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Provas de avaliação
- Ano letivo 2020/2021
- Ano letivo 2021/2022
Grupo I
(4 valores)
1. Sendo o Estado um dos intervenientes na relação jurídica, esta pode ser qualificada como uma
relação de Direito Privado.
2. A legislação extravagante, ausente do Código Civil, não deve ser considerada fonte de Direito
Civil.
3. O Código Civil português de 1966 adotou uma formulação casuística nas suas normas.
4. O rigor científico com que sempre se quis redigido o Código Civil português de 1966 levou a que,
mais tarde, se viessem a agrupar todas as cláusulas gerais no Decreto-Lei n.º 446/85, de 25 de
outubro, que regula o regime das Cláusulas Contratuais Gerais.
5. Como o Direito do Trabalho regula relações em que as partes estão em desigualdade, atendendo
às vantagens do empregador face à posição mais frágil dos empregados, deve ser considerado um
ramo de Direito Público.
6. A Teoria Geral projetada no Código Civil português de 1966 foi construída tendo como
formulação central a noção de ser humano.
7. Os «nascituros» mencionados no art. 66º, n.º 2, consistem apenas nos fetos já em gestação, pois
o Direito Civil português não aceita a figura dos simples conceturos, ou seja, dos fetos ainda por
conceber.
8. Uma pessoa coletiva, porque é uma ficção resultante de uma técnica jurídica, não detém direitos
de personalidade, pois estes apenas são próprios dos seres humanos.
9. A Teoria Geral da Relação Jurídica, ainda que profundamente desenvolvida pela doutrina, assenta
no que foi consagrado no próprio Código Civil.
10. Se uma fundação foi criada por um fundador, há que classificá-la como uma pessoa singular.
1
Grupo II
(4 valores)
4. A boa-fé subjetiva:
a) implica uma conduta a ser seguida, por cada sujeito.
b) implica sempre um estado de desconhecimento sobre os sujeitos do negócio.
c) pode corresponder a um simples estado de ignorância sobre o objeto de um negócio.
6. O direito de propriedade:
a) é um direito relativo, pois apenas vigora entre o sujeito titular do direito e a contraparte com
quem decidiu celebrar um negócio jurídico.
b) implica uma obrigação passiva universal.
c) caduca se o proprietário deixar de usar a coisa.
7. A obrigação de indemnizar:
a) pode gerar-se mesmo que não se tenha causado um dano.
b) pode extinguir-se através de uma reparação natural.
c) vale apenas para os danos patrimoniais.
1
In C. A. da Mota Pinto, Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª Ed., p. 180.
2
a) pode ser feito por via normativa, incondicionalmente.
b) é sempre feita por via normativa, ainda que condicionada, em todos os casos previstos pelo
Código Civil.
c) é sempre realizado por concessão, no caso das fundações.
Grupo III
(6 valores)
Resolva o seguinte caso prático, indicando o fundamento legal das suas respostas.
Rui é um jovem adulto, praticante de artes marciais e negacionista da existência da pandemia provocada
pelo vírus SARS-CoV-2. Intolerante para com aqueles que pensam de forma diferente de si, troca argumentos
acesos com outro jovem adulto, Manuel, através de um jornal local. Ao fim de meses de discussão nesse espaço
de imprensa, uma noite Rui depara-se com Manuel, numa rua deserta, e decide agredi-lo violentamente. Não só
provoca diversas lesões físicas em Manuel (designadamente hematomas e costelas partidas), como lhe destrói o
computador portátil que este levava consigo. Para além destas mazelas, Manuel acabará por não cumprir com
vários contratos de trabalho (perdendo os respetivos clientes), pois labora como designer freelancer e todo o seu
material encontrava-se unicamente naquele computador.
c) Suponha agora que Manuel havia contratado com Rui submeter-se àquelas agressões
(comprometendo-se a não o acusar ou responsabilizar), de modo a que ambos
beneficiassem da publicidade que o incidente desencadearia.
Poderia fazê-lo, à luz do Direito Civil?
Grupo IV
(6 valores)
Resolva o seguinte caso prático, indicando o fundamento legal das suas respostas.
a) Visto que Ângelo é maior de idade e não padece de nenhuma doença física ou
psicologicamente debilitante, poderá beneficiar de alguma intervenção judicial? E terá
Arnaldo legitimidade para atuar em tribunal, visando os interesses de Ângelo?
3
b) Sabendo que o poder-dever de educar o filho corresponde a um direito (funcional) de Ângelo,
poderá este ser limitado pelo seu cônjuge?
c) Pressupondo que as pretensões de Arnaldo são admitidas, qual o limite máximo de tempo que
Ângelo poderá ter os seus comportamentos limitados por decisão de outrem?
d) Suponha que, neste contexto, e após o facto de o procedimento ter sido devidamente
anunciado na imprensa local 6 meses antes, em 21 de abril de 2022 surgiu enfim uma decisão
judicial, na qual constava a proibição de Ângelo adquirir mais substâncias aditivas para a
prática de culturismo. Após a decisão, o fornecedor habitual do atleta, Silvestre, conseguiu
ainda assim vender a Ângelo os produtos que este desejava (mas que não podia adquirir).
Que efeito jurídico caberá a tal negócio? E se essa compra e venda tivesse ocorrido em 14 de
fevereiro de 2022?
4
Teoria Geral do Direito Civil
Solicitadoria - 1º ano – D
2.ª PROVA ESCRITA| ÉPOCA AV. PERIÓDICA
25/06/21
I [6 valores]
II [6 valores]
5
Gabriela, colecionadora de antiguidades, desejando adquirir uma antiga arca que
havia “namorado” na galeria de Hermenegildo, arqueólogo reformado, enviou-lhe uma
missiva por correio eletrónico, no dia 11/06/21, declarando estar disposta a adquirir o
móvel por 5.000€, oferta que manteria por um período de uma semana. Como tal
valor que não satisfazia Hermenegildo, este respondeu, também por correio
eletrónico, no dia 16/06/21, dizendo estar disponível para concluir o dito negócio se
em troca recebesse 7.000€. Nesse mesmo dia, Gabriela telefonou a Hermenegildo e
combinaram que, caso nada dissessem em contrário no prazo de uma semana, o
negócio estaria concluído pelo valor adiantado por Hermenegildo.
1. Analisando os factos descritos e tendo em conta o processo de formação dos
negócios jurídicos, esclareça se as partes celebraram ou não um contrato
de compra e venda e, em caso afirmativo, em que data terá ficado
concluído. (4 v.)
2. Suponha agora que, para adquirir o dito móvel, Gabriela celebrava, por
documento particular assinado pelas partes, um contrato de mútuo com uma
instituição bancária, no valor de 5.000€. Indique justificando, qual a forma
usada neste contrato e classifique-o, tendo em consideração, pelo
menos, quatro das várias classificações de negócios jurídicos que
estudou. (2 v.)
III [8 valores]
6
Teoria Geral do Direito Civil
Solicitadoria - 1º ano – D
EXAME FINAL| ÉPOCA NORMAL
25/06/21
II [6 valores]
7
José Emanuel, vocalista da banda Zé Manel e os Farilhões da Berlenga, é um amante de música.
Adora quase todos os géneros, mas em particular os acusticamente mais intensos: hard-rock, heavy-
metal, death-metal, nu-metal, thrash-metal, symphonic metal, etc. Todavia, o seu período favorito para
ouvir música, em elevados decibéis, é entre as 22h00 e as 02h00. Desde que se mudou para o novo
apartamento, há 6 meses, os seus vizinhos foram ficando paulatinamente desesperados, pois já não
conseguem descansar durante a noite.
Florbela, vizinha de José Emanuel e que habita no apartamento superior à daquele, é quem mais
sofre. Apesar de diversas tentativas de diálogo, José Emanuel mantém-se inamovível nos seus hábitos
noturnos. Com o decurso do tempo e face ao facto de viver parcialmente em privação de sono,
Florbela encontra-se já à beira da exaustão, em situação de stress contínuo e com um acréscimo
súbito de peso. Sucede que Florbela é uma instrutora profissional especializada na área de Ioga e
Terapêuticas Alternativas, atividade que não tem conseguido manter: não só tem falhado
sucessivamente com as aulas de ioga das 07h00, como tem prescrito receitas erradas nas suas
mezinhas. Já perdeu diversos clientes e prevê que, a este ritmo, certamente arruinará o seu negócio.
Florbela pretende enfim reagir judicialmente.
1. Com o devido fundamento legal e teórico, indique que direito(s) de
personalidade de Florbela foi/foram violado(s). (1,5 v.)
2. Mencione quais os meios de tutela característicos de que beneficia este regime.
(1 v.)
3. Identificando o tipo de responsabilidade civil aqui em causa, explique de que
modo deverá ser equacionada a obrigação do lesante de indemnizar a lesada.
(2,5 v.)
4. Suponha agora que Florbela, que tem duas irmãs, pretende adquirir um terreno,
propriedade da avó, para efeitos de construção da sua habitação. Terão as
partes inteira liberdade para celebrar o predito contrato de compra e venda? (1
v.)
III [7 valores]
Gastão é proprietário de um automóvel desportivo clássico de alta cilindrada, um Ford Mustang GT. É
também um grande burlão e nem sempre muito cuidadoso a esconder os seus feitos ilícitos. Donaldo,
primo de Gastão, já há muito que cobiça o Ford Mustang GT, tendo vindo a reunir documentos que
incriminam Gastão pela sua última burla. Assim que Donaldo juntou provas irrefutáveis, mostrou-as a
Gastão e ameaçou fazer uma denúncia ao Ministério Público, caso ele não lhe transferisse
gratuitamente a propriedade do automóvel. Gastão, receoso das consequências da sua conduta
criminal, submeteu-se à ameaça de Donaldo e doou-lhe o automóvel desejado. Por infeliz coincidência,
ainda antes dessa transmissão teve de assumir o incumprimento de um contrato publicitário, em que
participaria justamente com o seu Ford Mustang GT. Decorrido 1 ano, Gastão toma conhecimento
de que o respetivo crime de burla havia prescrito há 6 meses. Pretende agora invalidar o negócio que
celebrara com Donaldo.
1. Atendendo aos factos descritos, esclareça justificadamente se Gastão teria ou não
razão para ver o seu pedido proceder em tribunal, indicando quais os eventuais
efeitos jurídicos que daí podem resultar. (4 v.)
2. Suponha agora que, pouco antes de ser citado pelo tribunal, Donaldo havia por sua
vez transferido gratuitamente o automóvel a Margarida, que nada sabia do que
ocorrera entre Gastão e Donaldo. De quem seria hoje o automóvel? (2,5 v.)
3. Suponha agora que, para adquirir um outro automóvel, um Bentley S1, Gastão
celebrava, por documento particular autenticado, um contrato de mútuo com uma
instituição bancária, no valor de 60.000€. Indique, justificando, qual a forma usada
neste contrato. (0,5 v.)
8
Teoria Geral do Direito Civil
Solicitadoria - 1º ano – D
EXAME FINAL| ÉPOCA DE RECURSO
20/07/2021
I [2 valores]
Classifique (somente) as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas
(F):
11. No regime da menoridade, o sujeito incapaz de exercício de direitos carece da
autorização dos seus progenitores (ou tutores) para concluir todos os tipos de
negócios jurídicos.
12. O artigo 160º do Código Civil refere-se à capacidade de gozo de direitos.
13. Os limões são o fruto civil de um limoeiro.
14. A doação é um contrato unilateral ou não sinalagmático.
II [2 valores]
Selecione a opção correta, de modo a completar o início de cada frase:
1. O Direito Civil:
a) corresponde ao Direito Privado Comum.
b) subdivide-se em Direito Privado Geral e Direito Privado Especial.
c) regula as relações entre particulares e o Estado, provido de ius imperium.
d) já não propicia modos de integração de lacunas de Direito Comercial.
2. A responsabilidade civil:
a) exclui a responsabilidade criminal.
b) é gerada apenas perante o incumprimento de obrigações contratuais.
c) não cobre danos não patrimoniais.
d) pode derivar de uma relação jurídica pré-contratual.
3. O respeito pela autonomia da vontade dos sujeitos:
d) projeta-se de modo exemplar no instituto da responsabilidade civil.
e) tem a sua maior expressão nos contratos pertencentes ao Direito das
Obrigações.
f) tem a sua maior expressão no ramo do Direito da Família.
g) implica que o de cuius pode dar o destino que lhe apetecer à totalidade do seu
património.
4. As cláusulas contratuais gerais:
d) correspondem a formulações textuais especialmente elaboradas pela doutrina.
e) implicam que não há forma de controlar os pactos de adesão.
f) representam uma importante restrição ao princípio da liberdade contratual.
g) são elaboradas pelo aderente num pacto de adesão.
III [2 x 1,5 valores]
9
Defina e exemplifique:
a) Cláusula modal.
b) Prescrição presuntiva.
IV [6 valores]
Pedro, um jovem de 30 anos e antigo motard, foi vítima de um aparatoso
acidente rodoviário a 13 de maio, a caminho da Cova da Iria, sofrendo uma lesão que
o deixou com um défice neurológico grave, após longas semanas em recobro. Agora
que ele teve alta hospitalar, Constança, esposa de Pedro, pretende vir a auxiliá-lo
juridicamente, apresentando no tribunal de comarca de Leiria um pedido de
acompanhamento.
Sucede que, após se ter dado o anúncio do processo de acompanhamento
(mas sem se conhecer ainda a decisão judicial) e sem Constança saber, Pedro doou
a Inês um valioso anel, que havia herdado da avó quando era novo. Adicionalmente,
após a proclamação da sentença que encarregou Constança da representação geral
do esposo (que esta havia então requerido), Pedro conseguiu comprar, via online,
uma imponente motorizada Ducati. É de notar que o tribunal de Leiria havia
determinado explicitamente que quaisquer novas aquisições de natureza rodoviária
careceriam expressamente do consenso de Constança.
Constança descobriu hoje estes dois novos factos, sendo que pretende reagir
juridicamente.
1. Enquadrando teoricamente este problema nas matérias que estudou, esclareça
por que razão não tem Pedro autonomia jurídica e se Constança terá
legitimidade para ser o apoio jurídico de que ele carecerá. (2 v.)
2. Se sim, qual será o conteúdo desse mesmo apoio? E durante quanto tempo
poderá ele durar? (2 v.)
3. Poderá Constança intervir naquela doação de Pedro a Inês? E a partir de
quando? (1,25 v.)
4. E terá possibilidade de impor a sua vontade e decisão quanto à compra da
motorizada, visto que desaprova as insistências de Pedro num eventual
retorno à vida motard? (0,75 v.)
V [7 valores]
Em maio de 2020, André, que se sentia adoentado, foi informado pelo seu médico
Bernardo de que as suas análises apontavam para uma doença cancerígena já
avançada, sendo necessária uma intervenção cirúrgica urgente. No dia seguinte,
André, que não tinha outra família, convocou as suas duas primas e realizou uma
doação de dois valiosos imóveis a seu favor, explicando que era devido ao seu
complicado estado de saúde que praticava tal ato. No mês seguinte, pouco antes da
intervenção cirúrgica, André foi informado por Bernardo de que existira uma
“lamentável troca de análises” e que se encontrava plenamente são. André pretende
hoje reaver os bens que doou às primas, já que apenas havia feito a doação na
convicção de que estava em fase terminal, como, aliás, lhes tinha comunicado.
1. Procederá a pretensão de André? (4 v.)
2. Suponha agora que Bernardo, casado com Carla sem convenção antenupcial,
vendeu a Eva, por 25.000 €, pela forma legal, um terreno, que havia adquirido
ainda em solteiro, tendo Eva registado a aquisição. No entanto, Bernardo
nada disse a Carla sobre o predito negócio, com receio da sua reação. Sucede
que, com os problemas que a “pandemia” tem trazido, passados alguns dias,
Bernardo resolveu vender o mesmo terreno, por 20.000 €, a Fátima,
respeitando a forma legal, e desta vez decidiu obter a anuência de Carla, pese
10
embora Fátima não tenha ainda procedido ao registo. Eva pretende agora
saber quem é afinal o proprietário do terreno. O que lhe diria? (3 v.)
11
Teoria Geral do Direito Civil
I [6 valores]
12
II [14 valores]
André é casado com Berta, sem convenção antenupcial, desde 2002. Deste
matrimónio nasceram Carminho e David, com 9 e 16 anos, respetivamente. André
encontra-se com inúmeras dúvidas de teor jurídico, pelo que o consulta para saber
como proceder.
3. No passado dia 21/04/22, adquiriu, através do site da Worten, um computador.
Antes de concluir o negócio, passou obrigatoriamente por um link que continha
as cláusulas do contrato. Dificilmente conseguiu ler as cláusulas, na medida
em que a letra deveria ter uns 2 milímetros e André tem 7 dioptrias. Além
disso, recebeu o computador no dia 25/04/22 e este não corresponde ao que
André pretendia, pelo que pretende exercer o seu direito de arrependimento.
No entanto, percebeu agora que uma das cláusulas fixava o prazo de 7 dias
para o exercício de tal direito e não de 14 dias como julga que estabelece o DL
n.º 24/2014. Identifique o contrato celebrado, relacione-o com um dos
princípios fundamentais de Direito Civil que estudou, pronuncie-se sobre
a licitude das cláusulas descritas e, tendo em conta o conteúdo da
relação jurídica, caracterize o direito de arrependimento ou de retratação
descrito. (5,5 v.)
13
Teoria Geral do Direito Civil
I [6 valores]
14
II [14 valores]
Afonso é casado com Beatriz, sem convenção antenupcial, desde 2003. Deste
matrimónio nasceram Carolina e Dário, com 10 e 17 anos, respetivamente. Afonso
encontra-se com inúmeras dúvidas de teor jurídico, pelo que o consulta para saber
como proceder.
4. Afonso e Beatriz pretendem comprar um prédio urbano pertencente aos pais
de Beatriz. Sucede que este prédio se encontra arrendado a Esteves desde o
ano passado e, por outro lado, está onerado com uma hipoteca. Além disso,
estão a exigir – no contrato de mútuo que pretendem celebrar para realizar a
predita aquisição – juros muito acima dos permitidos pelo art. 1146.º do Código
Civil. Diga, fundamentadamente, se os sujeitos indicados poderão
celebrar livremente os referidos contratos e, por outro lado, identifique
o(s) direito(s) real(ais) presente(s) neste excerto do enunciado. (4,5 v.)
15
Teoria Geral do Direito Civil
Solicitadoria - 1º ano – D
2.ª PROVA ESCRITA| ÉPOCA AV. PERIÓDICA
25/06/22
I [3 x 2 valores]
II [4 valores]
Gabriela viu um anúncio no jornal publicitando uma quinta no Alentejo, por 250 000€.
1. Diga, justificando, se o anúncio que Gabriela viu no jornal é uma proposta
contratual. (1 v.)
2. Interessada no negócio, logo marcou a visita ao local. Ficou maravilhada com a
mobília de carvalho francês que existia na casa da quinta! No passado dia 20 de junho
celebrou a escritura de compra e venda. Ontem, ao chegar à quinta, para seu
espanto, a casa estava sem mobília e os motores elétricos dos estores da casa
também tinham sido retirados. Gabriela, furiosa, dirige-se ao vendedor exigindo a
entrega da casa tal como estava quando ela a visitou, isto é, com a mobília e os
motores. Terá razão? (3 v.)
A sociedade D. Freeze, Lda. dedica-se, desde 2015, à produção e revenda produtos alimentares
congelados. Tendo algumas dúvidas de teor jurídico sobre alguns atos praticados pelo gerente Alfredo,
o sócio Bento consulta-o(a) para saber como proceder.
1. A sociedade D. Freeze, Lda. adquiriu, no dia 29/04/22, uma máquina embaladora
usada à sociedade X, SA. No período de negociações, a D. Freeze, Lda. avançou que
“poderia comprar uma máquina usada desde que não tivesse muitos anos de
antiguidade”. Neste cenário, a sociedade X, SA. apresentou a proposta de venda de
uma máquina embaladora que dataria de 2019. Sucede que, um mês após a
celebração do negócio, a sociedade D. Freeze, Lda. apercebe-se de uma película
colada nas chapas de matrícula do equipamento e, ao retirar a película, verifica que a
máquina datava de 2009. A sociedade D. Freeze, Lda. pretende agora desfazer o
negócio. Teria sucesso? (3 v.)
2. Para preparar as negociações com uma instituição financeira, a sociedade decide
oferecer um terreno a César, gerente da predita instituição. No entanto, para
afastarem quaisquer suspeitas, decidem formalizar uma compra e venda sobre o
terreno, por documento particular autenticado datado de 13/11/20, muito embora
nunca tenha sido pago qualquer preço. Sucede que, dois meses depois, César trocou
o prédio imóvel por outro prédio de David, que sabia que o prédio pertencia
anteriormente à sociedade, mas que desconhecia os contornos do negócio anterior.
Os credores da sociedade pretendem agora reaver o prédio. Terão sucesso
quanto à sua pretensão? (5 v.)
3. Suponha agora a sociedade celebrou um contrato de seguro de acidentes de trabalho
para todos os trabalhadores. Classifique este negócio jurídico, tendo em conta
duas das várias classificações de negócios jurídicos que estudou. (1 v.)
4. Suponha ainda que a sociedade pretende exigir de Eduarda, arrendatária, o
pagamento de duas rendas de prédio que a sociedade lhe arrendou, correspondentes
aos meses de janeiro e fevereiro de 2017, que Eduarda não pagou. Eduarda recusa-
se a pagar, na medida em que entende que hoje a sociedade não tem qualquer
direito. Terá razão? (1 v.)
17
Teoria Geral do Direito Civil
Solicitadoria - 1º ano – D
EXAME FINAL| ÉPOCA NORMAL
25/06/22
I [3 x 1 valor]
Escolha, de entre as opções apresentadas, a correta:
1. Ana celebrou com o banco X um contrato cujas cláusulas, que não pode
negociar, estavam redigidas com um tamanho de letra inferior a 11 e com um
espaçamento entre linhas inferior a 1,15. Caso Ana queira impugnar o seu
contrato deverá recorrer:
a) A uma ação inibitória.
b) A uma ação de declaração de nulidade.
c) A um procedimento cautelar
2. Na responsabilidade contratual:
a) Caso o devedor cumpra a sua obrigação tardiamente, já não pode ser
sancionado por este regime, mas sim pelo da responsabilidade
extracontratual.
b) O lesado tem de provar a culpa do lesante.
c) O lesante está onerado com uma presunção de culpa.
II [7 valores]
Em 17/11/21, o Ministério Público propôs ação de acompanhamento de maior, em
benefício de Anacleto. Alegou a impossibilidade de o beneficiário cuidar de si próprio
e gerir o seu património com total autonomia, em razão de cegueira, doença renal,
obesidade e hiperuricemia, que obrigam a que o mesmo tenha de ser apoiado por
terceiros nas tarefas inerentes à gestão da sua pessoa e dos seus bens.
A sentença:
- designou como acompanhante o filho Belmiro;
- atribuiu-lhe os poderes de representação geral de bens de Anacleto (art. 145.º, n.º 2,
al. b), e n.º 4);
- atribuiu-lhe a administração total dos bens de Anacleto [art. 145.º, n.º 2, al. c)];
- dispensou a nomeação de Conselho de Família;
18
- fixou em três anos o prazo de revisão da medida aplicada.
A medida de acompanhamento foi registada no dia 30/10/21.
No dia 20/08/21, Anacleto vendeu umas ações por 5000€. Dias mais tarde, as ações
valorizaram-se 100%, em virtude de contingências próprias do mercado.
No passado dia 20/03/22, Anacleto resolveu vender
uma debulhadeira por mais 250€ do que o seu valor de mercado.
1. Belmiro, que teve conhecimento dos atos no dia em que o pai os praticou,
quer saber se hoje os pode invalidar. O que lhe diria? (4 v.)
2. Suponha agora que Belmiro viu um anúncio publicitando uma quinta no
Alentejo, por 250 000€. Interessado no negócio, logo marcou a visita ao local.
Ficou maravilhado com a mobília de carvalho francês que existia na casa da
quinta! No passado dia 20 de junho celebrou a escritura de compra e venda.
Ontem, ao chegar à quinta, para seu espanto, a casa estava sem mobília e os
motores elétricos dos estores da casa também tinham sido retirados. Belmiro,
furioso, dirige-se ao vendedor exigindo a entrega da casa tal como estava
quando ela a visitou, isto é, com a mobília e os motores. Terá razão? (3 v.)
Solicitadoria - 1º ano – D
EXAME FINAL| ÉPOCA DE RECURSO
18/07/2022
I [2 valores]
1. Distinga elemento
pessoal do elemento organizatório do substrato das pessoas coletivas.
2. Distinga, quanto
aos pressupostos e quanto aos efeitos jurídicos, a hipótese prevista no art.
68.º, n.º 3, do Código Civil do instituto da declaração de morte presumida (arts.
114º e ss. do mesmo Código).
20
8. Carlitos encontrou uma raspadinha à porta da papelaria Y. Neste caso,
estamos perante:
h) uma aquisição originária;
i) uma aquisição derivada translativa;
j) uma expectativa jurídica;
k) um ónus jurídico.
IV [5 valores]
V [5 valores]
Filipe, tendo descoberto que Gabriela estava envolvida num desfalque a uma
empresa, ameaçou-a de que revelaria toda a verdade às autoridades, exceto se ela
doasse ao seu filho, Hugo, um automóvel. Exigiu, também, que Gabriela constituísse
a seu favor, seu credor, uma hipoteca sobre o apartamento onde vivia, como garantia
do cumprimento da obrigação que os unia. Em abril de 2017, Gabriela doa a Hugo o
referido automóvel e, um mês depois, constitui, através de escritura pública, uma
hipoteca sobre o seu apartamento a favor de Filipe. O crime foi descoberto e julgado
em janeiro de 2022. Hoje, Gabriela pretende invalidar os negócios, mas Filipe opõe-
se. Quem terá razão?
Solicitadoria - 1º ano – D + PL
PROVA ESCRITA| ÉPOCA ESPECIAL
14/09/2022
I [8 valores]
II [12 valores]
22
Devido a problemas financeiros, Carla decidiu vender, há cerca de dois anos, uma
pintura a óleo que herdara – antes do casamento – de uma tia. David estava na
disposição de comprar a pintura, desde que se tratasse de uma obra de Júlio Pomar.
Carla não tinha a certeza da autenticidade da tela. Eduardo, conhecido de David e
conhecedor de arte, persuadiu-o, através da exibição de documentos, de que a
pintura era de Júlio Pomar. Tanto Carla como David ignoravam que Eduardo apenas
queria prejudicar David, tendo, para tal, forjado os documentos. Esta semana David
tomou conhecimento de que se trata de uma cópia grosseira e apercebeu-se da
falsidade dos documentos que foram exibidos.
1. Poderá reagir? O que lhe responderia? [5 v.]
2. Tendo em conta a classificação de coisas, diga, fundamentadamente, se a
tela é uma coisa fungível ou infungível. [1,5 v.]
3. Suponha ainda que Carla, desesperada com a situação financeira da família,
decide vender a Fátima, sem o conhecimento do marido Gustavo (com quem
casara sem convenção antenupcial), um prédio rústico que havia herdado em
miúda. Neste seguimento, Carla celebra com Fátima, no início do mês de
maio passado, o contrato de compra e venda, observando a forma legal
exigida. Sucede, porém, que, segundo sabe Carla, Fátima ainda não se
procedeu ao registo desta aquisição, pelo que decide, passados uns dias,
vender novamente o prédio, desta feita com o consentimento de Gustavo, a
Hugo, tendo-se procedido ao registo nesse mesmo dia. A quem pertence o
prédio? [5,5 v.]
23