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Estatuto da Advocacia e da OAB, Regulamento Geral e Código de Ética e

Disciplina da OAB

1. Maria, advogada, adotou o recém-nascido João. A fim de organizar sua


rotina, Maria verifica que tem contestação a apresentar em quinze dias e audiência
agendada em quarenta dias, em processos distintos, nos quais figura como única
advogada das partes que representa.
Sobre a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
(A) Maria, ao comparecer ao fórum para a realização da audiência, terá direito a reserva
de vaga na garagem.
(B) Maria terá preferência de ordem para a realização da audiência, mediante
comprovação de sua condição. Justificativa: são direitos da advogada, enquanto
durar sua condição ou o prazo estabelecido em lei, conforme o art. 7-A da Lei : I.
gestante – a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e
aparelhos de raios X; e b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;
II. lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local
adequado ao atendimento das necessidades do bebê, concedido pelo prazo de 120
dias (Licença maternidade, art. 392, CLT); III - gestante, lactante, adotante ou que
der à luz, preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem
realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição, concedido pelo
prazo de 120 dias (Licença maternidade, art. 392, CLT); e IV - adotante ou que
der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa,
desde que haja notificação por escrito ao cliente, o período de suspensão será de 30
(trinta) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção,
mediante comprovação documental do parto/adoção (art. 313, § 6, CPC)
(C) Maria terá o prazo para apresentar a contestação interrompido, desde que notifique o
cliente por escrito.
(D) Maria, ao comparecer ao fórum para a realização da audiência, não deverá ser
submetida a detectores de metais e aparelhos de raio X, se estiver acompanhada de João.

2. Em janeiro de 2011, Roberto, como advogado, recebeu da parte contrária


valores relacionados com o objeto do mandato, sem autorização de seu
constituinte. Esse fato foi oficialmente constatado em fevereiro de 2011, quando,
imediatamente, se instaurou processo administrativo disciplinar contra ele.
A produção de provas se estendeu até janeiro de 2014. Em março de 2014, o
Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho Seccional proferiu decisão por meio da
qual aplicou-lhe a penalidade cabível. Roberto interpôs recurso perante o
Conselho Federal, o qual somente veio a ser julgado em fevereiro de 2017, ocasião
em que se confirmou integralmente a decisão proferida.
Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
(A) O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho Seccional deveria ter reconhecido a
prescrição da pretensão à punibilidade da infração disciplinar, porque passados mais de
três anos entre a data do fato e a prolação de decisão condenatória recorrível.
(B) O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho Seccional deveria ter determinado o
arquivamento do processo administrativo disciplinar de ofício, porque passados mais de
três anos entre sua instauração e a prolação de decisão condenatória recorrível.
(C) O Conselho Federal deveria ter reconhecido a prescrição da pretensão à
punibilidade da infração disciplinar, porque passados mais de cinco anos entre a data da
constatação oficial do fato e a prolação de decisão condenatória irrecorrível.
(D) A punição aplicada, após o trânsito em julgado da decisão, deverá constar dos
assentamentos de Roberto. Justificativa: a pretensão à punibilidade das infrações
disciplinares prescreve em cinco anos, contados da data da constatação oficial do
fato, aplicando-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de
três anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício,
ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as
responsabilidades pela paralisação e interrompe-se a prescrição pela instauração
de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao
representado ou pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador
da OAB (art. 43, EOAB)

3. O advogado Gerson responde a processo disciplinar perante a OAB pela


prática de infração prevista na Lei n º 8.906/94. No curso do feito, dá-se a
apreciação, pelo órgão julgador, de matéria processual sobre a qual se entendeu
cabível decisão de ofício. Não é conferida oportunidade de manifestação sobre tal
matéria à defesa de Gerson.
Considerando o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
(A) Em grau recursal, é vedada decisão com base em fundamento sobre o qual não foi
dada oportunidade de manifestação à defesa de Gerson, ainda que se trate de matéria
que se deva decidir de ofício. Excepcionam-se, dessa regra, as medidas de urgência
previstas na Lei n º 8.906/94. Por sua vez, em primeiro grau, cuidando-se de matéria de
ordem pública, passível de decisão de ofício, ou tratando-se de medidas de urgência
previstas na Lei n º 8.906/94, autoriza-se a apreciação sem que seja facultada prévia
manifestação às partes.
(B) Em qualquer grau de julgamento, é vedada decisão com base em fundamento sobre
o qual não foi dada oportunidade de manifestação à defesa de Gerson, ainda que se trate
de matéria sobre a qual se deva decidir de ofício. Excepcionam-se dessa regra as
medidas de urgência previstas na Lei n º 8.906/94. Justificativa: princípio da não
surpresa: não se pode decidir, em grau algum de julgamento, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar anteriormente, ainda que se trate de matéria sobre a qual se deva
decidir de ofício, salvo quanto às medidas de urgência previstas no Estatuto (art.
144-B, Regulamento Geral da OAB, 2019)
(C) Em grau recursal, é vedada decisão com base em fundamento sobre o qual não foi
dada oportunidade de manifestação à defesa de Gerson, ainda que se trate de matéria
que se deva decidir de ofício. Tal vedação abrange, inclusive, as medidas de urgência
previstas na Lei n º 8.906/94. Por sua vez, em primeiro grau, tratando-se de matéria de
ordem pública, passível de decisão de ofício, ou em caso de medidas de urgência,
autoriza-se a apreciação sem que seja facultada prévia manifestação às partes.
(D) Em qualquer grau de julgamento, é vedada decisão com base em fundamento sobre
o qual não foi dada oportunidade de manifestação à defesa de Gerson, ainda que se
cuide de matéria sobre a qual se deva decidir de ofício, ou que se trate de medidas de
urgência previstas na Lei n º 8.906/94.

Direito Constitucional

1. Em razão de profunda crise fiscal vivenciada pela República Delta, que teve
como consequência a diminuição drástica de suas receitas tributárias, o governo do
país resolveu recorrer a um empréstimo, de forma a obter os recursos financeiros
necessários para que o Tesouro Nacional pudesse honrar os compromissos
assumidos. Neste sentido, o Presidente da República, seguindo os trâmites
institucionais exigidos, recorre ao Banco Central, a fim de obter os referidos
recursos a juros mais baixos que os praticados pelos bancos privados nacionais ou
internacionais. Se situação similar viesse a ocorrer na República Federativa do
Brasil, segundo o nosso sistema jurídico-constitucional, o Banco Central
(A) teria que conceder o empréstimo, como instituição integrante do Poder Executivo,
mas observando o limite máximo de cinquenta por cento de suas reservas.
(B) não poderia conceder o referido empréstimo para o Tesouro Nacional brasileiro,
com base em expressa disposição constante na Constituição Federal de 1988.
Justificativa: a competência da União para emitir moeda será exercida
exclusivamente pelo banco central, sendo vetado ao banco central conceder, direta
ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou
entidade que não seja instituição financeira, todavia, o banco central poderá
comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de
regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. Ressalto que, as disponibilidades de
caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das
empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os
casos previstos em lei (art. 164, CF)
(C) avaliaria as condições concretas do caso, podendo, ou não, conceder o empréstimo,
atuando em bases semelhantes às utilizadas pela iniciativa privada.
(D) não poderia fazê-lo em termos que viessem a colocar em risco a saúde financeira da
instituição, embora esteja obrigado a realizar o empréstimo.

2. No Munícipio Alfa, 20% (vinte por cento) da população pertence a uma


comunidade indígena. Hoje, o Município vive uma grande polêmica, porque alguns
líderes da referida comunidade têm protestado contra a política educacional do
Município, segundo a qual o ensino fundamental deve ser ofertado exclusivamente
em língua portuguesa, rejeitando a possibilidade de a língua materna da
comunidade indígena ser também utilizada no referido processo educacional.
Sobre a posição defendida pelos referidos líderes da comunidade indígena, segundo
o sistema jurídico-constitucional brasileiro, assinale a afirmativa correta.
(A) Encontra base na Constituição de 1988, que, respeitando uma posição
multiculturalista, abdica de definir uma língua específica como idioma oficial no
território brasileiro.
(B) Não encontra fundamento na Constituição da República, que estabelece a língua
portuguesa como a única língua passível de ser utilizada no ensino fundamental.
(C) Alicerça-se na Constituição de 1988, que assegura aos membros da comunidade
indígena o direito de, no processo de aprendizagem do ensino fundamental, utilizar sua
língua materna. Justificativa: serão fixados conteúdos mínimos para o ensino
fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos
valores culturais e artísticos, nacionais e regionais, sendo ele, ministrado em língua
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem (art. 210, § 2, CF)
(D) Não se alicerça na Constituição de 1988, principalmente porque o reconhecimento
da nacionalidade brasileira ao indígena tem por condição a capacidade deste último de
se comunicar em língua portuguesa.

3. No dia 1º de janeiro de 2015, foi eleito o Presidente da República Alfa, para


um mandato de quatro anos. Pouco depois, já no exercício do cargo, foi
denunciado pelo Ministério Público de Alfa por ter sido flagrado cometendo o
crime (comum) de lesão corporal contra um parente. Embora o referido crime não
guarde nenhuma relação com o exercício da função, o Presidente da República
Alfa mostra-se temeroso com a possibilidade de ser imediatamente afastado do
exercício da presidência e preso. Se a situação ocorrida na República Alfa
acontecesse no Brasil, segundo o sistema jurídico-constitucional brasileiro, dar-se-
ia
(A) o afastamento do Presidente da República se o Senado Federal deliberasse dessa
maneira por maioria absoluta.
(B) a permanência do Presidente da República no exercício da função, embora tenha
que responder pelo crime cometido após a finalização do seu mandato. Justificativa:
admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara
dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade (art. 86, CF); O Presidente, na vigência de seu mandato, não
pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, podendo
ficar suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se recebida a
denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II - nos crimes de
responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. Se,
decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído,
cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do
processo, ressalto, ainda, que enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas
infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão (art. 86, §
1 a 4, CF)
(C) o afastamento do Presidente da República se, após autorização da Câmara dos
Deputados, houvesse sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal.
(D) a autorização para que o Presidente da República finalizasse o seu mandato, caso o
Senado Federal assim decidisse, após manifestação da Câmara dos Deputados.

Direitos Humanos

1. Recentemente assumiu a presidência da Câmara dos Deputados um


parlamentar que afirma que o Brasil é um país soberano e não deve ter nenhum
compromisso com os Direitos Humanos na ordem internacional. Afirma que,
apesar de ter sido internamente ratificado, o Pacto Internacional dos Direitos Civis
e Políticos não se caracteriza como norma vigente, e os direitos ali previstos podem
ser suspensos ou não precisam ser aplicados.
Por ser atuante na área dos Direitos Humanos, você foi convidado(a) pela
Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para prestar mais
esclarecimentos sobre o assunto. Com base no que dispõe o próprio Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos - PIDCP, assinale a opção que
apresenta o esclarecimento dado à Comissão.
(A) Caso situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam proclamadas
oficialmente, os Estados-partes podem adotar, na estrita medida exigida pela situação,
medidas que suspendam as obrigações decorrentes do PIDCP, desde que tais medidas
não acarretem discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem
social. Justificativa: quando situações excepcionais ameacem a existência da nação
e sejam proclamadas oficialmente, os Estados-partes no presente Pacto podem
adotar, na estrita medida em que a situação o exigir, medidas que derroguem as
obrigações decorrentes do presente Pacto, desde que tais medidas não sejam
incompatíveis com as demais obrigações que lhes sejam impostas pelo Direito
Internacional e não acarretem discriminação alguma apenas por motivo de raça,
cor, sexo, língua, religião ou origem social (art. 4, I, PIDCP)
(B) É admissível a suspensão das obrigações decorrentes do PIDCP quando houver, no
âmbito do Estado- parte, um ato formal do Poder Legislativo e do Poder Executivo
declarando o efeito suspensivo, desde que tal ato declare um prazo para essa suspensão,
que, em nenhuma hipótese, pode exceder o período de 2 anos.
(C) Em nenhuma hipótese ou situação os Estados-partes do PIDCP podem adotar
medidas que suspendam as obrigações decorrentes do Pacto, uma vez que, ratificado o
Pacto, todos os seus direitos vigoram de forma efetiva, não sendo admitida nenhuma
possibilidade de suspensão ou exceção.
(D) Mesmo ratificado, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e os direitos
nele contidos não podem ser caracterizados como normas vigentes, uma vez que se trata
de direitos em sentido fraco, de forma que apenas os direitos fundamentais, previstos na
Constituição, são direitos em sentido forte.

Filosofia do Direito

1. É preciso sair do estado natural, no qual cada um age em função dos seus
próprios caprichos, e convencionar com todos os demais em submeter-se a uma
limitação exterior, publicamente acordada, e, por conseguinte, entrar num estado
em que tudo que deve ser reconhecido como seu é determinado pela lei...
Immanuel Kant
A perspectiva contratualista de Kant, apresentada na obra Doutrina do Direito,
sustenta ser necessário passar de um estado de natureza, no qual as pessoas agem
egoisticamente, para um estado civil, em que a vida em comum seja regulada pela
lei, como forma de justiça pública. Isso implica interferir na liberdade das pessoas.
Em relação à liberdade no estado civil, assinale a opção que apresenta a posição
que Kant sustenta na obra em referência.
(A) O homem deixou sua liberdade selvagem e sem freio para encontrar toda a sua
liberdade na dependência legal, isto é, num estado jurídico, porque essa dependência
procede de sua própria vontade legisladora. Justificativa: Em um contexto kantiano, é
preciso entender que o homem deixou o seu estado selvagem na natureza e cedeu o
poder para o Estado em forma de vontade. Para o liberalismo clássico, a lei é a
representação da vontade geral (vide Rousseau) e, portanto, é justo que o homem
se submeta a lei, visto que de certa forma foi ele mesmo que a criou
(B) A liberdade num estado jurídico ou civil consiste na capacidade da vontade
soberana de cada indivíduo de fazer aquilo que deseja, pois somente nesse estado o
homem se vê livre das forças da natureza que limitam sua vontade.
(C) A liberdade civil resulta da estrutura política do estado, de forma que somente pode
ser considerado liberdade aquilo que decorre de uma afirmação de vontade do soberano.
No estado civil, a liberdade não pode ser considerada uma vontade pessoal.
(D) Na república, a liberdade é do governante para governar em prol de todos os
cidadãos, de modo que o governante possui liberdade, e os governados possuem direitos
que são instituídos pelo governo.

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