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Teoria Geral do Direito Civil

1.º Ano de Solicitadoria – 2.º Semestre – 2022/2023

Provas de avaliação
- Ano letivo 2020/2021
- Ano letivo 2021/2022

Docentes: Susana Almeida e Carla Luís


Curso de Solicitadoria
1.º Ano/Diurno
Teoria Geral do Direito Civil
Primeira Prova Escrita — 20/04/2021
2º Semestre – Ano letivo 2020/2021

Duração da prova: 3h00m.


A cotação encontra-se indicada em cada exercício.
Leia atentamente o enunciado, antes de começar a responder.
Indique, claramente, todas as respostas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá conter
remissões.
Salvo indicação em contrário, todas as normas mencionadas são referentes ao Código Civil português vigente.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 20/05/21.

Grupo I
(4 valores)

Indique (somente) se as seguintes afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F):

1. Sendo o Estado um dos intervenientes na relação jurídica, esta pode ser qualificada como uma
relação de Direito Privado.

2. A legislação extravagante, ausente do Código Civil, não deve ser considerada fonte de Direito
Civil.

3. O Código Civil português de 1966 adotou uma formulação casuística nas suas normas.

4. O rigor científico com que sempre se quis redigido o Código Civil português de 1966 levou a que,
mais tarde, se viessem a agrupar todas as cláusulas gerais no Decreto-Lei n.º 446/85, de 25 de
outubro, que regula o regime das Cláusulas Contratuais Gerais.

5. Como o Direito do Trabalho regula relações em que as partes estão em desigualdade, atendendo
às vantagens do empregador face à posição mais frágil dos empregados, deve ser considerado um
ramo de Direito Público.

6. A Teoria Geral projetada no Código Civil português de 1966 foi construída tendo como
formulação central a noção de ser humano.

7. Os «nascituros» mencionados no art. 66º, n.º 2, consistem apenas nos fetos já em gestação, pois
o Direito Civil português não aceita a figura dos simples conceturos, ou seja, dos fetos ainda por
conceber.

8. Uma pessoa coletiva, porque é uma ficção resultante de uma técnica jurídica, não detém direitos
de personalidade, pois estes apenas são próprios dos seres humanos.

9. A Teoria Geral da Relação Jurídica, ainda que profundamente desenvolvida pela doutrina, assenta
no que foi consagrado no próprio Código Civil.

10. Se uma fundação foi criada por um fundador, há que classificá-la como uma pessoa singular.

1
Grupo II
(4 valores)

Selecione a hipótese correta, de modo a completar o início de cada frase:

1. A formulação «poder jurídico de livremente exigir ou pretender de outrem um comportamento


positivo ou negativo, ou poder jurídico de por um ato livre de vontade, só de per si ou integrado
por um ato de uma autoridade pública, produzir determinados efeitos jurídicos que
inevitavelmente se impõem à contraparte»1 corresponde à definição doutrinal de:
a) direito potestativo.
b) direito subjetivo em sentido amplo.
c) direito objetivo.

2. O princípio da autonomia da vontade:


a) é o objeto da relação jurídica.
b) tem como corolário a responsabilidade civil de cada um.
c) tem como corolário o princípio da liberdade contratual.

3. As cláusulas contratuais gerais, disciplinadas pelo Decreto-Lei n.º 446/85, de 25 de outubro:


a) possibilitam que os contratos de adesão respeitem sempre a liberdade de modelação de
contratos, dado que as partes podem discutir o conteúdo das cláusulas.
b) apenas podem ser controladas quando há um contrato de adesão que tenha sido
concretamente celebrado.
c) podem ser fiscalizadas preventivamente, por via de uma ação inibitória.

4. A boa-fé subjetiva:
a) implica uma conduta a ser seguida, por cada sujeito.
b) implica sempre um estado de desconhecimento sobre os sujeitos do negócio.
c) pode corresponder a um simples estado de ignorância sobre o objeto de um negócio.

5. A norma do art. 227º, n.º 1, do Código Civil:


a) recorre ao termo «boa-fé» no seu sentido subjetivo.
b) recorre ao termo «boa-fé» no seu sentido objetivo.

6. O direito de propriedade:
a) é um direito relativo, pois apenas vigora entre o sujeito titular do direito e a contraparte com
quem decidiu celebrar um negócio jurídico.
b) implica uma obrigação passiva universal.
c) caduca se o proprietário deixar de usar a coisa.

7. A obrigação de indemnizar:
a) pode gerar-se mesmo que não se tenha causado um dano.
b) pode extinguir-se através de uma reparação natural.
c) vale apenas para os danos patrimoniais.

8. Na responsabilidade por factos lícitos:


a) os factos são ilícitos inicialmente, mas, após provada a exclusão de culpa do lesante, passam a
ser qualificados como lícitos.
b) não se gera obrigação de indemnizar.
c) aceita-se o sacrifício legal de um interesse inferior para salvar um superior, ainda que com
direito a reparação.

9. O reconhecimento de pessoas coletivas, de acordo com o ordenamento jurídico português:

1
In C. A. da Mota Pinto, Teoria Geral do Direito Civil, 4.ª Ed., p. 180.
2
a) pode ser feito por via normativa, incondicionalmente.
b) é sempre feita por via normativa, ainda que condicionada, em todos os casos previstos pelo
Código Civil.
c) é sempre realizado por concessão, no caso das fundações.

10. O regime das sociedades civis:


a) é exclusivamente regulado pelo Código Civil.
b) é inteiramente regulado pelo Código das Sociedades Comerciais.
c) leva a que a sua regulação dependa da opção feita pela pessoa coletiva, pois, mantendo o
objeto civil, pode ter escolhido adotar a forma de sociedade em nome coletivo, por quotas,
anónima ou em comandita.

Grupo III
(6 valores)

Resolva o seguinte caso prático, indicando o fundamento legal das suas respostas.

Rui é um jovem adulto, praticante de artes marciais e negacionista da existência da pandemia provocada
pelo vírus SARS-CoV-2. Intolerante para com aqueles que pensam de forma diferente de si, troca argumentos
acesos com outro jovem adulto, Manuel, através de um jornal local. Ao fim de meses de discussão nesse espaço
de imprensa, uma noite Rui depara-se com Manuel, numa rua deserta, e decide agredi-lo violentamente. Não só
provoca diversas lesões físicas em Manuel (designadamente hematomas e costelas partidas), como lhe destrói o
computador portátil que este levava consigo. Para além destas mazelas, Manuel acabará por não cumprir com
vários contratos de trabalho (perdendo os respetivos clientes), pois labora como designer freelancer e todo o seu
material encontrava-se unicamente naquele computador.

a) Atendendo à esfera jurídica de Manuel, que direito(s) está(ão) em causa?

b) Que meios de proteção jurídica estão previstos para salvaguardar os interesses de


Manuel? No que toca à responsabilidade civil em causa, de que modo poderá ver-se
totalmente compensado?

c) Suponha agora que Manuel havia contratado com Rui submeter-se àquelas agressões
(comprometendo-se a não o acusar ou responsabilizar), de modo a que ambos
beneficiassem da publicidade que o incidente desencadearia.
Poderia fazê-lo, à luz do Direito Civil?

Grupo IV
(6 valores)

Resolva o seguinte caso prático, indicando o fundamento legal das suas respostas.

Ângelo é um adulto de 20 anos profundamente interessado em culturismo (body-building): não só


pratica a modalidade desde a adolescência para aumentar a sua musculatura, como desenvolveu uma notória
adição por diversas substâncias, que o ajudam a manter a massa muscular desejada. Este comportamento aditivo
(com vários efeitos secundários, desde logo instabilidade emocional) tem vindo a prejudicar seriamente os seus
relacionamentos familiares e profissionais. Entre outros episódios, Ângelo tem desbaratado não só o seu
património, como o do cônjuge, Arnaldo, de modo a adquirir as substâncias de que depende. Mais tragicamente,
tem negligenciado a educação do filho que ambos adotaram, por se encontrar obcecado com a prática daquela
modalidade.
O seu cônjuge, Arnaldo, pretende agora agir juridicamente, de modo a limitar alguns destes
comportamentos de Ângelo.

a) Visto que Ângelo é maior de idade e não padece de nenhuma doença física ou
psicologicamente debilitante, poderá beneficiar de alguma intervenção judicial? E terá
Arnaldo legitimidade para atuar em tribunal, visando os interesses de Ângelo?

3
b) Sabendo que o poder-dever de educar o filho corresponde a um direito (funcional) de Ângelo,
poderá este ser limitado pelo seu cônjuge?

c) Pressupondo que as pretensões de Arnaldo são admitidas, qual o limite máximo de tempo que
Ângelo poderá ter os seus comportamentos limitados por decisão de outrem?

d) Suponha que, neste contexto, e após o facto de o procedimento ter sido devidamente
anunciado na imprensa local 6 meses antes, em 21 de abril de 2022 surgiu enfim uma decisão
judicial, na qual constava a proibição de Ângelo adquirir mais substâncias aditivas para a
prática de culturismo. Após a decisão, o fornecedor habitual do atleta, Silvestre, conseguiu
ainda assim vender a Ângelo os produtos que este desejava (mas que não podia adquirir).
Que efeito jurídico caberá a tal negócio? E se essa compra e venda tivesse ocorrido em 14 de
fevereiro de 2022?

4
Teoria Geral do Direito Civil

ANO LETIVO 2020/2021 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D
2.ª PROVA ESCRITA| ÉPOCA AV. PERIÓDICA
25/06/21

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 15/07/21.

I [6 valores]

Responda, sucintamente, às seguintes questões:


1. Apresente um exemplo de uma benfeitoria voluptuária. (0,5 v.)
2. Indique entre as opções indicadas e sem apresentar justificação a que lhe parece
acertada (0,5 v.). Anabela interpelou Bernardo para que este lhe pague uma
dívida (art. 805.º do Código Civil). Juridicamente, este ato qualifica-se como:
a. Facto jurídico stricto sensu, facto jurídico involuntário ou facto jurídico
natural;
b. Ato jurídico stricto sensu;
c. Negócio jurídico;
d. Nenhuma das hipóteses está correta.
3. Suponha que Carlota e David apõem no contrato de casamento, mormente na
convenção antenupcial, uma cláusula que subordina os efeitos do casamento
ao respeito de fidelidade monógama do casal, ou seja, o negócio deixará de
produzir efeitos caso se verifique um ato de infidelidade de uma das partes do
contrato. Identifique e caracterize a cláusula aposta e pronuncie-se sobre a sua
licitude. (3 v.)
4. Analise as hipóteses que se seguem e indique, sem apresentar
fundamentação, se as afirmações enunciadas são verdadeiras ou falsas.
a) Eduardo e Filipa celebram entre si um negócio jurídico de locação
(arrendamento) de um imóvel (arts. 1022.º e ss. do Código Civil). Nesta
relação, o objeto (mediato) corresponde ao imóvel e o facto jurídico ao
contrato de locação (0,5 v.)
b) Juridicamente, uma parede comum grafitada pelo artista Banksy é
classificada como uma coisa infungível. (0,5 v.)
c) Se um sujeito contratar outro para caçar um unicórnio alado, o objeto
deste contrato não é idóneo, porque constituiria um negócio contra legem,
sendo por isso nulo. (0,5 v.)
d) A renúncia de um usufruto e, portanto, a sua extinção corresponde a
uma hipótese de aquisição derivada restitutiva. (0,5 v.)

II [6 valores]
5
Gabriela, colecionadora de antiguidades, desejando adquirir uma antiga arca que
havia “namorado” na galeria de Hermenegildo, arqueólogo reformado, enviou-lhe uma
missiva por correio eletrónico, no dia 11/06/21, declarando estar disposta a adquirir o
móvel por 5.000€, oferta que manteria por um período de uma semana. Como tal
valor que não satisfazia Hermenegildo, este respondeu, também por correio
eletrónico, no dia 16/06/21, dizendo estar disponível para concluir o dito negócio se
em troca recebesse 7.000€. Nesse mesmo dia, Gabriela telefonou a Hermenegildo e
combinaram que, caso nada dissessem em contrário no prazo de uma semana, o
negócio estaria concluído pelo valor adiantado por Hermenegildo.
1. Analisando os factos descritos e tendo em conta o processo de formação dos
negócios jurídicos, esclareça se as partes celebraram ou não um contrato
de compra e venda e, em caso afirmativo, em que data terá ficado
concluído. (4 v.)
2. Suponha agora que, para adquirir o dito móvel, Gabriela celebrava, por
documento particular assinado pelas partes, um contrato de mútuo com uma
instituição bancária, no valor de 5.000€. Indique justificando, qual a forma
usada neste contrato e classifique-o, tendo em consideração, pelo
menos, quatro das várias classificações de negócios jurídicos que
estudou. (2 v.)

III [8 valores]

Gastão é proprietário de um automóvel desportivo clássico de alta cilindrada, um Ford


Mustang GT. É também um grande burlão e nem sempre muito cuidadoso a esconder
os seus feitos ilícitos. Donaldo, primo de Gastão, já há muito que cobiça o Ford
Mustang GT, tendo vindo a reunir documentos que incriminam Gastão pela sua última
burla. Assim que Donaldo juntou provas irrefutáveis, mostrou-as a Gastão e ameaçou
fazer uma denúncia ao Ministério Público, caso ele não lhe transferisse gratuitamente
a propriedade do automóvel. Gastão, receoso das consequências da sua conduta
criminal, submeteu-se à ameaça de Donaldo e doou-lhe o automóvel desejado. Por
infeliz coincidência, ainda antes dessa transmissão teve de assumir o incumprimento
de um contrato publicitário, em que participaria justamente com o seu Ford Mustang
GT. Decorrido 1 ano, Gastão toma conhecimento de que o respetivo crime de burla
havia prescrito há 6 meses. Pretende agora invalidar o negócio que celebrara com
Donaldo.
1. Atendendo aos factos descritos, esclareça justificadamente se Gastão teria
ou não razão para ver o seu pedido proceder em tribunal, indicando quais
os eventuais efeitos jurídicos que daí podem resultar. (4 v.)
2. Suponha agora que, pouco antes de ser citado pelo tribunal, Donaldo havia por
sua vez transferido gratuitamente o automóvel a Margarida, que nada sabia do
que ocorrera entre Gastão e Donaldo. De quem seria hoje o automóvel? (2,5
v.)
3. Suponha ainda que Gastão, em virtude de se ausentar para o estrangeiro,
havia deixado, como sua procuradora, Matilda, para que esta vendesse o seu
Bentley S1 por, no mínimo, 70.000€. Matilda, apaixonada desde sempre por tal
automóvel, decide comprá-lo por 70.001€. Gastão regressou esta semana e
pretende saber se está vinculado ao negócio celebrado. O que lhe diria? (1,5
v.)

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Teoria Geral do Direito Civil

ANO LETIVO 2020/2021 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D
EXAME FINAL| ÉPOCA NORMAL
25/06/21

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 15/07/21.
I [7 valores]
Responda, sucintamente, às seguintes questões:
1. Apresente um exemplo de uma benfeitoria útil. (0,5 v.)
2. Indique entre as opções indicadas e sem apresentar justificação a que lhe parece
acertada (0,5 v.). Anabela interpelou Bernardo para que este lhe pague uma dívida
(art. 805.º do Código Civil). Juridicamente, este ato qualifica-se como:
a) Facto jurídico stricto sensu, facto jurídico involuntário ou facto jurídico natural;
b) Ato jurídico stricto sensu;
c) Negócio jurídico;
d) Nenhuma das hipóteses está correta.
3. Suponha que Carlota e David apõem no contrato de casamento, mormente na
convenção antenupcial, uma cláusula que subordina os efeitos do casamento ao
respeito de fidelidade monógama do casal, ou seja, o negócio deixará de produzir
efeitos caso se verifique um ato de infidelidade de uma das partes do contrato.
Identifique e caracterize a cláusula aposta e pronuncie-se sobre a sua licitude. (3 v.)
4. Analise as hipóteses que se seguem e indique, sem apresentar fundamentação, se as
afirmações enunciadas são verdadeiras ou falsas.
a) Se um sujeito contratar outro para caçar um unicórnio alado, o objeto deste
contrato não é idóneo, porque constituiria um negócio contra legem, sendo por
isso nulo. (0,5 v.)
b) Um menor de 15 anos padece sempre de incapacidade de gozo de direitos
para celebrar um contrato de casamento. (0,5 v.)
c) Se um sujeito maior de idade manifestar já alguma incapacidade de
entendimento e celebrar um negócio jurídico, e não tendo ainda sido
publicitado o início de um processo judicial a requerer o regime de maior
acompanhado, não há modo de anular tal contrato. (0,5 v.)
d) No regime jurídico da ausência, a curadoria definitiva só pode ser requerida
depois de se estabelecer uma curadoria provisória. (0,5 v.)
e) Relativamente à capacidade de gozo das pessoas coletivas e ao respetivo
princípio da especialidade do fim, uma sociedade civil (que por natureza tem
um fim lucrativo) que celebre um negócio de doação irá em princípio incorrer
numa falha conducente à nulidade do negócio. (0,5 v.)
f) No que toca à responsabilidade civil extracontratual das pessoas coletivas,
estas, enquanto comitentes, respondem sempre pelos danos causados pelos
seus comissários durante o seu horário de trabalho, mesmo quando estes não
estejam a desempenhar a função que lhes foi confiada. (0,5 v.)

II [6 valores]

7
José Emanuel, vocalista da banda Zé Manel e os Farilhões da Berlenga, é um amante de música.
Adora quase todos os géneros, mas em particular os acusticamente mais intensos: hard-rock, heavy-
metal, death-metal, nu-metal, thrash-metal, symphonic metal, etc. Todavia, o seu período favorito para
ouvir música, em elevados decibéis, é entre as 22h00 e as 02h00. Desde que se mudou para o novo
apartamento, há 6 meses, os seus vizinhos foram ficando paulatinamente desesperados, pois já não
conseguem descansar durante a noite.
Florbela, vizinha de José Emanuel e que habita no apartamento superior à daquele, é quem mais
sofre. Apesar de diversas tentativas de diálogo, José Emanuel mantém-se inamovível nos seus hábitos
noturnos. Com o decurso do tempo e face ao facto de viver parcialmente em privação de sono,
Florbela encontra-se já à beira da exaustão, em situação de stress contínuo e com um acréscimo
súbito de peso. Sucede que Florbela é uma instrutora profissional especializada na área de Ioga e
Terapêuticas Alternativas, atividade que não tem conseguido manter: não só tem falhado
sucessivamente com as aulas de ioga das 07h00, como tem prescrito receitas erradas nas suas
mezinhas. Já perdeu diversos clientes e prevê que, a este ritmo, certamente arruinará o seu negócio.
Florbela pretende enfim reagir judicialmente.
1. Com o devido fundamento legal e teórico, indique que direito(s) de
personalidade de Florbela foi/foram violado(s). (1,5 v.)
2. Mencione quais os meios de tutela característicos de que beneficia este regime.
(1 v.)
3. Identificando o tipo de responsabilidade civil aqui em causa, explique de que
modo deverá ser equacionada a obrigação do lesante de indemnizar a lesada.
(2,5 v.)
4. Suponha agora que Florbela, que tem duas irmãs, pretende adquirir um terreno,
propriedade da avó, para efeitos de construção da sua habitação. Terão as
partes inteira liberdade para celebrar o predito contrato de compra e venda? (1
v.)
III [7 valores]
Gastão é proprietário de um automóvel desportivo clássico de alta cilindrada, um Ford Mustang GT. É
também um grande burlão e nem sempre muito cuidadoso a esconder os seus feitos ilícitos. Donaldo,
primo de Gastão, já há muito que cobiça o Ford Mustang GT, tendo vindo a reunir documentos que
incriminam Gastão pela sua última burla. Assim que Donaldo juntou provas irrefutáveis, mostrou-as a
Gastão e ameaçou fazer uma denúncia ao Ministério Público, caso ele não lhe transferisse
gratuitamente a propriedade do automóvel. Gastão, receoso das consequências da sua conduta
criminal, submeteu-se à ameaça de Donaldo e doou-lhe o automóvel desejado. Por infeliz coincidência,
ainda antes dessa transmissão teve de assumir o incumprimento de um contrato publicitário, em que
participaria justamente com o seu Ford Mustang GT. Decorrido 1 ano, Gastão toma conhecimento
de que o respetivo crime de burla havia prescrito há 6 meses. Pretende agora invalidar o negócio que
celebrara com Donaldo.
1. Atendendo aos factos descritos, esclareça justificadamente se Gastão teria ou não
razão para ver o seu pedido proceder em tribunal, indicando quais os eventuais
efeitos jurídicos que daí podem resultar. (4 v.)
2. Suponha agora que, pouco antes de ser citado pelo tribunal, Donaldo havia por sua
vez transferido gratuitamente o automóvel a Margarida, que nada sabia do que
ocorrera entre Gastão e Donaldo. De quem seria hoje o automóvel? (2,5 v.)
3. Suponha agora que, para adquirir um outro automóvel, um Bentley S1, Gastão
celebrava, por documento particular autenticado, um contrato de mútuo com uma
instituição bancária, no valor de 60.000€. Indique, justificando, qual a forma usada
neste contrato. (0,5 v.)

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Teoria Geral do Direito Civil

ANO LETIVO 2020/2021 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D
EXAME FINAL| ÉPOCA DE RECURSO
20/07/2021

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 29/07/21.

I [2 valores]
Classifique (somente) as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas
(F):
11. No regime da menoridade, o sujeito incapaz de exercício de direitos carece da
autorização dos seus progenitores (ou tutores) para concluir todos os tipos de
negócios jurídicos.
12. O artigo 160º do Código Civil refere-se à capacidade de gozo de direitos.
13. Os limões são o fruto civil de um limoeiro.
14. A doação é um contrato unilateral ou não sinalagmático.

II [2 valores]
Selecione a opção correta, de modo a completar o início de cada frase:
1. O Direito Civil:
a) corresponde ao Direito Privado Comum.
b) subdivide-se em Direito Privado Geral e Direito Privado Especial.
c) regula as relações entre particulares e o Estado, provido de ius imperium.
d) já não propicia modos de integração de lacunas de Direito Comercial.
2. A responsabilidade civil:
a) exclui a responsabilidade criminal.
b) é gerada apenas perante o incumprimento de obrigações contratuais.
c) não cobre danos não patrimoniais.
d) pode derivar de uma relação jurídica pré-contratual.
3. O respeito pela autonomia da vontade dos sujeitos:
d) projeta-se de modo exemplar no instituto da responsabilidade civil.
e) tem a sua maior expressão nos contratos pertencentes ao Direito das
Obrigações.
f) tem a sua maior expressão no ramo do Direito da Família.
g) implica que o de cuius pode dar o destino que lhe apetecer à totalidade do seu
património.
4. As cláusulas contratuais gerais:
d) correspondem a formulações textuais especialmente elaboradas pela doutrina.
e) implicam que não há forma de controlar os pactos de adesão.
f) representam uma importante restrição ao princípio da liberdade contratual.
g) são elaboradas pelo aderente num pacto de adesão.
III [2 x 1,5 valores]
9
Defina e exemplifique:
a) Cláusula modal.
b) Prescrição presuntiva.
IV [6 valores]
Pedro, um jovem de 30 anos e antigo motard, foi vítima de um aparatoso
acidente rodoviário a 13 de maio, a caminho da Cova da Iria, sofrendo uma lesão que
o deixou com um défice neurológico grave, após longas semanas em recobro. Agora
que ele teve alta hospitalar, Constança, esposa de Pedro, pretende vir a auxiliá-lo
juridicamente, apresentando no tribunal de comarca de Leiria um pedido de
acompanhamento.
Sucede que, após se ter dado o anúncio do processo de acompanhamento
(mas sem se conhecer ainda a decisão judicial) e sem Constança saber, Pedro doou
a Inês um valioso anel, que havia herdado da avó quando era novo. Adicionalmente,
após a proclamação da sentença que encarregou Constança da representação geral
do esposo (que esta havia então requerido), Pedro conseguiu comprar, via online,
uma imponente motorizada Ducati. É de notar que o tribunal de Leiria havia
determinado explicitamente que quaisquer novas aquisições de natureza rodoviária
careceriam expressamente do consenso de Constança.
Constança descobriu hoje estes dois novos factos, sendo que pretende reagir
juridicamente.
1. Enquadrando teoricamente este problema nas matérias que estudou, esclareça
por que razão não tem Pedro autonomia jurídica e se Constança terá
legitimidade para ser o apoio jurídico de que ele carecerá. (2 v.)
2. Se sim, qual será o conteúdo desse mesmo apoio? E durante quanto tempo
poderá ele durar? (2 v.)
3. Poderá Constança intervir naquela doação de Pedro a Inês? E a partir de
quando? (1,25 v.)
4. E terá possibilidade de impor a sua vontade e decisão quanto à compra da
motorizada, visto que desaprova as insistências de Pedro num eventual
retorno à vida motard? (0,75 v.)

V [7 valores]
Em maio de 2020, André, que se sentia adoentado, foi informado pelo seu médico
Bernardo de que as suas análises apontavam para uma doença cancerígena já
avançada, sendo necessária uma intervenção cirúrgica urgente. No dia seguinte,
André, que não tinha outra família, convocou as suas duas primas e realizou uma
doação de dois valiosos imóveis a seu favor, explicando que era devido ao seu
complicado estado de saúde que praticava tal ato. No mês seguinte, pouco antes da
intervenção cirúrgica, André foi informado por Bernardo de que existira uma
“lamentável troca de análises” e que se encontrava plenamente são. André pretende
hoje reaver os bens que doou às primas, já que apenas havia feito a doação na
convicção de que estava em fase terminal, como, aliás, lhes tinha comunicado.
1. Procederá a pretensão de André? (4 v.)
2. Suponha agora que Bernardo, casado com Carla sem convenção antenupcial,
vendeu a Eva, por 25.000 €, pela forma legal, um terreno, que havia adquirido
ainda em solteiro, tendo Eva registado a aquisição. No entanto, Bernardo
nada disse a Carla sobre o predito negócio, com receio da sua reação. Sucede
que, com os problemas que a “pandemia” tem trazido, passados alguns dias,
Bernardo resolveu vender o mesmo terreno, por 20.000 €, a Fátima,
respeitando a forma legal, e desta vez decidiu obter a anuência de Carla, pese
10
embora Fátima não tenha ainda procedido ao registo. Eva pretende agora
saber quem é afinal o proprietário do terreno. O que lhe diria? (3 v.)

11
Teoria Geral do Direito Civil

ANO LETIVO 2021/2022 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D (TP2)


1.ª PROVA ESCRITA| ÉPOCA AV. PERIÓDICA
11/05/22

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 11/06/22.

I [6 valores]

Responda, sucintamente, às seguintes questões:


5. Diga o que entende por conceturo e apresente um dos exemplos da proteção
que o legislador civilista lhe concede. (1 v.)
6. Diga o que entende por boa fé objetiva e, nesse seguimento, indique entre as
opções indicadas a que lhe parece acertada (2,5 v.). A boa fé objetiva:
a. corresponde a um estado de ignorância dos sujeitos sobre o objeto dos
negócios;
b. corresponde a um estado de ignorância desculpável, como o previsto no
art. 291º, n.º 3, do Código Civil (Inoponibilidade da nulidade e da
anulação);
c. corresponde a um modo de atuação dito de “boa fé” e a atuação
desconforme com este padrão vigente de decência da ação poderá
gerar, por exemplo, responsabilidade pré-contratual (art. 227.º do
Código Civil);
d. Nenhuma das hipóteses está correta.
7. Analise as hipóteses que se seguem e indique, sem apresentar
fundamentação, se as afirmações enunciadas são verdadeiras ou falsas.
e) O facto de o Estado ser um dos intervenientes na relação jurídica não
impede, por si só, que a relação jurídica seja qualificada como uma
relação de Direito Privado. (0,5 v.)
f) A liberdade de expressão e de informação, porque prevista no art. 37.º
da Constituição da República Portuguesa, impõe-se sobre a liberdade
contratual positivada no art. 405.º do Código Civil a tal ponto que não se
gera responsabilidade indemnizatória caso uma das partes se descuide
dos seus deveres de confidencialidade numa fase pré-contratual da
relação jurídica. (0,5 v.)
g) Num acidente de viação, não se apurando a culpa do condutor, vigora o
regime da responsabilidade por factos ilícitos. (0,5 v.)
h) Ao direito à integridade física corresponde, do lado passivo da relação
jurídica, uma obrigação passiva universal. (0,5 v.)
i) A, casado com B, irmã de C, casada com D, é afim em D. (0,5 v.)

12
II [14 valores]
André é casado com Berta, sem convenção antenupcial, desde 2002. Deste
matrimónio nasceram Carminho e David, com 9 e 16 anos, respetivamente. André
encontra-se com inúmeras dúvidas de teor jurídico, pelo que o consulta para saber
como proceder.
3. No passado dia 21/04/22, adquiriu, através do site da Worten, um computador.
Antes de concluir o negócio, passou obrigatoriamente por um link que continha
as cláusulas do contrato. Dificilmente conseguiu ler as cláusulas, na medida
em que a letra deveria ter uns 2 milímetros e André tem 7 dioptrias. Além
disso, recebeu o computador no dia 25/04/22 e este não corresponde ao que
André pretendia, pelo que pretende exercer o seu direito de arrependimento.
No entanto, percebeu agora que uma das cláusulas fixava o prazo de 7 dias
para o exercício de tal direito e não de 14 dias como julga que estabelece o DL
n.º 24/2014. Identifique o contrato celebrado, relacione-o com um dos
princípios fundamentais de Direito Civil que estudou, pronuncie-se sobre
a licitude das cláusulas descritas e, tendo em conta o conteúdo da
relação jurídica, caracterize o direito de arrependimento ou de retratação
descrito. (5,5 v.)

4. Suponha agora que Carminho é uma “mini-influencer” de sucesso e, por este


motivo, a revista “Sábado” propôs a André e Berta a realização de uma
entrevista e de uma sessão fotográfica com Carminho. Apesar de conscientes
da exposição diária da filha, consideram que a publicação desta peça poderá
ser prejudicial para Carminho, pelo que, arrependidos, pretendem fazer cessar
o contrato que celebraram, ainda que a sessão esteja já agendada para
amanhã e despesas já tenham sido realizadas para preparação da sessão. Por
outro lado, em virtude de problemas de saúde graves, David precisa de uma
transfusão de medula óssea e Carminho é compatível. Diga,
fundamentadamente, se André e Berta poderão fazer cessar o contrato e
em que termos e, por outro lado, esclareça-os sobre a possibilidade de
Carminho ser dadora. (4,5 v.)

5. David também é um rapaz muito bem-apessoado e tem tido grande sucesso


como modelo (além do sucesso entre as miúdas). André tem dúvidas quanto
aos seguintes atos praticados por David e dos quais apenas hoje teve
conhecimento: i) adquiriu, no mês passado, um smartphone no valor de 1000€
com as poupanças que foi fazendo como modelo; ii) perfilhou, ontem, Elsa; iii)
vendeu, ainda em abril do ano passado, um automóvel de coleção que herdou
do avô, muito embora, segundo soube, o preço não tenha sido pago até à
data. Além disso, André e Berta, para fazerem face às despesas com a saúde
de David, venderam um terreno rústico que David havia igualmente herdado do
avô. Aconselhe André sobre a licitude dos atos praticados. (5 v.)

13
Teoria Geral do Direito Civil

ANO LETIVO 2021/2022 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D (TP1)


1.ª PROVA ESCRITA| ÉPOCA AV. PERIÓDICA
11/05/22

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 11/06/22.

I [6 valores]

Responda, sucintamente, às seguintes questões:


1. Diga o que entende por nascituro stricto sensu e apresente um dos exemplos
da proteção que o legislador civilista lhe concede. (1 v.)
2. Diga o que entende por boa fé subjetiva e, nesse seguimento, indique entre as
opções indicadas a que lhe parece acertada (2,5 v.). A boa fé subjetiva:
a) corresponde a critérios de atuação honesta ou honrada, como padrão
jurídico;
b) corresponde a um estado conhecimento ou desconhecimento de estar a
lesar interesses de outrem ou a um estado de ignorância desculpável,
como o previsto no art. 291.º, n.º 3, do Código Civil (Inoponibilidade da
nulidade e da anulação);
c) corresponde a um requisito exigido pelo legislador, como por exemplo
para a responsabilidade pré-contratual (art. 227º do Código Civil);
d) Nenhuma das hipóteses está correta.
3. Analise as hipóteses que se seguem e indique, sem apresentar
fundamentação, se as afirmações enunciadas são verdadeiras ou falsas.
a) Sendo o Estado um dos intervenientes na relação jurídica, esta não
pode ser qualificada como uma relação de Direito Privado. (0,5 v.)
b) O princípio da igualdade consagrado no art. 13.º da Constituição da
República Portuguesa impõe-se sobre a liberdade contratual positivada
no art. 405.º do Código Civil, sempre que ofenda direitos de
personalidade de outrem e se funde numa das razões enunciadas no
citado preceito constitucional. (0,5 v.)
c) Caso alguém atue ao abrigo do estado de necessidade e dessa atuação
resultem danos, existirá a obrigação de indemnizar, em virtude de
estarmos perante a responsabilidade pelo risco. (0,5 v.)
d) O contrato de compra e venda de um smartphone no site da Fnac dá
origem a uma relação jurídica complexa. (0,5 v.)
e) A, casado com B, filho de C, divorciou-se de B e pretende agora casar
com C. No entanto, não pode, em virtude de ser seu afim e ter um
impedimento dirimente relativo para casar. (0,5 v.)

14
II [14 valores]
Afonso é casado com Beatriz, sem convenção antenupcial, desde 2003. Deste
matrimónio nasceram Carolina e Dário, com 10 e 17 anos, respetivamente. Afonso
encontra-se com inúmeras dúvidas de teor jurídico, pelo que o consulta para saber
como proceder.
4. Afonso e Beatriz pretendem comprar um prédio urbano pertencente aos pais
de Beatriz. Sucede que este prédio se encontra arrendado a Esteves desde o
ano passado e, por outro lado, está onerado com uma hipoteca. Além disso,
estão a exigir – no contrato de mútuo que pretendem celebrar para realizar a
predita aquisição – juros muito acima dos permitidos pelo art. 1146.º do Código
Civil. Diga, fundamentadamente, se os sujeitos indicados poderão
celebrar livremente os referidos contratos e, por outro lado, identifique
o(s) direito(s) real(ais) presente(s) neste excerto do enunciado. (4,5 v.)

5. Suponha agora que Carolina é uma “mini-influencer” de sucesso e, por este


motivo, a revista “Sábado” propôs a Afonso e Beatriz a realização de uma
entrevista e de uma sessão fotográfica com Carolina. Apesar de conscientes
da exposição diária da filha, consideram que a publicação desta peça poderá
ser prejudicial para Carolina, pelo que, arrependidos, pretendem fazer cessar o
contrato que celebraram, ainda que a sessão esteja já agendada para amanhã
e despesas já tenham sido realizadas para preparação da sessão. Por outro
lado, em virtude de problemas de saúde graves, Dário precisa do transplante
de um rim e Carolina é compatível. Diga, fundamentadamente, se Afonso e
Beatriz poderão fazer cessar o contrato e em que termos e, por outro
lado, esclareça-os sobre a possibilidade de Carolina ser dadora. (4,5 v.)

6. Dário é um rapaz muito bem-apessoado e tem tido grande sucesso como


modelo (além do sucesso entre as miúdas). Afonso tem dúvidas quanto aos
seguintes atos praticados por Dário e dos quais apenas hoje teve
conhecimento: i) adquiriu, na semana passada, um fio numa conhecida loja de
bijuteria como prenda de aniversário da namorada; ii) com dúvidas sobre a sua
linha da vida, encetou diligências para realizar um testamento; iii) vendeu, em
abril do ano passado, um automóvel de coleção que herdou do avô materno.
Além disso, Afonso e Beatriz, para fazerem face às despesas com a saúde de
Dário, contraíram um empréstimo em seu nome. Aconselhe Afonso sobre a
licitude dos atos praticados. (5 v.)

15
Teoria Geral do Direito Civil

ANO LETIVO 2021/2022 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D
2.ª PROVA ESCRITA| ÉPOCA AV. PERIÓDICA
25/06/22

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 12/07/22.

I [3 x 2 valores]

Escolha, de entre as opções apresentadas, a correta:


1. No dia 25 de junho de 2020, Anastácio, de 76 anos, desapareceu, nada se sabendo
dele desde então. Apesar de ter deixado como seu procurador Bento, como é
proprietário de uma herdade, no Algarve, e de outros bens que necessitam de
administração, a família quer saber o que pode fazer, hoje. Neste caso, devem
requerer:
a) A curadoria provisória;
b) A curadoria definitiva;
c) Tem-se por falecido, nos termos do art. 68.º, n.º 3, do CC.
d) Nenhuma das anteriores.
2. Daniel vende a Eduarda, por escritura pública de março de 2022, um terreno de
cultivo. Eduarda, agricultora pouco versada em assuntos jurídicos, não procede ao
registo da aquisição. Dois meses depois, Daniel, também por escritura pública, doa à
sua sobrinha Fabiana o mesmo terreno. Fabiana, que é estudante de Solicitadoria e
que foi informada pelo tio da prévia venda a Eduarda e do facto de esta não haver
registado, apressa-se a efetuar o registo da aquisição. A quem pertence hoje o
terreno?
a) A Daniel, pois ambos os negócios efetuados sobre o terreno são inválidos.
b) A Eduarda, pois a sua aquisição é válida e eficaz perante todos e Fabiana está
de má fé.
c) A Fabiana, pois esta procedeu ao registo da aquisição.
d) Nenhuma das anteriores.
3. Duas sociedades comerciais andam em negociações, por carta, para a venda de certo
equipamento industrial. Em determinada altura a vendedora escreve à compradora
dizendo que “o último preço” do equipamento é de 75 mil euros, e que, “se a
compradora nada responder no prazo de 15 dias”, considerará o “negócio fechado” e
remeterá o material por via férrea. A compradora nada respondeu quanto à aceitação
ou não daquele preço. Na verdade, limitou-se a pedir à vendedora instruções técnicas
sobre a utilização do equipamento para perceber o seu funcionamento. Decorrido um
mês, a CP avisa a sociedade compradora no sentido de levantar o material. Mas esta
16
recusa-se a fazê-lo, enquanto a vendedora exige o pagamento do preço. Tendo em
conta o regime legal da formação do contrato, quem tem razão?
a) A vendedora, pois houve acordo quanto ao valor da ausência de resposta, pelo
que o negócio se concluiu.
b) A compradora, pois o contrato não se concluiu.
c) A compradora, pois o contrato não é válido.
d) A vendedora, porquanto o pedido de instruções corresponde a uma declaração
tácita de aceitação.

II [4 valores]

Gabriela viu um anúncio no jornal publicitando uma quinta no Alentejo, por 250 000€.
1. Diga, justificando, se o anúncio que Gabriela viu no jornal é uma proposta
contratual. (1 v.)
2. Interessada no negócio, logo marcou a visita ao local. Ficou maravilhada com a
mobília de carvalho francês que existia na casa da quinta! No passado dia 20 de junho
celebrou a escritura de compra e venda. Ontem, ao chegar à quinta, para seu
espanto, a casa estava sem mobília e os motores elétricos dos estores da casa
também tinham sido retirados. Gabriela, furiosa, dirige-se ao vendedor exigindo a
entrega da casa tal como estava quando ela a visitou, isto é, com a mobília e os
motores. Terá razão? (3 v.)

III [10 valores]

A sociedade D. Freeze, Lda. dedica-se, desde 2015, à produção e revenda produtos alimentares
congelados. Tendo algumas dúvidas de teor jurídico sobre alguns atos praticados pelo gerente Alfredo,
o sócio Bento consulta-o(a) para saber como proceder.
1. A sociedade D. Freeze, Lda. adquiriu, no dia 29/04/22, uma máquina embaladora
usada à sociedade X, SA. No período de negociações, a D. Freeze, Lda. avançou que
“poderia comprar uma máquina usada desde que não tivesse muitos anos de
antiguidade”. Neste cenário, a sociedade X, SA. apresentou a proposta de venda de
uma máquina embaladora que dataria de 2019. Sucede que, um mês após a
celebração do negócio, a sociedade D. Freeze, Lda. apercebe-se de uma película
colada nas chapas de matrícula do equipamento e, ao retirar a película, verifica que a
máquina datava de 2009. A sociedade D. Freeze, Lda. pretende agora desfazer o
negócio. Teria sucesso? (3 v.)
2. Para preparar as negociações com uma instituição financeira, a sociedade decide
oferecer um terreno a César, gerente da predita instituição. No entanto, para
afastarem quaisquer suspeitas, decidem formalizar uma compra e venda sobre o
terreno, por documento particular autenticado datado de 13/11/20, muito embora
nunca tenha sido pago qualquer preço. Sucede que, dois meses depois, César trocou
o prédio imóvel por outro prédio de David, que sabia que o prédio pertencia
anteriormente à sociedade, mas que desconhecia os contornos do negócio anterior.
Os credores da sociedade pretendem agora reaver o prédio. Terão sucesso
quanto à sua pretensão? (5 v.)
3. Suponha agora a sociedade celebrou um contrato de seguro de acidentes de trabalho
para todos os trabalhadores. Classifique este negócio jurídico, tendo em conta
duas das várias classificações de negócios jurídicos que estudou. (1 v.)
4. Suponha ainda que a sociedade pretende exigir de Eduarda, arrendatária, o
pagamento de duas rendas de prédio que a sociedade lhe arrendou, correspondentes
aos meses de janeiro e fevereiro de 2017, que Eduarda não pagou. Eduarda recusa-
se a pagar, na medida em que entende que hoje a sociedade não tem qualquer
direito. Terá razão? (1 v.)

17
Teoria Geral do Direito Civil

ANO LETIVO 2021/2022 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D
EXAME FINAL| ÉPOCA NORMAL
25/06/22

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 12/07/22.

I [3 x 1 valor]
Escolha, de entre as opções apresentadas, a correta:

1. Ana celebrou com o banco X um contrato cujas cláusulas, que não pode
negociar, estavam redigidas com um tamanho de letra inferior a 11 e com um
espaçamento entre linhas inferior a 1,15. Caso Ana queira impugnar o seu
contrato deverá recorrer:
a) A uma ação inibitória.
b) A uma ação de declaração de nulidade.
c) A um procedimento cautelar

2. Na responsabilidade contratual:
a) Caso o devedor cumpra a sua obrigação tardiamente, já não pode ser
sancionado por este regime, mas sim pelo da responsabilidade
extracontratual.
b) O lesado tem de provar a culpa do lesante.
c) O lesante está onerado com uma presunção de culpa.

3. Beatriz, casada com Carlos no regime da separação de bens, pretende


vender a única máquina de lavar a roupa lá de casa, que adquiriu ainda em
solteira, apesar de Carlos ser contra. Neste caso:
a) Beatriz não pode vender, sem o consentimento do marido.
b) Beatriz pode vender sem o consentimento do marido, uma vez que se
trata de um bem próprio.
c) Nenhuma das hipóteses está correta.

II [7 valores]
Em 17/11/21, o Ministério Público propôs ação de acompanhamento de maior, em
benefício de Anacleto. Alegou a impossibilidade de o beneficiário cuidar de si próprio
e gerir o seu património com total autonomia, em razão de cegueira, doença renal,
obesidade e hiperuricemia, que obrigam a que o mesmo tenha de ser apoiado por
terceiros nas tarefas inerentes à gestão da sua pessoa e dos seus bens.
A sentença:
- designou como acompanhante o filho Belmiro;
- atribuiu-lhe os poderes de representação geral de bens de Anacleto (art. 145.º, n.º 2,
al. b), e n.º 4);
- atribuiu-lhe a administração total dos bens de Anacleto [art. 145.º, n.º 2, al. c)];
- dispensou a nomeação de Conselho de Família;
18
- fixou em três anos o prazo de revisão da medida aplicada.
A medida de acompanhamento foi registada no dia 30/10/21.
No dia 20/08/21, Anacleto vendeu umas ações por 5000€. Dias mais tarde, as ações
valorizaram-se 100%, em virtude de contingências próprias do mercado.
No passado dia 20/03/22, Anacleto resolveu vender
uma debulhadeira por mais 250€ do que o seu valor de mercado.
1. Belmiro, que teve conhecimento dos atos no dia em que o pai os praticou,
quer saber se hoje os pode invalidar. O que lhe diria? (4 v.)
2. Suponha agora que Belmiro viu um anúncio publicitando uma quinta no
Alentejo, por 250 000€. Interessado no negócio, logo marcou a visita ao local.
Ficou maravilhado com a mobília de carvalho francês que existia na casa da
quinta! No passado dia 20 de junho celebrou a escritura de compra e venda.
Ontem, ao chegar à quinta, para seu espanto, a casa estava sem mobília e os
motores elétricos dos estores da casa também tinham sido retirados. Belmiro,
furioso, dirige-se ao vendedor exigindo a entrega da casa tal como estava
quando ela a visitou, isto é, com a mobília e os motores. Terá razão? (3 v.)

III [10 valores]


A sociedade D. Freeze, Lda. dedica-se, desde 2015, à produção e revenda produtos
alimentares congelados. Tendo algumas dúvidas de teor jurídico sobre alguns atos
praticados pelo gerente Alfredo, o sócio Bento consulta-o(a) para saber como
proceder.
1. A sociedade D. Freeze, Lda. adquiriu, no dia 29/04/22, uma máquina
embaladora usada à sociedade X, SA. No período de negociações, a D.
Freeze, Lda. avançou que “poderia comprar uma máquina usada desde que
não tivesse muitos anos de antiguidade”. Neste cenário, a sociedade X, SA.
apresentou a proposta de venda de uma máquina embaladora que dataria de
2019. Sucede que, um mês após a celebração do negócio, a sociedade D.
Freeze, Lda. apercebe-se de uma película colada nas chapas de matrícula do
equipamento e, ao retirar a película, verifica que a máquina datava de 2009. A
sociedade D. Freeze, Lda. pretende agora desfazer o negócio. Teria
sucesso? (3 v.)
2. Para preparar as negociações com uma instituição financeira, a sociedade
decide oferecer um terreno a César, gerente da predita instituição. No entanto,
para afastarem quaisquer suspeitas, decidem formalizar uma compra e venda
sobre o terreno, por documento particular autenticado datado de 13/11/20,
muito embora nunca tenha sido pago qualquer preço. Sucede que, dois meses
depois, César trocou o prédio imóvel por outro prédio de David, que sabia que
o prédio pertencia anteriormente à sociedade, mas que desconhecia os
contornos do negócio anterior. Os credores da sociedade pretendem agora
reaver o prédio. Terão sucesso quanto à sua pretensão? (5 v.)
3. Suponha agora a sociedade celebrou um contrato de seguro de acidentes de
trabalho para todos os trabalhadores. Classifique este negócio jurídico,
tendo em conta duas das várias classificações de negócios jurídicos que
estudou. (1 v.)
4. Suponha ainda que a sociedade pretende exigir de Eduarda, arrendatária, o
pagamento de duas rendas de prédio que a sociedade lhe arrendou,
correspondentes aos meses de janeiro e fevereiro de 2017, que Eduarda não
pagou. Eduarda recusa-se a pagar, na medida em que entende que hoje a
sociedade não tem qualquer direito. Terá razão? (1 v.)
19
Teoria Geral do Direito Civil

ANO LETIVO 2021/2022 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D
EXAME FINAL| ÉPOCA DE RECURSO
18/07/2022

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 29/07/22.

I [2 valores]

Comente a seguinte afirmação “O que distingue a responsabilidade subjetiva da responsabilidade


objetiva é o requisito do dano”.
II [4 valores]

1. Distinga elemento
pessoal do elemento organizatório do substrato das pessoas coletivas.
2. Distinga, quanto
aos pressupostos e quanto aos efeitos jurídicos, a hipótese prevista no art.
68.º, n.º 3, do Código Civil do instituto da declaração de morte presumida (arts.
114º e ss. do mesmo Código).

III [4x1 valor]


Selecione a opção correta, de modo a completar o início de cada frase:
5. Direito de usufruto corresponde a um:
e) direito real ilimitado;
f) direito subjetivo propriamente dito;
g) direito real limitado de aquisição;
h) direito relativo.
6. André, tendo completado 16 anos há seis meses:
e) pode casar, porquanto tem capacidade de exercício para o efeito;
f) pode casar, na medida em que tem capacidade de gozo relativa para o efeito;
g) pode testar, caso se tenha emancipado pelo casamento;
h) não pode perfilhar, visto que padece de uma indisponibilidade relativa.
7. Bruno celebrou com o Banco X um contrato de mútuo oneroso no valor de
50.000€. O contrato foi celebrado por escrito particular não autenticado. Este
negócio:
h) é um negócio consensual;
i) é nulo por vício de forma;
j) observou forma voluntária;
k) é um quase negócio jurídico ou ato jurídico quase negocial.

20
8. Carlitos encontrou uma raspadinha à porta da papelaria Y. Neste caso,
estamos perante:
h) uma aquisição originária;
i) uma aquisição derivada translativa;
j) uma expectativa jurídica;
k) um ónus jurídico.

IV [5 valores]

Carlota, administradora do hospital X, propôs contra o jornal Denúncia uma ação


declarativa, pedindo que este seja condenado ao pagamento de uma indemnização
pelos danos patrimoniais e não patrimoniais sofridos em virtude de falsas afirmações
proferidas a propósito da sua conduta profissional. Na verdade, numa notícia ali
divulgada, acusou-se a autora do processo de manter, há longos meses, uma
máquina, vital para o regular funcionamento daquela unidade hospitalar, avariada,
provocando com isso mortes evitáveis nos pacientes que ali se dirigiam, o que afetou
a sua dignidade profissional e pessoal.
a) Diga se terá êxito a pretensão de Carlota. Em caso afirmativo, quais
os fundamentos jurídicos que se poderiam aduzir para a sustentar?
b) Poderia Carlota, a par da pretensão ressarcitória, pedir ao Tribunal
a adoção de outras medidas para tutelar os seus direitos?
c) Suponha agora que Carlota faleceu logo após ter sido publicada a
predita reportagem. Poderá a sua filha, Diana, sua única herdeira,
reagir contra o jornal, muito embora a sua mãe tenha partido?

V [5 valores]

Filipe, tendo descoberto que Gabriela estava envolvida num desfalque a uma
empresa, ameaçou-a de que revelaria toda a verdade às autoridades, exceto se ela
doasse ao seu filho, Hugo, um automóvel. Exigiu, também, que Gabriela constituísse
a seu favor, seu credor, uma hipoteca sobre o apartamento onde vivia, como garantia
do cumprimento da obrigação que os unia. Em abril de 2017, Gabriela doa a Hugo o
referido automóvel e, um mês depois, constitui, através de escritura pública, uma
hipoteca sobre o seu apartamento a favor de Filipe. O crime foi descoberto e julgado
em janeiro de 2022. Hoje, Gabriela pretende invalidar os negócios, mas Filipe opõe-
se. Quem terá razão?

Teoria Geral do Direito Civil


21
ANO LETIVO 2021/2022 – 2º SEMESTRE

Solicitadoria - 1º ano – D + PL
PROVA ESCRITA| ÉPOCA ESPECIAL
14/09/2022

Duração da prova: 2h00m


A cotação encontra-se indicada em cada exercício. Leia atentamente todo o enunciado, antes de
começar a responder. Todas as respostas devem ser inequivocamente identificadas com o grupo e
número respetivos e juridicamente fundamentadas.
É permitida a consulta da legislação relevante, não anotada, nem comentada. A legislação só poderá
conter remissões.
Os resultados da presente prova serão publicados até ao dia 26/09/22.

I [8 valores]

1. Defina [2x 1,5 v.]:


c) Direito potestativo;
d) Substrato da pessoa coletiva.

2. Apresente um exemplo de [4x0,5 v.]:


a) Restrição da liberdade de celebração de contratos;
b) Responsabilidade objetiva;
c) Aquisição derivada constitutiva;
d) Negócio de disposição.

3. Diga apenas se as afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas


[6x0,5 v.]
a) Um exemplo de legislação extravagante ou avulsa é o diploma que regula as
Cláusulas Contratuais Gerais.
b) Nos contratos atípicos não existe liberdade de modelação do conteúdo
contratual.
c) Há responsabilidade da pessoa coletiva por motorista que conduz viatura em
serviço da sociedade e tem acidente, causando danos a terceiros e verificados
os pressupostos da responsabilidade civil sobre o motorista.
d) O direito à saúde e ao repouso é um direito absoluto e, em particular, um
direito especial de personalidade.
e) Anita, tendo nascido no dia 12/06/2007, não poderá contrair validamente o
casamento sem consentimento dos pais, porquanto padece de uma
incapacidade de exercício de direitos para o efeito.
f) O dividendo de uma ação de uma sociedade anónima constitui um fruto civil.

II [12 valores]

22
Devido a problemas financeiros, Carla decidiu vender, há cerca de dois anos, uma
pintura a óleo que herdara – antes do casamento – de uma tia. David estava na
disposição de comprar a pintura, desde que se tratasse de uma obra de Júlio Pomar.
Carla não tinha a certeza da autenticidade da tela. Eduardo, conhecido de David e
conhecedor de arte, persuadiu-o, através da exibição de documentos, de que a
pintura era de Júlio Pomar. Tanto Carla como David ignoravam que Eduardo apenas
queria prejudicar David, tendo, para tal, forjado os documentos. Esta semana David
tomou conhecimento de que se trata de uma cópia grosseira e apercebeu-se da
falsidade dos documentos que foram exibidos.
1. Poderá reagir? O que lhe responderia? [5 v.]
2. Tendo em conta a classificação de coisas, diga, fundamentadamente, se a
tela é uma coisa fungível ou infungível. [1,5 v.]
3. Suponha ainda que Carla, desesperada com a situação financeira da família,
decide vender a Fátima, sem o conhecimento do marido Gustavo (com quem
casara sem convenção antenupcial), um prédio rústico que havia herdado em
miúda. Neste seguimento, Carla celebra com Fátima, no início do mês de
maio passado, o contrato de compra e venda, observando a forma legal
exigida. Sucede, porém, que, segundo sabe Carla, Fátima ainda não se
procedeu ao registo desta aquisição, pelo que decide, passados uns dias,
vender novamente o prédio, desta feita com o consentimento de Gustavo, a
Hugo, tendo-se procedido ao registo nesse mesmo dia. A quem pertence o
prédio? [5,5 v.]

23

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