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A jurisprudência do STF e a defesa

de normas em ação direta de


inconstitucionalidade

Leonardo Mundim

Sumário
1. A impugnação constitucional de leis e
atos normativos. 2. A peculiar decisão de John
Marshall. 3. A defesa das normas impugnadas. 4.
Mérito da impugnação constitucional: um cam-
po inseguro. 5. As chances objetivas de defesa.
5.1. A ilegitimidade ativa. 5.2. A inviabilidade de
ADI contra normas anteriores à Constituição. 5.3.
A inviabilidade de ADI contra leis de efeitos con-
cretos. 5.4. A ausência de ofensa direta à Cons-
tituição. 5.5. A ausência de impugnação a todo
o conteúdo normativo. 6. A questão da eficácia
temporal da defesa das normas. 7. Conclusão.

1. A impugnação constitucional
de leis e atos normativos
A democracia brasileira sustenta-se
bem em diversos pilares, e um deles é a
possibilidade, significativamente amplia-
da pela Carta de 1988, de entes estatais e
organizações corporativas impugnarem a
existência e a vigência de normas conside-
radas contrárias à Constituição.
O atual leque de legitimados para pro-
por ação direta de inconstitucionalidade
(ADI) – Presidente da República, Mesas do
Senado Federal e da Câmara dos Deputa-
dos, Mesa de Assembleia Legislativa ou da
Câmara Legislativa do Distrito Federal, Go-
Leonardo Mundim é advogado, professor-
vernador de Estado ou do Distrito Federal,
-titular do Centro Universitário de Brasília Procurador-Geral da República, Conselho
(UniCEUB) e especialista em Análise da Cons- Federal da Ordem dos Advogados do
titucionalidade (UnB/Unilegis). Brasil, partido político com representação

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no Congresso Nacional e confederação -americana pudesse validamente evitar
sindical ou entidade de classe de âmbito o envolvimento em assunto de delicada
nacional – aproxima o sistema de controle complexidade política, e para tanto foram
constitucional brasileiro, ainda que de primordiais as qualidades de Marshall
modo tímido, como já demonstramos (OLI- como notável jurista e habilidoso político.
VEIRA, 2007), do ideal preconizado por No caso (MARSHAL, 1997), o Presi-
Peter Häberle (1997) em sua teoria da socie- dente John Adams indicou ao Senado,
dade aberta de intérpretes da Constituição. submetendo à sua aprovação, o nome de
No regime constitucional anterior, a William Marbury para exercer, com man-
impugnação de normas consideradas in- dato de cinco anos, o cargo de Juiz de Paz
constitucionais era atribuição exclusiva do do Condado de Washington, Distrito de
Procurador-Geral da República. Este, por Columbia. Aprovado o nome, a nomeação
sua vez, e contraditoriamente, era também foi perfectibilizada mediante a lavratura do
o responsável legal pela defesa da União respectivo ato, a assinatura do Presidente
em processos judiciais – o que trazia certo e a colocação do selo dos Estados Unidos.
desconforto no tocante à necessária inde- Entretanto, antes da entrega do ato de
pendência para a investida contra leis e nomeação ao nomeado – o que o habilita-
atos normativos viciados, como afirmou em ria a entrar em exercício –, encerrou-se o
entrevista o Ministro Sepúlveda Pertence mandato do Presidente Adams, tomando
(CHAER, 2006). posse o Presidente Thomas Jefferson, de
O modelo atual de impugnação de orientação política adversária. James Ma-
normas traz diversas possibilidades de dison foi escolhido Secretário de Estado e,
resultado, especialmente após a edição da ao tomar conhecimento do ato de nomeação
Lei no 9.868/1999. Têm-se a interpretação pendente, decidiu consultar o Presidente
conforme a Constituição, a declaração de Jefferson. Este afirmou que a nomeação do
inconstitucionalidade com ou sem redu- Juiz de Paz estaria incompleta e assim seria
ção do texto, a técnica da norma “ainda passível de revogação, orientação que foi
inconstitucional” etc. – todas permitindo seguida por Madison, que recusou o pedido
maior precisão e eficácia no trabalho do de entrega do documento, formulado por
Supremo Tribunal Federal (STF) de guardar William Marbury.
e proteger a Constituição Federal. Marbury, então, apresentou, em feverei-
ro de 1803, um mandamus contra Madison,
pedindo à Suprema Corte que notificasse o
2. A peculiar decisão de John Marshall
Secretário de Estado para o fim de proceder à
É, contudo, interessante perceber que a entrega ao impetrante do documento de no-
decisão judicial considerada inaugurante meação, habilitando-o ao exercício do cargo.
da moderna compreensão ocidental do O Presidente Thomas Jefferson, po-
controle jurisdicional da constitucionali- rém, já havia anunciado que seu governo
dade – a proferida por John Marshall, Chief ignoraria qualquer ordem judicial que de-
Justice da Suprema Corte norte-americana terminasse a entrega do ato de nomeação
no caso Marbury x Madison, em 1803 – não a William Marbury. A disposição nesse
resultou na extirpação de uma norma do sentido era concreta, tanto que Madison,
mundo jurídico, nem em redução de seu recebendo a solicitação de informações da
texto ou conteúdo, mas sim na manutenção, Corte, desprezou-a e não se manifestou
na prática, da lei então impugnada. nos autos.
Com efeito, a técnica do controle ju- John Marshall (1997), presidente da Cor-
risdicional da constitucionalidade foi ali te (Chief-Justice) e também relator do caso,
utilizada para que a Suprema Corte norte- estava diante de um impasse. Se indeferisse

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o mandamus, correria o risco de fortalecer tuição, nas “questões relativas a embaixadores,
Jefferson, de cujas ideias políticas não par- outros ministros e cônsules, e naquelas em que
tilhava, e pareceria ter aceitado a submissão se achar envolvido um Estado”, atuando nos
do Poder Judiciário à rebeldia institucional demais casos apenas em grau de recurso;
do Presidente da República. Se deferisse o e que a lei ordinária não poderia modificar
mandamus, correria o risco de ver a Suprema essa competência, alargando-a para inserir
Corte – cuja existência era recentíssima e no conhecimento originário questões rela-
cujo espaço institucional ainda precisava ser tivas a qualquer agente público, ainda que
obtido perante a sociedade norte-americana de elevada autoridade.
– desmoralizada ante o pré-anunciado des- Em seu voto, Marshall (1997) teceu lon-
cumprimento de sua decisão. go comentário, demonstrando, detalhada e
O caminho seguido por Marshall fundamentadamente, que a nomeação de
(1997) foi negar parcialmente aplicação, Marbury estava perfeita e acabada e que
por inconstitucionalidade, ao artigo da lei era ilegal a recusa do Secretário de Estado
orgânica dos tribunais judiciários dos Es- em entregar o respectivo ato ao impetrante.
tados Unidos que tratava da competência Ao final, porém, negou conhecimento ao
da Suprema Corte. mandamus, uma vez que fora apresentado
Para tanto, considerou: originariamente à Suprema Corte, segun-
a) o que dizia a Constituição norte- do o que dizia a lei orgânica dos tribunais
-americana sobre a competência da Supre- judiciários, mas deveria ter sido apresen-
ma Corte: tado às instâncias ordinárias, com base no
“Art. III. [...] Seção II: regramento da Constituição.
Em todas as questões relativas a Em sua decisão, advertiu John Marshall:
embaixadores, outros ministros e “Ou havemos de admitir que a
cônsules, e naquelas em que se achar Constituição anula qualquer medida
envolvido um Estado, a Suprema legislativa, que a contrarie, ou anuir
Corte exercerá jurisdição originária. em que a legislatura possa alterar por
Nos demais casos supracitados, a Su- medidas ordinárias a Constituição.
prema Corte terá jurisdição em grau Não há contestar o dilema. Entre as
de recurso, pronunciando-se tanto duas alternativas não se descobre
sobre os fatos como sobre o direito, meio termo. Ou a Constituição é uma
observando as exceções e normas que lei superior, soberana, irreformável
o Congresso estabelecer.”; por meios comuns; ou se nivela com
b) e o que dizia a lei orgânica dos os atos de legislação usual, e, como
tribunais judiciários dos Estados Unidos estes, é reformável ao sabor da le-
(judiciary act), aprovada pelo Congresso gislatura. Se a primeira proposição
em momento posterior à Constituição, am- é verdadeira, então o ato legislativo,
pliando a competência da Suprema Corte contrário à Constituição, não será lei;
para também: se é verdadeira a segunda, então as
“[...] expedir alvarás de mandamus nos Constituições escritas são absurdos
casos justificados pelos princípios e esforços do povo, por limitar um
estilos legais, a quaisquer tribunais poder de sua natureza ilimitável”
instituídos, ou pessoas que exerçam (BARBOSA, 2004, p. 41).
funções, sob a autoridade dos Estados Na prática, portanto, no caso conside-
Unidos da América.” rado o mais relevante da história jurídica
Marshall (1997) vislumbrou, portanto, ocidental de moderno controle jurisdicional
que a Suprema Corte só poderia ser acio- da constitucionalidade, a norma impug-
nada originariamente, segundo a Consti- nada restou mantida, e não expurgada. A

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Suprema Corte, sob argumento da questão por critérios de neutralidade e imparcia-
constitucional, decidiu por não decidir. lidade na análise dos casos que lhes são
submetidos, aqui incluído o cotejo entre
3. A defesa das normas impugnadas o conteúdo de normas impugnadas e a
Constituição, no âmbito das ações diretas
Nesse diapasão, procurar-se-á demons- de inconstitucionalidade.
trar neste artigo, com base em estudo da ju- Entretanto, a experiência de vida do
risprudência do Supremo Tribunal Federal, julgador exerce previsível influência nessa
os meios de atingir o “outro lado da moeda”, análise. A interpretação constitucional de
ou seja, sugerir quais são os caminhos possí- um mesmo texto autoriza frequentemente
veis e razoavelmente promissores para que diferentes e variados resultados.
se consiga manter no ordenamento jurídico Todos os fatores se mostram relevantes
brasileiro uma norma impugnada em ação e consideráveis: a origem profissional e
direta de inconstitucionalidade, evitando-se social do julgador, os problemas que en-
a sua retirada do mundo jurídico. frentou, sua vivência familiar e pessoal e as
O tema, que aparentemente nunca mere- visões de mundo que construiu ou adotou.
ceu análise específica em artigos doutrinários, Assevera Carlos Maximiliano (1999, p.
pode despertar interesse não só dos entes 10-11), que foi Ministro do STF entre 1936
estatais responsáveis pela edição das leis e e 1941, acerca do complexo conteúdo da
atos normativos impugnados, mas também interpretação jurídica:
das organizações corporativas legitimadas e “A atividade do exegeta é uma só,
de outras entidades que, pretendendo a pre- na essência, embora desdobrada em
servação da norma, atuem no processo na uma infinidade de formas diferentes.
qualidade de amici curiae, sob a autorização Entretanto, não prevalece quanto a
do art. 7o, §2o da Lei no 9.868/1999 – situação ela nenhum preceito absoluto: pratica
cada vez mais corriqueira nas ações diretas o hermeneuta uma verdadeira arte,
de inconstitucionalidade1. guiada cientificamente, porém jamais
Os amici curiae desempenham relevan- substituída pela própria ciência. Esta
tíssimo papel na ação direta. Funcionam, elabora as regras, traça as diretrizes,
na maior parte das vezes, como defensores condiciona o esforço, metodiza as
da manutenção da norma impugnada e dão lucubrações; porém, não dispensa o
certa operacionalidade ao postulado de coeficiente pessoal, o valor subjetivo;
Peter Häberle (1997, p. 40), segundo o qual não reduz a um autômato o investi-
“A sociedade é livre e aberta na medida em gador esclarecido.”
que se amplia o círculo dos intérpretes da Por isso, a defesa do mérito das normas
Constituição em sentido lato”. impugnadas, apesar de obrigatória e abso-
lutamente recomendável, apresenta-se como
4. Mérito da impugnação um campo inseguro, em que a relatoria no
constitucional: um campo inseguro Tribunal, o quorum do dia da sessão de jul-
gamento e até, em parte, o momento político
É fato que os Ministros do STF, assim reinante podem exercer influência no resul-
como os Juízes em geral, buscam se pautar tado da ação direta de inconstitucionalidade.
1
“Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros
no processo de Ação Direta de Inconstitucionalidade.
[...] § 2o O relator, considerando a relevância da matéria 5. As chances
e a representatividade dos postulantes, poderá, por objetivas de defesa
despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo
fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros Em razão da relativa imprevisibilidade
órgãos ou entidades” (BRASIL, 1999c). da análise meritória em um processo de

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índole constitucional é que a utilização total de Estados do país. O STF usou esse
de óbices formais, apostos como prelimi- parâmetro na ADI 386 (BRASIL, 1991),
nares na resistência à extirpação, implica para aferir o indispensável “caráter na-
objetividade e significativa probabilidade cional” da entidade impugnante. E o fez
de êxito quanto à manutenção da norma mediante aplicação analógica de regras da
impugnada no ordenamento jurídico. Lei Orgânica dos Partidos Políticos (Lei no
A defesa contra a declaração de incons- 9.096/1995), a qual, mediante seus arts.
titucionalidade das normas tem, portanto, 7o, 8o e 13, apõe tal critério para registro e
maior chance de sucesso nos aspectos ob- atuação formal de uma agremiação.
jetivos do processo judicial de ação direta, Disse a Corte na ADI 3617, em prece-
especialmente no tocante aos requisitos de dente que atesta conjuntamente as duas
admissibilidade da ação. projeções acima mencionadas:
Elencam-se a seguir alguns dos meios “LEGITIMIDADE PARA A CAUSA.
eficazes de defesa, já respaldados pela ju- Ativa. Ação direta de inconstitucio-
risprudência do Supremo Tribunal Federal. nalidade – ADI. [...] Legitimação não
caracterizada. Entidade classista de
5.1. A ilegitimidade ativa âmbito nacional, mas de representa-
O art. 103, inc. IX, da Constituição confe- ção parcial da categoria profissional.
re às confederações sindicais ou entidades Não representatividade em, pelo
de classe de âmbito nacional o poder de menos, 9 (nove) estados da federação,
impugnação de normas por inconstitucio- nem de todos os membros do Poder
nalidade. Judiciário nacional. Inteligência
Na defesa da norma impugnada, a preli- do art. 103, IX, c.c. art. 102, § 2o, da
minar de ilegitimidade ativa da confedera- CF. [...] Carece de legitimação para
ção ou entidade impugnante é seguramente propor ação direta de inconstitucio-
a mais utilizada pelos interessados que nalidade, a entidade de classe que,
pretendem a preservação do texto legal. embora de âmbito estatutário nacio-
Tal preliminar desdobra-se em três pro- nal, não tenha representação em, pelo
jeções, segundo a jurisprudência do STF. menos, nove estados da federação,
A primeira delas é que a pessoa jurídica nem represente toda a categorial pro-
impugnante precisa congregar a inteireza fissional, cujos interesses pretenda
de uma classe profissional. Não basta a tutela” (BRASIL, 2011).
uma confederação sindical ou entidade Tem-se ainda, como terceiro enfoque da
classista a representação de apenas parte ilegitimidade para instauração do processo
de uma classe. O STF assentou esse tópico objetivo de controle de constitucionalidade,
no julgamento das ações diretas de incons- a questão da “pertinência temática”. Esse
titucionalidade (ADI) nos 1.431, 1.297 e 832 requisito – que, como os demais, também
(BRASIL, 1998, 1995b, 1993a). Em todas, a não existe no texto da Constituição e recebe
impugnante abarcava apenas parte de uma crítica da doutrina (MENDES; MARTINS,
classe – parte dos servidores da Polícia Fe- 2005, p. 170-171) – consiste na necessidade
deral, do Fisco ou do Ministério Público –, de o tema tratado na ação de impugnação
e, portanto, a ação direta não foi conhecida, constitucional dizer respeito, diretamente,
ainda que as normas impugnadas pareces- aos interesses ou à peculiar visão de mundo
sem, prima facie, inconstitucionais. do autor da ação.
A segunda projeção de abrangência é Se não houver essa relação de pertinên-
que a pessoa jurídica impugnante precisa cia, a ser aferida caso a caso pelo STF, a ação
ter representação em pelo menos nove não será conhecida, como consta expressa-
unidades federativas, ou seja, um terço do mente da ADI 893-MC: “o STF assentou o

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entendimento de que a ação direta há de DE INSTAURAÇÃO DO CON-
ter pertinência com os interesses do seu TROLE NORMATIVO ABSTRATO
autor, tratando-se de entidade de classe” – AÇÃO DIRETA NÃO CONHECI-
(BRASIL, 1993b). DA. – A ação direta de inconstitucio-
Tal requisito da “pertinência temática” nalidade não se revela instrumento
vem sendo imposto não só às confederações juridicamente idôneo ao exame da le-
e entidades de classe de âmbito nacional, gitimidade constitucional de atos nor-
mas também a Governador de Estado mativos do Poder Público que tenham
(ADI 902) (BRASIL, 1994) e até mesmo a sido editados em momento anterior
Mesa de Poder Legislativo Estadual (ADI ao da vigência da Constituição sob
2242) (BRASIL, 2001a) – apesar, data venia, cuja égide foi instaurado o controle
de ser o Poder Legislativo em geral, numa normativo abstrato. A fiscalização
democracia consolidada, o representante concentrada de constitucionalidade
mais legitimado da vontade popular, figu- supõe a necessária existência de uma
rando como livre e amplo receptáculo de relação de contemporaneidade entre
questionamentos e impugnações a atos do o ato estatal impugnado e a Carta
Poder Público (SARNEY, 1999, p. 244-245). Política sob cujo domínio normativo
veio ele a ser editado. O entendimento
5.2. A inviabilidade de ADI contra de que leis pré-constitucionais não
normas anteriores à Constituição se predispõem, vigente uma nova
Outro obstáculo objetivo a ser aprovei- Constituição, a tutela jurisdicional
tado no interesse da manutenção de normas de constitucionalidade in abstrac-
no mundo jurídico é o fato de que o STF to – orientação jurisprudencial já
não admite controlar a constitucionalida- consagrada no regime anterior (RTJ
de, na via abstrata, de normas anteriores à 95/980 – 95/993 – 99/544) – foi rea-
Constituição. firmado por esta Corte, em recentes
O raciocínio é sutil: para a Corte, em tais pronunciamentos, na perspectiva da
circunstâncias, o próprio advento da Carta Carta Federal de 1988. – A incompa-
teria implicado a não recepção da norma tibilidade vertical superveniente de
inquinada – caso ela destoe mesmo da atos do Poder Público, em face de um
Constituição. Assim, o resultado da decisão novo ordenamento constitucional,
judicial pleiteada pelo impugnante seria, na traduz hipótese de pura e simples
prática, uma “declaração de não recepção”, revogação dessas espécies jurídicas,
ao passo que o resultado esperado de uma posto que lhe são hierarquicamente
ação direta de inconstitucionalidade é a inferiores. O exame da revogação de
declaração de constitucionalidade ou de leis ou atos normativos do Poder Pú-
inconstitucionalidade por cotejo frontal. blico constitui matéria absolutamente
Decidiu o STF sobre isso, na ADI 007: estranha à função jurídico-processual
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITU- da ação direta de inconstitucionalida-
CIONALIDADE – IMPUGNAÇÃO de” (BRASIL, 1992).
DE ATO ESTATAL EDITADO AN-
5.3. A inviabilidade de ADI
TERIORMENTE À VIGÊNCIA DA
contra lei de efeitos concretos
CF/88 – INCONSTITUCIONALIDA-
DE SUPERVENIENTE – INOCOR- É também cabível defender a lei con-
RÊNCIA – HIPÓTESE DE REVOGA- tra a declaração de inconstitucionalidade
ÇÃO DO ATO HIERARQUICAMEN- alegando sua condição de produtora de
TE INFERIOR POR AUSÊNCIA DE efeitos concretos, o que inviabilizaria o
RECEPÇÃO – IMPOSSIBILIDADE conhecimento da ação direta.
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Leis de efeitos concretos, segundo o STF, INCOGNOSCIBILIDADE, NESSE
são aquelas que, apesar da roupagem de PONTO, DA AÇÃO DIRETA [...]
norma abstrata, têm por conteúdo a regu- CONTROLE NORMATIVO ABS-
lação de situações específicas e determina- TRATO [...] JUÍZO DE CONSTITU-
das. São, na prática, atos administrativos CIONALIDADE QUE DEPENDE DE
revestidos com manto de lei, como alguns CONFRONTO ENTRE DIPLOMAS
aspectos de leis orçamentárias e as normas LEGISLATIVOS – INVIABILIDA-
que estipulam pensão vitalícia para certas DE DA AÇÃO DIRETA. – Não se
pessoas ou seus familiares. legitima a instauração do controle
O questionamento direto desse tipo de normativo abstrato, quando o juízo
lei não é admitido pelo STF, como se vê do de constitucionalidade depende,
julgado na ADI 2484: para efeito de sua prolação, do prévio
“CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRE- cotejo entre o ato estatal impugnado
TA DE INCONSTITUCIONALIDA- e o conteúdo de outras normas jurí-
DE. LEI COM EFEITO CONCRETO. dicas infraconstitucionais editadas
[...] I. – Leis com efeitos concretos, pelo Poder Público. A ação direta
assim atos administrativos em sen- não pode ser degradada em sua
tido material: não se admite o seu condição jurídica de instrumento
controle em abstrato, ou no controle básico de defesa objetiva da ordem
concentrado de constitucionalidade. normativa inscrita na Constituição.
[...] III. – Precedentes do Supremo A válida e adequada utilização desse
Tribunal Federal. IV. – Ação direta meio processual exige que o exame
de inconstitucionalidade não conhe- in abstracto do ato estatal impugnado
cida” (BRASIL, 2003a). seja realizado, exclusivamente, à luz
do texto constitucional. A incons-
5.4. A ausência de ofensa titucionalidade deve transparecer,
direta à Constituição diretamente, do próprio texto do ato
Alexandre de Moraes (2004, p. 600) estatal impugnado. A prolação desse
ressalta que: juízo de desvalor não pode e nem
“Controlar a constitucionalidade deve depender, para efeito de con-
significa verificar a adequação (com- trole normativo abstrato, da prévia
patibilidade) de uma lei ou de um análise de outras espécies jurídicas
ato normativo com a Constituição, infraconstitucionais, para, somente a
verificando seus requisitos formais partir desse exame e num desdobra-
e materiais.” mento exegético ulterior, efetivar-se
A contrariedade entre a norma impug- o reconhecimento da ilegitimidade
nada e a Constituição, portanto, precisa ser constitucional do ato questionado”
direta e prontamente aferível, sem necessi- (BRASIL, 2001b).
dade de socorro a elucubrações cerebrinas
5.5. A ausência de impugnação a
ou consulta a outras normas infraconstitu-
todo o conteúdo normativo
cionais. O STF já chamou essa condição de
“inconstitucionalidade chapada”. Finalmente, entre as preliminares mais
Se a descoberta do vício de constitucio- relevantes que sustentam a defesa da nor-
nalidade depender de fatores que ultrapas- ma contra uma declaração de inconstitu-
sem o cotejo direto, então a ação não será cionalidade, tem-se que o autor da impug-
admitida. Confira-se o decidido na ADI 613: nação precisa submeter ao conhecimento
“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITU- do STF todo o conteúdo normativo que
CIONALIDADE [...] HIPÓTESE DE esteja correlacionado à norma impugna-
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da. Isso decorre da compreensão do STF mesmo que esse parágrafo não tenha sido
de que não se poderia extirpar certas e expressamente impugnado pelo autor da
determinadas normas do mundo jurídico ação, bastando que esteja umbilicalmente
e deixar vigentes, em outras leis, disposi- atrelado ao que constava do caput do mes-
ções semelhantes não impugnadas ou que, mo artigo. A Corte tem também aplicado
com a procedência da ADI, passassem a ter a técnica do arrastamento para declarar a
conteúdo insensato. inconstitucionalidade de decreto regula-
Tal óbice desdobra-se em dois aspectos: mentar de uma lei tida por inconstitucional
a) necessidade de expressa menção e im- (BRASIL, 2010).
pugnação a todas as normas atuais ligadas à Seguem abaixo os precedentes para-
norma principal impugnada; e b) necessida- digmáticos da Corte sobre o tema deste
de de expressa menção e impugnação a to- tópico, tomados no julgamento das ADIs
das as normas anteriores à impugnada que 1187 e 2574:
contenham o mesmo tipo de vício e seriam “AÇÃO DIRETA DE INCONSTI-
automaticamente repristinadas no mundo TUCIONALIDADE. (...) AÇÃO
jurídico com a derrubada da norma atual. DIRETA NÃO CONHECIDA. [...]
Esse último caso é bem comum quando 2. O acolhimento da impugnação
se trata de leis com vício de iniciativa – de algumas normas de um sistema,
por exemplo, quando um deputado inicia via ação direta, indissoluvelmente
projeto de incremento de gratificação de ligadas a outras do mesmo sistema,
servidor público estadual, em revogação não impugnadas na mesma ação,
a lei anterior que, também iniciada por implica em remanescer no texto le-
deputado, criara a referida gratificação. gal dicção indefinida, assistemática,
Como nas duas circunstâncias a iniciativa imponderável e inconsequente. 3.
constitucional cabia ao Governador do Es- Impossibilidade do exercício ex-officio
tado, o autor da ação direta que impugne da jurisdição para incluir no objeto da
a segunda lei deverá incluir também, no ação outras normas indissoluvelmen-
pedido, a intenção de impugnação da lei te ligadas às impugnadas, mas não
anterior revogada, que viria a ser reavivada suscitadas pelo requerente. 4. Ação
com a extinção da lei revogadora. direta não conhecida, ressalvando-
Aparentemente haveria contradição -se a possibilidade da propositura
entre o óbice da necessidade de impugna- de nova ação que impugne todo o
ção completa do sistema normativo cor- sistema” (BRASIL, 1997).
relacionado – que parece se justificar com “CONSTITUCIONAL. AÇÃO DI-
base no princípio da inércia, pelo qual o RETA DE INCONSTITUCIONALI-
Judiciário seria dependente da provocação DADE: EFEITO REPRISTINATÓ-
do interessado – e a chamada “técnica de RIO: NORMA ANTERIOR COM O
inconstitucionalidade por arrastamento”, MESMO VÍCIO DE INCONSTITU-
que o STF já aplicou em alguns casos, como CIONALIDADE. I. – No caso de ser
na ADI 173. declarada a inconstitucionalidade da
Entretanto, é possível uma conciliação norma objeto da causa, ter-se-ia a re-
entre as situações, pois o “arrastamento” pristinação de preceito anterior com
seria aplicável dentro de um mesmo di- o mesmo vício de inconstitucionali-
ploma (lei ou ato normativo) e baseado dade. Neste caso, e não impugnada a
num critério objetivo-lógico-finalístico, norma anterior, não é de se conhecer
como ocorre quando a Corte extirpa do da ação direta de inconstitucionali-
mundo jurídico um parágrafo de um artigo dade. Precedentes do STF. II. – ADIn
cujo caput foi declarado inconstitucional – não conhecida” (BRASIL, 2003b).

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6. A questão da eficácia temporal tende realmente a encerrar ou, ao menos,
da defesa das normas a postergar consideravelmente o risco de
extirpação da norma do mundo jurídico,
Colocadas as principais preliminares
concedendo ao interessado a extensão da
genéricas arguíveis numa ADI, poder-se-ia
vigência normativa ou mesmo a chance
objetar que a manutenção de uma norma
de corrigir ou pleitear a correção, sem in-
supostamente inconstitucional no mundo
terrupção temporal, dos vícios apontados
jurídico, pela derrubada prematura da
na legislação.
ação direta que a impugnava, seria algo
efêmero e transitório, pois a ação poderia
ser renovada, mesmo que por iniciativa de 7. Conclusão
outros legitimados. Não se pretende com este trabalho
É verdade que os óbices relacionados à desestimular o sentimento de estima cons-
ilegitimidade ativa (item 5, subitem 5.1) e à titucional, mencionado por Raul Machado
ausência de impugnação a todo o conteúdo Horta (1995, p. 108-109) como importante
normativo (item 5, subitem 5.5) são afastá- sustentáculo da higidez da Constituição.
veis pela atuação de um novo legitimado Ocorre que, sendo o Direito Constitu-
ou pela maior atenção na redação da futura cional uma ciência eminentemente dialé-
petição inicial. Também se poderia dizer tica e que resulta, em boa parte, da luta
que as preliminares de inviabilidade de pela prevalência de interesses – Estado e
ADI contra normas anteriores à Consti- indivíduo, governo e oposição, capital e tra-
tuição (item 5, subitem 5.2), inviabilidade balho, maioria e minoria –, percebe-se que
de ADI contra leis de efeitos concretos a impugnação constitucional de normas
(item 5, subitem 5.3) e ausência de ofensa compõe, naturalmente, esse interessante
direta à Constituição (item 5, subitem 5.4) e plural espectro, surgindo, muitas vezes,
seriam supríveis com o manejo de uma como elemento de atuação estratégica.
arguição de descumprimento de preceito Portanto, fomentar as perspectivas de
fundamental (ADPF), cujo objeto, como defesa de normas inquinadas em ação di-
sabido, é amplo. reta de inconstitucionalidade – em vez de
Ocorre que geralmente a impugnação apenas apontar modos de sua extirpação
constitucional tem um caráter não apenas do mundo jurídico – é também uma ma-
jurídico, mas igualmente político. E, nes- neira de incentivar e incrementar o debate
se diapasão, muitas das ações diretas de democrático. Esse debate, propiciando aos
inconstitucionalidade são iniciadas por defensores da norma impugnada os meios
objetivos específicos, às vezes no calor de para assegurar seus interesses, prestigia,
debates sociais ou de disputas ideológicas por salutar racionalidade, a ideia do plu-
do momento, em situações cujo interesse ralismo, que é costumeira marca de forta-
na impugnação nem sempre persiste. lecimento da Democracia.
Nesses casos, a ação direta apenas perdura
na primeira propositura porque, uma vez
iniciada, é vedado ao autor dela desistir, em
face de sua natureza de processo objetivo Referências
(BRASIL, 1999c). Mas, caso não conhecida
BARBOSA, Rui. Atos inconstitucionais. Campinas:
graças a uma defesa preliminar consistente, Russell, 2004.
há boa probabilidade empírica de não ser
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