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CURSO CEI PARA A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

3ª RODADA – 29 DE JANEIRO DE 2014

NOVAS INSTRUÇÕES:
 O material do Curso será sempre enviado nas quartas-feiras,
via email. No caso de não recebimento nesse dia, antes de
solicitarem o reenvio, confiram a caixa de spam;

 As Rodadas terminam, também, nas quartas-feiras.


Exemplificando: o material dessa Rodada está sendo enviado
hoje, quarta-feira, e vocês terão até a próxima quarta-feira
para responder, e, ainda, os mediadores terão até a quarta-
feira seguinte para fazer a correção individual e enviar a ata;

 As respostas/peças devem ser enviadas em arquivo Word,


tamanho 12, sendo aceito, também, no caso de resposta (e não
peça), o envio no próprio corpo do email;

 ATENÇÃO: a fim de propiciar um contato mais direto e


individualizado com o mediador, alteramos nosso
procedimento e agora as respostas/peças devem ser enviadas
diretamente para o email do mediador (indicado abaixo);

 Qualquer dúvida sobre o funcionamento do Curso, estarei


sempre à disposição: caiodireito@gmail.com

I.
3ª Rodada - Página |2

EMAIL DOS MEDIADORES:


 CAIO (Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional e
Princípios Institucionais da Defensoria Pública):
caio.cursocei@gmail.com;

 PEDRO (Direito Internacional Privado e Processo Civil):


pedro.cursocei@gmail.com;

 ALDO (Direito Penal Militar, Processo Penal Militar, Direitos


Humanos e Direito Internacional Público):
aldocosta.cursocei@gmail.com;

 ALEXANDRE (Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito


Administrativo): alexandre.cursocei@gmail.com;

 HENDRIKUS (Direito Previdenciário, Direito Tributário e Direito


Eleitoral): hendrikus.cursocei@gmail.com;

 EDILSON (Direito Internacional Privado e Direito Civil):


edilson.cursocei@gmail.com;

II.
MUITA ATENÇÃO: cada resposta deve ser enviada para o email
do respectivo mediador, sob pena de não ser corrigida!

III. Sumário:

- Questões objetivas sem gabarito/comentários;


- Questões objetivas com gabarito/comentários;
- Questões dissertativas; e
- Peça

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3ª Rodada - Página |3

QUESTÕES OBJETIVAS
Atendendo a pedidos, inserimos, a partir dessa rodada, uma sessão contendo
apenas as questões objetivas, e não o gabarito/comentários, para que, assim, os
alunos possam efetivamente treinar e simular a prova real.

DIREITO CIVIL

1. O sistema jurídico brasileiro acolhe a chamada teoria subjetiva da desconsideração da


personalidade jurídica.

2. É incabível a exigência de depósito prévio ou caução para atendimento médico-hospitalar


emergencial.

3. É vitalícia a pensão fixada em ação indenizatória por danos causados em acidente


automobilístico, na hipótese de perda permanente da capacidade laboral da vítima.

4. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao credor, se outra coisa não se estipulou.

INTERNACIONAL PRIVADO

5. O deportado só poderá reingressar ao território brasileiro se ressarcir o Tesouro Nacional, com


correção monetária, das despesas com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamento da
multa devida à época, também corrigida.

PROCESSO CIVIL

6. O valor correspondente à parte incontroversa do pedido pode ser levantado pelo beneficiado
por decisão que antecipa os efeitos da tutela, mas o montante não deve ser acrescido dos
respectivos honorários advocatícios e juros de mora, os quais deverão ser fixados pelo juiz na
sentença.

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7. Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é dispensável a


menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

8. Deve ser declarada a nulidade de execução fiscal promovida em face de mais de um devedor,
todos coobrigados, se, apesar de não ter sido determinada a suspensão do processo a partir da
morte de um deles, até que se realizasse a adequada regularização do polo passivo, não foi
demonstrada a ocorrência de qualquer prejuízo em razão de seu prosseguimento.

9. Compete à Justiça Comum Federal processar e julgar ação de reconhecimento e de dissolução de


sociedade mercantil de fato, cumulada com pedido de indenização remanescente, na hipótese em
que a causa de pedir e o pedido deduzidos na petição inicial não façam referência à existência de
relação de trabalho entre as partes.

10. Segundo precedente do Superior Tribunal de Justiça, compete à Justiça do Trabalho processar
e julgar ação de indenização por danos morais e materiais proposta por ex-empregador cuja causa
de pedir se refira a atos supostamente cometidos pelo ex-empregado durante o vínculo laboral e
em decorrência da relação de trabalho havida entre as partes.

PROCESSO PENAL

11. Conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal, o direito ao silêncio, previsto no art. 5º, LXIII,
da CF, aplica-se também nas relações entre particulares (eficácia horizontal dos direitos
fundamentais), e não apenas nas relações com o Poder Público (eficácia vertical dos direitos
fundamentais), razão pela qual deve ser considerada ilícita a prova decorrente de confissão
concedida pelo acusado à imprensa sem que tenha sido advertido do seu direito ao silêncio.

12. Configurando o indiciamento, no caso concreto, constrangimento ilegal, é possível que ocorra o
desindiciamento a fim cessar a ilegalidade e o prejuízo para o cidadão.

DIREITO PENAL

13. Para que se caracterize o estado de necessidade é insuficiente o conhecimento objetivo da


situação de perigo, sendo exigido que o agente atue subjetivamente com a finalidade de salvar o
bem do perigo.

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14. Não há que se falar em inexigibilidade de conduta diversa nos crimes culposos, excludente de
culpabilidade que somente se ajusta à estrutura dos crimes dolosos.

15. A inexigibilidade de conduta diversa atua, sempre, como uma causa supralegal de exclusão da
culpabilidade.

DIREITO CONSTITUCIONAL

16. Apesar de a Constituição Federal de 1988 não ter previsto a iniciativa popular para a PEC
(proposta de emenda constitucional), parte da doutrina entende pela sua admissão invocando
uma interpretação sistemática.

17. O Conselho Nacional de Justiça, composto por quinze membros com mandato de dois anos,
admitida a recondução, é presidido pelo Ministro do STF que o integra, ficando a cargo do Ministro
advindo do STJ a função de Corregedor.

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA

18. Acerca dos princípios institucionais da Defensoria Pública, é correto falar-se, sob o prisma
orgânico, em unidade entre as Defensorias Públicas Estaduais e Defensoria Pública da União.

19. O ordenamento jurídico brasileiro confere expressamente legitimidade ao Defensor Público-


Geral Federal para propor a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante.

20. O instrumento de transação, mediação ou conciliação referendado pelo Defensor Público


valerá como título executivo extrajudicial, salvo quando celebrado com a pessoa jurídica de direito
público.

DIREITO PENAL MILITAR

21. Considere que o Izaías, soldado da Aeronáutica, tenha sido denunciado, juntamente com um
corréu, perante uma Auditoria Militar, por fatos rigorosamente idênticos. Entretanto, ante a
notícia de que o primeiro não se encontrava em serviço no momento do crime, o Juízo declinou de
sua competência para a Justiça Comum. Com a separação de processos, foi necessário recapitular

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os crimes imputados a Izaías, nos termos do Código Penal comum. Tal divergência de capitulação
de crimes gerou uma diferença grave de tratamento, advinda do fato de o art. 213 (estupro) do
Código Penal ser classificado como crime hediondo, nos termos da Lei nº 8.072/1990, impondo a
Izaías vedações que o seu corréu não terá que enfrentar no cumprimento de sua condenação, vale
dizer, a impossibilidade de comutação da pena, indulto e graça e a necessidade do cumprimento da
fração de dois terços da pena para obtenção do livramento do condicional. Nesse caso, por se
tratar de crime militar impróprio, a diferença de tratamento legal revela inconstitucionalidade, de
acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, devendo ser excluídos os efeitos que a
Lei nº 8.072/1990 produziu sobre a execução da pena de Izaías, sob pena de violação do princípio
da igualdade.

22. O defeito do ato de incorporação exclui a aplicação da lei penal militar se alegado ou conhecido
antes da prática do crime.

23. No sistema de direito penal militar o fundamento da dignidade da pessoa humana,


diferentemente do sistema de direito penal comum, tem sua aplicabilidade condicionada e, de
certa forma, mitigada, pelo fundamento da soberania.

24. Nos crimes de violação do dever militar, nos quais se enquadra a deserção, somente é possível
a exclusão da culpabilidade pelo reconhecimento de estado de necessidade exculpante, uma vez
que o Código Penal Militar adotou a teoria diferenciadora.

25. O Código Penal Militar adotou a teoria da previsibilidade na conceituação do delito culposo
que, como tal, tem como elementos a ação ou omissão voluntária, a previsibilidade de resultado
danoso, a ausência de previsão e a ocorrência de um resultado não querido.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

26. A alteração do art. 400 do Código de Processo Penal, trazida pela Lei nº 11.719, de 20 junho de
2008, que passou a considerar o interrogatório como último ato da instrução criminal, não se
aplica à Justiça Militar da União.

27. A qualidade de militar da ativa somente é indispensável, tecnicamente, como condição de


procedibilidade para a propositura da ação penal, assim como para o recebimento da denúncia,

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nos delitos de deserção e insubmissão. Quanto aos demais crimes propriamente militares, o
legislador não estabeleceu nenhuma condição específica de procedibilidade.

28. A legislação castrense consagra o princípio da ubiquidade, aplicando-se o critério da


prevenção para solucionar eventual conflito negativo de competência.

DIREITOS HUMANOS

29. O catálogo de direitos civis e políticos reconhecido pela Convenção Americana de Direitos
Humanos, quando comparado com o catálogo constante de outros instrumentos internacionais,
designadamente com a Convenção Europeia de Direitos Humanos, apresenta inovações apenas
quanto aos direitos consagrados, mas não quanto ao seu conteúdo.

DIREITO HUMANOS

30. A questão da ética profissional na aplicação da lei tem recebido consideração em diversos
instrumentos regionais de direitos humanos e justiça criminal.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

31. Embora, via de regra, a jurisprudência não admita a prova testemunhal como único meio de
prova para fins de concessão de benefício previdenciário, exigindo-se, portanto, início de prova
material, essa regra não se aplica no caso de comprovação de união estável para fins se concessão
de pensão por morte.

32. José das Couves percebeu, por 3 meses, de forma indevida, aposentadoria por idade. O INSS,
após constatar a percepção do provento de forma indevida, poderá inscrever o referido valor em
dívida ativa.

33. Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-
9/1997, convertida na Lei n. 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou
indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com o termo a quo a contar da vigência da
MP.

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34. Aplica-se à pessoa com deficiência o fator previdenciário nas aposentadorias, se resultar em
renda mensal de valor mais elevado.

DIREITO TRIBUTÁRIO

35. É possível a compensação de precatórios estaduais com dívidas oriundas de tributos federais.

36. A oposição de embargos à execução fiscal depois da penhora de bens do executado não
suspende automaticamente os atos executivos, fazendo-se necessário que o embargante
demonstre a relevância de seus argumentos (“fumus boni juris“) e que o prosseguimento da
execução poderá lhe causar dano de difícil ou de incerta reparação (“periculum in mora“).

37. A teoria das finanças públicas oferece inestimável material para o estudo da tributação. É
aquele campo do conhecimento que investigará, de um lado, a necessidade da tributação e, de
outro, seus efeitos (positivos e negativos) sobre a economia.

38. Imóvel não edificado pertencente ao Serviço Social da Indústria – SESI, entidade de direito
privado e sem fins lucrativos, está alcançado pela imunidade tributária, encaixando-se na hipótese
do art. 150, VI, c, da CF.

DIREITO ELEITORAL

39. É facultado ao partido ou coligação substituir candidato que for considerado inelegível,
renunciar ou falecer após o termo final do prazo do registro ou, ainda, tiver seu registro indeferido
ou cancelado. Tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, a substituição só se
efetivará se o novo pedido for apresentado até 20 (vinte) dias antes do pleito, exceto em caso de
falecimento de candidato, quando a substituição poderá ser efetivada após esse prazo.

40. Não constitui crime majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de
eleições, tais como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de
matéria eleitoral.

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QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS


Estilo CESPE, com indicação do respectivo ponto do edital da DPU/2010

EDILSON SANTANA
Defensor Público Federal em Manaus/AM e ex Defensor Público do Estado do Maranhão
Mediador das disciplinas de Direito Internacional Privado e Direito Civil

DIREITO CIVIL

1. O sistema jurídico brasileiro acolhe a chamada teoria subjetiva da


desconsideração da personalidade jurídica.

Ponto 2 e Ponto 12.3 - Das pessoas naturais e jurídicas; Reparação dos danos patrimoniais e
morais (consumidor).

A desconsideração da personalidade jurídica também é conhecida como disregard doctrine


ou disregard of legal entity, no direito anglo-americano; abus de la notion de personnalité
sociale, no direito francês; teoria do superamento dela personalità giuridica, na doutrina
italiana; Durchgriff der juristischen personen (teoria da penetração), na doutrina alemã. Dica:
na prova evite o uso de expressões estrangeiras. Caso opte por usá-las faça sempre
acompanhada da denominação em português e apenas utilize-a caso tenha absoluta certeza
quanto a sua escrita correta. O sistema jurídico brasileiro acolhe, em regra, a chamada teoria
maior da desconsideração (art. 50 do Código Civil), com isso, além da prova de insolvência,
exige-se a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a
demonstração a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da
desconsideração). Em matéria consumerista, porém, nosso sistema jurídico aplica a
chamada teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, exigindo-se apenas a
prova de que a mera existência da personalidade jurídica está a causar obstáculo ao
ressarcimento dos consumidores (artigo 28, §5º, do CDC). Outras leis também preveem a

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possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica: Em matéria ambiental (art. 4º,


V, da lei 9.605 – teoria menor); Em matéria atinente à defesa da ordem econômica (art. 34
da lei 12.529/2011). CERTO

2. É incabível a exigência de depósito prévio ou caução para atendimento médico-


hospitalar emergencial.

Pontos 3 e 14.4 – Dos fatos e atos jurídicos: forma, prova, modalidades, defeitos, nulidade,
anulabilidade, inexistência, ineficácia e consequência; Das práticas abusivas.

Assim vem decidindo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça há tempos. O STJ


reiterou tal entendimento, conforme noticiado no informativo 532, publicado em
dezembro de 2013. Atento à jurisprudência formada, o legislador trouxe ao
ordenamento a lei 12.653/2012, que criminalizou a conduta (acrescentou o artigo 135-A
ao Código Penal), proibindo a exigência de caução e de prévio preenchimento de
formulário administrativo para a prestação de atendimento médico-hospitalar
premente. Em se tratando de atendimento médico emergencial, é dever do
estabelecimento hospitalar, sob pena de responsabilização, cível e criminal, da
sociedade empresária e prepostos, prestar o pronto atendimento. Ademais, no Direito
Civil moderno, tem-se entendido que a exigência de cheque-caução como condição para
atendimento em hospital ou clínica pode caracterizar vício invalidante do negócio
jurídico, na modalidade estado de perigo (Código Civil. Art. 156. Configura-se o estado
de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 11

família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa). CERTO

3. É vitalícia a pensão fixada em ação indenizatória por danos causados em


acidente automobilístico, na hipótese de perda permanente da capacidade laboral
da vítima.

Ponto 11- Responsabilidade civil do Estado e do particular(5).

É o que se infere da disposição contida no artigo 950 do Código Civil (Se da ofensa
resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe
diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e
lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu). Veja
que nesse caso poderá haver a opção pelo recebimento em uma única parcela
indenizatória, nos termos do parágrafo único do mesmo artigo: “O prejudicado, se
preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”. Sobre o
tema, transcreve-se trecho extraído da ementa do julgado no RESP 1.278.627 – SC: “1.
Acidente de trânsito ocorrido em estrada federal consistente na colisão de um automóvel
com uma motocicleta, que trafegava em sua mão de direção. 7. A pensão por incapacidade
permanente decorrente de lesão corporal é vitalícia, não havendo o limitador da
expectativa de vida.” CERTO

4. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao credor, se outra coisa não se


estipulou.

Ponto 8 – Das modalidades das obrigações.

Mais uma vez chamo atenção para a importância da leitura da lei seca com relação a
alguns temas, como “obrigações”. A determinação da prestação a ser entregue em

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 12

cumprimento da obrigação alternativa chama-se “concentração”. Em sua estrutura mais


simples, a obrigação vincula credor e devedor por meio de um objeto/prestação. A
obrigação, todavia, pode ser complexa (obrigação complexa) quando possui mais de um
sujeito (credor ou devedor ou ambos – complexidade subjetiva) ou ainda quando se
refere a mais de uma prestação (complexidade objetiva). Por sua vez, as obrigações
complexas podem ser cumulativas ou alternativas. Na primeira o sujeito passivo
(devedor) deve ao sujeito ativo (credor) todas as prestações objeto da obrigação,
enquanto na última (alternativa), deve apenas uma delas. Assim, “A obrigação é
alternativa quando corresponde a mais de uma prestação e o sujeito passivo não precisa
entregá-las todas para se liberar.” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 2:
obrigações e responsabilidade civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2012). Nesse caso, a
escolha da prestação caberá a quem os sujeitos da relação obrigacional acordarem,
podendo ser, inclusive, um terceiro. Não havendo acordo prévio a escolha será do
devedor, e não do credor, como diz a questão (CC. Art. 252. Nas obrigações alternativas,
a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou). ERRADO

INTERNACIONAL PRIVADO

5. O deportado só poderá reingressar ao território brasileiro se ressarcir o


Tesouro Nacional, com correção monetária, das despesas com a sua deportação e
efetuar, se for o caso, o pagamento da multa devida à época, também corrigida.

Ponto 1.1.2 – Deportação.

O Título VII da lei 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro) trata do instituto da


Deportação. Segundo dispõe, nos casos de entrada ou estada irregular de estrangeiro, se
este não se retirar voluntariamente do Brasil, após ser notificado para tanto (pela Polícia
Federal), será promovida sua deportação. Sendo conveniente aos interesses nacionais, a
deportação far-se-á independentemente da fixação de prazo. A saída compulsória do
estrangeiro (deportação) far-se-á para o país da nacionalidade ou de procedência do

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 13

estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo. Não se procederá à deportação se


implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira. Não sendo exequível a deportação
ou quando existirem indícios sérios de periculosidade ou indesejabilidade do
estrangeiro, proceder-se-á à sua expulsão. Por fim, o deportado só poderá reingressar ao
território nacional se ressarcir o Tesouro Nacional, com correção monetária, das
despesas com a sua deportação e efetuar, se for o caso, o pagamento da multa devida à
época, também corrigida (art. 64). CERTO

______________________________________

PEDRO WAGNER
Defensor Público Federal em Boa Vista/RR
Mediador das disciplinas de Direito Internacional Privado e Processo Civil

PROCESSO CIVIL

6. O valor correspondente à parte incontroversa do pedido pode ser levantado


pelo beneficiado por decisão que antecipa os efeitos da tutela, mas o montante
não deve ser acrescido dos respectivos honorários advocatícios e juros de mora,
os quais deverão ser fixados pelo juiz na sentença.

Ponto 46 - Tutela antecipada e tutela específica.

Atenção: PARTE INCONTROVERSA. Seguindo nosso objetivo e celeridade, resposta


encontrada no Informativo do STJ n.º 532: “O valor correspondente à parte
incontroversa do pedido pode ser levantado pelo beneficiado por decisão que antecipa
os efeitos da tutela (art. 273, § 6º, do CPC), mas o montante não deve ser acrescido dos
respectivos honorários advocatícios e juros de mora, os quais deverão ser fixados pelo
juiz na sentença. Com efeito, enquanto nos demais casos de antecipação de tutela são
indispensáveis os requisitos do perigo de dano, da aparência e da verossimilhança para

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 14

a sua concessão, na tutela antecipada do § 6º do art. 273 do CPC basta o caráter


incontroverso de uma parte dos pedidos, que pode ser reconhecido pela confissão, pela
revelia e, ainda, pela própria prova inequívoca nos autos. Se um dos pedidos, ou parte
deles, já se encontre comprovado, confessado ou reconhecido pelo réu, não há razão que
justifique o seu adiamento até a decisão final que aprecie a parte controversa da
demanda que carece de instrução probatória, podendo ser deferida a antecipação de
tutela para o levantamento da parte incontroversa (art. 273, § 6º, do CPC). Verifica-se,
portanto, que a antecipação em comento não é baseada em urgência, muito menos se
refere a um juízo de probabilidade – ao contrário, é concedida mediante técnica de
cognição exauriente após a oportunidade do contraditório. Entretanto, por política
legislativa, a tutela do incontroverso, ainda que envolva técnica de cognição exauriente,
não é suscetível de imunidade pela coisa julgada, o que inviabiliza o adiantamento dos
consectários legais da condenação (juros de mora e honorários advocatícios). De fato, a
despeito das reformas legislativas que se sucederam visando à modernização do sistema
processual pátrio, deixou o legislador de prever expressamente a possibilidade de cisão
da sentença. Daí a diretiva de que o processo brasileiro não admite sentenças parciais,
recaindo sobre as decisões não extintivas o conceito de “decisão interlocutória de
mérito”. REsp 1.234.887-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/9/2013.
CERTO

7. Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente,


é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

Ponto 24 - Ação monitória.

Aqui o cuidado com a palavra “dispensável”. Assim como prescindível, tal palavra pode
ser uma boa armadilha na hora da prova. Dá a impressão que a questão está errada,
mas... A resposta também objetivamente encontrada no Informativo do STJ nº 513: “Em
ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. No

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procedimento monitório, a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa


é feita em cognição sumária, tendo em vista a finalidade de propiciar celeridade à
formação do título executivo judicial. Nesse contexto, há inversão da iniciativa do
contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória,
suscitando toda a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório. Dessa
forma, de acordo com a jurisprudência consolidada no STJ, o autor da ação monitória
não precisa, na exordial, mencionar ou comprovar a relação causal que deu origem à
emissão do cheque prescrito, o que não implica cerceamento de defesa do demandado,
pois não impede o requerido de discutir a causa debendi nos embargos à monitória.
Precedentes citados: AgRg no Ag 1.143.036-RS, DJe 31/5/2012, e REsp 222.937-SP, DJ
2/2/2004. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 4/2/2013.”
CERTO

8. Deve ser declarada a nulidade de execução fiscal promovida em face de mais de


um devedor, todos coobrigados, se, apesar de não ter sido determinada a
suspensão do processo a partir da morte de um deles, até que se realizasse a
adequada regularização do polo passivo, não foi demonstrada a ocorrência de
qualquer prejuízo em razão de seu prosseguimento.

Ponto 49 - Execução Fiscal

Questão para demonstrar que o examinador na objetiva nem sempre vai querer saber a
“tese melhor” para a instituição para que você estará prestando concurso. A resposta
encontra-se no Informativo do STJ nº 516: “Não deve ser declarada a nulidade de
execução fiscal promovida em face de mais de um devedor, todos coobrigados, se, apesar
de não ter sido determinada a suspensão do processo a partir da morte de um deles, até
que se realizasse a adequada regularização do polo passivo, não foi demonstrada a
ocorrência de qualquer prejuízo em razão de seu prosseguimento. Com a morte do
devedor, cabe ao exequente realizar diligências para a correção do polo passivo,
verificando a existência de inventário, partilha ou bens sobre os quais possa recair a

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execução. Nesses casos, o maior interessado é o ente público em razão do crédito que
tem a receber. Todavia, existindo mais de um devedor, todos coobrigados, o falecimento
de um deles no curso da demanda não impede o prosseguimento da execução contra os
demais, podendo, assim, o exequente arcar com o ônus de não ter providenciado, a
tempo e modo, a substituição processual do falecido pelo seu espólio ou pelos seus
herdeiros. Dessa forma, verificado o litisconsórcio passivo, deve-se mitigar a
necessidade de suspensão automática do processo por falecimento de uma das partes,
em face dos princípios da segurança jurídica e da celeridade processual, sobretudo
diante da ausência de comprovado prejuízo. Precedentes citados: REsp 616.145-PR,
Terceira Turma, DJ 10/10/2005; REsp 767.186-RJ, Segunda Turma, DJ 19/9/2005; AgRg
no Ag 1.342.853-MG, Terceira Turma, DJe 7/8/2012. REsp 1.328.760-MG, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 26/2/2013.” ERRADO

9. Compete à Justiça Comum Federal processar e julgar ação de reconhecimento e


de dissolução de sociedade mercantil de fato, cumulada com pedido de
indenização remanescente, na hipótese em que a causa de pedir e o pedido
deduzidos na petição inicial não façam referência à existência de relação de
trabalho entre as partes.

Ponto 6 - Competência: absoluta e relativa.

Aí no bojo da questão o examinador troca a palavra “Estadual” por “Federal”. Saímos da


prova todos confiantes e quando vem o gabarito... ohhh não!! Vamos riscar e grifar a prova
de todo o jeito, ok? A resposta encontra-se no Informativo do STJ nº 518: “Compete à
Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de reconhecimento e de dissolução de
sociedade mercantil de fato, cumulada com pedido de indenização remanescente, na
hipótese em que a causa de pedir e o pedido deduzidos na petição inicial não façam
referência à existência de relação de trabalho entre as partes. A competência para
julgamento de demanda levada a juízo é fixada em razão da natureza da causa, que é
definida pelo pedido e pela causa de pedir deduzidos. Na hipótese descrita, a demanda

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 17

versa sobre relação jurídica de cunho eminentemente civil, não sendo fundada em
eventual relação de trabalho existente entre as partes. Nesse contexto, conforme a
jurisprudência do STJ, não compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demanda
em que a causa de pedir e o pedido deduzidos na inicial não guardem relação com as
matérias de competência dessa justiça especializada elencadas no art. 114 da CF.
Precedentes citados: CC 76.597-RJ, Segunda Seção, DJ 16/8/2007, e CC 72.770-SP,
Segunda Seção, DJ 1º/8/2007. CC 121.702-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
27/2/2013.” ERRADO

10. Segundo precedente do Superior Tribunal de Justiça, compete à Justiça do


Trabalho processar e julgar ação de indenização por danos morais e materiais
proposta por ex-empregador cuja causa de pedir se refira a atos supostamente
cometidos pelo ex-empregado durante o vínculo laboral e em decorrência da
relação de trabalho havida entre as partes.

Ponto 6 - Competência: absoluta e relativa

Eis uma questão polêmica, mas interessante. A resposta encontra-se no Informativo do


STJ nº 518: “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação de indenização por
danos morais e materiais proposta por ex-empregador cuja causa de pedir se refira a
atos supostamente cometidos pelo ex-empregado durante o vínculo laboral e em
decorrência da relação de trabalho havida entre as partes. Precedentes citados: CC
80.365-RS, Segunda Seção, DJ 10/5/2007, e CC 74.528-SP, Segunda Seção, DJe
4/8/2008. CC 121.998-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 27/2/2013.” CERTO

______________________________________

CAIO PAIVA
Defensor Público Federal em Manaus/AM e editor do site www.oprocesso.com

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 18

Mediador das disciplinas de Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional e Princípios
Institucionais da Defensoria Pública

PROCESSO PENAL

11. Conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal, o direito ao silêncio,


previsto no art. 5º, LXIII, da CF, aplica-se também nas relações entre particulares
(eficácia horizontal dos direitos fundamentais), e não apenas nas relações com o
Poder Público (eficácia vertical dos direitos fundamentais), razão pela qual deve
ser considerada ilícita a prova decorrente de confissão concedida pelo acusado à
imprensa sem que tenha sido advertido do seu direito ao silêncio.

Ponto 4 – Da prova.

O tema “eficácia horizontal dos direitos fundamentais” certamente tem sido um dos mais
debatidos nos últimos anos na disciplina de Direito Constitucional e consiste,
basicamente, na obrigação de se respeitar direitos fundamentais na relação entre
particulares. Por se tratar de assunto que demandaria uma explicação mais
pormenorizada, voltarei a cuidar dele noutra rodada, numa questão de Direito
Constitucional. Para essa ocasião, me parece importante, porém, elencar alguns
precedentes do STF nos quais o Poder Judiciário já entendeu razoável a aplicação dos
direitos fundamentais às relações privadas. Nesse sentido, valho-me da anotação feita
por Pedro Lenza: a) RE 160222, entendeu-se constituir “constrangimento ilegal” a
revista íntima em mulheres em fábrica de lingerie; b) RE 158215, entendeu-se violado o
princípio do devido processo legal e ampla defesa na hipótese de exclusão de associado
de cooperativa sem direito de defesa; c) RE 161243, discriminação de empregado
brasileiro em relação ao francês na empresa “Air France”, mesmo realizando atividades
idênticas, o que viola o princípio da isonomia; d) RE 175161, contrato de consórcio que
prevê devolução nominal de valor já pago em caso de desistência, o que viola o princípio
da razoabilidade e proporcionalidade; e) RE 201819, exclusão de membro de sociedade

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 19

sem a possibilidade de sua defesa, por violar o devido processo legal, contraditório e
ampla defesa (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2012, p. 967-968).

Mas e no que diz respeito ao enunciado: a eficácia dos direitos fundamentais se irradia
para obrigar a que a imprensa também observe a obrigatoriedade de advertir o acusado
do seu direito ao silêncio? O STF entendeu que não. Confira-se o que restou assentado no
Informativo n. 613: “A 2ª Turma indeferiu habeas corpus em que se alegava a ilicitude da
prova juntada aos autos consistente na não advertência ao acusado de seu direito de
permanecer calado. No caso, o paciente concedera entrevista a jornal, na qual narrara o
modus operandi de 2 homicídios a ele imputados. Reputou-se que a Constituição teria
conferido dignidade constitucional ao direito ao silêncio, dispondo expressamente que o
preso deve ser informado pela autoridade policial ou judicial da faculdade de manter-se
calado. Consignou-se que o dever de advertir os presos e os acusados em geral de seu
direito de permanecerem calados consubstanciar-se-ia em uma garantia processual penal
que teria como destinatário precípuo o Poder Público. Concluiu-se, entretanto, não haver
qualquer nulidade na juntada da prova, entrevista concedida espontaneamente a veículo
de imprensa” (HC 99558, 2ª Turma, rel. min. Gilmar Mendes, DJe 07/02/2011).

Esse HC 99558 havia sido impetrado pela Defensoria Pública do Estado do Espírito
Santo. Destaco essa informação porque embora em prova objetiva seja mais seguro
orientar-se pelo entendimento dos Tribunais Superiores, e o enunciado em questão
cobrou expressamente o conhecimento acerca da decisão do STF, é importante
apresentar um viés mais defensivo em provas dissertativas e orais, sem, contudo,
mencionar o entendimento jurisprudencial. Assim, para que assimilem uma opinião
contrária à posição do STF, confira-se a lição de Renato Brasileiro: “Se o preso deve ser
prévia e formalmente advertido quanto ao direito ao silêncio, sob pena de se repudiar
ilícita a prova que contra si produza, também não podem ser consideradas válidas
entrevistas concedidas por presos a imprensa, antes ou após a lavratura do flagrante, sem

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 20

o conhecimento do seu direito constitucional. (...). Ora, a ausência de advertência quanto


ao direito ao silêncio macula de ilicitude eventuais declarações por ele fornecidas que lhe
sejam prejudiciais, porquanto produzidas com violação ao preceito constitucional que
assegura o direito ao silêncio” (LIMA, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal. Rio
de Janeiro: Impetus, 2013, p. 41). ERRADO

12. Configurando o indiciamento, no caso concreto, constrangimento ilegal, é


possível que ocorra o desindiciamento a fim cessar a ilegalidade e o prejuízo para
o cidadão.

Ponto 1.3 – Inquérito Policial.

A ausência de disciplina legal para o ato de indiciar, isto é, um regramento que


especifique prazo, momento, hipóteses etc., é denunciada por diversos doutrinadores do
processo penal (cf., por todos, Aury Lopes Jr.). O ato de indiciamento provoca uma série
de consequências para o investigado, tais como compelir-se a se apresentar à delegacia
sempre que chamado, sujeitar-se a medidas cautelares e a liberdade condicional,
sujeitar-se a medidas assecuratórias de bens, participar de inquirições (interrogatório,
acareação, reconhecimento), ter a sua identidade averiguada etc. (listagem feita no voto
do Min. Paulo Medina, relator do HC 43599, STJ). Desta forma, entendendo o indiciado
que o ato da autoridade policial que lhe atribuiu essa condição se afigura abusivo, é
possível pleitear-se o desindiciamento? A resposta é sim, já tendo o STJ decidido que “O
indiciamento configura constrangimento quando a autoridade policial, sem elementos
mínimos de materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o direito
de ser ouvido e de apresentar documentos” (HC 43599, 6ª Turma, rel. min. Paulo Medina,
DJe 04/08/2008). Finalizo dizendo que a expressão “desindiciamento” já apareceu em
pelo menos dois precedentes de TRF’s, quais sejam, no HC 00417014820024030000
(TRF/3) e no RCHC 9401333939 (TRF/1). CERTO

DIREITO PENAL

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 21

13. Para que se caracterize o estado de necessidade é insuficiente o conhecimento


objetivo da situação de perigo, sendo exigido que o agente atue subjetivamente
com a finalidade de salvar o bem do perigo.

Ponto 3.4 – Causas excludentes da ilicitude.

Dispõe o art. 24 do Código Penal que “Considera-se em estado de necessidade quem


pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia
de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se”. Veja-se, então, que o trecho sublinhado já faz com que se exija do
agente não apenas o conhecimento objetivo do perigo, mas também que atue
subjetivamente nesse sentido, ou seja, que aja – conscientemente – para salvar o bem
jurídico da situação perigosa. Trata-se, portanto, da exigência do elemento subjetivo no
estado de necessidade, o que é feito pela doutrina amplamente majoritária. Nesse
sentido, Cezar Roberto Bitencourt assevera que “a exigência do elemento subjetivo
integra a previsão permissiva, que exige que o fato praticado pelo agente seja ‘para
salvar... direito próprio ou alheio’. Se faltar essa finalidade específica uma espécie de
elemento subjetivo especial do tipo permissivo, a ação não estará justificada, não
configurando, portanto, estado de necessidade” (BITENCOURT. Cezar Roberto. Tratado de
Direito Penal – Volume 1 – Parte Geral. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 371). CERTO

14. Não há que se falar em inexigibilidade de conduta diversa nos crimes culposos,
excludente de culpabilidade que somente se ajusta à estrutura dos crimes dolosos.

Ponto 1.4 – Culpabilidade.

A teoria do crime é frequentemente cobrada em provas de concursos, tratando-se de um


tema do Direito Penal que deve ser estudado com bastante atenção e reiteradas vezes,
pois são muitas as discussões para serem assimiladas. No tocante ao enunciado, confira-

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se a lição de Cezar Roberto Bitencourt: “A inexigibilidade de outra conduta, a exemplo do


que pode acontecer nos crimes dolosos, também é perfeitamente admissível, como
excludente (dirimente) de culpabilidade, nos crimes culposos. Quando um indivíduo, por
exemplo, realiza uma conduta, sem observar os cuidados devidos, mas que, no caso
concreto, apresentava-se impraticável ou de difícil observância, ou, em outros termos, era
inexigível outra conduta, não pode ser censurável por eventual resultado danoso que,
involuntariamente, produzir” (BITENCOURT. Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal –
Volume 1 – Parte Geral. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 329). ERRADO

15. A inexigibilidade de conduta diversa atua, sempre, como uma causa supralegal
de exclusão da culpabilidade.

Ponto 1.4 – Culpabilidade.

Outra questão sobre inexigibilidade de conduta diversa. Na anterior, analisamos um


tema antigo e agora, nesse enunciado, vamos abordar um tema mais atual, a partir de
recente inovação legislativa. Antes, porém, me parece oportuno mencionar a lição de
Juarez Cirino dos Santos, para quem “a inexigibilidade de comportamento diverso,
determinada pela anormalidade das circunstâncias do fato, incide sobre situações de
exculpação concretas, nas quais atua um autor culpável ou reprovável que, contudo, deve
ser ex- ou desculpado, porque o limite da exigibilidade jurídica é definido pelo limiar
mínimo de dirigibilidade normativa, ou de motivação conforme a norma, excluída ou
reduzida em situações de exculpação legais ou supralegais” (SANTOS, Juarez Cirino dos.
Direito Penal – Parte Geral. 3ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 333). O equívoco
do enunciado, como de costume, na expressão “sempre”, pois recentemente a nova lei
sobre organização criminosa positivou a inexigibilidade de comportamento diverso, não
se tratando mais, portanto, de uma excludente que “sempre” terá o seu fundamento
numa condição de supralegalidade. Nesse sentido, dispõe o art. 13, § único, da Lei
12850/2013 que “Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente
infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa”. ERRADO

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 23

DIREITO CONSTITUCIONAL

16. Apesar de a Constituição Federal de 1988 não ter previsto a iniciativa popular
para a PEC (proposta de emenda constitucional), parte da doutrina entende pela
sua admissão invocando uma interpretação sistemática.

Ponto 4.1 – Do poder legislativo.

Inicialmente, analisemos o texto da CF sobre o assunto. O art. 60 e seus três incisos


conferem legitimidade concorrente para a apresentação de PEC a (a) um terço, no
mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; (b) ao
Presidente da República; e (c) a mais da metade das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros. O art. 61, § 2º, por sua vez, prevê que “A iniciativa popular pode ser exercida
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um
por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos
de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles”. Logo, a primeira parte do
enunciado está correta, pois a CF, de fato, não previu expressamente a iniciativa popular
para a apresentação de PEC. Avançando, encontra-se na doutrina autores que invocam
uma interpretação sistemática para suprir a omissão da CF, a exemplo de José Afonso da
Silva e Pedro Lenza, destacando esse segundo que “o art. 1º, parágrafo único, que permite
o exercício do poder de forma direta pelo próprio povo, e o art. 14, III, ao estabelecer que a
soberania popular será exercida mediante iniciativa popular” (LENZA, Pedro. Direito
Constitucional Esquematizado. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 558). Pedro Lenza
ainda traz a informação de que dezesseis dos Estados brasileiros admitem, em suas
respectivas constituições estaduais, a iniciativa popular para encaminhamento de PEC
(Cf. Direito Constitucional Esquematizado, p. 559). CERTO

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17. O Conselho Nacional de Justiça, composto por quinze membros com mandato
de dois anos, admitida a recondução, é presidido pelo Ministro do STF que o
integra, ficando a cargo do Ministro advindo do STJ a função de Corregedor.

Ponto 4.3 – Do Poder Judiciário.

O enunciado contém dois erros, quais sejam: (a) o mandato dos conselheiros/membros
é realmente de dois anos, porém, segundo dispõe o art. 103-B, caput, da CF, admite-se
apenas uma recondução; (b) após a EC 61/2009, ficou esclarecido que o CNJ é presidido
pelo Ministro presidente do STF, e não por qualquer Ministro do Supremo (art. 103-B, §
1º, da CF). No mais, a questão está correta quanto ao número de membros do CNJ e a
função desempenhada pelo Ministro do STJ. ERRADO

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA

18. Acerca dos princípios institucionais da Defensoria Pública, é correto falar-se,


sob o prisma orgânico, em unidade entre as Defensorias Públicas Estaduais e
Defensoria Pública da União.

Ponto 6 – Princípios Institucionais.

O princípio institucional da unidade está previsto no art. 3º da LC 80/94 e representa,


segundo a lição de Frederico Rodrigues Viana de Lima, “que os Defensores Públicos
integram um mesmo órgão, regidos pela mesma disciplina, por diretrizes e finalidades
próprias, e sob o pálio de uma mesma chefia. Todos os membros da carreira fazem parte de
um todo, que é a Defensoria Pública”. E prossegue o autor, que é Defensor Público
Federal, adentrando no objeto do enunciado proposto, para advertir que “é válido
ressaltar que a unidade somente existe em cada ramo da Defensoria Pública (União,
Estados, e Distrito Federal e dos Territórios), o que, noutros termos, implica dizer que cada
especialização da Defensoria Pública possui sua própria unidade” (LIMA, Frederico

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 25

Rodrigues Viana de. Defensoria Pública. Salvador: Juspodivm, 2010, p. 97). No mesmo
sentido, Diogo Esteves e Franklyn Roger Alves Silva: “Importante observar que, sob o
prisma orgânico, a unidade somente existe no âmbito de cada Defensoria Pública, já que
compõem estruturas organizacionais distintas e encontram-se sob chefia institucional
diversa. Não é correto, portanto, falar em unidade orgânica entre Defensoria Pública
Estadual e a Defensoria Pública da União, bem entre a Defensoria Pública de um Estado e a
de outro. Essa consequência jurídica decorre do próprio sistema federativo, cuja forma de
estruturação inspira a divisão de atribuições e a existência de autonomia entre as
Defensorias Públicas” (ESTEVES, Diogo; ALVES SILVA, Franklyn Roger. Princípios
Institucionais da Defensoria Pública. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 303). Prosseguem
os autores, porém, para esclarecer que “no entanto, sob o prisma funcional, é possível
identificar a unidade entre todas as Defensorias Públicas do país, haja vista
desempenharem as mesmas funções institucionais e com a mesma finalidade ideológica”.
ERRADO

19. O ordenamento jurídico brasileiro confere expressamente legitimidade ao


Defensor Público-Geral Federal para propor a edição, a revisão ou o cancelamento
de enunciado de súmula vinculante.

Ponto 1 – A Defensoria Pública da União.

Questão resolvida com mero conhecimento da Lei 11417/2006, que regulamenta o art.
103-A da CF, disciplinando a edição, revisão e o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante pelo STF, prevendo, no seu art. 3º, VI, o Defensor Público-Geral da União
(leia-se Defensor Público-Geral Federal) como legitimado. CERTO

20. O instrumento de transação, mediação ou conciliação referendado pelo


Defensor Público valerá como título executivo extrajudicial, salvo quando
celebrado com a pessoa jurídica de direito público.

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 26

Ponto 4 – O Defensor Público e o instrumento de transação como título executivo extrajudicial.

Trata-se de questão resolvida com o conhecimento da LC 80/94, que, em seu art. 4º, § 4º,
dispõe que “O instrumento de transação, mediação ou conciliação referendado pelo
Defensor Público valerá como título executivo extrajudicial, inclusive quando celebrado
com a pessoa jurídica de direito público”. É fundamental conhecer amplamente a LC
80/94, sendo indicada a sua leitura por repetidas vezes. ERRADO

______________________________________

ALDO COSTA
Assessor de ministro do STF. É bacharel em direito pela USP (1999). Foi professor substituto da Faculdade
de Direito da UnB (2002-2006), conselheiro da Comissão de Anistia (2002), pesquisador visitante no Max-
Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e assessor especial do Ministro da
Justiça (2010-2011). Mediador das disciplinas de Direito Penal Militar, Processo Penal Militar, Direito
Internacional Público e Direitos Humanos

DIREITO PENAL MILITAR

21. Considere que o Izaías, soldado da Aeronáutica, tenha sido denunciado,


juntamente com um corréu, perante uma Auditoria Militar, por fatos
rigorosamente idênticos. Entretanto, ante a notícia de que o primeiro não se
encontrava em serviço no momento do crime, o Juízo declinou de sua competência
para a Justiça Comum. Com a separação de processos, foi necessário recapitular os
crimes imputados a Izaías, nos termos do Código Penal comum. Tal divergência de
capitulação de crimes gerou uma diferença grave de tratamento, advinda do fato
de o art. 213 (estupro) do Código Penal ser classificado como crime hediondo, nos
termos da Lei nº 8.072/1990, impondo a Izaías vedações que o seu corréu não terá
que enfrentar no cumprimento de sua condenação, vale dizer, a impossibilidade
de comutação da pena, indulto e graça e a necessidade do cumprimento da fração

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 27

de dois terços da pena para obtenção do livramento do condicional. Nesse caso,


por se tratar de crime militar impróprio, a diferença de tratamento legal revela
inconstitucionalidade, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, devendo ser excluídos os efeitos que a Lei nº 8.072/1990 produziu sobre
a execução da pena de Izaías, sob pena de violação do princípio da igualdade.

Ponto 1 – Aplicação da lei penal militar

- A diferença de tratamento legal entre os crimes comuns e os crimes militares, mesmo


em se tratando de crimes militares impróprios não revela inconstitucionalidade. Isto
porque as diferenças, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (HC
86.459) não são e nem podem ser consideradas privilégios.
- O tratamento diferenciado decorrente do Código Penal Comum e do Código Penal
Militar tem justificativa constitucionalmente aceitável em face das circunstâncias
peculiares relativas aos agentes e objetos jurídicos protegidos (STF RE 115.770).
- A aplicação do Código Penal Militar apenas na parte benéfica ao réu não é possível, sob
pena de se criar um tertium genus: um misto de Código Penal comum com Código Penal
Miliar, sem que nem um nem outro seja aplicado na íntegra. Nesse sentido, o Supremo
Tribunal Federal decidiu recentemente não ser possível a aplicação da causa de
diminuição do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei nº 11.343/2006, combinada com penas
previstas na Lei nº 6.368/1976, para crimes cometidos durante sua vigência (RE
600.817). Sustentou-se que embora a retroação da lei penal para favorecer o réu seja
uma garantia constitucional, a C. F. não autoriza que partes de diversas leis sejam
aplicadas separadamente em seu benefício. ERRADO.
22. O defeito do ato de incorporação exclui a aplicação da lei penal militar se
alegado ou conhecido antes da prática do crime.

Ponto 1 – Aplicação da lei penal militar

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 28

- A Lei do Serviço Militar (Lei nº 4.375/64) define a incorporação como o ato de inclusão
do convocação ou voluntário a uma organização militar da ativa das Forças Armadas
(art. 20)
- O art. 14 do CPM estabelece que “o defeito do ato de incorporação não exclui a
aplicação da lei penal militar, salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime”.
Assim, não se aproveita, entre outras, a alegação de defeito do ato de incorporação, se os
documentos do militar que alega ser arrimo de família ao ser acusado do crime de
deserção apontam o estado civil de solteiro e ele omite das autoridades militares a
convivência com companheira e filhos desta (STM AP 2006.01.050234-5).
- A jurisprudência pacífica do Superior Tribunal Militar é no sentido de que não constitui
excludente de culpa, nos delitos de deserção, meras alegações de problemas familiares
ou particulares, desacompanhadas de provas (Verbete nº 3 da Súmula). CERTO.

23. No sistema de direito penal militar o fundamento da dignidade da pessoa


humana, diferentemente do sistema de direito penal comum, tem sua
aplicabilidade condicionada e, de certa forma, mitigada, pelo fundamento da
soberania.

Ponto 1 – Aplicação da lei penal militar

- O princípio da especialidade da Legislação Penal Militar, tendo em vista que se


fundamenta na soberania do Estado Democrático de Direito, valor colocado pela
Constituição na mesma hierarquia da dignidade da pessoa humana, é por esse
inafastável. Tanto é assim que a Lei Penal Militar pune a deserção, a insubmissão, o
abandono de posto e até a conduta de dormir em serviço, citando-se apenas os crimes
propriamente militares em tempo de paz (STM AP nº 0000003-36.2005.7.05.0005).
CERTO.

24. Nos crimes de violação do dever militar, nos quais se enquadra a deserção,
somente é possível a exclusão da culpabilidade pelo reconhecimento de estado de

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 29

necessidade exculpante, uma vez que o Código Penal Militar adotou a teoria
diferenciadora.

Ponto 2 – Crime

- O estado de necessidade insere-se em um contexto de situação de perigo atual,


iminente, não provocado voluntariamente pelo sujeito ativo, no qual se admite a
violação do direito de outrem por não ser razoavelmente exigido o sacrifício próprio.
- Conforme o sistema adotado pelo Código Penal Militar, existem duas previsões
distintas para o estado de necessidade. A primeira, inserta no art. 39, afasta a
culpabilidade, enquanto a segunda exclui o delito por ausência de antijuridicidade, nos
termos do art. 42, inciso I, da aludida legislação especial. Adotou-se, assim, a teoria
diferenciadora, em que há duas espécies de estado de necessidade: o justificante e o
exculpante, opção diferente daquela feita pelo legislador penal comum (teoria unitária
ou monista), em que há somente previsão do estado de necessidade como excludente da
ilicitude (CP, art. 23). CERTO.

25. O Código Penal Militar adotou a teoria da previsibilidade na conceituação do


delito culposo que, como tal, tem como elementos a ação ou omissão voluntária, a
previsibilidade de resultado danoso, a ausência de previsão e a ocorrência de um
resultado não querido.

Ponto 2 – Crime

- No Código Penal Militar, a culpa tem conceito mais abrangente do que a ação por
imprudência, imperícia ou negligência dos postulados clássicos. Na lei penal castrense, a
raiz da culpa “stricto sensu” é a previsibilidade (art. 33, II).
- Nos termos do art. 33, II, do CPM, a culpa pode ser consciente ou inconsciente. Na
inconsciente ou comum, o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível, visto
que ele não empregou a cautela, atenção ou diligência. Na consciente o resultado é

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 30

previsto pelo sujeito, que espera levianamente que não ocorra ou que possa evita-lo. É
chamada também de culpa com previsão. A distinção tem relevância para a fixação da
pena (art. 69), onde o juiz deverá ter em conta, inclusive, o grau de culpa: (a) grave ou
lata; (b) leve; (c) levíssima (ASSIS, Jorge de Assis. Comentários ao Código Penal Militar. 7ª
edição. Curitiba: Editora Juruá, 2011, p. 99). CERTO.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

26. A alteração do art. 400 do Código de Processo Penal, trazida pela Lei nº 11.719,
de 20 junho de 2008, que passou a considerar o interrogatório como último ato da
instrução criminal, não se aplica à Justiça Militar da União.

Ponto 1 – Processo Penal Militar e sua aplicação.

- No julgamento do HC 115.698, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal


entendeu, por unanimidade, que o aludido dispositivo do Código de Processo Penal deve
prevalecer nas ações penais em trâmite perante a Justiça Militar, em detrimento do
previsto no art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69, como corolário da máxima efetividade
das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. ERRADO.

27. A qualidade de militar da ativa somente é indispensável, tecnicamente, como


condição de procedibilidade para a propositura da ação penal, assim como para o
recebimento da denúncia, nos delitos de deserção e insubmissão. Quanto aos
demais crimes propriamente militares, o legislador não estabeleceu nenhuma
condição específica de procedibilidade.

Ponto 4 - Ação penal militar e seu exercício

- O Superior Tribunal Militar entende que a qualidade de militar da ativa somente é


indispensável, tecnicamente, como condição de procedibilidade para a propositura da

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 31

ação penal, assim como para o recebimento da denúncia, nos delitos de deserção e
insubmissão. Quanto aos demais crimes propriamente militares, o legislador não
estabeleceu nenhuma condição específica de procedibilidade. Para que sejam exigíveis
as condições especiais de procedibilidade, têm elas de ter expressa previsão legal (STM
RSE nº 2003.01.007077-5).
- No tocante à natureza jurídica do crime de insubmissão, previsto no art. 183 do CPM,
há quatro orientações: 1ª) trata-se de crime acidentalmente militar (Jorge César de
Assis), “porque de mão única, ou seja: só pode ser praticado pelo civil convocado para o
serviço militar obrigatório”, 2ª) trata-se de crime propriamente militar (Jorge Alberto
Romeiro e Coimbra Neves), porque “antes de adquirir a qualidade de militar, com sua
inclusão nas Forças Armadas, não cabe ação penal contra o insubmisso”; 3ª) trata-se de
crime impropriamente militar (Célio Lobão e Ricardo Giuliani), por se praticado por civil;
4ª) trata-se de crime tipicamente militar (Cláudio Amin), pois “o sujeito será sempre um
civil, embora para responder ao processo tenha que adquirir a condição de militar”. A
posição dominante é a do Superior Tribunal Militar, que entende ser crime propriamente
militar. CERTO.

28. A legislação castrense consagra o princípio da ubiquidade, aplicando-se o


critério da prevenção para solucionar eventual conflito negativo de competência.

Ponto 8 – Competência da Justiça Militar da União

- A legislação processual militar define, em seu artigo 88, que, de regra, a competência
será determinada pelo lugar da infração. Em contrapartida, o Código Penal Militar
considera como praticado o fato no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa,
no todo ou em parte, e ainda que sob a forma de participação, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado. É a chamada teoria mista ou teoria da
ubiquidade, segundo a qual o crime será considerado cometido quer no momento da
ação ou da omissão do agente, quer no momento em que se produziu ou deveria se
produzir o resultado.

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 32

- Já na legislação penal comum, foi adotada a teoria do resultado, na qual a competência


será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumou a infração, ou no caso de
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução
- Sempre que concorrerem dois ou mais juízos igualmente competentes, observar-se-á a
regra da prevenção, aplicando-se o artigo 94 do Código de Processo Penal Militar: “a
competência firmar-se-á por prevenção sempre que, concorrendo dois ou mais juízes
igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles tiver antecedido aos
outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que
anterior ao oferecimento da denúncia”. CERTO.

DIREITOS HUMANOS

29. O catálogo de direitos civis e políticos reconhecido pela Convenção Americana


de Direitos Humanos, quando comparado com o catálogo constante de outros
instrumentos internacionais, designadamente com a Convenção Europeia de
Direitos Humanos, apresenta inovações apenas quanto aos direitos consagrados,
mas não quanto ao seu conteúdo.

Ponto 4.1 - Sistema Interamericano de direitos humanos

- O direito ao reconhecimento da personalidade (art. 3º), a proteção da honra e da


dignidade (art. 11º), o direito de ratificação ou de resposta (art. 14), o direito ao nome
(art. 18) e os direitos da criança (art. 19), recebem na CADH uma atenção muito maior
do que noutros instrumentos internacionais. Além disso, o direito à nacionalidade (art.
20º) e o direito à propriedade privada, que constam da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, e não foram depois transpostos para os instrumentos universais que
se lhe seguiram nem para a própria CEDH, são reconhecidos pela CADH (MARTINS, Ana
Maria Guerra. Direito Internacional dos Direitos Humanos. Coimbra: Almedina, 2011, p.
296).

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 33

- Quanto ao conteúdo dos direitos, também existem, na CADH, alguns aspectos que
merecem menção especial, como é o caso da proteção do direito à vida a partir do
momento da concepção (art. 4º) (MARTINS, Ana Maria Guerra. Direito Internacional dos
Direitos Humanos. Coimbra: Almedina, 2011, p. 296). ERRADO.

DIREITO HUMANOS

30. A questão da ética profissional na aplicação da lei tem recebido consideração


em diversos instrumentos regionais de direitos humanos e justiça criminal.

Ponto 2.1 - Premissas: aplicação da Lei nos Estados Democráticos; conduta ética e legal na
aplicação da Lei

- Sob os arranjos regionais existentes, somente a Assembléia Parlamentar do Conselho


da Europa elaborou um instrumento jurídico comparável ao Código de Conduta para os
Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL), adotado pela Assembleia Geral das Nações
Unidas, em sua resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979. ERRADO.
______________________________________

HENDRIKUS GARCIA
Defensor Público Federal em Cáceres/MT
Mediador das disciplinas de Direito Previdenciário, Direito Tributário e Direito Eleitoral

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

31. Embora, via de regra, a jurisprudência não admita a prova testemunhal como
único meio de prova para fins de concessão de benefício previdenciário, exigindo-
se, portanto, início de prova material, essa regra não se aplica no caso de
comprovação de união estável para fins se concessão de pensão por morte.

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 34

2.4 Orientação dos Tribunais Superiores.

Para a concessão de pensão por morte, é possível a comprovação da união estável por
meio de prova exclusivamente testemunhal. Ressalte-se, inicialmente, que a prova
testemunhal é sempre admissível caso a legislação não disponha em sentido contrário.
Ademais, a Lei 8.213/1991 somente exige prova documental quando se tratar de
comprovação do tempo de serviço. Nesse sentido é o entendimento do STJ, 3ª Seção, AR
3905, j. 26/06/2013. CERTO

32. José das Couves percebeu, por 3 meses, de forma indevida, aposentadoria por
idade. O INSS, após constatar a percepção do provento de forma indevida, poderá
inscrever o referido valor em dívida ativa.

2.4 Orientação dos Tribunais Superiores.

Conforme decidiu o STJ no REsp 1350804, j. 12/06/2013: “não é possível a inscrição em


dívida ativa de valor correspondente a benefício previdenciário indevidamente recebido
e não devolvido ao INSS. Isso porque a inscrição em dívida ativa de valor decorrente de
ilícito extracontratual deve ser fundamentada em dispositivo legal específico que a
autorize expressamente. Ocorre que, nas leis próprias do INSS (Lei 8.212/1991 e Lei
8.213/1991), não há dispositivo legal semelhante ao disposto no parágrafo único do art.
47 da Lei 8.112/1990 – o qual prevê a inscrição em dívida ativa de valores não pagos
pelo servidor público federal que tiver sido demitido, exonerado ou tiver sua
aposentadoria ou disponibilidade cassada. Se o legislador quisesse que o recebimento
indevido de benefício previdenciário ensejasse a inscrição em dívida ativa, teria previsto
expressamente na Lei 8.212/1991 ou na Lei 8.213/1991, o que não fez. Incabível, assim,
por se tratar de restrição de direitos, qualquer analogia com o que dispõe o art. 47 da Lei
8.112/1990. Isso significa que, recebido o valor a maior pelo beneficiário, a forma
prevista em lei para o INSS reavê-lo se dá através de desconto do próprio benefício a ser
pago em períodos posteriores e, nos casos de dolo, fraude ou má-fé, a lei prevê a

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 35

restituição de uma só vez (descontando-se do benefício) ou mediante acordo de


parcelamento (art. 115, II e § 1º, da Lei 8.213/1991 e art. 154, II e § 2º, do Dec.
3.048/1999). Na impossibilidade da realização desses descontos, seja porque o
beneficiário deixou de sê-lo (suspensão ou cessação), seja porque seu benefício é
insuficiente para a realização da restituição de uma só vez ou, ainda, porque a pessoa
que recebeu os valores o fez indevidamente jamais tendo sido a real beneficiária, a lei
não prevê a inscrição em dívida ativa. Nessas situações, por falta de lei específica que
determine a inscrição em dívida ativa, torna-se imperativo que seu ressarcimento seja
precedido de processo judicial para o reconhecimento do direito do INSS à repetição. De
ressaltar, ademais, que os benefícios previdenciários indevidamente recebidos,
qualificados como enriquecimento ilícito, não se enquadram no conceito de crédito
tributário ou não tributário previsto no art. 39, § 2º, da Lei 4.320/1964, a justificar sua
inscrição em dívida ativa. Sendo assim, o art. 154, § 4º, II, do Dec. 3.048/99, que
determina a inscrição em dívida ativa de benefício previdenciário pago indevidamente,
não encontra amparo legal”. ERRADO

33. Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela
MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n. 9.528/1997, no direito de revisão dos
benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo,
com o termo a quo a contar da vigência da MP.

2.3 Aplicação das normas previdenciárias. Vigência, hierarquia, interpretação e integração.

Inicialmente, o STJ tinha fixado o entendimento de que os benefícios concedidos antes


da MP n. 1.523-9/1997 não estavam sujeitos ao prazo decadencial para fins de revisão
dos benefícios concedidos, podendo, portanto, serem revistos a qualquer tempo. Assim
prevaleceu a jurisprudência por muitos anos. Contudo, o STJ no REsp 1.309.529-PR
(recurso repetitivo), julgado em 28/11/2012, alterou o entendimento estabelecendo
que incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n.
1.523-9/1997, convertida na Lei n. 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 36

concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com o termo a quo


a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n.
9.528/1997) não havia previsão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do
ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com a nova redação dada pela
referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social),
publicada em 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de
todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de
concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referida
MP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não
havendo previsão para fulminar tal direito pelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a
contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmos segurados
continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime
jurídico, isto é, com prazo de 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-
9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormente concedidos, o termo inicial
do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma
fixando o referido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial
previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é o direito de revisão dos benefícios, e não o
direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado ao
patrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou
extinção. Já o direito de revisão do benefício consiste na possibilidade de o segurado
alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direito exercitável de
natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o
direito adquirido e o ato jurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de
revisão das prestações concedidas antes da instituição do prazo decadencial. Portanto, a
lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo
decadencial deve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). CERTO

34. Aplica-se à pessoa com deficiência o fator previdenciário nas aposentadorias,


se resultar em renda mensal de valor mais elevado.

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 37

3 Regime Geral de Previdência Social.

A Lei Complementar nº 142/13 regulamentou o § 1º do art. 201 da Constituição Federal,


no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de
Previdência Social - RGPS. Assim, em seu art.9º, I, disciplinou, verbis: “Art. 9º Aplicam-se
à pessoa com deficiência de que trata esta Lei Complementar: I - o fator previdenciário
nas aposentadorias, se resultar em renda mensal de valor mais elevado;”. CERTO

DIREITO TRIBUTÁRIO

35. É possível a compensação de precatórios estaduais com dívidas oriundas de


tributos federais.

4 Crédito tributário. Conceito. Natureza. Lançamento. Revisão. Suspensão, extinção e exclusão.


Prescrição e decadência. Repetição do indébito.

Nos termos da jurisprudência do STJ (AgRg no AREsp 334227, j. 06/08/2013),


impossível a compensação de precatórios estaduais com dívidas oriundas de tributos
federais, ante a inexistência de identidade entre devedor e credor, pessoas jurídicas
manifestamente distintas. ERRADO

36. A oposição de embargos à execução fiscal depois da penhora de bens do


executado não suspende automaticamente os atos executivos, fazendo-se
necessário que o embargante demonstre a relevância de seus argumentos (“fumus
boni juris“) e que o prosseguimento da execução poderá lhe causar dano de difícil
ou de incerta reparação (“periculum in mora“).

4 Crédito tributário. Conceito. Natureza. Lançamento. Revisão. Suspensão, extinção e exclusão.


Prescrição e decadência. Repetição do indébito.

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 38

Decidiu o STJ, por meio de julgamento de Recurso Repetitivo (REsp 127827), de que a
previsão no ordenamento jurídico pátrio da regra geral de atribuição de efeito
suspensivo aos embargos do devedor somente ocorreu com o advento da Lei n. 8.953, de
13, de dezembro de 1994, que promoveu a reforma do Processo de Execução do Código
de Processo Civil de 1973 (Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - CPC/73), nele
incluindo o §1º do art. 739, e o inciso I do art. 791. Antes dessa reforma, e inclusive na
vigência do Decreto-lei n. 960, de 17 de dezembro de 1938, que disciplinava a cobrança
judicial da dívida ativa da Fazenda Pública em todo o território nacional, e do Código de
Processo Civil de 1939 (Decreto-lei n. 1.608/39), nenhuma lei previa expressamente a
atribuição, em regra, de efeitos suspensivos aos embargos do devedor, somente
admitindo-os excepcionalmente. Em razão disso, o efeito suspensivo derivava de
construção doutrinária que, posteriormente, quando suficientemente amadurecida,
culminou no projeto que foi convertido na citada Lei n. 8.953/94, conforme o evidencia
sua Exposição de Motivos - Mensagem n. 237, de 7 de maio de 1993, DOU de 12.04.1994,
Seção II, p. 1696. 3. Sendo assim, resta evidente o equívoco da premissa de que a LEF e a
Lei n. 8.212/91 adotaram a postura suspensiva dos embargos do devedor antes mesmo
de essa postura ter sido adotada expressamente pelo próprio CPC/73, com o advento da
Lei n. 8.953/94, fazendo tábula rasa da história legislativa. Desta feita, à luz de uma
interpretação histórica e dos princípios que nortearam as várias reformas nos feitos
executivos da Fazenda Pública e no próprio Código de Processo Civil de 1973, mormente
a eficácia material do feito executivo a primazia do crédito público sobre o privado e a
especialidade das execuções fiscais, é ilógico concluir que a Lei n. 6.830 de 22 de
setembro de 1980 - Lei de Execuções Fiscais - LEF e o art. 53, §4º da Lei n. 8.212, de 24
de julho de 1991, foram em algum momento ou são incompatíveis com a ausência de
efeito suspensivo aos embargos do devedor. Isto porque quanto ao regime dos
embargos do devedor invocavam - com derrogações específicas sempre no sentido de
dar maiores garantias ao crédito público - a aplicação subsidiária do disposto no CPC/73
que tinha redação dúbia a respeito, admitindo diversas interpretações doutrinárias.

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 39

Desse modo, tanto a Lei n. 6.830/80 - LEF quanto o art. 53, §4º da Lei n. 8.212/91 não
fizeram a opção por um ou outro regime, isto é, são compatíveis com a atribuição de
efeito suspensivo ou não aos embargos do devedor. Por essa razão, não se
incompatibilizam com o art. 739-A do CPC/73 (introduzido pela Lei 11.382/2006) que
condiciona a atribuição de efeitos suspensivos aos embargos do devedor ao
cumprimento de três requisitos: apresentação de garantia; verificação pelo juiz da
relevância da fundamentação (fumus boni juris) e perigo de dano irreparável ou de
difícil reparação (periculum in mora). Em atenção ao princípio da especialidade da LEF,
mantido com a reforma do CPC/73, a nova redação do art. 736, do CPC dada pela Lei n.
11.382/2006 - artigo que dispensa a garantia como condicionante dos embargos - não se
aplica às execuções fiscais diante da presença de dispositivo específico, qual seja o art.
16, §1º da Lei n. 6.830/80, que exige expressamente a garantia para a apresentação dos
embargos à execução fiscal. Muito embora por fundamentos variados - ora fazendo uso
da interpretação sistemática da LEF e do CPC/73, ora trilhando o inovador caminho da
teoria do "Diálogo das Fontes", ora utilizando-se de interpretação histórica dos
dispositivos (o que se faz agora) - essa conclusão tem sido a alcançada pela
jurisprudência predominante, conforme ressoam os seguintes precedentes de ambas as
Turmas do Superior Tribunal de Justiça. CERTO

37. A teoria das finanças públicas oferece inestimável material para o estudo da
tributação. É aquele campo do conhecimento que investigará, de um lado, a
necessidade da tributação e, de outro, seus efeitos (positivos e negativos) sobre a
economia.

4 1 O Estado e o poder de tributar.

Trata-se de posição defendida pelo Professor da USP Luiz Eduardo Schoueri para quem
a teoria das finanças públicas oferece inestimável material para o estudo da tributação. É
aquele campo do conhecimento que investigará, de um lado, a necessidade da tributação
e, de outro, seus efeitos (positivos e negativos) sobre a economia. A análise econômica

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 40

parte de um sistema utópico, em que os recursos econômicos inesgotáveis estariam à


disposição de toda a população, sempre no nível máximo almejado/desejado pelos
indivíduos. A escassez de recursos, entretanto, exige reflexão acerca de sua distribuição.
A ideia é que os recursos existentes em determinado sistema econômico devem ser
distribuídos de modo a produzir o maior bem--estar possível, ao maior número de
pessoas. Admitindo que não será viável satisfazer a todos, surge a questão de como
deverá ser rateado o sacrifício. A solução para esse dilema passa pelo binômio
eficiência/equidade. (SCHOUERI, Luiz Eduardo. Direito Tributário, Saraiva, ed. 2013, p.
36). CERTO

38. Imóvel não edificado pertencente ao Serviço Social da Indústria – SESI,


entidade de direito privado e sem fins lucrativos, está alcançado pela imunidade
tributária, encaixando-se na hipótese do art. 150, VI, c, da CF.

4.6 Sistema Tributário Nacional. Princípios gerais. Limitações do poder de tributar.

Decidiu o STF no RE 385091 que o fato de o imóvel estar vago ou sem edificação não é
suficiente, por si só, para retirar a garantia constitucional da imunidade tributária.
Asseverou-se não ser possível considerar que determinado imóvel destinar-se-ia a
finalidade diversa da exigida pelo interesse público apenas pelo fato de,
momentaneamente, estar sem edificação ou ocupação. Assinalou-se que a qualquer
momento poderia deixar sua condição de imóvel vago. CERTO

DIREITO ELEITORAL

39. É facultado ao partido ou coligação substituir candidato que for considerado


inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo do registro ou, ainda,
tiver seu registro indeferido ou cancelado. Tanto nas eleições majoritárias como
nas proporcionais, a substituição só se efetivará se o novo pedido for apresentado

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 41

até 20 (vinte) dias antes do pleito, exceto em caso de falecimento de candidato,


quando a substituição poderá ser efetivada após esse prazo.

4 6.6 Lei das Eleições (Lei nº 9.504, de 1997)

A assertiva está em conformidade com o art. 13, caput e § 3º, da Lei nº 9.504/97.
Saliente-se que o § 3º mencionado teve sua redação pela Lei nº 12.891/13 que trouxe
várias mudanças em matéria eleitoral. CERTO

40. Não constitui crime majorar os preços de utilidades e serviços necessários à


realização de eleições, tais como transporte e alimentação de eleitores,
impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral.

1 Código Eleitoral (Lei nº 4.737, de 1965, e respectivas atualizações)

Nos termos do art. 303 do Código Eleitoral, constitui crime majorar os preços de
utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais como transporte e
alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria eleitoral.
ERRADO

QUESTÕES DISSERTATIVAS

EDILSON SANTANA
DIREITO CIVIL

ENVIE A RESPOSTA PARA edilson.cursocei@gmail.com, indicando no

campo assunto “número da rodada e matéria”

Diferencie despersonalização de desconsideração da personalidade jurídica.

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 42

Máximo de 20 linhas

ALDO COSTA
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

ENVIE A RESPOSTA PARA aldocosta.cursocei@gmail.com, indicando no


campo assunto “número da rodada e matéria”

Quais são os elementos constitutivos do direito internacional do costume?

Máximo de 20 linhas

HENDRIKUS GARCIA
DIREITO PREVIDENCIÁRIO

ENVIE A RESPOSTA PARA hendrikus.cursocei@gmail.com, indicando no

campo assunto “número da rodada e matéria”

José Dirceu, exerceu atividade laborativa como gerente de hotel até julho de 2013,
percebendo o salário de R$ 20.000,00 e vertendo todas as contribuições
previdenciárias. Após a referida data, ficou desempregado, deixando, portanto, de
auferir renda. Em dezembro de 2013 José Dirceu foi preso. Os seus dependentes
terão direito ao auxílio-reclusão?

Máximo de 20 linhas

CAIO PAIVA
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA

ENVIE A RESPOSTA PARA caio.cursocei@gmail.com, indicando no campo


assunto “número da rodada e matéria”

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 43

Acerca do art. 456, § 2º, do CPP, responda objetivamente: a) A sua previsão


desprestigia a atuação da Defensoria Pública no processo penal?; b) O prazo
mínimo de dez dias deve ser contado a partir de qual momento?; c) Tratando-se
de processo complexo e, não tendo o Defensor tido tempo o suficiente para
preparar a defesa, pode haver prorrogação?

Máximo de 20 linhas

PEÇA JUDICIAL

CAIO PAIVA
DIREITO/PROCESSO PENAL

ENVIE A PEÇA PARA caio.cursocei@gmail.com, indicando no campo

assunto “número da rodada e matéria”

Antônio, morador de rua e alcoólatra, acostumado a, vez por outra, ingressar nas
dependências da Caixa Econômica Federal, cuja porta de acesso dos caixas
eletrônicos frequentemente fica apenas “encostada”, para passar a noite, foi preso
em flagrante quando, no dia 29/09/2013, embriagado, mas consciente de suas
ações, tentou subtrair alguns objetos da CEF posteriormente avaliados em R$
80,00. Remetido cópia do APF ao juiz federal da 4ª Vara Criminal de Manaus, esse
procedeu com a homologação e manteve a prisão de Antônio após verificar ser
aquele reincidente, porquanto ostentava condenação anterior pelo crime de
receptação.

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3 ª R o d a d a - P á g i n a | 44

A denúncia foi recebida. Sem condições para contratar advogado particular,


Antônio foi defendido pela DPU/Manaus, que apresentou a sua resposta à
acusação. O procedimento seguiu-se conforme estabelece o CPP, tendo Antônio
sido condenado a uma pena de quatro anos e quarenta dias-multa pela prática do
crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP),
devendo-se iniciar o cumprimento no regime semiaberto. Ressalte-se que, ao
proceder com a dosimetria da pena base, o juiz entendeu por considerar a
conduta social e a personalidade de Antônio de forma negativa, posto se tratar de
morador de rua que vive da prática de pequenos crimes. Além disso, para chegar
ao montante de pena fixado, o juiz realizou “cálculo matemático” a partir da
consideração das oito circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP. A
reincidência foi considerava como agravante na dosimetria.

A prisão preventiva de Antônio foi mantida na sentença sob o fundamento de que,


por se tratar de morador de rua, sem ocupação lícita e sem endereço, a colocação
do sentenciado em liberdade poderia trazer risco à aplicação da lei penal.

Intimada da sentença condenatória, a DPU interpôs apelação no prazo legal,


chegando os autos hoje, dia 29/01/2014, novamente nesta unidade da DPU para
que você, Defensor Público Federal, apresente as razões de apelação, o que deve
ser feito no último dia do prazo legalmente previsto.

Máximo de 200 linhas

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