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O processo de transformação e evolução da tecnologia acontecendo de maneira

acelerada, para a sociedade da informação e do conhecimento, onde as diferentes

tecnologias da comunicação tem assumido um papel primordial. A 4ª revolução

industrial chegou.

Uma revolução industrial é um processo caracterizado por mudanças associadas a

incorporação de inovações materializando-se em profundas alterações ao meio social,

político e econômico. Final do século XVII e início do século XVIII, deu-se a primeira

revolução industrial onde se iniciou a mecanização da produção, com uso de água e

energia a vapor como as fontes desse movimento. Já na segunda revolução industrial,

final do século XIX e início do século XX, surgimento da produção industrial

propriamente dita, fabricação de produtos com menos custos e mais velocidade,

favorecidos pelo uso da eletricidade. A terceira revolução, trás o advento das

Tecnologias da Informação e Comunicação, surgimento de computadores e da rede

mundial desde a Guerra Fria, esteve intrinsecamente ligada às demandas de cunho

militar. Conhecida hoje como internet, entrando para o grupo seleto de inovações que

mudaram o mundo.

Hodiernamente as pessoas passam os dias a disponibilizar seus dados. Colocando

postagens ou expondo suas opiniões, compras, transações bancárias sempre conectados.

Em posse desses dados as empresas passam a calcular, estimar e prever as ações

podendo conhecer os usuários melhor que eles próprios. (Wu, Tim 2012).

Assim as grandes empresas, tem nas mãos uma matéria prima de valor inestimável, este

conhecimento permite novos horizontes, entretanto coloca novas e sérias ameaças. A

informação estará limitada pela quantidade e a qualidade do que é disponibilizado, mas

alguns pontos precisam ser observados: Quem vai colher esses dados, seus objetivos e

a licitude dos mesmos. Brota então a dúvida da informação e o conhecimento serem um

bem público ou uma mercadoria transacionada, uma propriedade privada.

O Brasil como estado democrático de direito, onde a definição de democracia deriva do

grego “dēmokratía” que significa o governo do povo, ou seja, está na participação dos

cidadãos em assembleia, com o propósito de tomar decisões. A internet, e em


particular as redes sociais, desempenham hoje um papel central neste processo e têm

uma influência decisiva, sendo uma arena de práticas popular-democráticas moderna.

E por isso, desde o fim dos anos 90, cientistas sociais travam uma discussão sobre o

direito no ciberespaço, sobre a repercussão da Internet. Dessa maneira Perrit (1998)

diz que:

O desenvolvimento da Internet enfraqueceria a soberania do Estado. Contra esse

argumento sustentavam que a expansão dos usos sociais da Internet fortaleceria a

democracia, a liberdade de organização e a socialização da informação.

Em segundo plano, os que se colocaram na defesa do argumento de que era quase

impossível regular a Internet, contra também havia aqueles que defendiam que os

Estados Nacionais desenvolveram vários mecanismos jurídicos para regular as

atividades e os serviços realizados a partir do uso da Internet.

O crescimento do comércio eletrônico através de trocas de bens intangíveis e a

expansão do uso da Internet podem “ameaçar” o poder soberano do Estado porque este

não consegue mais controlar inteiramente os limites fronteiriços das relações que se

estabelecem sob sua jurisdição geográfica, nem conseguem mais com normas de

jurisprudência local controlar processos, condutas e operações que se realizam

virtualmente fora do contexto de seu domínio soberano (Pires, 2005 ).

. As interpretações negativas dos impactos da Internet na soberania territorial do

Estado serviram como justificativa e fundamentação ideológica para a promoção de

políticas favoráveis ao controle da Internet. Há quem defenda a regulação unilateral

estatal da Internet, afirmando que a atuação do Estado melhora o combate ao crime

organizado, a pirataria, aos delitos realizados em operações financeiras, ao terrorismo,

pedofilia, ao tráfico de pessoas, entre outros. (Post, 1997)

Atualmente a Internet é gerida por um modelo unilateral desenvolvido pela união do

Departamento de Comércio dos Estados Unidos, pela ICANN e pela VeriSign, que

resultou em uma política de dominação para consolidação do imperialismo digital. Assim,

o controle dos servidores fez emergir uma nova forma de dominação jurídica,

econômica, tecnológica e cultural.


De início, a existência de um espaço adequado para lidar com as questões advindas do

uso da rede levam a corroborar com David R. Johnson e David G. Post (1997), ao

defenderem que o direito digital deve ser considerado como um novo domínio legal, pois

não há fronteiras de base territorial. Nesse sentido um ponto a ser discutido sobre a

jurisdição suscitada pelas comunicações eletrônicas é o reconhecimento ou não da

distinção entre o ciberespaço e o “mundo real”.

Os principais discursos sobre a regulação da rede entende através das interações na

internet, surgem novas definições atos ilícitos e delituosos necessitando de novos

tipificações penais devendo ser regida por direitos civis. Para tal controle a presença

do estado se faz obrigatória. O que gera um novo problema, a ação do estado pode ser

visto como censura. Levy Pierre (1998) defende que o espaço virtual deve ser

independente, sem interferência estatal, pois governos não possuem legitimidade de

poder nem

WU, Tim. Impérios da comunicação: do telefone à internet, da AT&T ao Google. Tradução Claudio
Carina. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

PERRITT, Henry H. Jr. The Internet as a Threat to Sovereignty? Thoughts on the Internet's Role in
Strengthening National and Global Governance, Indiana Journal of Global Legal Studies, Vol. 5: Iss.
2, Article 4, 1998, p.423 442. <http://www.repository.law.indiana.edu/cgi/viewcontent.cgi?
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POST, David G. The Cyberspace Revolution. Keynote Address, Computer Policy & Law Conference
Cornell University, July 9, 1997. <http://www.temple.edu/lawschool/dpost/Cornell.html>.

MAYER-SCHÖNBERGER, V. Impeach the Internet! Loyola Law Review 46. (2000) Freedom of
information in the global information society – the question of The Internet Bill of Rights,
Proceedings of the 8th International Conference on Human Rights (ed. B. Sitek, J.J. Szczerbowski, A.
W. Bauknecht, A. Kaczyńska), Cambridge 2009, pp. 78 - 9; reprint: UWM Law Review, 2008/1, p. 81
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LEVY, Pierre. A Inteligência Colectiva – Por uma Antropologia do Ciberespaço. São Paulo: Loyola,
1998.

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