: os direitos fundamentais não podem ser
dispostos, nem mesmo alienados por um valor econômico. Exemplo: a vedação da venda de
órgãos humanos.
f) IMPRESCRITIBILIDADE: os direitos fundamentais perduram por todo o tempo, não
se submetendo aos efeitos da prescrição temporal.
g) ENUMERAÇÃO NÃO EXAUSTIVA: a enumeração constitucional dos direitos
fundamentais não é limitativa, exaustiva (numerus clausus). O texto constitucional estabelece
um mínimo de direitos, mas permite que outros direitos fundamentais sejam estabelecidos
pelo legislador, desde que não contrariem princípios já estabelecidos pela Constituição
Federal. É o que nos esclarece o § 2º do Art. 5º da Constituição Federal, nos termos seguintes:
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte. Significa dizer que, além dos direitos fundamentais já previstos na
Constituição Federal, outras normas (emendas constitucionais e normas infraconstitucionais,
tais como leis, tratados internacionais etc.) poderão estabelecer novos direitos fundamentais,
desde que não contrariem o regime e os princípios adotados pela Constituição Federal. Nada
impede, por exemplo, que um tratado internacional ou a Constituição de um Estado-membro
criem novos direitos fundamentais para os brasileiros, desde que eles não contrariem o
regime e os princípios adotados pela Constituição Federal.
h) APLICAÇÃO IMEDIATA: determina a Constituição Federal que as normas definidoras
dos direitos E garantias fundamentais têm aplicação imediata (CF, Art. 5º, § 1º). Certamente
pretendeu o legislador constituinte outorgar a maior eficácia possível aos direitos
fundamentais, fazendo questão de deixar expressa determinação nesse sentido (relação entre
as normas).
EFICÁCIA HORIZONTAL E VERTICAL
Conforme estudamos, os direitos fundamentais, na sua origem, tinham por fim
estabelecer limites à atuação do Estado absoluto em favor da liberdade do indivíduo. Os
direitos fundamentais regulavam, portanto, uma relação entre o Estado e o indivíduo. E as
relações entre particulares, são alcançadas pelos direitos fundamentais? Ou será que no meio
privado, nas relações privadas, prevalece a autonomia da vontade das partes, não tendo
aplicação os direitos fundamentais? Os particulares, na celebração de negócios privados, estão
vinculados pelos direitos fundamentais, ou podem livremente afastá-los? No
constitucionalismo contemporâneo, o entendimento é de que os direitos fundamentais
obrigam também as relações entre particulares. Não podem os particulares, com amparo no
princípio da autonomia da vontade (que rege a celebração dos negócios privados), afastar
livremente os direitos fundamentais.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Anota aí!
EFICÁCIA VERTICAL
Relação entre Estado e pessoa (física ou jurídica):

ESTADO

PESSOA

EFICÁCIA HORIZONTAL
Relação entre Pessoas (física ou\e jurídica)

PESSOA PESSOA

 OBS: Caso na relação tenha um hipossuficiente, teremos uma relação diagonal.


Referências Bibliográficas
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado. 15
ed. Método, 2016.
CANOTILHO, J.J. Gomes e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. 2016. Salvador:
JusPodivm.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros,
2006.

EXERCÍCIOS
1. Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.
Os direitos constitucionais da pessoa presa incluem o direito à identificação dos
responsáveis pela prisão, o direito ao silêncio e o direito à assistência da família e de
advogado.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

GABARITO: CERTO
Trata-se de uma questão que traz um direito fundamental de primeira
geração.
Não exige muito do aluno, mas temos que ter cuidado, letra de lei também
derruba!
Então decora aí!
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou
por seu interrogatório policial.

2. Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.


É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra ilegalidade
praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que homologa o
resultado de licitação ou em atos de gestão comercial.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO
Preste muita atenção:
Os atos de gestão carecem da imperatividade comum aos atos
administrativos, já que se submetem ao regime de direito privado. Então, não
agem em condição de superioridade aos administrados.

3. Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item subsequente.


O direito à liberdade de imprensa abrange a garantia do sigilo da fonte.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO
INFORMATIVO Nº 907
A plena proteção constitucional da exteriorização da opinião não significa a
impossibilidade posterior de análise e de responsabilização por eventuais
informações mentirosas, injuriosas, difamantes.
A Constituição assegura o sigilo da fonte.
DESSA FORMA, ninguém poderá compelir um jornalista, por exemplo, a
denunciar a sua fonte.
Conforme o artigo 5º, XIV, da Constituição Federal, IN VERBIS:
Art. 5º (...)
XIV - e assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da
fonte, quando necessário ao exercício profissional.

4. A respeito das dimensões dos direitos fundamentais e de seus destinatários, julgue o


item a seguir.
As dimensões negativa e prestacional dos direitos sociais deixam de ser oponíveis às
relações entre particulares à medida que o Estado cumpre seu papel de provedor.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Resposta: ERRADO
PRESTE MUITA ATENÇÃO: LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE
(SOLIDARIEDADE)
Os direitos de 1ª dimensão (NEGATIVOS) - LIBERDADE.
Então, nessa dimensão o Estado não age (prestação negativa), ele deixa que
cada pessoa faça da sua liberdade o que bem entender (relativo), ele vai se abster.
Os direitos de 2ª dimensão (POSITIVOS-SOCIAIS) são prestacionais, de
modo que o Estado tem o dever de fazer (obrigação de fazer) e que também se
aplicam nas relações entre particulares (eficácia horizontal)
No constitucionalismo contemporâneo, o entendimento é de que os direitos
fundamentais obrigam também as relações entre particulares. Não podem os
particulares, com amparo no princípio da autonomia da vontade (que rege a
celebração dos negócios privados), afastar livremente os direitos fundamentais.

5. No que se refere aos direitos fundamentais, julgue o item subsecutivo.


Os direitos fundamentais são imprescritíveis, ou seja, não perdem efeito com o decurso
do tempo.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta Certa
A IMPRESCRITIBILIDADE é uma das características dos direitos fundamentais
(os direitos fundamentais perduram por todo o tempo, não se submetendo aos
efeitos da prescrição temporal).

GABARITO
1. CERTO
2. ERRADO
3. CERTO
4. ERRADO
5. CERTO

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................ 2
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................ 2
DIMENSÃO DE DIREITOS:........................................................................................................................... 2
Exercícios ........................................................................................................................................................... 5
Gabarito ......................................................................................................................................................... 7

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS FUNDAMENTAIS
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
DIMENSÃO DE DIREITOS:
 DIREITOS DE 1ª DIMENSÃO– Foram os primeiros direitos conquistados pela
humanidade. São direitos relacionados à liberdade, em todas as suas formas.
Nasceram das revoluções liberais ocorridas no final do século XVIII, com a
burguesia, que exigia a limitação do Poder do Estado, à época absolutista, e o
respeito às liberdades individuais. Possuem um caráter negativo diante do Estado,
tendo em vista ser utilizado como uma verdadeira limitação ao poder estatal, ou
seja, o Estado, diante dos direitos de primeira dimensão, fica impedido de agir ou
interferir na sociedade. São verdadeiros direitos de defesa com caráter individual.
Estão entre esses direitos as liberdades públicas, civis e políticas. São os ligados ao
valor LIBERDADE. São os direitos CIVIS E POLÍTICOS. NÃO FAZER DO ESTADO.
Documentos históricos que marcaram o surgimento desses direitos:
• Magna Carta de 1215 – João Sem-Terra;
• Paz de Westfália (1648);
• Habeas Corpus Act (1679);
• Bill of Rights (1688);
• Declaração Americana – 1776 (Revolução Americana);
• Declaração Francesa – 1789 (Revolução Francesa).
 DIREITOS DE 2ª DIMENSÃO– Diante das péssimas condições de trabalho
decorrentes da Revolução Industrial (século XIX), aliadas à Primeira Grande
Guerra Mundial, tivemos o surgimento dos direitos de segunda geração. Por isso,
são conhecidos como direitos de igualdade. Agora, para reduzir as diferenças
sociais, o Estado precisa interferir na sociedade. E esta interferência reflete a
conduta positiva adotada por meio de prestações sociais. São direitos de segunda
dimensão os DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS.
 Ligados ao valor IGUALDADE. Implicam um FAZER DO ESTADO – prestação em
favor dos menos favorecidos e dos setores economicamente mais fracos da
sociedade.
Documentos históricos que marcaram o surgimento desses direitos:
• Constituição Mexicana - 1917;
• Constituição de Weimar – 1919;
• Tratado de Versalhes – 1919 (criação da OIT);
• Constituição Brasileira – 1934.
 DIREITOS DE 3ª DIMENSÃO – Ligados ao valor FRATERNIDADE OU
SOLIDARIEDADE. Direitos da sociedade de massa, que atingem a todos. São
direitos difusos: indivisibilidade, ausência de individualização.
Alguns direitos de 3a geração:
• Direito ao meio ambiente;
• Direito à defesa do consumidor.
• Direito ao desenvolvimento ao progresso;
• Direito de comunicação;

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

• Direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade;


• Autodeterminação dos povos;
• Direito à Paz (Karel Vazak) para alguns doutrinadores, é direito de 5ª Geração –
divergência!).
 DIREITOS DE 4ª DIMENSÃO – De acordo com Paulo Bonavides, são direitos de 4a
geração:
• Patrimônio genético; biotecnologia (engenharia genética);
• Decorrentes da globalização dos direitos fundamentais: inerentes à democracia,
à informação, ao pluralismo político (globalização política).
 DIREITOS DE 5ª DIMENSÃO – Direito à paz, de acordo com Paulo Bonavides.
Alguns doutrinadores colocam ainda a evolução cibernética e de tecnologias, no
mundo virtual e da internet.
Os direitos fundamentais, em razão do caráter histórico que lhes é peculiar, foram
conquistados e, consequentemente, evoluídos ao longo do tempo, em virtude dos diversos
movimentos sociais e revolucionários.
Da sua origem até os dias de hoje, os direitos fundamentais passaram por uma
significativa evolução nos diferentes ordenamentos constitucionais. As constituições
modernas, a partir do século XX, passaram a reconhecer novos direitos como fundamentais
aos indivíduos, em face da evolução da própria ideia de constitucionalismo. Com essa
evolução, os direitos fundamentais deixaram de ter como proteção unicamente a liberdade do
indivíduo (feição negativa), passando a exigir, também, uma atuação positiva do Estado
(feição positiva). Em reconhecimento a essa evolução, a doutrina elaborou uma classificação
para os direitos fundamentais, a partir do critério cronológico, isto é, levando-se em conta o
momento em que tais direitos foram reconhecidos como fundamentais.
Num primeiro momento, certos direitos foram reconhecidos como fundamentais,
recebendo, por isso, a denominação de direitos fundamentais de primeira dimensão (ou
primeira geração); num segundo momento, novos direitos foram reconhecidos como
fundamentais, fazendo surgir, então, os direitos fundamentais de segunda dimensão (ou
segunda geração) - e assim sucessivamente. Assim, os direitos fundamentais podem ser
classificados em quatro dimensões, isto é, direitos fundamentais de primeira, segunda,
terceira e quarta dimensões. Então, vejamos as gerações/dimensões dos direitos
fundamentais:
A) DIREITOS FUNDAMENTAIS DE PRIMEIRA GERAÇÃO: Os direitos fundamentais de
primeira dimensão foram os primeiros reconhecidos pelos ordenamentos constitucionais e
marcaram a passagem de um Estado autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto,
o respeito às liberdades individuais, em uma verdadeira perspectiva de abstenção estatal. O
reconhecimento desses direitos surgiu, com maior evidência, a partir das primeiras
constituições escritas. Os mencionados direitos dizem respeito às liberdades públicas, aos
direitos políticos, traduzindo um valor de LIBERDADE. Em síntese, possuem as seguintes
características: a) surgiram nos finais do século XVIII e dominaram todo o século XIX; b)
surgiram no Estado Liberal, em oposição ao Estado Absoluto; c) estão ligados ao ideal de
liberdade; d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado em favor da esfera
de liberdade do indivíduo; e) correspondem aos direitos civis e políticos (direito de
locomoção, direito de manifestação, direito de propriedade etc.).
B) DIREITOS FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO: Num segundo momento, os
ordenamentos constitucionais começaram a expressar a preocupação com os desamparados,
com a necessidade de se assegurar o mínimo de igualdade entre os homens, fazendo nascer a
segunda dimensão de direitos fundamentais, que têm as seguintes características: a) surgiram
no início do século XX (note-se que durante todo o século XIX tivemos, apenas, os direitos

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

fundamentais de primeira dimensão); b) surgiram no Estado social, em oposição ao Estado


liberal; c) estão ligados ao ideal de igualdade; d) são direitos positivos, que passaram a exigir
uma atuação positiva do Estado, no sentido de assegurar o mínimo de igualdade entre os
homens (importantíssimo este aspecto: os direitos fundamentais passaram a ter uma feição
positiva a partir da segunda dimensão); e) correspondem aos direitos sociais, culturais e
econômicos (direito a condições mínimas de trabalho, à previdência e assistência social, à
habitação, ao lazer, a um salário que assegure o mínimo de dignidade ao homem, à
sindicalização e à greve dos trabalhadores etc.). Mas atenção: os direitos fundamentais de
segunda dimensão são, de fato, direitos tipicamente de caráter positivo, isto é, exigem uma
atuação positiva do Estado, em favor dos desamparados. Entretanto, não se pode afirmar que
todos os direitos de segunda dimensão são de índole positiva, pois temos alguns direitos
sociais que são de natureza negativa, como o direito de sindicalização e de greve dos
trabalhadores (CF, artigos 8º e 9º, respectivamente). Como se observa, os direitos
conquistados com a 2ª geração correspondem aos direitos de IGUALDADE.
C) DIREITOS FUNDAMENTAIS DE 3ª GERAÇÃO: Num terceiro momento, foi
despertada a preocupação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados
“interesses difusos” (pertencentes a um grupo indeterminado de pessoas), nascendo, então, os
direitos fundamentais de terceira dimensão, que têm as seguintes características: a) surgiram
no século XX; b) estão ligados ao ideal de fraternidade, de solidariedade que deve nortear o
convívio dos diferentes povos em defesa dos bens da coletividade (aspecto importantíssimo
este: na terceira dimensão, a preocupação deixa de ser com os bens jurídicos da pessoa
humana individualmente considerada, e passa a ser com os bens coletivos, com os interesses
difusos); são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes povos uma firme atuação
no tocante à preservação dos bens de interesse coletivo; d) correspondem ao direito de
preservação do meio ambiente, da paz e do progresso da humanidade, do patrimônio
histórico e cultural etc. Como se observa, os direitos conquistas com a 3ª geração
correspondem aos valores decorrentes à FRATERNIDADE.
Obs.: alguns renomados Juristas sustentam a existência da 4ª e 5ª dimensão dos direitos
fundamentais. Dentre eles, destacamos Paulo Bonavides e Ingo Sarlet. Segundo a orientação
desses autores, na 4ª dimensão dos direitos fundamentais, destaca-se a proteção da evolução
científica, principalmente na proteção da engenharia genética, por colocar em risco a própria
existência humana, por meio da manipulação do patrimônio genético. Já na 5ª dimensão,
destaca-se o direito à paz.
A doutrina atual prefere utilizar a expressão “dimensões dos direitos fundamentais”, no
sentido de que uma “nova dimensão” não abandonaria as conquistas da “dimensão” anterior.
Sobre esse aspecto, um ótimo exemplo é o direito de propriedade, senão vejamos:
EXEMPLO: (a) o direito de propriedade é típico direito fundamental de primeira
dimensão, reconhecido como tal no Estado liberal, de índole eminentemente individualista,
privatística; logo, no seu surgimento o direito de propriedade tinha uma feição estritamente
privada, sem nenhuma consideração ou preocupação de ordem social; (b) com o surgimento
dos direitos fundamentais de segunda dimensão, no Estado social, o direito de propriedade
perdeu a sua feição estritamente privada e ganhou contornos sociais, vale dizer, a
propriedade passou a ser considerada legítima apenas quando cumprida a sua função social
(a nossa Constituição Federal de 1988 é exemplo disso, visto que estabelece que a
propriedade deverá atender a sua função social e, no caso do não atendimento dessa função
social, autoriza a desapropriação – Art. 5º, incisos XXIII e XXIV); (c) com o surgimento dos
direitos fundamentais de terceira dimensão, a propriedade, além de cumprir com sua função
social, deverá levar em conta a preservação do meio ambiente, vale dizer, o titular da
propriedade terá que respeitar as leis de proteção ambiental. Anote-se que a cada nova
geração o direito de propriedade foi passando por uma mudança qualitativa, alterando o
alcance do seu conteúdo.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

Referências Bibliográficas
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado – 15
ed. Método, 2016.
CANOTILHO, J.J. Gomes e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. 2016. Salvador:
JusPodivm.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros,
2006.

EXERCÍCIOS
1. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item.
Os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações
positivas proporcionadas pelo Estado, direta ou indiretamente, enunciadas em normas
constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que
tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA – CERTA
Os direitos fundamentais de segunda dimensão são, de fato, direitos
tipicamente de caráter positivo, isto é, exigem uma atuação positiva do Estado, em
favor dos desamparados. Entretanto, não se pode afirmar que todos os direitos de
segunda dimensão são de índole positiva, pois temos alguns direitos sociais que são
de natureza negativa, como o direito de sindicalização e de greve dos trabalhadores
(CF, artigos 8º e 9º, respectivamente). Como se observa, os direitos conquistados
com a 2ª geração correspondem aos direitos de IGUALDADE.

2. Julgue o item seguinte a respeito dos direitos e das garantias individuais na


Constituição Federal de 1988 (CF). Os direitos fundamentais de terceira geração
guardam relação com os chamados direitos difusos, de que são exemplo um meio
ambiente saudável e a paz.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
Na terceira dimensão, a preocupação deixa de ser com os bens jurídicos da
pessoa humana individualmente considerada, e passa a ser com os bens coletivos,
com os interesses difusos.
São direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes povos uma firme
atuação no tocante à preservação dos bens de interesse coletivo.
Correspondem ao direito de preservação do meio ambiente, da paz e do
progresso da humanidade, do patrimônio histórico e cultural etc.
Como se observa, os direitos conquistados com a 3ª geração correspondem
aos valores decorrentes da FRATERNIDADE.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

3. Com relação aos direitos humanos previstos na Constituição Federal de 1988 (CF),
julgue o item que se segue. Na CF, a classificação dos direitos e garantias fundamentais
restringe-se a três categorias: os direitos individuais e coletivos, os direitos de
nacionalidade e os direitos políticos.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
Os direitos e as garantias fundamentais são institutos jurídicos que foram
criados no decorrer do desenvolvimento da humanidade e se constituem de normas
protetivas que formam um núcleo mínimo de prerrogativas inerentes à condição
humana.
Possuem como objetivo principal a proteção do indivíduo diante do poder do
Estado. Mas não só do Estado. Os direitos e as garantias fundamentais também
constituem normas de proteção do indivíduo em relação aos outros indivíduos da
sociedade.
O Título II da Constituição Federal, que estabelece o tema: Direitos e
Garantias Fundamentais, foi assim dividido (ART. 5° a 17, CF):
Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Art. 5°.
Capítulo II – Dos Direitos Sociais – Art. 6o a 11.
Capítulo III – Da Nacionalidade – Art. 12 e 13.
Capítulo IV – Dos Direitos Políticos – Art. 14 a 16.
Capítulo V – Dos Partidos Políticos – Art. 17.
ROL MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO

4. Julgue o item seguinte, com relação aos direitos sociais e políticos. As ações afirmativas
do Estado na área da educação visam garantir o direito social do cidadão, direito
fundamental de segunda geração, e assegurar a isonomia material.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA- CERTA
São direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação positiva do Estado,
no sentido de assegurar o mínimo de (ISONOMIA MATERIAL) entre os homens
(importantíssimo este aspecto: os direitos fundamentais passaram a ter uma feição
positiva a partir da segunda dimensão).
Correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos (direito a condições
mínimas de trabalho, à previdência e assistência social, à habitação, ao lazer, a um
salário que assegure o mínimo de dignidade, à sindicalização e à greve dos
trabalhadores etc.).

5. Julgue o item a seguir, relativo aos direitos e às garantias fundamentais. Os direitos de


primeira dimensão, ou direitos de liberdades, têm por titular o indivíduo, são oponíveis
ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa, ostentando a
subjetividade como traço característico, e são considerados direitos de resistência ou
de oposição perante o Estado.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
Os direitos de primeira dimensão estão ligados ao ideal de liberdade. São
direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado em favor da esfera de
liberdade do indivíduo e correspondem aos direitos civis e políticos (direito de
locomoção, direito de manifestação, direito de propriedade etc.).

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. CERTA
2. CERTA
3. ERRADA
4. CERTA
5. CERTA

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................ 2
APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS - EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................. 2
EFICÁCIA VERTICAL/HORIZONTAL e DIAGONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS......................................... 3
Eficácia vertical .......................................................................................................................................... 4
Eficácia HORIZONTAL................................................................................................................................. 4
DIMENSÃO OBJETIVA E SUBJETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................ 4
Exercícios ........................................................................................................................................................... 5
Gabarito ......................................................................................................................................................... 6

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS - EFICÁCIA
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Antes de analisarmos a eficácia dos direitos fundamentais, temos que analisar a eficácia
e a aplicabilidade das normas constitucionais como um todo.
Falar em aplicabilidade das normas constitucionais é falar na eficácia delas; para que
uma norma constitucional seja aplicada, é indispensável que ela possua eficácia, ou seja, que
ela tenha a capacidade de produzir efeitos.
Podemos afirmar que todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica, ou
aplicabilidade jurídica, de forma imediata, direta e vinculante.
A eficácia jurídica também opera um efeito negativo que é a capacidade que todas as
normas constitucionais possuem de revogar as normas do sistema jurídico que com ela
colidam, que forem contrárias, além de impedir o ingresso no ordenamento de normas
incompatíveis com seus preceitos, ou seja, se uma lei ou ato forem contrários a uma norma
constitucional, eles serão inconstitucionais, não podendo ser aplicados. Servem desse modo
como parâmetro de controle de constitucionalidade.
Por outro lado, quando uma norma constitucional é capaz por si só de produzir efeitos
concretos, reais, fáticos, nós dizemos que essa norma tem eficácia social, ou seja, produz
efeitos positivos na realidade social.
Todas as normas constitucionais possuem eficácia jurídica, mas nem todas têm eficácia
social. Logo, é possível afirmar que todas as normas constitucionais possuem algum tipo de
eficácia. O problema surge quando uma delas não pode ser aplicada na prática, pois depende
de outras normas, ou seja, não possui eficácia social.
Para explicar esse fenômeno, foram desenvolvidas várias classificações acerca do grau
de eficácia de uma norma constitucional. A classificação mais adotada pela doutrina e mais
cobrada em prova é a defendida pelo professor José Afonso da Silva, que classifica as normas
constitucionais quanto à sua eficácia social em:
 Normas de Eficácia Plena;
 Normas de Eficácia Contida;
 Normas de Eficácia Limitada.
1 - Norma Constitucional de Eficácia Plena: É a norma constitucional de efeito
imediato e ilimitado, independentemente de qualquer norma infraconstitucional
regulamentadora posterior ou de qualquer outro ato do poder público. Trata-se de uma
norma constitucional autoaplicável. São exemplos o Art. 1º e parágrafo único; Art. 4º, incisos;
Art. 5º, inciso I.
2 - Norma Constitucional de Eficácia Contida, Restringível ou Redutível: É
autoaplicável imediata e diretamente da forma como está no texto constitucional, pois contém
todos os elementos necessários a sua formação. Permite, entretanto, restrição por lei
infraconstitucional, emenda constitucional ou outro ato do poder público. É exemplo o Art. 5º,
incisos VIII, XI, XII, XIII, XIV, XVI, XXIV, LX, LXI, LXVII.
3 - Norma Constitucional de Eficácia Limitada: É aquela não regulada de modo
completo na Constituição, por isso depende de norma regulamentadora elaborada pelo Poder
Legislativo, Poder Executivo ou Poder Judiciário, ou de qualquer outro ato do poder público.
Não é correto dizer que tais normas não têm eficácia, apenas a eficácia é mínima, já que seu
alcance total depende de ato legislativo ou administrativo posterior. São eficazes, pelo menos,
em criar para o legislador o dever de legislar ou ao administrador o dever de agir. São
exemplos os arts. 4º, parágrafo único; 7º, incisos IV e V.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

A aplicabilidade da norma constitucional de eficácia jurídica plena é imediata. No caso


da norma limitada, a aplicabilidade total é mediata. O constituinte, prevendo que o legislador
poderia não criar lei para regulamentar a norma constitucional de eficácia limitada, criou
mecanismos de defesa dessa norma: A) mandado de injunção; B) ação direta de
inconstitucionalidade por omissão.
Conforme já foi dito, somente após a edição da lei, a norma constitucional produzirá
todos os efeitos que se esperam dela. Assim, a norma de eficácia limitada, antes da edição da
lei integradora, não produz todos os efeitos, mas já produz efeitos importantes. Além de
revogar as normas incompatíveis (efeito negativo, paralisante das normas contrárias antes
vigentes), produz também o efeito impeditivo, ou seja, impede a edição de leis posteriores
contrárias às diretrizes por ela estabelecidas.
A norma constitucional de eficácia limitada divide-se em:
NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA JURÍDICA LIMITADA DE PRINCÍPIO
PROGRAMÁTICO: todas as normas programáticas são de eficácia limitada. São normas de
organização que estabelecem um programa constitucional definido pelo legislador. Essas
normas são comuns em Constituições dirigentes. Exemplos: artigo 196 e artigo 215 da
Constituição Federal.
NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA JURÍDICA LIMITADA DE PRINCÍPIO
INSTITUTIVO: aquelas pelas quais o legislador constituinte traça esquemas gerais de
estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou institutos, para que o legislador ordinário
os estruture em definitivo, mediante lei. Exemplo: artigo 98 da Constituição Federal.
Por fim, as normas constitucionais podem ser de eficácia exaurida (esvaída) e
aplicabilidade esgotada, conforme leciona Uadi Lammêgo Bulos, classificação que abrange,
sobretudo, as normas do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias que já efetivaram
seus mandamentos.
CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ:
 Normas com eficácia absoluta: são as cláusulas pétreas.
 Normas com eficácia plena: o mesmo sentido da classificação de JAS.
 Normas com eficácia relativa restringível: o mesmo sentido das normas de eficácia
contida.
 Normas com eficácia relativa complementável ou dependentes de
complementação: são equivalentes às normas de eficácia limitada (José Afonso da
Silva).
Normas de eficácia exaurida ou aplicabilidade esgotada: quando os efeitos da norma já
se esgotaram, por exemplo, alguns dispositivos do ADCT.

EFICÁCIA VERTICAL/HORIZONTAL E DIAGONAL DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS
Quanto à eficácia, ainda podemos falar em EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL dos
direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais surgiram inicialmente para proteger o cidadão do arbítrio do Estado, de
modo que os direitos fundamentais produziam efeitos apenas para o indivíduo em face do Estado.
Essa relação de aplicação dos direitos fundamentais entre o Estado e os indivíduos ficou conhecida
como eficácia ou amplitude vertical dos direitos fundamentais.
Contudo, atualmente, os direitos fundamentais podem ser igualmente exercidos nas relações entre
particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Essa relação de aplicação dos
direitos fundamentais entre particulares ficou conhecida como eficácia ou amplitude horizontal ou
efeito externo dos direitos fundamentais.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Temos ainda a eficácia diagonal que trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os
particulares nas hipóteses em que se configuram desigualdades fáticas (ex.: relações de trabalho).

EFICÁCIA VERTICAL
Relação entre Estado e pessoa (física ou jurídica)

ESTADO

PESSOA

EFICÁCIA HORIZONTAL
Relação entre Pessoas (física ou\e jurídica)

PESSOA PESSOA

 OBS: Caso na relação tenha um hipossuficiente, teremos uma relação diagonal.

DIMENSÃO OBJETIVA E SUBJETIVA DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS
Os direitos fundamentais podem ser vislumbrados a partir de duas dimensões,
perspectivas: uma subjetiva e uma objetiva.
Sob a perspectiva subjetiva, os direitos fundamentais, sejam eles negativos ou positivos,
são vistos como direitos exigíveis pelo indivíduo em face do Estado, do Poder Público.
Na perspectiva objetiva, os direitos fundamentais são compreendidos como diretrizes para a
atuação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, orientando suas atividades principais
e, ainda, para as relações entre particulares. Essa dimensão é também denominada de eficácia
irradiante dos direitos fundamentais.
Referências Bibliográficas
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado. 15.
ed. Método, 2016.
CANOTILHO, J.J. Gomes e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. 2016. Salvador:
JusPodivm.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros,
2006.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

EXERCÍCIOS
1. As normas constitucionais de eficácia contida possuem aplicabilidade imediata e plena,
e não são suscetíveis de restrição por lei infraconstitucional.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
Norma Constitucional de Eficácia Contida, Restringível ou Redutível: É
autoaplicável imediata e diretamente da forma como está no texto constitucional,
pois contém todos os elementos necessários a sua formação. Permite, entretanto,
restrição por lei infraconstitucional, emenda constitucional ou outro ato do poder
público.

2. No que se refere à Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o próximo item.


As normas constitucionais de eficácia limitada têm a eficácia imediata de revogar as
regras preexistentes que lhes sejam contrárias.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
Na norma de eficácia limitada, a aplicabilidade total é mediata.
Somente após a edição da lei, a norma constitucional produzirá todos os
efeitos que se esperam dela. Assim, a norma de eficácia limitada, antes da edição
da lei integradora, não produz todos os efeitos, mas já produz efeitos
importantes. Além de revogar as normas incompatíveis (efeito negativo,
paralisante das normas contrárias antes vigentes), produz também o efeito
impeditivo, ou seja, impede a edição de leis posteriores contrárias às diretrizes por
ela estabelecidas.

3. Quanto às normas programáticas, julgue o item que se segue.


É característica da norma programática não regular diretamente direitos ou garantias,
mas, sim, enunciar preceitos a serem perseguidos pelo Poder Público em prol de fins
socialmente desejáveis.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
Todas as normas programáticas são de eficácia limitada. São normas de
organização que estabelecem um programa constitucional definido pelo legislador.
Essas normas são comuns em Constituições dirigentes. Exemplos: artigo 196 e
artigo 215 da Constituição Federal.

4. Quanto às normas programáticas, julgue o item que se segue.


As normas programáticas, embora abertas e dotadas de alto grau de abstração, ostentam
eficácia plena, já desencadeando plenos efeitos antes e independentemente de
regulamentação.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA - ERRADA
Todas as normas programáticas são de eficácia limitada. São normas de
organização que estabelecem um programa constitucional definido pelo legislador.
Essas normas são comuns em Constituições dirigentes. Exemplos: artigo 196 e
artigo 215 da Constituição Federal.

5. A respeito dos direitos fundamentais e do controle de constitucionalidade, julgue o item


que se segue.
Em relação aos estrangeiros, a norma constitucional que garante o acesso a cargos,
empregos e funções públicas é de eficácia contida.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
Norma Constitucional de Eficácia Limitada: É aquela não regulada de
modo completo na Constituição, por isso depende de norma regulamentadora
elaborada pelo Poder Legislativo, Poder Executivo ou Poder Judiciário, ou de
qualquer outro ato do poder público.
Conforme o Art. 37, os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei (limitada).
Como se pode observar, essa norma depende de regulamentação para poder
ser exercida.
Obs.: a norma de eficácia contida poderá ser restringida (restringe, reduz o
exercício), enquanto a limitada permite o exercício (uso) do direito.

GABARITO
1. Errado
2. Certo
3. Certo
4. Errado
5. Errado

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS .......................................................................................... 2
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 2
DIREITO À VIDA .......................................................................................................................................... 2
DIREITO À IGUALDADE OU ISONOMIA ...................................................................................................... 3
IGUALDADE FORMAL X IGUALDADE MATERIAL ........................................................................................ 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS


INTRODUÇÃO
A Constituição Federal, ao disciplinar os direitos individuais, apresenta-os basicamente
no artigo 5°. Logo no caput deste artigo, já aparece uma classificação didática dos direitos ali
previstos:
Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (…)

Para estudarmos os direitos individuais, utilizaremos os cinco grupos de direitos


previstos no caput do artigo 5°:
 direito à vida;

 direito à igualdade;
 direito à liberdade;
 direito à propriedade;
 direito à segurança.
Percebe-se que os 78 incisos do artigo 5°, de certa forma, surgem de um desses direitos
que costumo chamar de “direitos raízes”. Utilizando esta divisão que parece didática, vamos
trabalhar os incisos mais importantes deste artigo de forma a prepará-lo para a prova.
Logicamente, não conseguiremos abordar todos os incisos, o que não tira a sua
responsabilidade de lê-los, ainda que não trabalhados em nossa aula.

Direitos raízes

SEGURANÇA
VIDA IGUALDADE LIBERDADE PROPRIEDADE
JURÍDICA

DIREITO À VIDA
O direito à vida, previsto de uma forma genérica no Art. 5° assegura tanto o direito de
não ser morto, direito de continuar vivo (acepção negativa), quanto o direito a ter uma vida
digna (acepção positiva).

Em decorrência de seu primeiro desdobramento, encontramos a proibição da pena de morte,


salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, inciso XIX da CF. O segundo
desdobramento, ou seja, o direito a uma vida digna, garantindo-se as necessidades vitais básicas do
ser humano e proibindo qualquer tratamento indigno, como a prática de tortura, penas de caráter
perpétuo, trabalhos forçados, cruéis etc.
  STF E O DIREITO À VIDA:

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

STF – DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO – FETO ANENCÉFALO: Um dos grandes temas


que foi julgado recentemente pelo STF, em decorrência da ADPF 54, é a possibilidade
antecipação do parto quando clinicamente comprovado que o feto é anencéfalo, não
constituindo, portanto, em crime de aborto.
STF – CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANÇA - PESQUISAS COM
CÉLULAS-TRONCO: conforme o julgamento da AD 3.510 em que se questionava a
constitucionalidade do artigo 5º da Lei 11.105/05 (Lei de Biossegurança), o STF decidiu pela
possibilidade de pesquisas com células-tronco embrionárias.
Apesar de ser um direito essencial ao exercício dos demais direitos, não se pode afirmar
que o direito à vida seja hierarquicamente superior aos demais direitos fundamentais.
A CF protege a vida de forma geral, não só a extrauterina como a intrauterina. Porém,
assim como os demais direitos, o direito à vida não é absoluto.
A CF e outras leis infraconstitucionais estabelecem relativização a esse direito
fundamental, vejamos:
 Pena de morte: a CF prevê uma hipótese de pena de morte no Brasil no caso de
guerra declarada, nos termos da alínea a do inciso XLVII do artigo 5° da CF.
Ademais, entende a doutrina que não poderia ser inserida uma nova hipótese de
pena de morte – cláusula pétrea:

XLVII - não haverá penas:
 a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,


nos termos do art. 84, XIX;

 Aborto: o aborto é proibido no Brasil, em respeito ao direito à vida, contudo a lei


permite a prática em alguns casos específicos, a saber: (i) necessário ou
terapêutico; (ii) sentimental ou humanitário.
DIREITO À IGUALDADE OU ISONOMIA
O direito ou princípio da igualdade encontra-se previsto de forma genérica no caput do
Art. 5° da CF, mas desse princípio decorrem diversas previsões constitucionais relacionadas à
igualdade, como, por exemplo: inciso I, XLII, do Art. 5°, Art. 7o, XXX, dentre diversos outros que
estabelecem um tratamento igualitário. Vejamos:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério
de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

IGUALDADE FORMAL X IGUALDADE MATERIAL


A doutrina classifica o princípio da igualdade em duas modalidades:
 ˃ IGUALDADE FORMAL:
A igualdade formal, nascida no liberalismo clássico, juntamente com os direitos de
primeira geração, traduz-se no termo todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

natureza. É uma igualdade jurídica, que não se preocupa com a realidade, mas apenas atenta
que o Estado ou as pessoas estabeleçam tratamento diferenciado de forma arbitrária.
 ˃ IGUALDADE MATERIAL:
Contudo, o princípio da igualdade não impede que se estabeleça tratamento
diferenciado entre pessoas diferentes, quando há razoabilidade para essa discriminação, a fim
de estabelecer o que se chama de igualdade material, substancial ou efetiva. É a igualdade que
se preocupa com a realidade, com origens no modelo de Estado Social. Traduz-se na seguinte
expressão:
Tratar os iguais de forma igual, os desiguais de forma desigual, na
medida das suas desigualdades.
Esse tipo de igualdade confere um tratamento com justiça social para aqueles que não a
possuem.
Convém observar que a igualdade formal é a regra utilizada pelo Estado para conferir
um tratamento isonômico entre as pessoas. Contudo, por diversas vezes, um tratamento
igualitário não consegue atender a todas as necessidades práticas. Faz-se necessária a
utilização da igualdade em seu aspecto material para que se consiga produzir um verdadeiro
tratamento isonômico.
Dessa forma, podemos afirmar que o Estado pode dar tratamento diferenciado aos
indivíduos, seja por meio da lei, seja mediante políticas públicas, com a finalidade de atenuar
diferenças sociais.
Como formas de concretização da igualdade material, foram desenvolvidas políticas
públicas de compensação dirigidas às minorias sociais ou camadas menos favorecidas, por
intermédio das chamadas AÇÕES AFIRMATIVAS OU DISCRIMINAÇÕES POSITIVAS. São
verdadeiras ações de cunho social que visam compensar possíveis perdas que determinados
grupos sociais tiveram ao longo da história de suas vidas.
Podemos destacar como Ações afirmativas:
 Lei Maria da Penha: Lei 11.340/2006 que estabelece uma proteção especial à
mulher, no sentido de coibir a violência doméstica e familiar e é exemplo de
tratamento discriminatório constitucional entre homens e mulheres.
 Foro de residência da mulher: o Art. 100 do CPC/1973 estabelecia foro especial
para a mulher nas ações de separação judicial e de conversão da separação judicial
em divórcio. De acordo com o STF, essa disposição não ofende o princípio da
isonomia entre homens e mulheres ou da igualdade entre os cônjuges. [RE
227.114, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 14-12-2011, 2ª T, DJE de 22-11-2012.]
Importante!
O princípio da igualdade (ou isonomia), base de um Estado democrático de Direito, está
previsto em diversos dispositivos constitucionais, determinando a necessidade de tratamento
igualitário nas mais diferentes situações (Art. 3º, I, III e IV; Art. 4º, VIII; Art. 5º, caput, I, XLI e
XLII; Art. 7º, XX, XXX, XXXI, XXXII, XXXIII e XXXIV; Art. 12, §2, §3; art 14, caput; Art. 19, III; Art.
23, II e X; Art. 24, XIV; Art. 37, I e VIII; Art. 43, caput; Art. 150, II; Art. 203, IV e V; Art. 206, I;
Art. 208, III; Art. 226, §5; Art. 231, §2 etc.).
Em outras, é o próprio constituinte que estabelece as desigualdades, por exemplo, em
relação à igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações, nos termos da
Constituição, destacando-se as seguintes diferenciações: Art. 5º, L (condições às presidiárias
para que possam amamentar e permanecer com os seus filos durante o período de
amamentação); Art. 7, XVIII e XIX (licença maternidade e licença paternidade); Art. 143, §1º e
§2º (serviço militar obrigatório); Arts. 201, §7º, I e II; Art. 201, §8º; Art. 40 (regras de
aposentadoria).

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

O princípio da igualdade obriga o legislador (no momento da edição da lei), o aplicador


do direito (no momento da aplicação da lei aos casos concretos) e também o particular (na
celebração de negócios privados). Na repetição do princípio da isonomia, preocupou-se o
legislador não só com a igualdade meramente formal (perante a lei), mas também com a
igualdade material, prescrevendo vedações materiais em razão de critérios inadmissíveis
pelo Direito, como é bom exemplo o disposto no Art. 7º, XXX a XXXIII (aqui, nesses
dispositivos, não se está assegurando, apenas, a igualdade perante a lei – formal -, mas sim
vedando práticas materiais atentatórias da igualdade, em razão de critérios tais como raça,
cor, idade, sexo etc.).
Porém, é importante lembrar que o princípio da igualdade “não é cego”, vale dizer, não
tem por fim estabelecer um tratamento igualitário entre os indivíduos sem se atentar para as
desigualdades existentes entre esses.
É por essa razão que é sempre lembrada a máxima: alcança-se a verdadeira igualdade
conferindo tratamento igualitário aos iguais e tratamento desigual para os desiguais. Assim, o
princípio da igualdade não veda tratamento diferenciado entre pessoas que guardem
distinções de raça, de idade, de sexo, de condição econômica etc., desde que haja justificativas
razoáveis para o estabelecimento da distinção (note-se, aqui, a aplicação do princípio da
razoabilidade, como limite à imposição de restrições ao princípio constitucional da igualdade;
enfim, o princípio constitucional da igualdade pode sofrer restrições no tocante à cor, à raça, à
idade etc., desde que tais restrições sejam razoáveis, isto é, desde que sejam necessárias,
adequadas e na medida certa). Por exemplo: em concursos públicos são admitidas restrições
impostas por lei, que venham estabelecer tratamento diferenciado entre os candidatos, desde
que as atribuições do cargo justifiquem a discriminação (estabelecimento de idade máxima
para o ingresso no cargo de agente de polícia; abertura de concurso público somente para as
mulheres, para o cargo de agente penitenciário numa prisão feminina etc.).
É importante destacar que essas restrições devem ser estabelecidas em lei, e não
somente no edital do concurso, pois editais de concurso e atos administrativos em geral
(decretos, portarias etc.) não dispõem de competência para impor restrições a direito previsto
na Constituição.
Outro relevante entendimento do STF: o princípio da isonomia não autoriza a extensão
de vantagem pelo Poder Judiciário à categoria não contemplada pelo legislador. Assim, se a lei
concede vantagem à categoria “A” de servidores públicos e não a concede à categoria “B”, não
pode o Poder Judiciário estender tal vantagem aos servidores da categoria “B”, ainda que eles
estejam sob condição de isonomia em relação aos servidores da categoria “A”.
Segundo o STF, a determinação dessa medida pelo Poder Judiciário implicaria ofensa ao
princípio da separação dos Poderes, que impede o Poder Judiciário de legislar positivamente,
criando benefício não pretendido pelo legislador. Observe que, a partir dessa orientação do
STF, no tocante à vantagem, o princípio da isonomia passou a ter, no Brasil, feição meramente
negativa, isto é, pode-se conseguir, com fundamento na isonomia, suprimir vantagem de
outrem (feição negativa), mas nunca estendê-la a terceiro (feição positiva).
Por fim, outra questão bastante atual está relacionada às ações afirmativas adotadas
pelo Poder Público, em estabelecer medidas legais de compensação para grupos
reconhecidamente marginalizados pela história. A título de exemplo, mencionamos as
políticas de cotas adotadas nas universidades, reservando um determinado número de vagas
para oriundos de determinada raça.
• STF E O PRINCÍPIO DA IGUALDADE:
 STF - CONSTITUCIONALIDADE DAS POLÍTICAS DE COTAS – UNB: O Plenário do
Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucional a política de cotas
étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Por
unanimidade, os ministros julgaram improcedente a Arguição de Descumprimento

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

de Preceito Fundamental (ADPF) 186, ajuizada na Corte pelo Partido Democratas


(DEM). o relator afirmou que as políticas de ação afirmativa adotadas pela UnB
estabelecem um ambiente acadêmico plural e diversificado, e têm o objetivo de
superar distorções sociais historicamente consolidadas. Além disso, segundo ele,
os meios empregados e os fins perseguidos pela UnB são marcados pela
proporcionalidade, razoabilidade e as políticas são transitórias, com a revisão
periódica de seus resultados. No caso da Universidade de Brasília, a reserva de 20%
de suas vagas para estudantes negros e ‘de um pequeno número delas’ para índios de
todos os Estados brasileiros pelo prazo de 10 anos constitui, a meu ver, providência
adequada e proporcional ao atingimento dos mencionados desideratos. A política de
ação afirmativa adotada pela Universidade de Brasília não se mostra
desproporcional ou irrazoável, afigurando-se também sob esse ângulo compatível
com os valores e princípios da Constituição, afirmou o ministro Lewandowski.
 STF – REMUNERAÇÃO INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO: não viola a Constituição o
estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças
prestadoras de serviço militar inicial. (Súmula Vinculante 6.)
 STF – LIMITE DE IDADE PARA INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO: O limite de
idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da
Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a
ser preenchido. (Súmula 683.)
BRASIL. Constituição Federal.
CANOTILHO, J.J. GOMES e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo:
Saraiva, 2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. Salvador: JusPodivm,
2016.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 15
ed. São Paulo: Método, 2016.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.

EXERCÍCIOS
1. A respeito de direitos e garantias fundamentais, julgue o item.
Como efeito da consagração do direito à vida pela Constituição Federal, o Estado tem o
dever de assegurar o direito das pessoas de continuarem vivas e o direito a uma vida digna.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA CERTA
O direito à vida, previsto de uma forma genérica no Art. 5°, assegura tanto o
direito de não ser morto, direito de continuar vivo (acepção negativa), quanto o
direito a ter uma vida digna (acepção positiva).

Em decorrência de seu primeiro desdobramento, encontramos a proibição da


pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, inciso

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

XIX da CF. O segundo desdobramento, ou seja, o direito a uma vida digna,


garantindo-se as necessidades vitais básicas do ser humano e proibindo qualquer
tratamento indigno, como a prática de tortura, penas de caráter perpétuo,
trabalhos forçados, cruéis etc.

2. Julgue o item seguinte a respeito do princípio da igualdade na Constituição Federal de


1988 (CF).
A vedação de tratamento discriminatório entre homens e mulheres evidencia a
dimensão formal do princípio da isonomia, enquanto as distinções constitucionalmente
asseguradas, como o prazo da licença-maternidade, conservam a isonomia em seu
aspecto material.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA CERTA
É importante observar que a igualdade formal é a regra utilizada pelo
Estado para conferir um tratamento isonômico entre as pessoas. Contudo, por
diversas vezes, um tratamento igualitário não consegue atender a todas as
necessidades práticas. Faz-se necessária a utilização da igualdade em seu aspecto
material para que se consiga produzir um verdadeiro tratamento isonômico.
Dessa forma, podemos afirmar que o Estado pode dar tratamento
diferenciado aos indivíduos, seja por meio da lei, seja mediante políticas públicas,
com a finalidade de atenuar diferenças sociais.
Como formas de concretização da igualdade material, foram desenvolvidas
políticas públicas de compensação dirigidas às minorias sociais ou camadas menos
favorecidas por intermédio das chamadas AÇÕES AFIRMATIVAS OU
DISCRIMINAÇÕES POSITIVAS. São verdadeiras ações de cunho social que
visam compensar possíveis perdas que determinados grupos sociais tiveram ao
longo da história de suas vidas.

3. De acordo com o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item seguinte
a respeito dos direitos e das garantias fundamentais.
A CF consagra que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
contudo deve-se buscar não apenas a aparente igualdade formal, mas, principalmente, a
igualdade material.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA CERTA
É importante observar que a igualdade formal é a regra utilizada pelo
Estado para conferir um tratamento isonômico entre as pessoas. Contudo, por
diversas vezes, um tratamento igualitário não consegue atender a todas as
necessidades práticas. Faz-se necessária a utilização da igualdade em seu aspecto
material para que se consiga produzir um verdadeiro tratamento isonômico.
Dessa forma, podemos afirmar que o Estado pode dar tratamento
diferenciado aos indivíduos, seja por meio da lei, seja mediante políticas públicas,
com a finalidade de atenuar diferenças sociais.
Como formas de concretização da igualdade material, foram desenvolvidas
políticas públicas de compensação dirigidas às minorias sociais ou camadas menos
favorecidas por intermédio das chamadas AÇÕES AFIRMATIVAS OU

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

DISCRIMINAÇÕES POSITIVAS. São verdadeiras ações de cunho social que


visam compensar possíveis perdas que determinados grupos sociais tiveram ao
longo da história de suas vidas.

4. Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos,


julgue o item a seguir.
Lei aprovada pelo Congresso Nacional para conferir proteção especial às mulheres, seja
qual for o tratamento diferenciado entre os gêneros, contrariará a CF, que prevê a
igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
O princípio da igualdade não impede que se estabeleça tratamento
diferenciado entre pessoas diferentes, quando há razoabilidade para essa
discriminação, a fim de estabelecer o que se chama de igualdade material,
substancial ou efetiva. É a igualdade que se preocupa com a realidade, com origens
no modelo de Estado Social. Traduz-se na seguinte expressão:
Tratar os iguais de forma igual, os desiguais de forma desigual, na
medida das suas desigualdades.
Este tipo de igualdade confere um tratamento com justiça social para
aqueles que não a possuem.

5. Julgue o próximo item com relação ao Direito Constitucional.


O princípio da isonomia, em sua perspectiva material (igualdade na lei), refere-se à
interpretação e aplicação igualitária de um diploma normativo já confeccionado.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA

IGUALDADE FORMAL X IGUALDADE MATERIAL


A doutrina classifica o princípio da igualdade em duas modalidades:
˃ IGUALDADE FORMAL:
A igualdade formal, nascida no liberalismo clássico, juntamente com os
direitos de primeira geração, traduz-se no termo todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza. É uma igualdade jurídica, que não se preocupa
com a realidade, mas apenas atenta que o Estado ou as pessoas estabeleçam
tratamento diferenciado de forma arbitrária.
˃ IGUALDADE MATERIAL:
Contudo, o princípio da igualdade não impede que se estabeleça tratamento
diferenciado entre pessoas diferentes, quando há razoabilidade para essa
discriminação, a fim de estabelecer o que se chama de igualdade material,
substancial ou efetiva. É a igualdade que se preocupa com a realidade, com origens
no modelo de Estado Social. Traduz-se na seguinte expressão:
Tratar os iguais de forma igual, os desiguais de forma desigual, na
medida das suas desigualdades.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

Esse tipo de igualdade confere um tratamento com justiça social para


aqueles que não a possuem.

GABARITO
1. Certa
2. Certa
3. Certa
4. Errada
5. Errada

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
CONSTITUIÇÃO: DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................................................................................................... 2
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................ 2
TITULARES E DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: ......................................... 2
CLÁUSULAS PÉTREAS E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................. 2
DIREITOS X GARANTIAS ............................................................................................................................. 3
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL – TPI ................................................................................................... 3
FORÇA NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS .................................... 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

CONSTITUIÇÃO: DIREITOS FUNDAMENTAIS


TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
TITULARES E DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS:
Os direitos fundamentais surgiram tendo como titulares os seres humanos, tanto é que a
CF no caput do Art. 5o estabelece como titulares e destinatários dos direitos fundamentais os
brasileiros e estrangeiros residentes no país.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (…)

Contudo, de acordo com a orientação do STF, esses direitos também devem ser
estendidos aos estrangeiros de passagem, aos turistas que estão no Brasil.
As Constituições mais modernas, como a brasileira, também consagram direitos
fundamentais às pessoas jurídicas, tanto de direito privado quanto de direito público, ou seja,
o Estado – entes estatais, também são titulares e destinatários de direitos fundamentais.
Evidentemente que só poderão exercer aqueles direitos que são compatíveis com a
personalidade jurídica desses entes.
Assim, podemos dizer que os titulares e destinatários dos direitos fundamentais são:
Ø brasileiros natos ou naturalizados (Art. 5o, caput);
Ø estrangeiros residentes no país (Art. 5°, caput);
Ø estrangeiros em trânsito no país (STF);
Ø pessoas jurídicas, privadas ou públicas, quando o direito for compatível com a sua
personalidade.
Ø apátridas.
CLÁUSULAS PÉTREAS E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O artigo 60, § 4o, da Constituição Federal traz o rol das chamadas cláusulas pétreas.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. (GRIFO NOSSO)

As cláusulas pétreas são núcleos temáticos formados por institutos jurídicos de grande
importância, os quais não podem ser retirados da Constituição. Cumpre frisar que o texto
proíbe a abolição destes direitos e garantias, ou seja, a sua descaracterização, a violação de
seu núcleo essencial, contudo não impede que eles sejam modificados, relativizados, para
melhor.
É importante notar que o texto constitucional prevê, no inciso IV, como sendo cláusulas
pétreas apenas os direitos e as garantias individuais. Dessa forma, pela literalidade da
Constituição, não são todos os direitos fundamentais que são protegidos por este instituto,
mas apenas os de caráter individual.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Contudo, para o STF e para as principais bancas, especialmente a CESPE, todos os


direitos fundamentais são considerados CLÁUSULAS PÉTREAS.
DIREITOS X GARANTIAS
Outro tema relevante para a sua prova é a diferença entre direitos e garantias. Podemos
dizer que DIREITOS são bens, vantagens prescritas na norma constitucional, são normas de
conteúdo declaratório (por exemplo: direito à honra, à liberdade de locomoção).
As GARANTIAS, por sua vez, são os instrumentos mediante os quais se assegura o
exercício dos direitos fundamentais. São normas de conteúdo assecuratório, preservando o
direito declarado (por exemplo: indenização por dano à honra, Habeas Corpus para garantir a
liberdade de locomoção).
Podemos dizer que os remédios constitucionais são espécies de garantias, isso porque as
garantias não se limitam aos remédios constitucionais.
A CF estabelece formas de garantia diferentes dos remédios constitucionais. Vejamos
dois exemplos:
Ex. 1: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos — Art. 5.º, VI (direito) —, garantindo-se na forma da lei a
proteção aos locais de culto e suas liturgias (garantia);
Ex. 2: direito ao juízo natural (direito) — o Art. 5.º, XXXVII, veda a instituição de juízo ou
tribunal de exceção (garantia).
ATENÇÃO: as garantias também são direitos, porém nem todo direito é uma garantia!
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL – TPI
O § 4º do artigo 5º da Constituição dispõe a respeito do Tribunal Penal Internacional –
TPI, vejamos:

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja
criação tenha manifestado adesão.

O TPI é um tribunal permanente, localizado em Haia, nos países baixos (Holanda),


integra o sistema de proteção da ONU – Organização das Nações Unidas, com competência
criminal apenas para julgamento de indivíduos, e não de Estados em crimes mais graves,
como: genocídios, crimes de guerra, crimes contra a humanidade.
Apesar de ser um tribunal com atribuições jurisdicionais, o TPI não integra o Poder
Judiciário brasileiro. Sua competência é excepcional e complementar à jurisdição nacional, e
somente será exercida no caso de manifesta incapacidade ou falta de disposição do sistema
judiciário nacional.
Dessa forma, a submissão brasileira ao TPI não ofende a soberania do Estado brasileiro,
pois só atuará na ineficácia ou omissão do Judiciário brasileiro.
FORÇA NORMATIVA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS
HUMANOS
Uma regra muito importante para sua prova é a que está prevista no parágrafo 3º do
artigo 5º:
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Este dispositivo constitucional apresenta a chamada Força Normativa dos Tratados


Internacionais de Direitos Humanos.
Segundo o texto constitucional, é possível que um tratado internacional de Direitos
Humanos possua força normativa de emenda constitucional, desde que preencha os seguintes
requisitos:
Ø Deve tratar de Direitos Humanos.
Ø Deve ser aprovado nas duas Casas Legislativas do Congresso Nacional, ou seja, na
Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Ø Deve ser aprovado em dois turnos de votação em cada Casa.
Ø Deve ser aprovado pelo quórum de 3/5 dos membros em cada turno de votação,
em cada Casa. (no mínimo)
Preenchidos esses requisitos, o Tratado Internacional terá força normativa de Emenda
à Constituição.



Mas surge a seguinte questão: e se o Tratado Internacional for de Direitos Humanos e
não preencher os requisitos constitucionais previstos no § 3º do artigo 5º da Constituição?
Qual será sua força normativa? De acordo com o STF, caso o Tratado Internacional fale de
direitos humanos, e for aprovado no Congresso Nacional, mas não preencha os requisitos do §
3º do Art. 5º da CF, ele terá força normativa de NORMA SUPRALEGAL, é dizer, é uma norma
acima da lei (supra), mas que ainda está abaixo da Constituição Federal.
Dessa forma, frisa-se que os tratados internacionais de direitos humanos podem ter dois
status: ou de norma constitucional (emenda) ou de norma supralegal.

EMENDA À CONSTITUIÇÃO

TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS


HUMANOS

NORMA SUPRALEGAL

Apenas para complementar: aqueles tratados que não falem de direitos humanos, se
aprovados pelo Poder Legislativo, terão força normativa de Lei Ordinária.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

EXERCÍCIOS
1. Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-se aos estrangeiros
em trânsito no território nacional, mas não às pessoas jurídicas, por falta de previsão
constitucional expressa.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta – Errado

Os direitos fundamentais surgiram tendo como titulares os seres humanos,


tanto é que a CF no caput do Art. 5o estabelece como titulares e destinatários dos
direitos fundamentais os brasileiros e estrangeiros residentes no país.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (…)

Contudo, de acordo com a orientação do STF, esses direitos também devem


ser estendidos aos estrangeiros de passagem, aos turistas que estão no Brasil.

As Constituições mais modernas, como a brasileira, também consagram


direitos fundamentais às pessoas jurídicas, tanto de direito privado quanto de
direito público, ou seja, o Estado – entes estatais, também são titulares e
destinatários de direitos fundamentais. Evidentemente que só poderão exercer
aqueles direitos que são compatíveis com a personalidade jurídica desses entes.

2. O gozo da titularidade de direitos fundamentais pelos brasileiros depende da efetiva


residência em território nacional.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta – Errado

Os direitos fundamentais surgiram tendo como titulares os seres humanos,


tanto é que a CF no caput do Art. 5o estabelece como titulares e destinatários dos
direitos fundamentais os brasileiros e estrangeiros residentes no país.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (…)

Contudo, de acordo com a orientação do STF, esses direitos também devem


ser estendidos aos estrangeiros de passagem, aos turistas que estão no Brasil.
Importante!! Os direitos fundamentais têm como característica a
UNIVERSALIDADE (para todos)

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

3. A Constituição Federal de 1988 é conhecida como a “Constituição Cidadã” em função de


seu vasto rol de direitos e garantias fundamentais. Nesse sentido, os direitos
fundamentais diferenciam-se das garantias fundamentais na medida em que os direitos
se declaram, enquanto as garantias têm um conteúdo assecuratório daqueles.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta Certo

Anota aí!! Nunca esqueça dessa diferença.


Os DIREITOS são bens, vantagens prescritas na norma constitucional, são
normas de conteúdo declaratório (por exemplo: direito à honra, à liberdade de
locomoção).

As GARANTIAS, por sua vez, são os instrumentos mediante os quais se


assegura o exercício dos direitos fundamentais. São normas de conteúdo
assecuratório, preservando o direito declarado (por exemplo: indenização por dano
à honra, Habeas Corpus para garantir a liberdade de locomoção).

4. Os tratados e as convenções internacionais sobre quaisquer temas que forem


aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por dois quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta Errado

Segundo o texto constitucional, é possível que um tratado internacional de


Direitos Humanos possua força normativa de emenda constitucional, desde que
preencha os seguintes requisitos:
Deve tratar de Direitos Humanos.
Deve ser aprovado nas duas Casas Legislativas do Congresso
Nacional, ou seja, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Deve ser aprovado em dois turnos de votação em cada Casa.
Deve ser aprovado pelo quórum de 3/5 dos membros em cada turno
de votação, em cada Casa. (no mínimo)
Preenchidos esses requisitos, o Tratado Internacional terá força normativa de
Emenda à Constituição.
Mas surge a seguinte questão: e se o Tratado Internacional for de Direitos
Humanos e não preencher os requisitos constitucionais previstos no § 3º do artigo
5º da Constituição? Qual será sua força normativa? De acordo com o STF, caso o
Tratado Internacional fale de direitos humanos, e for aprovado no Congresso
Nacional, mas não preencha os requisitos do § 3º do Art. 5º da CF, ele terá força
normativa de NORMA SUPRALEGAL, é dizer, é uma norma acima da lei (supra),
mas que ainda está abaixo da Constituição Federal.
Dessa forma, frisa-se que os tratados internacionais de direitos humanos
podem ter dois status: ou de norma constitucional (emenda) ou de norma
supralegal.
E ainda tem aqueles tratados que não falam de direitos humanos, que quando
aprovados pelo Poder Legislativo, terão força normativa de Lei Ordinária

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

5. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha


manifestado adesão.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta Certo

O § 4º do artigo 5º da Constituição dispõe a respeito do Tribunal Penal


Internacional – TPI, vejamos:

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja
criação tenha manifestado adesão.

O TPI é um tribunal permanente, localizado em Haia, nos países baixos


(Holanda), integra o sistema de proteção da ONU – Organização das Nações
Unidas, com competência criminal apenas para julgamento de indivíduos, e não de
Estados em crimes mais graves, como: genocídios, crimes de guerra, crimes contra
a humanidade.

Apesar de ser um tribunal com atribuições jurisdicionais, o TPI não integra o


Poder Judiciário brasileiro. Sua competência é excepcional e complementar à
jurisdição nacional, e somente será exercida no caso de manifesta incapacidade ou
falta de disposição do sistema judiciário nacional.

Dessa forma, a submissão brasileira ao TPI não ofende a soberania do Estado


brasileiro, pois só atuará na ineficácia ou omissão do Judiciário brasileiro.

GABARITO

1. Errado
2. Errado
3. Certo
4. Errado
5. Certo

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................ 2
DIREITO À LIBERDADE.................................................................................................................................... 2
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E CRENÇA - RELIGIOSA ............................................................................... 2
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO..................................................................................................................... 5
LIBERDADE DE PROFISSÃO ........................................................................................................................ 7
LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO ................................................................................... 8
Exercícios ......................................................................................................................................................... 10
Gabarito ....................................................................................................................................................... 12

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS FUNDAMENTAIS
DIREITO À LIBERDADE
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E CRENÇA - RELIGIOSA
A CF assegura a liberdade de consciência e de crença às pessoas no Art. 5°, VI:
VI – É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias; (grifo nosso)

• a liberdade de consciência consiste na aceitação de valores morais e


espirituais, independentemente de questões religiosas;
• a liberdade de crença se refere às questões religiosas e é abrangida pela
liberdade de consciência;
• Já a liberdade de culto é uma das formas de expressão da liberdade de crença.
Por causa da liberdade religiosa, é possível exercer qualquer tipo de crença no país.
Convém perceber que o inciso VI, além de proteger as crenças e os cultos, também protege as
suas liturgias, que são os ritos e as cerimônias.
Assegura-se a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religioso e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e sua
liturgia.
Nesse sentido, ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
Como se sabe, com o advento da República (Decreto 119- de 07/01/1890), o Estado se
separou da Igreja, sendo o Brasil um país leigo, laico ou não confessional, não existindo, portanto,
qualquer religião oficial da República Federativa do Brasil.
Seguindo a característica da relatividade/limitabilidade inerente aos direitos fundamentais, a
liberdade de crença, de culto e de suas manifestações e práticas de ritos não é absoluta. Assim é
completamente inadmissível aquele que pratica um fato caracterizado como crime e invoca sua
religião para se eximir de responsabilidade (p.ex.: uma pessoa, em verdadeiro ritual, alegando sua
crença religiosa, sacrifica crianças recém-nascidas para oferecer o sangue à sua divindade – nesse
caso, a conduta não está protegida pela liberdade de crença e culto, uma vez que outros direitos
fundamentais, de outras pessoas, estão sendo violados)
Vejamos alguns desdobramentos da liberdade de consciência, crença e culto religioso,
consoante à jurisprudência:
 ENSINO RELIGIOSO NOS COLÉGIOS: O artigo 210, §1º, estabelece que o ensino
religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das
escolas públicas de ensino fundamental. Dessa forma, a escola não poderá reprovar
o aluno pelo fato de não frequentar a aula de ensino religioso.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

 FERIADOS RELIGIOSOS: conforme o entendimento do STF, em que pese o Brasil


ser um Estado laico, as religiões não podem ser desprezadas, e seus respectivos
feriados são compreendidos como a cultura que também deve ser preservada.
 CASAMENTO PERANTE AUTORIDADE RELIGIOSA: o casamento celebrado
perante qualquer religião ou crença, desde que siga o rito estabelecido no Código
Civil, terá a mesma validade que o casamento civil.
 TRANSFUSÃO DE SANGUE NAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ: conforme o
entendimento do STF, não deve ser reconhecido como crime de constrangimento
ilegal (Art. 146, §3º, inciso I do CP) na hipótese das testemunhas de Jeová, se
estiver o médico diante da urgência ou perigo iminente, ou se o paciente for menor
de idade.
 CRUCIFIXOS EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS: o Conselho Nacional de Justiça tem
entendido que não há qualquer óbice constitucional para os crucifixos em
repartições públicas, pois se trata de um símbolo cultural, e não religioso.
 GUARDA SABÁTICA: outro tema bastante polêmico está relacionado à
obrigatoriedade ou não de o Estado ter que designar data alternativa para
realização de concursos públicos, quando a data da prova tiver sido fixada em dias
que devam ser guardados, como acontece com os Adventistas do Sétimo Dia
(sábado – de repouso e de culto) e os Judeus (Shabat – do pôr do sol da sexta-feira
até o pôr do sol do sábado). O tema ainda está pendente de julgamento no STF. O
que os concursos vêm adotando é a possibilidade de “atendimento a necessidades
especiais nas provas”, e a prova ser realizada no mesmo dia, mas após as 18 horas.
Outro dispositivo interessante é o previsto no inciso VII:


VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas


entidades civis e militares de internação coletiva;

A Constituição Federal garantiu a prestação de assistência religiosa nas entidades de


internação coletiva, sejam elas civis ou militares. Entidades de internação coletiva são
quartéis, penitenciárias, hospitais ou hospícios. A prestação dessa assistência não será,
evidentemente, realizada pelo Estado, mas sim pelas entidades religiosas (entidades
privadas), o dever do Estado aqui se manifesta na permissão quanto ao exercício dessa
liberdade.
Ainda a respeito da liberdade religiosa, destacamos o inciso VIII, do Art. 5°, um dos mais
importantes para sua prova, vejamos:
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 


Estamos diante do instituto da ESCUSA DE CONSCIÊNCIA. Este direito permite a


qualquer pessoa que, em razão de sua crença ou consciência, deixe de cumprir uma obrigação
imposta sem que com isso sofra alguma restrição em seus direitos, contudo, tal regra encontra
um limite.
No caso de uma obrigação imposta a todos, se o indivíduo se recusar ao seu
cumprimento, ser-lhe-á oferecida uma prestação alternativa, previamente prevista em lei.
Caso também não cumpra a prestação alternativa, a Constituição permite que alguns direitos
do indivíduo sejam restringidos.
Os direitos que serão restringidos serão os direitos políticos e haverá a PERDA desses
direitos, de acordo com a doutrina majoritária, como se observa pela leitura do Art. 15, IV da
CF:

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão


só se dará nos casos de:
 IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5°, VIII;

Como estamos diante de uma norma de eficácia contida, caso o Estado não estabeleça a
prestação alternativa, aquele que deixou de cumprir a obrigação legal a todos imposta não
poderá ser privado dos seus direitos.
Podemos afirmar que a liberdade religiosa assegurada pela CF possui uma dimensão
positiva e uma negativa.
 Negativa, na medida em que assegura aos indivíduos o exercício dessa liberdade
sem restrição de direitos pelo Estado, implicando para o Estado um não fazer;
 Positiva, na medida em que determina ao Estado um comportamento positivo, um
fazer, como o de assegurar a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva.
A respeito da liberdade religiosa e da laicidade do Estado, podemos destacar algumas
questões relevantes:
 PREÂMBULO DA CF
Quanto à laicidade do Estado, destacamos que o preâmbulo da CF contém a expressão -
sob a proteção de Deus-, no entanto, de acordo com o STF, o preâmbulo não tem força
normativa, é antes um norte, um guia para o povo e para os operadores do Direito, por isso a
sua previsão não implica violação à laicidade.
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (grifo nosso)

SÍMBOLOS RELIGIOSOS EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS e FERIADOS RELIGIOSOS


Nesse tema também se enquadra o posicionamento da jurisprudência quanto à presença
de símbolos religiosos em repartições públicas. O entendimento atual considera que a
presença dos símbolos decorre da cultura nacional e não ofende a laicidade do Estado, seria
um símbolo cultural. O mesmo pode ser entendido para os feriados religiosos.
 IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Em respeito à liberdade religiosa, em especial à proteção aos locais de culto, a CF
assegura a imunidade tributária para os templos religiosos. Art. 150, VI, b:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto;

De acordo com o STF, a Maçonaria não tem imunidade tributária:


A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita
aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião.


[RE 562.351, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 4-9-2012, 1ª
T, DJE de 14-12-2012.]
 ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Outro tema interessante versa a respeito da disciplina de ensino religioso nas escolas
públicas de ensino fundamental, que é de matrícula facultativa, é disciplina ofertada nos
horários normais das aulas, conforme Art. 210 da CF:
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de
maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e
artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos
horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. (grifo nosso)

Apesar de a facultatividade estar mencionada apenas nas escolas públicas, Pedro Lenza
entende que também deveria ser estendida às escolas particulares.
De acordo com o STF (27/09/2017), o ensino religioso prestado nas escolas públicas
poderá ter natureza confessional, ficando a critério da escola optar pelo ensino confessional
ou não confessional. Vejamos a decisão:
O Plenário (...) julgou improcedente pedido formulado em ação
direta na qual se discute o ensino religioso nas escolas públicas do
país. Conferiu interpretação conforme à Constituição ao art.
33, caput, e §§ 1º e 2º, da Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional - LDB), e ao art. 11, § 1º, do acordo Brasil-
Santa Sé aprovado por meio do DL 698/2009 e promulgado por
meio do Decreto 7.107/2010, para assentar que o ensino religioso
em escolas públicas pode ter natureza confessional. Entendeu que o
poder público, observado o binômio laicidade do Estado (...) e
consagração da liberdade religiosa no seu duplo aspecto (...), deverá
atuar na regulamentação integral do cumprimento do preceito
constitucional previsto no art. 210, § 1º da CF, autorizando, na rede
pública, em igualdade de condições, o oferecimento de ensino
confessional das diversas crenças, mediante requisitos formais de
credenciamento, de preparo, previamente fixados pelo Ministério da
Educação. Dessa maneira, será permitido aos alunos se
matricularem voluntariamente para que possam exercer o seu
direito subjetivo ao ensino religioso como disciplina dos horários
normais das escolas públicas. O ensino deve ser ministrado por
integrantes, devidamente credenciados, da confissão religiosa do
próprio aluno, a partir de chamamento público já estabelecido em
lei para hipóteses semelhantes (...) e, preferencialmente, sem
qualquer ônus para o poder público.
[ADI 4.439, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 27-9-2017,
P, Informativo879.]

LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens;

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

Esse direito poderá ser restringido na vigência do estado de defesa, quando se cria a
possibilidade de prisão por crime de Estado, determinada pelo executor da medida (Art. 136,
§3º, inciso I da CF), excepcionando, portanto, a regra da prisão prevista no artigo 5º, inciso LXI
da CF.
No mesmo sentido ocorrerá restrição à liberdade de locomoção na vigência do estado de
sítio, nos termos do Art. 139, inciso I, podendo ser tomadas contra as pessoas medidas no
sentido de obrigá-las a permanecer em localidade determinada, bem como medidas
restritivas também em caso d guerra declarada.
Destaca-se que em situações excepcionais, de instabilidade institucional, como no estado
de sítio e no estado de defesa esse direito poderá ser restringido:
ESTADO DE DEFESA: ART. 136, § 3º Na vigência do estado de defesa: I - a
prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será
por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for
legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial.

ESTADO DE SÍTIO: Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com


fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes
medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; II -
detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
(grifo nosso)

Outro aspecto interessante refere-se à possibilidade de qualquer pessoa entrar,


permanecer ou sair do país com seus bens, nos termos da lei. Esse direito também não pode
ser encarado de forma absoluta, haja vista que esse direito deve ser exercido nos termos da
lei, assim há a possibilidade de se exigir declaração de bens ou pagamento de imposto quando
da entrada da pessoa no país com bens.
Frisa-se que a liberdade de locomoção, por não ser um direito absoluto, permite a sua
restrição quando em conflito com outros direitos fundamentais.
Caso a liberdade de locomoção seja restringida por ilegalidade ou abuso de poder, a
Constituição prevê um remédio constitucional, uma solução a esse problema, por meio do
Habeas Corpus.
Art. 5°, LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder; 


Outras considerações serão feitas quando do estudo do Habeas Corpus.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

LIBERDADE DE PROFISSÃO
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Estabelece o texto constitucional que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou


profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (Art. 5º, XIII).
A regra é simples. Se não houver lei dispondo sobre determinada profissão, trabalho ou
ofício, qualquer pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode exercê-la (por exemplo,
artesão, marceneiro, carnavalesco, detetive particular, ator de teatro). Ao contrário, se houver
lei estabelecendo uma qualificação profissional necessária, somente aquele que atender ao
que exige a lei pode exercer esse trabalho, ofício ou profissão (casos do advogado, do médico,
do engenheiro, do piloto de avião).
Cuida-se de norma de eficácia contida, isto é, que é dotada de aplicabilidade imediata
desde a promulgação da Constituição, mas que está sujeita à imposição de restrições pelo
legislador. Assim, enquanto não estabelecidas em lei as qualificações profissionais para o
exercício de determinada profissão, o seu exercício será amplo; a partir do estabelecimento
por lei das qualificações profissionais somente poderão exercer tal profissão aqueles que as
cumprirem.
 STF E A LIBERDADE DE PROFISSÃO:
• PROFISSÃO DE MÚSICO: o STF entendeu que a profissão de músico não exige a
inscrição em conselho de fiscalização, deixando claro essa necessidade apenas
quando houver potencial lesivo na atividade. Nem todos os ofícios ou profissões
podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu
exercício. A regra é a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na
atividade é que pode ser exigida inscrição em conselho de fiscalização
profissional. A atividade de músico prescinde de controle.
• CONSTITUCIONALIDADE DO EXAME DE ORDEM: Segundo o STF, a
exigibilidade do Exame de Ordem para habilitação do bacharel em direito na
Advocacia é constitucional.
• CONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA DE ATIVIDADE JURÍDICA PARA OS
CARGOS DA MAGISTRATURA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO: A exigência
temporal de dois anos de bacharelado em direito como requisito para inscrição
em concurso público para ingresso nas carreiras do MPU, prevista no art. 187 da
LC 75/1993, não representa ofensa ao princípio da razoabilidade, pois, ao
contrário de se afastar dos parâmetros da maturidade pessoal e profissional a que
objetivam a norma, adota critério objetivo que a ambos atende. (ADI 1.040, Rel.
p/ o ac. Min. Ellen Gracie, julgamento em 11-11-2004, Plenário, DJ de 1º-4-
2005.) Vide: Rcl 3.932, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 21-11-2007,
Plenário, DJE de 9-10-2009.
• EXIGÊNCIA DE REQUISITOS ESPECÍFICOS EM CONCURSOS PÚBLICOS: A
exigência de especificidade, no âmbito da qualificação, para a feitura de concurso
público não contraria o disposto no inciso XIII do art. 5º da CF, desde que prevista
em lei e consentânea com os diplomas regedores do exercício profissional. (MS
21.733, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-2-1994, Plenário, DJ de 8-4-
1994.)

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO


IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensamento, vedando o


anonimato. É importante observar que o exercício desse direito não é absoluto, de sorte que a
manifestação de pensamento que cause algum dano a outro, seja de ordem material, moral ou
à imagem, assegura-se o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização.
A liberdade de pensamento consiste no direito de expressar, por qualquer meio ou
forma existente, opiniões, pensamentos ou ideais particulares em matéria de arte, ciência,
política, religião ou qualquer outra atividade humana, desde que seja público o nome do autor
do pensamento.
 STF E A LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO:
• DELAÇÃO ANÔNIMA (DELAÇÃO APÓCRIFA): O STF entende não ser possível a
utilização de uma notícia crime anônima para a instauração do procedimento
investigatório, por violar a vedação ao anonimato, prevista no Art. 5º, IV. Em
outras palavras, o ato de delatar que alguém praticou um crime, sem se
identificar, não é suficiente para autorizar a instauração do inquérito policial.
Nada impede, contudo, que a Polícia, após ter sido provado por delação
anônima, adote medidas informais de investigação, discretas, destinadas a
apurar se a delação anônima possui respaldo na realidade dos fatos. Só apenas
com essas novas provas, que somadas à delação anônima, poderá ser instaurado
o procedimento formal de investigação – inquérito policial ou termo
circunstanciado de ocorrência.
• MARCHA DA MACONHA: O STF (15/06/2011 – julgamento da ADPF 187)
entendeu ser legítimo o movimento de legalização do uso da maconha, com
respaldo nos direitos fundamentais de livre manifestação de pensamento e de
reunião, assegurando-se, ainda, o direito das minorias. De acordo com o
entendimento do STF, a mera proposta de descriminalização de determinado
ilícito penal não só confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem com
o de apologia a fato criminoso. Assim, a defesa, em espaços públicos, da
legalização das drogas ou de proposta abolicionista a outro tipo penal, não
significa ilícito penal, mas, ao contrário, representaria o exercício legítimo do
direito à livre manifestação do pensamento, e do direito de reunião.
• INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE IMPRENSA: Conforme o STF, o
jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno
exercício das liberdades de expressão e de informação. O jornalismo e a liberdade
de expressão, portanto, são atividades que estão imbricadas por sua própria
natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica,
logicamente, que a interpretação do art. 5º, XIII, da Constituição, na hipótese da
profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

do art. 5º, IV, IX, XIV, e do art. 220, da Constituição, que asseguram as liberdades
de expressão, de informação e de comunicação em geral. (...) No campo da
profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às
qualificações profissionais. O art. 5º, IV, IX, XIV, e o art. 220 não autorizam o
controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de
jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade
profissional no momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao
fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia das
liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, IX, da
Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a
profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem
ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de
profissão. (RE 511.961, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 17-6-2009,
Plenário, DJE de 13-11-2009.)
Em síntese, o referido direito deverá ser exercido de forma responsável, proporcional,
harmonizando-se com a honra, a privacidade e a intimidade da pessoa humana das demais
pessoas. Caso contrário, surge para o agravado o direito de resposta, além da indenização.
A vedação ao anonimato impede, como regra, DENÚNCIAS ANÔNIMAS, também
chamadas de delações apócrifas, como fundamento único para a instauração de
procedimentos criminais.
Contudo, o STF, entende como constitucionais as referidas denúncias (disque-
denúncia) como ferramenta de comunicação do crime, mas não podem servir como amparo
para a instauração do Inquérito Policial, muito menos como fundamento para a condenação
de quem quer que seja. Este posicionamento se aplica à instauração de qualquer tipo de
procedimento investigatório, seja administrativo, cível ou penal.
A vedação ao anonimato, além de ser uma garantia ao exercício da manifestação do
pensamento, possibilita o exercício do DIREITO DE RESPOSTA caso alguém seja ofendido, em
matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social, como prevê o
inciso v do Art. 5° da CF:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;

O direito de resposta, que se manifesta como ação de replicar ou de retificar matéria


publicada, é exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua honra e é orientado pela
ideia da proporcionalidade, é dizer: a resposta deve ser assegurada no mesmo meio de
comunicação em que a agressão foi realizada, devendo ter o mesmo destaque e duração.
O direito de resposta é amplo e abrange ofensas, mesmo que não tenham caráter penal.
O direito de resposta, inobstante ser norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata, é
regulamentado pela Lei 13.188/2015 que assegura o exercício desse direito de forma
GRATUITA. Vejamos o Art. 2°:
Art. 2° Ao ofendido em matéria divulgada, publicada ou transmitida por
veículo de comunicação social é assegurado o direito de resposta ou retificação,
gratuito e proporcional ao agravo.

O direito de resposta ou retificação deve ser exercido no prazo decadencial de 60


(sessenta) dias, contado da data de cada divulgação, publicação ou transmissão da matéria
ofensiva, mediante correspondência com aviso de recebimento encaminhada diretamente
ao veículo de comunicação social ou, inexistindo pessoa jurídica constituída, a quem por ele
responda, independentemente de quem seja o responsável intelectual pelo agravo.

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

O exercício do direito de resposta não afasta a possibilidade de indenização por dano:


material, moral ou a imagem. Vale destacar ainda que a indenização decorrente desses danos
é cumulativa!
Referências Bibliográficas
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado – 15 ed.
Método, 2016.
CANOTILHO, J.J. Gomes e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva,
2014.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. 2016. Salvador: JusPodivm.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.

EXERCÍCIOS
1. Julgue o item a respeito das liberdades na Constituição Federal de 1988 (CF).
Somente a liberdade religiosa pode funcionar constitucionalmente como autorização
para abstenção de cumprimento de obrigação legal a todos imposta, não servindo de
justificativa a simples crença moral ou filosófica.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
A ESCUSA DE CONSCIÊNCIA permite a qualquer pessoa que, em razão de
sua crença ou consciência, deixe de cumprir uma obrigação imposta sem que
com isso sofra alguma restrição em seus direitos, contudo, tal regra encontra um
limite.
No caso de uma obrigação imposta a todos, se o indivíduo se recusar ao seu
cumprimento, ser-lhe-á oferecida uma prestação alternativa, previamente
prevista em lei. Caso também não cumpra a prestação alternativa, a Constituição
permite que alguns direitos do indivíduo sejam restringidos.
Os direitos que serão restringidos serão os direitos políticos e haverá a
PERDA desses direitos, de acordo com a doutrina majoritária.

2. Julgue o item a respeito das liberdades na Constituição Federal de 1988 (CF).


Embora assegurada a livre manifestação do pensamento, não pode essa liberdade ser
desvirtuada para funcionar como mecanismo de apologia ao crime, como ocorre, por exemplo,
com manifestações em favor da legalização de certas drogas, merecedoras de censura penal.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensamento,
vedando o anonimato. É importante observar que o exercício desse direito não é
absoluto, de sorte que a manifestação de pensamento que cause algum dano a

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

outro, seja de ordem material, moral ou à imagem, assegura-se o direito de


resposta, proporcional ao agravo, além da indenização.
A liberdade de pensamento consiste no direito de expressar, por qualquer
meio ou forma existente, opiniões, pensamentos ou ideais particulares em matéria
de arte, ciência, política, religião ou qualquer outra atividade humana, desde que
seja público o nome do autor do pensamento.
MARCHA DA MACONHA: O STF (15/06/2011 – julgamento da ADPF 187)
entendeu ser legítimo o movimento de legalização do uso da maconha, com
respaldo nos direitos fundamentais de livre manifestação de pensamento e de
reunião, assegurando-se, ainda, o direito das minorias. De acordo com o
entendimento do STF, a mera proposta de descriminalização de determinado ilícito
penal não so confundiria com ato de incitação à prática do crime, nem com o de
apologia a fato criminoso. Assim, a defesa, em espaços públicos, da legalização das
drogas ou de proposta abolicionista a outro tipo penal, não significa ilícito penal,
mas, ao contrário, representaria o exercício legítimo do direito à livre manifestação
do pensamento, e do direito de reunião.

3. Com relação aos direitos e às garantias fundamentais, julgue o item que se segue.
A CF assegura a liberdade de exercício profissional, não podendo a lei limitar tal direito.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
Estabelece o texto constitucional que é livre o exercício de qualquer trabalho,
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer
(Art. 5º, XIII).
A regra é simples. Se não houver lei dispondo sobre determinada profissão,
trabalho ou ofício, qualquer pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode
exercê-la (por exemplo, artesão, marceneiro, carnavalesco, detetive particular, ator
de teatro). Ao contrário, se houver lei estabelecendo uma qualificação profissional
necessária, somente aquele que atender ao que exige a lei pode exercer esse
trabalho, ofício ou profissão (casos do advogado, do médico, do engenheiro, do
piloto de avião).
Cuida-se de norma de eficácia contida, isto é, que é dotada de aplicabilidade
imediata desde a promulgação da Constituição, mas que está sujeita à
imposição de restrições pelo legislador. Assim, enquanto não estabelecidas em
lei as qualificações profissionais para o exercício de determinada profissão, o seu
exercício será amplo; a partir do estabelecimento por lei das qualificações
profissionais somente poderão exercer tal profissão aqueles que as cumprirem.

4. Em relação à Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item.


A liberdade de exercício profissional é ilimitada.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

Estabelece o texto constitucional que é livre o exercício de qualquer trabalho,


ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer
(Art. 5º, XIII).
A regra é simples. Se não houver lei dispondo sobre determinada profissão,
trabalho ou ofício, qualquer pessoa, a qualquer tempo, e de qualquer forma, pode
exercê-la (por exemplo, artesão, marceneiro, carnavalesco, detetive particular, ator
de teatro). Ao contrário, se houver lei estabelecendo uma qualificação profissional
necessária, somente aquele que atender ao que exige a lei pode exercer esse
trabalho, ofício ou profissão (casos do advogado, do médico, do engenheiro, do
piloto de avião).
Cuida-se de norma de eficácia contida, isto é, que é dotada de aplicabilidade
imediata desde a promulgação da Constituição, mas que está sujeita à
imposição de restrições pelo legislador. Assim, enquanto não estabelecidas em
lei as qualificações profissionais para o exercício de determinada profissão, o seu
exercício será amplo; a partir do estabelecimento por lei das qualificações
profissionais somente poderão exercer tal profissão aqueles que as cumprirem.

5. Com relação à liberdade de crença e de convicção na CF, julgue o item.


Dada a laicidade do Estado brasileiro, não se admite como constitucionalmente possível
a prestação de assistência religiosa pelo Estado a presidiários ou a militares.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
A Constituição Federal garantiu a prestação de assistência religiosa nas
entidades de internação coletiva, sejam elas civis ou militares. Entidades de
internação coletiva são quartéis, penitenciárias, hospitais ou hospícios. A prestação
dessa assistência não será, evidentemente, realizada pelo Estado, mas sim pelas
entidades religiosas (entidades privadas), o dever do Estado aqui se manifesta na
permissão quanto ao exercício dessa liberdade.

GABARITO
1. ERRADA
1. ERRADA
2. ERRADA
3. ERRADA
4. ERRADA

MUDE SUA VIDA!


12
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................ 2
LIBERDADE ..................................................................................................................................................... 2
DIREITO DE REUNIÃO (ART. 5º, XVI DA CF) ............................................................................................... 2
DIREITO DE ASSOCIAÇÃO (ART. 5º, XVII AO XXI DA CF)............................................................................. 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS FUNDAMENTAIS
LIBERDADE
DIREITO DE REUNIÃO (ART. 5º, XVI DA CF)
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que
não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
Extraem-se do referido direito alguns elementos:
• Elemento subjetivo: é necessário um conjunto de pessoas para o exercício
desse direito, que não pode ser realizado de forma individual. O seu exercício,
portanto, é necessariamente coletivo.
• Elemento temporal: refere-se à temporariedade do direito, a reunião deve ser
temporária, com início e fim predeterminados.
• Elemento espacial: deve ser realizada em local aberto ao público, de forma
estática ou em movimento.
• Elemento objetivo: a reunião deve ser realizada de forma pacífica, sem armas.
• Elemento formal: refere-se à necessidade de aviso prévio à autoridade
competente, para não frustrar outra reunião anteriormente convocada para o
mesmo local.
• Elemento teleológico: as pessoas em uma reunião devem ter um ideal em
comum, um mesmo propósito, mesma finalidade, que pode ser política,
religiosa, artística ou filosófica. Sabe-se que o direito de reunião é um direito-
meio, um instrumento para o exercício do direito-fim, que é a liberdade de
manifestação do pensamento.

O direito de reunião não exige autorização da autoridade competente, mas, tão somente,
prévio aviso a essa autoridade; esse aviso prévio, na verdade, tem por fim dar conhecimento à
autoridade competente sobre a realização da reunião, para que ela possa adotar as medidas
necessárias para a regular realização dessa reunião (adotar medidas de segurança, por
exemplo).

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Ademais, a reunião deverá: (I) ser pacífica e sem armas (ofende a Constituição Federal,
por exemplo, a realização de uma reunião de servidores policiais portando armas de fogo); (I)
ocorrer em locais abertos ao público; (III) não frustrar outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local.
Eventuais ilegalidades ou arbitrariedades contra o direito de reunião deverão ser
reprimidas por meio de mandado de segurança, e não por habeas corpus.
 STF E O DIREITO DE REUNIÃO:
 MARCHA DA MACONHA: Cabível o pedido de ‘interpretação conforme à
Constituição’ de preceito legal portador de mais de um sentido, dando-se que ao
menos um deles é contrário à CF. A utilização do § 3º do art. 33 da Lei 11.343/2006
como fundamento para a proibição judicial de eventos públicos de defesa da
legalização ou da descriminalização do uso de entorpecentes ofende o direito
fundamental de reunião, expressamente outorgado pelo inciso XVI do art. 5º da Carta
Magna. Regular exercício das liberdades constitucionais de manifestação de
pensamento e expressão, em sentido lato, além do direito de acesso à informação (...).
Nenhuma lei, seja ela civil ou penal, pode blindar-se contra a discussão do seu
próprio conteúdo. Nem mesmo a Constituição está a salvo da ampla, livre e aberta
discussão dos seus defeitos e das suas virtudes, desde que sejam obedecidas as
condicionantes ao direito constitucional de reunião, tal como a prévia comunicação
às autoridades competentes. Impossibilidade de restrição ao direito fundamental de
reunião que não se contenha nas duas situações excepcionais que a própria
Constituição prevê: o estado de defesa e o estado de sítio (...). Ação direta julgada
procedente para dar ao § 2º do art. 33 da Lei 11.343/2006 ‘interpretação conforme à
Constituição’ e dele excluir qualquer significado que enseje a proibição de
manifestações e debates públicos acerca da descriminalização ou legalização do uso
de drogas ou de qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento
episódico, ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. (ADI 4.274, Rel. Min.
Ayres Britto, julgamento em 23-11-2011, Plenário, DJE de 2-5-2012.) Vide: ADPF
187, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 15-6-2011, Plenário, Informativo 631.
DIREITO DE ASSOCIAÇÃO (ART. 5º, XVII AO XXI DA CF)
As associações pressupõem a união de pessoas, que se organizam, com caráter
permanente, em decorrência de uma ideia ou interesse em comum. Assim, podemos dizer
que o direito de associação depende do preenchimento de 3 requisitos:
• Pluralidade de pessoas - trata-se de direito individual, mas de exercício coletivo.
• Caráter permanente.
• Interesse em comum – ato de vontade.
A CF assegura o exercício desse direito de forma plena, mas não absoluta, vejamos:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar;
A CF proíbe a criação de associações que tenham finalidade ilícita, reforçando a
proibição de criação de associações com caráter paramilitar. Entende-se como associação de
caráter paramilitar, toda organização paralela ao Estado, sem legitimidade, com estrutura e
organização tipicamente militar. São as facções criminosas, milícias ou qualquer outra
organização que possua fins ilícitos e alheios aos do Estado.
A finalidade lícita de que trata o direito à associação não está ligada somente às normas
de Direito Penal, mas se estende ao Direito como um todo.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas


independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal
em seu funcionamento;
A CF ainda dispõe que a criação dessas associações é livre, ou seja, para criar uma
associação não será preciso anuência ou autorização do Estado, sendo ainda vedada
interferência estatal no funcionamento e criação das associações. Ademais, as associações não
precisam de personalidade jurídica para que tenham a proteção constitucional.
Já a criação de cooperativas também é livre, mas dependerá de lei.
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou
ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
primeiro caso, o trânsito em julgado;

As associações podem ter suas atividades suspensas ou dissolvidas de forma


compulsória apenas por meio de decisão judicial, caso tenham finalidade ilícita,
ou seja, se a associação tiver finalidade lícita, ela não poder ter suas atividades
suspensas ou ser dissolvida compulsoriamente.

No caso da dissolução, que importa no encerramento definitivo da associação, por ser


uma medida mais grave, não basta qualquer decisão judicial, tem que ser transitada em
julgado, ou seja, uma decisão judicial definitiva, de que não cabe mais recurso. Contudo, para a
suspensão não é necessário que a decisão tenha transitado em julgado.
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas,
têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente;
Por fim, o inciso XXI permite às associações representar seus filiados, tanto na esfera
judicial, quanto na esfera administrativa, desde que possuam expressa autorização, pois
atuam em representação processual, ou seja, a ação deve ser ajuizada em nome do
representado para defender o seu direito, pela associação. De acordo com o STF, na hipótese
de representação processual, a autorização não pode ser genérica, tem que ser expressa
(obtida por meio de deliberação em assembleia ou individualmente), de modo que a
autorização apenas no estatuto social da associação (genérica) não é suficiente para legitimar
a atuação das associações na representação.
Diferente da situação de representação processual (XXI) é a substituição processual,
que ocorre quando a associação defende, em nome próprio, interesse alheio, como quando
impetra Mandado de Segurança Coletivo. Nesse caso, de acordo com STF, a associação não
precisará de autorização expressa e específica, bastando a autorização genérica do ato de
constituição da associação 1.

1
REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º, INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALCANCE. O disposto no
artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação específica, não alcançando previsão genérica do
estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos associados. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL – ASSOCIAÇÃO –
BENEFICIÁRIOS. As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pela
representação no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à
inicial. (RE 573232, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal
Pleno, julgado em 14/05/2014, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-182 DIVULG 18-09-2014 PUBLIC 19-09-2014
EMENT VOL-02743-01 PP-00001)
CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. AUTORIZAÇÃO EXPRESSA:
DESNECESSIDADE. OBJETO A SER PROTEGIDO PELA SEGURANÇA COLETIVA. C.F., ART. 5º, LXX, b. MANDADO SE
SEGURANÇA CONTRA LEI EM TESE: NÃO CABIMENTO. SÚMULA Nº 266-STF. I - A legitimação das organizações
sindicais, entidade de classe ou associação, para a segurança coletiva, é extraordinária, ocorrendo, em tal caso,
substituição processual. CF, art. 5º, LXX. II - Não se exige, tratando-se de segurança coletiva, a autorização expressa
aludida no inc. XXI do art. 5º, CF, que contempla hipótese de representação. III - O objeto do mandado de segurança

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

Resumindo:
São vários os incisos do Art. 5º da Constituição Federal que versam sobre o direito de
associação, a partir do inciso XVII, que estabelece que é plena a liberdade de associação para
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
No intuito de assegurar a autonomia de funcionamento das associações, determina a
Constituição que a sua criação independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal
em seu funcionamento (Art. 5º, XVIII).
Ainda no intento de preservar o regular funcionamento das associações, estabelece a
Constituição Federal que elas só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão do Poder Judiciário. No caso da suspensão das atividades
não se exige o trânsito em julgado da decisão judicial. A dissolução compulsória, porém,
somente poderá ser determinada por decisão judicial transitada em julgado (Art. 5º, XIX).
Por força desses dispositivos, temos que o Poder Executivo não poderá interferir no
funcionamento das associações, tampouco determinar a sua dissolução compulsória, ou a
suspensão de suas atividades. Essa competência foi reservada ao Poder Judiciário, exigindo-
se, no caso da dissolução, decisão transitada em julgado.

Criada a associação, ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer


associado (Art. 5º, XX). No tocante à defesa dos direitos dos associados, estabelece a
Constituição Federal que as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente (Art. 5º, XXI). Note-
se que, nesse dispositivo, a CF/88 exige que a associação obtenha autorização expressa dos
seus associados para representá-los, em juízo ou fora dele.

coletivo será um direito dos associados, independentemente de guardar vínculo com os fins próprios da entidade
impetrante do writ, exigindo-se, entretanto, que o direito esteja compreendido nas atividades exercidas pelos
associados, mas não se exigindo que o direito seja peculiar, próprio, da classe. (...)"Nesse mesmo sentido: RMS nº
21.514, Rel. Min. Marco Aurélio (DJU 18/06/93, pág. 12111); e RE nº 175.401-0, Rel. Min. Ilmar Galvão.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Por outro lado, ao criar o mandado de segurança coletivo, a CF/88 permite que uma
associação legalmente constituída e em pleno funcionamento há pelo menos um ano impetre
essa ação para a defesa dos interesses de seus associados (Art. 5º, LXX). Nesse inciso LXX, ao
contrário do inciso XXI, não há menção à necessidade de autorização expressa dos respectivos
associados.
Em face dessa distinção de tratamento, o STF firmou o seguinte entendimento: (a) o
inciso XXI contempla hipótese de representação processual, sendo exigida a autorização
expressa dos associados; (b) o inciso LXX contempla hipótese de substituição processual,
sendo dispensada a autorização expressa dos associados.
A respeito da atuação das associações em defesa de seus filiados, merece destaque a
jurisprudência do STF, que entende que as associações não possuem legitimidade para
deduzir interpelação judicial como medida preparatória de ação penal em defesa da honra
de seus associados. Explica-se:
O Art. 144 do Código Penal trata da chamada interpelação judicial nos crimes contra a
honra. Esse instituto nada mais é do que um pedido de explicações em juízo solicitada por
aquele que se achar ofendido. Vejamos o dispositivo legal:
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia,
difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações
em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as
dá satisfatórias, responde pela ofensa.
A interpelação judicial tem caráter facultativo e preparatório para futura e eventual
ação penal decorrente de crimes contra a honra.
De acordo com o STF 2, a legitimidade para promover esse tipo de procedimento é
apenas daquele que se sente ofendido, uma vez que a medida tem caráter personalíssimo, e
não das associações ou de qualquer outro ente coletivo.
Referências Bibliográficas

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado – 15 ed. Método, 2016.

CANOTILHO, J.J. Gomes e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. 2016. Salvador: JusPodivm.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.

EXERCÍCIOS
1. Caso um grupo de profissionais decida pela criação de uma associação, essa criação
independerá de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento.
Certo ( ) Errado ( )

2
Pet 1249 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 20/03/1997, DJ 09-04-1999 PP-00026
EMENT VOL-01945-01 PP-00041

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA - CERTA
A CF dispõe que a criação dessas associações é livre, ou seja, para criar uma
associação não será preciso anuência ou autorização do Estado, sendo ainda
vedada interferência estatal no funcionamento e criação das associações. Ademais,
as associações não precisam de personalidade jurídica para que tenham a
proteção constitucional.
Já a criação de cooperativas também é livre, mas dependerá de lei.

2. À luz do artigo 5.º da CF, julgue o item subsequente.


É plena a liberdade de associação para fins lícitos e permitida a associação de caráter
paramilitar.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
A CF proíbe a criação de associações que tenham finalidade ilícita,
reforçando a proibição de criação de associações com caráter paramilitar. Entende-
se como associação de caráter paramilitar, toda organização paralela ao Estado,
sem legitimidade, com estrutura e organização tipicamente militar. São as facções
criminosas, milícias ou qualquer outra organização que possua fins ilícitos e alheios
aos do Estado.
A finalidade lícita de que trata o direito à associação não está ligada somente
às normas de Direito Penal, mas se estende ao Direito como um todo.

3. À luz do artigo 5.º da CF, julgue o item subsequente.


Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
O direito de reunião não exige autorização da autoridade competente, mas,
tão somente, prévio aviso a essa autoridade; esse aviso prévio, na verdade, tem
por fim dar conhecimento à autoridade competente sobre a realização da reunião,
para que possa a autoridade adotar as medidas necessárias para a regular
realização da reunião (adotar medidas de segurança, por exemplo).
Ademais, a reunião deverá: (I) ser pacífica e sem armas (ofende a
Constituição Federal, por exemplo, a realização de uma reunião de servidores
policiais portando armas de fogo); (II) ocorrer em locais abertos ao público; (III)
não frustrar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local.
Eventuais ilegalidades ou arbitrariedades contra o direito de reunião deverão
ser reprimidas por meio de mandado de segurança, e não por habeas corpus.

4. Em relação à Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item.


A criação de associações independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal
em seu funcionamento.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA - CERTA
A CF dispõe que a criação dessas associações é livre, ou seja, para criar uma
associação não será preciso anuência ou autorização do Estado, sendo ainda
vedada interferência estatal no funcionamento e criação das associações. Ademais,
as associações não precisam de personalidade jurídica para que tenham a
proteção constitucional.
Já a criação de cooperativas também é livre, mas dependerá de lei.

5. Acerca da personalidade jurídica, da hierarquia das normas e dos princípios, direitos e


garantias fundamentais constantes da Constituição Federal de 1988, julgue (C ou E) o
item que se segue.
Dada a garantia constitucional do direito de associação, o vínculo associativo somente
pode ser dissolvido compulsoriamente mediante sentença judicial.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
No caso da dissolução, que importa no encerramento definitivo da associação,
por ser uma medida mais grave, não basta qualquer decisão judicial, tem que ser
transitada em julgado, ou seja, uma decisão judicial definitiva, de que não cabe
mais recurso. Contudo, para a suspensão não é necessário que a decisão tenha
transitado em julgado. (RESERVA DE JURISDIÇÃO)

GABARITO
1. Certa
2. Errada
3. Certa
4. Certa
5. Certa

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................................................................ 2
LIBERDADE DE EXPRESSÃO: ........................................................................................................................... 2
STF E A LIBERDADE INTELECTUAL, ARTÍSTICA, CIENTÍFICA E DE COMUNICAÇÃO:.................................... 3
INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, DA VIDA PRIVADA, DA HONRA E DA IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º,
X DA CF): ........................................................................................................................................................ 4
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR (ART. 5º, XI DA CF): ...................................................................................... 4
STF E A INVIOLABILIDADE DOMICILIAR ..................................................................................................... 5
INVIOLABILIDADE DAS CORRESPONDÊNCIAS E COMUNICAÇÕES (ART. 5º, XII DA CF): ................................ 7
STF E A INVIOLABILIDADE DAS CORRESPONDÊNCIAS E DAS COMUNICAÇÕES:........................................ 8
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 10
GABARITO .................................................................................................................................................... 12

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS FUNDAMENTAIS
LIBERDADE DE EXPRESSÃO:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e
de comunicação, independentemente de censura 1ou licença;
Dessa forma, no Brasil é assegurada a liberdade de expressão, sendo vedada a censura.
Essa vedação é confirmada pelo Art. 220, § 2°, da CF:
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a
informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 2° É vedada toda e qualquer censura de natureza política,
ideológica e artística.
A liberdade de expressão apresenta duas dimensões:
• a) substancial: que consiste no próprio direito de pensar (pluralismo político);
• b) instrumental: que consiste no direito de expor o seu pensamento, de
expressar suas ideias (ex.: direito de reunião).
A liberdade de expressão, assim como a manifestação do pensamento, não são absolutas,
devendo ser exercidas com responsabilidade, pois encontram limites em outros direitos
fundamentais, como, por exemplo, a privacidade e a intimidade das pessoas.
Ademais, de acordo com a jurisprudência do STF, a liberdade de expressão encontra
limites nos chamados discursos de ódio, a fim de se promover o combate ao preconceito e à
intolerância contra minorias estigmatizadas.
A respeito do exercício da liberdade de expressão e manifestação do pensamento, já
decidiu o STF:
• Decisão do STF que vale a pena ser mencionada é a que analisou a
constitucionalidade da “Marcha da Maconha”. De acordo com o Supremo, no
julgamento da ADPF 2 187, o movimento foi legítimo e encontra fundamento na
liberdade de manifestação do pensamento. De acordo com o STF, a mera
proposta de descriminalização de determinado ilícito penal não se confunde
com o ato de incitação à prática do crime, além disso não poderá ser feito o uso
da droga durante a manifestação e não poderá ter a participação de crianças e
adolescentes.
• O STF declarou inconstitucional a exigência de diploma de jornalismo para
ser jornalista, haja vista esta profissão ser um canal essencial para divulgação
do pensamento e da informação.
• Em respeito à liberdade de expressão, entendeu o STF 3 não ser exigível
autorização prévia 4, da pessoa biografada ou de seus familiares, para a
publicação de obras biográficas ou audiovisuais. Destaca-se o trecho do referido
julgado:

1
Art. 220, § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
2
Ação de descumprimento de preceito fundamental - ADPF
3
ADI 4815 – MIN. CÁRMEN LÚCIA

4
Em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e
de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas
literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas).

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Em decorrência do direito à liberdade de expressão, decidiu o STF 5 que é inconstitucional


a proibição de tatuagem a candidato de concurso público, os ministros destacaram que a
tatuagem passou a representar uma autêntica forma de liberdade de manifestação do indivíduo,
pela qual não pode ser punido, sob pena de flagrante violação à CF. Entretanto, em situações
excepcionais poderá ocorrer restrição de pessoas com tatuagens quando o seu conteúdo viole
valores constitucionais. (RE 898.450)
STF E A LIBERDADE INTELECTUAL, ARTÍSTICA, CIENTÍFICA E DE
COMUNICAÇÃO:
• PROGRAMAS HUMORÍSTICOS: Programas humorísticos, charges e modo
caricatural de pôr em circulação ideias, opiniões, frases e quadros espirituosos
compõem as atividades de ‘imprensa’, sinônimo perfeito de ‘informação
jornalística’ (§ 1º do art. 220). Nessa medida, gozam da plenitude de liberdade que
é assegurada pela Constituição à imprensa. Dando-se que o exercício concreto
dessa liberdade em plenitude assegura ao jornalista o direito de expender críticas
a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico ou
irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado.
Respondendo, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao
direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, V. A crítica
jornalística em geral, pela sua relação de inerência com o interesse público, não é
aprioristicamente suscetível de censura. Isso porque é da essência das atividades
de imprensa operar como formadora de opinião pública, lócus do pensamento
crítico e necessário contraponto à versão oficial das coisas, conforme decisão
majoritária do STF na ADPF 130. Decisão a que se pode agregar a ideia de que a
locução ‘humor jornalístico’ enlaça pensamento crítico, informação e criação
artística. (ADI 4.451-MC-REF, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 2-9-2010,
Plenário, DJE de 1º-7-2011.)
• LEI DE IMPRENSA – NÃO RECEPCIONALIDADE: O Plenário do STF, no
julgamento da ADPF 130, declarou como não recepcionado pela Constituição de
1988 todo o conjunto de dispositivos da Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967).
• RELATIVIZAÇÃO DA LIBERDADE: As liberdades públicas não são
incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira harmônica, observados os
limites definidos na própria CF (CF, art. 5º, § 2º, primeira parte). O preceito
fundamental de liberdade de expressão não consagra o 'direito à incitação ao
racismo', dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda
de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra. Prevalência dos
princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica. (HC 82.424,
Rel. p/ o ac. Min. Presidente Maurício Corrêa, julgamento em 17-9-2003,
Plenário, DJ de 19-3-2004.)

5
RE 898450 – Rel. Min. Luiz Fux.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, DA VIDA PRIVADA, DA


HONRA E DA IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º, X DA CF):

Estabelece o texto constitucional que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação (Art. 5º, X).
A respeito desse dispositivo, relevantes as seguintes orientações jurisprudenciais:
a) protege tanto as pessoas naturais como as pessoas jurídicas (exemplo: uma pessoa
jurídica poderá ter a sua imagem violada, fazendo jus à indenização);
b) não se exige, para o fim de indenização por dano moral, a comprovação de efetivo
prejuízo à reputação da vítima (exemplo: a simples utilização indevida da imagem da pessoa
faz nascer o direito à indenização, ainda que desse uso não advenha efetivo prejuízo à
reputação da vítima);
c) a dor, o sofrimento, o constrangimento e o desconforto também são indenizáveis a
título de dano moral (exemplo: o STF reconheceu o direito à indenização por dano moral à
mãe cujo filho foi assassinado nas dependências da prisão, em face da dor sofrida pela perda
desse ente querido; segundo o STF, o atraso injustificado de voo e o extravio de bagagem em
viagens também são indenizáveis a título de dano moral, visto que essas circunstâncias
também trazem desconforto e constrangimento à vítima);
d) em homenagem à dignidade humana, bem assim à inviolabilidade da intimidade, o
indivíduo não está obrigado a se sujeitar ao exame de DNA, como meio de comprovação da
paternidade.
OBS.: QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO E O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO: O TCU
não detém legitimidade para requisitar diretamente informações que importem quebra de
sigilo bancário. Ao reafirmar essa orientação, a 2ª Turma concedeu mandado de segurança a
fim de cassar a decisão daquele órgão, que determinara à instituição bancária e ao seu
presidente a apresentação de demonstrativos e registros contábeis relativos a aplicações em
depósitos interfinanceiros. Entendeu-se que, por mais relevantes que fossem suas funções
institucionais, o TCU não estaria incluído no rol dos que poderiam ordenar a quebra de sigilo
bancário (Lei 4.595/64, Art. 38 e LC 105/2001, Art. 13). Aludiu-se que ambas as normas
implicariam restrição a direito fundamental (CF, Art. 5º, X: são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação), logo, deveriam ser interpretadas restritivamente.
Precedente citado: MS 22801/DF (DJe de 14.3.2008). MS 22934/DF, rel. Min. Joaquim
Barbosa, 17.4.2012. (MS-22934)

INVIOLABILIDADE DOMICILIAR (ART. 5º, XI DA CF):


XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial;

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

Estabelece a Constituição Federal que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial (Art. 5º, XI).
Desse dispositivo, devemos observar algumas considerações. Vejamos
CONCEITO DE CASA: o vocábulo “casa” alcança não só a residência do indivíduo como
também recintos de ordem profissional, tais como o consultório do médico, o escritório do
advogado, as dependências da empresa não franqueadas ao público, os quartos de hotéis etc.;
HIPÓTESES QUE AUTORIZAM A VIOLAÇÃO DOMICILIAR: a penetração sem
consentimento do morador só poderá ocorrer nos casos de flagrante delito (prática atual de
um crime), desastre (incêndio, por exemplo), para prestar socorro (no caso de um acidente
com o morador no interior da casa, por exemplo) ou por ordem judicial (determinação de um
juiz para a execução de um mandado de busca e apreensão, por exemplo);
QUESTÃO TEMPORAL: no caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, a
penetração poderá ser a qualquer hora do dia ou da noite; por ordem judicial somente se
permite a penetração durante o dia;
NECESSIDADE DE ORDEM JUDICIAL – CLÁUSULA DE RESERVA JURISDICIONAL: por
força desse dispositivo, não temos mais a possibilidade de determinação de busca e apreensão
administrativa (uma autoridade fiscal ou policial não poderá, sem o consentimento do
morador e sem autorização judicial, ingressar forçosamente no domicílio para a apreensão de
documentos; um Auditor Fiscal, por exemplo, diante de resistência do empresário, não poderá
adentrar forçosamente nas dependências de determinada empresa, sem ordem judicial, ainda
que tenha conhecimento da prática de graves ilícitos fiscais no interior de suas dependências).
STF E A INVIOLABILIDADE DOMICILIAR
BUSCA E APREENSÃO EM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA: O sigilo profissional
constitucionalmente determinado não exclui a possibilidade de cumprimento de mandado de
busca e apreensão em escritório de advocacia. O local de trabalho do advogado, desde que este
seja investigado, pode ser alvo de busca e apreensão, observando-se os limites impostos pela
autoridade judicial. Tratando-se de local onde existem documentos que dizem respeito a outros

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

sujeitos não investigados, é indispensável a especificação do âmbito de abrangência da medida,


que não poderá ser executada sobre a esfera de direitos de não investigados. Equívoco quanto à
indicação do escritório profissional do paciente, como seu endereço residencial, deve ser
prontamente comunicado ao magistrado para adequação da ordem em relação às cautelas
necessárias, sob pena de tornar nulas as provas oriundas da medida e todas as outras
exclusivamente delas decorrentes.
CONCEITO DE CASA PARA O STF: Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art.
5º, XI, da CF, o conceito normativo de ‘casa’ revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer
aposento de habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende,
observada essa específica limitação espacial, os quartos de hotel. Doutrina. Precedentes. Sem que
ocorra qualquer das situações excepcionais taxativamente previstas no texto constitucional (art.
5º, XI), nenhum agente público poderá, contra a vontade de quem de direito (invito domino),
ingressar, durante o dia, sem mandado judicial, em aposento ocupado de habitação coletiva, sob
pena de a prova resultante dessa diligência de busca e apreensão reputar-se inadmissível,
porque impregnada de ilicitude originária. Doutrina. Precedentes (STF). (RHC 90.376, Rel. Min.
Celso de Mello, julgamento em 3-4-2007, Segunda Turma, DJ de 18-5-2007.)
NECESSIDADE DE ORDEM JUDICIAL – CLÁUSULA DE RESERVA JURISDICIONAL: A
cláusula constitucional da reserva de jurisdição – que incide sobre determinadas matérias, como
a busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), a interceptação telefônica (CF, art. 5º, XII) e a decretação da
prisão de qualquer pessoa, ressalvada a hipótese de flagrância (CF, art. 5º, LXI) – traduz a noção
de que, nesses temas específicos, assiste ao Poder Judiciário, não apenas o direito de proferir a
última palavra, mas, sobretudo, a prerrogativa de dizer, desde logo, a primeira palavra,
excluindo-se, desse modo, por força e autoridade do que dispõe a própria Constituição, a
possibilidade do exercício de iguais atribuições, por parte de quaisquer outros órgãos ou
autoridades do Estado. Doutrina. É que se exprime princípio constitucional da reserva de
jurisdição.
CUMPRIMENTO DE DETERMINAÇÃO JUDICIAL NO PERÍODO NOTURNO: Conforme
orientação do STF, é possível o ingresso na residência no período da noite quando em
cumprimento de determinação judicial para instalar escutas telefônicas. Segundo o STF, a
escuta ambiental não se sujeita, por motivos óbvios, aos mesmos limites de busca domiciliar, sob
pena de frustração da medida, e que, não havendo disposição legal que imponha disciplina
diversa, basta a sua legalidade a circunstanciada autorização judicial. Para o STF, tal
inviolabilidade cederia lugar à tutela constitucional de raiz, instância e alcance superiores
quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime concebido e consumado, sobretudo
no âmbito do seu escritório, sob pretexto de exercício da profissão. Aduziu-se que o sigilo do
advogado não existe para protegê-lo quando cometa crime, mas proteger seu cliente, que tem
direito à ampla defesa, não sendo admissível que a inviolabilidade transforme o escritório no
único reduto inexpugnável de criminalidade. Enfatizou-se que os interesses e valores jurídicos,
que não têm caráter absoluto, representados pela inviolabilidade do domicílio e pelo poder-
dever de punir do Estado, devem ser ponderados e conciliados à luz da proporcionalidade
quando em conflito prático segundo os princípios da concordância. Não obstante a equiparação
legal da oficina de trabalho com o domicílio, julgou-se ser preciso recompor a ratio
constitucional e indagar, para efeito de colisão e aplicação do princípio da concordância prática,
qual o direito, interesse ou valor jurídico tutelado por essa previsão. Tendo em vista ser tal
previsão tendente à tutela da intimidade, da privatividade e da dignidade da pessoa humana,
considerou-se ser, no mínimo, duvidosa, a equiparação entre escritório vazio com domicílio
stricto sensu, que pressupõe a presença de pessoas que o habitem. De toda forma, concluiu-se
que as medidas determinadas foram de todo lícitas por encontrarem suporte normativo explícito
e guardarem precisa justificação lógico-jurídico constitucional, já que a restrição consequente
não aniquilou o núcleo do direito fundamental e está, segundo os enunciados em que desdobra o

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

princípio da proporcionalidade, amparada na necessidade da promoção de fins legítimos de


ordem pública.
PRESCINDIBILIDADE DE MANDADO JUDICIAL PARA BUSCA NO INTERIOR DE
CARROS: Prescinde de mandado judicial a busca por objetos em interior de veículo de
propriedade do investigado fundada no receio de que a pessoa esteja na posse de material que
possa constituir corpo de delito, salvo nos casos em que o veículo é utilizado para moradia,
como é o caso de cabines de caminhão, barcos, trailers. Isso porque, nos termos do Art. 244 do
CPP, a busca nessa situação equipara-se à busca pessoal. HC 216.437-DF, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 20/9/2012.

INVIOLABILIDADE DAS CORRESPONDÊNCIAS E COMUNICAÇÕES


(ART. 5º, XII DA CF):

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações


telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal;
Reza o texto constitucional que é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal (Art. 5º, XII).
Sobre esse dispositivo, temos o seguinte:
a) embora a expressa autorização constitucional seja, apenas, para a violação das
comunicações telefônicas, não se pode afirmar que as demais inviolabilidades são absolutas,
visto que não há direitos e garantias fundamentais de caráter absoluto (assim, tais
inviolabilidades não podem ser invocadas para acobertar práticas ilícitas, como a prática de
um crime; nessas situações, poderá o magistrado autorizar a violação da correspondência, por
exemplo, sem ofensa ao texto constitucional); ademais, vimos que o próprio texto
constitucional autoriza restrições a essas garantias constitucionais nos casos de estado de
defesa e estado de sítio (artigos 136, § 1º; e Art. 139, respectivamente);
b) mesmo no caso das comunicações telefônicas, a sua violação só será possível se
obedecidos os seguintes requisitos: (I) autorização judicial; (II) nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer; (III) somente no âmbito penal, para o fim de instrução processual penal ou
investigação criminal;
c) somente os membros do Poder Judiciário poderão autorizar a interceptação
telefônica; não há possibilidade dessa autorização por ato de autoridade policial, de membro
do Ministério Público, tampouco de comissão parlamentar de inquérito (CPI);
d) ademais, o membro do Poder Judiciário não poderá autorizar a interceptação
telefônica no âmbito de um processo administrativo ou de um processo judicial de natureza
cível (ação popular, ação de improbidade administrativa, ação de indenização por dano moral
etc.); caso o magistrado o faça, estará desrespeitando a Constituição Federal, visto que esta só
permite a interceptação no âmbito penal, para o fim de investigação criminal ou instrução
processual penal;
e) a Lei nº 9.296, de 1996, que regulamenta esse dispositivo constitucional, estabeleceu
também a possibilidade de violação das comunicações realizadas por meio do emprego da
telemática e informática (e-mail, fax, telex etc.); assim, a interceptação das comunicações
realizadas por esses meios segue as mesmas regras constitucionais previstas para a
interceptação das comunicações telefônicas.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

Nota: Até a edição da Lei 9.296/1996, o entendimento do Tribunal era no sentido da


impossibilidade de interceptação telefônica, mesmo com autorização judicial, em investigação
criminal ou instrução processual penal, tendo em vista a não recepção do Art. 57, II, e da Lei
4.117/1962 (Código Brasileiro de Telecomunicações).

STF E A INVIOLABILIDADE DAS CORRESPONDÊNCIAS E DAS


COMUNICAÇÕES:
GRAVAÇÃO TELEFÔNICA FEITA POR UM DOS INTERLOCUTORES: A gravação de
conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente
causa legal de sigilo ou de reserva da conversação não é considerada prova ilícita. (AI 578.858-
AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 4-8-2009, Segunda Turma, DJE de 28-8-2009.) No
mesmo sentido: RE 630.944-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 25-10-2011, Segunda
Turma, DJE de 19-12-2011.
GRAVAÇÃO TELEFÔNICA FEITA POR TERCEIRO COM AUTORIZAÇÃO DE UM DOS
INTERLOCUTORES: Utilização de gravação de conversa telefônica feita por terceiro com a
autorização de um dos interlocutores sem o conhecimento do outro quando há, para essa
utilização, excludente da antijuridicidade. Afastada a ilicitude de tal conduta – a de, por legítima
defesa, fazer gravar e divulgar conversa telefônica ainda que não haja o conhecimento do
terceiro que está praticando crime –, é ela, por via de consequência, lícita e, também
consequentemente, essa gravação não pode ser tida como prova ilícita, para invocar-se o art. 5º,
LVI, da Constituição, com fundamento em que houve violação da intimidade (art. 5º, X, da Carta
Magna). (HC 74.678, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 10-6-1997, Primeira Turma, DJ
de 15-8-1997.)
ANÁLISE DOS ÚLTIMOS REGISTROS TELEFÔNICOS DE APARELHO CELULAR
APREENDIDO: Não há ilegalidade no fato de os policiais, após a prisão em flagrante do
corréu, terem realizado a análise dos últimos registros telefônicos dos dois aparelhos
celulares apreendidos. Não ocorrência. Não se confundem comunicação telefônica e registros
telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. Não se pode interpretar a
cláusula do Art. 5º, XII, da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto registro, depósito
registral. A proteção constitucional é da comunicação de dados, e não dos dados. Art. 6º do
CPP: dever da autoridade policial de proceder à coleta do material comprobatório da prática da
infração penal. Ao proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos devidamente
apreendidos, meio material indireto de prova, a autoridade policial, cumprindo o seu mister,
buscou, unicamente, colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a
materialidade do delito (dessa análise logrou encontrar ligações entre o executor do
homicídio e o ora paciente). Verificação que permitiu a orientação inicial da linha
investigatória a ser adotada, bem como possibilitou concluir que os aparelhos seriam
relevantes para a investigação.
ENCONTRO FORTUITO DE PROVA DA PRÁTICA DE CRIME PUNIDO COM
DETENÇÃO: O STF, como intérprete maior da CR, considerou compatível com o art. 5º, XII e LVI,
o uso de prova obtida fortuitamente através de interceptação telefônica licitamente conduzida,
ainda que o crime descoberto, conexo ao que foi objeto da interceptação, seja punido com

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

detenção. (AI 626.214-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 21-9-2010, Segunda
Turma, DJE de 8-10-2010.) No mesmo sentido: HC 83.515, Rel. Min. Nelson Jobim, julgamento
em 16-9-2004, Plenário, DJ de 4-3-2005. Vide: HC 102.304, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgamento em 25-5-2010, Primeira Turma, DJE de 25-5-2011.
PROVA EMPRESTADA: Prova emprestada. Penal. Interceptação telefônica. Escuta
ambiental. Autorização judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de
delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso
em procedimento administrativo disciplinar, contra outros servidores, cujos eventuais ilícitos
administrativos teriam despontado à colheita dessa prova. Admissibilidade. Resposta afirmativa
a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, XII, da CF e do art. 1º da Lei federal 9.296/1996. (...)
Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais,
judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução
processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a
mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores
cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. (Inq 2.424-QO-QO, Rel. Min.
Cezar Peluso, julgamento em 20-6-2007, Plenário, DJ de 24-8-2007). No mesmo sentido: Inq
2.424-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 25-4-2007, Plenário, DJ de 24-8-2007.
INTERCEPTAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA PELA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA:
A administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina
prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que
respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei 7.210/1984, proceder à
interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da
inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas
ilícitas. (HC 70.814, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1º-3-1994, Primeira Turma, DJ de
24-6-1994.)
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA, SEM ORDEM JUDICIAL, COM POSTERIOR
CONSENTIMENTO DE UM DOS INTERLOCUTORES: Não é válida a interceptação telefônica
realizada sem prévia autorização judicial, ainda que haja posterior consentimento de um dos
interlocutores para ser tratada como escuta telefônica e utilizada como prova em processo
penal. A interceptação telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, sem o
conhecimento dos interlocutores, que depende de ordem judicial, nos termos do inciso XII do
artigo 5º da CF, regulamentado pela Lei n. 9.296/1996. A ausência de autorização judicial para
captação da conversa macula a validade do material como prova para processo penal. A escuta
telefônica é a captação de conversa feita por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos
interlocutores. A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o
consentimento ou a ciência do outro. A escuta e a gravação telefônicas, por não constituírem
interceptação telefônica em sentido estrito, não estão sujeitas à Lei 9.296/1996, podendo ser
utilizadas, a depender do caso concreto, como prova no processo. O fato de um dos interlocutores
dos diálogos gravados de forma clandestina ter consentido posteriormente com a divulgação dos
seus conteúdos não tem o condão de legitimar o ato, pois no momento da gravação não tinha
ciência do artifício que foi implementado pelo responsável pela interceptação, não se podendo
afirmar, portanto, que, caso soubesse, manteria tais conversas pelo telefone interceptado. Não
existindo prévia autorização judicial, tampouco configurada a hipótese de gravação de
comunicação telefônica, já que nenhum dos interlocutores tinha ciência de tal artifício no
momento dos diálogos interceptados, se faz imperiosa a declaração de nulidade da prova, para
que não surta efeitos na ação penal. Precedente citado: EDcl no HC 130.429-CE, DJe
17/5/2010. HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 27/11/2012.
Referências Bibliográficas

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado – 15 ed. Método, 2016.

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

CANOTILHO, J.J. Gomes e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. 2016. Salvador: JusPodivm.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.

EXERCÍCIOS
1. Acerca dos direitos e garantias fundamentais, de acordo com o disposto na Constituição
Federal de 1988 (CF), julgue o próximo item.
A expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação é livre, mas a
lei pode prever casos de censura ou de exigência de licença do poder público para o seu
exercício.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
A liberdade de expressão apresenta duas dimensões:
a) substancial: que consiste no próprio direito de pensar (pluralismo
político);
b) instrumental: que consiste no direito de expor o seu pensamento, de
expressar suas ideias (ex.: direito de reunião).
A liberdade de expressão, assim como a manifestação do pensamento não
são absolutas, devendo ser exercidas com responsabilidade, pois encontram limites
em outros direitos fundamentais, como, por exemplo, a privacidade e a intimidade
das pessoas.
Ademais, de acordo com a jurisprudência do STF a liberdade de expressão
encontra limites nos chamados discursos de ódio, voltadas ao combate do
preconceito e da intolerância contra minorias estigmatizadas.
No Brasil é assegurada a liberdade de expressão, sendo vedada a censura.

2. No que se refere aos elementos e à supremacia da Constituição, aos direitos e às


garantias fundamentais e aos princípios constitucionais da Administração Pública,
julgue o item.
Por ter como finalidade a preservação da privacidade do indivíduo, a tutela
constitucional da inviolabilidade do domicílio não abrange o aposento ocupado de habitação
coletiva ou aquele em que é exercida a atividade profissional.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
Estabelece a Constituição Federal que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial (Art. 5º, XI).
Desse dispositivo, devemos observar o conceito de casa. Vejamos:
CONCEITO DE CASA: o vocábulo “casa” alcança não só a residência do indivíduo como
também recintos de ordem profissional, tais como o consultório do médico, o escritório do
advogado, as dependências da empresa não franqueadas ao público, os quartos de hotéis
etc.;

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

3. Acerca da inviolabilidade domiciliar, julgue o item.


A proteção do domicílio não é absoluta, sendo este passível de violação, ao dia ou à noite,
nas hipóteses de flagrante delito, para prestação de socorro ou, ainda, por determinação
judicial.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
HIPÓTESES QUE AUTORIZAM A VIOLAÇÃO DOMICILIAR: a penetração sem
consentimento do morador só poderá ocorrer nos casos de flagrante delito (prática
atual de um crime), desastre (incêndio, por exemplo), para prestar socorro (no
caso de um acidente com o morador no interior da casa, por exemplo) ou por
ordem judicial (determinação de um juiz para a execução de um mandado de busca
e apreensão, por exemplo);
QUESTÃO TEMPORAL: no caso de flagrante delito, desastre ou para prestar
socorro, a penetração poderá ser a qualquer hora do dia ou da noite; por ordem
judicial somente se permite a penetração durante o dia;
NECESSIDADE DE ORDEM JUDICIAL – CLÁUSULA DE RESERVA
JURISDICIONAL: por força desse dispositivo, não temos mais a possibilidade de
determinação de busca e apreensão administrativa (uma autoridade fiscal ou
policial não poderá, sem o consentimento do morador e sem autorização judicial,
ingressar forçosamente no domicílio para a apreensão de documentos; um Auditor
Fiscal, por exemplo, diante de resistência do empresário, não poderá adentrar
forçosamente nas dependências de determinada empresa, sem ordem judicial,
ainda que tenha conhecimento da prática de graves ilícitos fiscais no interior de
suas dependências).

4. Julgue o item seguinte, relativo à inviolabilidade de domicílio na Constituição Federal de


1988 (CF).
O ingresso em domicílio por autoridade policial, no período noturno, em razão de
flagrante delito exige justificativa prévia e autorização do superior imediato.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
HIPÓTESES QUE AUTORIZAM A VIOLAÇÃO DOMICILIAR: a penetração sem
consentimento do morador só poderá ocorrer nos casos de flagrante delito (prática atual de
um crime), desastre (incêndio, por exemplo), para prestar socorro (no caso de um acidente
com o morador no interior da casa, por exemplo) ou por ordem judicial (determinação de um
juiz para a execução de um mandado de busca e apreensão, por exemplo);
QUESTÃO TEMPORAL: no caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, a
penetração poderá ser a qualquer hora do dia ou da noite; por ordem judicial somente se
permite a penetração durante o dia;
NECESSIDADE DE ORDEM JUDICIAL – CLÁUSULA DE RESERVA JURISDICIONAL: por
força desse dispositivo, não temos mais a possibilidade de determinação de busca e
apreensão administrativa (uma autoridade fiscal ou policial não poderá, sem o
consentimento do morador e sem autorização judicial, ingressar forçosamente no domicílio
para a apreensão de documentos; um Auditor Fiscal, por exemplo, diante de resistência do
empresário, não poderá adentrar forçosamente nas dependências de determinada empresa,
sem ordem judicial, ainda que tenha conhecimento da prática de graves ilícitos fiscais no
interior de suas dependências).

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

5. De acordo com o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item seguinte
a respeito dos direitos e das garantias fundamentais.
É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, telefônicas e de
dados, salvo, no último caso, por ordem administrativa, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
No caso das comunicações telefônicas, a sua violação só será possível se obedecidos
os seguintes requisitos: (I) autorização judicial; (II) nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer; (III) somente no âmbito penal, para o fim de instrução processual penal ou
investigação criminal;
Somente os membros do Poder Judiciário poderão autorizar a interceptação telefônica;
não há possibilidade dessa autorização por ato de autoridade policial, de membro do
Ministério Público, tampouco de comissão parlamentar de inquérito (CPI);
Ademais, o membro do Poder Judiciário não poderá autorizar a interceptação
telefônica no âmbito de um processo administrativo ou de um processo judicial de natureza
cível (ação popular, ação de improbidade administrativa, ação de indenização por dano moral
etc.); caso o magistrado o faça, estará desrespeitando a Constituição Federal, visto que esta
só permite a interceptação no âmbito penal, para o fim de investigação criminal ou instrução
processual penal.

GABARITO
1. ERRADA
2. ERRADA
3. ERRADA
4. ERRADA
5. ERRADA

MUDE SUA VIDA!


12
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITO À PROPRIEDADE................................................................................................................................... 2
DIREITO À PROPRIEDADE............................................................................................................................... 2
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE ............................................................................................................... 2
DESAPROPRIAÇÃO ......................................................................................................................................... 3
DESAPROPRIAÇÃO POR NECESSIDADE OU UTILIDADE PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL ............................. 3
DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO ...................................................................................................................... 4
DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA OU EXPROPRIAÇÃO ......................................................................... 5
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA ..................................................................................................................... 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITO À PROPRIEDADE
DIREITO À PROPRIEDADE
A CF assegura o direito à propriedade de bens móveis, imóveis, materiais e imateriais,
impedindo a intervenção por parte do Estado e dos particulares de forma arbitrária.
Relembra-se que o direito de propriedade é um direito de natureza civil, ou seja, um direito de
primeira geração.
O Art. 1.228 do Código Civil dispõe a respeito dos atributos decorrentes do direito de
propriedade que são: (I) usar; (II) gozar; (III) dispor; (iv) reaver.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
O texto constitucional garante este direito de forma expressa:
XXII - é garantido o direito de propriedade.
Para a maior parte da doutrina, o direito à propriedade, apesar de mesclar elementos de
direito privado, é instituto de DIREITO PÚBLICO, eis que seu fundamento é constitucional.
Esse direito, assim como os demais direitos fundamentais, não é absoluto possuindo
diversas restrições estabelecidas na própria CF e nas legislações infraconstitucionais.
Vejamos:

FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE


Apesar da natureza individual da propriedade, o seu uso deve visar aos interesses da
coletividade. Desse modo, a Constituição exige que a propriedade atenda a sua função social:
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
O respeito à função social da propriedade é condição para o exercício do direito de
propriedade. Ademais, a função social da propriedade é classificada como princípio da ordem
constitucional econômica, no Art. 170, inciso III, e das políticas urbana (Art. 182, §2º), agrícola
e fundiária (Art. 186).
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:
(...)
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo
Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei,
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no
plano diretor. (grifo nosso)
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
preservação do meio ambiente;

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

III - observância das disposições que regulam as relações de


trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores. (grifo nosso)
 STF E O DIREITO DE PROPRIEDADE:
• FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE: O direito de propriedade não se reveste de
caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que,
descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a
intervenção estatal na esfera dominial privada, observados, contudo, para esse
efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria CR. O acesso à
terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e adequado do
imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais disponíveis e a
preservação do meio ambiente constituem elementos de realização da função
social da propriedade. (ADI 2.213-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-
4-2002, Plenário, DJ de 23-4-2004.) No mesmo sentido: MS 25.284, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgamento em 17-6-2010, Plenário, DJE de 13-8-2010.
Pelos dispositivos acima, observa-se que a propriedade urbana atende à sua função
social quando cumpre o plano diretor do Município, enquanto que a propriedade rural
atende à função social quando cumpre os requisitos estabelecidos pela própria CF, como, por
exemplo, a preservação do meio ambiente.
Ressalta-se que caso a propriedade não atenda à sua função social, o Estado poderá
impor sanções que em último caso poderá gerar a desapropriação, a perda da propriedade.

DESAPROPRIAÇÃO
Uma das formas de intervenção do Estado na propriedade se dá por meio da chamada
desapropriação, que ocorre quando o Estado, mediante procedimento específico, transfere
para si propriedade particular. É forma de aquisição originária da propriedade, porque não
decorre de um título anterior.
Existem três modalidades de desapropriação que merecem nossa atenção:
DESAPROPRIAÇÃO POR NECESSIDADE OU UTILIDADE PÚBLICA E
INTERESSE SOCIAL
Esta modalidade de desapropriação é utilizada pelo Estado quando o interesse social ou
a utilidade pública prevalecem sobre o direito individual. Neste tipo de desapropriação,
destaca-se que o proprietário nada fez para merecê-la, contudo, o interesse público exige que
determinada área seja desapropriada. É a aplicação pura e simples do princípio
administrativo da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. É o caso, por
exemplo, da construção de uma rodovia que exige a desapropriação de várias propriedades
para o asfaltamento da via. Vejamos o que diz o texto da Constituição:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
casos previstos nesta Constituição. (grifo nosso)
Esse artigo traz três situações distintas: a) utilidade pública; b) necessidade pública; e c)
interesse social. Vamos ver a diferença entre elas:
 utilidade pública: ocorre para atendimento ao interesse público, por conveniência
social, uma vez que sua utilização trará mais benefícios para a população de modo
geral;

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

 necessidade pública: ocorre da mesma forma que a utilidade pública, mas em


situações de emergência;
 interesse social: ocorre para dirimir as desigualdades sociais, utilizando a
propriedade em benefício, principalmente, das camadas sociais menos favorecidas.
Deve ser destacado que essa modalidade de desapropriação gera direito à indenização
que deve ser paga de forma prévia, em dinheiro e com valor justo.
Qualquer um dos entes federativos (União, estados, municípios e o DF) pode promover
essa modalidade de desapropriação.
IMPORTANTE: de acordo com o Art. 185 da CF, a pequena e média propriedade, se o
proprietário não tiver outra, e a propriedade produtiva, não poderão ser desapropriadas para
fim de reforma agrária:
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma
agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei,
desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva. (grifo nosso)

DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO
Nesta modalidade, o proprietário, por algum motivo, não observou a função social da
propriedade e por isso poderá ter sua propriedade desapropriada. Contudo, a desapropriação
só deve ser aplicada como última medida punitiva, quando outras medidas não foram
atendidas. Por este motivo, é chamada de desapropriação-sanção, haja vista ser uma
verdadeira punição. Segundo a CF, esta desapropriação gera direito à indenização, que deverá
ser prévia, com valor justo, mas não em dinheiro, e sim em títulos da dívida pública ou agrária.
Essa modalidade de desapropriação pode ser tanto da propriedade urbana quanto da
propriedade rural. Vejamos como ocorre cada uma delas:
A desapropriação-sanção do imóvel urbano é chamada de desapropriação urbanística
sancionatória e está prevista no Art. 182, § 4º, III, da CF e nesse caso o ente que vai
desapropriar deverá ser o Município, que indenizará a pessoa que foi desapropriada por meio
de títulos da dívida pública:
Art. 182, § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante
lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos
da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com
prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
(grifo nosso)
A desapropriação-sanção do imóvel rural, chamada de desapropriação rural
sancionatória, está prevista no Art. 184 da Constituição, e se dá por interesse social para fins
de reforma agrária, o ente que deve desapropriar será a União, que indenizará em títulos da
dívida agrária:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para
fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo
sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da
dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de
sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. (grifo nosso)

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA OU EXPROPRIAÇÃO


Essa modalidade de desapropriação, ou apenas expropriação, ocorre quando a
propriedade, mais que violar a função social, acaba por ser utilizada para o cometimento de
crimes. Nesse caso, ocorrerá a desapropriação-confisco ou confiscatória, que tem caráter
sancionatório, pois o proprietário não será indenizado e encontra-se prevista no Art. 243 da
CF:
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do
País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei
serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas
de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e
reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da
lei. (Redação da EC 81/2014)
Alguns autores não consideram a hipótese tratada no artigo 243 da CF como espécie de
desapropriação, mas simplesmente como confisco (ex.: Pedro Lenza).
Incide tanto em propriedades urbanas quanto em áreas rurais, onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo.
A Lei 8.257/1991 regulamenta o procedimento de expropriação, que deve ser feita por
meio de uma ação judicial expropriatória.
As áreas deverão ser destinadas à reforma agrária ou a programas de habitação popular
sem direito à indenização para o proprietário e este poderá ainda ser processado pela prática
de ilícito penal.
Quanto à natureza da responsabilidade do proprietário, decidiu o STF que pode o
proprietário afastar a sua responsabilidade se demonstrar que não incorreu em culpa, ainda
que in vigilando ou in eligendo, ou seja, deve ser aplicada a responsabilidade subjetiva. (RE
635.336)
 in vigilando - falta de atenção com procedimento de outra pessoa.
 in eligendo - má escolha daquele a quem se confia a prática de um ato.
Cultivo ilegal de plantas psicotrópicas. Expropriação. Art. 243 da CF/88.
Regime de responsabilidade. Emenda Constitucional 81/2014. Inexistência de
mudança substancial na responsabilidade do proprietário. Expropriação de caráter
sancionatório. Confisco constitucional. Responsabilidade subjetiva, com inversão de
ônus da prova. Fixada a tese: A expropriação prevista no art. 243 da CF pode ser
afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda
que in vigilando ou in eligendo.
[RE 635.336, rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-12-2016, P, DJE de 15-9-2017,
tema 399.]

REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA
O inciso XXV do artigo 5º prevê a chamada Requisição Administrativa.
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente
poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano;

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

A requisição é a ocupação ou uso temporário, por autoridades públicas, de bens ou


serviços, no caso de iminente perigo público.
Este instituto permite que o uso da propriedade seja limitado, em caráter temporário,
pela necessidade de se solucionar situação de perigo público. Não se trata de uma forma de
desapropriação, pois o dono da propriedade requisitada não a perde, apenas a empresta para
uso público sendo garantido posteriormente, em havendo dano, direito à indenização. É
medida direta e autoexecutória, pois não depende de acordo ou procedimento judicial.
Observa-se que se assegura ao particular uma indenização na hipótese de ocorrência de
dano, não se indeniza o mero uso da propriedade, mas tão somente o dano caso ocorra.
Ademais, a indenização será sempre posterior (ulterior) e nunca anterior, pois não há
como se antever o dano e a sua extensão.
Logo, pode-se afirmar que a requisição é compulsória e a cessão é gratuita.
A requisição pode ser civil ou militar. Militar, por exemplo, em caso de conflito armado
e civil para evitar danos aos bens da coletividade.
Ressalta-se que durante o estado de sítio é possível também a requisição de bens.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento
no Art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes
medidas:
VII - requisição de bens.
Referências Bibliográficas

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Constitucional descomplicado – 15 ed. Método, 2016.

CANOTILHO, J.J. Gomes e outros. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 11. ed. 2016. Salvador: JusPodivm.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2006.

EXERCÍCIOS
1. À luz do artigo 5.º da CF, julgue o item subsequente.
No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior se houver dano.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
A requisição é a ocupação ou uso temporário, por autoridades públicas, de
bens ou serviços, no caso de iminente perigo público.
Este instituto permite que o uso da propriedade seja limitado, em caráter
temporário, pela necessidade de se solucionar situação de perigo público. Não se
trata de uma forma de desapropriação, pois o dono da propriedade requisitada não
a perde, apenas a empresta para uso público sendo garantido posteriormente, em
havendo dano, direito à indenização. É medida direta e autoexecutória, pois não
depende de acordo ou procedimento judicial.
Observa-se que se assegura ao particular uma indenização na hipótese de
ocorrência de dano, não se indeniza o mero uso da propriedade, mas tão somente o
dano caso ocorra.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Ademais, a indenização será sempre posterior (ulterior) e nunca anterior, pois


não há como se antever o dano e a sua extensão.
Logo, pode-se afirmar que a requisição é compulsória e a cessão é gratuita.
A requisição pode ser civil ou militar. Militar, por exemplo, em caso de
conflito armado e civil, para evitar danos aos bens da coletividade.

2. À luz da Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.


O direito de propriedade é constitucionalmente garantido, devendo as propriedades
atender a sua função social.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
Apesar da natureza individual da propriedade, o seu uso deve visar aos
interesses da coletividade. Desse modo, a Constituição exige que a propriedade
atenda a sua função social:
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre
ele, pesa grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que
lhe é inerente (CF, Art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera
dominial privada, observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os
procedimentos fixados na própria CR.

3. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item.


Nos casos de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, não tendo o dever de indenizar o proprietário em caso de dano.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
A requisição é a ocupação ou uso temporário, por autoridades públicas, de
bens ou serviços, no caso de iminente perigo público.
Este instituto permite que o uso da propriedade seja limitado, em caráter
temporário, pela necessidade de se solucionar situação de perigo público. Não se
trata de uma forma de desapropriação, pois o dono da propriedade requisitada não
a perde, apenas a empresta para uso público sendo garantido posteriormente, em
havendo dano, direito à indenização. É medida direta e autoexecutória, pois não
depende de acordo ou procedimento judicial.
Observa-se que se assegura ao particular uma indenização na hipótese de
ocorrência de dano, não se indeniza o mero uso da propriedade, mas tão somente o
dano caso ocorra.
Ademais, a indenização será sempre posterior (ulterior) e nunca anterior, pois
não há como se antever o dano e a sua extensão.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

4. De acordo com a Constituição da República de 1988, julgue o item abaixo.


Desapropriação de terras por motivo de utilidade pública mediante indenização em
dinheiro não é ação prevista, portanto, é considerada ilegal.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
A desapropriação é utilizada pelo Estado quando o interesse social ou a
utilidade pública prevalecem sobre o direito individual. Neste tipo de
desapropriação, destaca-se que o proprietário nada fez para merecê-la, contudo, o
interesse público exige que determinada área seja desapropriada. É a aplicação
pura e simples do princípio administrativo da supremacia do interesse público sobre
o interesse privado. É o caso, por exemplo, da construção de uma rodovia que
exige a desapropriação de várias propriedades para o asfaltamento da via. Vejamos
o que diz o texto da Constituição:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade
ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. (grifo nosso)
Esse artigo traz três situações distintas (expressos na CF): a) utilidade
pública; b) necessidade pública; e c) interesse social. Vamos ver a diferença entre
elas:
Utilidade pública: ocorre para atendimento ao interesse público, por
conveniência social, uma vez que sua utilização trará mais benefícios para a
população de modo geral;
Necessidade pública: ocorre da mesma forma que a utilidade pública, mas
em situações de emergência;
Interesse social: ocorre para dirimir as desigualdades sociais, utilizando a
propriedade em benefício, principalmente, das camadas sociais menos favorecidas.

5. Apesar de a propriedade ser protegida pela CF, admite-se o uso pela administração
pública de propriedade particular em caso de iminente perigo público.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
A requisição é a ocupação ou uso temporário, por autoridades públicas, de
bens ou serviços, no caso de iminente perigo público.
Este instituto permite que o uso da propriedade seja limitado, em caráter
temporário, pela necessidade de se solucionar situação de perigo público. Não se
trata de uma forma de desapropriação, pois o dono da propriedade requisitada não
a perde, apenas a empresta para uso público sendo garantido posteriormente, em
havendo dano, direito à indenização. É medida direta e autoexecutória, pois não
depende de acordo ou procedimento judicial.
Observa-se que se assegura ao particular uma indenização na hipótese de
ocorrência de dano, não se indeniza o mero uso da propriedade, mas tão somente o
dano caso ocorra.
Ademais, a indenização será sempre posterior (ulterior) e nunca anterior, pois
não há como se antever o dano e a sua extensão.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

6. A desapropriação, autorizada pela CF e prevista no ordenamento jurídico, poderá ter


como fundamento causas diversas. Nesse sentido, a construção de uma rodovia, a
proteção das camadas menos favorecidas da sociedade e uma situação emergencial
podem ser classificadas, respectivamente, como hipóteses de: utilidade pública,
interesse social e necessidade pública.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTA
Uma das formas de intervenção do Estado na propriedade se dá por meio da
chamada desapropriação, que ocorre quando o Estado, mediante procedimento
específico, transfere para si propriedade particular. É forma de aquisição
originária da propriedade, porque não decorre de um título anterior.
Existem três modalidades de desapropriação que merecem nossa atenção:
Desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse
social
Utilidade pública: ocorre para atendimento ao interesse público, por
conveniência social, uma vez que sua utilização trará mais benefícios para a
população de modo geral;
Necessidade pública: ocorre da mesma forma que a utilidade pública, mas
em situações de emergência;
Interesse social: ocorre para dirimir as desigualdades sociais, utilizando a
propriedade em benefício, principalmente, das camadas sociais menos favorecidas.

GABARITO
1. Certa
2. Certa
3. Errada
4. Errada
5. Certa
6. Certa

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITO À PROPRIEDADE................................................................................................................................... 2
IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA ................................................................................................. 2
RESUMO: ................................................................................................................................................... 2
PROPRIEDADE IMATERIAL – PROPRIEDADE INTELECTUAL............................................................................ 2
PROPRIEDADE AUTORAL ........................................................................................................................... 3
PROPRIEDADE INDUSTRIAL ....................................................................................................................... 3
RESUMO: ................................................................................................................................................... 4
DIREITO À HERANÇA ...................................................................................................................................... 4
RESUMO: ................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITO À PROPRIEDADE
IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA
A Constituição, no Art. 5o, inciso XXVI, consagra uma forma de proteção à pequena
propriedade rural, chamada de bem de família, afirmando que ela não pode ser objeto de
penhora para garantia de dívidas, débitos decorrentes da atividade da propriedade. Vejamos:
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.
Cumpre observar que a proteção é para uma modalidade específica de propriedade, de
modo que para sua prova é preciso atentar aos requisitos estabelecidos no inciso, quais sejam:
 Pequena propriedade rural – a propriedade para ser impenhorável deve ser
pequena e rural, não se trata de qualquer propriedade.
 Trabalhada pela família – a propriedade deve ser explorada pelo agricultor e sua
família, sem empregados, ainda que seja possível a eventual ajuda de terceiros.
 Débitos decorrentes da atividade produtiva – para que a propriedade não seja
penhorada, necessariamente o débito deve decorrer da atividade produtiva do
imóvel rural.

PEQUENA
SEM EMPREGADOS ATIVIDADE
PROPRIEDADE
HABITUAIS PRODUTIVA
RURAL
TRABALHADO PELA
FAMÍLIA

RESUMO:
 O inciso XXVI abre uma exceção à regra da penhorabilidade dos bens dados em
garantia de financiamentos. Como o pequeno proprietário subsiste do que colhe e
produz em sua terra, tolerar a penhora desta para o pagamento de dívidas seria o
mesmo que condenar o pequeno colono à fome ou à marginalização das favelas nas
cidades.
 Para isso, o constituinte fixou que a pequena propriedade rural não é penhorável,
pedindo, para isso, quatro requisitos: a) a propriedade deve ser classificada como
pequena nos termos da lei; b) deve ser produtiva; c) deve produzir a partir do
trabalho familiar, exclusivamente; d) finalmente, a origem da dívida deve ter sido
financiamento da atividade produtiva da propriedade. Como, nessas condições,
dificilmente um pequeno colono obteria crédito agrícola em bancos, manda o
inciso que a lei disponha sobre a forma como será viabilizado o financiamento da
produção nessas propriedades.

PROPRIEDADE IMATERIAL – PROPRIEDADE INTELECTUAL


Além das propriedades sobre bens materiais, a Constituição também consagra normas
de proteção sobre a propriedade de bens imateriais, intelectuais. A propriedade intelectual
abrange: (I) a propriedade autoral e (II) a propriedade industrial.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

PROPRIEDADE AUTORAL
A propriedade autoral encontra-se protegida nos incisos XXVII e
XXVIII do artigo 5º:

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
desportivas; 

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras
que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e
às respectivas representações sindicais e associativas. 

Os incisos em análise garantem ao autor exclusividade de direitos de utilização,
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros. A possibilidade de
transmissão aos herdeiros qualifica o direito autoral como sendo VITALÍCIO, contudo, após o
falecimento do autor, o direito é limitado pela Lei 9.610/98 1, para os herdeiros, que
estabelece o prazo de 70 anos. Após esse prazo, o direito cai em domínio público, podendo
ser livremente explorado, ou seja, para o autor o direito autoral é vitalício, mas após a sua
morte, para os herdeiros, esse direito passa a ser temporário.
Ademais, caso o autor não tenha herdeiros, após o seu falecimento, o direito autoral
pertencerá ao domínio público 2.
Destaca-se a Súmula 386 do STF:
Pela execução de obra musical por artistas remunerados é devido direito
autoral, não exigível quando a orquestra for de amadores.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Já a propriedade industrial encontra-se protegida no inciso XXIX: 

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio
temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País. 

Diferentemente do direito autoral, a propriedade industrial é um privilégio
TEMPORÁRIO. A lei a que se refere o artigo é a Lei 9.279/1996 e, de acordo com ela, o prazo
do privilégio previsto na CF pode variar de 7 a 20 anos.
Uma relação muito interessante entre a propriedade autoral e a industrial está no tempo
de proteção previsto na Constituição.
Cumpre observar que na propriedade autoral, o direito do autor é vitalício, tendo em
vista a previsão de possibilidade de transmissão desses direitos aos herdeiros. Contudo,
quando nas mãos dos sucessores, a proteção será pelo tempo que a lei fixar, ou seja,

1
Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a
ordem sucessória da lei civil.
Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude o caput deste artigo.
2
Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais, pertencem
ao domínio público:
I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores;

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

temporário. Já na propriedade industrial, a proteção do próprio autor já possui caráter


temporário.

RESUMO:
 O direito autoral é uma das formas de propriedade garantidas pela Constituição. O
resultado material da exploração da obra do autor é auferido por ele
vitaliciamente. Com a sua morte, esses direitos passam aos herdeiros (cônjuge,
pais ou filhos), caso em que serão desfrutados também de forma vitalícia. Se,
contudo, tais herdeiros forem distantes, a sucessão nesses direitos se dará por
prazo determinado, que a lei informa ser, hoje, de 70 anos, a contar de 1° de
janeiro do ano seguinte à morte do autor.
 Obras coletivas quer dizer uma peça de teatro, um filme, uma novela, uma
atividade desportiva coletiva. As pessoas que participam da realização dessas
obras têm direito constitucional de receber remuneração por essa participação, na
medida dela. E extensão desse direito à reprodução da imagem e voz humanas
reconhece a importância dos trabalhos de certas pessoas na mídia, como os
narradores e locutores esportivos, cuja presença em um ou em outro canal
significa um aumento de qualidade e de arrecadação pelas emissoras. A segunda
alínea estabelece o direito de tais participantes de fiscalizar o resultado econômico
das obras de que participarem, de forma a não haver burla no cálculo do direito
autoral a que fazem jus.
 A definição do que seja invento industrial ou criação industrial é matéria do Código
Nacional de Propriedade Industrial, em fase final de tramitação no Congresso
Nacional, pelo que não vamos tratar aqui desses conceitos. Apenas importa, para
os objetivos dessa obra, fixar que o que for invento industrial terá uma proteção
temporária, não vitalícia. Isso se justifica. Como o progresso tecnológico e sua
importância para a humanidade dependem, em grande medida, de se conhecer
determinados inventos e, partindo deles, obterem-se inventos melhores, o
constituinte resolveu impor uma proteção apenas temporária, para que o inventor,
por meio do recebimento de royalties, seja remunerado pelo seu talento e atividade
intelectual empregados na invenção.
 Depois desse prazo, contudo, o invento cai no domínio comum, para acesso de
qualquer pessoa. O mesmo não acontece com as criações industriais, as marcas, os
nomes de empresas e seus símbolos, que são propriedade perene dos seus
detentores. É razoável a disciplina, já que o maior ou menor valor da marca ou do
nome de uma empresa tem relação direta com a qualidade de seus produtos, o que
justifica o interesse da empresa em aprimorá-los e o interesse do Estado em
proteger essa propriedade.

DIREITO À HERANÇA
O direito à herança permite a transferência - sucessão - dos bens acumulados em vida
aos herdeiros.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

A CF assegura esse direito de forma expressa:

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

XXX - é garantido o direito de herança; 



XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do
de cujus. 


RESUMO:
 Herança é o patrimônio do falecido, o conjunto de seus direitos e deveres. Com a
morte do titular, chamado por alguns de de cujus e por outros de autor da herança,
esse conjunto se transfere, no momento exato do falecimento, aos herdeiros
legítimos e testamentários do morto, segundo lição precisa de Sílvio Rodrigues.
Essa sucessão pode dar-se de duas maneiras: decorrendo de disposições de última
vontade (testamento), é chamada sucessão testamentária; decorrendo da lei, é dita
sucessão legítima.
 Um bem (como um imóvel) de brasileiros, situado no Brasil, terá sempre a sua
sucessão regulada pela lei brasileira. Um bem de estrangeiro, contudo, situado no
Brasil, abre ao cônjuge sobrevivente e aos seus filhos, desde que brasileiros, o
direito de escolher entre a lei brasileira e a lei do País de origem do cônjuge
falecido para regular a sucessão, podendo aplicar aqui qualquer das duas,
escolhendo a que lhes seja mais favorável. Segundo Maria Helena Diniz, o termo
sucessão indica o fato de uma pessoa inserir-se na titularidade de uma relação
jurídica que lhe advém de uma outra pessoa, ou, de outra forma, fazer-se titular de
direitos e obrigações que não eram seus.

EXERCÍCIOS
1. O direito autoral sobre obras intelectuais cai em domínio público com o falecimento do
autor, ainda que ele deixe herdeiros.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
O direito autoral é uma das formas de propriedade garantidas pela
Constituição. O resultado material da exploração da obra do autor é auferido por
ele vitaliciamente. Com a sua morte, esses direitos passam aos herdeiros (cônjuge,
pais ou filhos), caso em que serão desfrutados também de forma vitalícia. Se,
contudo, tais herdeiros forem distantes, a sucessão nesses direitos se dará por
prazo determinado, que a lei informa ser, hoje, de 70 anos, a contar de 1° de
janeiro do ano seguinte à morte do autor.

2. A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA - CERTA
Diferentemente do direito autoral, a propriedade industrial é um privilégio
TEMPORÁRIO. A lei a que se refere o artigo é a Lei 9.279/1996 e, de acordo com
ela, o prazo do privilégio previsto na CF pode variar de 7 a 20 anos.
Uma relação muito interessante entre a propriedade autoral e a industrial está
no tempo de proteção previsto na Constituição.
Cumpre observar que na propriedade autoral, o direito do autor é vitalício,
tendo em vista a previsão de possibilidade de transmissão desses direitos aos
herdeiros. Contudo, quando nas mãos dos sucessores, a proteção será pelo tempo
que a lei fixar, ou seja, temporário. Já na propriedade industrial, a proteção do
próprio autor já possui caráter temporário.

3. A pequena propriedade rural, desde que trabalhada pela família, usufrui de


impenhorabilidade no que se refere ao pagamento dos débitos decorrentes de sua
atividade produtiva.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA CERTA
A Constituição, no Art. 5o, inciso XXVI, consagra uma forma de proteção à
pequena propriedade rural, chamada de bem de família, afirmando que ela não
pode ser objeto de penhora para garantia de dívidas, débitos decorrentes da
atividade da propriedade. Vejamos:
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de
débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
meios de financiar o seu desenvolvimento.
Cumpre observar que a proteção é para uma modalidade específica de
propriedade, de modo que para sua prova é preciso atentar aos requisitos
estabelecidos no inciso, quais sejam:
Pequena propriedade rural – a propriedade para ser impenhorável deve
ser pequena e rural, não se trata de qualquer propriedade.
Trabalhada pela família – a propriedade deve ser explorada pelo agricultor
e sua família, sem empregados, ainda que seja possível a eventual ajuda de
terceiros.
Débitos decorrentes da atividade produtiva – para que a propriedade não
seja penhorada, necessariamente o débito deve decorrer da atividade produtiva do
imóvel rural.

4. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de


suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA CERTA
O direito autoral é uma das formas de propriedade garantidas pela Constituição. O
resultado material da exploração da obra do autor é auferido por ele vitaliciamente. Com a
sua morte, esses direitos passam aos herdeiros (cônjuge, pais ou filhos), caso em que serão
desfrutados também de forma vitalícia. Se, contudo, tais herdeiros forem distantes, a
sucessão nesses direitos se dará por prazo determinado, que a lei informa ser, hoje, de 70
anos, a contar de 1° de janeiro do ano seguinte à morte do autor. (LEI)

5. A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será sempre regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADA
Um bem (como um imóvel) de brasileiros, situado no Brasil, terá sempre a
sua sucessão regulada pela lei brasileira. Um bem de estrangeiro, contudo, situado
no Brasil, abre ao cônjuge sobrevivente e aos seus filhos, desde que brasileiros, o
direito de escolher entre a lei brasileira e a lei do País de origem do cônjuge
falecido para regular a sucessão, podendo aplicar aqui qualquer das duas,
escolhendo a que lhes seja mais favorável. Segundo Maria Helena Diniz, o termo
sucessão indica o fato de uma pessoa inserir-se na titularidade de uma relação
jurídica que lhe advém de uma outra pessoa, ou, de outra forma, fazer-se titular de
direitos e obrigações que não eram seus.

GABARITO
1. ERRADA
2. CERTA
3. CERTA
4. CERTA
5. ERRADA

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS .......................................................................................... 2
DIREITOS DE SEGURANÇA – GARANTIAS INDIVIDUAIS ................................................................................. 2
DIREITO DE PETIÇÃO E CERTIDÕES ................................................................................................................ 2
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO ....................................................................................... 2
JUIZ NATURAL ................................................................................................................................................ 4
PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL ........................................................................................................... 5
GRATUIDADE DAS CERTIDÕES DE NASCIMENTO E DE ÓBITO ................................................................... 5
DEFESA DO CONSUMIDOR ............................................................................................................................ 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS


DIREITOS DE SEGURANÇA – GARANTIAS INDIVIDUAIS
DIREITO DE PETIÇÃO E CERTIDÕES
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento
de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
A CF assegura independentemente do pagamento de taxas dois direitos, que são
verdadeiros remédios administrativos: (i) direito de petição e o (ii) de obtenção de certidões.
O direito de petição é uma garantia dada aos indivíduos para que eles possam, em
interesse próprio ou coletivo ou geral, realizar duas coisas:
 levar ao conhecimento dos Poderes Públicos uma situação de ilegalidade ou abuso
de poder;
 para defesa de direitos contra o próprio Estado.
Trata-se de um direito universal, na medida em que qualquer pessoa pode utilizá-lo
(nacional, estrangeira, física ou jurídica), sem a necessidade de advogado.
É exemplo de direito de petição o direito de obter vista ou cópia de processos.
ATENÇÃO: não confundir com direito de ação.
O direito de certidão serve também para a defesa de direitos, contudo sua finalidade é
para esclarecimento de situações de interesse pessoal do requerente.
É preciso demonstrar a finalidade da certidão? DIVERGÊNCIA!
Posição dominante – não precisa demonstrar a finalidade.
Caso o direito de petição ou o de certidão sejam violados, por ilegalidade ou abuso de
poder o remédio constitucional cabível é o Mandado de Segurança.

PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO


Este princípio, também conhecido como Princípio do Livre Acesso ao Poder Judiciário ou
Direito de Ação, garante às pessoas, físicas ou jurídicas, o acesso direto ao Poder Judiciário,
sempre que alguém se sentir ameaçado ou tiver lesionado o seu direito.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Assim prevê a Constituição Federal:


XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
Convém perceber que a proteção possui sentido duplo: lesão ou ameaça a direitos.
Significa dizer que a garantia pode ser utilizada tanto de forma preventiva como de forma
repressiva, tanto para prevenir a ofensa a direito como para reprimir a ofensa já cometida.
Contudo, nem todas as controvérsias podem ser submetidas à apreciação do Poder
Judiciário, como, por exemplo: a decisão do Senado no processo de impeachment; o mérito
administrativo; as decisões privativas das Casas Legislativas, aqueles atos interna corporis.
Também decorre deste princípio a ideia de que não é necessário o esgotamento das
vias administrativas para ingressar com uma demanda no Poder Judiciário, uma vez que
como regra, não existe a chamada instância administrativa de cunho forçado ou “jurisdição
condicionada.
Quanto ao acesso ao Judiciário independente do esgotamento das vias administrativas,
temos algumas circunstâncias em que se exige o esgotamento das instâncias administrativas
ou pelo menos a utilização inicial delas, vejamos:
 Justiça Desportiva – para que se admita no Poder Judiciário uma ação relativa às
competições desportivas, é preciso o esgotamento da instância administrativa junto
à Justiça Desportiva. É o que prevê o Art. 217, § 1º, da CF:
Art. 217, § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as
instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
 Compromisso arbitral – A Lei 9.307/96 prevê que as partes, quando em
discussão patrimonial, poderão optar pela arbitragem como forma de resolução de
conflito. Nesse caso, a discussão nem poderá ser levada a conhecimento do juiz,
que deverá extinguir o processo sem nem analisar o mérito.
 Habeas data – O artigo 8º da Lei 9.507/97 exige, para impetração do habeas data,
a comprovação da recusa ao acesso à informação. Nesse caso, não é preciso
aguardar o esgotamento da instância administrativa, apenas o requerimento
administrativo já é suficiente para autorizar o ajuizamento da Ação Judicial.
Vejamos a súmula nº 2 do STJ:
Não cabe habeas data se não houve recusa de informações por parte da
autoridade administrativa.

 Reclamação: só é cabível reclamação ao STF em face de ato administrativo ou de


omissão da Administração Pública que contrarie Súmula Vinculante, após o
esgotamento das instâncias administrativas. Lei 11.417/2006
 Benefício previdenciário: ação judicial requerendo a concessão de benefício
previdenciário. O requerimento de benefício previdenciário deve ser feito ao INSS,
pela via administrativa. Segundo o STF, só depois da requisição administrativa é
que se admite que seja ajuizada ação judicial requerendo a concessão de benefício
previdenciário.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Destaca-se ainda a orientação do STF no sentido de entender como sendo


inconstitucional, por violar o livre acesso ao Poder Judiciário, o cálculo do valor da taxa
judiciária sem limite sobre o valor da causa.
Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária
calculada sem limite sobre o valor da causa.
[Súmula 667.]

E, ainda, de acordo com a Súmula Vinculante 28:


É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de
admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de
crédito tributário.

JUIZ NATURAL
A imparcialidade do Poder Judiciário e a segurança do povo contra o arbítrio estatal são
garantidas pelo princípio do juiz natural ou juiz legal, previsto em dois incisos do Art. 5º da
CF, vejamos:
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Significa dizer que em um processo, seja ele judicial ou administrativo, só será válida a
decisão proferida por quem detenha competência para tanto. Por exemplo: sendo um
processo de natureza penal, quem deverá proferir sentença será o juiz da vara criminal, não
podendo ser o juiz da Justiça do Trabalho, pois esse não tem competência para tal atribuição.
A vedação da criação de juízo ou tribunal de exceção (ad hoc) significa que não se pode
de forma arbitrária criar tribunais para julgamento de um caso específico ou ainda criar um
tribunal após o caso que se pretenda julgar.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL


GRATUIDADE DAS CERTIDÕES DE NASCIMENTO E DE ÓBITO
A Constituição traz expressamente que:
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma
da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
Cumpre observar que o texto Constitucional condiciona o benefício da gratuidade do
registro de nascimento e da certidão de óbito apenas para os reconhecidamente pobres.
Entretanto, a Lei 6.015/73 (registros públicos), alterada pela Lei 9.534/1997, estendeu esse
direito a todos, independentemente de sua situação econômica:
Art. 30 - Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil de
nascimento e pelo assento de óbito, bem como pela primeira
certidão respectiva.
§ 1º Os reconhecidamente pobres estão isentos de pagamento de
emolumentos pelas demais certidões extraídas pelo cartório de
registro civil.
O STF entendeu pela constitucionalidade desse dispositivo, pois a certidão de
nascimento e a de óbito são documentos necessários ao exercício da cidadania, e a CF
assegura a gratuidade desses documentos 1.
LXXVII-são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na
forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.
(grifo nosso)

DEFESA DO CONSUMIDOR
A CF determina que o Estado deverá promover a defesa do consumidor.
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor;
Esse direito é tão importante que também foi elencado como princípio da ordem
econômica (Art. 170, V da CF):
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor;

1
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício
da cidadania.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.
Por tratar-se de norma de eficácia limitada, o exercício desse direito foi assegurado com
a edição do Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90, que assegura diversos
instrumentos de proteção ao consumidor, especialmente em virtude de sua hipossuficiência.

EXERCÍCIOS
1. (CESPE/2016) O direito de petição configura instrumento de controle administrativo:
por meio dele, assegura-se a qualquer pessoa a defesa de direitos, individuais ou
coletivos, bem como o direito de peticionar contra ilegalidade ou abuso de poder,
perante autoridade administrativa competente de qualquer dos poderes constituídos.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: CERTO
O direito de petição é uma garantia dada aos indivíduos para que eles
possam, em interesse próprio ou coletivo ou geral, realizar duas coisas:
- levar ao conhecimento dos Poderes Públicos uma situação de ilegalidade ou
abuso de poder;
-para defesa de direitos contra o próprio Estado.
Trata-se de um direito universal, na medida em que qualquer pessoa pode
utilizá-lo (nacional, estrangeira, física ou jurídica), sem a necessidade de advogado.
É exemplo de direito de petição o direito de obter vista ou cópia de processos.
ATENÇÃO: não confundir com direito de ação.
O direito de certidão serve também para a defesa de direitos, contudo sua
finalidade é para esclarecimento de situações de interesse pessoal do requerente.
É preciso demonstrar a finalidade da certidão? DIVERGÊNCIA!
Posição dominante – não precisa demonstrar a finalidade.
Caso o direito de petição ou o de certidão sejam violados, por ilegalidade ou
abuso de poder, o remédio constitucional cabível é o Mandado de Segurança.

2. (CESPE/2016) Dada a garantia constitucional de acesso à justiça, é vedada a exigência


de prévio ingresso pelas vias extrajudiciais como requisito para o acesso ao Poder
Judiciário, não sendo extensível, tal vedação, às ações relativas às competições
desportivas.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA: CERTO
O princípio da inafastabilidade de jurisdição garante às pessoas, físicas ou
jurídicas, o acesso direto ao Poder Judiciário, sempre que alguém se sentir
ameaçado ou tiver lesionado o seu direito.
Assim prevê a Constituição Federal:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito;
Convém perceber que a proteção possui sentido duplo: lesão ou ameaça a
direitos. Significa dizer que a garantia pode ser utilizada tanto de forma
preventiva como de forma repressiva, tanto para prevenir a ofensa a direito
como para reprimir a ofensa já cometida.
Contudo, nem todas as controvérsias podem ser submetidas à apreciação do
Poder Judiciário, como, por exemplo: a decisão do Senado no processo de
impeachment; o mérito administrativo; as decisões privativas das Casas Legislativas,
aqueles atos interna corporis.
Também decorre deste princípio a ideia de que não é necessário o
esgotamento das vias administrativas para ingressar com uma demanda no
Poder Judiciário, uma vez que como regra, não existe a chamada instância
administrativa de cunho forçado ou jurisdição condicionada.
Quanto ao acesso ao Judiciário independente do esgotamento das vias
administrativas, temos algumas circunstâncias em que se exige o esgotamento das
instâncias administrativas ou pelo menos a utilização inicial delas, vejamos:
Justiça Desportiva – para que se admita no Poder Judiciário uma ação
relativa às competições desportivas, é preciso o esgotamento da instância
administrativa junto à Justiça Desportiva. É o que prevê o Art. 217, § 1º, da CF.

3. (CESPE/2018) Ninguém será processado nem sentenciado, senão pela autoridade


competente, em respeito ao princípio constitucional do juiz natural.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: CERTO
A imparcialidade do Poder Judiciário e a segurança do povo contra o arbítrio
estatal são garantidas pelo princípio do juiz natural ou juiz legal.
Significa dizer que em um processo, seja ele judicial ou administrativo, só
será válida a decisão proferida por quem detenha competência para tanto. Por
exemplo: sendo um processo de natureza penal, quem deverá proferir sentença
será o juiz da vara criminal, não podendo ser o juiz da Justiça do Trabalho, pois
esse não tem competência para tal atribuição.
A vedação da criação de juízo ou tribunal de exceção (ad hoc) significa que
não se pode de forma arbitrária criar tribunais para julgamento de um caso
específico ou ainda criar um tribunal após o caso que se pretenda julgar.

4. (CESPE/2012) A gratuidade do registro civil de nascimento e da certidão de casamento


é direito de todas as pessoas.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA: ERRADO
A Constituição traz expressamente que:
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
Cumpre observar que o texto Constitucional condiciona o benefício da
gratuidade do registro de nascimento e da certidão de óbito apenas para os
reconhecidamente pobres. Entretanto, a Lei 6.015/73 (registros públicos), alterada
pela Lei 9.534/1997, estendeu esse direito a todos, independentemente de sua
situação econômica:
Art. 30 - Não serão cobrados emolumentos pelo registro civil de nascimento e
pelo assento de óbito, bem como pela primeira certidão respectiva.
§ 1º Os reconhecidamente pobres estão isentos de pagamento de
emolumentos pelas demais certidões extraídas pelo cartório de registro civil.
O STF entendeu pela constitucionalidade desse dispositivo, pois a certidão de
nascimento e a de óbito são documentos necessários ao exercício da cidadania, e a
CF assegura a gratuidade desses documentos 2.
LXXVII-são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da
lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. (grifo nosso)

5. (CESPE/2016) É dever do Estado promover a defesa dos direitos do consumidor na


forma da lei.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: CERTO
A CF determina que o Estado deverá promover a defesa do consumidor.
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
Por tratar-se de norma de eficácia limitada, o exercício desse direito foi
assegurado com a edição do Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90, que
assegura diversos instrumentos de proteção ao consumidor, especialmente em
virtude de sua hipossuficiência.

GABARITO
1. Certo
2. Certo
3. Certo
4. Errado
5. Certo

2
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício
da cidadania.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS .......................................................................................... 2
DIREITOS DE SEGURANÇA – GARANTIAS INDIVIDUAIS ................................................................................. 2
CONCEITO .................................................................................................................................................. 2
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA NAS RELAÇÕES JURÍDICAS – IRRETROATIVIDADE DA LEI .................................. 2
DIREITO ADQUIRIDO .................................................................................................................................. 2
ATO JURÍDICO PERFEITO............................................................................................................................ 3
COISA JULGADA ......................................................................................................................................... 3
DEVIDO PROCESSO LEGAL ............................................................................................................................. 4
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE .......................................................................... 4
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA ............................................................................................................... 5
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO........................................................................................................................ 6
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.............................................................................................................. 7
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 8
GABARITO .................................................................................................................................................... 10

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS


DIREITOS DE SEGURANÇA – GARANTIAS INDIVIDUAIS
CONCEITO
A CF assegura de forma genérica o direito à segurança no caput do seu Art. 5o. A
segurança a que se refere a Constituição não é a segurança pública (polícia), mas sim a
segurança nas relações jurídicas, sejam elas de natureza processual ou não. São também
chamadas de garantias individuais. Essas garantias podem estar relacionadas: (i) à
segurança jurídica; (ii) a garantias de natureza penal; (iii) a garantias de natureza processual.

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA NAS RELAÇÕES JURÍDICAS –


IRRETROATIVIDADE DA LEI
Esse princípio tem como objetivo garantir a estabilidade das relações jurídicas,
impedindo que o Estado adote leis retroativas em prejuízo dos indivíduos. A referida regra se
aplica a todo e qualquer ato normativo infraconstitucional, ou seja, uma lei ordinária,
complementar, de ordem pública ou dispositiva 1. Vejamos o que diz a Constituição:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada;
Em linhas gerais, podemos assim conceituar os três institutos mencionados:

DIREITO ADQUIRIDO
Direito Adquirido: é o direito já incorporado ao patrimônio do titular, ou seja, se um
indivíduo preenche todos os requisitos para a aquisição de um determinado direito sob a
vigência de uma lei, caso uma lei posterior altere esse direito, em prejuízo do indivíduo, essa
lei nova não poderá retirar-lhe o direito, então adquirido. Destaca-se que o direito não
precisa ter sido exercido para ser considerado como adquirido.
Não se devem confundir as hipóteses de direito adquirido com expectativa de direito,
esta se refere à possibilidade de adquirir um determinado direito previsto em lei, enquanto
aquela é a aquisição efetiva do direito por meio da implementação de todos os requisitos
legais vigentes.
O STF entende não existir direito adquirido nas seguintes situações:

1
RE 204.769/RS.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Uma nova Constituição – Poder Constituinte originário. Obs.: tem direito adquirido em
face de emenda constitucional.
Mudança de moeda – padrão monetário.
Criação ou aumento de tributos.
Mudança de regime jurídico-estatutário.
CUIDADO: a respeito de vantagens pessoais adquiridas por servidores públicos, já
decidiu o STF que a revogação por lei posterior viola o direito adquirido:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO.
QUINQUÊNIO. LEI NOVA. EXTINÇÃO DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. DIREITO
ADQUIRIDO. PRECEDENTES. 1. O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido de
que a lei nova não pode revogar vantagem pessoal já incorporada ao patrimônio do servidor sob
pena de ofensa ao direito adquirido. 2. A verificação, no caso concreto, da ocorrência, ou não, de
violação do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada situa-se no campo
infraconstitucional. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AI 762863 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 20/10/2009, DJe-
213 DIVULG 12-11-2009 PUBLIC 13-11-2009 EMENT VOL-02382-11 PP-02240)
Imaginemos que um servidor tenha tomado posse no dia 1° de janeiro de 2017, e nessa
data estava vigente a Lei A, que estabelecia um adicional por tempo de serviço de 0,5% do
vencimento para cada ano de efetivo exercício, e que em outubro de 2017 foi publicada a lei B,
revogando a referida vantagem. Nesse caso, não poderá o servidor invocar o direito adquirido
para manter o regime jurídico existente na data da sua posse, entretanto, se o servidor já
tivesse completado um ano faria jus ao benefício apenas daquele ano, uma vez que o direito já
teria sido incorporado ao seu patrimônio. Contudo, não fará jus ao benefício cumulativo nos
anos seguintes, como previa a lei que foi revogada.
ATO JURÍDICO PERFEITO
É aquele ato, que no momento da sua realização, preencheu todos os requisitos formais
necessários exigidos pela lei vigente, não podendo dessa forma ser prejudicado por uma lei
posterior. É um complemento ao direito adquirido, vale dizer, o ato jurídico perfeito está
compreendido no direito adquirido, isso porque não existe direito adquirido se não for
decorrente de um ato jurídico perfeito.
COISA JULGADA
A coisa julgada acontece quando uma decisão judicial transita em julgado, ou seja, não
comporta mais recurso, tornando-se imutável. A lei, dessa forma, não poderá violar uma
decisão judicial transitada em julgado, pois ela estará protegida pela coisa julgada. A coisa
julgada classifica-se em material e formal. É material, quando a decisão torna-se
efetivamente imutável em qualquer processo, e formal, quando no processo não comporta
mais recurso.
A respeito do dispositivo constitucional, destacamos a Súmula 654 do STF:
A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da CF, não é
invocável pela entidade estatal que a tenha editado.
[Súmula 654.]

Ademais, a regra da irretroatividade é relativizada no âmbito penal, uma vez que a lei
penal mais benéfica para o réu poderá retroagir.
Art. 5o. XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

DEVIDO PROCESSO LEGAL


O devido processo legal é um princípio comum a todas as demais garantias relacionadas
à efetivação da justiça; surge como uma defesa dos indivíduos contra os abusos do Estado,
impondo a ele um limite ao seu poder, condicionando a restrição da liberdade de alguém ou a
privação de seus bens à existência de um procedimento legalmente estabelecido, no qual se
respeitem todos os direitos e garantias processuais previstos na CF e na lei. É o que diz o
inciso LIV do artigo 5º:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal.

A exigência constitucional do devido processo legal aplica-se aos processos em geral, ou


seja, tanto aos processos judiciais quanto aos processos administrativos.
Esse direito/princípio possui dois sentidos (acepções):
 Acepção processual (formal) que garante aos indivíduos o direito de ter um
julgamento adequado de acordo com um procedimento previamente estabelecido.
Essa acepção tem como principal destinatário o juiz, que deverá observar as regras
processuais na condução do processo.
 Acepção substancial (material) está ligada a ideia de se assegurar um processo
justo e adequado, pautado pelos critérios da justiça, da razoabilidade e da
proporcionalidade.
Por exemplo: um processo judicial que respeite todos os ritos processuais previamente
estabelecidos, mas que perdure por trinta anos, pode até ter respeitado o aspecto formal do
devido processo legal, mas certamente violou a sua acepção material, pois um processo que se
arraste por tanto tempo certamente não é um processo justo, razoável e muito menos
adequado.
Desse princípio surgem diversas outras garantias constitucionais, como: a garantia à
proporcionalidade e razoabilidade; o contraditório e a ampla defesa que serão analisados a
seguir.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE OU RAZOABILIDADE


O princípio da razoabilidade ou proporcionalidade é uma garantia processual que NÃO
está expressa na Constituição, tratando-se, portanto, de um princípio implícito, mas
extremamente importante para a efetivação do devido processo legal.
Esse princípio relaciona-se à ideia de necessidade e adequação, tanto no processo
judicial quanto na esfera administrativa. São utilizados como parâmetro de ponderação
quando adotadas medidas pelo Estado, principalmente no que tange à restrição de bens e
direitos dos indivíduos.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA


O contraditório e a ampla defesa são garantias de natureza processual asseguradas aos
litigantes, tanto no processo judicial quanto administrativo e decorrem do exercício do Devido
Processo Legal, aliás, só se atenderá ao devido processo legal, caso sejam assegurados o
contraditório e a ampla defesa. Vejamos a disposição do texto constitucional:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes.
Contraditório é o direito de tomar conhecimento e contradizer, contrariar, contraditar o
que lhe foi imputado.
Já a Ampla Defesa é a possibilidade de, no exercício do direito de defesa, utilizar-se de
todos os meios de prova admitidos em direito.
Em regra, o contraditório e a ampla defesa são garantidos em todos os processos
judiciais ou administrativos. Contudo, a legislação brasileira previu alguns procedimentos
administrativos, que em virtude de sua natureza meramente investigatória, são
incompatíveis com o exercício desses direitos, são eles:
 inquérito policial;
 inquérito civil;
 sindicância investigativa.
Em suma, nos referidos procedimentos investigatórios, uma vez que eles não têm o
condão de punir o investigado, não serão garantidos o contraditório e a ampla defesa.
ATENÇÃO quanto à Súmula 14 do STF:
SV nº 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa.

Essa súmula assegura ao advogado regularmente constituído pelo indiciado o direito de


pleno acesso ao inquérito, mesmo que sujeito a regime de sigilo, desde que se trate de
provas já produzidas e formalmente incorporadas ao procedimento investigatório. Dessa
forma, o advogado não terá acesso apenas àquelas informações e providências tomadas no
inquérito que ainda não foram documentadas.
Atente para outras Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal que versam sobre
este tema:
SV nº 3 - Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se
o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
SV nº 5 - A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.
SV nº 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios
de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. (grifo nosso)

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO


Duplo grau de jurisdição seria a necessidade de se estabelecer a possibilidade de uma
causa ser reapreciada por outro órgão, ou seja, de existir pelo menos duas instâncias.
De acordo com a posição atual do STF, o princípio do duplo grau de jurisdição não é
uma garantia constitucional, pois a CF estabelece competências originárias para julgar
algumas autoridades, como instância única 2.
Apesar de não estar previsto na CF, é uma garantia prevista no Pacto de San José da
Costa Rica:
O acesso à instância recursal superior consubstancia direito que se encontra
incorporado ao sistema pátrio de direitos e garantias fundamentais. Ainda que não
se empreste dignidade constitucional ao duplo grau de jurisdição, trata-se de
garantia prevista na Convenção Interamericana de Direitos Humanos, cuja
ratificação pelo Brasil deu-se em 1992, data posterior à promulgação do CPP. A
incorporação posterior ao ordenamento brasileiro de regra prevista em tratado
internacional tem o condão de modificar a legislação ordinária que lhe é anterior.
[HC 88.420, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 17-4-2007, 1ª T, DJ de 8-6-
2007.

INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS ILÍCITAS


A CF assegura, no processo, a inadmissibilidade de uso de provas ilícitas. Vejamos o
inciso LVI do Art. 5º:
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos;
Para sabermos o que é uma prova ilícita, temos que fazer a diferença entre prova ilegal,
prova ilegítima e prova ilícita.
Provas ilegais são gênero, que tem como espécies as provas ilícitas e as provas
ilegítimas.
A prova ilícita é aquela obtida por meio da violação da CF ou de normas de direito
material. Por exemplo: a CF assegura a inviolabilidade das comunicações telefônicas,
entendendo que essas comunicações são sigilosas, contudo é possível ocorrer a quebra desse
sigilo por meio de uma decisão judicial. Caso alguém viole as comunicações telefônicas
(grampeie o telefone) de alguém sem autorização judicial, as gravações obtidas ali não
poderão ser usadas em nenhum processo, pois foram obtidas de forma ilícita.
A prova ilícita contamina todas as demais provas decorrentes dela, esse é o efeito da
chamada Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (fruits of the poisonous tree). Segundo
essa teoria, se a árvore está envenenada, os frutos também o serão, significa dizer que se uma
prova foi produzida de forma ilícita, as demais provas dela decorrentes também serão ilícitas
(ilicitude por derivação).

2
O duplo grau não é absoluto no âmbito jurisdicional. Desse modo, a previsão legal de instância única no contencioso
administrativo não viola o alegado direito ao mencionado instituto.
[RE 794.149 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 18-11-2014, 1ª T, DJE de 4-12-2014.]

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Outro aspecto relevante é o de que a simples presença da prova ilícita não torna nulo ou
invalida todo o processo, mas apenas aquelas provas decorrentes da prova ilícita, que não
poderão ser usadas no processo.
As questões envolvendo o conhecimento dessa norma constitucional geralmente
encontram-se relacionadas com as provas decorrentes das violações dos direitos à
privacidade: sigilo das comunicações e inviolabilidade domiciliar.
A prova ilegítima é aquela decorrente da violação de um direito processual. Por
exemplo: produzir no processo uma prova fora do prazo, essa prova será ilegítima, e não
ilícita.
A prova ilícita é inadmissível tanto no processo judicial quanto no processo
administrativo.

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA


Para se assegurar a efetividade do acesso à Justiça, a CF assegurou a assistência
judiciária integral e gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de recursos, ou seja,
comprovarem a sua hipossuficiência.
Esse benefício inclui os honorários de advogado e de perito.
Em decorrência disso, decidiu o STF 3 que o Estado deverá custear o exame de DNA para
aqueles beneficiários da justiça gratuita.

3
Reconhecimento, pelas Turmas desta Corte, da obrigatoriedade do custeio do exame de DNA pelo Estado-Membro,
em favor de hipossuficientes. O custeio do exame pericial da justiça gratuita viabiliza o efetivo exercício do direto à
assistência judiciária, consagrado no Art. 5º, LXXIV, da CF/1988.
[ADI 3.394, rel. min. Eros Grau, j. 2-4-2007, P, DJE de 15-8-2008.]
= RE 207.732, rel. min. Ellen Gracie, j. 11-6-2002, 1ª T, DJ de 2-8-2002

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita


aos que comprovarem insuficiência de recursos.
Esse direito constitucional deve ser assegurado por meio das defensorias públicas.

EXERCÍCIOS
1. (CESPE/2015) O direito adquirido, entendido como aquele que já se incorporou ao
patrimônio do seu titular, não poderá ser prejudicado por lei posterior.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: CERTO
Direito Adquirido: é o direito já incorporado ao patrimônio do titular, ou
seja, se um indivíduo preenche todos os requisitos para a aquisição de um
determinado direito sob a vigência de uma lei, caso uma lei posterior altere esse
direito, em prejuízo do indivíduo, essa lei nova não poderá retirar-lhe o direito,
então adquirido. Destaca-se que o direito não precisa ter sido exercido para ser
considerado como adquirido.
Não se devem confundir as hipóteses de direito adquirido com expectativa
de direito, esta se refere à possibilidade de adquirir um determinado direito
previsto em lei, enquanto aquela é a aquisição efetiva do direito por meio da
implementação de todos os requisitos legais vigentes.
O STF entende não existir direito adquirido nas seguintes situações:
Uma nova Constituição – Poder Constituinte originário. Obs.: tem direito
adquirido em face de emenda constitucional.
Mudança de moeda – padrão monetário.
Criação ou aumento de tributos.
Mudança de regime jurídico-estatutário.

2. (CESPE/2015) Nos processos judiciais, são assegurados aos litigantes os direitos


fundamentais do contraditório e da ampla defesa. Entretanto, diante do princípio da
autotutela administrativa, essa garantia é inaplicável aos processos administrativos.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: ERRADO
O contraditório e a ampla defesa são garantias de natureza processual
asseguradas aos litigantes, tanto no processo judicial quanto administrativo e
decorrem do exercício do Devido Processo Legal, aliás, só se atenderá ao devido
processo legal, caso sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa. Vejamos
a disposição do texto constitucional:
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes.
Contraditório é o direito de tomar conhecimento e contradizer, contrariar,
contraditar o que lhe foi imputado.
Já a Ampla Defesa é a possibilidade de, no exercício do direito de defesa,
utilizar-se de todos os meios de prova admitidos em direito.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

3. (CESPE/2017) Os direitos adquiridos sob a égide de Constituição anterior, ainda que


sejam incompatíveis com a Constituição atual, devem ser respeitados, dada a previsão
do respeito ao direito adquirido no próprio texto da CF.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: ERRADO
Direito Adquirido: é o direito já incorporado ao patrimônio do titular, ou
seja, se um indivíduo preenche todos os requisitos para a aquisição de um
determinado direito sob a vigência de uma lei, caso uma lei posterior altere esse
direito, em prejuízo do indivíduo, essa lei nova não poderá retirar-lhe o direito,
então adquirido. Destaca-se que o direito não precisa ter sido exercido para ser
considerado como adquirido.
Não se devem confundir as hipóteses de direito adquirido com expectativa
de direito, esta se refere à possibilidade de adquirir um determinado direito
previsto em lei, enquanto aquela é a aquisição efetiva do direito por meio da
implementação de todos os requisitos legais vigentes.
O STF entende não existir direito adquirido nas seguintes situações:
Uma nova Constituição – Poder Constituinte originário. Obs.: tem
direito adquirido em face de emenda constitucional.
Mudança de moeda – padrão monetário.
Criação ou aumento de tributos.
Mudança de regime jurídico-estatutário.

4. (CESPE/2017) Entidade estatal que editar determinada lei poderá invocar a garantia da
irretroatividade para assegurar que a referida norma não prejudique ato jurídico
perfeito, direito adquirido e coisa julgada.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: ERRADO
O princípio da irretroatividade da lei tem como objetivo garantir a estabilidade
das relações jurídicas, impedindo que o Estado adote leis retroativas em prejuízo
dos indivíduos. A referida regra se aplica a todo e qualquer ato normativo
infraconstitucional, ou seja, uma lei ordinária, complementar, de ordem pública
ou dispositiva.

5. (CESPE/2008) Nos processos perante o TCU, asseguram-se o contraditório e a ampla


defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
Certo ( ) Errado ( )

RESPOSTA: CERTO
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.
Súmula vinculante 3.

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. Certo
2. Errado
3. Errado
4. Errado
5. Certo

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS........................................................................................................................... 2
HABEAS CORPUS ............................................................................................................................................ 2
HABEAS DATA ................................................................................................................................................ 5
Exercícios ........................................................................................................................................................... 8
Gabarito ....................................................................................................................................................... 10

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
HABEAS CORPUS
LXVIII - conceder-se-á "habeas corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

O habeas corpus é o remédio constitucional de proteção do direito de locomoção, isto é,


do direito de ir, vir e permanecer. A ação poderá ser preventiva (diante de ameaça, para evitar
a iminente ilegalidade ou abuso) ou repressiva (para reprimir a ilegalidade ou abuso).
A legitimação em habeas corpus é universal: qualquer pessoa, independentemente de
capacidade civil ou política, poderá ajuizar habeas corpus (o menor de idade, um
relativamente incapaz, um inalistável etc.).
 Paciente – pode ou não ser o impetrante e é quem está doente, quem precisa do
remédio, ou seja, quem teve restringida ou está sendo ameaçado de ter restringida
a sua liberdade de locomoção. Ele será o beneficiário do habeas corpus. Só pode ser
paciente uma pessoa física; pessoa jurídica não pode ser paciente de habeas corpus,
pois a liberdade de locomoção é um direito incompatível com sua natureza
jurídica.
 Autoridade Coatora – é quem restringiu ou está ameaçando de restringir a
liberdade de locomoção de alguém por ilegalidade ou abuso de poder. Poderá ser
tanto um ente privado quanto uma autoridade pública.
O habeas corpus é gratuito e não exige advogado para sua impetração. No âmbito dos
tribunais do Poder Judiciário, em proteção ao direito de locomoção, se houver empate na
votação, decide-se favoravelmente ao réu.
LXXVII-são gratuitas as ações de “habeas corpus” e “habeas data”, e, na
forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

Segundo orientação do STF, é cabível habeas corpus contra determinação de quebra do


sigilo bancário, desde que essa medida tenha sido determinada no âmbito de processo no
qual o indivíduo possa, em tese, ser condenado à pena restritiva de liberdade.
Assim, se o indivíduo está respondendo a processo criminal no qual ele possa, em tese,
vir a ser condenado à pena restritiva de liberdade, e se nesse processo vem a ser determinada
a quebra do seu sigilo bancário, será cabível habeas corpus contra essa medida, haja vista que
ela representa uma ofensa indireta ao direito de locomoção (pois as provas levantadas a
partir da quebra do sigilo bancário poderão ser decisivas na sua condenação à pena restritiva
de liberdade).
Esse mesmo raciocínio permite o ajuizamento do habeas corpus, também, para: (a)
reprimir a determinação de quebra dos sigilos fiscal e telefônico, quando representarem uma
ofensa indireta ao direito de locomoção; (b) pleitear a retirada de provas ilícitas dos autos de
processo, quando estas representarem uma ofensa indireta ao direito de locomoção.
Mas que fique claro: nessas situações – quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico e
retirada de provas ilícitas dos autos – só será cabível habeas corpus se essas medidas
ocorrerem no curso de processo em que o indivíduo possa vir a ser condenado à pena
restritiva de liberdade (ofensa indireta ao direito de locomoção).
Se o indivíduo estiver no curso de processo administrativo, ou de natureza cível, nos
quais não há possibilidade de imposição de pena restritiva de liberdade, não será cabível
habeas corpus em tais situações. Exemplo: se o servidor público está respondendo a processo
administrativo disciplinar e há, nos autos, provas ilícitas, não será cabível habeas corpus para

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

retirá-las do processo, pois nesse caso, no âmbito do processo administrativo disciplinar, não
há possibilidade de o indivíduo vir a ser condenado à pena restritiva de liberdade (nessa
hipótese poderá ser utilizado o mandado de segurança).
É importante também deixar claro que, em regra, o meio para reprimir essas medidas
(quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico; retirada de provas ilícitas de processo etc.) é o
mandado de segurança (e não o habeas corpus). Se com a determinação de uma dessas
medidas houver ofensa indireta ao direito de locomoção torna-se possível também a
impetração de habeas corpus. Não significa que o indivíduo estará obrigado a impetrar o
habeas corpus nessas situações. Se preferir, poderá impetrar mandado de segurança. Nessas
situações, abre-se a possibilidade de que o indivíduo utilize o habeas corpus, que é remédio
mais vantajoso (é gratuito, não exige advogado, tem prioridade de julgamento nos tribunais
do Poder Judiciário etc.).
Nessa mesma linha, o indivíduo convocado para depor como testemunha perante
comissão parlamentar de inquérito (CPI) poderá impetrar habeas corpus para afastar a
convocação, se entendê-la arbitrária, pois a mera convocação implica ofensa indireta ao
direito de locomoção. Nesse caso, temos ofensa indireta ao direito de locomoção porque se o
indivíduo não comparecer voluntariamente, poderá ser conduzido coercitivamente pela CPI (a
mera convocação representa, assim, uma ofensa indireta ao direito de locomoção).
É interessante observar que o artigo 142, §2º da Constituição Federal estabelece que
não caberá habeas corpus contra punições disciplinares militares (CF, Art. 142, § 2º). A razão
dessa vedação é que, como se sabe, o meio militar segue regras próprias de conduta e de
disciplina bem mais rígidas do que as que imperam no âmbito civil, e, portanto, não faria
sentido o magistrado, estranho às peculiaridades das corporações militares, substituir o juízo
de conveniência da autoridade militar na imposição de uma punição disciplinar.
Entretanto, segundo o STF essa vedação aplica-se, tão somente, no tocante ao mérito da
punição disciplinar, isto é, não será cabível habeas corpus para discutir o mérito dessa medida.
Nada impede, pois, a impetração de habeas corpus para discutir aspectos formais da medida
punitiva (incompetência da autoridade militar, descumprimento dos procedimentos
estabelecidos no regulamento militar etc.),

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Algumas JURISPRUDÊNCIAS sobre o habeas corpus que merecem destaque:


 Não cabe habeas corpus em relação às penas pecuniárias, multas, advertências
ou ainda, nos processos administrativos disciplinares e no processo de
Impeachment. Nestes casos o não cabimento deve-se ao fato de que essas medidas
não visam restringir a liberdade de locomoção.
 De acordo com a orientação do STF, o habeas corpus não é meio idôneo para
impugnar ato de sequestro ou confisco de bens em processo criminal 1.
 O habeas corpus não é instrumento cabível para a revisão, em tese, de súmulas
editadas por tribunais, ainda que se refiram à liberdade de locomoção, conforme o
entendimento do STF 2.

1
O habeas corpus não é o meio adequado para impugnar ato alusivo a sequestro de bens móveis e imóveis bem como
a bloqueio de valores. [HC 103.823, rel. min. Marco Aurélio, j. 3-4-2012, 1ª T, DJE de 26-4-2012.]
O habeas corpus, garantia de liberdade de locomoção, não se presta para discutir confisco criminal de bem. [HC
99.619, rel. p/ o ac. min. Rosa Weber, j. 14-2-2012, 1ª T, DJE de 22-3-2012.]
2
O habeas corpus não se presta à revisão, em tese, do teor de súmulas da jurisprudência dos tribunais. [RHC
92.886 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 21-9-2010, 2ª T, DJE de 22-10-2010.]

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

 Institutos de prescrição, preclusão e decadência não alcançam o habeas corpus,


conforme orientação do STF 3
 De acordo com a orientação do STF não se pode interpor habeas corpus de forma
sucessiva, sem julgamento de HC anterior já impetrado, contudo essa regra é
relativizada quando a violação à liberdade de locomoção é evidente e decorre de
ilegalidade ou abuso de poder 4.
 Por outro lado, a jurisprudência tem admitido o cabimento do HC para impugnar
inserção de provas ilícitas no processo ou quando houver excesso de prazo na
instrução processual penal.
Algumas súmulas sobre o HC:
 Súmula 395:Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver
sobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.
 Súmula 692:Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de
extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos
autos, nem foi ele provocado a respeito.
 Súmula 693: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária
seja a única cominada.
 Súmula 694:Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de
militar ou de perda de patente ou de função pública.
 Súmula 695: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de
liberdade.

HABEAS DATA
O habeas data cuja previsão está no inciso LXXII do artigo 5º tem como objetivo proteger
a liberdade de informação do indivíduo:
LXXII- conceder-se-á “habeas data”:
“para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público” ou “para a retificação de dados, quando não
se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”.

O HD é cabível em três hipóteses, sendo as duas primeiras previstas expressamente na


CF e a terceira prevista na Lei 9.507/97 5 que é a lei que regulamenta o HD, vejamos:
Para conhecer a informação;
Para retificar a informação;

3
O habeas corpus não sofre qualquer peia, sendo-lhe estranhos os institutos da prescrição, da decadência e da
preclusão ante o fator tempo. [HC 91.570, rel. min. Marco Aurélio, j. 19-8-2008, 1ª T, DJE de 24-10-2008.]
4
É pacífica a jurisprudência deste STF no sentido da inadmissibilidade de impetração sucessiva de habeas corpus,
sem o julgamento definitivo do writ anteriormente impetrado. Tal jurisprudência comporta relativização, quando de
logo avulta que o cerceio à liberdade de locomoção dos pacientes decorre de ilegalidade ou de abuso de poder (inciso
LXVIII do art. 5º da CF/1988). [HC 94.000, rel. min. Ayres Britto, j. 17-6-2008, 1ª T, DJE de 13-3-2009.]
5
Lei 9507/97 Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de
dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Para anotação (inserir informações) nos registros do interessado, de contestação ou


explicação sobre uma informação que embora verdadeira possa ser justificada e que esteja
sob pendência judicial ou administrativa.
Ex.: é exemplo de cabimento de HD, quando um contribuinte que queira obter informações
fiscais suas que estejam constantes de registros e bancos de dados do órgão fiscal de
arrecadação tributária tiver negadas essas informações 6.
Natureza da Ação: o HD é uma ação de natureza civil, de rito sumário.
São Sujeitos da Ação do HD:
Impetrante: qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeiro, poderá
impetrar HD 7. Contudo, é importante ressaltar que só caberá o remédio em relação às
informações do próprio impetrante, e não de terceiros, o que denota o caráter
personalíssimo dessa ação.
Destaca-se que, de acordo com o STF, é parte legítima para impetrar habeas data o
cônjuge sobrevivente na defesa de interesse do falecido 8.
Impetrado: entidade pública ou privada, contudo, o banco de dados ou os registros
onde constem as informações devem ter caráter público. Ex.: Serviço de Proteção ao Crédito –
SPC é uma empresa privada, mas pode ser ré em uma ação de HD, pois as informações
constantes de seus registros, de seus bancos de dados, possuem caráter público.
O HD só é cabível diante na negativa (recusa) expressa da autoridade administrativa de
fornecimento, retificação ou anotação (explicação) das informações solicitadas ou ainda
omissão injustificada, veja o que dispõe o STF:
A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou
da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que se concretize o
interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação prévia de pretensão
resistida, há carência da ação constitucional do habeas data.
[RHD 22, rel. p/ o ac. min. Celso de Mello, j. 19-9-1991, P, DJ de 1º-9-1995.]
= HD 87 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 25-11-2009, P, DJE de 5-2-2010
É uma ação gratuita, mas exige a representação por advogado.
LXXVII-são gratuitas as ações de “habeas corpus” e “habeas data”, e, na
forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

6
“O Habeas Data é garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de
tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da
administração fazendária dos entes estatais.” [RE 673.707, rel. min. Luiz Fux, j. 17-6-2015, P, DJE de 30-9-2015,
com repercussão geral.]
7
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º, LXXII, CRFB/88. LEI
Nº 9.507/97. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS INFORMATIZADOS DE CONTROLE DE
PAGAMENTOS DE TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO
BRASIL-SINCOR. DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. (...) 6. A
legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e
estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos individuais ou coletivas.
(RE 673707, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/06/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 29-09-2015 PUBLIC 30-09-2015)
8
HABEAS DATA – DADOS DE CÔNJUGE FALECIDO – LEGITIMIDADE DO SUPÉSTITE – ARTIGO 5º, INCISO
LXXII, ALÍNEA “A”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 2. É parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge
sobrevivente na defesa de interesse do falecido. Observem o alcance da alínea “a” do inciso LXXII do artigo 5º da
Constituição Federal, que assegura o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Encerra o acesso presente o interesse
de agir. Sendo o servidor militar falecido, a viúva pode atuar visando obter as informações armazenadas no
assentamento funcional dele. 3. Ante o quadro, nego seguimento a este recurso extraordinário.
(STF - RE: 589257 DF, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 28/12/2012, Data de Publicação: DJe-
024 DIVULG 04/02/2013 PUBLIC 05/02/2013)

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

A respeito do HD, é importante conhecer o entendimento da jurisprudência sobre as


hipóteses de NÃO CABIMENTO do habeas data, vejamos algumas delas:
O habeas data não se confunde com o direito de obter CERTIDÕES, dessa forma havendo
recusa em fornecer certidões para a defesa de direitos ou situações de interesse pessoal,
próprio ou de terceiros, ou meras informações de terceiros, a via adequada é o mandado de
segurança.
Não é cabível o habeas data para se obter vista ou cópia de processo administrativo 9:
Não é cabível para sustar publicação feita em sítios eletrônicos (na internet) 10:
 Para o ajuizamento do habeas data é exigido prévio requerimento administrativo,
isto é, o indivíduo só poderá ajuizar habeas data perante o Poder Judiciário para
ter conhecimento, retificar ou complementar as informações de sua pessoa depois
de passar pela via administrativa (exemplo: para o indivíduo ter conhecimento das
informações de sua pessoa constantes do SPC não poderá ajuizar diretamente
perante o Poder Judiciário o habeas data; primeiro terá que ingressar com o
pedido administrativo perante a entidade e, só depois, havendo indeferimento ou
não prestação das informações, é que poderá recorrer ao Poder Judiciário, por
meio do habeas data).

9
A ação de habeas data visa à proteção da privacidade do indivíduo contra abuso no registro e/ou revelação de dados
pessoais falsos ou equivocados. O habeas data não se revela meio idôneo para se obter vista de processo administrativo.
HD 90 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 18-2-2010, P, DJE de 19-3-2010. = HD 92 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j.
18-8-2010, P, DJE de 3-9-2010.
10
O habeas data é via processual inadequada ao atendimento de pretensão do autor de sustar a publicação de matéria em
sítio eletrônico.[HD 100 AgR, rel. min. Luiz Fux, j. 25-11-2014, 1ª T, DJE de 16-12-2014.]

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

EXERCÍCIOS
1. Lúcio é investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, apurou-se a
participação de Carlos no crime, tendo sido decretada de ofício a sua prisão temporária.
A partir dessa situação hipotética e do que dispõe a legislação, julgue o item seguinte.
Carlos poderá impetrar habeas corpus em seu próprio benefício, ainda que não seja
advogado.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA CERTA
O habeas corpus é o remédio constitucional de proteção do direito de
locomoção, isto é, do direito de ir, vir e permanecer. A ação poderá ser preventiva
(diante de ameaça, para evitar a iminente ilegalidade ou abuso) ou repressiva
(para reprimir a ilegalidade ou abuso).
O habeas corpus é gratuito e não exige advogado para sua impetração. No
âmbito dos tribunais do Poder Judiciário, em proteção ao direito de locomoção, se
houver empate na votação, decide-se favoravelmente ao réu.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

2. Acerca do controle administrativo e do controle jurisdicional da Administração Pública,


julgue o item seguinte.
No Brasil, as medidas judiciais específicas para enfrentar omissões de autoridade
pública incluem o habeas data, aplicável aos casos em que o indivíduo se vê privado do
exercício de seus direitos em virtude da inexistência de norma regulamentadora, como, por
exemplo, no que se refere à greve no serviço público.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
O HD é cabível em três hipóteses, sendo as duas primeiras previstas
expressamente na CF e a terceira prevista na Lei 9.507/97 11 que é a lei que
regulamenta o HD, vejamos:
Para conhecer a informação;
Para retificar a informação;
Para anotação (inserir informações) nos registros do interessado, de
contestação ou explicação sobre uma informação que embora verdadeira possa ser
justificada e que esteja sob pendência judicial ou administrativa.
Ex.: é exemplo de cabimento de HD, quando um contribuinte que queira obter
informações fiscais suas que estejam constantes de registros e bancos de dados do
órgão fiscal de arrecadação tributária tiver negadas essas informações.

3. A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue, tendo
como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
É vedado ao legislador editar lei em que se exija o pagamento de custas processuais para
a impetração de habeas corpus.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA CERTA
O habeas corpus é gratuito PARA TODOS e não exige advogado para sua
impetração. No âmbito dos tribunais do Poder Judiciário, em proteção ao direito de
locomoção, se houver empate na votação, decide-se favoravelmente ao réu. (ART.
5ª, LXXVII, CF)

4. A respeito da teoria e do regime jurídico dos direitos fundamentais, julgue o item que se
segue à luz das disposições da CF.
Sob o aspecto da legitimidade ativa, por meio de habeas data é possível obter
informações relativas a qualquer pessoa, desde que as informações sejam classificadas como
públicas.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
HABEAS DATA:

11
Lei 9507/97 Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de
dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

Impetrante: qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeiro,


poderá impetrar HD 12. Contudo, é importante ressaltar que só caberá o remédio em
relação às informações do próprio impetrante, e não de terceiros, o que denota o
caráter personalíssimo dessa ação.
Destaca-se que, de acordo com o STF, é parte legítima para impetrar habeas
data o cônjuge sobrevivente na defesa de interesse do falecido 13.

5. A respeito do controle jurisdicional da Administração Pública No Direito Brasileiro,


julgue o item a seguir.
O remédio constitucional do habeas data permite que o impetrante obtenha informações
cadastrais relativas a todas as partes de um processo do qual seja parte, exceto aquelas
protegidas por sigilo bancário.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
HABEAS DATA:
Impetrante: qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeiro,
poderá impetrar HD 14. Contudo, é importante ressaltar que só caberá o remédio em
relação às informações do próprio impetrante, e não de terceiros, o que denota o
caráter personalíssimo dessa ação.
Destaca-se que, de acordo com o STF, é parte legítima para impetrar habeas
data o cônjuge sobrevivente na defesa de interesse do falecido.

GABARITO
1. Certo
2. Errado
3. Certo
4. Errado
5. Errado

12
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º, LXXII, CRFB/88.
LEI Nº 9.507/97. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS INFORMATIZADOS DE CONTROLE
DE PAGAMENTOS DE TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
DO BRASIL-SINCOR. DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. (...) 6.
A legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e
estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos individuais ou coletivas.
(RE 673707, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/06/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 29-09-2015 PUBLIC 30-09-2015)
13
HABEAS DATA – DADOS DE CÔNJUGE FALECIDO – LEGITIMIDADE DO SUPÉRSTITE – ARTIGO 5º,
INCISO LXXII, ALÍNEA “A”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 2. É parte legítima para impetrar habeas data o
cônjuge sobrevivente na defesa de interesse do falecido. Observem o alcance da alínea “a” do inciso LXXII do artigo
5º da Constituição Federal, que assegura o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Encerra o acesso presente o interesse
de agir. Sendo o servidor militar falecido, a viúva pode atuar visando obter as informações armazenadas no
assentamento funcional dele. 3. Ante o quadro, nego seguimento a este recurso extraordinário.
(STF - RE: 589257 DF, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 28/12/2012, Data de Publicação: DJe-
024 DIVULG 04/02/2013 PUBLIC 05/02/2013)
14
Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. HABEAS DATA. ARTIGO 5º, LXXII, CRFB/88.
LEI Nº 9.507/97. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES CONSTANTES DE SISTEMAS INFORMATIZADOS DE CONTROLE
DE PAGAMENTOS DE TRIBUTOS. SISTEMA DE CONTA CORRENTE DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL
DO BRASIL-SINCOR. DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE. RECURSO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. (...) 6.
A legitimatio ad causam para interpretação de Habeas Data estende-se às pessoas físicas e jurídicas, nacionais e
estrangeiras, porquanto garantia constitucional aos direitos individuais ou coletivas.
(RE 673707, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 17/06/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-195 DIVULG 29-09-2015 PUBLIC 30-09-2015)

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS (ALT+1) ............................................................................................................. 2
AÇÃO POPULAR ............................................................................................................................................. 2
MANDADO DE SEGURANÇA ............................................................................................................................... 4
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO ..................................................................................................... 6
SÚMULAS SOBRE O MANDADO DE SEGURANÇA: ..................................................................................... 7
ALGUMAS ORIENTAÇÕES RELEVANTES SOBRE MANDADO DE SEGURANÇA:........................................... 8
MANDADO DE INJUNÇÃO .................................................................................................................................. 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
AÇÃO POPULAR
A ação popular é uma ferramenta fiscalizadora utilizada como espécie de exercício direto
dos direitos políticos, é dizer, o seu exercício é um instrumento de democracia participativa. Por
isso que só poderá ser utilizada por cidadãos, ou seja, aqueles indivíduos que detenham o
exercício dos direitos políticos. Veja o que diz o inciso LXXIII do artigo 5º:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;

Qualquer CIDADÃO pode ser o autor dessa ação. Entende-se por cidadão aquele que
detenha a chamada capacidade eleitoral ativa, ou seja, o indivíduo que possa votar. Lembre-se
de que a capacidade eleitoral ativa pode ser exercida a partir dos 16 anos. Dessa forma, um
jovem de 16 anos que detenha o título de eleitor poderá ser autor de Ação Popular.
Assim, pessoas jurídicas, o Ministério Público e estrangeiros não podem interpor Ação
Popular.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

A respeito do tema, destaca-se a súmula 365 do STF: “Pessoa jurídica não tem
legitimidade para propor ação popular”.
O réu da Ação popular pode ser qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado; autoridades, funcionários, administradores e beneficiários diretos que tenham
cometido algum ato lesivo ao patrimônio: público, histórico ou cultural; a moralidade
administrativa ou ao meio ambiente.
A Ação Popular serve para ANULAR ato ou contrato administrativo que seja lesivo:
 ao patrimônio: público, histórico ou cultural;
 à moralidade administrativa;
 ao meio ambiente.
Dessa forma, a Ação Popular não serve para defesa de direitos individuais, mas de
direitos de natureza coletiva, como concretizadora do princípio republicano que impõe ao
administrador público o dever de prestar contas a respeito da gestão da coisa pública.
Outro ponto relevante é que não é preciso comprovar o prejuízo aos cofres públicos
para propor Ação Popular.
A Ação pode ser interposta de forma preventiva, antes da prática do ato ilegal ou imoral,
ou repressiva após a ocorrência do ato lesivo.
 O Ministério Público não pode ajuizar Ação Popular, uma vez que essa
prerrogativa é apenas do cidadão, contudo, caso haja omissão ou abandono da ação
pelo autor, o MP poderá substituir o autor na ação. No mais, o MP atua na Ação
Popular apenas como fiscal da lei.
 Gratuidade para o Autor. A CF isenta o autor da Ação Popular de pagar custas
judiciais ou ônus da sucumbência, salvo se tiver de má-fé. Observe que a ação em si
não é gratuita, a gratuidade é apenas para o autor, de boa-fé, e não para o réu.
 Tema importantíssimo para a sua prova diz respeito ao foro por prerrogativa de
função que não alcança a Ação Popular, dessa forma, não existe competência
originária para o julgamento de Ação Popular 1. Por exemplo, uma Ação Popular
contra o Presidente da República não deverá ser ajuizada perante o STF, mas
perante o juiz singular, de primeiro grau.
 Além da previsão constitucional, esta ação encontra-se regulamentada pela lei
4.717/65.
ENTÃO, ATENÇÃO:
Não poderá, portanto, ser ajuizada por pessoa jurídica; pelo Ministério Público; pelos
inalistados (indivíduos que poderiam ter-se alistado, mas não o fizeram); pelos inalistáveis
(aqueles que não podem alistar-se como eleitores, a saber: os menores de 16 anos; os
conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório; os estrangeiros, ressalvada a
hipótese do português equiparado a brasileiro naturalizado, nos termos do Art. 12, § 1º, da
CF/88).
Segundo orientação do Supremo Tribunal Federal:
a) o cabimento de ação popular não exige a comprovação de efetivo dano material,
pecuniário; ainda que não comprovada a efetiva ocorrência de dano material, a ilegalidade do
ato já poderá ser reprimida na via da ação popular;´
b) não cabe ação popular contra ato de natureza jurisdicional, praticado por membro do
Poder Judiciário no desempenho de sua função típica (decisões judiciais); assim, ainda que a
sentença de um magistrado cause dano ao meio ambiente, esse ato não poderá ser atacado

1
Não é da competência originária do STF conhecer de ações populares, ainda que o réu seja autoridade que tenha na
Corte o seu foro por prerrogativa de função para os processos previstos na Constituição. STF - AG.REG.NA
PETIÇÃO : Pet-AgR 3152 PA.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

por ação popular (deverá ser atacado na via recursal própria, prevista nas leis processuais, se
tal decisão ainda não transitou em julgado; ou por ação rescisória, se a decisão já transitou em
julgado).
O ajuizamento da ação popular exige advogado, mas, salvo comprovação de má-fé do
autor, este estará isento de custas (não haverá pagamento de custas perante o Poder
Judiciário) e do ônus de sucumbência (o autor não estará obrigado ao pagamento dos
honorários advocatícios da outra parte, caso a ação seja julgada improcedente).
A decisão do magistrado que julga improcedente uma ação popular está sujeita ao
duplo grau de jurisdição, vale dizer, está sujeita ao reexame obrigatório pelo Tribunal
respectivo (se a decisão for de juiz estadual, será obrigatoriamente reexaminada pelo
Tribunal de Justiça; se for de juiz federal, será obrigatoriamente examinada pelo Tribunal
Regional Federal).

MANDADO DE SEGURANÇA
A Constituição Federal prevê no Art. 5o, LXIX:
LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Natureza da Ação: o MS é uma ação de natureza civil, de rito sumário especial. Destaca-
se que o caráter civil da Ação, não impede que seja impetrado MS contra ato de juiz em
processo penal.
Como se pode ver, o mandado de segurança será cabível para proteger DIREITO
LÍQUIDO E CERTO, que é aquele em que os fatos alegados são comprováveis de plano, as
provas devem ser pré-constituídas, pois, no MS, não existe dilação probatória, não existe fase
de instrução processual, que é o momento em que se produz provas. Ex.: no MS não será
possível ouvir testemunhas, nem produzir perícia no curso do processo.
É dizer: para ser cabível MS, não pode haver controvérsia sobre os fatos narrados.
Veja que é possível a existência de controvérsia sobre a matéria de direito, ou seja, pode
ser impetrado MS, mesmo não havendo unanimidade na interpretação da doutrina e da
jurisprudência, mas os fatos devem ser comprováveis de imediato.
Esse entendimento encontra-se sumulado pelo STF, conforme Súmula 625:
Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança.
O Cabimento do MS só é possível, também, se o direito não estiver amparado por habeas
corpus ou habeas data, ou seja, nem toda violação a direito líquido e certo será discutida por
meio de MS, somente sendo cabível quando não for protegido por outros remédios
constitucionais. Este é o chamado caráter residual, subsidiário do mandado de segurança.
O texto constitucional exigiu, também, para a utilização desta ferramenta, a ocorrência
de ilegalidade e o abuso de poder praticado por autoridade pública ou privada, esta desde
que esteja no exercício de atribuições do poder público, ou seja, o ato impugnado por meio de
MS necessariamente precisa ser um ATO DE AUTORIDADE, entendido como qualquer
manifestação ou omissão do Poder público ou de agente no exercício de atribuições do Poder
Público.
O mandando de segurança poderá ser repressivo quando a ilegalidade já tiver sido
cometida ou preventivo quando o impetrante demonstrar justo receio de sofrer violação de
direito líquido e certo por parte da autoridade impetrada.
O mandado de segurança possui prazo decadencial (que não se interrompe e não se
suspende) para ser utilizado de 120 dias, a contar da data em que o interessado teve

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

conhecimento oficial do ato a ser impugnado. Esse prazo deve ser verificado na data do
ajuizamento da ação, ainda que feito em juízo incompetente.
O prazo de decadência para o Mandado de Segurança, ainda que
protocolado em juízo incompetente, deve ser aferido na data em que
foi originalmente protocolado, desse modo, não decai o direito ao
MS se não for remetido ao juízo competente dentro dos 120 dias,
Conforme jurisprudência do STF:
É posição pacífica da jurisprudência desta Suprema Corte que o
prazo decadencial para ajuizamento do mandado de segurança,
mesmo que tenha ocorrido perante juízo absolutamente
incompetente, há de ser aferido pela data em que foi
originariamente protocolizado.
[MS 26.792 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 4-9-2012, 1ª T, DJE de 27-
9-2012.]
Ademais, de acordo com o STF, é constitucional a fixação de prazo decadencial para o
Mandado de Segurança, conforme Súmula 632 do STF - É constitucional lei que fixa prazo de
decadência para impetração de mandado de segurança.
O impetrante pode desistir do MS a qualquer tempo, independentemente do
consentimento do impetrado, mesmo que já tenha sido proferida sentença, desde que essa
decisão ainda não tenha transitado em julgado.
“É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança,
independentemente de aquiescência da autoridade apontada como
coatora ou da entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o
caso, dos litisconsortes passivos necessários” (MS 26.890-AgR/DF,
Pleno, Min. Celso de Mello, DJe de 23-10-2009), (...) "mesmo após
eventual sentença concessiva do writ constitucional, (…) não se
aplicando, em tal hipótese, a norma inscrita no art. 267, § 4º, do
CPC" (RE 255.837-AgR/PR, Segunda Turma, Min. Celso de Mello, DJe
de 27-11-2009).
[RE 669.367, rel. p/ o ac. min. Rosa Weber, j. 2-5-2013, P, DJE de
30-10-2014, com repercussão geral.]
 A legitimidade para impetrar mandado de segurança com a finalidade de
impedir a aprovação de lei ou emenda que seja incompatível com o processo
legislativo constitucional é dada aos parlamentares, membros da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal e não a qualquer cidadão.
O STF admite a legitimidade do parlamentar – e somente do
parlamentar – para impetrar mandado de segurança com a
finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei
ou emenda constitucional incompatíveis com disposições
constitucionais que disciplinam o processo legislativo. Precedentes do
STF: MS 20.257/DF, Min. Moreira Alves (leading case) (RTJ 99/1031);
MS 20.452/DF, min. Aldir Passarinho (RTJ 116/47); MS 21.642/DF,
min. Celso de Mello (RDA 191/200); MS 24.645/DF, min. Celso de
Mello, DJ de 15-9-2003; MS 24.593/DF, min. Maurício Corrêa, DJ de
8-8-2003; MS 24.576/DF, min. Ellen Gracie, DJ de 12-9-2003; MS
24.356/DF, min. Carlos Velloso, DJ de 12-9-2003.
[MS 24.667 AgR, rel. min. Carlos Velloso, j. 4-12-2003, P, DJ de 23-4-
2004.] = MS 32.033, rel. p/ o ac. min. Teori Zavascki, j. 20-6-2013, P,
DJE de 18-2-2014
 Não cabe MS contra ato que caiba recurso administrativo com efeito suspensivo.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

“Não se dará mandado de segurança quando se tratar de ato de que


caiba recurso administrativo com efeito suspensivo" (...).
[MS 26.178 AgR, rel. min. Ayres Britto, j. 6-6-2007, P, DJE de 11-4-
2008.]
= MS 26.737 ED, rel. min. Cármen Lúcia, j. 25-6-2008, P, DJE de 13-
3-2009

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO


A CF ainda trata do MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, que é remédio
constitucional para defesa de direitos coletivos e individuais homogêneos:
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses
de seus membros ou associados;

Observadas as regras do mandado de segurança individual, o mandado de segurança


coletivo possui alguns requisitos que lhe são peculiares: os legitimados para propositura, ou
seja, quem pode propor Mandado de Segurança Coletivo.
De acordo com a CF, são LEGITIMADOS para propor o mandado de segurança coletivo:
 Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional, ou seja, para se ter
representação no Congresso Nacional, basta um membro na Câmara OU um no
Senado;

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

 Organização sindical 2;
 Entidade de classe;
 Associação desde que legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos
um ano;
 Observe que o requisito de um ano de constituição e funcionamento só se aplica às
associações!
Os Partidos podem defender direitos relativos a seus integrantes ou relacionados à
finalidade partidária, enquanto que os demais podem defender direitos dos seus membros ou
associados, desde que pertinentes às finalidades da entidade. Ademais, não precisa ser um
direito de todos os seus membros, podendo ser um direito de parte dos membros da
entidade. 3
Caso um Partido Político perca no curso do processo a sua representação no Congresso
Nacional, isso não será causa para a extinção do mandado de segurança, desse modo, a perda
superveniente da representação no congresso nacional não implica extinção do MS.
No MS Coletivo, os legitimados atuam como substitutos processuais, buscando interesses
de seus filiados em nome próprio, por esse motivo, os legitimados não precisam de
autorização expressa dos seus filiados 4.
A legitimação das organizações sindicais, entidades de classe ou associações, para a segurança
coletiva, é extraordinária, ocorrendo, em tal caso, substituição processual. CF, art. 5º, LXX. Não se
exige, tratando-se de segurança coletiva, a autorização expressa aludida no inciso XXI do art. 5º
da Constituição, que contempla hipótese de representação.
[RE 193.382, rel. min. Carlos Velloso, j. 28-6-1996, P, DJ de 20-9-1996.]
= RE 437.971 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 24-8-2010, 1ª T, DJE de 24-9-2010

SÚMULAS SOBRE O MANDADO DE SEGURANÇA:


 O mandado de segurança não substitui a ação popular. [Súmula 101.]
 Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. [Súmula 266.]
 Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição. [Súmula 267.]
 Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.
[Súmula 268.]
 O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança. [Súmula 269.]

2
Agravo Regimental em Recurso Extraordinário RE 696845
3
Súmula 630 - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
4

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

 Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a


período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via
judicial própria. [Súmula 271.]
 Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o
mandado de segurança. [Súmula 430.]
 Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela
cabe o mandado de segurança ou a medida judicial. [Súmula 510.]
 Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de
segurança. [Súmula 512.]
 Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de
segurança. [Súmula 625.]
 A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor
dos associados independe da autorização destes. (SÚMULA 629)
 A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a
pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
[Súmula 630.]
 É constitucional lei que fixa prazo de decadência para impetração de mandado de
segurança. [Súmula 632.]
ALGUMAS ORIENTAÇÕES RELEVANTES SOBRE MANDADO DE
SEGURANÇA:
a) não cabe mandado de segurança contra lei em tese, salvo se produtora de
efeitos concretos;
b) a competência do juízo competente para a apreciação do mandado de segurança
é determinada em função da autoridade coatora (praticante do ato ilegal ou arbitrário), e não
em razão da matéria; assim, se a autoridade praticante do ato é federal, a competência será da
Justiça Federal respectiva; se a autoridade praticante do ato é estadual ou municipal, a
competência será da Justiça Estadual respectiva;
c) a sentença concessiva da segurança do juiz de primeira instância está sujeita ao
duplo grau de jurisdição, isto é, está sujeita ao reexame obrigatório pelo Tribunal respectivo
(toda sentença concessiva da segurança será, necessariamente, reexaminada pelo Tribunal
respectivo; se a decisão for de juiz de Direito, será reexaminada pelo Tribunal de Justiça
respectivo; se for da Justiça Federal, será reexaminada pelo Tribunal Regional Federal
respectivo, e assim por diante);
d) é vedada a concessão de medida liminar em mandado de segurança para
determinar: (a) a equiparação, a reclassificação e o pagamento de remuneração e vantagens a
servidores públicos; (b) a liberação de mercadorias importadas proibidas.

MANDADO DE INJUNÇÃO
O mandado de injunção é uma garantia que visa assegurar o exercício de direitos e liberdade
constitucionais que ficam inviabilizados pela ausência de regulamentação. Vejamos o que diz a
Constituição:

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma


regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

Você deve lembrar que algumas normas constitucionais, para que produzam efeitos,
dependem da edição de outras normas infraconstitucionais, estas normas são conhecidas por
sua eficácia como normas de eficácia limitada, caso essas normas regulamentadoras não

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

sejam criadas e por conta disso se esteja tornando inviável o exercício de direitos
fundamentais, será cabível a impetração de Mandado de Injunção.
Dessa forma, o objetivo do MI é suprir a omissão legislativa que impede o exercício de
direitos fundamentais.
Quando o legislador não regulamenta uma norma constitucional de eficácia limitada,
impedindo o exercício de direitos fundamentais, fica caracterizada a violação da CF, pela
omissão legislativa, pela inércia, essa é a chamada violação negativa do texto
constitucional.
A CF prevê expressamente apenas a possibilidade de impetração de Mandado de
Injunção de natureza individual, contudo a doutrina e a jurisprudência aceitavam, por
analogia ao Mandado de Segurança, o cabimento do Mandado de injunção coletivo.
Contudo, a Lei nº 13.300/2016, disciplinou o processo e julgamento do mandado de
injunção individual e previu expressamente a possibilidade de impetração de mandado de
injunção coletivo.
O mandado de injunção individual pode ser impetrado por pessoas naturais ou
jurídicas que se afirmam titulares de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, cujo exercício seja inviabilizado pela
ausência da norma regulamentadora. (Lei 13.300/2016, Art. 3º).
Pessoas jurídicas de direito Público, apesar de serem titulares de garantias fundamentais,
não possuem legitimidade para impetração de mandado de injunção.
O objeto da ação é a omissão legislativa inconstitucional, ou seja, a mora
inconstitucional, que só se caracteriza após o decurso razoável de tempo para a edição da
norma.
O mandado de injunção não é via adequada para impugnar a constitucionalidade de uma
norma regulamentadora ou sanar lacuna normativa de período anterior à sua edição.
Assim, podemos esquematizar três requisitos para o ajuizamento de mandado de
injunção:
Falta de norma regulamentadora;
Inviabilização de um direito ou liberdade constitucional ou de prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Decurso de prazo razoável para a elaboração da norma regulamentadora.
O mandado de injunção coletivo tem por finalidade proteger direitos, liberdades e
prerrogativas pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou
determinada por grupo, classe ou categoria.
A legitimidade para impetração, antes conferida, por analogia, aos mesmos legitimados
do mandado de segurança coletivo (CF, Art. 5.º, LXX), foi ampliada pelo artigo 12 da Lei nº
13.300/2016.
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses
sociais ou individuais indisponíveis;
II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para
assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou
relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte
de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que
pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
especial;

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente


relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais
e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5o da Constituição
Federal.
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por
mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.

Assim, podemos dizer que podem impetrar Mandado de Injunção coletivo, os mesmos
que podem apresentar mandado de segurança coletivo, ou seja:
 Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional;
 Organização sindical 5;
 Entidade de classe;
 Associação desde que legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos
um ano.
Contudo, além desses legitimados, a Lei 13.300/2016 conferiu legitimidade também para:
 Defensoria Pública;
 Ministério Público.
Agora, como que o Poder Judiciário deverá proceder na hora de julgar um Mandado de
Injunção, ele pode ou deve assegurar imediatamente os direitos não regulamentados? Ele
deve criar a lei? Deve intimar o legislativo para ele realizar a norma? Essa decisão valerá para
todos ou valerá apenas para as partes do processo?
Antes da Lei 13.300/2016, essas perguntas não tinham uma resposta específica, isso
porque, dependendo do caso, o poder judiciário fazia uma ou outra coisa, contudo, felizmente
a lei resolveu esse dilema, pacificando o tema.
Quanto aos efeitos do Mandado de Injunção, podemos destacar que a Lei 13.300/2016
adotou a chamada TEORIA CONCRETISTA INTERMEDIÁRIA, por meio da qual o julgador
deve primeiramente comunicar a omissão ao órgão competente para a elaboração da norma,
fixando prazo para o seu cumprimento e, após, caso não tenha sido cumprido o determinado,
o direito seria exercido nos termos a serem fixados pela decisão judicial:
Art. 8o Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção
para:
I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da
norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que
poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do
caput quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de
injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

Ainda quanto aos efeitos da decisão do MI, o artigo 9o adotou como regra a TEORIA
CONCRETISTA INDIVIDUAL, com aplicação dos efeitos apenas para as partes do processo

5
Agravo Regimental em Recurso Extraordinário RE 696845

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

(inter partes), porém, com a possibilidade de extensão desses efeitos para todos ou para um
grupo de pessoas (efeitos ultra partes ou erga omnes), ou seja, podendo ser adotado a TEORIA
CONCRETISTA GERAL.
Art. 9o A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos
até o advento da norma regulamentadora.
§ 1o Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão,
quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da
prerrogativa objeto da impetração.

 Efeito inter partes é o efeito da decisão apenas para as partes integrantes do


litígio.
 Efeito ultra partes é o efeito da decisão para um grupo, categoria ou classe de
pessoas determinadas, por exemplo, uma associação ou sindicato.


Teoria concretista geral/coletiva Teoria concretista individual
Decisão ERGA OMNES Decisão INTER PARTES
INDEPENDE DE AUTORIZAÇÃO O judiciário provê o direito imediatamente
Substituto processual Intermediária – o judiciário dá um prazo para o legislador agir
Legitimados rol taxativo Caso o responsável permaneça inerte, o direito é concretizado.

EXERCÍCIOS
1. Em relação à Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item.
Cabe mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável
o exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA CERTA
O mandado de injunção é uma garantia que visa assegurar o exercício de
direitos e liberdade constitucionais que ficam inviabilizados pela ausência de
regulamentação. Vejamos o que diz a Constituição:
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
Você deve lembrar que algumas normas constitucionais, para que produzam
efeitos, dependem da edição de outras normas infraconstitucionais. Essas normas
são conhecidas por sua eficácia como normas de eficácia limitada. Caso essas
normas regulamentadoras não sejam criadas e por conta disso se esteja tornando
inviável o exercício de direitos fundamentais, será cabível a impetração de Mandado
de Injunção.
Dessa forma, o objetivo do MI é suprir a omissão legislativa que impede o
exercício de direitos fundamentais.
Quando o legislador não regulamenta uma norma constitucional de eficácia
limitada, impedindo o exercício de direitos fundamentais, fica caracterizada a
violação da CF, pela omissão legislativa, pela inércia, essa é a chamada violação
negativa do texto constitucional.

2. À luz da lei e da jurisprudência dos tribunais superiores, julgue o item.


A entidade de classe somente possui legitimidade para a impetração de mandado de
segurança quando a pretensão veicular interessar a toda a categoria.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
A CF ainda trata do MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, que é remédio
constitucional para defesa de direitos coletivos e individuais homogêneos:
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses
de seus membros ou associados;
Observadas as regras do mandado de segurança individual, o mandado de
segurança coletivo possui alguns requisitos que lhe são peculiares: os legitimados
para propositura, ou seja, quem pode propor Mandado de Segurança Coletivo.
De acordo com a CF, são LEGITIMADOS para propor o mandado de
segurança coletivo:
Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional, ou seja, para
se ter representação no Congresso Nacional, basta um membro na Câmara OU um
no Senado.
Organização sindical;
Entidade de classe;
Associação desde que legalmente constituída e em funcionamento há pelo
menos um ano.
Observe que o requisito de um ano de constituição e funcionamento só se
aplica às associações!

MUDE SUA VIDA!


12
alfaconcursos.com.br

Os Partidos podem defender direitos relativos a seus integrantes ou


relacionados à finalidade partidária, enquanto que os demais podem defender
direitos dos seus membros ou associados, desde que pertinentes às finalidades da
entidade. Ademais, não precisa ser um direito de todos os seus membros,
podendo ser um direito de parte dos membros da entidade. 6
No MS Coletivo, os legitimados atuam como substitutos processuais,
buscando interesses de seus filiados em nome próprio, por esse motivo, os
legitimados não precisam de autorização expressa dos seus filiados 7
A legitimação das organizações sindicais, entidades de classe ou associações,
para a segurança coletiva, é extraordinária, ocorrendo, em tal caso, substituição
processual. CF, Art. 5º, LXX. Não se exige, tratando-se de segurança coletiva, a
autorização expressa aludida no inciso XXI do Art. 5º da Constituição, que
contempla hipótese de representação.

3. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item.


O mandado de segurança é instrumento destinado a proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data quando o responsável por ilegalidade ou abuso
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA CERTA
O MS só é possível, se o direito não estiver amparado por habeas corpus ou
habeas data, ou seja, nem toda violação a direito líquido e certo será discutida por
meio de MS, somente sendo cabível quando não for protegido por outros remédios
constitucionais. Este é o chamado caráter residual, subsidiário do mandado de
segurança.
O texto constitucional exigiu, também, para a utilização desta ferramenta, a
ocorrência de ilegalidade e o abuso de poder praticado por autoridade pública
ou privada, esta desde que esteja no exercício de atribuições do poder público, ou
seja, o ato impugnado por meio de MS necessariamente precisa ser um ATO DE
AUTORIDADE, entendido como qualquer manifestação ou omissão do Poder público
ou de agente no exercício de atribuições do Poder Público.

4. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item seguinte.


O mandado de segurança é o remédio constitucional adequado para garantir o acesso à
informação constante de banco de dados de entidades governamentais, uma vez que o direito
à informação é direito líquido e certo.
Certo ( ) Errado ( )

RESPOSTA ERRADA

6
Súmula 630 - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
7

MUDE SUA VIDA!


13
alfaconcursos.com.br

O HD é cabível em três hipóteses, sendo as duas primeiras previstas


expressamente na CF e a terceira prevista na Lei 9.507/97 8, que é a lei que
regulamenta o HD, vejamos:
Para conhecer a informação;
Para retificar a informação;
Para anotação (inserir informações) nos registros do interessado, de
contestação ou explicação sobre uma informação que embora verdadeira possa ser
justificada e que esteja sob pendência judicial ou administrativa.
Ex.: é exemplo de cabimento de HD, quando um contribuinte que queira obter
informações fiscais suas que estejam constantes de registros e bancos de dados do
órgão fiscal de arrecadação tributária tiver negadas essas informações.

5. Julgue o item seguinte, a respeito do mandado de injunção.


A decisão que concede mandado de injunção, em regra, gera efeitos ultra partes.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA ERRADA
Quanto aos efeitos da decisão do MI, o artigo 9o, da Lei 3.300/2016 adotou
como regra a TEORIA CONCRETISTA INDIVIDUAL, com aplicação dos efeitos
apenas para as partes do processo (inter partes), porém, com a possibilidade de
extensão desses efeitos para todos ou para um grupo de pessoas (efeitos ultra
partes ou erga omnes), ou seja, podendo ser adotado a TEORIA CONCRETISTA
GERAL.
Art. 9o A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos
até o advento da norma regulamentadora.
§ 1o Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão,
quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da
prerrogativa objeto da impetração.
Efeito inter partes é o efeito da decisão apenas para as partes integrantes do
litígio.
Efeito ultra partes é o efeito da decisão para um grupo, categoria ou classe
de pessoas determinadas, por exemplo, uma associação ou sindicato.

GABARITO
1. Certo
2. Errado
3. Certo
4. Errado
5. Errado

8
Lei 9507/97 Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de
dados de entidades governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.

MUDE SUA VIDA!


14
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS SOCIAIS .............................................................................................................................................. 2
DIREITOS SOCIAIS .......................................................................................................................................... 2
NOÇÕES GERAIS......................................................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................................................... 3
CLÁUSULA DA RESERVA DO POSSÍVEL X MÍNIMO EXISTENCIAL ............................................................... 3
DIREITO SOCIAIS TRABALHISTAS ............................................................................................................... 4
DIREITOS SOCIAIS INDIVIDUAIS DOS TRABALHADORES ............................................................................ 4
PROTEÇÃO CONTRA DESPEDIDA ARBITRÁRIA OU SEM JUSTA CAUSA ...................................................... 5
GARANTIAS DO TRABALHADOR................................................................................................................. 5
SALÁRIO MÍNIMO ...................................................................................................................................... 6
Exercícios ........................................................................................................................................................... 7
Gabarito ......................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS SOCIAIS
DIREITOS SOCIAIS
NOÇÕES GERAIS
Os direitos sociais encontram-se previstos a partir do artigo 6º até o artigo 11 da
Constituição Federal. São normas que se concretizam por meio de prestações positivas por
parte do Estado, haja vista objetivarem reduzir as desigualdades sociais, atuam como
liberdades positivas, visando à igualdade social.
São direitos de 2ª dimensão ou geração e visam assegurar a isonomia ou a igualdade.
Pela sua relevante importância na consagração dos direitos humanos, os direitos sociais
se encontram previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu Art.
XXII:
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança
social, à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo
com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, SOCIAIS e
culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua
personalidade.

Primeiramente, devemos analisar quais são os direitos sociais previstos na CF, vejamos:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

Para as provas, é muito importante que você memorize esses direitos. Como dica de
memorização, veja a seguinte mnemônica.

SAÚ TRABALHA NO
EDU MORA ALI ASSIS PRO SEG PRESO
TRANSPORTE LÁ

Respectivamente: educação, moradia, lazer, saúde, trabalho, alimentação, assistência


aos desamparados, proteção à maternidade e à infância, segurança, transporte e previdência
social.
A respeito desses direitos elencados no caput do Art. 6o, algumas considerações são
pertinentes.
O direito à moradia (inserido pela EC 26/2000) não se confunde com o direito à
propriedade, isso porque o direito à moradia é, como visto, um direito de segunda dimensão
que determina que o Estado deve assegurar a todos um teto, um abrigo. Já o direito de
propriedade se caracteriza por ser um direito de primeira dimensão, ou seja, é o direito do
indivíduo de usar, fruir e gozar da coisa imóvel que lhe pertença, sem a interferência do
Estado.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

O direito à segurança elencado no artigo 6o refere-se à ideia de segurança pública, nos


termos do Art. 144 da CF.
O direito à alimentação (inserido pela EC 64/2010) refere-se ao direito humano a uma
alimentação adequada.
O direito ao Transporte foi o último direito social a ser inserido na CF por meio da EC
90/2015.
CARACTERÍSTICAS
Os direitos sociais são normas de ordem pública com as seguintes CARACTERÍSTICAS:
A) Imperatividade: é uma imposição ao Estado que deve necessariamente assegurar os
direitos sociais, não depende da vontade dos indivíduos, pois a norma não é conselho, mas
ordem a ser seguida.
B) Inviolabilidade: os direitos sociais não podem ser violados, aliás todos os direitos
fundamentais são invioláveis.
C) Aplicação imediata: sabe-se que todos os direitos sociais têm aplicação imediata (uma vez
que são espécies de direitos fundamentais – Art. 5o1 § 1º da CF/88), contudo, quanto à eficácia
dos direitos sociais, de uma forma geral, pode-se afirmar que são normas de eficácia limitada,
ou seja, que dependem de regulamentação, desse modo, caso haja omissão legislativa no
sentido de implementar um determinado direito social, será possível a impetração de
mandado de injunção.
CLÁUSULA DA RESERVA DO POSSÍVEL X MÍNIMO EXISTENCIAL
Sabe-se que a implementação dos direitos sociais, enquanto dever do Estado, depende
necessariamente de recursos financeiros, o Estado não tem como assegurar educação, saúde,
trabalho e os demais direitos sem dinheiro.
Dessa forma, no que tange à implementação dos direitos sociais, o Estado é obrigado a
assegurá-los na medida daquilo que for economicamente e financeiramente possível, dessa
forma, o Estado não fica responsável pela total implementação dos direitos sociais, porém
apenas daquilo que tenha dinheiro para executar.
A teoria que diz que o Estado só deve assegurar os direitos sociais na medida daquilo
que lhe seja economicamente viável ficou conhecida como Teoria da Reserva do Possível ou
cláusula da reserva do possível.
A cláusula da reserva do possível traz a ideia de que é impossível garantir de forma
ampla todos os direitos sociais previstos pela CF, tendo em vista a inexistência de recursos
públicos suficientes.
Mas então você deve estar se questionando: O Estado não é obrigado a assegurar
direitos sociais? É só ele alegar que não tem dinheiro e pronto, ficamos sem direitos sociais?
A resposta é que o Estado é obrigado a assegurar, no que diz respeito aos direitos
sociais, o mínimo ao respeito da dignidade das pessoas, ou seja, o Estado é obrigado a pelo
menos assegurar o acesso aos direitos sociais. Dessa forma, o Estado não pode alegar
insuficiência de recursos para assegurar o mínimo; essa teoria ficou conhecida como teoria
do mínimo existencial.
Desse modo, podemos dizer que a teoria do mínimo existencial impõe um limite à teoria
da Reserva do Possível, na medida em que o Estado não pode alegar que não tem dinheiro
para assegurar o mínimo de acesso aos direitos sociais, que representam o mínimo de
dignidade que o Estado deve proporcionar.

1
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Conclui-se então que a teoria do mínimo existencial determina que o Estado tem o dever
de assegurar ao cidadão condições mínimas para uma vida digna, independentemente da
existência de recursos públicos para custeio.
Ademais, caso o Estado não assegure o mínimo existencial, de forma excepcional, é
possível a atuação do Poder Judiciário, que inclusive pode determinar medidas coercitivas,
como bloqueio de contas, para que o Estado assegure os direitos sociais. A esse fenômeno de
atuação do Poder Judiciário na gestão da coisa pública no sentido de assegurar os direitos
sociais ficou conhecido como Judicialização de Políticas Públicas. Evidentemente que essa
atuação do Poder Judiciário é excepcional, sob pena de violação da separação dos Poderes.
DIREITO SOCIAIS TRABALHISTAS
No capítulo destinado aos direitos sociais a CF, nos incisos seguintes, tratou apenas de
um dos direitos elencados no Art.6o que é o direito ao Trabalho.
Dessa forma, os artigos que se seguem (7o ao 11) dispõem apenas de direitos sociais de
caráter trabalhista. Os demais direitos sociais são abordados pela CF, especialmente no título
da Ordem Social.
Esses direitos podem ser assim classificados em direitos aplicáveis às relações
individuais de trabalho e direitos coletivos dos trabalhadores:

Direito de associação
profissional ou
sindical

Direitos individuais
Direito de greve
(Art. 7°)
Direitos dos
trabalhadores
Direito de
Direitos coletivos
substituição
(Art. 8° - 11)
processual

Direito de
participação

Direito de
representação
classista

DIREITOS SOCIAIS INDIVIDUAIS DOS TRABALHADORES


Vamos analisar então o caput do Art.7o da CF:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

Pela leitura do caput, podemos observar que o rol de direitos trabalhistas configura um
rol EXEMPLIFICATIVO, isso porque outros direitos poderão ser assegurados em outros
documentos.
Além disso, os direitos elencados são aplicáveis aos trabalhadores URBANOS, RURAIS, e
por expressa disposição da CF são estendidos integralmente aos trabalhadores AVULSOS,
observe:

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo 2 empregatício


permanente e o trabalhador avulso.

Parte desses direitos, não todos, também é extensível aos servidores públicos e aos
trabalhadores domésticos, graças à EC 72/2013, que ficou conhecida como PEC dos
domésticos.
As bancas costumam cobrar quais dos direitos desse artigo também são aplicáveis aos
domésticos ou aos servidores públicos, por isso é muito importante que você memorize quais
direitos sociais são extensíveis a esses trabalhadores.
Para ajudá-lo, ao final desse capítulo, temos uma tabela comparativa entre os direitos de
cada uma dessas classes: trabalhadores urbanos e rurais; domésticos e servidores públicos. É
imprescindível ler!
Os incisos do artigo 7o costumam cair nas provas de forma bastante literal, é um “copia e
cola” da CF, sendo assim, a leitura integral dos incisos do artigo 7o é imprescindível. Dessa
forma, vamos analisar aqueles que são mais cobrados ou que exijam um conhecimento a mais.
PROTEÇÃO CONTRA DESPEDIDA ARBITRÁRIA OU SEM JUSTA CAUSA
A CF, buscando proteger as relações de trabalho, estabelece que lei complementar
deverá prever uma indenização compensatória, caso o trabalhador seja despedido
arbitrariamente ou sem justa causa.
O problema é que essa lei complementar nunca foi criada, dessa forma, até que a lei seja
criada, a indenização deverá ser realizada por meio do pagamento de multa de 40% sobre o
valor do FGTS, conforme determinação do Art. 10, I do ADCT.
Ressalta-se que essa regra constitucional é uma norma de eficácia contida.
I - Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa
causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos;

GARANTIAS DO TRABALHADOR
A CF, pensando em amparar aquele trabalhador desempregado, prevê um seguro, que é
uma ajuda dada ao trabalhador, caso ele esteja desempregado de forma involuntária, ou seja,
caso ele tenha sido demitido. Isso significa que, se o trabalhador pedir demissão, ele não fará
jus ao seguro-desemprego.
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

A CF assegura também o Fundo de Garantia do tempo de serviço – FGTS, que nada mais
é do que uma espécie de poupança que o empregador faz, depositando mensalmente um valor
em uma conta vinculada e exclusiva do empregado. Assim, em situações emergenciais ou
mesmo em caso de desemprego, o trabalhador poderá levantar os valores que foram
depositados.
III - fundo de garantia do tempo de serviço - FGTS;

2
Segundo a Lei 12.023/2009, trabalhado avulso é: aquele que presta serviços nas áreas urbanas ou rurais de caráter
intermitente sem vínculo empregatício, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria por meio de
acordos e convenções coletivas de trabalho para execução das tarefas.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Atenção: de acordo com a nova orientação do STF, o prazo para cobrança judicial dos
valores do FGTS é de 5 anos, observado o limite de 2 anos após a extinção do contrato de
trabalho e não mais de 30 anos. (RE 134.328).
SALÁRIO MÍNIMO
A garantia do salário mínimo encontra-se prevista no inciso IV do Art. 7o, vejamos a sua
redação:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;

Quanto ao salário mínimo, podemos destacar as seguintes características:


 Deve ser fixado em Lei: é apenas o Poder Legislativo que deve fixar o valor do
salário mínimo. Contudo, de acordo com o STF a lei que regulamenta o salário
mínimo poderá autorizar que a mera declaração do valor do salário seja feita por
decreto do Presidente da República.
 Nacionalmente Unificado: o salário mínimo é estipulado de forma nacional,
unificado em todo o país, sem levar em consideração as peculiaridades de cada
região do país.
 Reajustes periódicos: como o salário mínimo deve atender a todas as
necessidades vitais do indivíduo e de sua família, o valor do salário deve ser
reajustado com a finalidade de manter sua capacidade aquisitiva.
 Proibição de Vinculação: a CF não admite a vinculação do salário para qualquer
finalidade, ou seja, o salário mínimo não deve servir como índice de correção
monetária.
 Destaca-se, contudo, a interpretação do STF 3 que entende não ofender a CF a
vinculação do salario mínimo como base para cálculo de pensão alimentícia.
A garantia do salário mínimo é assegurada também ao servidor público, entretanto, tal
garantia não se refere ao valor do vencimento básico, mas diz respeito à totalidade da
remuneração. A remuneração do servidor é composta de: vencimento básico mais adicionais,
sendo assim, de acordo com a SV.16, se o valor do vencimento básico foi inferior ao mínimo,
não haverá ofensa a CF, o que não se permite é que a remuneração seja inferior ao mínimo.
Súmula Vinculante 16:
Os artigos 7º, IV, e 39, §3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-
se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.
Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário
mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
[Súmula Vinculante 6.]
Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de
empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
[Súmula Vinculante 4.]

3
ARE 842.157, mi. Dias Toffoli, 19.06.2015.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

EXERCÍCIOS
1. A respeito de direitos e garantias fundamentais, julgue o item.
Os trabalhadores, urbanos e rurais, têm o direito ao aviso-prévio proporcional ao tempo
de serviço, sendo que esse período, antecedente à rescisão do contrato de trabalho, será de, no
mínimo, trinta dias.
Certo ( ) Errado ( )
CERTO
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:
XXI - aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no m ínim o de trinta dias, nos termos
da lei;
O aviso-prévio será de no mínimo 30 dias (norma de eficácia plena)
Mas o máximo depende de regulamentação legal e deverá ser proporcional ao tempo de serviço
(dessa forma, o seu exercício depende de regulamentação, tendo aplicabilidade mediata – norma de
eficácia limitada).

2. A partir do que dispõe a CF quanto aos direitos e às garantias fundamentais, julgue o


item seguinte.
É proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos de
idade e qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos de idade.
Certo ( ) Errado ( )
CERTO
SEGUNDO A NOSSA CARTA MAIOR
TRABALHOS PROIBIDOS:
Menor de 14 – proibido qualquer forma de trabalho.
Entre 14 a 24 --> contato de aprendizagem.
Entre 16 a 18 --> pode ter vínculo de emprego (em regra veda-se trabalho
aos menores de 16 , salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos.
Maior de 18 --> qualquer vínculo de emprego.
Trabalho doméstico – A partir dos 18 anos.
In verbis:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos;

3. No que se refere aos elementos e à supremacia da Constituição, aos direitos e às


garantias fundamentais e aos princípios constitucionais da Administração Pública,
julgue o item.
A licença‐maternidade, que abrange tanto a gestante quanto a adotante, ambas com
idêntico prazo de duração e prorrogação, configura‐se como um dos direitos sociais dos
trabalhadores urbanos e rurais.
Certo ( ) Errado ( )

A licença-maternidade é um direito fundamental, social, previsto no artigo 7°,


inciso XVIII.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

Art. 7º – XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,


com a duração de cento e vinte dias;
Após aprovação da Lei 12.873 de 2013, que alterou a Lei 8213/91, a licença-
maternidade, passou a ter direito a 120 dias de licença-maternidade, assim como a
mãe biológica.
Em regra, a licença-maternidade dura 120 dias.
Existem situações em que a licença-maternidade poderá ser prorrogada,
quando, por exemplo, a empresa adere ao Programa de Empresa Cidadã,
regulamentado pela Lei 11. 770/.

4. Acerca dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item.


Além de legitimar a constituição de direito subjetivo público, as normas que preveem
direitos sociais podem repercutir sobre a ordem jurídica em geral, dando ensejo a uma
expansão direta ou indireta no plano do direito ordinatório.
Certo ( ) Errado ( )
Além de legitimar a constituição de direito subjetivo público, as normas que
preveem direitos sociais podem repercutir sobre a ordem jurídica em geral, dando
ensejo a uma expansão direta ou indireta no plano do direito ordinatório (eficácia
direta ou indireta sobre as relações privadas).
Gilmar Ferreira Mendes, Direitos Fundamentais e Controle de
Constitucionalidade.

5. O elemento externo capaz de limitar ou até de restringir o acesso dos titulares de um


direito fundamental social específico, face à limitação orçamentária do Estado,
denomina-se
a) intervenção orçamentária.
b) intervenção seletiva.
c) reserva do possível.
d) interferência financeira.
e) fundo residual.

Item: C
A teoria que diz que o Estado só deve assegurar os direitos sociais na medida
daquilo que lhe seja economicamente viável ficou conhecida como Teoria da
Reserva do Possível ou cláusula da reserva do possível.

GABARITO
1. Certo
2. Certo
3. Certo
4. Certo
5. C

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS SOCIAIS .............................................................................................................................................. 2
DIREITOS INDIVIDUAIS TRABALHISTAS .......................................................................................................... 2
REGRAS SALARIAIS ..................................................................................................................................... 2
PISO SALARIAL ........................................................................................................................................... 2
TRABALHO NOTURNO ............................................................................................................................... 2
JORNADA DE TRABALHO E HORA EXTRA ....................................................................................................... 2
LICENÇA-MATERNIDADE E LICENÇA-PATERNIDADE...................................................................................... 3
PRESCRIÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS ................................................................................................. 3
PROIBIÇÕES ................................................................................................................................................... 4
ASSISTÊNCIA GRATUITA – CRECHES E PRÉ-ESCOLAS ..................................................................................... 4
DEMAIS DIREITOS .......................................................................................................................................... 5
DIREITOS DOS DOMÉSTICOS ......................................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS SOCIAIS
DIREITOS INDIVIDUAIS TRABALHISTAS
REGRAS SALARIAIS
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
acordo coletivo;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou
no valor da aposentadoria;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
retenção dolosa;

PISO SALARIAL
A Constituição Federal estabelece, dentre os direitos assegurados aos trabalhadores
urbanos e rurais, o direito ao piso salarial, que deverá ser fixado de forma proporcional à
extensão e à complexidade do trabalho.
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
trabalho;
Como visto, o valor do piso salarial, em relação aos trabalhadores, não está definido na
Constituição Federal, ademais essa é uma competência que foi delegada aos Estados e ao DF,
por meio da LC 103/2000.
TRABALHO NOTURNO
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
Em decorrência do evidente desgaste que o trabalho noturno gera para o empregado, a
CF assegura que a hora noturna deve ser paga em valor superior a hora trabalhada em
período diurno.

JORNADA DE TRABALHO E HORA EXTRA


A duração da jornada de trabalho no Brasil é, como regra, de oito horas diárias e 44
semanais, o que for trabalhado além disso deverá ser pago ao trabalhador como hora extra.
Contudo, essa regra não é absoluta, isso porque o trabalhador poderá realizar
compensação de horários (banco de horas) ou pode ter a jornada reduzida, desde que prevista
em acordo ou convenção coletiva de trabalho.
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação
de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho;
Quando o trabalhador é obrigado a trabalhar no regime de escala, ou seja, em turnos
ininterruptos de revezamento, a jornada é reduzida para seis horas, salvo se tiver outra
disposição em acordo ou convenção coletiva.
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
Observe que o valor da hora extra deve ser de, NO MÍNIMO, 50% a mais do que o valor
da hora normal.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo,


em cinquenta por cento à do normal;

LICENÇA-MATERNIDADE E LICENÇA-PATERNIDADE
A CF assegura expressamente o prazo de 120 dias de licença-maternidade,
oportunizando que a mãe possa ficar pelo menos os primeiros meses com seu filho, sem
prejuízo do seu emprego e do seu salário.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com
a duração de cento e vinte dias;
Licença-adotante: De acordo com a jurisprudência do STF, o prazo da licença-adotante
deverá ser igual ao da licença gestante, nem poderá ser estabelecido prazos distintos em
decorrência da idade da criança adotada. (RE 778.889)
Em decorrência da igualdade formal entre homens e mulheres, a CF também assegura
um período de licença para o pai, contudo não estabelece um prazo específico, deixando esse
prazo para a lei definir. Atualmente, a licença-paternidade é de 5 dias, conforme Art. 10 1 § 1º
do ADCT:
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

PRESCRIÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS


O inciso XXIX do Art. 7o estabelece algumas regras de prescrição dos créditos
trabalhistas, ou seja, se o trabalhador entender que ele não recebeu todos os direitos a que
fazia jus durante o contrato de trabalho, ele poderá reivindicar esses direitos em uma Ação
judicial trabalhista. Contudo, a CF estabelece um prazo para que esse direito de ação seja
exercido.
A CF fala em dois prazos distintos, um de 2 anos e outro de 5 anos. Vejamos o texto
constitucional:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho;
Esse prazo de 2 anos refere-se ao prazo que o trabalhador tem para ingressar com uma
ação trabalhista reivindicando seus direitos. Este prazo é contado a partir do dia em que
houve a extinção, a rescisão do contrato de trabalho.
Já o prazo de 5 anos refere-se ao período anterior ao ajuizamento da ação que o
trabalhador terá para discutir seus direitos trabalhistas.
Por exemplo, imagine que um trabalhador tenha trabalhado em uma empresa por 10
anos e tenha sido demitido. Ao sair da empresa, ele terá um prazo de dois anos para ajuizar a
ação, se não fizer nesse prazo, o seu direito ficará prescrito. Imaginemos então que esse
mesmo trabalhador, assim que foi demitido, procurou um advogado que ajuizou
imediatamente a Ação trabalhista; a contar da data em que a ação foi protocolada, será
possível discutir os créditos existentes apenas nos últimos cinco anos. Mas você deve se
perguntar, ele não trabalhou 10 anos? E os créditos dos cinco anos iniciais? Qualquer crédito
anterior aos cinco anos estará prescrito e o trabalhador não poderá reivindicar esse direito.

1
Art. 10. § 1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da Constituição, o prazo da licença-
paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

CUIDADO! Não há previsão constitucional para a aplicação do prazo prescricional para


os trabalhadores domésticos, no entanto, os tribunais têm aplicado a norma aos trabalhadores
domésticos com base na analogia.

PROIBIÇÕES
A CF nos incisos XXX, XXXI, XXXII e XXXIII apresenta algumas regras de proibição, ou
seja, ela veda tratamentos desnecessários e discriminatórios entre trabalhadores,
estabelecendo a necessidade de um tratamento igualitário, isonômico entre os trabalhadores.
Evidentemente que essa igualdade é uma igualdade meramente formal, no sentido de evitar
discriminações arbitrárias, contudo não impede tratamento diferenciado com vistas a
assegurar uma igualdade material ou efetiva.
Vejamos os dispositivos:
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;
Merece destaque o inciso XXXIII, no qual a Constituição determina que é proibido o
trabalho para os menores de 16, ressalvada a condição de aprendiz, a partir dos 14. Dessa
forma, o adolescente com 14 anos poderá trabalhar no Brasil, contudo até os seus 16 anos,
esse trabalho deve ser apenas na condição de aprendiz.
Essa proteção especial é reforçada pelo artigo 227, § 3º, I da CF
Art. 227, § 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes
aspectos:
I –idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho,
observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
Ademais, a CF proíbe, para os menores de 18 anos, os trabalhos perigosos, insalubres e
noturnos.

ASSISTÊNCIA GRATUITA – CRECHES E PRÉ-ESCOLAS


XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
Os trabalhadores, por expressa disposição constitucional, têm direito à assistência em
creches e pré-escolas, de forma gratuita, aos filhos até os cinco anos de idade.
Esse direito é reforçado pelo Art. 208, IV da CF/88 que dispõe a respeito do direito à
educação infantil:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante
a garantia de:
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5
(cinco) anos de idade;
Nesse sentido, entende o STF ser direito público subjetivo de crianças até cinco anos de
idade, o acesso gratuito a creches e pré-escolas, podendo o Judiciário intervir para assegurar o
referido direito, veja a decisão:
A jurisprudência do STF firmou-se no sentido da existência de
direito subjetivo público de crianças até cinco anos de idade ao

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

atendimento em creches e pré-escolas. (...) também consolidou o


entendimento de que é possível a intervenção do Poder Judiciário
visando à efetivação daquele direito constitucional. [RE 554.075
AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 30-6-2009, 1ª T, DJE de 21-8-2009.]
= AI 592.075 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 19-5-2009, 1ª
T, DJE de 5-6-2009
A educação infantil representa prerrogativa constitucional
indisponível, que, deferida às crianças, a estas assegura, para efeito
de seu desenvolvimento integral, e como primeira etapa do processo
de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-
escola (CF, art. 208, IV). Essa prerrogativa jurídica, em
consequência, impõe, ao Estado, por efeito da alta significação
social de que se reveste a educação infantil, a obrigação
constitucional de criar condições objetivas que possibilitem, de
maneira concreta, em favor das "crianças até cinco anos de idade"
(CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e
unidades de pré-escola, sob pena de configurar-se inaceitável
omissão governamental, apta a frustrar, injustamente, por inércia, o
integral adimplemento, pelo Poder Público, de prestação estatal que
lhe impôs o próprio texto da CF. A educação infantil, por qualificar-
se como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu
processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias
da administração pública nem se subordina a razões de puro
pragmatismo governamental. [ARE 639.337 AgR, rel. min. Celso de
Mello, j. 23-8-2011, 2ª T, DJE de 15-9-2011.] = RE 956.475, rel. min.
Celso de Mello, decisão monocrática, j. 12-5-2016, DJE de 17-5-2016
= RE 464.143 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 15-12-2009, 2ª T, DJE de
19-2-2010

DEMAIS DIREITOS
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da
empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador
de baixa renda nos termos da lei;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos
domingos;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço
a mais do que o salário normal;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas
de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa;

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

DIREITOS DOS DOMÉSTICOS


Como já destacado, os trabalhadores domésticos possuem a grande maioria dos direitos
elencados no artigo 7o, conforme parágrafo único do referido artigo.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores
domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII,
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
Sobressai-se que os direitos destacados na primeira parte não dependem de
regulamentação, enquanto que os direitos da segunda parte do parágrafo dependem de
regulamentação, que foi realizada inclusive pela LC 150/2015.
Dessa forma, são NOVE direitos que não são aplicáveis aos domésticos de acordo com o
texto constitucional, vejamos:
 Piso salarial;
 Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
 Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei;
 Prescrição dos créditos trabalhistas;
 Proteção em face da automação, na forma da lei;
 Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
profissionais respectivos;
 jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento;
 adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na
forma da lei;
 igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e
o trabalhador avulso.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Piso salarial - V

Participação nos lucros, ou resultados - XI

Proteção do mercado de trabalho da mulher - XX

Prescrição dos créditos trabalhistas - XXIX

DIREITOS NÃO ASSEGURADOS AOS DOMÉSTICOS


Proteção em face da automação - XXVII
P6 JADI

Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e


intelectual - XXXII

Jornada de seis horas para o trabalho realizado em


turnos ininterruptos de revezamento - XIV

ADcional de remuneração para as atividades penosas,


insalubres ou perigosas - XXIII

Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo


empregatício permanente e o trabalhador avulso - XXXIV

EXERCÍCIOS
1. (CESPE\2012) A respeito dos direitos sociais e das instituições democráticas, julgue o
item abaixo.
É livre a associação sindical das categoriais profissionais, sendo vedado ao poder público
exigir, para a fundação de um sindicato, que haja seu registro prévio em órgão competente.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: ERRADO
A Constituição Federal estabelece como direito dos trabalhadores, de forma
livre e independentemente de autorização, a criação de associação profissional ou
de sindicatos, sendo inclusive vedado ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical. Contudo, estabelece como requisito
indispensável que o sindicato deverá ser registrado no órgão competente.
Atualmente, como não há lei dispondo qual é o órgão competente, essa atribuição é
exercida pelo Ministério da Justiça.

2. (CESPE- 2016) Julgue o item seguinte, a respeito dos direitos sociais e dos direitos de
nacionalidade.
O direito de ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, prescreve em
cinco anos após a extinção do contrato de trabalho, para os trabalhadores urbanos, e em dois
anos, para os trabalhadores rurais.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

Reposta: ERRADO
O inciso XXIX do Art. 7o estabelece algumas regras de prescrição dos créditos
trabalhistas, ou seja, se o trabalhador entender que ele não recebeu todos os
direitos a que fazia jus durante o contrato de trabalho, ele poderá reivindicar esses
direitos em uma Ação judicial trabalhista. Contudo, a CF estabelece um prazo para
que esse direito de ação seja exercido.
A CF fala em dois prazos distintos, um de 2 anos e outro de 5 anos. Vejamos
o texto constitucional:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
Esse prazo de 2 anos refere-se ao prazo que o trabalhador tem para
ingressar com uma ação trabalhista reivindicando seus direitos. Esse prazo é
contado a partir do dia em que houve a extinção, a rescisão do contrato de
trabalho.
Já o prazo de 5 anos refere-se ao período anterior ao ajuizamento da ação
que o trabalhador terá para discutir seus direitos trabalhistas.
Por exemplo, imagine que um trabalhador tenha trabalhado em uma empresa
por 10 anos e tenha sido demitido. Ao sair da empresa, ele terá um prazo de dois
anos para ajuizar a ação, se não fizer nesse prazo, o seu direito ficará prescrito.
Imaginemos então que esse mesmo trabalhador, assim que foi demitido, procurou
um advogado que ajuizou imediatamente a Ação trabalhista; a contar da data em
que a ação foi protocolada, será possível discutir os créditos existentes apenas nos
últimos cinco anos. Mas você deve se perguntar, ele não trabalhou 10 anos? E os
créditos dos cinco anos iniciais? Qualquer crédito anterior aos cinco anos estará
prescrito e o trabalhador não poderá reivindicar esse direito.
CUIDADO! Não há previsão constitucional para a aplicação do prazo
prescricional para os trabalhadores domésticos, no entanto, os tribunais têm
aplicado a norma aos trabalhadores domésticos com base na analogia.

3. (CESPE/2015) No que diz respeito a direitos sociais relacionados ao trabalho, julgue o


item a seguir.
Cabe ao sindicato a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria
a que representa, inclusive no que diz respeito a questões administrativas.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: CERTA
Os sindicatos atuam na defesa de seus filiados na condição de substitutos
processuais, buscando a defesa de direitos e interesses de natureza coletiva ou
individual da categoria, tanto no âmbito judicial quanto no âmbito administrativo.
Observe que a atuação dos sindicatos nessas hipóteses independe de
autorização específica do filiado.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

4. (CESPE/2016) No que diz respeito a direitos sociais relacionados ao trabalho, julgue o


item a seguir.
A realização de trabalho noturno, perigoso ou insalubre por menor de dezoito anos de
idade é permitida desde que o empregador pague a esse trabalhador adicional pecuniário.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA – ERRADA
O inciso XXXIII, no qual a Constituição determina que é proibido o trabalho
para os menores de 16, ressalvada a condição de aprendiz, a partir dos 14. Dessa
forma, o adolescente com 14 anos poderá trabalhar no Brasil, contudo até os seus
16 anos, esse trabalho deve ser apenas na condição de aprendiz.
Essa proteção especial é reforçada pelo artigo 227, § 3º, I da CF
Art. 227, § 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes
aspectos:
I –idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o
disposto no art. 7º, XXXIII;
Ademais, a CF proíbe, para os menores de 18 anos, os trabalhos perigosos,
insalubres e noturnos.

5. (CESPE/2015) No que concerne aos princípios fundamentais da República Federativa


do Brasil e aos direitos fundamentais, julgue o próximo item.
O registro do sindicato no órgão competente é exigência constitucional que não se
confunde com a autorização estatal para a fundação da entidade.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: CERTO
A Constituição Federal estabelece como direito dos trabalhadores, de forma
livre e independentemente de autorização, a criação de associação profissional ou
de sindicatos, sendo inclusive vedado ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical. Contudo, estabelece como requisito
indispensável que o sindicato deverá ser registrado no órgão competente.
Atualmente, como não há lei dispondo qual é o órgão competente, essa atribuição é
exercida pelo Ministério da Justiça.

GABARITO
1. E
2. E
3. C
4. E
5. C

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS SOCIAIS .............................................................................................................................................. 2
DIREITOS COLETIVOS TRABALHISTAS ............................................................................................................ 2
REGRAS DE ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL OU SINDICAL ............................................................................ 2
CONTRIBUIÇÕES ........................................................................................................................................ 3
LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO...................................................................................................................... 3
PARTICIPAÇÃO NAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS E O TRABALHADOR APOSENTADO ................................. 4
APOSENTADO ............................................................................................................................................ 4
ESTABILIDADE SINDICAL ............................................................................................................................ 4
DIREITO DE SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL .................................................................................................. 4
DIREITO DE GREVE ..................................................................................................................................... 5
DIREITO DE PARTICIPAÇÃO........................................................................................................................ 5
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO CLASSISTA .................................................................................................. 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS SOCIAIS
DIREITOS COLETIVOS TRABALHISTAS
Os direitos sociais coletivos são aqueles exercidos pelos trabalhadores, coletivamente ou
no interesse de uma coletividade, e podem ser classificados em:
 Direito de associação profissional ou sindical;
 Direito de greve;
 Direito de substituição processual;
 Direito de participação;
 Direito de representação classista.
REGRAS DE ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL OU SINDICAL
A Constituição Federal estabelece como direito dos trabalhadores, de forma livre e
independente de autorização, a criação de associação profissional ou de sindicatos, sendo
inclusive vedada ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical.
Contudo, estabelece como requisito indispensável que o sindicato deverá ser registrado no
órgão competente. Atualmente, como não há lei dispondo qual é o órgão competente, essa
atribuição é exercida pelo Ministério da Justiça, conforme Súmula 677 do STF:
Até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do
Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela
observância do princípio da unicidade.
[Súmula 677.]
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, através da Secretaria
Nacional de Justiça, é o órgão competente para conceder o Registro
Sindical à organização representativa de categoria econômica ou
profissional, reconhecido pela Súmula 677 do Supremo Tribunal Federal
(STF), com a finalidade de zelar pela unicidade sindical.

Resumindo: Para a criação de Sindicatos, não precisa de autorização, mas sim de registro!
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o
seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao
Poder Público a interferência e a intervenção na organização
sindical;
A exigência do registro é necessária para que se assegure o chamado princípio da
unicidade sindical, ou monismo sindical, que é a mais importante das limitações
constitucionais à liberdade sindical estabelecida no inciso II do Art. 8o .
Esse princípio estabelece um limite para a organização de sindicatos, estabelecendo uma
base territorial mínima e proibindo a criação de sindicatos idênticos na mesma base territorial.
Dessa forma, os trabalhadores têm liberdade para definir a base territorial de atuação dos
seus sindicatos, mas não será possível haver dois ou mais sindicatos da mesma categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial.
A CF ainda estabelece que a base territorial não pode ser inferior à área de um Município.
Exemplificando, caso seja criado um sindicato dos motoristas de Cascavel, não poderá
ser criado outro sindicato de motoristas em Cascavel, e ainda não seria possível estabelecer
como base territorial um bairro ou região do Município, pois a base territorial mínima é a área
de um Município.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em


qualquer grau, representativa de categoria profissional ou
econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser
inferior à área de um Município;
Destaca-se que as regras aplicáveis aos sindicatos se estendem aos sindicatos rurais e de
colônia de pescadores, conforme Art. 8º, Parágrafo único, da CF/88:
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
atendidas as condições que a lei estabelecer.

CONTRIBUIÇÕES
O inciso IV estabeleceu a possibilidade de se criar uma contribuição a ser paga
diretamente para o Sindicato, fixada pela Assembleia Geral, que deverá ser descontada em folha
do trabalhador, para custear o sistema confederativo, e o seu pagamento só é obrigatório se o
trabalhador é filiado ao respectivo sindicato. Essa contribuição é chamada de contribuição
confederativa.
IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de
categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do
sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;
É o que diz o teor da súmula vinculante 40 do STF:
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal,
só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

Essa contribuição não se confunde com a chamada contribuição sindical, estabelecida


pela CLT. Essa contribuição era obrigatória para todos os trabalhadores, independentemente
de estarem ou não filiados ao sindicato. Em virtude disso, essa contribuição possuía caráter
tributário.
Contudo, a Lei 13.467, de 13/7/2017 1, denominada de Reforma Trabalhista, transformou
a contribuição sindical de valor obrigatório em facultativo, dependente de autorização expressa
e prévia do destinatário, mudando então a sua natureza.
LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO
A CF assegura a liberdade de associação sindical, de modo que ninguém deve ser obrigado
a se sindicalizar, e também não pode ser obrigado a se manter sindicalizado.
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
sindicato;

1
A Lei 13.467, de 13/7/2017, denominada de reforma trabalhista, altera o artigo 579 da Consolidação das Leis do
Trabalho, dando-lhe a seguinte redação:
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participem de
uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato
representativo da mesma categoria.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

PARTICIPAÇÃO NAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS E O TRABALHADOR


APOSENTADO
Os sindicatos, por representarem os interesses de suas categorias, têm participação
obrigatória quando da elaboração de acordos ou convenções coletivas, sob pena de nulidade da
negociação. É o que determina o inciso VI.
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
coletivas de trabalho;

APOSENTADO
Outro dispositivo que SEMPRE aparece em prova diz respeito ao trabalhador aposentado,
que pode manter-se filiado a sindicato, sendo-lhe assegurado o direito de votar e de ser votado
nos sindicatos.
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
organizações sindicais;

ESTABILIDADE SINDICAL
No intuito de proteger os trabalhadores sindicalizados, que pretendam se candidatar a
cargo de direção ou representação sindical, de perseguições ilegítimas dos empregadores, a CF
assegura a eles estabilidade, vedando a demissão sem justa causa.
Essa estabilidade se inicia com o registro da candidatura e perdura, com o candidato
eleito, até um ano após o término do seu mandato.
Evidentemente, essa estabilidade não é absoluta, pois o trabalhador, mesmo estável,
poderá ser demitido no caso de cometimento de falta grave, autorizando a demissão por justa
causa.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do
registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical
e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato,
salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Ressalta-se que essa estabilidade, segundo a jurisprudência do STF, no caso do servidor
público, não se estende ao cargo em comissão eventualmente por ele ocupado à época de sua
eleição.
Estabilidade sindical provisória (art. 8º, VIII, CF): não alcança o
servidor público, regido por regime especial, ocupante de cargo em
comissão e, concomitantemente, de cargo de direção no sindicato da
categoria. (RE 183.884, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em
8-6-1999, Primeira Turma, DJ de 13-8-1999.)

DIREITO DE SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL


Os sindicatos atuam na defesa de seus filiados na condição de substitutos processuais,
buscando a defesa de direitos e interesses de natureza coletiva ou individual da categoria, tanto
no âmbito judicial quanto no âmbito administrativo.
Observe que a atuação dos sindicatos nessas hipóteses independe de autorização
específica do filiado.
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

DIREITO DE GREVE
O Art.9o da CF vai consagrar o famoso direito de greve, contudo esse direito, nesse
dispositivo, é direcionado apenas aos trabalhadores da iniciativa privada. Isso porque o
direito de greve para o servidor público é assegurado no Art. 37, VII da CF 2.
Vale ressaltar que o Art. 9o é uma norma constitucional de eficácia contida, diferente da
norma do Art. 37, VII que é uma norma de eficácia limitada.
Observe o texto:
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre
o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
O artigo estabelece que cabe aos trabalhadores, de forma livre, decidir se devem ou não
realizar greve e quais os direitos que pretendem defender.
Contudo, esse direito encontra limites, pois a lei pode restringir o exercício do direito de
greve em relação àqueles serviços ou atividades essenciais. Não é que o direito de greve não
poderá ser exercido, ele será, contudo, com limitações, visando atender às necessidades
inadiáveis da comunidade.
A lei que regulamenta esse direito de greve é a Lei 7.783/89.
Greve no serviço público:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos
em lei específica;
ATENÇÃO: Algumas atividades, em razão da sua essencialidade, não podem realizar greve,
como, por exemplo, os órgãos de segurança pública, conforme jurisprudência do STF:
NOVO: O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou
modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores
públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. É
obrigatória a participação do poder público em mediação instaurada
pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos
termos do art. 165 do CPC, para vocalização dos interesses da
categoria. Com base nessas orientações, o Plenário, por maioria, deu
provimento a recurso extraordinário com agravo interposto contra
acórdão que concluiu pela impossibilidade de extensão aos policiais
civis da vedação do direito à greve dos policiais militares.
[ARE 654.432, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 5-4-2017,
P, Informativo 860, Tema 541.]

DIREITO DE PARTICIPAÇÃO
A CF assegura a participação dos trabalhadores e empregadores em órgãos colegiados
públicos em que se discuta o interesse dessas categorias. A ideia é manter um diálogo
democrático entre os interesses do Estado, dos trabalhadores e dos empregadores.

2
Art. 37 VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e


empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus
interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão
e deliberação.

DIREITO DE REPRESENTAÇÃO CLASSISTA


Nas empresas com mais de 200 empregados, a CF assegura a eleição de um
representante, que será um intermediador entre os trabalhadores e a administração da
empresa.
A ideia é facilitar a comunicação entre o trabalhador e o empregador em empresas de
grande porte.
Observe que esse representante não faz jus à estabilidade sindical, pois não se trata de
representante do sindicato, mas um representante direto dos trabalhadores.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
IMPORTANTE! A Lei da Reforma Trabalhista inseriu o Título IV-A à CLT contendo diversos
artigos para regulamentar o Art. 11, CF, mas não apenas de um representante, e sim de uma
comissão de representantes (Art. 510-A da CLT), cuja composição é definida pela
quantidade de empregados da empresa:
I. Nas empresas com mais de duzentos e até três mil empregados, por três membros;
II. Nas empresas com mais de três mil e até cinco mil empregados, por cinco membros;
III. Nas empresas com mais de cinco mil empregados, por sete membros.

EXERCÍCIOS
1. (CESPE\2016) À luz das disposições constitucionais relativas aos direitos sociais, julgue
o item a seguir.
É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos
órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta – CERTO
A CF assegura a participação dos trabalhadores e empregadores em órgãos
colegiados públicos em que se discuta o interesse dessas categorias. A ideia é manter
um diálogo democrático entre os interesses do Estado, dos trabalhadores e dos
empregadores.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.

2. (CESPE- 2016) À luz das disposições constitucionais relativas aos direitos sociais, julgue
o item a seguir.
É livre a associação sindical, desde que o poder público autorize, previamente, a fundação
do sindicato.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Reposta: ERRADO
A Constituição Federal estabelece como direito dos trabalhadores, de forma
livre e independente de autorização, a criação de associação profissional ou de
sindicatos, sendo inclusive vedada ao Poder Público a interferência e a intervenção
na organização sindical. Contudo, estabelece como requisito indispensável que o
sindicato deverá ser registrado no órgão competente. Atualmente, como não há lei
dispondo qual é o órgão competente, essa atribuição é exercida pelo Ministério da
Justiça, conforme Súmula 677 do STF:
Até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho
proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da
unicidade.
[Súmula 677.]
O Ministério da Justiça e Segurança Pública, através da Secretaria Nacional de Justiça,
é o órgão competente para conceder o Registro Sindical à organização representativa de categoria
econômica ou profissional, reconhecido pela Súmula 677 do Supremo Tribunal Federal (STF), com a
finalidade de zelar pela unicidade sindical.
Resumindo: Para a criação de sindicatos – não há necessidade de autorização,
mas sim de registro!

3. (CESPE/2016) À luz das disposições constitucionais relativas aos direitos sociais, julgue
o item a seguir.
Cabe ao sindicato da categoria definir, no caso de greve, os serviços ou atividades
essenciais que serão disponibilizados à coletividade, assim como dispor sobre o atendimento
das necessidades inadiáveis da comunidade.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta - ERRADO
O Art.9o da CF consagra o famoso direito de greve, contudo esse direito, nesse
dispositivo, é direcionado apenas aos trabalhadores da iniciativa privada. Isso
porque o direito de greve para o servidor público é assegurado no Art. 37, VII da
CF 3.
Vale ressaltar que o Art. 9o é uma norma constitucional de eficácia contida,
diferente da norma do Art. 37, VII, que é uma norma de eficácia limitada.
O artigo estabelece que cabe aos trabalhadores, de forma livre, decidir se
devem ou não realizar greve e quais os direitos que pretendem defender.

4. (CESPE/2016) À luz das disposições constitucionais relativas aos direitos sociais, julgue
o item a seguir.
Aos trabalhadores compete decidir sobre os interesses que devam defender por meio do
exercício do direito de greve.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA – CERTO
O Art.9o da CF vai consagrar o famoso direito de greve, contudo esse direito,
nesse dispositivo, é direcionado apenas aos trabalhadores da iniciativa privada.
Isso porque o direito de greve para o servidor público é assegurado no Art. 37, VII,
da CF 4.
Vale ressaltar que o Art. 9o é uma norma constitucional de eficácia contida,
diferente da norma do Art. 37, VII, que é uma norma de eficácia limitada.

3
Art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
4
Art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

O artigo estabelece que cabe aos trabalhadores, de forma livre, decidir se


devem ou não realizar greve e quais os direitos que pretendem defender.

5. (CESPE/2015) No que concerne aos princípios fundamentais da República Federativa do


Brasil e aos direitos fundamentais, julgue o próximo item.
O princípio da unicidade, que veda a criação, na mesma base territorial, de mais de uma
organização sindical representativa de mesma categoria profissional, não alcança
entidades que, no âmbito de um mesmo município, mas em bairros distintos,
representem mesma profissão.
Resposta – ERRADO
A exigência do registro é necessária para que se assegure o chamado princípio
da unicidade sindical, ou monismo sindical, que é a mais importante das limitações
constitucionais à liberdade sindical estabelecida no inciso II do Art.8o.
Esse princípio estabelece um limite para a organização de sindicatos,
estabelecendo uma base territorial mínima e proibindo a criação de sindicatos
idênticos na mesma base territorial.
Dessa forma, os trabalhadores têm liberdade para definir a base territorial de
atuação dos seus sindicatos, mas não será possível haver dois ou mais sindicatos da
mesma categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial.
A CF ainda estabelece que a base territorial não pode ser inferior à área de um
Município.

GABARITO
1. C
2. E
3. E
4. C
5. E

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS DE NACIONALIDADE .......................................................................................................................... 2
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................................................................. 2
CONCEITO .................................................................................................................................................. 2
ESPÉCIES DE NACIONALIDADE ....................................................................................................................... 2
NACIONALIDADE PRIMÁRIA OU ORIGINÁRIA ............................................................................................ 2
NACIONALIDADE SECUNDÁRIA, DERIVADA OU ADQUIRIDA ..................................................................... 2
CONFLITOS DE NACIONALIDADE ............................................................................................................... 2
BRASILEIRO NATO - NACIONALIDADE ORIGINÁRIA ....................................................................................... 3
IUS SOLIS – ART. 12, I, A............................................................................................................................. 3
IUS SANGUINIS + CRITÉRIO FUNCIONAL – ART. 12, I, B............................................................................. 3
IUS SANGUINIS + REGISTRO – ART. 12, I, C – PRIMEIRA PARTE ................................................................ 3
IUS SANGUINIS + OPÇÃO – ART. 12, I, “C” – PARTE FINAL ........................................................................ 4
BRASILEIRO NATURALIZADO - NACIONALIDADE SECUNDÁRIA OU DERIVADA OU ADQUIRIDA ................... 5
NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA CONSTITUCIONAL – ART. 12, II, A.................................................................. 5
ORDINÁRIA PARA ORIGINÁRIOS DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA .................................................... 5
ORDINÁRIA NA FORMA DA LEI .................................................................................................................. 5
PROCEDIMENTO ............................................................................................................................................ 6
NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA ............................................................................................................. 7
PROCEDIMENTO ........................................................................................................................................ 7
EFEITOS ...................................................................................................................................................... 7
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 8
GABARITO .................................................................................................................................................... 10

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS DE NACIONALIDADE
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
CONCEITO
Vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a certo e determinado Estado, fazendo
este indivíduo componente do povo, tendo por isso direitos e obrigações.
Não devemos confundir:
 Povo: conjunto de nacionais de um Estado.
 População: conjunto de residentes no território (nacionais ou estrangeiros).
 Nação: conjunto de pessoas que se identificam pela mesma língua, cultura,
costumes, tradições.
 Cidadania: mais restrita que a nacionalidade, refere-se aos indivíduos que podem
exercer direitos políticos.
O direito a ter uma nacionalidade é considerado como Direito Humano Fundamental,
previsto no Art. XV da Declaração Universal de Direitos Humanos.

ESPÉCIES DE NACIONALIDADE
Existem duas espécies de nacionalidade: a) nacionalidade primária ou originária; e b)
nacionalidade secundária, derivada ou adquirida.
NACIONALIDADE PRIMÁRIA OU ORIGINÁRIA
Imposta na data do nascimento pelo Estado, de forma unilateral e involuntária (como
regra) e que identifica o indivíduo como sendo nacional nato de um Estado.
Critérios utilizados:
 Ius (jus) solis ou critério da territorialidade: por esse critério, a nacionalidade é
definida pelo local de nascimento do indivíduo, independente da nacionalidade dos
pais (critério geralmente adotado por países de imigração).
 Ius (jus) sanguinis: por esse critério a nacionalidade é definida pelo sangue, pela
filiação, ascendência, não importando o local onde a pessoa tenha nascido, é dizer,
o indivíduo adquire a nacionalidade dos seus pais (critério geralmente adotado por
países de emigração).
No Brasil, o critério adotado como regra é o ius solis, permitindo-se situações de
aquisição da nacionalidade pelo ius sanguinis.
• NÃO existe no Brasil o critério do jus matrimoniale, ou seja, pelo vínculo do
casamento.
NACIONALIDADE SECUNDÁRIA, DERIVADA OU ADQUIRIDA
É aquela adquirida por vontade própria, pelo processo de naturalização e que identifica
o indivíduo como sendo nacional naturalizado de um Estado.
CONFLITOS DE NACIONALIDADE
A depender dos critérios de nacionalidade adotados pelos Estados, podem surgir os
chamados conflitos de nacionalidade, que podem ser positivos ou negativos.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

 Conflito Positivo de Nacionalidade: ocorre quando o indivíduo possui mais de


uma nacionalidade (multinacionalidades); é chamado de Polipátrida.
 Conflito Negativo de Nacionalidade: quando o indivíduo não é nacional em
nenhum Estado; é o chamado Apátrida ou Heimatlos.

BRASILEIRO NATO - NACIONALIDADE ORIGINÁRIA


Vamos analisar agora as hipóteses constitucionais de aquisição da nacionalidade
originária, as quais se encontram elencadas em rol taxativo no Art. 12, I, da CF/88:
Art. 12. São brasileiros:
I - Natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,
desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa
do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,
desde que sejam registrados em repartição brasileira competente
OU venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira; (grifo nosso)

IUS SOLIS – ART. 12, I, A


São brasileiros natos os nascidos na RFB, ainda que de pais estrangeiros, desde que
qualquer deles não esteja a serviço de SEU país. Se qualquer um deles estiver a serviço de seu
país, essa criança será considerada como estrangeira, ou seja, não será brasileira nata.
Cumpre observar que o texto constitucional exige, para o afastamento da nacionalidade
brasileira, que qualquer um dos pais esteja a serviço de seu país. Disso concluímos que a
nacionalidade brasileira originária também será adquirida pelo filho de pais estrangeiros que
estejam em território brasileiro cumprindo funções para outro país, que não o seu.
Ademais, para que incida a excludente de nacionalidade, os dois pais devem ser
estrangeiros. Isso porque, se um dos pais for brasileiro, ainda que o outro esteja a serviço do
seu país de origem, deverá prevalecer a nacionalidade brasileira.
IUS SANGUINIS + CRITÉRIO FUNCIONAL – ART. 12, I, B
São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai OU mãe brasileiros, desde que
um deles esteja a serviço da RFB.
Para a aquisição da nacionalidade nessa hipótese qualquer um dos pais deve ser
brasileiro, e não necessariamente os dois, podendo ser brasileiro nato ou naturalizado.
A serviço da RFB significa a serviço de órgãos e entidades da Administração Direta e
Indireta da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, incluindo as empresas
públicas e sociedades de economia mista, contudo o serviço deve ter caráter permanente e
não eventual. 1
Considera-se como serviço oficial da República Federativa do Brasil, o serviço a
organizações internacionais, contudo, deve ser uma organização internacional da qual o
Brasil faça parte.
IUS SANGUINIS + REGISTRO – ART. 12, I, C – PRIMEIRA PARTE
São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileiros, desde
que sejam registrados em repartição brasileira competente.
1
Comentários à Constituição do Brasil, 2014, pg. 651.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Para a aquisição da nacionalidade, nessa hipótese, qualquer um dos pais deve ser
brasileiro, e não necessariamente os dois, podendo ser brasileiro nato ou naturalizado.
Ex.: Maria, em férias na França, tem seu filho em Paris; ele será francês? Depende da lei
francesa. E brasileiro? Se fizer o registro, será brasileiro nato.
IUS SANGUINIS + OPÇÃO – ART. 12, I, “C” – PARTE FINAL
São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe brasileira que
venham a residir no Brasil e realizem a opção pela nacionalidade brasileira, após adquirirem a
maioridade.
Trata-se da hipótese de nacionalidade potestativa, pois depende de manifestação da
vontade do indivíduo, sendo, portanto, uma exceção à característica da involuntariedade da
nacionalidade originária.
Essa opção se dá por meio de uma ação de opção de nacionalidade, de competência da
Justiça Federal (Art. 109, X, CF/88). A decisão judicial que concede a nacionalidade opera
efeitos retroativos (ex tunc), ou seja, o indivíduo é considerado como brasileiro nato desde o
seu nascimento.
Assim, podemos esquematizar 4 requisitos para a aquisição da nacionalidade
potestativa:
• Ser filho de pai ou mãe brasileiros;
• Fixar residência do Brasil;
• Possuir a maioridade, ou seja, deve ter pelo menos 18 anos;
• Fazer a opção da nacionalidade a qualquer tempo, depois de atingir a
maioridade.
Atenção: cumpre observar que é requisito para a aquisição da nacionalidade potestativa que
o indivíduo tenha pelo menos 18 anos. E se o filho de pai ou mãe brasileiros, nascido no
estrangeiro, vier a residir no Brasil antes de atingir a maioridade? Como ficará a sua situação?
Será considerado como estrangeiro?
Buscando solucionar esse impasse, decidiu o STF 2 que o filho de pai ou mãe brasileiros,
nascido no estrangeiro que venha a residir no Brasil ainda menor, adquire a nacionalidade
originária no momento da fixação de sua residência no Brasil, devendo confirmar sua vontade
de conservar a nacionalidade brasileira quando atingir a maioridade.

ORIGINÁRIA

Ius Solis Ius Sanguinis + Critério Funcional Ius Sanguinis + Registro Ius Sanguinis + Opção

2
São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. A opção
pode ser feita a qualquer tempo, desde que venha o filho de pai brasileiro ou de mãe brasileira,
nascido no estrangeiro, a residir no Brasil. Essa opção somente pode ser manifestada depois de
alcançada a maioridade. É que a opção, por decorrer da vontade, tem caráter personalíssimo.
Exige-se, então, que o optante tenha capacidade plena para manifestar a sua vontade, capacidade
que se adquire com a maioridade. Vindo o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe
brasileira, a residir no Brasil, ainda menor, passa a ser considerado brasileiro nato, sujeita essa
nacionalidade a manifestação da vontade do interessado, mediante a opção, depois de atingida a
maioridade. Atingida a maioridade, enquanto não manifestada a opção, esta passa a constituir-se
em condição suspensiva da nacionalidade brasileira.
[RE 418.096, rel. min. Carlos Velloso, j. 22-3-2005, 2ª T, DJ de 22-4-2005.]

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

BRASILEIRO NATURALIZADO - NACIONALIDADE SECUNDÁRIA


OU DERIVADA OU ADQUIRIDA
A aquisição da nacionalidade brasileira secundária, que identifica o indivíduo como
sendo brasileiro naturalizado, dá-se por meio do processo de naturalização, que depende de
manifestação de vontade do interessado e de concordância (aquiescência) do Estado.
Em outras palavras, a aquisição da nacionalidade brasileira deve sempre se dar de forma
expressa, e não tácita.
A CF estabeleceu duas hipóteses de naturalização no Art. 12, II da CF/88: a)
naturalização ordinária constitucional (Art. 12, II, a); e b) naturalização extraordinária
constitucional (Art. 12, II, b).
Art. 12. São brasileiros:
II - Naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.

NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA CONSTITUCIONAL – ART. 12, II, A


A naturalização ordinária constitucional se divide em: naturalização para originários de
países de língua portuguesa e não originários de países de língua portuguesa na forma da lei.
ORDINÁRIA PARA ORIGINÁRIOS DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA
Para aquelas pessoas originárias de países de Língua Portuguesa 3, a CF exige 2 critérios:
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.
De acordo com a jurisprudência do STF, saídas esporádicas do país não interrompem o
prazo de residência.
ORDINÁRIA NA FORMA DA LEI
É possível ainda a aquisição da nacionalidade derivada brasileira nos termos
estabelecidos em lei. A lei a que o texto constitucional se refere é a Lei de Migração - Lei
13.445/2017, a qual estabelece três tipos de naturalização: ordinária (legal); especial;
provisória.
• Naturalização ordinária legal
Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que
preencher as seguintes condições:
I - Ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - Ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4
(quatro) anos;
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições
do naturalizando; e
IV - Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos
termos da lei.

3
São países que adotam a Língua Portuguesa como idioma oficial: Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Cabo
Verde, Brasil, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Art. 66. O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art. 65


será reduzido para, no mínimo, 1 (um) ano se o naturalizando
preencher quaisquer das seguintes condições:
I - (VETADO);
II - Ter filho brasileiro;
III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele
separado legalmente ou de fato no momento de concessão da
naturalização;
IV - (VETADO);
V - Haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou
VI - Recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou
artística.
• Naturalização especial
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao
estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações:
I - Seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de
integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa
a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou
II - Seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em
repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos
ininterruptos.
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização especial:
I - Ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - Comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições
do naturalizando; e
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos
da lei.
• Naturalização provisória
Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao
migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência em
território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e
deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal.
Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida
em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no
prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade.

PROCEDIMENTO
A aquisição da nacionalidade derivada, na forma da lei e para os originários de países de
língua portuguesa, dá-se por meio de processo administrativo, com trâmite perante o
Ministério da Justiça.
O ato administrativo que concede a nacionalidade nessas hipóteses é discricionário, e a
decisão terá caráter constitutivo.
residência de 1
ano ininterrupto
Originários de
Países de Língua
Portuguesa
idoneidade moral
NATURALIZAÇÃO
ORDINÁRIA

Na forma da lei Lei 13.445/2017

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA
A naturalização extraordinária ou quinzenária ocorre quando o estrangeiro, de qualquer
nacionalidade, preencher os seguintes requisitos:
 Tiver residência no país por mais de 15 anos ininterruptos;
 Não tiver condenação penal;
 O interessado deve requisitar a nacionalidade.
A Lei de Migração também dispõe sobre essa espécie de nacionalidade:
Art. 67. A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de
qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze)
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a
nacionalidade brasileira.

PROCEDIMENTO
A aquisição da nacionalidade derivada pela naturalização extraordinária também se dá
por meio de processo administrativo, com trâmite perante o Ministério da Justiça.
O ato administrativo que concede a nacionalidade nessa hipótese é vinculado, e a
decisão terá caráter declaratório.
EFEITOS
Destaca-se que em todas as hipóteses de naturalização era expedido um certificado
relativo a cada naturalizando, contudo, em razão da revogação da Lei 6.815/80 (Art. 119 4) e
consequente vigência da Lei 13.446/2017 (Lei de Migração), não serão mais expedidos
Certificados de Naturalização. Isso porque, pela nova lei, a naturalização passa a produzir
efeitos a partir da data da publicação do ato de naturalização (portaria) no Diário Oficial da
União, conforme disposto no Art. 73 da referida Lei.
Art. 73. A naturalização produz efeitos após a publicação no Diário Oficial do ato de
naturalização.

4
Dispositivo revogado da Lei 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro. Art. 119. Publicada no Diário Oficial a
portaria de naturalização, será ela arquivada no órgão competente do Ministério da Justiça, que
emitirá certificado relativo a cada naturalizando, o qual será solenemente entregue, na forma
fixada em Regulamento, pelo juiz federal da cidade onde tenha domicílio o interessado.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

residência de 1
Originários de ano initerrupto
países de língua
portuguesa idoneidade
moral

capacidade civil

residência de 4
anos

ordinária legal
ordinária (Art. 65 LM) falar português
constitucional

não ter
condenacão
penal ou estar
reabilitado

ser cônjuge de
Naturalização integrante do
serviço exterior
na forma da lei: brasileito ou a
demais serviço do
nacionalidades Estado
brasileiro, há +
especial 5 anos
15 anos de
residência
initerrupta empregado em
Extraordinária missão
diplomática ou
sem consular há +
condenação de 10 anos
penal

filho de
migrante com
provisória
menos de 10
anos

EXERCÍCIOS
1. (CESPE-2018). Os indivíduos que possuem multinacionalidade vinculam-se a dois
requisitos de aquisição de nacionalidade primária: o direito de sangue e o direito de
solo.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA – CERTO
A depender dos critérios de nacionalidade adotados pelos Estados, podem
surgir os chamados conflitos de nacionalidade, que podem ser positivos ou
negativos.
Conflito Positivo de Nacionalidade: ocorre quando o indivíduo possui mais
de uma nacionalidade (multinacionalidades); é chamado de Polipátrida.
Conflito Negativo de Nacionalidade: quando o indivíduo não é nacional em
nenhum Estado; é o chamado Apátrida ou Heimatlos.

2. (IBADE- 2017) A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 somente


prevê o critério jus soli para atribuição de nacionalidade.
Certo ( ) Errado ( )
Reposta: ERRADO
Imposta na data do nascimento pelo Estado, de forma unilateral e
involuntária (como regra) e que identifica o indivíduo como sendo nacional nato
de um Estado.
Critérios utilizados:
Ius (jus) solis ou critério da territorialidade: por esse critério, a
nacionalidade é definida pelo local de nascimento do indivíduo, independente da
nacionalidade dos pais (critério geralmente adotado por países de imigração).
Ius (jus) sanguinis: por esse critério a nacionalidade é definida pelo
sangue, pela filiação, ascendência, não importando o local onde a pessoa tenha
nascido, é dizer, o indivíduo adquire a nacionalidade dos seus pais (critério
geralmente adotado por países de emigração).
No Brasil, o critério adotado como regra é o ius solis, permitindo-se situações
de aquisição da nacionalidade pelo ius sanguinis.

3. (CESPE/2016) configura-se a denominada nacionalidade adquirida no caso em que o


indivíduo nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiros, passa a residir no
Brasil e opta pela nacionalidade brasileira depois de ter atingido a maioridade.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: ERRADO
A aquisição da nacionalidade brasileira secundária, que identifica o indivíduo
como sendo brasileiro naturalizado, dá-se por meio do processo de naturalização,
que depende de manifestação de vontade do interessado e de concordância
(aquiescência) do Estado.
Em outras palavras, a aquisição da nacionalidade brasileira deve sempre se
dar de forma expressa, e não tácita.
A CF estabeleceu duas hipóteses de naturalização no Art. 12, II da CF/88: a)
naturalização ordinária constitucional (Art. 12, II, a); e b) naturalização
extraordinária constitucional (Art. 12, II, b).

4. (CESPE/2016). Tanto a nacionalidade primária quanto a nacionalidade secundária


dependem da vontade do indivíduo, que tem a liberdade de aceitar ou não o vínculo
jurídico-positivo que o liga ao Estado brasileiro.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA – ERRADO
A nacionalidade primária ou originária é imposta na data do nascimento pelo
Estado, de forma unilateral e involuntária (como regra) e que identifica o
indivíduo como sendo nacional nato de um Estado.
Já a aquisição da nacionalidade brasileira secundária, que identifica o
indivíduo como sendo brasileiro naturalizado, dá-se por meio do processo de
naturalização, que depende de manifestação de vontade do interessado e de
concordância (aquiescência) do Estado.
Em outras palavras, a aquisição da nacionalidade brasileira deve sempre se
dar de forma expressa, e não tácita.

5. (CESPE/2016). Na determinação da nacionalidade primária, no Brasil se adota com


primazia o jus solis (vínculo de territorialidade), mas também se admitem o jus
matrimoniale (vínculo de casamento) e o jus sanguinis (vínculo de sangue).
Certo ( ) Errado ( )
Resposta – ERRADA
No Brasil, o critério adotado como regra é o ius solis, permitindo-se situações
de aquisição da nacionalidade pelo ius sanguinis.
NÃO existe no Brasil o critério do jus matrimoniale, ou seja, pelo vínculo do
casamento.

GABARITO
1. C
2. E
3. E
4. E
5. E

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
NACIONALIDADE................................................................................................................................................ 2
PERDA DA NACIONALIDADE .......................................................................................................................... 2
CANCELAMENTO DA NATURALIZAÇÃO POR SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADO EM JULGADO ............... 2
NOVA NACIONALIDADE POR ATO VOLUNTÁRIO ....................................................................................... 2
REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA PERDIDA: ........................................................................... 3
ESTATUTO DA IGUALDADE – SITUAÇÃO DOS PORTUGUESES NO BRASIL ..................................................... 3
QUASE BRASILEIRO .................................................................................................................................... 3
TRATAMENTO CONFERIDO AOS BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS ................................................... 4
SITUAÇÕES DE TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS ............. 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

NACIONALIDADE
PERDA DA NACIONALIDADE
A Constituição Federal também estabelece as hipóteses de perda da nacionalidade, que
estão taxativamente previstas nos incisos I e II do parágrafo 4º do Artigo 12. Vejamos:
CANCELAMENTO DA NATURALIZAÇÃO POR SENTENÇA JUDICIAL
TRANSITADO EM JULGADO
Cancelamento da naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional: trata-se de uma forma de cancelamento da naturalização que recai
exclusivamente ao brasileiro naturalizado que pratica alguma atividade nociva ao
interesse nacional, devendo se dar por meio de sentença judicial. (APENAS NATURALIZADO)
ART. 12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
 IMPORTANTE: A SENTENÇA JUDICIAL TEM QUE SER IRRECORRÍVEL
(TRANSITADA EM JULGADO)
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
suspensão só se dará nos casos de:
I - Cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado;

NOVA NACIONALIDADE POR ATO VOLUNTÁRIO


Aquisição de outra nacionalidade: o ato de adquirir outra nacionalidade, de forma
voluntária, consiste em mais uma hipótese perda da nacionalidade, que poderá recair tanto
para o brasileiro nato como para o naturalizado.
Aqui, diferentemente da hipótese anterior, a perda se dá por decreto do Presidente da
República, após o devido processo administrativo, no qual se assegurará a ampla defesa e o
contraditório.
ART. 12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que:
II - adquirir outra nacionalidade
OBSERVEM A DECISÃO DO STF SOBRE ATO VOLUNTÁRIO DE BRASILEIRO
RENUNCIANDO À NACIONALIDADE BRASILEIRA:
Concedida extradição de brasileira naturalizada americana,
acusada de assassinato.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deferiu, o
pedido de extradição de Cláudia Cristina Sobral, nascida no Brasil,
requerido pelo governo dos Estados Unidos da América. Ela é
acusada de ter assassinado o marido norte-americano no estado de
Ohio, em 2007. O entendimento da Turma na Extradição (EXT) 1462
é de que Cláudia renunciou à nacionalidade brasileira ao adotar a
cidadania norte-americana em 1999.
Mandado de Segurança (MS) 33864
Contudo, a Constituição Federal excepciona essa regra com duas situações em que a
aquisição de outra nacionalidade não implicará a perda da nacionalidade brasileira. Vejamos:

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

 Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira: quando a


nacionalidade originária é reconhecida pela lei estrangeira. Ex.: o indivíduo que
nasceu no território brasileiro, filho de italianos que estavam de férias no Brasil,
poderá adquirir a nacionalidade italiana sem perder a brasileira.
 Imposição de naturalização pela norma estrangeira: o brasileiro residente em
Estado estrangeiro e, com condições para sua permanência naquele país (seja por
motivo de trabalho, exercício profissional) ou para o exercício de direitos civis
(p.ex.: herança), tiver, por imposição da norma estrangeira, que se naturalizar, não
perderá a nacionalidade brasileira. (IMPOSIÇÃO)

REAQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE BRASILEIRA PERDIDA:


Uma vez cancelada a naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva
ao interesse nacional, o indivíduo PERDERÁ a nacionalidade brasileira, mas poderá readquiri-
la por meio de ação rescisória. (A AÇÃO RESCISÓRIA SERVE PARA DESCONSTITUIR A
COISA JULGADA)

SENTENÇA
JUDICIAL (TJ) PERDA AÇÃO RESCISÓRIA

Situação diversa ocorre na perda da nacionalidade decorrente da aquisição de outra


nacionalidade, em que o artigo 36 da Lei 818/49 prevê a possibilidade de reaquisição por
decreto presidencial, se o ex-brasileiro estiver domiciliado no Brasil.
 DE ACORDO COM A CORRENTE MAJORITÁRIA, O BRASILEIRO NATO QUE PERDE A
NACIONALIDADE, AO READQUIRI-LA, VOLTA A SER BRASILEIRO NATO.

BRASILEIRO BRASILEIRO
PERDE DECRETO
NATO NATO

ESTATUTO DA IGUALDADE – SITUAÇÃO DOS PORTUGUESES NO


BRASIL
QUASE BRASILEIRO
Como se viu, os portugueses podem adquirir a nacionalidade brasileira por meio do
processo de naturalização, desde que tenham residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral.
Contudo, para os portugueses que não façam a opção pela naturalização
brasileira, a Constituição Federal estabelece um tratamento diferenciado, pautando-se
no princípio da reciprocidade.
Assim, havendo reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos aos
portugueses com residência permanente no Brasil os mesmos direitos inerentes ao
brasileiro, salvo os casos em que houver expressa vedação constitucional. (BRASILEIRO
NATURALIZADO)
Obs.: Submetem-se ao estatuto da igualdade apenas os estrangeiros nacionais de
Portugal. Os estrangeiros descendentes de países de língua portuguesa, onde também
se incluem os oriundos de Portugal, só possuem tratamento diferenciado no ato de
adquirir a nacionalidade brasileira.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

REQUISITOS:
 PORTUGUÊS DE PORTUGAL
 RESIDIR NO BRASIL
 RECIPROCIDADE

TRATAMENTO CONFERIDO AOS BRASILEIROS NATOS E


NATURALIZADOS
Como regra geral, a Constituição Federal vedou qualquer possibilidade de se estabelecer
por lei distinção entre brasileiros natos e naturalizados, ressalvados os casos taxativamente
previstos pela própria Constituição (Art. 12, §2º da CF).
Assim, em regra, não há distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo as
situações previstas na própria Constituição, quais sejam: Art. 5º, inciso LI; Art. 12, §3º; Art. 12,
§4, I; Art. 89, VII; Art. 222.
ANOTA AÍ: 5 DISCRIMINAÇÕES
SITUAÇÕES DE TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIROS
NATOS E NATURALIZADOS
1) EXTRADIÇÃO PASSIVA: de acordo com o artigo 5º, inciso LI, o brasileiro nato
nunca poderá ser extraditado. Já o naturalizado poderá ser extraditado quando cometer um
crime comum antes da naturalização ou quando estiver comprovado o envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, seja antes ou depois da naturalização.
 NÃO HÁ DISTINÇÃO NA EXTRADIÇÃO ATIVA (APENAS NA PASSIVA)
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, na forma da lei;
2) CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS: o Art. 12, parágrafo 3º da CF
estabelece que alguns cargos serão ocupados somente por brasileiros natos, fazendo expressa
diferenciação em relação aos brasileiros naturalizados. Assim, são privativos de brasileiro
nato os cargos de:
MP3.COM
 Presidente e Vice-Presidente da República;
 Presidente da Câmara dos Deputados;
 Presidente do Senado Federal;
 Ministro do STF;
 Carreira Diplomática;
 Oficial das Forças Armadas;
 De Ministro de Estado da Defesa.
• MINISTROS DO STF:
 PRESIDENTE DO STF
 PRESIDENTE DO CNJ
 PRESIDENTE DO TSE
 VICE-PRESIDENTE DO TSE
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: MP3.COM
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;


V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
3) PERDA DA NACIONALIDADE EM DECORRÊNCIA DA PRÁTICA DE
ATIVIDADE NOCIVA AO INTERESSE NACIONAL: conforme visto, apenas o brasileiro
naturalizado poderá perder a nacionalidade brasileira por sentença judicial que confirmar a
prática de atividade nociva ao interesse nacional.
ART. 12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do
brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
4) COMPOSIÇÃO NO CONSELHO DA REPÚBLICA: conforme o artigo 89 da
Constituição Federal, o Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da
República e é composto, dentre outras autoridades, por 6 cidadãos brasileiros natos, com
mais de 35 anos de idade, sendo 2 nomeados pelo Presidente da República, 2 eleitos pelo
Senado Federal e 2 eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de 3 anos, vedada
a recondução.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do
Presidente da República, e dele participam:
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco
anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República,
dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos
Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
5) PROPRIEDADE DE EMPRESA JORNALÍSTICA E DE RADIDIOFUSÃO SONORA
E DE SONS E IMAGENS: de acordo com o Art. 222 da Constituição Federal, a propriedade de
empresa jornalística e de radidiofusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros
natos, de brasileiros naturalizados há mais de 10 anos, ou, de pessoas jurídicas constituídas
sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. Percebe-se, assim, mais uma das hipóteses
em que há expressa distinção constitucional entre brasileiro nato e naturalizado.
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão
sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou
naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

EXERCÍCIOS
1. Com relação à perda da nacionalidade de brasileiro, julgue o item que se segue.
Brasileiro nato ou naturalizado residente em território estrangeiro perderá a
nacionalidade brasileira se adquirir outra nacionalidade, exceto nas hipóteses
constitucionalmente estabelecidas.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA – CERTO
Aquisição de outra nacionalidade: o ato de adquirir outra nacionalidade, de
forma voluntária, consiste em mais uma hipótese perda da nacionalidade, que
poderá recair tanto para o brasileiro nato como para o naturalizado.
Contudo, a Constituição Federal excepciona essa regra com duas situações
em que a aquisição de outra nacionalidade não implicará a perda da nacionalidade
brasileira. Vejamos:
Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira:
quando a nacionalidade originária é reconhecida pela lei estrangeira. Ex.: o
indivíduo que nasceu no território brasileiro, filho de Italianos que estavam de
férias no Brasil, poderá adquirir a nacionalidade italiana sem perder a brasileira.
Imposição de naturalização pela norma estrangeira: o brasileiro
residente em Estado estrangeiro e, com condições para sua permanência naquele
país (seja por motivo de trabalho, exercício profissional) ou para o exercício de
direitos civis (p.ex.: herança), tiver, por imposição da norma estrangeira, que se
naturalizar, não perderá a nacionalidade brasileira. (IMPOSIÇÃO)

2. Com relação à perda da nacionalidade de brasileiro, julgue o item que se segue.


Perderá a nacionalidade de brasileiro aquele cuja naturalização seja cancelada
judicialmente em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA – CERTO
Cancelamento da naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional: trata-se de uma forma de cancelamento da
naturalização que recai exclusivamente ao brasileiro naturalizado que pratica
alguma atividade nociva ao interesse nacional, devendo se dar por meio de
sentença judicial. (APENAS NATURALIZADO)

3. Com relação aos direitos e às garantias fundamentais previstos na Constituição Federal


de 1988, julgue o item a seguir.
Ainda que, em regra, inexista distinção entre brasileiros natos e naturalizados, o cargo de
oficial das Forças Armadas só poderá ser exercido por brasileiro nato.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA – CERTO
Como regra geral, a Constituição Federal vedou qualquer possibilidade de se
estabelecer por lei distinção entre brasileiros natos e naturalizados, ressalvados os
casos taxativamente previstos pela própria Constituição (Art. 12, §2º da CF).
Assim, em regra, não há distinção entre brasileiros natos e naturalizados,
salvo as situações previstas na própria Constituição, quais sejam: Art. 5º, inciso LI;
Art. 12, §3º; Art. 12, §4, I; Art. 89, VII; Art. 222.
O Art. 12, parágrafo 3º da CF estabelece que alguns cargos serão ocupados
somente por brasileiros natos, fazendo expressa diferenciação em relação aos
brasileiros naturalizados. Assim, são privativos de brasileiro nato os cargos de:
MP3.COM
Presidente e Vice-Presidente da República;
Presidente da Câmara dos Deputados;
Presidente do Senado Federal;
Ministro do STF;
Carreira Diplomática;
Oficial das Forças Armadas;
De Ministro de Estado da Defesa.
MINISTROS DO STF:
PRESIDENTE DO STF
PRESIDENTE DO CNJ
PRESIDENTE DO TSE
VICE-PRESIDENTE DO TSE

4. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item seguinte.


Situação hipotética: João, cuja mãe é brasileira e cujo pai é espanhol e mora em
Londres, nasceu em país estrangeiro e não foi registrado em repartição brasileira competente.
Hoje, aos 21 anos de idade, ele reside no Brasil e pretende requerer a nacionalidade
brasileira. Assertiva: Nesse caso, poderá ser conferida a João a condição de brasileiro nato.
Certo ( ) Errado ( )

RESPOSTA – CERTO
São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, filhos de pai ou mãe
brasileira que venham a residir no Brasil e realizem a opção pela nacionalidade
brasileira, após adquirirem a maioridade.
Trata-se da hipótese de nacionalidade potestativa, pois depende de
manifestação da vontade do indivíduo, sendo, portanto, uma exceção a
característica da involuntariedade da nacionalidade originária.
Essa opção se dá por meio de uma ação de opção de nacionalidade, de
competência da Justiça Federal (Art. 109, X, CF/88). A decisão judicial que concede
a nacionalidade opera efeitos retroativos (ex tunc), ou seja, o indivíduo é
considerado como brasileiro nato desde o seu nascimento.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

5. No que concerne aos direitos e deveres individuais e coletivos, à nacionalidade e aos


direitos políticos, julgue o item que se segue, tendo como referência as disposições da
CF.
Para que o filho de casal brasileiro nascido em país estrangeiro seja considerado
brasileiro nato, ambos os pais devem estar, nesse país, a serviço da República
Federativa do Brasil.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADO
São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai OU mãe brasileiros,
desde que um deles esteja a serviço da RFB.
Para a aquisição da nacionalidade nessa hipótese qualquer um dos pais deve
ser brasileiro, e não necessariamente os dois, podendo ser brasileiro nato ou
naturalizado.
A serviço da RFB significa a serviço de órgãos e entidades da Administração
Direta e Indireta da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal,
incluindo as empresas públicas e sociedades de economia mista, contudo o serviço
deve ter caráter permanente e não eventual. 1
Considera-se como serviço oficial da República Federativa do Brasil, o serviço
a organizações internacionais, contudo, deve ser uma organização internacional
da qual o Brasil faça parte.

GABARITO
1. CERTO
2. CERTO
3. CERTO
4. CERTO
5. ERRADO

1
Comentários à Constituição do Brasil, 2014, pg. 651.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS POLÍTICOS .......................................................................................................................................... 2
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................................................. 2
MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO DIRETA ..................................................................................................... 2
PLEBISCITO E REFERENDO ......................................................................................................................... 2
INICIATIVA POPULAR ................................................................................................................................. 3
RESUMO DO ART. 14, CF. .............................................................................................................................. 3
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 4
GABARITO ...................................................................................................................................................... 5

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS POLÍTICOS
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Direitos políticos são os instrumentos dos quais a Constituição Federal garante o
exercício da soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem na
condução da coisa pública, seja direta ou indiretamente.
Tal como já destacamos, o Brasil adotou uma democracia semidireta (participativa), por
possuir mecanismos de participação indireta (representantes eleitos) e direta (plebiscito,
referendo, iniciativa popular etc.).

MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO DIRETA


PLEBISCITO E REFERENDO
Plebiscito e referendo são consultas ao povo para decidir sobre matéria de relevância
para a nação em questões de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. A principal
distinção entre eles é a de que o plebiscito é convocado previamente à criação do ato
legislativo ou administrativo que trate do assunto em pauta, e o referendo é convocado
posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta.
 PLEBISCITO:

Manifestação do POVO ATO LEGISLATIVO OU


ADMINISTRATIVO

 REFERENDO:

ATO LEGISLATIVO OU
MANIFESTAÇÃO DO POVO
ADMINISTRATIVO

Ambos estão previstos no Art. 14 da Constituição Federal e regulamentados pela Lei nº


9.709, de 18 de novembro de 1998. Essa lei, entre outras coisas, estabelece que nas questões
de relevância nacional e nas previstas no § 3º do Art. 18 da Constituição – incorporação,
subdivisão ou desmembramento dos estados –, o plebiscito e o referendo são convocados
mediante decreto legislativo. Nas demais questões, de competência dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, o plebiscito e o referendo serão convocados em conformidade,
respectivamente, com a Constituição Estadual e com a Lei Orgânica.
OBS.: RESULTADO DE PLEBISCITO OU REFERENDO NÃO PODE SER ALTERADO POR LEI
OU EMENDA À CONSTITUIÇÃO: Proclamado o resultado do plebiscito ou do referendo, o
legislador não pode contrariar a manifestação popular editando lei ou emenda à Constituição
em sentido contrário. Nesse sentido, podemos concluir que a democracia direta
prevalece sobre a democracia representativa.
 EXPERIÊNCIA NA HISTÓRIA BRASILEIRA:
• REFERENDO – ESTATUTO DO DESARMAMENTO (2005): No dia 23 de
outubro de 2005, o povo brasileiro foi consultado sobre a proibição do comércio
de armas de fogo e munições no país. A alteração no Art. 35 do Estatuto do
Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) tornava proibida a comercialização de
arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades
previstas no Art. 6º do Estatuto. Como o novo texto causaria impacto sobre a

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

indústria de armas do país e sobre a sociedade brasileira, o povo deveria


concordar ou não com ele. Os brasileiros rejeitaram a alteração na lei.
• REFERENDO (1963): Em 6 de janeiro de 1963, foi realizado referendo que
definiria os rumos políticos da nossa história. A consulta foi sobre a continuação
ou não do parlamentarismo no país. O povo rejeitou esse sistema de governo e
optou pelo presidencialismo.
• PLEBISCITO – ART. 2º DA ADCT (1993): Em 21 de abril de 1993, foi realizado
plebiscito que demandava escolher monarquia ou república e parlamentarismo
ou presidencialismo. Essa consulta consolidou a forma e o sistema de governo
atuais.
• PLEBISCITO – DIVISÃO DO ESTADO DO PARÁ (2011): Os eleitores paraenses
decidiram, em plebiscito realizado no dia 11/12/11, manter o estado do Pará
com o território original.
INICIATIVA POPULAR
A iniciativa popular é a manifestação direta do povo na elaboração das leis ordinárias ou
mesmo complementares, dispondo tanto em questão federal, sendo expressa no Art. 61, § 2º
da Constituição Federal (CF), como também na legislação municipal ou estadual (Art. 27, § 4º
e 29, XIII, da CF), respectivamente.
A) INICIATIVA POPULAR NO ÂMBITO DA UNIÃO: Art. 61, § 2º - A iniciativa
popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por
cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
B) INICIATIVA POPULAR NO ÂMBITO DOS ESTADOS: Art. 27, § 4º - A lei disporá
sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.
C) INICIATIVA POPULAR NO ÂMBITO DOS MUNICÍPIOS: Art. 29, XIII - iniciativa
popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, por
meio de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado.
Obs.: NÃO CABIMENTO DE PROJETO DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO POR INICIATIVA
POPULAR: Não cabe iniciativa popular de projeto de Emenda à Constituição, uma vez que, nos
termos do artigo 60 da CF: A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um
terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do
Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

RESUMO DO ART. 14, CF.


ATENÇÃO
DIREITOS POLÍTICOS:
ATIVO – ALISTAMENTO PASSIVO – ELEGIBILIDADE
ELEGÍVEL – VOTADO
ALISTÁVEL – VOTAR
 Brasileiro
Brasileiro
 Alistável
OBRIGATÓRIO:
 Alfabetizado
 Maiores de 18 anos  Em pleno gozo dos direitos
Facultativo: políticos
 Domicílio eleitoral dentro da
 Maiores de 70 anos circunscrição
 Maiores de 16 anos e menores de  Filiação partidária
18 anos  Idade mínima (35, 30, 21 e 18
 Analfabetos anos)

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Inelegível
Inalistável
Absoluta:
Estrangeiro
Conscrito  Estrangeiro
 Conscrito
 Analfabeto
Relativa
 Da reeleição
 Outros cargos
 Em ricochete ou reflexo

EXERCÍCIOS
1. (CESPE\2019) A respeito dos direitos políticos e dos partidos políticos, julgue o item
seguinte.
Direitos políticos ativos são os direitos políticos que permitem ao cidadão candidatar-se
e receber votos para um cargo eletivo.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA – ERRADO
O DIREITO POLÍTICO ATIVO É UMA ESPÉCIE DE DIREITO POLÍTICO
POSITIVO, SÃO DIREITOS QUE PERMITEM AO CIDADÃO VOTAR (ALISTAMENTO
ELEITORAL).
O exercício do direito de votar dá-se pelo voto, que pressupõe: a) alistamento
eleitoral; b) nacionalidade brasileira; c) idade mínima de 16 anos; e d) não ser
conscrito durante o serviço militar obrigatório.
O direito de ser votado está relacionado à elegibilidade (direito político
passivo).

2. (CESPE\2019) À luz da Constituição Federal de 1988, julgue o item a seguir.


Autor de ato de improbidade administrativa estará sujeito à cassação dos seus direitos
políticos.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: ERRADO
Como quaisquer direitos, os relativos à participação política também não são
absolutos. Ao contrário, podem ser restringidos, seja por meio da perda ou da
suspensão.
A cassação de direitos políticos é vedada (proibida) no Brasil. Tal instituto
consistia na declaração unilateral do Poder Executivo, por motivos ideológicos, de
que a pessoa por ela atingida não mais poderia exercer os direitos políticos,
geralmente de modo definitivo. Justamente por isso, seria hoje inconstitucional, por
violar a garantia da proibição das penas de caráter perpétuo e a cláusula do devido
processo legal.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

3. (CESPE\2018) A propósito do que dispõe a Constituição Federal acerca dos direitos


políticos dos analfabetos, julgue o item a seguir.
O analfabetismo não representará óbice à elegibilidade dos cidadãos, haja vista a
garantia do amplo exercício dos direitos políticos, característica do estado democrático de
direito.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: ERRADO
Inalistáveis: são aqueles que não podem nem mesmo ser eleitores – os
estrangeiros e, durante o serviço militar obrigatório, os conscritos, não podem
alistar-se como eleitores (Art. 14, §2º da CF).
Os analfabetos têm direito à alistabilidade, portanto, possuem o direito de
votar, mas não podem ser eleitos, pois não possuem capacidade eleitoral passiva.

4. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item seguinte.


O cancelamento da naturalização em razão de sentença transitada em julgado implica
cassação dos direitos políticos.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA: ERRADO
A cassação de direitos políticos é vedada (proibida) no Brasil. Tal instituto
consistia na declaração unilateral do Poder Executivo, por motivos ideológicos, de
que a pessoa por ela atingida não mais poderia exercer os direitos políticos,
geralmente de modo definitivo. Justamente por isso, seria hoje inconstitucional, por
violar a garantia da proibição das penas de caráter perpétuo e a cláusula do devido
processo legal.
DESSA FORMA, o cancelamento da naturalização em razão de sentença
transitada em julgado implica PERDA dos direitos políticos.

5. A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, julgue o item seguinte.


O analfabeto não pode realizar alistamento eleitoral e, por essa razão, também não pode
concorrer a cargo eletivo.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA – ERRADO
Inalistáveis: são aqueles que não podem nem mesmo ser eleitores – os
estrangeiros e, durante o serviço militar obrigatório, os conscritos, não podem
alistar-se como eleitores (Art. 14, §2º da CF).
Os analfabetos têm direito à alistabilidade, portanto, possuem o direito de
votar, mas não podem ser eleitos, pois não possuem capacidade eleitoral passiva.

GABARITO
1. ERRADO
2. ERRADO
3. ERRADO
4. ERRADO
5. ERRADO

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS POLÍTICOS .......................................................................................................................................... 2
DIREITO POLÍTICO POSITIVO.......................................................................................................................... 2
CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA ..................................................................................................................... 2
CARACTERÍSTICAS DO VOTO...................................................................................................................... 2
CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA ................................................................................................................. 2
CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADES................................................................................................................ 2
DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS .................................................................................................................. 3
INELEGIBILIDADES ......................................................................................................................................... 3
INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS ..................................................................................................................... 3
INELEGIBILIDADES RELATIVAS ....................................................................................................................... 3
A) INELEGIBILIDADE RELATIVA DA REELEIÇÃO: ......................................................................................... 3
B) INELEGIBILIDADE RELATIVA PARA OUTROS CARGOS:........................................................................... 4
C) INELEGIBILIDADE RELATIVA EM RAZÃO DO PARENTESCO: ................................................................... 4
ELEGIBILIDADE DOS MILITARES ..................................................................................................................... 4
INEXIGIBILIDADES DEFINIDAS POR LEI COMPLEMENTAR ............................................................................. 5
AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO .......................................................................................... 5
HIPÓTESES DE PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS ................................................................... 5
PRINCÍPIO DA ANUALIDADE DA LEI QUE ALTERA O PROCESSO ELEITORAL: ANUIDADE OU ANTERIORIDADE
ELEITORAL ...................................................................................................................................................... 6
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 9

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS POLÍTICOS
DIREITO POLÍTICO POSITIVO
Como núcleo dos direitos políticos, surge o direito de sufrágio, que se caracteriza tanto
pela capacidade eleitoral ativa (direito de votar, capacidade de ser eleitor, alistabilidade)
como pela capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado, elegibilidade).

CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA


O exercício do direito de votar dá-se pelo voto, que pressupõe: a) alistamento eleitoral;
b) nacionalidade brasileira; c) idade mínima de 16 anos; e d) não ser conscrito durante o
serviço militar obrigatório.
CARACTERÍSTICAS DO VOTO
O voto é direto e secreto, universal, período, livre, personalíssimo e com valor igual para
todos. Vejamos detalhadamente cada uma das características:
A) direto: o cidadão vota diretamente no seu candidato, sem qualquer intermediário.
Excepcionalmente, existe uma hipótese de eleições indiretas no Brasil (Art. 81, §1º da CF),
quando vagarem os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, nos últimos 2 anos
de mandato. Nessa situação, a eleição será feita pelo Congresso Nacional.
B) secreto: não se dá publicidade da opção do eleitor, devendo ser mantido o sigilo
absoluto, para que o cidadão possa votar com total liberdade, sem receio de represálias.
C) Universal: o seu exercício não depende a nenhuma condição discriminatória. O voto
no Brasil, portanto, não é restrito, por não ser censitário, nem capacitário.
D) Periódico: já que a democracia representativa, em sintonia como pluralismo político,
prevê e exige mandatos por prazos determinados.
E) Livre: no sentido de que o cidadão tem liberdade em escolher seu candidato,
podendo, inclusive, se preferir, anular o voto ou votar branco. A obrigatoriedade está em
apenas comparecer às urnas.
F) igualitário: valor igual para todos.
Obs.: A Constituição Federal elevou à categoria de cláusulas pétreas, vedando,
consequentemente, qualquer emenda tendente a abolir o voto direto, secreto, universal e
periódico (Art. 60, §4º, inciso II da CF).

CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA


A capacidade eleitoral passiva nada mais é que a possibilidade de eleger-se, concorrendo
a um mandato eletivo. O direito de ser votado, no entanto, só se torna absoluto se eventual
candidato preencher todas as condições de elegibilidade para o cargo ao qual se candidata e,
ainda, não incidir em nenhum dos impedimentos constitucionalmente previstos, quais sejam,
os direitos políticos negativos.
CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADES
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária; Regulamento
VI - a idade mínima de:

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da


República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do
Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
Obs.: a idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é
verificada tendo por referência a data da posse (no caso de vereador é na data do registro da
candidatura).

DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS


Diferentemente dos direitos políticos positivos, os direitos políticos negativos
individualizam-se ao definirem regras constitucionais restritivas ou impeditivas das
atividades político-partidárias, privando o cidadão do exercício de seus direitos políticos, bem
como o impedindo de eleger um candidato.

INELEGIBILIDADES
As inelegibilidades são as circunstâncias (constitucionais ou previstas em lei
complementar) que impedem o cidadão do exercício total ou parcial da capacidade eleitoral
passiva, ou seja, da capacidade de eleger-se.
As inelegibilidades estão previstas na CF (Art. 14, do §4º ao §8º da CF), normas estas que
independem de regulamentação infraconstitucional, já que são de eficácia plena, como em lei
complementar, que poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua
cessação (ROL EXEMPLIFICATIVO).
As inelegibilidades podem ser absolutas (impedimento eleitoral para qualquer cargo
eletivo, taxativamente previstas na CF/88) ou relativas (impedimento eleitoral para algum
cargo eletivo ou mandato, em função de situações em que se encontre o cidadão candidato,
previstas na CF (Art. 14, §5º ao § 8º) ou em lei complementar (Art. 14, §9º).

INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
Inalistáveis: são aqueles que não podem nem mesmo ser eleitor – os estrangeiros e,
durante o serviço militar obrigatório, os conscritos, não podem alistar-se como eleitores (Art.
14, §2º da CF).
Analfabetos: os analfabetos têm direito à alistabilidade, portanto, possuem o direito de
votar, mas não podem ser eleitos, pois não possuem capacidade eleitoral passiva.

INELEGIBILIDADES RELATIVAS
O relativamente inelegível, em razão de algumas situações, não pode eleger-se para
determinados cargos, podendo, porém, candidatar-se e eleger-se para outros, sob os quais não
recaia a inelegibilidade.
As inelegibilidades nestes casos dão-se conforme as regras constitucionais, VEJAMOS:
A) INELEGIBILIDADE RELATIVA DA REELEIÇÃO:
Art. 14, § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e
do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subsequente. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 16, de 1997)

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e


terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua
eleição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
Ressalte-se que é permitida a reeleição para um único mandato subsequente aos chefes
do Poder Executivo, nas esferas federal, estadual/distrital e municipal, conforme Art. 14, § 5º,
inclusive para quem os houver substituído ou sucedido.
B) INELEGIBILIDADE RELATIVA PARA OUTROS CARGOS:
Art. 14, § 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito.
O § 6º trata do instrumento de desincompatibilização, por meio do qual o candidato se
desvincula de alguma circunstância que o impede de exercer a sua capacidade eleitoral
passiva, ou seja, de eleger-se para determinado cargo.
Observe que essa regra de desincompatibilização só recai para os chefes do Executivo. O
STF já se manifestou no sentido de que a desincompatibilização deve dar-se somente para a
candidatura a outros cargos diferentes. Assim, para a reeleição, os Chefes do Executivo
não precisam, portanto, renunciar 6 meses antes do pleito.
C) INELEGIBILIDADE RELATIVA EM RAZÃO DO PARENTESCO:
Art. 14, § 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os
haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
A ideia da inelegibilidade relativa em razão do parentesco, conforme destacou o STF,
deve ser entendida como postulados republicanos e democráticos da Constituição, evitando-
se a perpetuidade ou alongada presença de familiares no poder.
SÚMULA VINCULANTE Nº 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo
conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do
artigo 14 da constituição federal.

• REQUISITOS CUMULATIVOS PARA INELEGIBILIDADE EM RICOCHETE


OBS: FALTOU UM REQUISITO, O PARENTE OU CÔNJUGE PASSA A SER ELEGÍVEL.
 Cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção
(LINHA RETA OU COLATERAL).
 No território de jurisdição do titular (DENTRO DA CIRCUNSCRIÇÃO DO CARGO
ELETIVO).
 Se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição (NÃO BUSCA A
REELEIÇÃO).

ELEGIBILIDADE DOS MILITARES


§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da
atividade;

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela


autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
Na hipótese de contar menos de dez anos de serviço, embora o texto diga apenas que o
militar deverá se afastar, esse afastamento deve ser entendido como definitivo. Se o candidato
a cargo eletivo contar com mais de 10 anos de serviço, este será agregado (afastado
temporariamente) pela autoridade superior; se eleito, passará automaticamente, no ato da
diplomação, para a inatividade.

INEXIGIBILIDADES DEFINIDAS POR LEI COMPLEMENTAR


Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a
probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e
legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou
o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração
direta ou indireta. (ANOTA AÍ! ROL EXEMPLIFICATIVO)

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO


§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída
a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de
justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé.

HIPÓTESES DE PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS


Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
Como quaisquer direitos, os relativos à participação política também não são absolutos.
Ao contrário, podem ser restringidos, seja por meio da perda ou da suspensão.
A cassação de direitos políticos é vedada (proibida) no Brasil. Tal instituto consistia na
declaração unilateral do Poder Executivo, por motivos ideológicos, de que a pessoa por ela
atingida não mais poderia exercer os direitos políticos, geralmente de modo definitivo.
Justamente por isso, seria hoje inconstitucional, por violar a garantia da proibição das penas
de caráter perpétuo e a cláusula do devido processo legal.
OBS. : O QUE PODE HAVER É A CASSAÇÃO DO MANDATO, MAS QUE CONFIGURA
UMA ESPÉCIE DO QUE A CF CHAMA DE PERDA DO MANDATO (ART. 55). A
CASSAÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS É PROIBIDA PELO CAPUT DO ART. 15.
As restrições possíveis no ordenamento brasileiro são a perda e a suspensão dos
direitos políticos. Costuma-se dizer que a perda ocorre de modo definitivo, com o que não

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

concordamos, pois, dessa forma, estaríamos diante de uma pena de caráter perpétuo. Na
realidade, existem duas distinções entre a perda e a suspensão dos direitos políticos.
Primeiramente, a perda ocorre por prazo INDETERMINADO (o que não quer dizer
definitivo), ao passo que a suspensão pode ocorrer por prazo DETERMINADO ou
INDETERMINADO. Por outro lado, a perda permite, sim, a reaquisição dos direitos
políticos, mas essa reaquisição não se dá de forma automática (é preciso se alistar
novamente como eleitor).
Ao revés, a suspensão permite a reaquisição automática dos direitos políticos. Por
exemplo: a condenação criminal transitada em julgado é causa de suspensão, pois, uma vez
cessada a condenação, a pessoa readquire automaticamente os direitos políticos. Já no caso do
cancelamento da naturalização (hipótese de perda), mesmo que a pessoa consiga anular o
cancelamento da naturalização, será necessário alistar-se novamente como eleitor (pois a
reaquisição dos direitos não é automática).
São hipóteses de SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS: a) a incapacidade civil absoluta
transitória (Art. 15, inciso I); b) improbidade administrativa (Art. 15, V) e c) condenação
criminal transitada em julgado (Art. 15, III), enquanto durarem seus efeitos. Por outro lado, a
perda ocorrerá nos casos de cancelamento de naturalização por sentença transitada em
julgado (Art. 15, I) e recusa de cumprir obrigação legal a todos imposta ou prestação social
alternativa (Art. 15, IV).
 No caso do Art. 15, IV (recusa em cumprir obrigação legal a todos imposta), há
divergência entre a doutrina e a legislação. Segundo a quase unanimidade da
doutrina, trata-se de um caso se perda (posição, entre outros, de José Afonso da
Silva, Alexandre de Moraes, Gilmar Ferreira Mendes, André Ramos Tavares, Pedro
Lenza, dentre outros). Afinal, mesmo que a pessoa cumpra a obrigação não
adimplida, será necessário alistar-se novamente como eleitor (a reaquisição não é
automática). Já as leis que tratam do serviço militar obrigatório e da participação
no Tribunal do Júri falam em suspensão dos direitos políticos.

PRINCÍPIO DA ANUALIDADE DA LEI QUE ALTERA O PROCESSO


ELEITORAL: ANUIDADE OU ANTERIORIDADE ELEITORAL
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que
ocorra até um ano da data de sua vigência.
A legislação eleitoral tem características próprias, em virtude de sua própria natureza e
uma delas é o princípio da anualidade.
Com vistas a impedir modificações de última hora na legislação eleitoral, que poderiam
provocar prejuízos a alguns partidos ou grupos políticos minoritários ou fora do Poder, é que
qualquer modificação na legislação eleitoral somente será aplicada à eleição que venha
ocorrer 01 ano após. Essa cláusula impeditiva (Art.16, da CF), visa coibir os chamados
casuísmos, tão comuns aos governos militares do regime de 1964/85 e não estavam
presentes nas Constituições anteriores.
Em face do objetivo desse princípio, o da anualidade da lei eleitoral, entende-se que a
“lei eleitoral” em comento não é qualquer regra eleitoral, mas apenas aquelas que possam
influenciar nos parâmetros de equidade entre os partidos políticos ou entre candidatos,
excluindo-se desse conceito, leis meramente instrumentais. Exemplificando: lei eleitoral
publicada a menos de ano de uma eleição, não poderá modificar os critérios para
estabelecimento, ou não, de coligações. Não se admitirá, também, reger eleição a menos de um
ano de sua vigência, lei que altere os critérios para desincompatibilização. Entretanto, se a
mudança for meramente instrumental, como, por exemplo, modificação de formulários a
serem preenchidos por candidatos e eleitor, data e forma de diplomação dos eleitos,
contabilidade dos votos, etc.. Não serão alcançadas pelo princípio da anualidade da lei
eleitoral.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

EXERCÍCIOS
1. Acerca dos direitos políticos, julgue o item que se segue.
Referendo é uma consulta ao povo quanto a assunto já transformado em lei, enquanto
plebiscito é uma consulta prévia aos eleitores sobre assuntos políticos ou institucionais.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA – CERTO
Plebiscito e referendo são consultas ao povo para decidir sobre matéria de
relevância para a nação em questões de natureza constitucional, legislativa ou
administrativa. A principal distinção entre eles é a de que o plebiscito é convocado
previamente à criação do ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em
pauta, e o referendo é convocado posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou
rejeitar a proposta.
Ambos estão previstos no Art. 14 da Constituição Federal e regulamentados
pela Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998. Essa lei, entre outras coisas,
estabelece que nas questões de relevância nacional e nas previstas no § 3º do Art.
18 da Constituição – incorporação, subdivisão ou desmembramento dos estados –,
o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo. Nas demais
questões, de competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, o
plebiscito e o referendo serão convocados em conformidade, respectivamente, com
a Constituição Estadual e com a Lei Orgânica.

2. Em relação aos direitos e deveres fundamentais, à nacionalidade e ao Poder Judiciário,


julgue o item a seguir.
Situação hipotética: Com a pretensão de candidatar-se a cargo eletivo, determinado
militar, com cinco anos de serviço, fez, de forma regular, o pedido de registro de sua
candidatura. Assertiva: Nessa situação, após ser eleito, o militar deverá afastar-se de sua
atividade pelo período do mandato eletivo, devendo retornar ao serviço após o seu término.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA – ERRADO
Na hipótese de contar menos de dez anos de serviço, embora o texto diga
apenas que o militar deverá se afastar, esse afastamento deve ser entendido como
definitivo. Se o candidato a cargo eletivo contar com mais de 10 anos de serviço,
este será agregado (afastado temporariamente) pela autoridade superior, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

3. Com relação aos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue.
Uma lei que altere o processo eleitoral e que seja editada no mesmo ano das eleições
municipais poderá ser aplicada, desde que sua edição se dê, no mínimo, cento e oitenta dias
antes do pleito eletivo.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

RESPOSTA – ERRADO
A legislação eleitoral tem características próprias, em virtude de sua própria
natureza e uma delas é o princípio da anualidade.
Com vistas a impedir modificações de última hora na legislação eleitoral, que
poderiam provocar prejuízos a alguns partidos ou grupos políticos minoritários ou
fora do Poder, é que qualquer modificação na legislação eleitoral somente será
aplicada a eleição que venha ocorrer 01 ano após. Essa cláusula impeditiva
(Art.16, da CF), visa coibir os chamados casuísmos, tão comuns aos
governos militares do regime de 1964/85 e não estavam presentes nas
Constituições anteriores.
Em face do objetivo desse princípio, o da anualidade da lei eleitoral, entende-
se que a “lei eleitoral” em comento não é qualquer regra eleitoral, mas apenas
aquelas que possam influenciar nos parâmetros de equidade entre os partidos
políticos ou entre candidatos, excluindo-se desse conceito leis meramente
instrumentais.

4. No que concerne aos direitos e deveres individuais e coletivos, à nacionalidade e aos


direitos políticos, julgue o item que se segue, tendo como referência as disposições da
CF.
Serão cassados os direitos políticos do indivíduo condenado criminalmente em sentença
transitada em julgado.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - ERRADO
A cassação de direitos políticos é vedada (proibida) no Brasil. Tal instituto
consistia na declaração unilateral do Poder Executivo, por motivos ideológicos, de
que a pessoa por ela atingida não mais poderia exercer os direitos políticos,
geralmente de modo definitivo. Justamente por isso, seria hoje inconstitucional, por
violar a garantia da proibição das penas de caráter perpétuo e a cláusula do devido
processo legal.
Serão suspensos os direitos políticos do indivíduo condenado criminalmente
em sentença transitada em julgado

5. No que diz respeito à disciplina constitucional relativa aos direitos políticos, julgue o
item seguinte. A alistabilidade, que se refere à capacidade do indivíduo de ser eleitor,
com direito de participar da escolha dos mandatários, é vedada aos estrangeiros e,
durante o período do serviço militar obrigatório, aos conscritos.
Certo ( ) Errado ( )
RESPOSTA - CERTO
O exercício do direito de votar dá-se pelo voto, que pressupõe: a)
alistamento eleitoral; b) nacionalidade brasileira; c) idade mínima de 16 anos; e
d) não ser conscrito durante o serviço militar obrigatório.
Dessa forma, de acordo com a CF, são inalistáveis, não podem votar, os
estrangeiros e os conscritos.
E nunca esqueçam: todo inalistável é inelegível.
QUEM NÃO PODE VOTAR NÃO PODE SER VOTADO.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. CERTO
2. ERRADO
3. ERRADO
4. ERRADO
5. CERTO

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
PARTIDOS POLÍTICOS ......................................................................................................................................... 2
CONCEITO ...................................................................................................................................................... 2
NATUREZA JURÍDICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS........................................................................................... 2
CRIAÇÃO E LIMITES DOS PARTIDOS............................................................................................................... 2
AUTONOMIA E NÃO VERTICALIZAÇÃO .......................................................................................................... 3
DIREITO DE ANTENA E RECURSOS DO FUNDO PARTIDÁRIO ......................................................................... 4
DESFILIAÇÃO COM JUSTA CAUSA .................................................................................................................. 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

PARTIDOS POLÍTICOS
CONCEITO
Partido Político é uma livre associação de pessoas, que possuem interesses em comum e
objetivam o exercício do poder político, por meio do voto. (Organização de pessoas reunidas)

Com a finalidade de assumir o poder e


mantê-lo ou ao menos, influenciar por
meio de oposição
Organização de pessoas
reunidas

Em torno de um mesmo programa político

NATUREZA JURÍDICA DOS PARTIDOS POLÍTICOS


Os partidos políticos, segundo previsão expressa da Constituição, possuem natureza
jurídica de direito privado. Vejamos o disposto no Art. 17, § 2º:
§ 2º – Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica,
na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Superior Eleitoral.
Quando a Constituição determina que os partidos devem adquirir sua personalidade
jurídica na forma da lei civil, praticamente afirma que devem ser considerados como pessoa
jurídica de direito privado, apesar de ser exigido seu registro no TSE.

Pessoa jurídica de direito

Depois
Personalidade Jurídica

Depois de adquirida a personalidade


jurídica, registra se ESTATUTO no TSE

A personalidade Jurídica consolida – se quando do registro junto ao cartório


de títulos e documentos.

CRIAÇÃO E LIMITES DOS PARTIDOS


A CF assegura, no caput do Art. 17, a liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção
de partidos políticos:
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos: (...)

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

Contudo, essa liberdade não é absoluta devendo os partidos resguardarem:


 Soberania Nacional;
 Regime democrático;
 Pluripartidarismo;
 Direitos fundamentais da pessoa humana.
Além disso, os partidos devem observar os seguintes preceitos que funcionam como
verdadeiras limitações aos partidos políticos:
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos
políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I – caráter nacional;
II – proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
III – prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 4º – É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização
paramilitar.
Seriam exemplos de organizações paramilitares as milícias do Rio de Janeiro ou uma
facção criminosa.
Democracia = É o direito de manifestar a própria opinião e respeitar (aceitar) a opinião
da maioria.
 Soberania Nacional;
 Regime democrático;
Devem ser respeitados  Pluripartidarismo;
 Direitos fundamentais da pessoa humana;
 Preceitos.

- caráter nacional;
-proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
PRECEITOS estrangeiros ou de subordinação a estes;
- prestação de contas à Justiça Eleitoral;
- funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

AUTONOMIA E NÃO VERTICALIZAÇÃO


As regras constitucionais de autonomia dos partidos políticos receberam nova redação
pela EC 97/2017. A CF assegura aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura
interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações nas eleições majoritárias, além de estabelecer normas de disciplina
e fidelidade partidária. A EC 97/2017 proibiu a celebração de coligações para as eleições
proporcionais.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua
estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e
duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e
o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua
celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,


distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 97, de 2017)

- Definir sua estrutura interna, orçamentária e funcionamento.


Autonomia partidária
- Adotar critérios de escolha e o regime e suas coligações eleitorais.

- Não é obrigatória a vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,


Verticalização estadual, distrital ou municipal.
- Não precisa seguir a federal.
- Não há mais VERTICALIZAÇÃO no Brasil.

O Estatuto do partido tem que conter normas sobre a disciplina e fidelidade


partidária.

- Recursos do fundo partidário.


Têm direito a - Acesso gratuito ao rádio e à TV.
- Imunidade tributária sobre patrimônio, renda e serviços.

A regra da vedação das coligações nas eleições proporcionais só terá


aplicação nas eleições de 2020.

Esse dispositivo ainda determina que não é mais exigida a regra da verticalização. Isto
é, não é preciso haver vinculação das candidaturas nos diversos níveis federativos (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios).

DIREITO DE ANTENA E RECURSOS DO FUNDO PARTIDÁRIO


A EC 97/2017 estabeleceu novas regras para que os partidos tenham acesso gratuito à
rádio e à televisão (direito de antena), de acordo com a nova redação do § 3º , só terá direito
de antena e acesso a recursos do fundo o PP que alternadamente:
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso
gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos
que alternativamente:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
(alternativo)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação.
Essa regra, que cria uma nova cláusula de barreira (ou desempenho), no entanto, só
vai passar a valer nas eleições de 2030, até lá funcionará da seguinte forma – REGRA DE
TRANSIÇÃO:

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

Parágrafo único. Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à


propaganda gratuita no rádio e na televisão os partidos políticos
que:
I - na legislatura seguinte às eleições de 2018:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um
mínimo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma delas;
ou
b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação;
II - na legislatura seguinte às eleições de 2022:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 2% (dois por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1%
(um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação;
III - na legislatura seguinte às eleições de 2026:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 2,5% (dois e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos
em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um
mínimo de 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos em cada
uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais
distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação.

DESFILIAÇÃO COM JUSTA CAUSA


Sabe-se que aquele candidato eleito no sistema proporcional que se desfiliar, sem justa
causa, perde o mandato, ressalvadas as hipóteses legais de justa causa (Art. 22-A LPP).
A EC 97/2017 trouxe uma hipótese de justa causa para a desfiliação partidária, pelo § 5º
do Art. 17 o candidato que for eleito por um partido que não preencher os requisitos para
obter recursos do fundo partidário e do tempo de rádio e TV, poderá mudar de partido, sem
perder o mandato por infidelidade partidária:
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos
no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação,
sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não
sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
97, de 2017)

EXERCÍCIOS
1. (CESPE-2017) Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo
Os partidos políticos, segundo previsão expressa da Constituição, possuem
natureza jurídica de direito privado. Vejamos o disposto no Art. 17, § 2º:

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

§ 2º – Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma


da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

2. (CESPE-2017)Os partidos políticos adquirem personalidade jurídica com o registro do


estatuto social no TSE.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Quando a Constituição determina que os partidos devem adquirir sua
personalidade jurídica na forma da lei civil, praticamente afirma que devem ser
considerados como pessoa jurídica de direito privado, e com esse registro no
cartório adquirem a personalidade jurídica.
Com o registro no TSE adquirem a personalidade de partido político.

3. (CESPE-2017)Os partidos políticos adquirem personalidade jurídica na forma da lei


eleitoral, devendo seus estatutos ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral e no
tribunal regional eleitoral do estado em que estiverem sediados.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta Errado
Os partidos políticos, segundo previsão expressa da Constituição, possuem
natureza jurídica de direito privado. Vejamos o disposto no Art. 17, § 2º:
§ 2º – Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
Quando a Constituição determina que os partidos devem adquirir sua
personalidade jurídica na forma da lei civil, praticamente afirma que devem ser
considerados como pessoa jurídica de direito privado, apesar de ser exigido seu
registro no TSE.
Anota aí: Apenas no TSE, para ganhar personalidade partidária.

4. (CESPE-2017) Os partidos políticos devem submeter sua estrutura interna para


aprovação do TSE.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
As regras constitucionais de autonomia dos partidos políticos receberam nova
redação pela EC 97/2017. A CF assegura aos partidos políticos autonomia para
definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e
duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
nas eleições majoritárias, além de estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária. A EC 97/2017 proibiu a celebração de coligações para as eleições
proporcionais.

5. (VUNESP-2017)Após adquirirem personalidade jurídica, na forma da legislação civil, os


partidos políticos deverão registrar seus Estatutos perante o Tribunal Regional
Eleitoral do Estado em que sua sede estiver estabelecida.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Gabarito: Errado
Os partidos políticos, segundo previsão expressa da Constituição, possuem
natureza jurídica de direito privado. Vejamos o disposto no Art. 17, § 2º:
§ 2º – Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
Quando a Constituição determina que os partidos devem adquirir sua
personalidade jurídica na forma da lei civil, praticamente afirma que devem ser
considerados como pessoa jurídica de direito privado, apesar de ser exigido seu
registro no TSE.
Anota aí: Apenas no TSE, para ganhar personalidade partidária.

GABARITO
1. Certo
2. Errado
3. Errado
4. Errado
5. Errado

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO ................................................................................. 2
O ESTADO BRASILEIRO....................................................................................................................................... 2
ELEMENTOS DO ESTADO ............................................................................................................................... 2
FORMA DE ESTADO ....................................................................................................................................... 2
FEDERALISMO ................................................................................................................................................ 3
CARACTERÍSTICAS DO FEDERALISMO BRASILEIRO: ................................................................................... 3
TIPOS DE FEDERALISMO: ........................................................................................................................... 4
VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS....................................................................................................................... 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO


O ESTADO BRASILEIRO
ELEMENTOS DO ESTADO
Estado é uma sociedade política dotada de características próprias, elementos
essenciais, que as diferenciam das demais sociedades, quais sejam:
 POVO: é o elemento humano do Estado e se refere às pessoas que mantêm
vínculo jurídico-político com o Estado, tornando-se parte dele, em outras palavras,
integra o conceito de povo aqueles indivíduos que possuem a nacionalidade, trata-
se de um conceito jurídico-político.
O conceito de povo não se confunde com o conceito de população, nem com o conceito
de nação.
 População é um conceito numérico e engloba o conjunto de pessoas que se
encontram em determinado território de um Estado, aqui incluídos não apenas os
nacionais de um Estado, mas também os estrangeiros ali residentes.
Nação por sua vez é um conceito sociológico e se refere ao conjunto de pessoas ligadas
que formam uma comunidade unida por laços históricos, culturais, linguísticos.
 TERRITÓRIO: é o elemento material do Estado e refere-se ao espaço território
sobre o qual o Estado exerce de modo efetivo e exclusivo o seu poder de império,
sua supremacia sobre pessoas e bens, trata-se de um conceito jurídico e não
meramente geográfico.
 SOBERANIA ou Governo Soberano: é o elemento formal do Estado e refere-se ao
poder de autodeterminação plena, não condicionado a nenhum outro poder,
externo ou interno.

FORMA DE ESTADO
Por forma de Estado entende-se o modo de exercício do poder político em função do
território de um dado Estado, ou seja, a existência, ou não, de repartição de poderes
autônomos, leva em consideração ainda a composição geral do Estado, a estrutura do poder,
sua unidade, distribuição e competências no território do Estado.
Existem duas formas de Estado relevantes:
 Simples ou Unitário: nessa forma de Estado um Poder único e centralizado é
exercido sobre todo o território sem as limitações impostas por outra fonte de
poder. De forma geral, Estados com menor extensão territorial costumam adotar
esse modelo de Estado, no qual existe uma unidade de poder político interno, com
exercício centralizado. Ex.: França, Paraguai, Uruguai.
 Composto ou Federação: Essa forma de Estado é organizada por mais de um poder
político, existe uma pluralidade de poderes políticos internos, ou seja, ocorre uma
repartição de poderes autônomos. Ex.: Brasil, EUA.
CONFEDERAÇÃO segundo a doutrina atual majoritária, não é considerada uma forma de
Estado, mas tão somente uma reunião de entes soberanos, para tanto o vínculo confederativo
é definido por meio de Tratado Internacional, sendo esse vínculo dissolúvel.
O BRASIL adota a forma de Estado Federativa!

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

FEDERALISMO
Federalismo é uma aliança (União) entre Estados-Membros para a formação de um
Estado Federal, em que as unidades federadas (os Estados) preservam autonomia política,
enquanto a soberania é transferida para o Estado Federal.
O Federalismo nasceu com a Constituição norte-americana de 1787. No Brasil a forma
federal de Estado foi adotada provisoriamente em 1889, junto com a proclamação da
República, mas foi consolidada com a Constituição Republicana de 1891.
O pacto federativo é CLÁUSULA PÉTREA, ou seja, não pode haver propostos de Emenda
Constitucional para extinguir, abolir a Federação.
O Art. 18 da CF define a organização político-administrativa do Estado brasileiro:
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.

República Federativa do Brasil: é o nome do Estado Federal brasileiro, do país Brasil e


representa o todo, esse ente é dotado de soberania. Classifica-se como pessoa jurídica de
Direito Público Internacional.
União, Estados, Municípios e o DF: são os entes federativos dotados de AUTONOMIA
POLÍTICA, que significa a capacidade de: auto-organização, autoadministração, autogoverno,
autolegislação e autonomia financeira. Classifica-se como pessoa jurídica de direito público
interno.
 Observe que os TERRITÓRIOS não integram a organização político-administrativa
do Estado brasileiro.
Como frisado, essa organização é baseada na Autonomia Política desses entes
federativos, que permite que esses possam ter:
 Auto-organização: que é a capacidade de os entes criarem suas próprias
Constituições ou, no caso dos Municípios e do DF, de se auto-organizarem por meio
de lei orgânica;
 Autonomia legislativa, que é a capacidade de os entes terem competências
legislativas próprias;
 Autoadministração, que é a capacidade de os entes terem competências
administrativas próprias, servidores próprios;
 Autogoverno, que é a capacidade de os entes elegerem seus próprios
representantes.
 Autonomia financeira, que é a capacidade de os entes terem competências
tributárias próprias, recursos próprios para manterem a sua estrutura.
CARACTERÍSTICAS DO FEDERALISMO BRASILEIRO:
 Soberania do Estado federal.
 Autonomia dos entes federativos.
 Caráter indissolúvel do vínculo federativo: não há direito de secessão.
 Formalização por meio de uma constituição rígida e escrita.
 Repartição de competências entre o poder central e os entes parciais.
 Direito de participação das vontades parciais na vontade central (bicameralismo
do Poder Legislativo da União).
 Possibilidade de intervenção federal.
 Controle Jurisdicional de Constitucionalidade.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Obs.: A Federação brasileira é classificada como tricotômica (a sua manifestação de


poder político se dar em três níveis: geral, regional e local).
TIPOS DE FEDERALISMO:
 AGREGAÇÃO x DESAGREGAÇÃO (quanto ao fator histórico)
O federalismo por agregação: é caracterizado pela reunião de vários Estados para a
formação de um novo Estado, um Estado Federal. Movimento Centrípeto.
O federalismo por desagregação, ao contrário, ocorre quando um Estado unitário se
descentraliza. Movimento Centrífugo.
 DUAL x COOPERATIVO (quanto a competência)
O federalismo dual (classista) é caracterizado por uma rígida separação de
competências entre o ente central (União) e os entes regionais (Estados-Membros).
No federalismo cooperativo (neoclássico) não há uma separação rígida de
competências entre os entes federados, justamente para promover aproximação,
cooperação entre a União e os Estados-Membros.
 SIMÉTRICO x ASSIMÉTRICO
O federalismo simétrico: é caracterizado pela igualdade formal, eis que os Estados-
Membros são rigorosamente iguais em termos de representação no legislativo do Estado
federal. Homogêneo.
No federalismo assimétrico, por seu turno, há um certo balanceamento das
diferenças naturalmente existentes, a partir de fatores socioeconômicos ou mesmo
territoriais. Heterogêneo.
A banca CESPE classifica o Brasil como assimétrico.
Federalismo de segundo e terceiro grau: de acordo com a doutrina, no Brasil existe
uma TRÍPLICE estrutura do Estado Brasileiro (União, Estados e Municípios), contudo quanto à
auto-organização os Municípios devem obedecer a duas ordens constitucionais: a CF e as CE,
por isso a doutrina de Manoel Gonçalves Ferreira Filho classifica como federalismo de
segundo grau.
O doutrinador Marcelo Novelino e a CESPE entendem que o federalismo é de terceiro
grau.
 Outras Classificações
O federalismo de equilíbrio: busca estabelecer repartição equilibrada de competências
entre os entes que compõem a Federação. A ideia é a manutenção da harmonia entre os entes,
reforçando suas instituições.
No federalismo de integração há uma predominância do Governo Central sobre os
demais entes, com a imposição aos Estados-Membros do modelo adotado para o ente central.
Nele, há uma tendência de estabelecer um Estado unitário descentralizado e não um
verdadeiro Estado federal. Seria um federalismo apenas formal.
O federalismo orgânico: o Estado é visto como organismo, com a presença marcante do
Estado Federal sobre os entes.

VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
A CF em seu artigo 19 estabelece proibições destinadas aos Entes da Federação, vejamos:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na


forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
O inciso I consagra o Princípio da Laicidade do Estado Brasileiro, ou seja, o Brasil não
adota uma religião oficial, na medida em que afasta a relação entre Estado e Igreja, com
exceção da colaboração de interesse público (ex.: distribuição de cestas básicas).
O inciso III estabelece o Princípio da Isonomia Federativa, na medida em que não se
pode estabelecer tratamento diferenciado entre brasileiros, nem entre os entes da Federação.

EXERCÍCIOS
1. CESPE/2018- A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os territórios, todos
entes federativos autônomos dotados de capacidade de autogoverno e
autoadministração.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Errado
República Federativa do Brasil: é o nome do Estado Federal brasileiro, do
país Brasil e representa o todo, esse ente é dotado de soberania. Classifica-se como
pessoa jurídica de Direito Público Internacional.
União, Estados, Municípios e o DF: são os entes federativos dotados de
AUTONOMIA POLÍTICA, que significa a capacidade de: auto-organização,
autoadministração, autogoverno, autolegislação e autonomia financeira. Classifica-
se como pessoa jurídica de direito público interno.
Observe que os TERRITÓRIOS não integram a organização político-
administrativa do Estado brasileiro.

2. CESPE/2017- A adoção do federalismo cooperativo equilibrado pela CF visa à redução


das desigualdades regionais.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Certo
No federalismo cooperativo (neoclássico) não há uma separação rígida
de competências entre os entes federados, justamente para promover
aproximação, cooperação entre a União e os Estados-Membros, visando à redução
das desigualdades regionais.

3. CESPE/2017- Ao consagrar o modelo do federalismo dual, a CF, no que tange à


distribuição de recursos orçamentários, assegurou maior grau de separação entre o
poder central e as unidades federadas.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Errado
A CF adota o federalismo cooperativo (neoclássico), onde não há uma
separação rígida de competências entre os entes federados, justamente para
promover aproximação, cooperação entre a União e os Estados-Membros,
visando à redução das desigualdades regionais.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

4. CESPE/2018- Em casos excepcionais, é admitido o direito de secessão aos Estados da


Federação.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Errado
Uma das características da federação é o caráter indissolúvel do vínculo
federativo: não há direito de secessão.
Estados, Municípios e o DF não podem em nenhuma circunstância se
desmembrarem do território brasileiro.

5. CESPE/2018- No federalismo, os entes federados detêm autonomia financeira,


administrativa e política.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Certo
República Federativa do Brasil: é o nome do Estado Federal brasileiro, do
país Brasil e representa o todo, esse ente é dotado de soberania. Classifica-se como
pessoa jurídica de Direito Público Internacional.
União, Estados, Municípios e o DF: são os entes federativos dotados de
AUTONOMIA POLÍTICA, que significa a capacidade de: auto-organização,
autoadministração, autogoverno, autolegislação e autonomia financeira. Classifica-
se como pessoa jurídica de direito público interno.

GABARITO
1. Errado
2. Certo
3. Errado
4. Errado
5. Certo

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO ................................................................................. 2
ENTES FEDERADOS ............................................................................................................................................ 2
UNIÃO ............................................................................................................................................................ 2
CAPITAL FEDERAL - BRASÍLIA ....................................................................................................................... 2
BENS DA UNIÃO ......................................................................................................................................... 2
ESTADOS ........................................................................................................................................................ 3
AUTO-ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................................ 3
AUTOGOVERNO ......................................................................................................................................... 4
REGIÕES METROPOLITANAS ...................................................................................................................... 5
FUSÃO – INCORPORAÇÃO – SUBDIVISÃO – DESMEMBRAMENTO – CRIAÇÃO DE NOVOS ESTADOS ....... 5
BENS DOS ESTADOS ....................................................................................................................................... 6
INICIATIVA POPULAR NOS ESTADOS: ........................................................................................................ 6
DISTRITO DEFERAL ......................................................................................................................................... 6
MUNICÍPIOS ................................................................................................................................................... 6
AUTO-ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................................ 6
AUTOGOVERNO ......................................................................................................................................... 7
Foro do Prefeito......................................................................................................................................... 7
INICIATIVA POPULAR NOS MUNICÍPIOS .................................................................................................... 8
FUSÃO – INCORPORAÇÃO – SUBDIVISÃO – DESMEMBRAMENTO – CRIAÇÃO DE NOVOS MUNICÍPIOS .. 8
Requisitos .................................................................................................................................................. 9
FISCALIZAÇÃO DAS CONTAS DOS MUNICÍPIOS ......................................................................................... 9
Exercícios ........................................................................................................................................................... 9
Gabarito ....................................................................................................................................................... 12

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO


ENTES FEDERADOS
UNIÃO
A União (pessoa jurídica de direito público interno), ente federativo que compõe a
República Federativa do Brasil, possui competência tanto para atuar em nome próprio como
para atuar em nome da Federação.
Assim, podemos afirmar ainda que a União possui um duplo papel, um interno e um
externo ou internacional:
 No plano interno atua como entidade Federativa dotada de autonomia – Pessoa
jurídica de direito público interno, podendo agir em nome da Federação (ex.:
Intervenção) ou podendo agir em nome próprio (ex.: Organiza a Justiça Federal)
 No plano externo ou internacional a União é órgão de representação da
República Federativa do Brasil– pessoa jurídica de direito público externo,
exercendo competências de natureza internacional, em nome de toda a Federação.
Por exemplo: Art. 21, I e II CF.
Art. 21. Compete à União:
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de
organizações internacionais;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
 A União não possui soberania (a soberania é característica da República Federativa do
Brasil).
CAPITAL FEDERAL - BRASÍLIA
A Capital Federal é BRASÍLIA, que também é sede do Governo do Distrito Federal.
Art. 18, § 1º - Brasília é a Capital Federal.
Brasília é a Capital Federal, mas não goza de autonomia, é uma região administrativa que
fica dentro do ente federativo Distrito Federal, mas não se confunde com o DF.
 O DF, por outro lado, possui autonomia.
A CF prevê a possibilidade de transferência temporária da sede do Governo Federal
para outra cidade, se a situação assim o exigir, cabendo esta decisão ao Congresso Nacional,
com a sanção do Presidente da República, conforme Art. 48, VII da CF:
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52,
dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre:
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal.

BENS DA UNIÃO
Os bens da União estão previstos no Art. 20 da CF, em rol exemplificativo, sendo que
para as provas é necessária a memorização:
Art. 20. São bens da União: (...)
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
das fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.


 TERRAS DEVOLUTAS: são terras públicas sem destinação pelo Poder Público e
que em nenhum momento integraram o patrimônio de um particular, ainda que
estejam irregularmente sob sua posse. O termo "devoluta" relaciona-se ao conceito
de terra devolvida ou a ser devolvida ao Estado.
Será da União apenas se essas terras forem indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e defesas militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
as demais pertencem, em regra, aos ESTADOS.
 Destaca-se a decisão do STF que entendeu que os terrenos de marinha, mesmo que
localizados em ilha com sede de município, são bens da União.

ESTADOS
Os Estados-Membros são entes federativos dotados de autonomia política, podendo-se
destacar:
AUTO-ORGANIZAÇÃO
Quanto à auto-organização, os estados regem-se por suas Constituições Estaduais, nos
termos do Art. 25 da CF:

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e


leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
A organização dos estados nas suas Constituições deve observar os princípios
estabelecidos na CF, ou seja, encontram-se limitadas aos princípios constitucionais.
Esses Princípios Constitucionais são classificados em três espécies:
• princípios constitucionais sensíveis, previstos no Art. 34 da CF;
• princípios constitucionais extensíveis que consagram normas de organização
da União que devem obrigatoriamente serem aplicadas nos estados. Ex.: Sistema
eleitoral, composição e organização dos Tribunais de Contas, processo
legislativo;
• princípios constitucionais estabelecidos: estabelecem preceitos centrais de
observância obrigatório pelos estados. Ex.: Art. 37 da CF ou as competências
dos estados e municípios.
Desse modo, as Constituições Estaduais devem adotar um modelo simétrico ao
estabelecido na CF – esse é o chamado princípio da simetria, que estabelece algumas normas
de observância e reprodução obrigatória pelos estados nas CE.
 Hierarquicamente podemos dizer que as Constituições Estaduais estão abaixo da
Constituição Federal e acima das leis estaduais e municipais do respectivo Estado.
- poder constituinte derivado
ELABORAÇÃO DAS
decorrente;
CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS
- princípio simetria;
ESTADOS - 2 turnos de votação e 3/5
dos votos.

AUTOLEGISLAÇÃO LEIS ESTADUAIS


MUDE SUA VIDA!
3
alfaconcursos.com.br

AUTOGOVERNO
O autogoverno está relacionado à capacidade dos entes elegerem seus representantes
nos poderes executivo e legislativo.
Poder Executivo Estadual é exercido pelo Governador do Estado auxiliado pelos
Secretários de Estado.
O processo eleitoral do Governador é idêntico ao do Presidente em virtude do princípio
da simetria, ou seja, o Governador é eleito pelo sistema majoritário absoluto (segundo turno).
Especialmente para concursos estaduais a leitura dos artigos seguintes é fundamental

Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado,


para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo
de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do
mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto
no art. 77.
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou
função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a
posse em virtude de concurso público e observado o disposto no art.
38, I, IV e V.
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos
Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da
Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39,
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
 Poder Legislativo Estadual, é exercido pela Assembleia Legislativa que é
composta por Deputados Estaduais, eleitos segundo o sistema proporcional, de
forma idêntica aos deputados federais.
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa
corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de
iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo,
setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os
Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, §
7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu
regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua
secretaria, e prover os respectivos cargos.
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo
estadual.
 Poder Judiciário Estadual - é formado pelos Tribunais de Justiça e juízes
estaduais, e a sua organização e composição serão mais bem estudadas na nossa
aula sobre Poder Judiciário.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

Autogoverno OS ESTADOS PODEM ORGANIZAR SEUS PODERES


EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO
AUTOADMINISTRAÇÃO ESTRUTURA ADMINISTRATIVA E QUADRO PRÓPRIO
DE SERVIDORES

REGIÕES METROPOLITANAS
Os Estados poderão criar regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões
visando melhorar as questões envolvendo a política urbana, por meio de lei complementar
(vedada a edição de medida provisória).
Art.25 CF
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões,
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções
públicas de interesse comum.

FUSÃO – INCORPORAÇÃO – SUBDIVISÃO – DESMEMBRAMENTO –


CRIAÇÃO DE NOVOS ESTADOS
A CF estabelece dois requisitos para incorporação, fusão, subdivisão, desmembramento
e criação de novos Estados.
ART. 18,
§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar.
Requisitos:
 Plebiscito da população diretamente interessada - deve ser entendida como a
população tanto da área desmembrada do Estado-membro como a da área
remanescente, de acordo com a interpretação do STF1.
 Oitiva das Assembleias Legislativas, sem caráter vinculativo. (Art. 48, VI)
 Lei Complementar Federal.

1º - APROVAÇÃO DA POPULAÇÃO diretamente


INCORPORAÇÃO
interessada, por meio de PLEBISCITO.
SUBDIVISÃO ETAPAS
DESMEMBRAMENTO
2º - APROVAÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR PELO
CN.

População diretamente interessada = toda a população do Estado-membro ou


do Município, e não apenas a população da área a ser desmembrada.
(ADI 2650).

1
ADI 2650, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 24/08/2011, DJe-218 DIVULG 16-11-2011
PUBLIC 17-11-2011 EMENT VOL-02627-01 PP-00001 RTJ VOL-00220-01 PP-00089 RT v. 101, n. 916, 2012, p.
465-508

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

BENS DOS ESTADOS


Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de
obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu
domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou
terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

INICIATIVA POPULAR NOS ESTADOS:


Art. 27 § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo
legislativo estadual.

DISTRITO FEDERAL
Possui competências dos Estados e Municípios.
Possui Lei Orgânica (LODF – 2 turnos de votação, interstício mínimo de 10 dias e
aprovação por 2/3 dos votos (Não confundir com a CE – 2 turnos de votação e 3/5 dos votos)
• O DF não tem competência para organizar e manter:
 Poder Judiciário
 Ministério Público
 Polícias Civis, Penais e Militares. Competência da União
 Corpo de Bombeiros

• Defensoria do DF:
 Não é mais competência da União.

MUNICÍPIOS
A figura dos Municípios como entes federativos dotados de autonomia é uma criação
brasileira não existindo em outros Estados. Inclusive a autonomia municipal é princípio
constitucional sensível. (Art. 34, VII, c)
AUTO-ORGANIZAÇÃO
Os municípios se auto-organizam não por meio de Constituições, mas sim de Lei
Orgânica, nos termos do Art. 29 da CF e deve observar tanto os princípios estabelecidos na
Constituição Federal quanto na Constituição dos Estados.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

A elaboração da Lei Orgânica

Auto – organização e
legislação própria
Município não tem Poder Constituinte
decorrente

Autolegislação – lei municipal

AUTOGOVERNO
• Poder Executivo Municipal é exercido pelo Prefeito auxiliado pelos Secretários
Municipais, atendidas as regras do Art. 29 CF.
O sistema eleitoral é majoritário simples (único turno), como regra, podendo ser
majoritário absoluto (segundo turno) nos municípios que tenham mais de duzentos mil
eleitores.
Art. 29. (...)
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo
realizado em todo o País;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de
Municípios com mais de duzentos mil eleitores;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano
subsequente ao da eleição.

Organizar Poderes Executivo e Legislativo

Autogoverno
Município não tem Poder Judiciário e
Ministério Público

Eleição direta do Prefeito

FORO DO PREFEITO:
MUDE SUA VIDA!
7
alfaconcursos.com.br

Merece destaque o Art. 29, X, que vai determinar que os Prefeitos devem ser julgados
perante o TJ do Estado, essa regra só vale para as infrações penais comuns, não se aplicando
para ações de natureza cível etc.:
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça.
Entretanto, merece destaque a Súmula 702 do STF:
A competência do tribunal de justiça para julgar prefeitos restringe-
se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos
demais casos, a competência originária caberá ao respectivo
tribunal de segundo grau.
• Poder Legislativo Municipal é exercido pela Câmara Municipal composta por
vereadores, eleitos pelo sistema proporcional.
Ressalta-se que o número de Vereadores é estabelecido pela CF de acordo com o número
de habitantes do Município variando de 9 a 55 vereadores, nos termos do Art. 25, IV da CF.
• Poder Judiciário Municipal não existe.
INICIATIVA POPULAR NOS MUNICÍPIOS:
Art. 29. XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;

FUSÃO – INCORPORAÇÃO – SUBDIVISÃO – DESMEMBRAMENTO –


CRIAÇÃO DE NOVOS MUNICÍPIOS
A CF estabelece QUATRO requisitos para incorporação, fusão, subdivisão,
desmembramento e criação de novos Municípios.
Art. 18 § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei.
O desmembramento de município ocorre quando esse ente cede parte do seu território
para formação de um outro Município. A CF estabelece quatro requisitos para o
desmembramento de Municípios, quais sejam: a) edição de lei complementar federal
definindo o período em que o desmembramento poderá ocorrer; b) a realização de estudo de
viabilidade municipal; c) plebiscito a população diretamente interessada; d) edição de lei
estadual.
Quanto à realização do plebiscito no caso de desmembramento, entende o STF que a
consulta popular deve ser feita a toda a população do Município, tanto da área destacada –
desmembrada quanto da área remanescente.

1º - APROVAÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR


INCORPORAÇÃO
FEDERAL fixando prazo do qual poderá ocorrer a
FUSÃO formação dos novos Municípios.
ETAPAS 2º - Divulgação dos Estudos de viabilidade municipal.
DESMEMBRAMENTO
3º - Consulta prévia, mediante plebiscito, às populações
CRIAÇÃO dos Municípios envolvidos.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

4º - Lei Ordinária formalizando a criação do novo


Município.

REQUISITOS:
 Lei complementar Federal: período.
 Estudo de Viabilidade Municipal.
 Plebiscito.
 Lei Ordinária Estadual.
Lei também os artigos 29, 29-A, 30 e 31 CF.
FISCALIZAÇÃO DAS CONTAS DOS MUNICÍPIOS
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o
auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as
contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de
prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara
Municipal.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias,
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e
apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos
termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas
Municipais.

EXERCÍCIOS
1. CESPE/2017- De acordo com a CF, o Distrito Federal — unidade federada indivisível em
municípios — é a capital federal do país.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado

Brasília é a Capital Federal, mas não goza de autonomia, pois não é um


município, é uma região administrativa que fica dentro do ente federativo Distrito
Federal, mas não se confunde com o DF. O DF, por outro lado, possui autonomia.
Destaca-se inclusive que Brasília não possui prefeito, mas um
Administrador Regional.

2. CESPE/2018- Os rios que banhem mais de um estado e que sejam provenientes de


outros países são considerados bens da União.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

A CF prevê expressamente no seu Art. 20, III, que os lagos, rios e quaisquer
correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou
dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais, são bens da
União.

3. CESPE/2018- Ilha lacustre que não pertença à União pode ser bem do estado federado
ou do município, a depender da localização territorial.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
As ilhas as ilhas fluviais e lacustres que não pertencem à União, pertencem
aos entes federados, conforme previsão expressa na CF, in verbis:
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio,
excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

4. CESPE/2017- A CF dá ao estado-membro competência para instituir regiões


metropolitanas e microrregiões, mas não aglomerações urbanas: a competência de
instituição destas é dos municípios.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Errado
Os Estados poderão criar regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões visando melhorar as questões envolvendo a política urbana, por meio
de lei complementar.
In verbis:
Art.25 CF
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

5. CESPE/2017- Para o STF, a consulta a ser feita em caso de desmembramento de estado-


membro deve envolver a população de todo o estado-membro e não só a do território a
ser desmembrado.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: Certo

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

Quando se fala em Plebiscito da população diretamente interessada, deve ser


entendida como a população tanto da área desmembrada do Estado-membro como
a da área remanescente, de acordo com a interpretação do STF2.

2
ADI 2650, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 24/08/2011, DJe-218 DIVULG 16-11-2011
PUBLIC 17-11-2011 EMENT VOL-02627-01 PP-00001 RTJ VOL-00220-01 PP-00089 RT v. 101, n. 916, 2012, p.
465-508

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. E
2. C
3. E
4. E
5. C

MUDE SUA VIDA!


12
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS .......................................................................................... 2
DIREITOS DE SEGURANÇA - GARANTIAS PENAIS ........................................................................................... 2
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ............................................................................................... 2
TRIBUNAL DO JÚRI ......................................................................................................................................... 3
CRIMES IMPRESCRITÍVEIS, INAFIANÇÁVEIS E INSUSCETÍVEIS DE GRAÇA E ANISTIA ..................................... 4
PESSOALIDADE DA PENA – ART. 5O, XLV ....................................................................................................... 5
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA: PENAS PERMITIDAS E PROIBIDAS, ART. 5O, XLVI E XLVII .............................. 6
DIREITOS DE SEGURANÇA - GARANTIAS PENAIS ........................................................................................... 7
PRISÃO CIVIL POR DÍVIDA .......................................................................................................................... 7
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PENAL E RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENÉFICA – ART. 5O XXXIX E XL ..... 7
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL – ART. 5O LVIII ................................................................................................. 8
HIPÓTESES DE PRISÃO ............................................................................................................................... 9
AÇÃO PENAL SUBSIDIÁRIA......................................................................................................................... 9
DIREITO DOS PRESOS ................................................................................................................................. 9
DIREITOS DOS SENTENCIADOS ................................................................................................................ 10
DISCRIMINAÇÃO ATENTATÓRIA AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................................... 10
ERRO JUDICIÁRIO ..................................................................................................................................... 11
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 11
GABARITO .................................................................................................................................................... 13

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS


DIREITOS DE SEGURANÇA - GARANTIAS PENAIS
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
A CF assegura a presunção de inocência no inciso LVII do Art. 5º:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória;
Trata-se de uma garantia individual de natureza processual penal de que as pessoas
devem ser consideradas inocentes até que o Estado prove o contrário, por meio de decisão
judicial definitiva – in dubio pro reo.
Esse direito/garantia também impede que seja lançado o nome do réu no rol dos
culpados antes do trânsito em julgado da decisão condenatória.
Ponto importantíssimo para a sua prova é a interpretação do STF quanto ao início do
cumprimento da pena, ou seja, se seria possível a execução provisória da pena antes da
decisão transitada em julgado, autorizando, por exemplo, a prisão do réu.
De acordo com o STF, a execução de decisão penal condenatória proferida em segundo
grau de jurisdição, embora sujeita a recurso, viola a presunção de inocência.
O que de fato foi decidido pelo STF foi que o artigo 283 do Código Penal —
que declara que ninguém pode ser preso antes do fim do processo a não ser que
haja flagrante de crime ou pedido de prisão preventiva — está de acordo com a
Constituição Federal de 1998.
A Constituição Federal, no artigo 5º, diz que "ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória", ou seja, que
ninguém será considerado culpado até o fim do processo, quando não há mais
possibilidade de recursos. O que o STF fez foi declarar que o artigo 283 está de
acordo com este artigo 5º.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

TRIBUNAL DO JÚRI
O Tribunal do Júri tem como fundamento o princípio democrático, porque assegura ao
cidadão o direito de ser julgado por seus semelhantes, outros cidadãos, escolhidos
aleatoriamente.
É uma instituição pertencente ao Poder Judiciário que possui competência específica
para julgar determinados tipos de crime.
A Constituição Federal apresenta alguns princípios que regem este tribunal:
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que
lhe der a lei, assegurados:
a plenitude de defesa;
sigilo das votações;
a soberania dos veredictos;
a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
Segundo este texto, o Tribunal do Júri é regido pelos seguintes princípios:
 ˃ Plenitude de defesa – é a ampla defesa também assegurada aos acusados em
geral. Esse princípio permite que no júri sejam utilizadas todas as provas
permitidas em direito. Aqui, o momento probatório é bastante explorado, haja
vista a necessidade de convencer os jurados, que são pessoas comuns da
sociedade, que às vezes não conhecem nada de direito.
 ˃ Sigilo das votações – o voto é sigiloso para manter a imparcialidade do
julgamento. Durante esse momento, não é permitido que um jurado converse com
o outro a respeito do julgamento, sob pena de nulidade.
 ˃ Soberania dos veredictos - o que for decidido pelos jurados será considerado
soberano. Nem o Juiz presidente poderá modificar o julgamento. Essa soberania
não impede que a decisão do júri seja objeto de recurso.
 ˃ Competência para julgar os crimes dolosos contra a vida – muito cuidado
quanto a isso em prova. O júri não julga qualquer tipo de crime, mas apenas os
dolosos contra a vida. Crimes dolosos são aqueles praticados com intenção, com
vontade. São diferentes dos crimes culposos, os quais são praticados sem intenção.
E devem ser apenas crimes contra a vida, não podendo ser crimes contra o
patrimônio, ordem econômica, etc. Por exemplo, o latrocínio não é considerado
crime contra a vida, portanto, não será de competência do Tribunal do Júri.
Ressalta-se que a competência do Tribunal do Júri não é absoluta, isso porque algumas
pessoas possuem prerrogativa de foro em virtude de suas funções, devidamente previstas na
CF, de modo que caso cometam crimes contra a vida, não serão julgados pelo júri, e sim pelos
Tribunais previamente estabelecidos. Ex.: parlamentares federais que são julgados pelo STF
(Art. 102, I, b, CF). Cumpre observar que apenas se sobrepõe a competência do júri àqueles
foros por prerrogativa de função previstos na CF, de modo que se estiver estabelecido apenas
na Constituição Estadual, deverá prevalecer a competência do júri.
É este o teor da súmula vinculante 45:
A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

TTRIBUNAL DO JÚRI

CRIMES DOLOSOS
PLENITUDE DE DEFESA SIGILO DAS VOTAÇÕES SOBERANIA DOS VEREDITOS
CONTRA A VIDA

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
CRIMES IMPRESCRITÍVEIS, INAFIANÇÁVEIS E INSUSCETÍVEIS DE
GRAÇA E ANISTIA
A CF dispõe nos incisos XLII, XLIII, XLIV do Art. 5º a respeito de diversos crimes e o
tratamento constitucional que devem ter. Essas normas estabelecem um comando para o
legislador, que na hora de elaborar as normas penais deve observar o disposto na CF (SÃO
DIRECIONADOS AO LEGISLADOR – RESERVA LEGAL).
Inicialmente, destacamos a VEDAÇÃO AO RACISMO, considerado como crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de RECLUSÃO.
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei (grifo nosso).

O repúdio ao racismo é um dos princípios da RFB no que tange às suas relações


internacionais:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo.

Ressalta-se que a expressão “racismo”, de acordo com o STF, abrange todas as formas de
discriminação que impliquem distinções entre as pessoas, em virtude de sua raça, cor, credo,
descendência.
Outros tipos de crime tiveram também especial previsão na Constituição tendo em vista
sua extrema gravidade:
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem (grifo nosso);
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático (grifo nosso).

As questões sobre esse tema geralmente são superficiais, exigindo mais a memorização
do que a compreensão do significado de cada crime. Desse modo, seguem algumas dicas para
facilitar a sua memorização:
 Imprescritível: RAÇÃO.
 Insuscetíveis de graça ou anistia: 3TH.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

 A graça, apesar da divergência doutrinária quanto a sua existência, é o perdão


concedido pelo Presidente da República, favorecendo um condenado por crime
comum ou por contravenção, extinguindo-lhe ou diminuindo-lhe a pena imposta.
 Se o perdão tiver natureza coletiva, será chamado de indulto.
 A anistia é um perdão também, mas concedido apenas por meio de lei, aplicável a
crimes coletivos, geralmente políticos.
ATENÇÃO!
Os crimes inafiançáveis englobam todos os crimes previstos nos incisos XLII, XLIII e
XLIV.
Os crimes que são insuscetíveis de graça e anistia não são imprescritíveis, e vice-versa.
Dessa forma, nunca na sua prova pode haver uma questão que apresente as três classificações
ao mesmo tempo.

PESSOALIDADE DA PENA – ART. 5O, XLV


O princípio da pessoalidade ou intransmissibilidade da pena significa que a pena deve
ser cumprida apenas por aquele que cometeu ou participou da conduta criminosa, não
podendo ser transferida a outra pessoa, ou seja, a parentes ou amigos.
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido.

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

Contudo, no que se refere à obrigação de reparação de danos e à perda de perdimento de


bens, é possível que os sucessores sejam responsáveis, mas dentro dos limites do patrimônio
que lhes foi transferido.

PENAS E MULTAS PENAL PERSONALÍSSSIMO

DANO PODERÁ PASSAR HERDEIROS

INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA: PENAS PERMITIDAS E PROIBIDAS,


ART. 5O, XLVI E XLVII
O Art. 5o, XLVI, da CF determina que a lei deverá individualizar a pena e, na sequência,
estabelece em rol EXEMPLIFICATIVO, algumas penas permitidas no Brasil, são elas:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes:
privação ou restrição da liberdade;
perda de bens;
multa;
prestação social alternativa;
suspensão ou interdição de direitos.

Por se tratar de rol exemplificativo, pode a lei estabelecer outros tipos de penas, desde
que não incida das hipóteses de pena proibida, prevista no Art. XLVII:
XLVII - não haverá penas:
de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
de caráter perpétuo;
de trabalhos forçados;
de banimento;
cruéis.

Essas são as penas que não podem ser aplicadas no Brasil. Contudo, cumpre observar
que, inobstante a pena de morte ter sido proibida, a própria CF traz uma possibilidade de sua
decretação, no caso de guerra declarada.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Assim, é possível afirmar que existe pena de morte do Brasil, mesmo que em apenas
uma situação.
A pena de caráter perpétuo é aquela que deve ser cumprida até a morte. Não existe esse
tipo de pena no Brasil, pois as penas aqui são temporárias. Ressalta-se, ainda, que as penas de
caráter perpétuo se estendem também para a esfera administrativa.
A outra pena é a de trabalhos forçados. Essa é aquela em que o indivíduo é obrigado a
trabalhar de forma a denegrir a sua condição como ser humano.
Temos ainda a pena de banimento. É a expulsão do brasileiro, tanto nato como
naturalizado, do território nacional.
Citam-se ainda as penas cruéis, em respeito ao princípio da dignidade da pessoa
humana, e da vedação à tortura e ao tratamento desumano ou degradante. Isso também é
proibido.

DIREITOS DE SEGURANÇA - GARANTIAS PENAIS


PRISÃO CIVIL POR DÍVIDA
A CF destaca que não se devem prender as pessoas por dívidas de natureza civil,
contudo a CF/88 estabeleceu duas exceções, possibilitando, nesses casos, a prisão civil por
dívida, são elas:
 Devedor voluntário e inescusável de pensão alimentícia.
 Depositário infiel.
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
infiel.

Contudo, o Brasil em 1992 ratificou o Pacto de San José da Costa Rica que só permite a
prisão civil por dívida do devedor de alimentos. Acolhendo então as determinações do tratado
internacional, o STF entende como lícita apenas a prisão do devedor de pensão alimentícia,
considerando como ilícita a prisão do depositário.
Isso não significa que a ratificação do Brasil ao tratado internacional tenha revogado o
disposto na CF, até porque um tratado não pode revogar o texto de uma Constituição. O que
ocorre é que essa previsão constitucional, quanto ao depositário, deixa de ter aplicabilidade.
Esse entendimento encontra-se inclusive sumulado. Vejamos o teor da Súmula
Vinculante nº 25:
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade
do depósito.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PENAL E RETROATIVIDADE DA LEI MAIS


BENÉFICA – ART. 5O XXXIX E XL
Como desdobramento do princípio da legalidade, previsto de forma genérica no Art. 5o,
II da CF, temos o inciso XXXIX que dispõe sobre a necessária previsão legal para a tipificação
de crimes, ou seja, apenas a lei formal poderá definir as condutas reprováveis socialmente,
tratando-se de matéria de reserva legal, lembrando ainda que a competência para legislar
sobre direito penal é privativa da União (Art. 22, I CF). Dessa forma, apenas lei federal poderá
criminalizar comportamentos. Em virtude disso, sabe-se que não é possível criar crimes por
meio de medida provisória.

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.

CRIME LEI (APENAS) RESERVA LEGAL

SEM LEI SEM CRIME ATÍPICO

Além disso, podemos extrair desse inciso que uma determinada conduta só poderá ser
considerada como crime se quando ela foi realizada já existia a lei penal definindo aquele
comportamento como criminoso. Trata-se do princípio da anterioridade da lei penal.
Podemos destacar, ainda, o inciso XL, que apresenta como regra geral a irretroatividade
da lei penal, contudo, no seu texto já prevê uma exceção, quando se tratar de lei mais benéfica
ao réu, autorizando nesse caso que a lei penal opere efeitos retroativos.
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

Dessa forma, podemos afirmar que a lei penal benigna (lex mitior) é sempre retroativa e
poderá ser aplicada ainda que o réu já tenha sido condenado.
Contudo, se a lei for desfavorável ao réu (lex gravior), ela não poderá retroagir, somente
sendo aplicada para eventos futuros.
Vale ressaltar ainda o enunciado da Súmula 711 do STF:
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME
PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE
OU DA PERMANÊNCIA.

IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL – ART. 5O LVIII


A CF afirma que a pessoa que tiver identificação civil, aquela atestada por meio de
documentos públicos, como, por exemplo: carteira de identidade, carteira de trabalho,
passaporte ou carteira profissional, não precisará se submeter à identificação criminal, que é
o processo datiloscópico e o fotográfico.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

Contudo, o referido artigo é norma de eficácia contida, de modo que a lei poderá
estabelecer hipóteses em que, mesmo o indivíduo tendo identificação civil, deverá ser
identificado criminalmente.
A lei que regulamenta o dispositivo constitucional é a Lei 12.037/2009 e, em seu artigo
3 , traz situações em que deverá ocorrer a identificação criminal.
o

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal,


salvo nas hipóteses previstas em lei.

HIPÓTESES DE PRISÃO
A CF assegura que os cidadãos civis só podem ser presos em duas circunstâncias: a)
flagrante delito; b) determinação judicial.
Contudo, destaca que para os militares, além das hipóteses constitucionais, também será
possível a prisão administrativa – por ordem de um superior hierárquico.
É o que dispõe o inciso LXI:
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.

AÇÃO PENAL SUBSIDIÁRIA


A CF assegura no inciso LIX que se o Ministério Público não realizar a Ação Penal Pública
no prazo legal, ou seja, ficar inerte, não cumprindo sua obrigação institucional, o particular
poderá realizar queixa-crime no lugar da denúncia.
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se essa não for
intentada no prazo legal.

DIREITO DOS PRESOS


A CF, em diversos dispositivos, assegura direitos aos presos. Em Direito Constitucional
esses incisos costumam ser cobrados na sua literalidade. Vejamos:
O inciso LXII determina que a prisão de qualquer pessoa não pode ser mantida em sigilo,
devendo necessariamente ser comunicada à sua família ou pessoa indicada, e ao juiz
competente.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa
por ele indicada.

A comunicação da prisão feita ao juiz é relevante na medida em que se o juiz entender


que a prisão é ilegal, poderá relaxá-la, ou seja, poderá soltar o preso, sem prejuízo da
condução regular do processo penal.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária.

Ademais, aos presos é assegurado o direito ao silêncio, o direito de permanecer calado,


isso porque ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. É o chamado direito da
não autoincriminação:

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de


permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.

Ressalta-se que o silêncio do réu não pode ser considerado como confissão, como já
decidiu o STF:
O exercício do direito ao silêncio, que se revela insuscetível de qualquer
censura policial e/ou judicial, não pode ser desrespeitado nem desconsiderado
pelos órgãos e agentes da persecução penal, porque a prática concreta dessa
prerrogativa constitucional – além de não importar em confissão – jamais poderá
ser interpretada em prejuízo da defesa [HC 99.289, rel. min. Celso de Mello, j. 23-
6-2009, 2ª T, DJE de 4-8-2011.].

O preso tem ainda como garantia o direito de saber os responsáveis pela sua prisão ou
pelo seu interrogatório. A intenção desse dispositivo é impedir, ou pelo menos coibir as
arbitrariedades e ilegalidades no ato da prisão ou do interrogatório, possibilitando a
responsabilização por eventuais abusos.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou
por seu interrogatório policial.

Por fim, destaca-se que a regra geral é a de que as pessoas respondam aos processos em
liberdade, de modo que a exceção é a manutenção do indivíduo preso, em respeito ao
princípio da presunção de inocência. Dessa forma, determina a CF que se for cabível a
liberdade provisória, por não estarem presentes os requisitos da prisão preventiva, essa
deverá ser concedida, não se mantendo o réu preso.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança.

DIREITOS DOS SENTENCIADOS


A CF assegura direitos àqueles réus já sentenciados que estão cumprindo pena. Esses
direitos decorrem do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, uma vez que é
dever do Estado manter a integridade física e moral dos presos. Vejamos os incisos relevantes
para a sua prova:
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com
a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer
com seus filhos durante o período de amamentação.

DISCRIMINAÇÃO ATENTATÓRIA AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

ERRO JUDICIÁRIO
A CF assegura que caso o Poder Judiciário cometa algum erro, por exemplo, condenando
um indivíduo que depois provou ser inocente, ou ainda que ficou preso além do tempo fixado
na sentença, o Estado deverá indenizá-lo pelos danos sofridos.
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença.

EXERCÍCIOS
1. É lícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Errado
O STF entende como lícita apenas a prisão do devedor de pensão alimentícia,
considerando como ilícita a prisão do depositário.
Esse entendimento encontra-se inclusive sumulado. Vejamos o teor da
Súmula Vinculante nº 25:
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de
depósito.

2. A CF admite a prisão por dívida do responsável pelo inadimplemento voluntário e


inescusável de obrigação alimentícia.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Certo
A CF destaca que não se devem prender as pessoas por dívidas de natureza
civil, contudo a CF/88 estabeleceu duas exceções, possibilitando nesses casos a
prisão civil por dívida, são elas:
Devedor voluntário e inescusável de pensão alimentícia.
Depositário infiel.
O STF entende como lícita apenas a prisão do devedor de pensão alimentícia.
É a única prisão por dívida admitida hoje no Brasil.

3. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Certo
A CF prevê expressamente o Princípio da Anterioridade da Lei Penal em seu artigo 5º inciso
XXXIX: "Não há crime sem lei ANTERIOR que o defina, nem pena sem PRÉVIA cominação legal.
Do Princípio da Anterioridade surgem o Princípio da Irretroatividade Penal e o Princípio
da Retroatividade Benéfica Penal.

4. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

Resposta: Certo
A súmula 711 do STF esclarece: a lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da
continuidade ou da permanência.

5. A lei penal não poderá retroagir nem mesmo para beneficiar o réu.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta: Errado
A lei penal nova não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
É uma regra absoluta, que não comporta exceções.

MUDE SUA VIDA!


12
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. E
2. C
3. C
4. C
5. E

MUDE SUA VIDA!


13
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
INTERVENÇÃO.................................................................................................................................................... 2
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ............................................................................................................................... 2
INTERVENÇÃO FEDERAL ................................................................................................................................ 2
PRESSUPOSTOS MATERIAIS – HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL..................................................... 2
ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO FEDERAL ........................................................................................................... 3
ESPONTÂNEA OU DISCRICIONÁRIA: .......................................................................................................... 3
PROVOCADA .............................................................................................................................................. 3
O DECRETO INTERVENTIVO ....................................................................................................................... 6
CONTROLE POLÍTICO DO CONGRESSO NACIONAL .................................................................................... 6
DISPENSA DE CONTROLE POLÍTICO ........................................................................................................... 7
SUSPENSÃO DA TRAMITAÇÃO DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS ........................................................... 7
INTERVENÇÃO ESTADUAL.............................................................................................................................. 7
PRESSUPOSTOS MATERIAIS – HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO ESTADUAL .................................................. 7
DECRETO E EXECUÇÃO .............................................................................................................................. 8
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 8
GABARITO: ................................................................................................................................................... 10

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

INTERVENÇÃO
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
É fundamento do modelo de Estado Federativo a existência de autonomia dos entes que
compõem a federação. Essa autonomia pressupõe que não existe hierarquia entre os entes
federados e que um ente não se intromete nos assuntos de competência de outro ente. Desse
modo, cada um manterá sua autonomia, podendo se auto-organizar, autogovernar,
autoadministrar, autolegislar, bem como ter receitas próprias.
A intervenção é medida excepcional, pois a regra é a autonomia, logo, a não intervenção.
As hipóteses de intervenção estão previstas de forma TAXATIVA nos artigos 34 e 35 da CF
(numerus clausus) e, por se tratar de uma limitação negativa, não se admite interpretação
extensiva, mas tão somente restritiva.
Tipos de intervenção
Existem dois tipos de intervenção: federal e a estadual, sempre de um ente mais amplo
sobre outro imediatamente menos amplo.
 Federal: União nos Estados, DF e nos Municípios localizados nos Territórios.
Federais. (A união não pode intervir nos Municípios dos Estados).
 Estadual: Estados intervêm apenas nos seus Municípios.
Dessa forma, podemos afirmar que a União nunca intervirá em Municípios
localizados nos Estados-Membros.

Competência para determinar a intervenção


A competência para decretar a intervenção é exclusiva do Chefe do Executivo:
 Federal - Presidente da República (Art. 84, X).
 Intervenção Estadual – Governador.
No caso do Presidente da República, ressalta-se que a CF prevê a oitiva do Conselho da
República e do Conselho de Defesa Nacional, sem vincular a decisão do Presidente, ou seja, o
pronunciamento, a opinião, desses órgãos não tem caráter vinculativo, mas meramente
opinativo:
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:
I - intervenção federal, estado de defesa e Estado de sítio;
Art. 91. § 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional:
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio
e da intervenção federal.

INTERVENÇÃO FEDERAL
PRESSUPOSTOS MATERIAIS – HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO FEDERAL
Situações críticas que põem em risco a segurança do Estado, o equilíbrio federativo, as
finanças estaduais e a estabilidade da ordem constitucional são causas de intervenção federal.
A intervenção funciona, inclusive, como um meio de controle de
constitucionalidade, pois visa manter a ordem e a estabilidade constitucional.

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO FEDERAL


A intervenção federal pode se dar de forma espontânea (discricionária) ou de forma
provocada, que pode ser: por solicitação, por requisição ou por provimento de representação.
ESPONTÂNEA OU DISCRICIONÁRIA:
A intervenção será espontânea, também chamada de ofício ou discricionária, quando o
Chefe do Executivo puder decretar a intervenção independentemente de solicitação ou
requisição de outro órgão, dentro do seu juízo de conveniência e oportunidade. São as
hipóteses elencadas nos incisos I, II, III e V, do Art. 34:
 manter a integridade nacional;
 repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
 pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
 reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
• suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,
salvo motivo de força maior;
• deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei.

DE OFÍCIO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA (discricionário)

ESPONTÂNEO
 manter a integridade nacional;
 repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
 pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
 reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
Casos
• suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,
salvo motivo de força maior;
• deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei.

PROVOCADA
A intervenção provocada pode ser: por solicitação, por requisição ou por provimento de
representação.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DECRETA A
INTERVENÇÃO (PRECISA SER PROVOCADO)
PROVOCADA

O PODER JUDICIÁRIO JAMAIS DECRETA A


INTERVENÇÃO

 POR SOLICITAÇÃO: (Art. 34, IV c/c Art. 36, I – 1a parte).


É hipótese de intervenção provocada por solicitação a prevista no Art. 34, IV, ou seja,
quando for para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

Nesse caso, será solicitação quando for para garantir o livre exercício dos Poderes
Executivo e Legislativo, apenas.

QUANDO for contra o Poder Judiciário, será hipótese de requisição.

O Poder Legislativo pode ser a Assembleia Legislativa estadual ou a Câmara Legislativa


do Distrito Federal, e o Poder Executivo será o Governador do Estado ou do DF.
Por se tratar de solicitação, o Chefe do Executivo não estará obrigado a decretar a
intervenção, tratando-se aqui também de ato discricionário.
EXECUTIVO

SOLICITAÇÃO PARA GARANTIR O LIVRE EXERCÍCIO DOS


PODERES NAS UNIDADES DA FEDERAÇÃO
(FACULTATIVA)
LEGISLATIVO

 POR REQUISIÇÃO:
Nessa modalidade de intervenção temos dois casos distintos: a) requisição do STF; b)
requisição do STF, STJ ou TSE.
 REQUISIÇÃO DO STF (Art. 34, IV c/c 36, I)
É hipótese de intervenção provocada por requisição do STF a prevista no Art. 34, IV, ou
seja, quando for para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação, quando o impedimento ou a coação for contra o Poder Judiciário.
Caso, por exemplo, o Poder Judiciário local – Tribunal de Justiça - esteja sendo coagido
ou impedido no exercício de suas atribuições, ele poderá solicitar ao STF que requisite a
intervenção federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA ESTÁ OBRIGADO A DECRETAR

REQUISIÇÃO STF GARANTIR O LIVRE EXERCÍCIO DO PODER


JUDICIÁRIO

Se o STF entender que é caso de intervenção, irá requisitar ao Presidente, que deverá
obrigatoriamente decretar a intervenção.
 REQUISIÇÃO DO STF, STJ ou TSE: (Art. 34, VI c/c 36, II).
É hipótese de intervenção provocada por requisição a prevista no Art. 34, VI (parte
final), ou seja, caso de descumprimento de ordem ou decisão judicial. Nesse caso, ocorrerá
a intervenção por requisição de um dos seguintes Tribunais: STF, STJ ou TSE, a depender da
origem da decisão descumprida.
Assim a requisição será feita:
• Pelo STF: no caso descumprimento de ordem ou decisão judicial do STF ou se
tratar de matéria constitucional, ou ainda, se for ordem ou decisão judicial da
Justiça do Trabalho ou Militar. Exemplo: não pagamento pelos Estados dos
precatórios.

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

• Pelo STJ: no caso descumprimento de ordem ou decisão judicial do STJ ou da


Justiça Federal ou Estadual, desde que não envolva matéria constitucional,
quando então a competência será do STF.
• Pelo TSE: no caso descumprimento de ordem ou decisão judicial da Justiça
Eleitoral.

Por se tratar de requisição o Presidente estará obrigado a decretar a intervenção nessas


hipóteses, tratando-se de ato vinculado.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA ESTÁ OBRIGADO A DECRETAR

REQUISIÇÃO STF, STJ e PROVER EXECUÇÃO DE ORDEM JUDICIAL


TSE

 DEPENDENDO DE PROVIMENTO DE REPRESENTAÇÃO (representação


interventiva): (Art. 34, VI e VII c/c Art. 36, III)
São hipóteses de intervenção provocada, a depender de Representação do Procurador-
Geral da República perante o STF, as previstas no Art. 34, VI (primeira parte) prover a execução
de lei federal e também a prevista no Art. 34, VII, para assegurar a observância dos princípios
sensíveis.
Nessas hipóteses o PGR deverá apresentar uma representação ao STF que em caso de
provimento irá requerer ao Presidente que decrete a intervenção.
Trata-se, portanto, de hipótese também de requisição feita pelo STF, mas que depende
de representação do PGR.
Assim, temos duas hipóteses em que a intervenção dependerá de representação:
• Recusa de Execução (cumprimento) de Lei Federal (prover a execução de lei
federal) –– Art. 34, VI + Art. 36, III: nesse caso teremos o cabimento da ação de
executoriedade de lei federal, e a referida ação busca o cumprimento da lei.
• Violação a princípios constitucionais sensíveis –Art. 34, VII + Art. 36, III:
temos a chamada representação interventiva ou ação direta de
inconstitucionalidade interventiva, nesse caso a finalidade será a declaração
de inconstitucionalidade do ato realizado pelos entes federativos, afastando ele
da ordem jurídica.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA ESTÁ OBRIGADO A DECRETAR

REQUISIÇÃO
- prover a execução de lei federal;
STF
- assegurar os princípios constitucionais sensíveis.

Precisa da ADI Representação PGR


interventiva
MUDE SUA VIDA!
5
alfaconcursos.com.br

- forma republicana, sistema representativo e regime


democrático;
- direitos da pessoa humana;
- autonomia municipal;
- prestação de contas da administração pública, direta e
Princípios constitucionais sensíveis indireta;
- aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

Se o STF der provimento, a representação do PGR irá requerer que o Presidente, no


prazo de 15 dias, decrete a intervenção. Trata-se também de ato vinculado, não podendo o
Presidente se recusar a expedir o decreto interventivo.
Destaca-se ainda que nessa modalidade de intervenção se a mera suspensão do ato
impugnado já for suficiente para restabelecer a normalidade, o decreto deverá se limitar a
isso, apenas à suspensão do ato. Caso a suspensão não seja suficiente, então o Presidente
determina a efetiva intervenção.
Da decisão do STF que julga a representação do PGR não cabe recurso, sendo, portanto,
irrecorrível.
O DECRETO INTERVENTIVO
Como visto, o decreto é ato exclusivo do Chefe do Poder Executivo. Tal decreto deverá
especificar:
 a amplitude;
 o prazo;
 as condições de execução da intervenção;
 a nomeação de interventor – se for o caso;
 o afastamento de autoridades: mediante decreto o Presidente, pode afastar
autoridades envolvidas, de modo que, cessados os motivos da intervenção, as
autoridades afastadas retornarão aos seus cargos, salvo impedimento legal.
Art. 34. § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude,
o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o
interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou
da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro
horas.
Art. 36. § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades
afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

CONTROLE POLÍTICO DO CONGRESSO NACIONAL

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Em regra, o decreto interventivo deve ser submetido a controle político, realizado pelo
Congresso Nacional, no prazo de 24 horas (Art. 36, § 1o). O Congresso poderá:
• aprovar a intervenção;
• rejeitar a intervenção, suspendendo a execução do decreto.
A decisão do Congresso vincula o Presidente, que não poderá descumpri-la, sob pena de
crime de responsabilidade.
A competência do Congresso Nacional para decidir se aprova ou rejeita a intervenção é
exclusiva, por meio do quórum de maioria simples, materializando-se mediante decreto
legislativo.
Se o Congresso estiver em recesso, será hipótese de convocação
extraordinária, requerida pelo Presidente do Senado Federal, também no prazo de
24h.

DISPENSA DE CONTROLE POLÍTICO


Nem todo decreto interventivo deverá ser submetido a controle político. Em algumas
hipóteses, a CF dispensa esse controle. Ficam dispensadas do controle político aquelas
hipóteses de decretação de intervenção por requisição do Poder Judiciário (Art. 34, VI e VII),
ou seja:
 Representação do PGR e provimento do STF:
• prover a execução de lei Federal (Art. 34, VI);
• afronta aos princípios constitucionais sensíveis (Art. 34, VII).
 Requisição dos STF, STJ ou TSE no caso de descumprimento de ordem ou decisão
judicial - (Art. 34, VI).
Isso porque, nesses casos, a suspensão do ato impugnado já é suficiente para
restabelecer a normalidade.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa,
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se
essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
Caso o decreto suspendendo a execução do ato impugnado não seja suficiente para
restabelecer a normalidade, o Presidente decretará a intervenção, nomeando interventor se
for o caso, e o decreto deverá ser submetido a controle político.
SUSPENSÃO DA TRAMITAÇÃO DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS
Conforme Art. 60, §1º, CF/88, a Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

INTERVENÇÃO ESTADUAL
PRESSUPOSTOS MATERIAIS – HIPÓTESES DE INTERVENÇÃO ESTADUAL
As hipóteses de intervenção estadual ou federal (da União dos Municípios localizados
nos Territórios) encontram-se previstas de forma taxativa no Art. 35 da CF/88:
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada;

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;


III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal
na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.

DECRETO E EXECUÇÃO
O Governador do Estado tem competência para decretar a intervenção. Aplicam-se à
intervenção estadual as mesmas regras da intervenção federal, como amplitude do decreto,
prazos e controle político.
Ressalta-se que há também hipóteses de intervenção provocada, que depende de
Representação (ADI - interventiva), prevista no Art. 35, IV da CF/88. Nesse caso a
representação será feita pelo Procurador-Geral de Justiça (MP Estadual) e dependerá de
provimento pelo Tribunal de Justiça.
Nesse caso, fica dispensado o controle político (Art. 36, § 3º)
Art. 35. IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação
para assegurar a observância de princípios indicados na
Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem
ou de decisão judicial.
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa,
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se
essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
À semelhança do que ocorre no âmbito federal, da decisão do Tribunal de Justiça
também não caberá recurso conforme súmula 637 do STF:
Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que
defere pedido de intervenção estadual em Município.

EXERCÍCIOS
1. (CESPE/2015) A União tem competência para intervir nos Estados e no Distrito
Federal, mas em nenhuma hipótese poderá intervir em Municípios localizados em
Estados-Membros.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO
Existem dois tipos de intervenção: federal e a estadual, sempre de um ente
mais amplo sobre outro imediatamente menos amplo.
Federal: União nos Estados, DF e nos Municípios localizados nos Territórios
Federais.
Estadual: Estados intervêm apenas nos Municípios localizados em seus
Territórios.
Dessa forma, podemos afirmar que a União nunca intervirá em
Municípios localizados nos Estados-Membros.

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

2. (CESPE/2014) A decretação da intervenção federal em Estado, no Distrito Federal ou


em Município, por inobservância dos princípios constitucionais sensíveis, dependerá do
provimento de representação do Procurador-Geral da República pelo STF.
Certo ( ) Errado ( )

GABARITO: ERRADO
Existem dois tipos de intervenção: federal e a estadual, sempre de um ente
mais amplo sobre outro imediatamente menos amplo.
Federal: União nos Estados, DF e nos Municípios localizados nos Territórios
Federais.
Estadual: Estados intervêm apenas nos Municípios localizados em seus
Territórios.
Dessa forma, podemos afirmar que a União nunca intervirá em
Municípios localizados nos Estados-Membros.
Presta atenção (a questão falou: A decretação federal em Municípios
– não pode).

3. (CESPE/2010) De acordo com a jurisprudência, é da competência do STF o julgamento


do pedido de intervenção federal por falta de cumprimento de decisão judicial proferida
pela Justiça do Trabalho, mesmo quando referida decisão não contiver matéria de
cunho constitucional.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO
Na hipótese de intervenção provocada por requisição a prevista no Art. 34, VI
(parte final), ou seja, caso de descumprimento de ordem ou decisão judicial,
ocorrerá a intervenção por requisição de um dos seguintes Tribunais: STF, STJ ou
TSE, a depender da origem da decisão descumprida.
Assim a requisição será feita:
Pelo STF: no caso descumprimento de ordem ou decisão judicial do
STF ou se tratar de matéria constitucional, ou ainda, se for ordem ou
decisão judicial da Justiça do Trabalho ou Militar. Exemplo: não pagamento
pelos Estados dos precatórios.
Pelo STJ: no caso descumprimento de ordem ou decisão judicial do STJ ou
da Justiça Federal ou Estadual, desde que não envolva matéria constitucional,
quando então a competência será do STF.
Pelo TSE: no caso descumprimento de ordem ou decisão judicial da Justiça
Eleitoral.
Por se tratar de requisição o Presidente estará obrigado a decretar a
intervenção nessas hipóteses, tratando-se de ato vinculado.

4. (CESPE/2010) A intervenção do Estado no Município tem caráter excepcional e é


permitida nas hipóteses previstas na CF e eventualmente estabelecidas na respectiva
Constituição Estadual.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

GABARITO: ERRADO
As hipóteses de intervenção estadual ou federal (da União dos Municípios
localizados nos Territórios) encontram-se previstas de forma taxativa no Art. 35 da
CF/88.

5. A competência do Congresso Nacional para decidir se aprova ou rejeita a intervenção é


exclusiva.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO
Em regra, o decreto interventivo deve ser submetido a controle político,
realizado pelo Congresso Nacional, no prazo de 24 horas (Art. 36, § 1o). O
Congresso poderá aprovar a intervenção OU rejeitar a intervenção, suspendendo a
execução do decreto.
A decisão do Congresso vincula o Presidente, que não poderá descumpri-la,
sob pena de crime de responsabilidade.
A competência do Congresso Nacional para decidir se aprova ou
rejeita a intervenção é exclusiva, por meio do quórum de maioria simples,
materializando-se mediante decreto legislativo, conforme Art. 49.

GABARITO:
1. Certo
2. Errado
3. Certo
4. Errado
5. Certo

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA DO ESTADO ................................................................................. 2
COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS .................................................................................................................. 2
COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS .............................................................................................................. 2
Noções introdutórias ................................................................................................................................... 2
CLASSIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS ............................................................................... 2
QUANTO À NATUREZA............................................................................................................................... 2
QUANTO À FORMA: ................................................................................................................................... 3
QUANTO À EXTENSÃO ............................................................................................................................... 3
Exclusiva: ................................................................................................................................................... 3
Privativa ..................................................................................................................................................... 3
COMUM ..................................................................................................................................................... 6
CONCORRENTE .......................................................................................................................................... 6
Competência reservada, residual ou remanescente dos Estados ............................................................. 7
Competência dos Municípios .................................................................................................................... 8
QUESTÕES.......................................................................................................................................................... 9
GABARITO .................................................................................................................................................... 11

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA DO ESTADO


COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS
COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
É característica indispensável para caracterização de um Estado Federativo a repartição
constitucional de competências. É o ponto Central da noção de Estado Federal.
Competência é uma faculdade juridicamente atribuída a uma entidade.
Essa distribuição de atribuições é norteada pelo princípio da predominância do
interesse.
As competências podem ser alteradas por Emenda Constitucional. (Não pode
mudar a ponto de comprometer a forma federativa de Estado

 UNIÃO = GERAL
 ESTADOS = REGIONAL
 MUNICÍPOS = LOCAL
 DF = LOCAL E REGIONAL
Importante ressaltar que não existe hierarquia entre as leis,

As competências são repartidas adotando-se dois critérios:


• Repartição HORIZONTAL: atribuídas competências exclusivas ou privativas –
reserva de campos específicos.
 Não há subordinação entre os entes
 Provoca maior rigidez do federalismo
• Repartição VERTICAL: atribuídas competências para diversas entidades,
estabelecendo regras para o seu exercício simultâneo. Ex.: comum, concorrentes
e suplementares.
 Os entes atuam nas mesmas matérias, mas há subordinação entre eles
 Provoca maior cooperação entre os entes.
A CF/88 ADOTA OS DOIS MODELOS, COM PREDOMINÂNCIA DO HORIZONTAL

CLASSIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS


QUANTO À NATUREZA
Podemos classificar as competências quanto a sua natureza, em:
 Competência material ou administrativa: são atribuições para elaboração de
políticas públicas, atos administrativos, atos de gestão, atividade predominante do
Poder Executivo. No texto constitucional aparecem como verbos. (EXCLUSIVA E
COMUM)
 Competência legislativa: são atribuições para legislar sobre o tema, atividade
predominante do Poder Legislativo. No texto constitucional aparecem como
substantivos. (PRIVATIVA, RESERVADA, SUPLEMENTAR E CONCORRENTE)

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

QUANTO À FORMA:
Podemos classificar as competências quanto a forma, ou seja, como aparecem na CF
 Enumerada ou expressa – CF atribui expressamente as competências para cada
entidade.
 Reservada ou remanescente: são aquelas que não estão expressas, as não
previstas no texto constitucional. No BRASIL essa competência é exercida pelos
ESTADOS.
Para as bancas e alguns doutrinadores a competência reservada ou remanescente
também é chamada de residual.
Art. 25. (...)
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes
sejam vedadas por esta Constituição.

COMPETÊNCIA RESIDUAL É DOS ESTADOS

QUANTO À EXTENSÃO
Podemos classificar as competências quanto a sua extensão, ou seja, quanto ao alcance
das atribuições, a qual entes federativos destinam-se.
EXCLUSIVA:
Competência de natureza material é atribuída com exclusividade a apenas um Ente da
Federação – não admite delegação, nem competência suplementar (que outro ente legisle
sobre aquelas matérias). Ex.: art. 21 CF.
Quanto à competência do inciso VI – “autorizar e fiscalizar a produção e
o comércio de material bélico” – entendeu o STF ser inconstitucional lei
estadual que autoriza a utilização, pelas polícias civil e militar de armas de fogo
apreendidas, entendendo que essa atribuição seria apenas da União.

INDELEGÁVEL

EXCLUSIVA DA
UNIÃO

COMPETÊNCIA
ADMINISTRATIVA

NÃO CONFUNDIR COM INICIATIVA EXCLUSIVA, RESERVADA OU PRIVATIVA DE LEI

PRIVATIVA
São competências de natureza legislativa, atribuídas a uma entidade, mas não de forma
exclusiva, pois admite a delegação, ou seja, a transferência da competência para outro ente
federativo para tratar de questões especificas. Ex: Art. 22 da CF

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

C= civil
A= agrário
P= penal
A= aeronáutico
C= comercial
Mnemônica E= eleitoral
art. 22, I, CF - T= trabalho
CAPACETE DE PM: E= espacial

DE = desapropriação

P= processual
M= marítimo

As competências privativas se destacam nas exclusivas porque permitem a delegação,


conforme previsão no Parágrafo único do art. 22:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a
legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
artigo.

DELEGÁVEL

PRIVATIVA DA
UNIÃO

COMPETÊNCIA
LEGISLATIVA

Os entes não podem editar leis para suprir a lacuna federal

ESTADOS e DF PODEM LEGISLAR


UNIÃO LEI COMPLEMENTAR - SOBRE QUESTÕES ESPECÍFICAS
DELEGAR

A DELEGAÇÃO DEVE CONTEMPLAR


TODOS OS ESTADOS e DF

Sobre o exercício dessa competência algumas observações:


 A delegação é de competência legislativa;
 A União delega através de lei complementar, não pode ser lei ordinária ou medida
provisória;
 A União delega questões específicas, não sendo possível delegações genéricas;

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

 Apesar de não constar no texto expresso a delegação também pode ser dada ao DF,
pois ele cumula as competências legislativas dos Estados e dos Municípios em
virtude de sua natureza híbrida.
A delegação deve ser feita a todos os Estados e DF, e não apenas para um ou outro, isso
porque a CF veda à União, Estados, Municípios e DF instituírem preferencias entre si (art. 19,
III) – princípio da isonomia federativa.

DESTAQUES:
 Apesar de não elencada no art. 22 da CF a competência para legislar sobre normas
de processo e julgamento de crimes de responsabilidade é privativa da União,
ou seja, os estados e municípios não poderão dispor a respeito de crimes de
responsabilidade, é o que dispõe a súmula vinculante n° 46 do STF:
Súmula Vinculante 46
A definição dos CRIMES DE RESPONSABILIDADE e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento
são de competência legislativa privativa da União.
 A competência para legislar sobre DESAPROPRIAÇÃO é uma competência privativa
da União, elencada no art. 22, II, da Constituição Federal, ou seja, apenas a União
pode criar uma lei sobre desapropriação, entretanto, isso não impede que os
outros entes federados realizem o ato administrativo de desapropriar.

 A temática envolvendo o PISO SALARIAL refere-se a competência sobre direito do


trabalho. De acordo com o art. 22, I da CF/88 a competência para legislar sobre
direito do trabalho é uma competência privativa da União, logo apenas a União
poderia legislar sobre esse tema, entretanto, as competências privativas (ao
contrário das exclusivas) permitem a sua delegação, ou seja, as matérias de
competência privativa da União podem ser delegadas – transferidas – para outros
entes federativos, a saber: para os Estados e para o DF através de lei
complementar, conforme art. 22, parágrafo único da CF/88.
Dessa forma, a União, valendo-se do disposto no art. 22, inciso I e parágrafo
único, da CF/88, delegou aos Estados e ao Distrito Federal a competência para
instituir piso salarial para os empregados que não tenham esse mínimo definido em
lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho, nos termos da Lei
complementar 103/2000.

 Súmula vinculante 2 sobre a competência para legislar sobre sistema de consórcios


e sorteios: É inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual ou Distrital que
disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

 Fixar o horário de funcionamento de expediente bancário é competência privativa


da União, contudo o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais é
de competência dos Municípios por ser de interesse local.
"A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é de
competência da União" (Súmula nº 19, STJ).

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

COMUM
A competência Comum, cumulativa ou paralela é uma competência de natureza
MATERIAL, e é atribuída a todas as entidades – União, Estados, Municípios e DF, em pé de
igualdade, é dizer, o exercício dessa competência por um ente federativo não exclui o exercício
dessa mesma competência por outro ente. É o que dispõe o art. 23, CF.
 Por ser competência de natureza material (ADMINISTRATIVA), não autoriza de
imediato os entes a legislarem sobre o assunto.
 Palavra chave do exercício dessa competência é a palavra COOPERAÇÃO, que
caracteriza a Federação Brasileira como um federalismo cooperativo
(REPARTIÇÃO HORIZONTAL DE COMPETÊNCIA – NÃO HÁ SUBORDINAÇÃO).
 As Leis complementares mencionadas no parágrafo único devem ser elaboradas
apenas pela União.
COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

COMUM
REPARTIÇÃO HORIZONTAL DE ENTES ATUAM EM PÉ DE
COMPETÊNCIA IGUALDADE

INTERESSE COLETIVO / INTERESSE DIFUSO

LEIS COMPLEMENTARES FIXARÃO NORMAS PARA


A COOPERAÇÃO ENTRE UNIÃO, ESTADOS, DF e
MUNICÍPOS.

CONCORRENTE
A competência Concorrente é competência de natureza legislativa atribuída a diversos
entes federativos, a saber: União, Estados e o DF. Observe que a CF não atribuiu essa
competência legislativa aos Municípios. Desse modo, de forma expressa o município não tem
competência concorrente. Está prevista no art. 24, CF.
 Competência Legislativa
 Repartição vertical de competência
 Há subordinação (As normas dos Estados e DF devem respeitar as da União)
 Somente União, Estados e DF.
 Municípios não participam da competência concorrente.
Apesar da atribuição das competências legislativas terem sido dadas a diversos entes, a
CF optou que essas não fossem cumulativas, estabelecendo algumas regras para o exercício
dessa competência, que podemos encontrar nos parágrafos do art. 24, vejamos:
 Como regra geral, a União deverá criar normas gerais, enquanto que os estados e
DF devem legislar criando as suas normas específicas, por meio da chamada
competência suplementar. § 1º e § 2º.
 A União não pode editas normas específicas para os estados e DF (a União pode
editar normas específicas para a própria união)

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

 A inexistência de lei Federal (ou nacional) sobre norma geral em matéria de


competência concorrente, autoriza os Estados e o DF a legislarem sobre o tema de
forma PLENA para atender suas peculiaridades. § 3º. Alguns doutrinadores
chamam essa competência de competência supletiva.
 A superveniência de Legislação Federal contendo normas gerais SUSPENDE A
EFICÁCIA da Lei Estadual naquilo que lhe for contrária, ou seja, não ocorre a
revogação da lei estadual ou distrital, isso porque não poderia uma lei federal
revogar uma lei estadual. Dessa forma, a lei estadual permanece existente e válida,
apenas não produzindo seus efeitos.
• Outra observação importante é a de que os MUNICÍPIOS mesmo não possuindo
competência concorrente poderão legislar sobre algumas matérias previstas no
art. 24 desde que para suplementar legislação federal ou estadual, como
autoriza o art. 30, II da CF.
A UNIÃO EDITA NORMAS GERAIS

PROCEDIMENTO
Estados e DF editam normas específicas

Inexistindo lei federal sobre normas gerais os Estados e DF


adquirem a competência legislativa plena (automática)

Superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a


eficácia da lei estadual na parte que for contrária

Competência material Competência legislativa


UNIÃO
UNIÃO
DELEGÁVEL
INDELEGÁVEL LEI COMPLEMENTAR (ESTADOS E DF)

COMUM CONCORRENTE

UNIÃO UNIÃO
ESTADOS ESTADOS
DF DF
MUNICÍIOS

COMPETÊNCIA RESERVADA, RESIDUAL OU REMANESCENTE DOS


ESTADOS
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e
leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição. (Residual ou remanescente)

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão,


os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a
edição de medida provisória para a sua regulamentação.

Residual ou remanescente

Competência dos Organização da própria Justiça


Estados
Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
concessão, os serviços locais de gás canalizado,

expressas Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir


regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de
municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.

Serviço de transporte intermunicipal

COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS


O art. 30 estabelece competências dos Municípios que podem ser materiais ou
legislativas
 Competência dos Municípios Exclusiva = Legislar sobre assuntos de interesse local
(nem todos os interesses locais são dos Municípios)
 Competência dos Municípios Suplementar = Completar a legislação federal e
estadual no que couber.
DESTAQUES:
 De fato, em razão das peculiaridades de cada Município – interesse local, é
atribuição desse ente fixar o horário de funcionamento de estabelecimentos
comerciais (Súmula vinculante 38), entretanto, de acordo com a jurisprudência
tanto do STF quanto do STJ a fixação do horário de atendimento bancário é uma
atribuição da União, isso porque a disciplina do serviço bancário transcende o
'peculiar interesse' do município, e sua disciplina há de ser nacional e não local
(Súmula 19 STJ). Veja as súmulas:
Súmula Vinculante 38
É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.
Súmula 19 STJ
A fixação do horário bancário, para atendimento ao publico, e da
competência da união.
 Definição do tempo máximo de espera de clientes em filas de instituições
bancárias. Competência do Município para legislar. Assunto de interesse local.
[RE 610.221 RG, rel. min. Ellen Gracie, j. 29-4-2010, P, DJE de 20-8-2010, Tema
272.]
 Os Municípios podem legislar sobre direito ambiental, desde que o façam
fundamentadamente. (...) A Turma afirmou que os Municípios podem adotar
legislação ambiental mais restritiva em relação aos Estados-membros e à União. No

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

entanto, é necessário que a norma tenha a devida motivação.


[ARE 748.206 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 14-3-2017, 2ª T, Informativo 857.]
 Competência do Município para legislar em matéria de segurança em
estabelecimentos financeiros. Terminais de autoatendimento.
 Constituir Guardas municipais
 Elaboras seu plano diretor
 Legislar sobre o prazo máximo na fila dos cartórios e serviços funerários.
 Expedir alvarás e licenças de funcionamento
 Fixação do horário de funcionamento do comércio local.
 Municípios não podem legislar sobre consórcios, sorteios, bingos ou loterias (É de
competência da União).
ANOTA AÍ!!!
1) A competência para legislar sobre direito processual é competência privativa da União, mas
a competência para legislar sobre procedimentos em matéria PROCESSUAL é competência
CONCORRENTE.
2) Seguridade social é competência privativa da União, já legislar sobre previdência social;
proteção e defesa da saúde; e, proteção e integração social das pessoas PORTADORAS DE
DEFICIÊNCIA são competências CONCORRENTES.
3) Diretrizes e bases da educação são competência privativa da União, porém, em se tratando
simplesmente de EDUCAÇÃO, a competência será CONCORRENTE.
4) O mesmo vale para direito comercial e propaganda comercial (ambas competências
privativas) e juntas comerciais (competência concorrente).
5) Política de Educação para segurança do Trânsito – COMUM; Legislar sobre Trânsito e
Transporte – PRIVATIVA DA UNIÃO.

EXERCÍCIOS
1. CESPE/2018- Legislar sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente compete
concorrentemente à União, aos estados e ao Distrito Federal.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta certa
A competência Concorrente é competência de natureza legislativa atribuída
a diversos entes federativos, a saber: União, Estados e o DF. Observe que a CF não
atribuiu essa competência legislativa aos Municípios. Desse modo, de forma
expressa o município não tem competência concorrente.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

2. CESPE/2018- Caso não exista lei federal que disponha normas gerais relativas a
tecnologia, os estados poderão exercer a competência legislativa plena, necessária ao
atendimento de suas peculiaridades.
Certo ( ) Errado ( )

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

Resposta certa
Como regra geral, a União deverá criar normas gerais, enquanto que os
estados e DF devem legislar criando as suas normas específicas, por meio da
chamada competência suplementar. § 1º e § 2º.
A inexistência de lei Federal (ou nacional) sobre norma geral em matéria de
competência concorrente, autoriza os Estados e o DF a legislarem sobre o tema de
forma PLENA para atender suas peculiaridades. § 3º. Alguns doutrinadores chamam
essa competência de competência supletiva.

3. CESPE/2018- Os estados podem legislar de forma concorrente sobre direito tributário.


Certo ( ) Errado ( )
Resposta Certa
A competência Concorrente é competência de natureza legislativa atribuída
a diversos entes federativos, a saber: União, Estados e o DF. Observe que a CF não
atribuiu essa competência legislativa aos Municípios. Desse modo, de forma
expressa o município não tem competência concorrente. Está prevista no art. 24:
Mnemônica – PUTO FÉ
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

4. CESPE/2018- Em caso de iminente perigo e em tempo de guerra, compete


privativamente à União legislar sobre requisições militares.

Certo ( ) Errado ( )
Resposta certa
São competências de natureza legislativa, atribuídas a uma entidade, mas
não de forma exclusiva, pois admite a delegação, ou seja, a transferência da
competência para outro ente federativo para tratar de questões especificas.
Art. 22 da CF, in verbis:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em
tempo de guerra;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Mnemônica art. 22, I, CF - CAPACETE DE PM:
C= civil
A= agrário
P= penal
A= aeronáutico
C= comercial
E= eleitoral
T= trabalho
E= espacial

DE = desapropriação
P= processual
M= marítimo

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

5. CESPE/2018- No âmbito de sua jurisdição, compete ao município a fixação do horário


de funcionamento de estabelecimentos comerciais, uma vez que se trata de assunto de
interesse local.
Certo ( ) Errado ( )
Resposta certa
De fato, em razão das peculiaridades de cada Município – interesse local, é
atribuição desse ente fixar o horário de funcionamento de estabelecimentos
comerciais (Súmula vinculante 38), entretanto, de acordo com a jurisprudência
tanto do STF quanto do STJ a fixação do horário de atendimento bancário é uma
atribuição da União, isso porque a disciplina do serviço bancário transcende o
'peculiar interesse' do município, e sua disciplina há de ser nacional e não local
(Súmula 19 STJ). Veja as súmulas:
Súmula Vinculante 38
É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de
estabelecimento comercial.
Súmula 19 STJ
A fixação do horário bancário, para atendimento ao publico, e da
competência da união.
Definição do tempo máximo de espera de clientes em filas de instituições
bancárias. Competência do Município para legislar. Assunto de interesse local.
[RE 610.221 RG, rel. min. Ellen Gracie, j. 29-4-2010, P, DJE de 20-8-2010, Tema
272.]
Os Municípios podem legislar sobre direito ambiental, desde que o façam
fundamentadamente. (...) A Turma afirmou que os Municípios podem adotar
legislação ambiental mais restritiva em relação aos Estados-membros e à União. No
entanto, é necessário que a norma tenha a devida motivação.
[ARE 748.206 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 14-3-2017, 2ª T, Informativo 857.]
Competência do Município para legislar em matéria de segurança em
estabelecimentos financeiros. Terminais de autoatendimento.

GABARITO
1. Certo
2. Certo
3. Certo
4. Certo
5. Certo

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

SUMÁRIO
DA ORDEM SOCIAL ...................................................................................................................................... 2
DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................................................... 2
DA SEGURIDADE SOCIAL .......................................................................................................................... 2
ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL: ............................................................................................. 2
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO ................................................ 3
SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS .................................. 4
UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS ... 4
PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS ............................................................. 4
EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO E CUSTEIO ........................................................................... 4
PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO .................................................................. 5
PRINCÍPIO DO CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA GESTÃO ADMINISTRATIVA .............. 5
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL .............................................................................................. 5
DA SAÚDE ................................................................................................................................................ 7
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS ............................................................................................................ 8
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL .........................................................................................................................11
REGIME DE PREVIDÊNCIA ....................................................................................................................13
REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL .............................................................................................13
REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL- RPPS- ..............................................................................13
III. REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ...................................................................................13
REGRAS PARA APOSENTADORIA ............................................................................................................14
PREVIDÊNCIA PRIVADA .........................................................................................................................16
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ................................................................................................................17
EFEITO DA CONTAGEM RECÍPROCA .....................................................................................................18
ASSISTÊNCIA SOCIAL .................................................................................................................................18
AÇÕES GOVERNAMENTAIS ....................................................................................................................19
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................20
GABARITO ...............................................................................................................................................22

MUDE SUA VIDA!


1
alfaconcursos.com.br

DA ORDEM SOCIAL

DISPOSIÇÕES GERAIS
A CF, em seu artigo 6º, dispõe a respeito do segundo núcleo de direitos fundamentais, que
são os direitos sociais:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o


trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Pode-se afirmar que juntamente com os direitos fundamentais, a Ordem


Social estabelece o núcleo substancial do regime democrático adotado na
nossa CF.

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e


como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.

CONCEITUAÇÃO: Art.194 da CF/88: “ um conjunto integrado de ações de iniciativa dos


Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar o direito à saúde, à previdência e à
assistência social”.

BASE
PRIMADO DO TRABALHO

ORDEM SOCIAL

OBJETIVO BEM – ESTAR SOCIAL

JUSTIÇA SOCIAL

DA SEGURIDADE SOCIAL

ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL:

 Competência privativa da união (legislativa – delegável)


 Direito de segunda dimensão
 Obrigação de fazer do Estado
 Norma programática
 Direito positivo
 Direito social
 Dever do estado

MUDE SUA VIDA!


2
alfaconcursos.com.br

O direito à saúde, à previdência social e à assistência social é assegurado por meio de um


conjunto integrado de ações de iniciativa do Poder Público e da Sociedade, a chamada seguridade
social. Essas ações visam estabelecer um sistema de proteção social, diante de situações de
vulnerabilidade, como doença, morte, acidente, permitindo que as pessoas possam manter o seu
sustento.

Os princípios da seguridade social estão elencados no artigo 194 da Constituição da


Republica Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88).
Não esqueça que existem diversos princípios em outros dispositivos da CRFB/88 (rol
exemplificativo), sendo mencionados como objetivos do sistema jurídico (a sua interpretação
e o grau de aplicação variará dentro do aperfeiçoamento das normas da seguridade social)
dependendo do campo de incidência (saúde, assistência e previdência).

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de


ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas
a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as
despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência
social, preservado o caráter contributivo da previdência social;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VII - caráter democrático e descentralizado da administração,
mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo
nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO


Pode este princípio ser identificado como o objetivo da seguridade social de promover a
cobertura de todos sem distinção, fazendo com que se tenha a maior cobertura dos riscos
sociais. (todas as pessoas, inclusive estrangeiras)
“Em relação à universalidade da cobertura: é aquela relacionada às situações de risco
social que podem gerar necessidades, sendo que todas elas serão cobertas pela seguridade
social.”
“No que tange à universalidade do atendimento: esta faz menção aos sujeitos protegidos,
levando a entender, dentro do universo da seguridade social, que todas as pessoas, sem
qualquer tipo de discriminação, são titulares deste direito público subjetivo.” – Hugo Goes.

MUDE SUA VIDA!


3
alfaconcursos.com.br

SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DE BENEFÍCIOS E


SERVIÇOS
Princípio da seletividade, trata-se do meio que direciona o legislador na escolha dos
riscos sociais que devem estar amparados na seguridade social. Este se pauta nos critérios de
justiça e bem-estar social. (Escolhas Políticas)
Já a distributividade está relacionada à escolha dos destinatários dos benefícios e
serviços para serem protegidos pela seguridade social.
Os grupos populares mais necessitados recebam melhores prestações, ou seja, é uma
síntese do princípio da isonomia, onde se observa que a distributividade tem por objetivo
reduzir desigualdades sociais e regionais.

UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS


POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS
 A uniformidade está relacionada às prestações da seguridade social, onde sendo
iguais os riscos, devem ser iguais os benefícios, independentemente do local onde
trabalham.
 A equivalência, se refere ao valor dos benefícios, identificando que não podem ser
distintos em relação às pessoas que são protegidas, devendo, nesse caso, as
prestações serem aferidas pelos mesmos critérios objetivos.

PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS

Este princípio está relacionada com a impossibilidade de redução do valor nominal dos
benefícios da seguridade e não na manutenção do seu valor real em face da inflação.

• IMPORTANTE: Este Princípio trata apenas da vedação à redução dos valores


nominais dos benefícios da seguridade social, igual ao princípio geral de direito
que veda o retrocesso em conquistas dos direitos humanos.
Não confundir com o artigo 201, § 4º da Constituição Federal, que preserva o poder de
compra dos segurados da previdência (tratando exclusivamente dos beneficiários da
previdência - da manutenção do valor real dos benefícios).
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-
lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei.

EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO E CUSTEIO


Uma forma mais simples de entender: É que todos os atores sociais devem contribuir
para com a seguridade social, porém, aquele que tem condições de pagar mais contribui mais
para a manutenção do sistema e quem tem menos irá contribuir com menos (o equilíbrio
entre a capacidade econômica dos contribuintes e o esforço financeiro que eles
precisam para a manutenção da seguridade social)

MUDE SUA VIDA!


4
alfaconcursos.com.br

PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO

O Princípio trata sobre a ampliação dos meios de financiamento do sistema como forma
de adequá-lo a realidade, sem acarretar em custos de produção e redução da produtividade,
identificando novos símbolos de riqueza que tragam o financiamento que o sistema precisa,
sem interferir na atividade produtiva.
A Constituição Federal, desse modo, trouxe como fontes de custeio as contribuições
sociais e os recursos provenientes dos orçamentos dos entes federados. Criou também
contribuições sobre o lucro e sobre o faturamento das empresas.
Artigo 195 da Constituição Federal, IN VERBIS:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,


de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social,
não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o
art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei
a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)

PRINCÍPIO DO CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA


GESTÃO ADMINISTRATIVA
Tem como objetivo, garantir a participação dos trabalhadores e empregadores nos
órgãos públicos colegiados que promovem a gestão da seguridade social.
O objeto desse sistema é de grande interesse para ambos, e não apenas ao poder público,
por isso a Constituição Federal permite a participação desses grupos em deliberações e
discussões atinentes ao sistema, tanto nas áreas referentes à saúde, assistência social e
previdência social.

FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL

MUDE SUA VIDA!


5
alfaconcursos.com.br

A seguridade social deve ser financiada por toda a sociedade, direta ou indiretamente,
contando com a contribuição dos recursos dos entes federativos e ainda de algumas contribuições
sociais:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social,
não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o
art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei
a ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)

Além dessas fontes de contribuição, lei complementar poderá estabelecer outras hipóteses
de financiamento da seguridade social. Destaca-se que essa lei complementar é de competência da
União – trata-se da chamada competência residual da União.
ANOTA AÍ E NÃO DEIXE DE ESTUDAR:
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
destinadas à seguridade social constarão dos respectivos
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada
de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,
assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social,
como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder
Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto
no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser
criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total.

MUDE SUA VIDA!


6
alfaconcursos.com.br

Princípio da
Por toda a sociedade
solidariedade financeira
Financiamento da
seguridade social direta
forma

indireta

recursos união

estados

DF

Municípios

Agora, vamos analisar os três direitos assegurados pela chamada seguridade


social e suas principais características: saúde, previdência social e assistência social.

SAÚDE

SEGURIDADE
PREVIDÊNCIA

ASSISTÊNCIA

DA SAÚDE
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.

A saúde está expressamente previsto no art. 6º da nossa carta maior. Com essa informação, já
podemos tirar várias informações para a nossa prova:

 Direito de segunda dimensão


 Obrigação de fazer do Estado
 Norma programática
 Direito positivo
 Direito social

MUDE SUA VIDA!


7
alfaconcursos.com.br

 Dever do estado

É um direito de todos (para todos), dessa forma, podemos observar que temos como características a
universalidade (brasileiro ou estrangeiro). Não possui restrição de beneficiários e o seu acesso
também não exige contribuição dos beneficiários.

O Estado não pode negar acesso à saúde pública.

Ex.: se o Evandro Guedes quiser ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ele poderá,
na medida em que, sendo a saúde direito de todos, o Estado não pode limitar o atendimento
somente a quem não dispuser de meios pessoais para o seu cuidado.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,


cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa
física ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art.
195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras
fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS


As ações e os serviços na área da saúde constituem um sistema único de saúde (SUS) que é
uma rede regionalizada e hierarquizada e tem as seguintes diretrizes:

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art.
195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras
fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)
 Descentralização, com direção única em cada esfera de governo: existe uma
autoridade em cada esfera da federação responsável pelo gerenciamento dos

MUDE SUA VIDA!


8
alfaconcursos.com.br

serviços da área da saúde. Na esfera federal, temos o Ministério da Saúde, no


âmbito estadual e municipal, temos as secretarias de saúde. Observe que a direção
do SUS é centralizada, mas as ações na área da saúde são descentralizadas.
 Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais: princípio da integralidade, a cobertura deve ser a mais ampla
possível.
 Participação da comunidade.

As competências do SUS estão previstas no Art. 200, em rol EXEMPLIFICATIVO:

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras


atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de
interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem
como as de saúde do trabalhador;
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de
saneamento básico;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento
científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de
seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo
humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte,
guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o
do trabalho.

A CF ainda determina que a União, os Estados, o DF e os Municípios devem aplicar, anualmente,


percentuais mínimos de suas receitas na área da saúde, Art. 198, § 2º:

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde
recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados
sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por
cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86,
de 2015)
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos
de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II,
deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos
Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de
2000)

MUDE SUA VIDA!


9
alfaconcursos.com.br

III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da


arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos
de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e §
3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
A CF ainda trata da possibilidade de contratação, sem concurso público, por meio de
processo seletivo, de agentes comunitários e agentes de combate a endemias.
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias
por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua
atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de
2006)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da
lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido
piso salarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
63, de 2010) Regulamento

Esses agentes podem perder seus cargos, além das hipóteses previstas para o servidor
estável, em caso de descumprimento de requisitos específicos:

§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art.


169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de
combate às endemias poderá perder o cargo em caso de
descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu
exercício.

SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO

a) À redução do risco
GARANTIA MEDIANTE
de doença e de outros
POLÍTICAS SOCIAIS E agravos
ECONÔMICAS QUE VISEM b) Acesso universal e
igualitário ás ações e
serviços para sua
promoção, proteção e
As ações e serviços de saúde recuperação
são de relevância pública

a) Diretamente
b) Por meio de terceiros
Sua execução deve ser
c) Por pessoa física ou jurídica
feita de direito privado

MUDE SUA VIDA!


10
alfaconcursos.com.br

Rede regionalizada e hierarquizada


Assistência à saúde
(SUS)
I - descentralização, com direção única
em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com
Diretrizes prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
III - participação da comunidade.

Recursos do orçamento da
seguridade social, da União, dos
Financiamento Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, além de outras
fontes.

Poderão admitir agentes comunitários de saúde


e agentes de combate às endemias por meio de
processo seletivo público

a) Assistência à saúde é livre à iniciativa


privada
b) Poderão participar de forma
suplementar ao SUS
c) Segundo diretrizes do SUS
d) Mediante contrato de direito público
ou convênio
Instituições privadas e) Tem preferência as entidades
filantrópicas e as sem fins lucrativos
f) Vedada a participação direta ou
indireta de empresas ou capitais estrangeiros
na assistência à saúde no País, salvo nos
casos previstos em lei.
g) É vedada a destinação de recursos
públicos para auxílios ou subvenções às
instituições privadas com fins lucrativos

DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

A previdência será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de


filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atenderá, nos termos da lei, a: (CF/88, art. 201):

MUDE SUA VIDA!


11
alfaconcursos.com.br

I. cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e


idade avançada ;
II. proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III. proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV. salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa-renda;
V. pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependente.

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do


Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)
II - proteção à maternidade, especialmente à
gestante; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20,
de 1998)
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado o disposto no §
2º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

Organização sob a geral


forma de regime
Previdência social De caráter contributivo

De filiação obrigatória

I - cobertura de doença, invalidez, morte


e idade avançada
II - proteção à maternidade,
especialmente à gestante
III - proteção ao trabalhador em
situação de desemprego involuntário
Atenderá a
IV - salário-família e auxílio-reclusão
para os dependentes dos segurados de
baixa renda
V - pensão por morte do segurado,
homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado
É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados o disposto no § 2º.
para concessão de benefícios (regra geral)

MUDE SUA VIDA!


12
alfaconcursos.com.br

Atividades que prejudiquem a saúde ou a


Exceções integridade física

Segurados portadores de deficiência


• Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição
ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal
inferior ao salário mínimo
• Todos os salários de contribuição considerados para o
cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da
lei
• É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
Garantias e vedações critérios definidos em lei
• É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de
regime próprio de previdência
• A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá
por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano
• É assegurada aposentadoria no regime geral de
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
condições

REGIME DE PREVIDÊNCIA
Considera-se regime de previdência social aquele que ofereça aos segurados, no
mínimo, os benefícios de aposentadoria e pensão por morte.
A Previdência Social compreende: o Regime Geral de Previdência Social-RGPS- e os
Regimes Próprios dos Servidores Públicos e dos Militares.

REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

O RGPS é regime de previdência social de organização estatal, contributivo e


compulsório, administrado pelo INSS, sendo as contribuições para ele arrecadadas,
fiscalizadas e normatizadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.
O RGPS abrange os trabalhadores do setor privado, os servidores públicos que não
possuem regimes próprios e os empregados das empresas estatais.
As prestações do RGPS são divididas em Benefício e Serviços.

REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL- RPPS-


Os Regimes Próprios de Previdência são os mantidos pela União, pelos Estados e por
alguns Municípios, em favor de seus servidores públicos e militares. Nesses entes públicos, os
servidores ocupantes de cargos públicos efetivos não são vinculados ao RGPS, mas sim a
regimes próprios de previdência, desde que existentes.

III. REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

MUDE SUA VIDA!


13
alfaconcursos.com.br

Tem caráter facultativo, podendo ser de dois tipos:


a) Regime de Previdência Complementar dos Servidores Públicos;
b) Regime de Previdência Privada Complementar.

Importante: O que nos interessa é o RGPS, que é o aplicável aos trabalhadores,


sob o regime da CLT, previsto no Art. 201 da CF.
A previdência social, diferentemente do direito à saúde e da assistência social,
tem caráter contributivo. Ter caráter contributivo significa dizer que só poderá ser
beneficiado pela Previdência Social quem contribuir previamente com o sistema de
previdência público.
Além da contribuição, a Constituição exige a filiação ao Sistema, na qualidade de
segurado. Maiores detalhes a respeito do tema serão mais bem articulados na
Disciplina de Direito Previdenciário.

A CF veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de benefícios do


RGPS, contudo algumas pessoas, em virtude de suas condições especiais, por terem realizado
atividades que prejudicaram sua integridade física ou sua saúde, e ainda os portadores de
deficiência, poderão ter tratamento diferenciado, mediante lei complementar; é a chamada
aposentadoria especial e a aposentadoria do portador de deficiência:

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para


concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei
complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de
contribuição distintos da regra geral para concessão de
aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
interdisciplinar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação
desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional
ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019)

REGRAS PARA APOSENTADORIA


As regras de aposentadoria, quando são cobradas em Direito Constitucional, exigem apenas o
conhecimento literal do Art. 201, § 7º, uma vez que o tema é devidamente aprofundado em Direito
Previdenciário:

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência


social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
20, de 1998)
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo

MUDE SUA VIDA!


14
alfaconcursos.com.br

mínimo de contribuição; (Redação dada pela Emenda


Constitucional nº 103, de 2019)
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e
cinco) anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e
para os que exerçam suas atividades em regime de economia
familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o
pescador artesanal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será
reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor que comprove
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em
lei complementar. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem
recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de
Previdência Social e os regimes próprios de previdência social, e
destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo com
os critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas atividades de que
tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de contribuição ao Regime
Geral de Previdência Social ou a regime próprio de previdência
social terão contagem recíproca para fins de inativação militar ou
aposentadoria, e a compensação financeira será devida entre as
receitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de
contribuição aos demais regimes. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de benefícios
não programados, inclusive os decorrentes de acidente do trabalho,
a ser atendida concorrentemente pelo Regime Geral de Previdência
Social e pelo setor privado. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão
incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e
conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da
lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, com
alíquotas diferenciadas, para atender aos trabalhadores de baixa
renda, inclusive os que se encontram em situação de informalidade,
e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao
trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § 12
terá valor de 1 (um) salário-mínimo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de


idade, se mulher, observado tempo mínimo de contribuição
 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se
mulher (trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de

MUDE SUA VIDA!


15
alfaconcursos.com.br

economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador


artesanal)
 Professor, comprove tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar:
HOMEM: 60 ANOS e MULHER: 57 ANOS. (REQUISITO DE IDADE)
ANOTA AÍ!!! PARA DECORAR – Art. 201

§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o


rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao
salário mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo
de benefício serão devidamente atualizados, na forma da
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-
lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime
próprio de previdência. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por
base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada
ano. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

PREVIDÊNCIA PRIVADA
A CF autoriza a criação de regime de Previdência Privada, nos termos do Art. 202 da CF:

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar


e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
previdência social, será facultativo, baseado na constituição de
reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao
participante de planos de benefícios de entidades de previdência
privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus
respectivos planos. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições
contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de
benefícios das entidades de previdência privada não integram o
contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos
participantes, nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência
privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia

MUDE SUA VIDA!


16
alfaconcursos.com.br

mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de


patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua
contribuição normal poderá exceder a do segurado. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, fundações,
sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou
indiretamente, enquanto patrocinadores de planos de benefícios
previdenciários, e as entidades de previdência complementar.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-se-á, no que
couber, às empresas privadas permissionárias ou concessionárias de
prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de planos de
benefícios em entidades de previdência complementar.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para a designação
dos membros das diretorias das entidades fechadas de previdência
complementar instituídas pelos patrocinadores de que trata o § 4º e
disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias
de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e
deliberação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)

Podemos extrair do texto constitucional algumas características da previdência privada:

 Complementar;
 Facultativo;
Previdência privada  Organização autônoma em relação ao RGPS;
 Independência financeira em relação ao Poder Público;
 Regulada por Lei Complementar;
 Publicidade de gestão;

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO: § 14 do art. 195 da CF,


e art. 29 da EC nº 103, de 2019.

§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de


contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência
cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima
mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de
contribuições.

Somente será computada como tempo de contribuição a competência cujo


recolhimento seja igual ou superior à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria,

MUDE SUA VIDA!


17
alfaconcursos.com.br

inclusive para o empregado, o empregado doméstico e o trabalhador avulso, nestes casos,


porém, apenas para os períodos contributivos a partir da vigência da Emenda.
A competência não computada como tempo de contribuição, não o será para qualquer
fim, como, por exemplo, no cálculo do valor do benefício, para carência ou mesmo para a
manutenção da qualidade de segurado.
O segurado que, no somatório de remunerações auferidas no período de 1 (um) mês,
receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição poderá:
I – complementar a sua contribuição, de forma a alcançar o limite mínimo exigido;
II – utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo de contribuição de uma
competência em outra; ou
III – agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de diferentes competências, para
aproveitamento em contribuições mínimas mensais.

EFEITO DA CONTAGEM RECÍPROCA


Conforme já comentamos temos os seguintes regimes de previdência: o RGPS e os
Regimes Próprios de Previdência Social (servidores públicos).
Sendo assim, é possível, que um segurado atualmente vinculado ao RGPS, quando for
requerer benefício, junto a esse regime, apresente a Certidão de Tempo de Contribuição-CTC,
referente período em que contribuiu para o Regime Próprio ou vice-versa.

EFEITO DA CONTAGEM RECÍPROCA: hipótese em que os diferentes sistemas de


Previdência Social compensar-se-ão financeiramente, é assegurado:- o cômputo do tempo de
contribuição na Administração Pública, para fins de concessão de benefícios previstos no
RGPS e para fins de emissão de CTC, pelo INSS, para utilização no serviço público, o cômputo
do tempo de contribuição na atividade privada.

ASSISTÊNCIA SOCIAL
O Art. 203 prevê o benefício de seguridade social, chamado de assistência social. São vários
benefícios oferecidos a quem precisa de assistência, geralmente aos hipossuficientes. A assistência
social não depende de contribuição à Previdência Social:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,


independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por
objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e
à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei.

MUDE SUA VIDA!


18
alfaconcursos.com.br

AÇÕES GOVERNAMENTAIS

Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social


serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social,
previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base
nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação
e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução
dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem
como a entidades beneficentes e de assistência social;
II - participação da população, por meio de organizações
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações
em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal
vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até
cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a
aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos
investimentos ou ações apoiados.
Assistência social
Quem necessitar

Não depende de contribuição

Financiamento será com recursos do orçamento da


seguridade social

I - a proteção à família, à maternidade, à


infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes
Ações governamentais
carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de
trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas
Objetivos portadoras de deficiência e a promoção de
Diretrizes sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de
benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei.
I - descentralização político-administrativa,
cabendo a coordenação e as normas gerais à
esfera federal e a coordenação e a execução

MUDE SUA VIDA!


19
alfaconcursos.com.br

dos respectivos programas às esferas estadual


e municipal, bem como a entidades
beneficentes e de assistência social;

II - participação da população, por meio de


organizações representativas, na formulação
das políticas e no controle das ações em todos
os níveis.
ANOTA AÍ:

 SAÚDE – PARA TODOS


Seguridade social  PREVIDÊNCIA – PARA QUEM CONTRIBUIR
 ASSISTÊNCIA – PARA OS NECESSITADOS

EXERCÍCIOS
1. CESPE/ 2017- A seguridade social tem caráter contributivo e filiação obrigatória.

Certo ( ) Errado ( )

Resposta Errada

O direito à saúde, à previdência social e à assistência social é assegurado por


meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa do Poder Público e da Sociedade,
a chamada seguridade social. Essas ações visam estabelecer um sistema de proteção
social, diante de situações de vulnerabilidade, como doença, morte, acidente,
permitindo que as pessoas possam manter o seu sustento.
A saúde é para todos, a assistência é para quem necessitar, Enquanto a
previdência, essa sim, é contributiva e de filiação obrigatória.

2. CESPE/ 2016- A seguridade social deve garantir a uniformidade e equivalência dos


benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

Certo ( ) Errado ( )

Resposta Certa
A seguridade social deve garantir a uniformidade e equivalência dos benefícios
e serviços às populações urbanas e rurais.

MUDE SUA VIDA!


20
alfaconcursos.com.br

A uniformidade está relacionada às prestações da seguridade social, onde


sendo iguais os riscos, devem ser iguais os benefícios, independentemente do local
onde trabalham.
A equivalência, se refere ao valor dos benefícios, identificando que não podem
ser distintos em relação às pessoas que são protegidas, devendo, nesse caso, as
prestações serem aferidas pelos mesmos critérios objetivos.

3. CESPE/ 2018- A seguridade social é financiada por toda a sociedade e pela União, sem
participação dos Estados e do DF.

Certo ( ) Errado ( )

Resposta Errada

A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e


indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

4. CESPE/ 2018- Uma das diretrizes do serviço público de saúde é o atendimento integral,
com prioridade às atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.

Certo ( ) Errado ( )

Resposta Certa

As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e


hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as
seguintes diretrizes: atendimento integral, com prioridade para as atividades
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais (art. 198)
Letra de lei.

5. CESPE/ 2018- É permitida a destinação de recursos públicos a instituições privadas


com fins lucrativos que participem do sistema único de saúde, para auxiliar em suas
atividades.

Certo ( ) Errado ( )

Resposta Errada
É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às
instituições privadas com fins lucrativos

MUDE SUA VIDA!


21
alfaconcursos.com.br

GABARITO
1. E
2. C
3. E
4. C
5. E

MUDE SUA VIDA!


22

Você também pode gostar