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Topico 5 – Semiótica, Dinâmica e Linguística -

Semiótica:
Signos jurídicos
• A comunicação no âmbito jurídico é intrinsecamente ligado ao
uso de signos jurídicos, sendo estes, palavras ou símbolos,
fundamentais para transmitir significados específicos e
estabelecer clareza nas relações jurídicas. Por Palavras do
Direito, a terminologia técnica é essencial, uma vez, que os
termos legais possuem definições precisas, distintas do uso
comum, assim, evitando ambiguidades e garantindo uma
interpretação uniforme. A legislação utiliza palavras
meticulosamente escolhidas para formular normas claras
promovendo uma aplicação consistente da lei. Os documentos
jurídicos sejam eles contratos, as decisões judiciais e leis são
repletos de palavras do Direito, uma vez que, cada termo tem
um significado específico, crucial para definir direitos, deveres e
obrigações. Por Símbolos do Direito, referimo-nos à icônica
balança da justiça, expressa a procura pela equidade e
imparcialidade representando o ideal de que o peso da lei deve
ser equilibrado. Outros símbolos utilizados, como uma
representação visual da justiça, tendo como tradição que
remonta ao sistema jurídico romano e é, portanto, comum em
muitos países que foram influenciados por esse sistema, sendo
a espada e a toga. A espada da Justiça representa a autoridade
e a força da lei, simbolizando o poder do Estado em aplicar as
decisões judiciais e manter a ordem legal. A toga é uma
vestimenta tradicional usada por juízes e advogados,
representando a imparcialidade e neutralidade da justiça, uma
vez que as decisões devem ser feitas com base na lei e abster-
se de considerações pessoais.
Dinâmica:
Dimensões e funções:
• A dimensão jurídica do direito refere-se a uma das várias
perspectivas ou dimensões pelas quais o direito pode ser
compreendido.
• Tridimensionalidade fenoménica e funcional do Direito,
encarando o Direito como fenómeno tridimensional, isto é, facto,
valor e norma. Oferece uma compreensão pela sua dupla
tridimensionalidade, teoria proposta por Miguel Reale(jurista
brasileiro), refletindo uma abordagem enriquecedora que
considera tanto a tridimensionalidade fenoménica quanto a
tridimensionalidade funcional. Na tridimensionalidade
fenoménica, a dimensão dos factos destaca-se pela observação
atenta dos eventos sociais onde requer a atenção do Direito,
refletindo a realidade dinâmica da sociedade. As mudanças
sociais e os fenoménos emergentes são essenciais para
compreender a existência normativa do Direito. A dimensão
normativa responde a estes fenoménos através da criação de
normas jurídicas, procurando regular o comportamento humano
diante novas circunstâncias. Na tridimensionalidade funcional
destaca-se a importância das funções jurídicas tais como,
avaliar, dirigir e decidir. O Direito ao avaliar os factos
apresentados à sua análise, exerce uma função de “medição” e
conhecimento. Essa avaliação ocorre por meio de análise de
casos judiciais, evidencias e argumentos, permitindo uma
compreensão aprofundada das circunstâncias apresentadas. A
partir da avaliação dos factos, o Direito frequentemente emite
recomendações ou impõe direções especificas. Essa função
diretiva manifesta-se na criação de leis, regulamentos e normas
que estabelecem orientações claras para o comportamento
humano na sociedade. A capacidade de decidir é inerente ao
Direito, seja, por meio de julgamentos judiciais, onde um juiz
decide a favor de uma das partes de um caso, ou em atos
administrativos, onde funcionários públicos tomam decisões
sobre ações especificas. O poder de decidir é uma manifestação
concreta da aplicação prática do Direito.
Valores, Princípios e Fins do Direito:

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• A Justiça é o fundamento do Direito (o princípio), o que significa
que a própria existência e legitimidade do sistema jurídico são
construídos sobre o princípio da Justiça. Neste sentido, a Justiça
é considerada a base filosófica e ética sobre a qual todo o
edifício jurídico é construído. A Justiça representa a razão pela
qual o Direito existe, procurando proporcionar uma regulação
justa para a sociedade. Por outro lado, a Justiça pode ser
considerada um valor no Direito, representando um ideal a ser
alcançado. Como valor, a Justiça é um conceito ético que
orienta a formulação e aplicação das leis. Porém serve também
como guia moral influenciando a decisão de todos os envolvidos
num sistema jurídico.
Princípios doutrinais e princípios essenciais ou fundamentais:
• Os princípios doutrinais referem-se a conceitos e orientações
derivados da doutrina jurídica, são o conjunto de ideias e teorias
intelectualmente desenvolvidas. O principal interesse destes
princípios, a orientação na interpretação das normas jurídicas,
promover a consistência e coerência do sistema jurídico, permite
a crítica e reflexão acerca do sistema, facilitando a abordagem
de questões complexas assim como dilemas éticos.
• Os princípios fundamentais à luz dos juristas positivistas
podem ser extraídos diretamente do texto normativo de um país,
generalizando esses princípios a partir das disposições legais
existentes, identificando padrões e conceitos subjacentes que
podem ser aplicados de forma mais ampla. Esta abordagem
enfatiza a análise interna do sistema jurídico (lógico-
construtivistas). Por outro lado, há outra visão que propõe que
princípios fundamentais podem ser generalizados por meio da
comparação entre diferentes ordenamentos jurídicos. Ou seja,
analisando e comparando o Direito Positivo de distintas
jurisdições, identificando padrões comuns que transcendem
fronteiras legais especificas e amplia a abordagem destes
princípios além do contexto nacional(lógico-comparatistas).
Outra posição acerca dos princípios fundamentais, a perspectiva
Jusnaturalista. Refere que os princípios fundamentais advêm do
Direito Natural. Para os jusnaturalistas, existem princípios

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morais e éticos inerentes à condição humana que formam a
base do Direito. Esses princípios são considerados universais e
transcendem as leis positivas, isto é, entendidos como
intrínsecos à própria natureza do ser humano.
Princípios Fundamentais na Ordem Jurídica Portuguesa:
Os princípios fundamentais desempenham um papel crucial na
formação e aplicação do Direito, enquanto os jusnaturalistas
advogam a existência de princípios morais universais derivados do
Direito Natural, a ordem jurídica portuguesa, por sua vez, reflete
uma amalgama de influências, onde esses princípios são
incorporados e aplicados. Esses princípios penetram diversos
ramos jurídicos, Direito Constitucional, o princípio central nesta
área do Direito é o Princípio do respeito pela dignidade da Pessoa
Humana, o princípio do Estado Constitucional, princípio do Estado
Social e princípios de garantia de saúde, segurança social,
educação, justiça. No Direito Administrativo E Fiscal órgãos e
entidades governamentais exercem as suas funções e poderes
para promover o interesse público, seguindo o quadro legal.
Refere-se à forma como o Estado por meio de diversos órgãos,
toma decisões, executa políticas públicas e recolhe as
contribuições financeiras, sempre em torno do bem comum, agindo
conforme as normas jurídicas vigentes. Direito Fiscal, Direito
Penal, Direitos Processuais, Direito Social e do Trabalho e Direto
Privado. (p185)
LINGUISTICA:
Acepções do termo “Direito”:
• O termo “Direito” tem várias acepções, isto é, diferentes
significados e entendimentos, dependendo do contexto que é
utilizado. Se falarmos de normas jurídicas, o termo “Direito”
refere-se a normas e leis estabelecidas pela sociedade para
regular o comportamento humano, pode incluir leis, códigos,
regulamentos e/ou outras formas de legislação. Se falarmos de
normas morais, o "Direito” assume um contexto mais filosófico,
referindo-se a um conjunto de normas que regulam a conduta
humana independentemente de as mesmas ser codificadas por

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leis. O mesmo termo ao ser usado numa prerrogativa ou
faculdade que uma pessoa possui, p.e, o direito à liberdade de
expressão, o direito à habitação, entre outros, o mesmo termo
assume outro significado. O termo Direito tem diversas
acepções, evidenciando a complexidade e a variedade de
significados dependendo do contexto.
• No entanto, para entender o termo e as suas acepções existe
duas noções distintas, uma remete à noção tópica de Direito e
outra o conceito dogmático de Direito. A noção tópica de Direito
,muitas vezes associada ao pensamento de Theodor Viehweg
,(Roesler, C. R. (2023). Theodor Viehweg e a Ciência do Direito:
Tópica, Discurso, Racionalidade. Brasil: Arraes
Editores.)destaca a importância dos “tópicos” na compreensão
do Direito. Os tópicos referem-se a pontos de vista ou
perspectivas utilizados para resolver casos jurídicos específicos.
São encarados como instrumentos argumentativos que auxiliam
na identificação para casos particulares, isto é, podem abranger
princípios jurídicos, argumentos de equidade, precedentes, entre
outros elementos. A noção tópica de Direito sugere que a
compreensão do mesmo, não se baseia somente em regras
abstratas, mas implica uma aplicação pratica destes “tópicos” na
resolução de problemas específicos. O conceito dogmático de
Direito destaca a importância das normas legais, regras e
princípios estabelecidos, ou seja, é uma abordagem mais
estruturada e formal, com ênfase nas normas jurídicas e na
interpretação técnica das leis. No conceito dogmático, o Direito é
frequentemente considerado como um sistema fechado de
normas e regras em que a interpretação e aplicação do Direito
são vistas de maneira mais estrita, em sua essência, o
pensamento dogmático geralmente valoriza a lógica interna do
sistema jurídico e a aplicação objetiva das normas existentes.
• Principais acepções do termo Direito (p.193)

TOPICO 8 – A NORMA E O DIREITO (p.301-344)

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O Direito para além da Norma:
• O Direito não se limita apenas às regras e normas escritas,
abrange aspectos mais amplos e complexos. Incorpora
princípios, valores, interpretações dinâmicas e contexto
social. Não se limita apenas ao que está codificado em leis,
abrangendo uma complexidade de elementos que
contribuem para a sua compreensão e aplicação. Além
disso, o Direito também envolve a procura pela justiça,
equidade e a proteção dos direitos fundamentais,
transcendendo as normas especificas atendendo às
demandas em constante evolução na sociedade. Dessa
forma o Direito é uma disciplina que se estende para além
do texto escrito, incorporando elementos que refletem a sua
natureza dinâmica e interdisciplinar da sua aplicação. Porém
é essencial reconhecer que o respeito e a conformidade com
as leis permanecem como a base primordial, sendo
indispensáveis para a preservação do Estado de Direito e da
ordem jurídica.
Estrutura das normas juridicas:
• A estrutura da norma jurídica é caracterizada por uma
relação logica entre uma hipótese (facto ou previsão) e uma
estatuição (efeito jurídico). Essa relação expressa –se
esquematicamente, indicando que se a hipótese A ocorrer, a
estatuição B deve seguir, isto é, se A, então B ou B se A.
Sendo a hipótese A a representação do facto que, quando
ocorre desencadeia a aplicação da norma jurídica. A
estatuição B refere-se ao efeito jurídico resultante da
ocorrência da hipótese. Isto é, quando a hipótese é
verificada, a estatuição correspondente deve ser aplicada.
garantindo uma resposta normativa consistente diante das
diversas situações previstas pela norma.
Característica da norma jurídica:
Elementos das normas jurídicas:

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• As características das normas jurídicas são elementos
essenciais para distingui-las de outras normas, p.e, natureza
moral, religiosa e cortesia. São características fundamentais
para identificar quando estamos diante de uma norma
jurídica. Essas características dividem-se em dois planos, o
plano externo e plano interno. O plano externo das normas
jurídicas tem como elementos a imperatividade,
generalidade, abstração, coercibilidade e violabilidade. O
plano interno das normas jurídicas destaca a relevancia que
os preceitos legais têm a sua base na justiça , e essa justiça
estabelece limites fundamentais para o exercicio do
direito.Principios tais como ,proibiçao do abuso do
direito(honeste vívere),limites do uso do direito(alterum non
laedere) e impor o respeito pelos direitos alheios (suum
cuique tribuere). Estes principios refletem a importancia da
justiça como fundamento interno das normas juridicas .

Classificação e normas: dificuldades e precauções :


• A diferenciação entre as normas pode ser compreendida no
contexto da teoria jurídica distinção de normas destaca a
sua especificidade que fazem parte do ordenamento jurídico
formal de um país em paralelo às diversas normas e regras
que moldam o comportamento social, no entanto não são
criadas e aplicadas pelo sistema jurídico. Normas
exteriormente jurídicas refere-se a normas que, embora
possam ter relevância para a sociedade, não são
necessariamente, no sentido estrito, normas jurídicas.
Abrangem regras ou padrões que regem comportamentos,
mas não tem a mesma origem ou natureza das normas
criadas pelo Estado. Por outro lado, as normas
(propriamente) jurídicas, são as normas que têm uma
natureza jurídica específica e fazem parte do sistema
jurídico de uma sociedade. Estão vinculadas no sistema
jurídico derivando da autoridade do Estado, criadas por

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órgãos competentes, legislativos, executivos e judiciários,
dependendo da forma de execução prevista na ordem
jurídica.

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