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CURSO CEI PARA A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

2ª RODADA – 22 DE JANEIRO DE 2014

INSTRUÇÕES:
 O material do Curso será sempre enviado nas quartas-feiras,
via email. No caso de não recebimento nesse dia, antes de
solicitarem o reenvio, confiram a caixa de spam;

 As Rodadas terminam, também, nas quartas-feiras.


Exemplificando: o material dessa Rodada está sendo enviado
hoje, quarta-feira, e vocês terão até a próxima quarta-feira
para responder, e, ainda, os mediadores terão até a quarta-
feira seguinte para fazer a correção individual e enviar a ata;

 As respostas/peças devem ser enviadas em arquivo Word,


tamanho 12, sendo aceito, também, no caso de resposta (e não
peça), o envio no próprio corpo do email;

 As respostas/peças devem ser enviadas para um email


específico: cursodpu@gmail.com;

 Qualquer dúvida sobre o funcionamento do Curso, estarei


sempre à disposição: caiodireito@gmail.com

I.
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Sumário:

- Questões objetivas sem gabarito/comentários;


- Questões objetivas com gabarito/comentários;
- Questões dissertativas; e
- Peça

QUESTÕES OBJETIVAS
Atendendo a pedidos, inserimos, a partir dessa rodada, uma sessão contendo
apenas as questões objetivas, e não o gabarito/comentários, para que, assim, os
alunos possam efetivamente treinar e simular a prova real.

DIREITO CIVIL

1. O hospital que realiza transfusão de sangue, ainda que adote as cautelas exigidas por lei, é
responsável pelos danos causados a paciente que manifestou hepatite C, logo após a transfusão.

2. O hospital não pode cobrar, ou admitir que se cobre, dos pacientes conveniados a planos de
saúde, valor adicional por atendimentos realizados por seu corpo médico fora do horário
comercial.

3. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a
convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de
boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.

4. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor,


ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o
credor o ignorava.

INTERNACIONAL PRIVADO

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5. A naturalização, em regra, só produzirá efeitos após a entrega do certificado e confere ao


naturalizado o gozo de todos os direitos civis e políticos, excetuados os que a Constituição Federal
atribui exclusivamente ao brasileiro nato.

PROCESSO CIVIL

6. Compete à Justiça Federal processar e julgar demanda proposta em face do INSS com o objetivo
de ver reconhecido exclusivamente o direito da autora de receber pensão decorrente da morte do
alegado companheiro, ainda que seja necessário enfrentar questão prejudicial referente à
existência, ou não, da união estável.

7. É cabível o ajuizamento da reclamação prevista no art. 105, I, “f”, da CF com o objetivo de


impugnar procedimento adotado no Tribunal de origem que, por entender que a matéria
abordada em recurso especial ali interposto não seria idêntica a outra já decidida sob a
sistemática dos recursos repetitivos, tenha determinado a remessa ao STJ dos autos de agravo
interposto com base no art. 544 do CPC.

8. É entendimento do Superior Tribunal de Justiça que o magistrado só pode determinar o


bloqueio e sequestro de valores de contas públicas, no caso de ações para fornecimento de
medicamentos, quando houver o requerimento das partes ou do Ministério Público, em respeito ao
Princípio Constitucional da Inércia do Juiz.

9. Na hipótese em que, em razão da inexistência de vara da Justiça Federal na localidade do


domicílio do devedor, execução fiscal tenha sido ajuizada pela União ou por suas autarquias em
vara da Justiça Federal sediada em local diverso, o juiz federal poderá declinar, de ofício, da
competência para processar e julgar a demanda, determinando a remessa dos autos para o juízo
de direito da comarca do domicílio do executado

10. Os Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados possuem foro por prerrogativa de função
nas ações de improbidade administrativa.

PROCESSO PENAL

11. A simples leitura da pronúncia ou das demais decisões que julgaram admissível a acusação
conduz, por si só, à nulidade do julgamento, conforme prevê o CPP.

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12. Embora seja a sentença o momento processualmente oportuno para a emendatio libelli, tal
procedimento comporta relativização em caso de erro de direito, quando a qualificação jurídica do
crime imputado repercute na definição da competência.

13. A competência do Juizado Especial Criminal será determinada pelo lugar em que se consumar o
crime, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

DIREITO PENAL

14. Podem ser objeto de erro de tipo as condições objetivas de punibilidade, os fundamentos
pessoais de exclusão de pena e os pressupostos processuais.

15. Tratando-se de crime ambiental, a Lei 9605/98, à semelhança do Código Penal, autoriza a
conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos desde que, dentre outros
requisitos nela especificados, tratar-se de crime culposo ou for aplicada uma pena privativa de
liberdade não superior a quatro anos.

DIREITO CONSTITUCIONAL

16. A cláusula de reserva de plenário não se aplica às Turmas Recursais do Juizado Especial.

17. Conforme o entendimento pacífico da doutrina, emenda constitucional que acrescente direitos
e garantias individuais ao catálogo já previsto pelo constituinte originário de 1988 não pode ser
objeto de posterior abolição, haja vista tratar-se, agora, de cláusula pétrea.

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA

18. As pessoas jurídicas fazem jus à assistência jurídica da Defensoria Pública da União, desde que
comprovem documentalmente a insuficiência de recursos econômicos.

19. A recondução do Defensor Público-Geral Federal para novo mandato de dois anos dispensa
nova aprovação pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal.

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20. As Defensorias Públicas não dispõem de iniciativa legislativa para a criação e extinção de seus
cargos.

DIREITO PENAL MILITAR

21. Welisson apresentou-se à Junta de Serviço Militar em 25/04/12, sendo-lhe determinada a


apresentação à Comissão de Seleção no dia 13/08/12. Na data aprazada, apresentou-se no local
indicado, sendo-lhe determinado retornar no dia seguinte para inspeção. Inspecionado em
14/08/12, foi julgado apto, sendo-lhe determinado o comparecimento à Brigada Paraquedista em
21/08/12 para seleção especial. Apresentou-se na data marcada àquela organização militar e foi
considerado contraindicado para tropa paraquedista, devendo apresentar à Comissão de Seleção
em 24/01/13 para conhecimento da designação. Compareceu na referida data ao local indicado e
foi designado para incorporação e matrícula no 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada, devendo
apresentar-se em 24/02/13. Compareceu na data determinada para início de Seleção
Complementar visando a incorporação e foi submetido a uma entrevista, não sendo, entretanto,
pré-selecionado, pois não satisfez os requisitos para ser incorporado, sendo libertado, com
retorno previsto para o dia 05/03/13 para conclusão do processo de seleção, sendo o respectivo
Certificado de Alistamento Militar carimbado como Excesso de Contingente. Welisson não se
apresentou no dia 05/03/13, não tendo concluído, portanto, o processo de seleção. No caso,
Welisson deve ser considerado insubmisso.

22. Depois de ter sido desligado do Departamento de Operações de Paz nas Nações Unidas, Paulo,
capitão de fragata da Marinha do Brasil, permaneceu nos Estados Unidos da América, pelo menos
um mês após o decurso do período de trânsito (12 de fevereiro de 2008 a 16 de março de 2008),
deixando assim de se apresentar ao lugar designado, Comando do Pessoal de Fuzileiros Navais, na
cidade do Rio de Janeiro. Em 10 de julho de 2008, o Ministério Público Militar o denunciou pela
conduta descrita no artigo 188, inciso I, do Código Penal Militar (caso assimilado ao de deserção).
A acusação foi recebida em 30 de julho de 2008. Em 10 de agosto subsequente, o juiz-auditor da 2ª
Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar, no Rio de Janeiro, exarou decisão declarando a
incompetência daquele juízo e, em observância ao artigo 147 do Código de Processo Penal Militar,
determinou a remessa do processo, após o decurso do prazo para interposição de recurso, à
Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar, órgão, no seu entender, competente pra conhecer
a causa, como estabelece a regra contida no artigo 91 do Código de Processo Penal Militar (“Os
crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra, processados em Auditoria
da Capital da União”). No caso, a magistrada agiu corretamente, pois suplantado o período de

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trânsito, o réu permaneceu no exterior por mais de oito dias, consumando-se, na hipótese, a figura
equiparada à deserção.

23. No dia 5 de outubro de 2006, o Sd Ex Anderson, consciente e voluntariamente, ausentou-se sem


licença da unidade militar onde servia. Contava, na época do fato, com menos de 21 anos de idade.
No dia 26 de setembro de 2007, apresentou-se no Batalhão-Escola de Engenharia e foi submetido à
inspeção de saúde, tendo sido julgado apto para e, por conseguinte, reincluído no Serviço Ativo.
Posteriormente, o Ministério Público Militar ofereceu denúncia contra o referido militar, pela
prática de deserção. A peça foi recebida por decisão datada de 6 de novembro de 2007. Em 6 de
abril de 2008, o acusado veio a praticar nova deserção, motivo pelo qual o processo foi suspenso.
Em 8 de outubro de 2012, o Juízo declarou, com fundamento nos artigos 123, inciso IV, 125, inciso
VI e 129, todos do Código Penal Militar, a extinção da punibilidade do réu, assentando que, da
última interrupção do prazo prescricional (data de recebimento da denúncia) até aquela data, já
teria transcorrido o lapso temporal da prescrição. No caso, o magistrado agiu corretamente, uma
vez que o acusado era menor na data do fato, incidindo prescrição pela metade.

24. O tipo incriminador insculpido no artigo 290 do Código Penal Militar requer, para sua
configuração, o porte de substância entorpecente assim declarada pela ANVISA.

25. Considere que o Sd Ex Jonathan, nascido em 06/07/1989 ausentou-se do 14º Batalhão de


Infantaria Motorizada, localizado em Jaboatão dos Guararapes (PE), no dia 1º/12/2008
apresentando-se voluntariamente em 16/9/2010. Após ter sido considerado apto em inspeção
médica de saúde, o militar foi reincluído às fileiras do Exército. Em razão desses fatos, foi
condenado, em 4/10/2011, pela prática do delito de deserção, previsto no artigo 187 do Código
Penal Militar. No caso, a consumação da deserção ocorreu quando o réu era menor de vinte e um
anos, razão pela qual deveria ter sido reconhecida a prescrição.

26. As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

27. Nos casos concretos, se houver divergência entre as normas contidas no Código de Processo
Penal Militar e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as
primeiras.

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28. A Lei nº 12.830, de 20 de junho de 2013 passou a conferir exclusividade ao delegado de polícia
para a condução de inquéritos policiais, inclusive os de natureza militar.

DIREITOS HUMANOS E DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

29. Todas as normas internacionais relativas a direitos humanos devem ser consideradas norma
de jus cogens.

30. Ao contrário do que sucede no direito internacional clássico, o direito internacional dos
direitos humanos não se fundamenta nos princípios da reciprocidade, da exclusividade, da
competência nacional, da não ingerência nos assuntos internos e da reversibilidade dos
compromissos.

DIREITO DO TRABALHO

31. As normas de proteção ao trabalho da mulher possuem sede constitucional e legal,


notadamente na CLT. Exemplo é a previsão de acréscimo mínimo de 25% na remuneração da
trabalhadora, urbana ou rural, que desempenha trabalho noturno.

Julgue os itens abaixo com base no seguinte enunciado:

ARTUR, vendedor de uma loja de roupas com início do vínculo em 01.12.2008, pediu demissão em
Janeiro de 2013. A empregadora exigiu que ARTUR cumprisse 12 (doze) dias de aviso prévio além
dos 30 (trinta) previstos, informando a ele que a nova legislação sobre o tema, Lei 12.506, vigente
a partir de 13.10.2011, garante um prazo maior de aviso.

32. ARTUR não precisa conceder aviso prévio ampliado à empregadora, pois a extensão do prazo é
um benefício previsto exclusivamente para o empregado.

33. Caso Artur tivesse sido demitido antes de 13.10.2011, não haveria extensão do prazo de aviso
prévio a seu favor, pois a citada lei não retroage para beneficiar o trabalhador.

34. O prazo prescricional referente a depósitos não realizados de FGTS na conta vinculada do
trabalhador, previsto no art. 23, §5º, da Lei 8.036/90 é de 30 (trinta) anos. Contudo, em virtude da
previsão constitucional referente à prescrição das ações trabalhista (art. 7º, XXIX da CRFB/88), no

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curso do contrato de trabalho o prazo a ser aplicado à prescrição dos depósitos não realizados de
FGTS é o quinquenal, como já sedimentou o TST.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

35. A reconvenção, modalidade de resposta do réu que se constitui não em defesa, mas verdadeiro
contra-ataque face o autor, é compatível com o processo do trabalho, possuindo regramento
previsto por expresso na CLT.

Julgue os itens abaixo com base no seguinte enunciado:

ANA, encarregada de serviços gerais, empregada de pessoa jurídica terceirizada e regularmente


licitada para o serviço de limpeza e conservação em uma Autarquia federal, viu-se sem emprego
após o encerramento abrupto das atividades de sua empregadora. A trabalhadora procurou a DPU
e teve ação trabalhista proposta pelo rito ordinário, tendo sido inclusos no pólo passivo a pessoa
jurídica privada e a Autarquia federal. O valor das verbas pleiteadas por ANA é da ordem de 10
(dez) salários mínimos.

36. Em virtude do valor da causa, a demanda poderia ter sido proposta pelo Rito Sumaríssimo,
justificando-se, porém, a opção do Defensor Público Federal pelo rito ordinário em virtude da
presença da Autarquia federal no pólo passivo.

37. ANA, ainda que sua reclamação trabalhista tivesse por objeto valor acima de 40 (quarenta)
salários mínimos, poderia ter ingressado com a ação por conta própria, sem representação pela
DPU ou por advogado.
Seria permitido à obreira até mesmo interpor o Recurso ordinário para o TRT, no caso de eventual
sentença desfavorável.

DIREITO ADMINISTRATIVO

38. Por ser a desapropriação forma originária de aquisição de propriedade, eventual hipoteca que
recaía sobre um imóvel desapropriado será desconstituída, ficando o credor hipotecário sub-
rogado no valor pago, a título de indenização.

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39. O prazo prescricional para que a Administração pública federal, direta ou indireta, inicie ação
punitiva com base no poder de polícia é de cinco anos, contados da data da ciência da prática do
ato ou, se infração permanente, do dia em que tiver cessado. Iniciado o procedimento
administrativo, caso paralisado por período superior a três anos por ausência de julgamento ou
despacho, igualmente haverá prescrição.

40. Ante o estado calamitoso de conservação de uma penitenciária de determinado estado da


federação, ocorreu uma fuga de presos que cumpriam pena em regime fechado de execução penal.
Seis meses depois, um desses presos praticou homicídio contra um desafeto em via pública. Na
esteira da jurisprudência do STF, trata-se de situação onde possível buscar a responsabilização
estatal.

QUESTÕES OBJETIVAS COMENTADAS


Estilo CESPE, com indicação do respectivo ponto do edital da DPU/2010
Recomendamos a leitura do material utilizando-se de uma folha ou material que possa suprimir a
resposta comentada, a fim de que o aluno possa efetivamente simular a ocasião da prova.

EDILSON SANTANA
Defensor Público Federal em Manaus/AM e ex Defensor Público do Estado do Maranhão
Mediador das disciplinas de Direito Internacional Privado e Direito Civil

DIREITO CIVIL

1. O hospital que realiza transfusão de sangue, ainda que adote as cautelas


exigidas por lei, é responsável pelos danos causados a paciente que manifestou
hepatite C, logo após a transfusão.

Ponto 13.2 –Teoria da responsabilidade civil objetiva do fornecedor, por defeitos do produto e da
prestação de serviços: acidentes de consumo. (consumidor).

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Conforme observou o ministro Luis Felipe Salomão, em voto proferido no RESP


1322387, os hospitais, sendo fornecedores de serviços, seguem a regra do artigo 14 do
CDC, e, como tais, respondem objetivamente pelos danos causados aos seus pacientes. É
o que o Código do Consumidor chama de fato do serviço (acontecimento externo,
ocorrido no mundo físico, que causa danos materiais ou morais ao consumidor,
decorrentes de um defeito do serviço). Observou-se, todavia, que em relação à
transfusão de sangue, há sempre um risco inerente ao próprio procedimento, tendo em
vista que, mesmo se realizando a triagem do doador e os testes necessários no sangue
doado, é possível que o resultado não detecte qualquer contaminação, em razão da
janela imunológica (período no qual, mesmo estando contaminado, o sangue apresenta
resultados negativos – de não contaminação - nos testes-padrão). Dessa forma, aquilo
que o consumidor pode legitimamente esperar não é que o sangue contaminado jamais
seja utilizado em transfusões sanguíneas, mas sim que todas as medidas necessárias à
redução desses riscos ao menor patamar possível sejam tomadas, afastando-se, assim, a
responsabilidade do hospital. Nas palavras do relator: “O que é importante é que o
hospital, para permitir a transfusão de sangue, adotou as cautelas razoáveis e possíveis, de
modo a garantir a segurança do paciente” (RESP 1322387). ERRADO

2. O hospital não pode cobrar, ou admitir que se cobre, dos pacientes conveniados
a planos de saúde, valor adicional por atendimentos realizados por seu corpo
médico fora do horário comercial.

Pontos 3 e 14.4 – Dos fatos e atos jurídicos: forma, prova, modalidades, defeitos, nulidade,
anulabilidade, inexistência, ineficácia e consequência; Das práticas abusivas.

A Quarta Turma do STJ decidiu (RESP 1.324.721 - MG) que tal cobrança ao consumidor é
ilegal, por violar os princípios da probidade e da boa-fé objetiva, previstos no artigo 422
do Código Civil (Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do
contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé). “A boa-fé objetiva
significa uma atuação (...) pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando seus

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interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem
abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, cooperando para
atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos
interesses das partes". (MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no código de defesa do
consumidor. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, v. I, p. 106 e 107.). Ao
contratar um plano ou seguro de assistência privada à saúde, o consumidor tem a
legítima expectativa de que, no tocante aos procedimentos médico-hospitalares
cobertos, a empresa contratada arcará com os custos necessários, isto é, que haverá
integral assistência para a cura da doença. Assim, cuida-se de injusta cobrança, em
prevalecimento sobre a vulnerabilidade do consumidor, de custo que está ou deveria
estar coberto pelo preço cobrado da operadora do plano de saúde - negócio jurídico
mercantil do qual não faz parte o consumidor usuário do plano-, caracterizando-se como
conduta manifestamente abusiva, vedada pelos arts. 39, IV, X e 51, III, IV, X, XIII, XV, do
CDC e 422 do CC/2002. CERTO

3. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da


obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não
poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da
obrigação.

Ponto 8.2 –Da cessão de crédito.

O enunciado corresponde à literalidade do artigo 286 do Código Civil. Quanto ao tema


obrigações aconselha-se a leitura repetidas vezes da lei seca. Vale rememorar que a
cessão de crédito (operação de mobilização do crédito) é uma forma de transmissão de
obrigações, através da qual se substitui o credor. Diverge da assunção de dívida, na qual
há substituição do devedor. Segundo Fábio Ulhoa Coelho (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso
de direito civil, volume 2: obrigações e responsabilidade civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2012) “A cessão de crédito independe de anuência do devedor. O sujeito ativo da relação
obrigacional pode alienar seus direitos a terceiro exceto se isso conflitar com a natureza

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da obrigação (p. ex., as prestações personalíssimas) ou for proibido por lei ou contrato (...)
Protege-se, porém, o cessionário de boa-fé quando a cláusula proibitiva da cessão não
consta do próprio instrumento da obrigação. Assim, tendo eventualmente credor e devedor
pactuado a intransmissibilidade da obrigação num documento apartado, ela não
prejudicará os direitos de cessionários que dele não tiverem notícia (CC, art. 286, in fine).”
CERTO

4. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento


expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao
tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.

Ponto 8.2 –Da cessão de crédito.

O enunciado corresponde à literalidade do artigo 299 do Código Civil. Quanto ao tema


obrigações aconselha-se a leitura repetidas vezes da lei seca. Diferentemente da cessão
de crédito, na qual há substituição do credor da obrigação, na assunção de dívida há a
transmissão de obrigação em que terceiro substitui o primitivo devedor (sujeito
passivo) na relação obrigacional. Destaque-se, ainda, que a assunção de dívida depende
de anuência expressa do credor, ao contrário do que ocorre na cessão de crédito. Há,
todavia, um ponto em comum. É que, a exemplo da cessão de crédito, a assunção de
dívida (também forma de mobilização do crédito) pode ser feita de forma onerosa ou
gratuita. CERTO

INTERNACIONAL PRIVADO

5. A naturalização, em regra, só produzirá efeitos após a entrega do certificado e


confere ao naturalizado o gozo de todos os direitos civis e políticos, excetuados os
que a Constituição Federal atribui exclusivamente ao brasileiro nato.

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Ponto 1 e 1.1 – Nacionalidade: brasileiros natos e naturalizados; Estrangeiros: condição jurídica


(Lei nº 6.815/1980).

É o que aduz o Estatuto do Estrangeiro (Art. 122 - A naturalização, salvo a hipótese do


artigo 116, só produzirá efeitos após a entrega do certificado e confere ao naturalizado o
gozo de todos os direitos civis e políticos, excetuados os que a Constituição Federal atribui
exclusivamente ao brasileiro nato). O artigo 116 trata da chamada naturalização
provisória (voltada aos estrangeiros que vieram para o Brasil antes de completar cinco
anos). O procedimento de naturalização é realizado por meio da Polícia Federal,
coordenado pelo Ministério da Justiça. O procedimento administrativo tem início com o
requerimento, o qual culmina na Portaria assinada pelo Ministro da Justiça, após a qual o
certificado de naturalização é remetido à Justiça Federal para audiência de entrega ao
estrangeiro. A partir da entrega do certificado, pelo juiz federal, tem-se a naturalização,
passando o indivíduo a ter assegurado a igualdade de direitos, segundo previsão da
CF/1988 (Art. 12, II, § 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e
naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição). Assim, o próprio texto
constitucional limita a igualdade quando fixa restrições aos brasileiros naturalizados.
Distinções previstas na CF: Cargos Privativos de Natos (art. 12, §3o); Extradição (art. 5o,
LI); Composição do Conselho da República (art. 89, VII); Propriedade de Empresas
Jornalísticas (art. 222); Perda de Nacionalidade (art. 12, §4o). CERTO

______________________________________

PEDRO WAGNER
Defensor Público Federal em Boa Vista/RR
Mediador das disciplinas de Direito Internacional Privado e Processo Civil

PROCESSO CIVIL

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6. Compete à Justiça Federal processar e julgar demanda proposta em face do INSS


com o objetivo de ver reconhecido exclusivamente o direito da autora de receber
pensão decorrente da morte do alegado companheiro, ainda que seja necessário
enfrentar questão prejudicial referente à existência, ou não, da união estável.

Ponto 6. Competência: absoluta e relativa.

Vejamos o que diz o Informativo do STJ n.º 517:

Compete à Justiça Federal processar e julgar demanda


proposta em face do INSS com o objetivo de ver reconhecido
exclusivamente o direito da autora de receber pensão
decorrente da morte do alegado companheiro, ainda que
seja necessário enfrentar questão prejudicial referente à
existência, ou não, da união estável. A definição da
competência se estabelece de acordo com os termos da
demanda, e não a partir de considerações a respeito de sua
procedência, da legitimidade das partes ou de qualquer juízo
acerca da própria demanda. Assim, se a pretensão deduzida
na inicial não diz respeito ao reconhecimento de união
estável, mas apenas à concessão de benefício previdenciário,
deve ser reconhecida a competência da Justiça Federal.
Nesse contexto, ainda que o juízo federal tenha de enfrentar
o tema referente à caracterização da união estável, não
haverá usurpação da competência da Justiça Estadual, pois
esse ponto somente será apreciado como questão
prejudicial, possuindo a demanda natureza nitidamente
previdenciária. CC 126.489-RN, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 10/4/2013.

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Cuidado com a complementação da informação da questão. O candidato pode ficar


tentado a pender para uma interpretação que o examinador quer que ele tenha. O
examinador na fase objetiva não quer escolher os melhores, ele quer apenas eliminar o
maior número de candidatos possível. Vejam que o próprio informativo pode deixar
qualquer um de nós em dúvida. Atenção! Na prova essa questão pode vir como sendo de
competência da Justiça Estadual, e não é assim que foi decidido pelo STJ, mesmo tendo
que enfrentar a questão da União Estável. Então, o complemento pode levar à conclusão
que a justiça Estadual é a competente, tendo em vista o enfrentamento de questão do
Direito de Família, que é a união estável. Mas a demanda, na verdade, é previdenciária e
de competência da Justiça Federal, estando o enunciado em consonância com o decidido
em Conflito de Competência pela 2ª Seção da Corte Cidadã. CERTO

7. É cabível o ajuizamento da reclamação prevista no art. 105, I, “f”, da CF com o


objetivo de impugnar procedimento adotado no Tribunal de origem que, por
entender que a matéria abordada em recurso especial ali interposto não seria
idêntica a outra já decidida sob a sistemática dos recursos repetitivos, tenha
determinado a remessa ao STJ dos autos de agravo interposto com base no art.
544 do CPC.

Ponto 22. Reclamação e correição.

Outra questão retirada de informativo da Corte Superior. A atenção aqui tem que ser no
fundamento. O julgado da 2ª Seção do STJ nos diz que a reclamação não é cabível para
impugnar a decisão que remete agravo interposto contra decisão do Tribunal a quo que
não admite o recurso especial, por entender que não há de se falar em preservação de
sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. Vamos ao Informativo do
STJ n.º 517 novamente:

Não é cabível o ajuizamento da reclamação prevista no art.


105, I, “f”, da CF com o objetivo de impugnar procedimento

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 16

adotado no Tribunal de origem que, por entender que a


matéria abordada em recurso especial ali interposto não
seria idêntica a outra já decidida sob a sistemática dos
recursos repetitivos, tenha determinado a remessa ao STJ
dos autos de agravo interposto com base no art. 544 do
CPC. A reclamação prevista no art. 105, I, “f”, da CF somente
é cabível para a preservação da competência do STJ e para a
garantia da autoridade de suas decisões. Nesse contexto, não
há como ajuizar tal reclamação em razão de suposta
usurpação da competência do STJ, tendo em vista que
compete, em primeiro lugar, ao Tribunal de origem a
avaliação da perfeita adequação de cada recurso especial às
teses apreciadas nos recursos repetitivos. Além disso,
também não é possível o ajuizamento de reclamação com
fundamento na garantia da autoridade de decisão do STJ em
hipóteses como a descrita, na qual não exista nenhuma
decisão deste Tribunal proferida nos autos dos quais ela se
origina. EDcl na Rcl 10.869-PR, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 27/2/2013. ERRADO

8. É entendimento do Superior Tribunal de Justiça que o magistrado só pode


determinar o bloqueio e sequestro de valores de contas públicas, no caso de ações
para fornecimento de medicamentos, quando houver o requerimento das partes
ou do Ministério Público, em respeito ao Princípio Constitucional da Inércia do
Juiz.

Ponto 46. Tutela antecipada e tutela específica.

Matéria que certamente será cobrada em alguma fase do certame, quiçá não seja
cobrada em todas as fases. É matéria cara e ululante para a Defensoria Pública,

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 17

notadamente para nossa instituição federal. Trazemos à baila mais um excelente


informativo inspirador para o examinador. E é bem recente e foi julgado em sede de
RECURSO REPETITIVO. Eis o Informativo do STJ n. º 532:

É possível ao magistrado determinar, de ofício ou a


requerimento das partes, o bloqueio ou sequestro de verbas
públicas como medida coercitiva para o fornecimento de
medicamentos pelo Estado na hipótese em que a demora no
cumprimento da obrigação acarrete risco à saúde e à vida do
demandante. De acordo com o caput do art. 461 do CPC, na
“ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou, se procedente o pedido, determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento”. O teor do § 5º do mesmo art. 461, por
sua vez, estabelece que, para “a efetivação da tutela
específica ou a obtenção do resultado prático equivalente,
poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as
medidas necessárias, tais como a imposição de multa por
tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e
coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade
nociva, se necessário com requisição de força policial”. Nesse
contexto, deve-se observar que não é taxativa a enumeração,
no aludido § 5º do art. 461, das medidas necessárias à
efetivação da tutela específica ou à obtenção do resultado
prático equivalente, tendo em vista a impossibilidade de
previsão legal de todas as hipóteses fáticas relacionadas à
norma. Dessa forma, é lícito o magistrado adotar, com o
intuito de promover a efetivação da tutela, medida judicial

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 18

que não esteja explicitamente prevista no § 5º do art. 461,


mormente na hipótese em que a desídia do ente estatal
frente a comando judicial possa implicar grave lesão à saúde
ou risco à vida da parte demandante, uma vez que, nessas
hipóteses, o direito fundamental à saúde (arts. 6º e 196 da
CF) prevalece sobre os interesses financeiros da Fazenda
Nacional. Precedentes citados: EREsp 770.969-RS, Primeira
Seção, DJ 21/8/2006; REsp. 840.912-RS, Primeira Turma, DJ
23/4/2007; e REsp. 1.058.836/RS, Segunda Turma, DJe
1º/9/2008. REsp 1.069.810-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 23/10/2013. ERRADO

9. Na hipótese em que, em razão da inexistência de vara da Justiça Federal na


localidade do domicílio do devedor, execução fiscal tenha sido ajuizada pela União
ou por suas autarquias em vara da Justiça Federal sediada em local diverso, o juiz
federal poderá declinar, de ofício, da competência para processar e julgar a
demanda, determinando a remessa dos autos para o juízo de direito da comarca
do domicílio do executado

Ponto 6. Competência: absoluta e relativa. Ponto 49. Execução Fiscal.

Outra vez há julgado em RECURSO REPETITIVO interessante para o certame da


Defensoria Pública da União. Informativo do STJ n.º 531:

Na hipótese em que, em razão da inexistência de vara da


Justiça Federal na localidade do domicílio do devedor,
execução fiscal tenha sido ajuizada pela União ou por suas
autarquias em vara da Justiça Federal sediada em local
diverso, o juiz federal poderá declinar, de ofício, da
competência para processar e julgar a demanda,

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 19

determinando a remessa dos autos para o juízo de direito da


comarca do domicílio do executado. Isso porque, nas
comarcas do interior onde não funcionar vara da Justiça
Federal, os juízes estaduais são competentes para processar
e julgar os executivos fiscais da União e de suas autarquias
ajuizados contra devedores domiciliados nas respectivas
comarcas (art. 15, I, da Lei 5.010/1966). Portanto, a decisão
do juiz federal que declina da competência quando a norma
do art. 15, I, da Lei 5.010/1966 deixa de ser observada não
está sujeita à Súmula 33 do STJ, segundo a qual “a
incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. No
mesmo sentido é o teor da Súmula 40 do TFR, segundo a
qual "a execução fiscal da Fazenda Pública Federal será
proposta perante o Juiz de Direito da comarca do domicílio
do devedor, desde que não seja ela sede de vara da Justiça
Federal". "Será proposta", diz o texto, a significar que não há
opção, nem relatividade. Cabe ressaltar, ademais, que essa
regra pretende facilitar tanto a defesa do devedor quanto o
aparelhamento da execução, que assim não fica, em regra,
sujeita a cumprimento de atos por cartas precatórias. REsp
1.146.194-SC, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Rel. para acórdão Min. Ari Pargendler, julgado em
14/8/2013. CERTO

10. Os Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados possuem foro por
prerrogativa de função nas ações de improbidade administrativa.

Ponto 6. Competência: absoluta e relativa.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 20

Não vamos confundir Processo Penal com Processo Civil. Seria uma pegadinha fácil de
caírem. Eis a resposta no Informativo n.º 527 do STJ:

Os Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados não


possuem foro por prerrogativa de função nas ações de
improbidade administrativa. Isso porque, ainda que o agente
político tenha prerrogativa de foro previsto na CF quanto às
ações penais ou decorrentes da prática de crime de
responsabilidade, essa prerrogativa não se estende às ações
de improbidade administrativa. AgRg na Rcl 12.514-MT, Rel.
Min. Ari Pargendler, julgado em 16/9/2013. ERRADO
______________________________________

CAIO PAIVA
Defensor Público Federal em Manaus/AM e editor do site www.oprocesso.com
Mediador das disciplinas de Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional e Princípios
Institucionais da Defensoria Pública

PROCESSO PENAL

11. A simples leitura da pronúncia ou das demais decisões que julgaram


admissível a acusação conduz, por si só, à nulidade do julgamento, conforme
prevê o CPP.

Ponto 5.6.2 – Procedimento do Júri.

Inicialmente, não pensem que crimes contra a vida só ocorrem e são julgados na Justiça
Estadual. É claro que a frequência de julgamentos pelo Tribunal do Júri, na Justiça
Federal, é consideravelmente menor do que a verificada na Justiça Estadual, mas
existem e em muitos casos a DPU atua na defesa dos acusados. Vejam dois casos

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 21

recentes:
http://www.dpu.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=18808:defen
sores-atuam-em-tribunal-do-juri-em-manaus-am&catid=79&Itemid=220 e
http://www.dpu.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16406:indig
ena-e-absolvido-pelo-tribunal-do-juri-em-rondonia&catid=79&Itemid=220. Portanto,
não deixem de estudar de forma cuidadosa o procedimento do júri, item específico do
edital, conforme indicado acima, e que foi objeto de duas questões na prova objetiva do
concurso da DPU/2010 (81 e 82).

No que diz respeito ao enunciado proposto, esse traz uma “pegadinha”. Ao contrário do
afirmado, o CPP proíbe as referências à decisão de pronúncia, bem como às decisões
posteriores que julgaram admissível a acusação, apenas quando feitas como argumento
de autoridade (art. 478, I). Logo, a simples leitura da pronúncia não conduz à nulidade
do julgamento. Nesse sentido, decidiu recentemente o STJ: “As referências ou a leitura da
decisão de pronúncia durante os debates em plenário do tribunal do júri não acarretam,
necessariamente, a nulidade do julgamento, que somente ocorre se as referências forem
feitas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado” (AgRg no
REsp 1235899, 6ª Turma, j. 05/11/2013). No mesmo sentido, a 5ª Turma: “A simples
leitura da pronúncia ou das demais decisões que julgaram admissível a acusação não
conduz, por si só, à nulidade do julgamento, o que só ocorre quando a menção a tais peças
processuais é feita como argumento de autoridade, de modo a prejudicar o acusado” (HC
248617, j. 05/09/2013). ERRADO

12. Embora seja a sentença o momento processualmente oportuno para a


emendatio libelli, tal procedimento comporta relativização em caso de erro de
direito, quando a qualificação jurídica do crime imputado repercute na definição
da competência.

Ponto 5.5 – Da sentença.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 22

Tema importantíssimo, que pode ser cobrado em qualquer uma das fases do concurso.
Trata-se de um pleito frequentemente apresentado pela Defensoria, qual seja, o da
correção antecipada do abuso de acusar do Ministério Público. Noutras palavras, a
possibilidade da emendatio libelli ser praticada no instante processual do recebimento
da denúncia, e não (apenas) na sentença. A jurisprudência sobre o tema, conforme já tive
a oportunidade de anotar no site (http://oprocesso.com/2012/06/19/a-emendatio-
libelli-pode-ser-feita-no-ato-de-recebimento-da-denuncia/), ainda é vacilante, não
havendo, a meu ver, uma situação definitiva, embora veja uma tendência na não
admissão desta prática, o que é lamentável. De qualquer forma, ao menos num caso os
Tribunais Superiores têm, com certa segurança, aceitado a emendatio no recebimento da
denúncia: quando a capitulação jurídica feita pelo MP repercutir na definição da
competência. Nesse sentido, recomendo a leitura do HC 115831 (STF, 1ª Turma, rel. min.
Rosa Weber, j. 22/10/2013). Fiz um resumo da decisão, com algumas reflexões minhas,
no site: http://oprocesso.com/2013/12/20/emendatio-libelli-e-competencia/. Vale a
pena ler, também, para ampliar o conhecimento, o voto do Min. Sepúlveda Pertence no
HC 84653. CERTO

13. A competência do Juizado Especial Criminal será determinada pelo lugar em


que se consumar o crime, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado
o último ato de execução.

Ponto 5.6.1 – Procedimento dos Juizados Especiais Criminais; e Ponto 3.1 - Competência.

O CPP adotou, como todos sabem, a teoria do resultado para se determinar a


competência pelo lugar da infração. Assim, dispõe o seu art. 70, caput, que “A
competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução”. Passemos
agora ao seguinte questionamento: as demais legislações que apresentam aspectos
penais adotaram essa orientação? A resposta é não, e uma das exceções pode ser
encontrada na Lei 9099/95, que, em seu art. 63, estabelece que “A competência do

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 23

Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal”. Logo, tem-se
que no JECrim adota-se a teoria da atividade, e não a do resultado. Outra exceção à regra
prevista no CPP pode ser encontrada no ECA, cujo art. 147, § 1º, assegura que “Nos casos
de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas
as regras de conexão, continência e prevenção”. ERRADO

DIREITO PENAL

14. Podem ser objeto de erro de tipo as condições objetivas de punibilidade, os


fundamentos pessoais de exclusão de pena e os pressupostos processuais.

Ponto 3 – Erro de Tipo.

Eis um tema com alta incidência em provas de concursos: o erro no Direito Penal. Por se
tratar de assunto com certa complexidade, recomendo o seu estudo num Curso/Manual
mais abrangente. Bitencourt define o erro de tipo como sendo aquele que “recai sobre
circunstância que constitui elemento essencial do tipo. É a falsa percepção da realidade
sobre um elemento do crime. É a ignorância ou a falsa representação de qualquer dos
elementos constitutivos do tipo penal” (BITENCOURT. Cezar Roberto. Tratado de Direito
Penal – Parte Geral – Volume 1. 15ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 446). O Código Penal,
por sua vez, embora não conceitue expressamente o erro de tipo, declina qual a sua
consequência no art. 20, caput: “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime
exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. Com essa
brevíssima introdução, voltemos ao enunciado: o erro de tipo assume, no Direito Penal
brasileiro, extensão o bastante para abrigar também a falsa percepção do agente a
respeito das condições objetivas de punibilidade, fundamentos pessoais de exclusão da
pena e pressupostos processuais? A resposta é negativa e nos é transmitida na lição de
Juarez Cirino dos Santos, que, após conceituar o erro de tipo como um “defeito na
formação intelectual do dolo”, assevera que não podem ser objeto de erro de tipo “as
condições objetivas de punibilidade, os fundamentos pessoais de exclusão da pena e os

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 24

pressupostos processuais, que não são elementos objetivos do tipo” (SANTOS, Juarez Cirino
dos. Direito Penal – Parte Geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 153-154). ERRADO

15. Tratando-se de crime ambiental, a Lei 9605/98, à semelhança do Código Penal,


autoriza a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos
desde que, dentre outros requisitos nela especificados, tratar-se de crime culposo
ou for aplicada uma pena privativa de liberdade não superior a quatro anos.

Ponto 15 – Crimes contra o meio ambiente (Lei 9605/98).

Uma preparação “integral” para concursos não envolve apenas o domínio da


jurisprudência e da doutrina, mas também (e talvez, infelizmente) o decoreba da lei
seca. Por essa razão, os mediadores são orientados a diversificar sempre o conteúdo das
questões elaboradas, passando tanto por temas mais complexos e que demandam um
estudo teórico quanto por minúcias da lei seca, geralmente cobradas nas primeiras fases
dos concursos. O enunciado proposto apresenta uma “pegadinha”, apenas perceptível
mediante comparação do que dispõem a Lei 9605/98 e o Código Penal. Vejamos:
enquanto a primeira autoriza a conversão da pena em restritiva de direitos quando a
pena privativa de liberdade for inferior a quatro anos (art. 7º, I), o Código Penal, por sua
vez e, diversamente, admite que a pena privativa de liberdade seja não superior a quatro
anos. Logo, conclui-se que em se tratando de uma pena exata de quatro anos, a Lei
Ambiental não admitiria a sua conversão, ao passo que o CP sim. ERRADO

DIREITO CONSTITUCIONAL

16. A cláusula de reserva de plenário não se aplica às Turmas Recursais do Juizado


Especial.

Ponto 5 – Controle de Constitucionalidade.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 25

A cláusula de reserva de plenário, também conhecida por “full bench”, encontra previsão
no art. 97 da CF, que dispõe o seguinte: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”. Notem que o texto da CF
usa a expressão “tribunais”. As Turmas Recursais do Juizado Especial podem ser
consideradas “tribunais”? A resposta é não e, justamente com esse fundamento, o STF já
decidiu que “A regra da chamada reserva do plenário para declaração de
inconstitucionalidade (art. 97 da CF) não se aplica, deveras, às turmas recursais de juizado
especial. Mas tal circunstância em nada atenua nem desnatura a rigorosa exigência de
juntada de cópia integral do precedente que tenha, ali, pronunciado inconstitucionalidade
de norma objeto de recurso extraordinário fundado no art. 102, III, b, da Constituição da
República, pela mesmíssima razão por que, a igual título de admissibilidade do recurso,
não se dispensa juntada de cópia de acórdão oriundo de plenário” (RE 453744, 1ª Turma,
j. 13/06/2006). CERTO

17. Conforme o entendimento pacífico da doutrina, emenda constitucional que


acrescente direitos e garantias individuais ao catálogo já previsto pelo
constituinte originário de 1988 não pode ser objeto de posterior abolição, haja
vista tratar-se, agora, de cláusula pétrea.

Ponto 1.1 – Supremacia da Constituição; e Ponto 4.1. Do processo legislativo.

O termo “pacífico” constante do enunciado já deve, por si só, ser visto com desconfiança
pelo concurseiro. A discussão colocada nessa questão é muito interessante, mas aqui não
seria o momento oportuno para avançarmos em demasia, me parecendo o bastante
adverti-los apenas que, ao contrário do afirmado, não se trata de “entendimento
pacífico” na doutrina. Como pano de fundo, tem-se a seguinte polêmica: o poder
constituinte reformador pode limitar-se a si próprio ou essa seria uma atribuição
exclusiva do poder constituinte originário? Paulo Gustavo Gonet Branco inicia a
discussão afirmando que as cláusulas pétreas “se fundamentam na superioridade do

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 26

poder constituinte originário sobre o de reforma. Por isso, aquele pode limitar o conteúdo
das deliberações deste. Não faz sentido, porém, que o poder constituinte de reforma limite-
se a si próprio”. E prossegue dizendo que “não é cabível que o poder de reforma crie
cláusulas pétreas. Apenas o poder constituinte originário pode fazê-lo” (BRANCO, Paulo
Gustavo Gonet. Em coautoria com MENDES, Gilmar Ferreira; e COELHO, Inocêncio
Mártires. Curso de Direito Constitucional. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 259).
Conclui-se, portanto, com a lição de que não se trata, diversamente do afirmado no
enunciado, de um entendimento pacífico na doutrina, havendo quem entenda que
direitos e garantias fundamentais acrescidas por meio de EC poderiam ser
posteriormente abolidas. ERRADO

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA

18. As pessoas jurídicas fazem jus à assistência jurídica da Defensoria Pública da


União, desde que comprovem documentalmente a insuficiência de recursos
econômicos.

Ponto 9 – A Defensoria Pública e o patrocínio de pessoas jurídicas.

A assertiva repete literalmente o teor do Enunciado n. 5 das Câmaras de Coordenação da


DPU. Além disso, o art. 4º, V, da LC 80/94, é claro ao contemplar (também) a pessoa
jurídica como destinatária da assistência prestada pela Defensoria. Advirto que o CESPE,
recentemente considerou correta, na prova da DP/DF, enunciado que dispunha que “À
Defensoria Pública, instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbem a
orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, o que inclui a prestação
de assistência judicial e extrajudicial a pessoa física, mas somente assistência judicial a
pessoa jurídica, conforme matéria sumulada pelo STJ”. Primeiro, a Súmula do STJ,
provavelmente a de n. 481, dispõe que “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa
jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os
encargos processuais”. Logo, relaciona-se ao benefício da justiça gratuita (encargos e

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 27

despesas processuais), e não à assistência jurídica gratuita (essa, prestada pela


Defensoria). E, segundo, não há razão alguma para se estabelecer essa cisão entre a
assistência judicial e extrajudicial. O CESPE errou, mas, felizmente, alterou o gabarito
justificando que “A assistência à pessoa jurídica pela DP deverá se dar tanto judicial como
extrajudicialmente”. CERTO

19. A recondução do Defensor Público-Geral Federal para novo mandato de dois


anos dispensa nova aprovação pela maioria absoluta dos membros do Senado
Federal.

Ponto 1 – A Defensoria Pública da União.

O art. 6º da LC 80/94 deve ser praticamente decorado. Vejamo-lo: “A Defensoria Pública


da União tem por chefe o Defensor Público-Geral Federal, nomeado pelo Presidente da
República, dentre membros estáveis da Carreira e maiores de 35 (trinta e cinco) anos,
escolhidos em lista tríplice formada pelo voto direto, secreto, plurinominal e obrigatório de
seus membros, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do
Senado Federal, para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma recondução, precedida de
nova aprovação do Senado Federal”. ERRADO

20. As Defensorias Públicas não dispõem de iniciativa legislativa para a criação e


extinção de seus cargos.

Ponto 1 – A Defensoria Pública da União.

A autonomia conferida pela CF às Defensorias Públicas (à DPU, mais recentemente, pela


EC 74/2013) não chegou, ainda, a atribuir à instituição a iniciativa legislativa para a
criação e extinção dos seus cargos, ao contrário do que ocorre com o Ministério Público
e com o Poder Judiciário. Assim sendo, o enunciado não contém erro algum. Vale
ressaltar, para ampliação do conhecimento, que a Constituição do Estado do Rio Grande

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 28

do Sul (art. 121, § 1º) e a Lei Complementar n. 136/2012, que organiza a Defensoria
Pública do Estado de Santa Catarina, conferem às respectivas Defensorias a mencionada
iniciativa legislativa. Sobre essa previsão em legislação local, a doutrina entende por
controversa a constitucionalidade (SOARES DOS REIS, Gustavo Augusto; ZVEILBL,
Daniel Guimarães; JUNQUEIRA, Gustavo. Comentários à Lei da Defensoria Pública. São
Paulo: Saraiva, 2013, p. 27). Sobre o tema, confira-se, ainda, o teor da PEC 487/2005, em
trâmite no Congresso Nacional, que atribui às Defensorias a iniciativa legislativa para
criação/extinção de cargos, conforme se vê em seu art. 134, § 2º: “À Defensoria Pública é
assegurada autonomia funcional, administrativa e financeira, podendo, observado o
disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e
serviços auxiliares (...)”. CERTO

______________________________________

ALDO COSTA
Assessor de ministro do STF. É bacharel em direito pela USP (1999). Foi professor substituto da Faculdade
de Direito da UnB (2002-2006), conselheiro da Comissão de Anistia (2002), pesquisador visitante no Max-
Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e assessor especial do Ministro da
Justiça (2010-2011)
Mediador das disciplinas de Direito Penal Militar, Processo Penal Militar, Direito Internacional Público e
Direitos Humanos

DIREITO PENAL MILITAR

21. Welisson apresentou-se à Junta de Serviço Militar em 25/04/12, sendo-lhe


determinada a apresentação à Comissão de Seleção no dia 13/08/12. Na data
aprazada, apresentou-se no local indicado, sendo-lhe determinado retornar no
dia seguinte para inspeção. Inspecionado em 14/08/12, foi julgado apto, sendo-
lhe determinado o comparecimento à Brigada Paraquedista em 21/08/12 para
seleção especial. Apresentou-se na data marcada àquela organização militar e foi

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 29

considerado contraindicado para tropa paraquedista, devendo apresentar à


Comissão de Seleção em 24/01/13 para conhecimento da designação.
Compareceu na referida data ao local indicado e foi designado para incorporação
e matrícula no 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada, devendo apresentar-se
em 24/02/13. Compareceu na data determinada para início de Seleção
Complementar visando a incorporação e foi submetido a uma entrevista, não
sendo, entretanto, pré-selecionado, pois não satisfez os requisitos para ser
incorporado, sendo libertado, com retorno previsto para o dia 05/03/13 para
conclusão do processo de seleção, sendo o respectivo Certificado de Alistamento
Militar carimbado como Excesso de Contingente. Welisson não se apresentou no
dia 05/03/13, não tendo concluído, portanto, o processo de seleção. No caso,
Welisson deve ser considerado insubmisso.

Ponto 1 – Aplicação da lei penal militar

- O brasileiro que não se apresentar para a seleção durante a época de seleção do


contingente de sua classe ou que, tendo-o feito, se ausentar sem a ter completado é
considerado refratário. Insubmisso é o convocado selecionado e designado para
incorporação ou matrícula, que não se apresentar à organização militar que lhe foi
designada, dentro do prazo marcado ou que, tendo-o feito, se ausenta antes do ato oficial
de incorporação ou matrícula.
- No caso apresentado, verifica-se que Welisson é detentor de certificado de dispensa de
incorporação válido e, quando muito, poderia ter sido considerado refratário, por não
ter se apresentado na data aprazada para completar a seleção, mas nunca insubmisso.
- Aos refratários e insubmissos serão aplicadas as sanções administrativas previstas na
Lei nº 4.375/64, sem prejuízo do que, sobre os últimos, estabelece o art. 183 do Código
Penal Militar.
- No Decreto nº 57.654/66, que regulamentou a Lei do Serviço Militar (Lei nº 4.375/64),
o artigo 3º esclarece em seu item 7, o que se entende por convocação à incorporação de
um conscrito: 7) convocação à incorporação ou matrícula (designação) – Ato pelo qual os

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 30

brasileiros, após julgados aptos em seleção, são designados para incorporação ou


matrícula, a fim de prestar o Serviço Militar, quer inicial, quer sob outra forma ou fase.
- A seleção complementar é etapa da pós-seleção destinada ao conscrito que já tomou
ciência de sua designação e é feita na organização militar de destino. Objetiva apurar
dados específicos de interesse do quartel e/ou situações que eventualmente ocorram
depois da fase de seleção normal e poderá compreender nova inspeção de saúde. O art.
78 do Decreto nº 576754, de 20.01.1996 autoriza a Organização designada a
complementar a seleção dos convocados que lhes forem destinados, visando a selecionar
aqueles que serão incorporados.
- O entendimento do STM é no sentido de que o não comparecimento a seleção
complementar que visa ultimar a incorporação é irrelevante para descaracterizar o
delito de insubmissão quando o conscrito toma conhecimento da data para incorporação
e não comparece, pois nos termos do verbete de nº 7 da Súmula daquele Tribunal, “o
crime de insubmissão se consuma quando o conscrito toma conhecimento da data para
incorporação e não comparece”.
- A Defensoria Pública da União, a partir da leitura dos conceitos contido nos artigos 24 e
25 da Lei do Serviço Militar entende que a pedra angular do crime de insubmissão reside
não na assinatura do convocado feita simplesmente numa relação de designação e
distribuição, confeccionada antes de qualquer ato de seleção, mas sim, em posterior
documento contendo a data de incorporação, emitido após terem sido efetivadas todas
as etapas que habilitariam o conscrito à incorporação, ou seja, somente guardará a
condição de insubmisso o brasileiro que tiver completado a íntegra do processo exigido
pelas Forças Armadas, caso contrário, será refratário. ERRADO

22. Depois de ter sido desligado do Departamento de Operações de Paz nas Nações
Unidas, Paulo, capitão de fragata da Marinha do Brasil, permaneceu nos Estados
Unidos da América, pelo menos um mês após o decurso do período de trânsito (12
de fevereiro de 2008 a 16 de março de 2008), deixando assim de se apresentar ao
lugar designado, Comando do Pessoal de Fuzileiros Navais, na cidade do Rio de

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 31

Janeiro. Em 10 de julho de 2008, o Ministério Público Militar o denunciou pela


conduta descrita no artigo 188, inciso I, do Código Penal Militar (caso assimilado
ao de deserção). A acusação foi recebida em 30 de julho de 2008. Em 10 de agosto
subsequente, o juiz-auditor da 2ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar,
no Rio de Janeiro, exarou decisão declarando a incompetência daquele juízo e, em
observância ao artigo 147 do Código de Processo Penal Militar, determinou a
remessa do processo, após o decurso do prazo para interposição de recurso, à
Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar, órgão, no seu entender,
competente pra conhecer a causa, como estabelece a regra contida no artigo 91 do
Código de Processo Penal Militar (“Os crimes militares cometidos fora do
território nacional serão, de regra, processados em Auditoria da Capital da
União”). No caso, a magistrada agiu corretamente, pois suplantado o período de
trânsito, o réu permaneceu no exterior por mais de oito dias, consumando-se, na
hipótese, a figura equiparada à deserção.

Ponto 1 – Aplicação da lei penal militar

- Nos termos do art. 188, I, do CPM, incorre na mesma pena do crime de deserção o
militar que não se apresenta no lugar designado dentro de 8 dias, findo o prazo de
trânsito.
- O Código Penal Comum consagra o princípio da territorialidade como regra (art. 5º) e o
da extraterritorialidade como exceção (arts. 7º, 8º e 9º). Diferentemente, o Código Penal
Militar contempla ambos os princípios, como regra única. Inclusive é irrestrita a
aplicação da extraterritorialidade, em face de os crimes militares afetarem as
instituições militares e poderem ser totalmente praticados em outro país. Com a adoção,
como regra, do princípio da extraterritorialidade, a lei penal castrense alcança sempre o
crime militar, mesmo quando, totalmente, praticado fora do território nacional.
- As disposições contidas no art. 6º do CPM (lugar do crime) são relevantes para o
Código de Processo Penal Militar, porque determina a competência do foro de que
tratam, sob a epígrafe “Da competência pelo lugar da infração”.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 32

- Para os crimes comissivos, o lugar do crime segue a teoria da ubiquidade, que


reconhece tanto o lugar da conduta quanto do resultado. Para os crimes omissivos, o
CPM adota a teoria da atividade.
- A Paulo foi imputada a prática de conduta omissiva (CPM, art. 188, inciso I), por não ter
se apresentado no lugar designado, Comando do Pessoal de Fuzileiros Navais, sediado
no Rio de Janeiro, após o término de trânsito.
- O art. 85, inciso I, “a”, estabelece como regra geral de competência o lugar da infração. –
Por força desses dispositivos (CPM, art. 6º, parte final, c/c art. 85, “a”, do CPPM), a
competência para o processo e julgamento desta causa é mesmo da 2ª Auditoria da 1ª
CJM, sendo inaplicável à hipótese a regra do art. 91 do CPPM, pois esta só seria viável se
o agente tivesse que se apresentar em unidade fora do território nacional, o que não é o
caso. ERRADO

23. No dia 5 de outubro de 2006, o Sd Ex Anderson, consciente e voluntariamente,


ausentou-se sem licença da unidade militar onde servia. Contava, na época do fato,
com menos de 21 anos de idade. No dia 26 de setembro de 2007, apresentou-se no
Batalhão-Escola de Engenharia e foi submetido à inspeção de saúde, tendo sido
julgado apto para e, por conseguinte, reincluído no Serviço Ativo. Posteriormente,
o Ministério Público Militar ofereceu denúncia contra o referido militar, pela
prática de deserção. A peça foi recebida por decisão datada de 6 de novembro de
2007. Em 6 de abril de 2008, o acusado veio a praticar nova deserção, motivo pelo
qual o processo foi suspenso. Em 8 de outubro de 2012, o Juízo declarou, com
fundamento nos artigos 123, inciso IV, 125, inciso VI e 129, todos do Código Penal
Militar, a extinção da punibilidade do réu, assentando que, da última interrupção
do prazo prescricional (data de recebimento da denúncia) até aquela data, já teria
transcorrido o lapso temporal da prescrição. No caso, o magistrado agiu
corretamente, uma vez que o acusado era menor na data do fato, incidindo
prescrição pela metade.

Ponto 1 – Aplicação da lei penal militar

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 33

- O juiz declarou extinta a pretensão punitiva pelo advento da prescrição, aplicando o


artigo 125 do CPM (“, sem considerar que o acusado se encontrava na condição de
trânsfuga.
- Para que incida o disposto no artigo 125 do CPM, e respectivos incisos, é necessária a
reinclusão do acusado no Serviço Militar, após sua captura ou aparecimento voluntário –
o que não ocorreu no caso.
- Na verdade, permanece o réu na condição de trânsfuga, o que faz incidir o disposto no
artigo 132 do CPM: “No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta
só extingue a punibilidade quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco anos, e,
se oficial, a de sessenta”.
- Assim, mantem-se suspenso o processo diante da perda da condição de militar do
trânsfuga em nova deserção, já que também impede o prosseguimento da ação pena cujo
objeto é a primeira deserção e, como consequência, também impede a aplicação da regra
prevista no artigo 125 do CPM, ensejando a aplicação da regra especial ínsita no artigo
132 do mesmo diploma legal. ERRADO

24. O tipo incriminador insculpido no artigo 290 do Código Penal Militar requer,
para sua configuração, o porte de substância entorpecente assim declarada pela
ANVISA.

Ponto 16 – Crimes impropriamente militares

- Diversamente da legislação comum, a redação do artigo 290 do CPM contém um plus ao


estabelecer que o tio também se aperfeiçoa com a conduta de usar ou consumir
substância que determine dependência física ou psíquica em lugar sujeito à
administração militar.
- O tema foi submetido ao crivo do STF, que, julgando o RHC 98.323, em 6 de março de
2012, assim se manifestou, em acórdão da lavra do ministro Marco Aurélio: “O tipo
previsto no artigo 290 do Código Penal Militar não requer, para configuração, o porte de

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 34

substância entorpecente assim declarada por portaria da Agência Nacional de Vigilância


Sanitária”.
- Note-se que à luz dessa decisão do STF, o tipo normativo “substância entorpecente, ou
que determine dependência física ou psíquica” do art. 290 do CPM foi bipartido. Na
primeira parte (substância entorpecente) pesa a literalidade da referida portaria da
ANVISA, mas a segunda (ou que determine dependência física ou psíquica), a depender
de outros dados fáticos, pode atrair a interpretação analógica inserida no artigo 290 do
CPM, para proporcionar incidência mais efetiva, se comparada à legislação comum.
- Nesse sentido, já se entendeu que embora não esteja incluída na Portaria 344/98-
ANVISA como entorpecente, a “cola de sapateiro” é substância que causa efeito
semelhante, cuja consequência é determinar a dependência física/psíquica (STM HC
2009.02.034386-5).
- A jurisprudência do STF é firme no sentido de que “a posse, por militar, de substância
entorpecente, independentemente da quantidade e do tipo, em lugar sujeito à
administração castrense (art. 290, caput, do Código Penal Militar), não autoriza a
aplicação do princípio da insignificância” e de que “O art. 290, caput, do Código
Penal Militar não contraria o princípio da proporcionalidade e, em razão do critério
da especialidade, não se aplica a Lei n. 11.343/2006” (HC 104.564-AgR/RS, Primeira
Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe 27/5/11). ERRADO

25. Considere que o Sd Ex Jonathan, nascido em 06/07/1989 ausentou-se do 14º


Batalhão de Infantaria Motorizada, localizado em Jaboatão dos Guararapes (PE),
no dia 1º/12/2008 apresentando-se voluntariamente em 16/9/2010. Após ter
sido considerado apto em inspeção médica de saúde, o militar foi reincluído às
fileiras do Exército. Em razão desses fatos, foi condenado, em 4/10/2011, pela
prática do delito de deserção, previsto no artigo 187 do Código Penal Militar. No
caso, a consumação da deserção ocorreu quando o réu era menor de vinte e um
anos, razão pela qual deveria ter sido reconhecida a prescrição.

Ponto 1 – Aplicação da lei penal militar

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 35

- No caso sob exame, a consumação da deserção se deu enquanto o paciente ainda era
menor de vinte e um anos. Entretanto, ele apresentou-se voluntariamente ao batalhão
em 16/9/2010, ou seja, após completar essa idade, o que serviu de fundamento para que
não fosse reconhecida a prescrição.
- Segundo a doutrina e a reiterada jurisprudência do STM, referendada por inúmeros
julgados do STF, o crime de deserção é de natureza permanente. Crime permanente é
aquele cuja consumação se protrai no tempo, dependente da atividade do agente, e que
poderá cessar quando este quiser. Não se confunde com crime instantâneo de efeitos
permanentes e independe da existência de resultado.
- O marco inicial da contagem do prazo prescricional, assim, é a data em que cessa a
permanência, ou seja, da captura ou, como no caso, a apresentação voluntária do
desertor.
- Por fim, em sendo o crime permanente, a redução do prazo prescricional prevista no
artigo 129 do CPM não aproveita o réu. É que a dicção do artigo 129 do CPM ao
mencionar a expressão “ao tempo do crime” como causa de redução pela metade do
cálculo do prazo prescricional, impõe que seja considerada a data em que cessa a
permanência, sendo certo que se o réu atinge a maior idade de vinte e um anos durante
a constância, assim será considerado para todos os fins penais.
- O professor Cláudio Amin sustenta que a deserção é crime instantâneo de efeitos
permanentes, entendimento que pode ser adotada em provas discursivas da Defensoria
Pública. ERRADO

26. As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença.

Ponto 11 – Medidas de segurança

- A previsão do artigo 3º do Código Penal Militar é objeto de severas críticas


doutrinárias. Afirma-se que o preceito não se afina com as exigências de uma
sistematização moderna, podendo o juiz impor a medida de segurança prevista na lei ao

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 36

tempo da sentença, ainda que fosse ela inexistente à época do fato (Heleno Fragoso, “A
Lei Penal no Tempo”, Revista do Superior Tribunal Militar, ano I, n. 1, 1975).
- Guilherme Nucci, Pierangeli e Zaffaroni, Mirabete, Silva Franco, Paulo José da Costa
Júnior e Celso Delmanto reputam não ter sido o dispositivo recepcionado pela
Constituição Federal de 1988. Em sentido contrário, admitem a aplicação imediata da
medida de segurança: Francisco de Assis Toledo, Luiz Vicente Cernicchiaro, Feu Rosa e
Lycurgo de Castro Santos, ante os seguintes argumentos: 1º) a aplicação de uma medida
pressupõe que ela é mais eficaz que a anterior a fim de diminuir ou eliminar a
probabilidade de que o indivíduo cometa no futuro outros delitos (retroatividade em
benefício do réu); 2º) aplica-se, conforme os juízos sucessivos, uma consequência legal –
a nova medida de segurança – existente no momento em que se comprova a
periculosidade do agente: o que permite a aplicação da medida não é o fato criminoso,
que opera como simples garantia, senão o estado periculoso do agente (aspecto
subjetivo).
- Nas provas objetivas, em sendo cobrado o dispositivo em sua literalidade, aconselha-se
marcar a questão como correta. CERTO

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

27. Nos casos concretos, se houver divergência entre as normas contidas no


Código de Processo Penal Militar e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja
signatário, prevalecerão as primeiras.

Ponto 1 – Processo Penal Militar e sua aplicação

- Nos termos do artigo 1º, §1º do Código de Processo Penal Militar, nos casos concretos,
se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou tratado de que o Brasil
seja signatário, prevalecerão as últimas. Não obstante, o STM tem decidido que: (a) a
incidência do art. 290 do CPM não ofende as Convenções de Nova York e de Viena,
tampouco à Constituição Federal; (b) o art. 8º do Pacto de São José da Costa Rica refere-

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 37

se às garantias judiciais do acusado, o que não se coaduna com a fase inquisitorial; (c) a
citação editalícia, prevista no art. 286 do CPPM, bem como a decretação da revelia,
autorizada pelo art. 292 do mesmo Código Adjetivo Castrense, não atestam qualquer
afronta aos dispositivos da Carta Magna de 88, da Convenção Interamericana de Direitos
Humanos e do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos; (d) o depoimento
prestado pelo acusado, na qualidade de testemunha, durante a feitura do inquérito
policial militar não viola o art. 8º, nº 2, letra "g", do Pacto de São José da Costa Rica.
- Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora
dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela
justiça estrangeira (CPM, art. 7º)
- Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas, ficam
sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções
internacionais (CPM, art. 11).
- Na aplicação do art. 395 do CPM, serão considerados os tratados e as convenções
internacionais, aceitos pelo Brasil relativamente ao tratamento dos prisioneiros de
guerra. ERRADO

28. A Lei nº 12.830, de 20 de junho de 2013 passou a conferir exclusividade ao


delegado de polícia para a condução de inquéritos policiais, inclusive os de
natureza militar.

Ponto 3 – Inquérito policial militar

- O STM apreciou recentemente a questão no HC 186-79.2013.7.00.0000/RJ,


oportunidade em que assentou ser “totalmente descabida a ideia de que essa legislação
passou a conferir exclusividade ao delegado de polícia para a condução de inquéritos
policiais. Na verdade, esse diploma legal, ao dispor “sobre a investigação criminal
conduzida pelo delegado de polícia”, apenas reconheceu que “as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 38

natureza jurídica essenciais e exclusivas de Estado”, sem qualquer exclusão da função


similar exercida pelas autoridades militares que conduzem os inquéritos policiais
militares, segundo as formalidades constantes no Código de Processo Penal Militar. Vale
dizer, o campo de incidência da referida lei restringe-se à atuação do delegado de polícia,
no desempenho de suas atribuições legais, ressaltando que o legislador passou a
reconhecer que esse cargo é considerado carreira típica de Estado”. ERRADO

DIREITOS HUMANOS E DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

29. Todas as normas internacionais relativas a direitos humanos devem ser


consideradas norma de jus cogens.

Ponto 2 – Obrigações e compromissos internacionais

Na ausência de uma lista de normas imperativas de direito internacional, não se pode


afirmar que todas as normas internacionais relativas a direitos humanos devem ser
consideradas normas de jus cogens. O consenso que se verifica na doutrina é mais
restrito que isso, limitando-se à inclusão dos “direitos essenciais” da pessoa humana nas
normas de jus cogens (cf. MARTINS, Ana Maria Guerra. Direito Internacional dos Direitos
Humanos. Coimbra: Almedina, 2011, p. 93). ERRADO

30. Ao contrário do que sucede no direito internacional clássico, o direito


internacional dos direitos humanos não se fundamenta nos princípios da
reciprocidade, da exclusividade, da competência nacional, da não ingerência nos
assuntos internos e da reversibilidade dos compromissos.

Ponto 1 – Estrutura jurídica: Conceitos básicos de Direito Internacional – Direito Internacional dos
Direitos Humanos

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 39

- O princípio da reciprocidade pressupõe a legalidade do não cumprimento de uma


norma internacional por parte de um Estado como resposta ao não cumprimento da
mesma norma por parte de outro ou de outros Estados. Ora, o gozo dos direitos
humanos não pode estar condicionado pela atitude dos vários Estados em relação aos
instrumentos convencionais que consagram esses direitos (CVDT 1969, art. 60, n. 5).
- O Direito Internacional dos Direitos Humanos só pode ser eficaz se se libertar da
competência nacional exclusiva e assumir que a proteção do ser humano só pode ser
assegurada fora do quadro das relações entre os Estados.
- O princípio da não ingerência nos assuntos internos, previsto no art. 2º, n. 7, da Carta
das Nações Unidas, assenta numa distinção, que, no que diz respeito aos direitos
humanos, não faz sentido, qual seja, a da separação material entre as ordens jurídicas
internas e a ordem jurídica internacional. O caráter objetivo dos direitos humanos
implica a responsabilidade coletiva dos Estados quanto à aplicação das normas
internacionais, que com eles se relacionam, não se devendo permitir a invocação do
princípio da não ingerência nos assuntos internos.
- O princípio da reversibilidade dos compromissos assumidos pelos Estados está
previsto no art. 56 da CVDT de 1969. Na ausência, em geral de uma cláusula expressa de
denúncia – são exceções o art. 65 da CEDH e o art. 78 da CADH – o caráter objetivo e a
natureza específica dos tratados de direitos humanos opõem-se à sua aceitação. CERTO

______________________________________

ALEXANDRE CABRAL
Defensor Público Federal em Brasília/DF
Mediador das disciplinas de Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito Administrativo

DIREITO DO TRABALHO

31. As normas de proteção ao trabalho da mulher possuem sede constitucional e


legal, notadamente na CLT. Exemplo é a previsão de acréscimo mínimo de 25% na

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 40

remuneração da trabalhadora, urbana ou rural, que desempenha trabalho


noturno.

Pontos: 25. Trabalho da mulher Estabilidade da gestante. Trabalho noturno e trabalho proibido.
21. Trabalho extraordinário e trabalho noturno.

O art. 7º, IX da CRFB/88 prevê que o trabalho noturno tenha remuneração superior ao
diurno. Trata-se, portanto, de garantia constitucional. A CLT, art. 73, estabelece que o
horário noturno dos trabalhadores urbanos será de 22h as 5h , com adicional de 20%.
O §1º do art. 73 diz que a hora de trabalho noturno será computada a cada 52minutos e
30segundos. É a “hora noturna reduzida”, que beneficia o trabalhador. Obs: Há
categorias com regra própria, afastando a aplicação deste artigo, caso dos petroleiros.
De fato, pasmem, à mulher já foi vedado o trabalho noturno, labor este hoje lícito e que
segue a mesma regra (hora reduzida e adicional de 20%) aplicável aos homens,
embora com diferente localização topográfica no texto consolidado (homens art. 73 e
mulheres art. 381, da CLT). O trabalho rural está regulado pela Lei nº 5.889/73,
regulamentado pelo Decreto nº 73.626/74 e previsto no artigo 7º da Constituição
Federal/88. É o trabalhador rural que possui adicional noturno de 25%, inexistindo
previsão diversa em virtude do sexo (gênero) do obreiro (art. 7º e parágrafo único, Lei
5.889/73).

Observe o atento candidato também tema muito cobrado sobre o ponto, os horários de
trabalho noturno do trabalhador rural, que são diversos entre si. Assim:
1. Se trabalhador da Lavoura (agricultura) o horário noturno é das 21h às 5h. 2. Se
obreiro na Pecuária, é de 20h às 4h. Para ambos a hora de trabalho noturno rural é a
hora normal, 60 (sessenta) minutos. ERRADO

Julgue os itens abaixo com base no seguinte enunciado:

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 41

ARTUR, vendedor de uma loja de roupas com início do vínculo em 01.12.2008,


pediu demissão em Janeiro de 2013. A empregadora exigiu que ARTUR cumprisse
12 (doze) dias de aviso prévio além dos 30 (trinta) previstos, informando a ele
que a nova legislação sobre o tema, Lei 12.506, vigente a partir de 13.10.2011,
garante um prazo maior de aviso.

Ponto: 15. Aviso prévio.

32. ARTUR não precisa conceder aviso prévio ampliado à empregadora, pois a
extensão do prazo é um benefício previsto exclusivamente para o empregado.

Segundo a CRFB/88, art. 7º, XXI c/c Lei 12.506 de 2011 (art. 1º), para cada ano completo
trabalhado o obreiro faz jus a mais 03 (três) dias de aviso prévio, até um máximo de 60
dias (correspondendo a vinte anos de trabalho) que, somados aos 30 (trinta) dias
básicos, podem significar um prazo máximo de 90 (noventa) dias – o “teto”, portanto, do
aviso prévio estendido. Recordemos que o Ministério do Trabalho editou,
regulamentando a Lei 12.506/2011, a Nota Técnica Nº 184/2012, onde assevera que os
dias extras de aviso prévio são apenas “pró trabalhador”. Nesse sentido, da previsão ser
exclusiva em prol do trabalhador, vêm sendo as decisões judiciais sobre o tema. Assim,
quando o obreiro pede demissão, independente do tempo de vínculo, deve conceder
sempre apenas 30 (trinta) dias ao empregador. O regulamento citado merece leitura e se
baseia, corretamente, no fato do art. 7º, XXI, da Constituição ser previsto como benefício
dos trabalhadores, não havendo contrapartida ao empregador equivalente.
Vale frisar, ainda, que a própria Lei 12.506/2011 afirma referir-se somente aos
empregados, isso em seu art. 1º, verbis: “Art. 1o O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI
do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no
5.452, de 1o de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos
empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa.”. CERTO

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 42

33. Caso Artur tivesse sido demitido antes de 13.10.2011, não haveria extensão do
prazo de aviso prévio a seu favor, pois a citada lei não retroage para beneficiar o
trabalhador.

Cuidado com questões que aparentemente apontam um “entendimento benéfico” ou


“típico de defensor” e que podem levar a se optar por uma resposta equivocada.
Sobre o ponto, o TST já sumulou o entendimento – Súmula 441, no sentido de que a
extensão do período do Aviso Prévio só vale para as recisões contratuais ocorridas a
partir da vigência da lei, ou seja, 13.10.2011. Trabalhadores demitidos antes dessa data
têm direito apenas à previsão de 30 (trinta) dias de aviso prévio, que era a garantia
constitucional mínima prevista no art. 7º, XXI da CRFB/88 até a edição da novel
legislação. CERTO

34. O prazo prescricional referente a depósitos não realizados de FGTS na conta


vinculada do trabalhador, previsto no art. 23, §5º, da Lei 8.036/90 é de 30 (trinta)
anos. Contudo, em virtude da previsão constitucional referente à prescrição das
ações trabalhista (art. 7º, XXIX da CRFB/88), no curso do contrato de trabalho o
prazo a ser aplicado à prescrição dos depósitos não realizados de FGTS é o
quinquenal, como já sedimentou o TST.

Ponto: 17. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.

O prazo para ações com objeto de questionar depósitos fundiários não realizados é legal
(Lei 8.036/90) e trintenário, como pacífico nas cortes superiores pátrias. Na seara
laboral, estando em curso o vínculo, aplica-se a mesma regra. Havendo término ou
extinção do vínculo de emprego, porém, a prescrição bienal, que atinge as ações
trabalhistas em geral, deve ser aplicada, conforme determina a Súmula 362 do TST,
verbis: “Contrato de Trabalho - Prazo Prescricional - Reclamação - Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço. É trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não-
recolhimento da contribuição para o FGTS, observado o prazo de 2 (dois) anos após o

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 43

término do contrato de trabalho”. Logo, errada a assertiva do cabeçalho. Registre-se:


quando houve depósitos no FGTS do trabalhador, mas o objeto da ação trabalhista
proposta no curso do vínculo (pedido principal) for hábil a afetar o montante/valor de
FGTS depositado (esse o pedido acessório ou reflexo) a prescrição, aí sim, será a
quinquenal (art. 7º, XXIX CRFB/88), pois deve se aplicar a prescrição do pedido
principal. Como bem explica o professor Renato Saraiva:

“ [...] Exemplificativamente, podemos citar a hipótese em que o


empregador recolheu FGTS sobre a remuneração do obreiro,
desconsiderando as horas extras efetivamente laboradas
habitualmente [...] o pleito de horas extras surgiria como pedido
principal, e, se deferido, geraria reflexos pecuniários sobre outras
parcelas (pedidos acessórios), como nas férias, na gratificação
natalina e no próprio recolhimento fundiário.
Logo, sendo as horas suplementares o pedido principal, sujeitam-
se os pedidos acessórios à prescrição quinquenal prevista na
CF/88, entre eles a diferença de recolhimento do FGTS, devendo
seguir a prescrição do pedido principal, sujeitando-se, portanto,
também à prescrição quinquenal” (SARAIVA, Renato. Direito do
Trabalho.15 ed. Rio de Janeiro, Forense; São Paulo, Método, 2013,
p.310). ERRADO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

35. A reconvenção, modalidade de resposta do réu que se constitui não em defesa,


mas verdadeiro contra-ataque face o autor, é compatível com o processo do
trabalho, possuindo regramento previsto por expresso na CLT.

Ponto: 04. Dissídios individuais.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 44

Realmente, a Reconvenção é admita por majoritária doutrina e ampla jurisprudência no


processo do trabalho, podendo ser tranquilamente manejada desde que respeitados
seus requisitos. Estes, todavia, são os do Código de Processo Civil (arts. 299 e 315 a 319,
notadamente, todos do CPC). A reconvenção não possui previsão na CLT. O manejo dessa
resposta decorre, portanto, de aplicação subsidiária da lei processual civil ao processo
do trabalho, como permitido pelo art. 769 da CLT, cuja leitura é obrigatória. Como bem
aduz o professor Carlos Henrique Bezerra Leite:

“Há quem sustente o descabimento da reconvenção no processo


do trabalho. O principal argumento repousa na previsão expressa
da compensação e retenção como matéria de defesa, e não de
reconvenção, razão pela qual não haveria omissão da CLT a
respeito, impedindo, assim, a aplicação subsidiária do CPC.
Todavia, cerramos fileira com a corrente majoritária, no sentido
de que a reconvenção é perfeitamente compatível com o processo
do trabalho [...]” (LEITE, Carlos Augusto Bezerra. Curso de Direito
Processual do Trabalho. 9 ed. São Paulo, LTr, 2011, p. 560).
ERRADO

Julgue os itens abaixo com base no seguinte enunciado:

ANA, encarregada de serviços gerais, empregada de pessoa jurídica terceirizada e


regularmente licitada para o serviço de limpeza e conservação em uma Autarquia
federal, viu-se sem emprego após o encerramento abrupto das atividades de sua
empregadora. A trabalhadora procurou a DPU e teve ação trabalhista proposta
pelo rito ordinário, tendo sido inclusos no pólo passivo a pessoa jurídica privada e
a Autarquia federal. O valor das verbas pleiteadas por ANA é da ordem de 10 (dez)
salários mínimos.

Ponto: 04. Dissídios individuais.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 45

36. Em virtude do valor da causa, a demanda poderia ter sido proposta pelo Rito
Sumaríssimo, justificando-se, porém, a opção do Defensor Público Federal pelo
rito ordinário em virtude da presença da Autarquia federal no pólo passivo.

O Rito Sumaríssimo trabalhista foi criado pela Lei 9.957/2000 e tem regramento
previsto nos arts. 852-A ao 852-H da CLT. Importante destacar que, ao contrário do que
ocorre no âmbito do processo cível da justiça estadual, onde a opção pelo rito
sumaríssimo é facultada ao autor da ação, na seara laboral a ação cujo valor seja inferior
a 40 (quarenta) salários mínimos DEVE, regra geral, ser proposta pelo rito sumaríssimo,
não se tratando de opção mas determinação legal. Todavia, excluem-se do rito
sumaríssimo, independentemente do valor da ação, a Administração Pública Direta,
Autárquica ou fundacional (art. 852-A, parágrafo único, CLT). Tem-se, pois, que não era
opção do Defensor Público Federal o rito a ser seguido, estando eivada de vício a
assertiva em comento. Observe o atento candidato que não há se confundir o rito
sumaríssimo com o Rito Sumário, este previsto na Lei 5.584/70, destinado às demandas
cujo valor não exceda a dois salários mínimos. O rito sumário, segundo doutrina
amplamente majoritária (Wagner Giglio, Carlos Henrique Bezerra Leite) e
jurisprudência, segue vigente e é compatível com a existência do Rito Sumaríssimo,
sendo a nomenclatura de ambos causa de grande confusão, frequentemente explorada
em certames. ERRADO

37. ANA, ainda que sua reclamação trabalhista tivesse por objeto valor acima de
40 (quarenta) salários mínimos, poderia ter ingressado com a ação por conta
própria, sem representação pela DPU ou por advogado.
Seria permitido à obreira até mesmo interpor o Recurso ordinário para o TRT, no
caso de eventual sentença desfavorável.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 46

Vige na seara laboral, de forma bastante ampla, a capacidade postulatória da parte (seja
ela autor ou réu), o denominado Jus Postulandi. A previsão está contida no art. 791 da
CLT (e também no art. 839 do texto consolidado). Pela importância, reproduzimos a
norma (grifamos):

“Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar


pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas
reclamações até o final.
§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e
empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do
sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na
Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a
assistência por advogado.
§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro
em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata
de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado,
com anuência da parte representada. (Incluído pela Lei nº 12.437,
de 2011)”.

Assim, correta a assertiva ao asseverar que a reclamação de ANA poderia ser proposta
sem advogado (ou defensor público federal) a representa-la, mesmo quando de
interposição de recurso ordinário ao TRT. Observe-se que diversa situação ocorreria na
interposição de Recurso de Revista ou outra espécie recursal perante o TST, onde
inadmitido o Jus Postulandi por sedimentada construção doutrinária e jurisprudencial, já
sumulada. Trata-se do entendimento no sentido de que em certas ações é indispensável
o conhecimento técnico para correta representação da parte. Tal é a disciplina prevista
na Súmula 425 do TST: “ S. 425/TST Jus Postulandi - Justiça do Trabalho - Alcance –
Limitação. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 47

do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a


ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior
do Trabalho”. Após a edição da EC 45/2004 e ampliação da competência trabalhista, há
quem considere que a capacidade postulatória dispensando advogado só se refira às
relações de emprego (trabalho subordinado e com os demais requisitos de vínculo
empregatício), mas não nas ações que tenham por objeto relações de trabalho (como
trabalho eventual ou autônomo).

O professor Renato Saraiva aduz que:

“[...] em caso de ação trabalhista ligada á relação de trabalho não


subordinado, as partes deverão estar representadas por
advogados, a elas não se aplicando o art. 791 da CLT, restrito a
empregados e empregadores” (SARAIVA, Renato. Curso de Direito
Processual Trabalho.7 ed. Rio de Janeiro, Forense; São Paulo,
Método, 2010, p.203).

Em que pese o posicionamento do ilustre doutrinador, não estando a questão pacificada


nas Cortes, na 1ª Jornada de Direito Material e Processual do Trabalho (2007), realizada
no âmbito do TST, foi editado, em sentido diverso, o seguinte enunciado (ao qual
aderimos): “67. JUS POSTULANDI. ART. 791 DA CLT. RELAÇÃO DE TRABALHO.
POSSIBILIDADE. A faculdade de as partes reclamarem, pessoalmente, seus direitos
perante a Justiça do Trabalho e de acompanharem suas reclamações até o final, contida no
artigo 791 da CLT, deve ser aplicada às lides decorrentes da relação de trabalho”. CERTO

DIREITO ADMINISTRATIVO

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 48

38. Por ser a desapropriação forma originária de aquisição de propriedade,


eventual hipoteca que recaía sobre um imóvel desapropriado será desconstituída,
ficando o credor hipotecário sub-rogado no valor pago, a título de indenização.

Ponto: 10. Desapropriação.

A desapropriação é forma mais grave de intervenção na propriedade pelo Estado, e tem


por base a utilidade pública, na necessidade pública ou, ainda, o interesse social (art. 5º,
XXIV CRFB/88). É forma originária de aquisição de propriedade, vale dizer, quando
ocorre, há uma quebra na cadeia de domínio do bem, iniciando-se nova cadeia,
desvinculada da situação jurídica precedente. Como ensina o professor Alexandre Mazza
(grifos no original):

“[...]o bem expropriado ingressa no domínio público livre de ônus


e gravames que eventualmente o atinjam. Por isso, se o imóvel
objeto da desapropriação, por exemplo, estava hipotecado, a
hipoteca é automaticamente desconstituída no momento em que o
bem ingressa no domínio público, sub-rogando-se o credor
hipotecário no valor da indenização devida ao ex-proprietário”
(MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 3 ed. São
Paulo. Saraiva. 2103. P.620). CERTO

39. O prazo prescricional para que a Administração pública federal, direta ou


indireta, inicie ação punitiva com base no poder de polícia é de cinco anos,
contados da data da ciência da prática do ato ou, se infração permanente, do dia
em que tiver cessado. Iniciado o procedimento administrativo, caso paralisado
por período superior a três anos por ausência de julgamento ou despacho,
igualmente haverá prescrição.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 49

Ponto: 5. Poderes da administração: vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar e


regulamentar. O poder de polícia: conceito, finalidade e condições de validade.

A questão exige conhecimento da Lei 9.873/99, tema abordado com frequência pelo
CESPE e por isso merecedor de atenção. Em geral a confusão (ou “peguinha”) se oculta
na afirmação (aqui, na primeira parte da assertiva) quanto ao início do prazo
prescricional, que é contado do dia da prática do ato e não, como afirma o caput, da data
em que dele tiver ciência a Administração. A resposta se evidencia pela leitura do art. 1º
e seu parágrafo único da legislação em estudo, verbis (grifamos):

“Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da


Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do
poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em
vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
§ 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo
paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou
despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante
requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o
caso”. ERRADO

40. Ante o estado calamitoso de conservação de uma penitenciária de


determinado estado da federação, ocorreu uma fuga de presos que cumpriam
pena em regime fechado de execução penal. Seis meses depois, um desses presos
praticou homicídio contra um desafeto em via pública. Na esteira da
jurisprudência do STF, trata-se de situação onde possível buscar a
responsabilização estatal.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 50

Ponto: 7. Princípios básicos da administração. 7.1 Responsabilidade civil da administração:


evolução doutrinária e reparação do dano.

O Supremo tribunal Federal tem, ao contrário do que afirma a assertiva, decidido que
inexiste responsabilidade estatal por crime praticado por preso, quando decorridos
meses após a fuga. Trata-se da constatação de que o nexo de causalidade é aplicável
mesmo às hipóteses de responsabilidade objetiva, e no ordenamento pátrio exige-se
para tanto que o dano seja direto e imediato (RE 130.764/PR Rel. Min Moreira Alves).

Como bem explica em matéria esclarecedora nosso mediador, Aldo de Campos Costa
(grifamos):

“Em matéria de presos foragidos, o Estado só responderá pelo


crime praticado se o nexo de causalidade for demonstrado. É
necessário que haja um intervalo de tempo pequeno entre a fuga e
o ato lesivo. O tema é frequentemente abordado pela
jurisprudência dos tribunais de superposição a partir de episódios
envolvendo estupro cometido por condenado submetido a regime
prisional aberto que pratica, em várias ocasiões, falta grave de
evasão, sem que as autoridades responsáveis pela execução da
pena lhe apliquem a medida de regressão do regime prisional
aplicável à espécie (STF RE 573.595 AgR); fuga de preso atribuída
à incúria de guarda que o acompanhava ao consultório
odontológico fora da prisão, preordenada ao assassínio de
desafeto a que atribuía a sua condenação, na busca dos quais, no
estabelecimento industrial de que fora empregado, veio a matar o
vigia, marido e pai dos autores da ação indenizatória (STF RE
136.247); dano decorrente de assalto por uma quadrilha de que
participava um dos evadidos da prisão meses após a evasão (STF
RE 130.764); latrocínio praticado por preso foragido meses após a

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 51

fuga (STF RE 172.025); dano decorrente de assalto por quadrilha


de que fazia parte preso foragido vários meses antes (STF RE
130.764).” (COSTA, Aldo de Campos. A Responsabilidade do Estado
no STF e no STJ. Disponível em http://www.conjur.com.br/2013-
abr-17/toda-prova-responsabilidade-estado-stf-stj. Acesso em
17.01.2014). ERRADO

QUESTÕES DISSERTATIVAS

PEDRO WAGNER
Defensor Público Federal em Boa Vista/RR
Mediador das disciplinas de Direito Internacional Privado e Processo Civil

PROCESSO CIVIL

Enviar a resposta para cursodpu@gmail.com, inserindo no campo assunto


a expressão “2ª Rodada – Processo Civil”

Disserte sobre a possibilidade de preso poder figurar em quaisquer dos polos de


ação ajuizada em Juizados Especiais Cíveis, abordando, necessariamente, a
subsidiariedade existente entre as leis de regência, bem como possíveis princípios
constitucionais aplicáveis ao tema.

Máximo de 20 linhas

CAIO PAIVA
Defensor Público Federal em Manaus/AM e editor do site www.oprocesso.com

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 52

Mediador das disciplinas de Direito Penal, Processo Penal, Direito Constitucional e Princípios
Institucionais da Defensoria Pública

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA

Enviar a resposta para cursodpu@gmail.com, inserindo no campo assunto


a expressão “2ª Rodada – Princípios Institucionais”

Caso o Congresso Nacional aprove lei federal que atribua à Defensoria Pública da União
a defesa judicial de servidores públicos federais processados civil ou criminalmente em
razão do regular exercício do cargo, tal norma conflitaria com a Constituição Federal?
Responda motivadamente.

Máximo de 20 linhas

ALDO COSTA
Assessor de ministro do STF. É bacharel em direito pela USP (1999). Foi professor substituto da Faculdade
de Direito da UnB (2002-2006), conselheiro da Comissão de Anistia (2002), pesquisador visitante no Max-
Planck-Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (2007) e assessor especial do Ministro da
Justiça (2010-2011)
Mediador das disciplinas de Direito Penal Militar, Processo Penal Militar, Direito Internacional Público e
Direitos Humanos

DIREITOS HUMANOS

Enviar a resposta para cursodpu@gmail.com, inserindo no campo assunto


a expressão “2ª Rodada – Direitos Humanos”

Quais são e em que consistem os princípios informadores do direito internacional


dos direitos humanos?

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 53

Máximo de 20 linhas

ALEXANDRE CABRAL
Defensor Público Federal em Brasília/DF
Mediador das disciplinas de Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito Administrativo

DIREITO ADMINISTRATIVO

Enviar a resposta para cursodpu@gmail.com, inserindo no campo assunto


a expressão “2ª Rodada – Direito Administrativo”

Em determinado estado da União, visando garantir o interesse social para


construção de moradias populares, o governador, recém-eleito, tinha intenção de
desapropriar imóveis pertencentes a uma empresa pública federal.
De modo a facilitar a construção dos condomínios do programa, tencionava
desapropriar também uma pessoa jurídica da área de construção civil, pois ela
detinha o expertise necessário e útil à realização das obras, sempre com a devida
indenização e procedimento.
A procuradoria do estado em questão, consultada, manifestou-se no sentido de
que não seria possível de forma alguma desapropriar uma pessoa jurídica.
Anotou, contudo, que sendo os bens imóveis de propriedade de empresa pública
federal, ente da administração indireta, haveria plena possibilidade de
desapropriação pelo estado, o que não ocorreria em se tratando de bem de ente
da administração direta.

Comente a hipótese, necessariamente abordando a possibilidade, ou não, de


ambas as desapropriações pretendidas pelo jovem governador.

Máximo de 20 linhas

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 54

PEÇA JUDICIAL

EDILSON SANTANA
Defensor Público Federal em Manaus/AM e ex Defensor Público do Estado do Maranhão
Mediador das disciplinas de Direito Internacional Privado e Direito Civil

DIREITOS CIVIL

Enviar a resposta para cursodpu@gmail.com, inserindo no campo assunto


a expressão “2ª Rodada – Peça”

Tício compareceu à Defensoria Pública da União informando que, há mais de 12


(doze) anos, 20 (vinte) famílias, extremamente pobres, moram num lote de mil
metros quadrados localizado em determinado bairro do município de Fortaleza -
CE. O imóvel é de propriedade da Empresa XXX LTDA, que atua na área de
segurança privada.
Em razão do descaso da proprietária, desde 1997 a área se encontrava
abandonada, destinando-se apenas ao acúmulo de lixo e ao consumo de drogas,
havendo relatos, inclusive, do estupro de uma moradora das adjacências.
No ano 2000 o imóvel em questão passou a ser capinado por pessoas que
passaram erguer humildes casas de diferentes dimensões. Tais moradores, ou
seus descendentes, lá permanecem até os dias atuais, com ânimo de moradia
definitiva.
Ainda segundo informou o assistido, “os donos da terra nunca lá apareceram”.
Ocorre que os moradores foram surpreendidos ao tomarem conhecimento de
Ação de Execução Fiscal promovida pela União em face da Empresa XXX, na qual o
imóvel em que vivem está em vias de ser leiloado.

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2 ª R o d a d a - P á g i n a | 55

Tício afirmou, ainda, que nenhum dos moradores da área tem para onde ir, pois
não possuem condições de adquirir um imóvel, e que o sonho de todos sempre foi
ter uma casa própria, o que considera impossível, pois em suas palavras “os
mesmos nunca foram e nunca serão proprietários de qualquer imóvel, seja na
cidade ou no campo”.
Diante da narrativa o Defensor Público procedeu aos atos necessários e constatou
a veracidade dos fatos, tudo devidamente documentado no Procedimento de
Assistência Jurídica – PAJ.
Diante da situação hipotética acima descrita, na qualidade de Defensor Público
Federal, qual a medida judicial a ser tomada? Elabore a peça cabível. Dispensa-se
a narrativa dos fatos.

Máximo de 200 linhas

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