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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DA FAZENDA DE

JOINVILLE/SC

HL SOCIEDADE LIMITADA, inscrita sob o CNPJ X, com sede na rua X, n. X, bairro X,


na Cidade de Joinville, Estado de Santa Catarina, por intermédio de seu advogado
infra-assinado, vem, com base nos artigos 19 e 20 do Código de Processo Civil,
respeitosamente propor

AÇÃO ANULATÓRIA DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM TUTELA DE URGÊNCIA

em face da FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE JOINVILLE, pessoa jurídica de


direito público interno, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

I - DOS FATOS
A sociedade empresária, que tem como finalidade a produção de eventos,
possui um capital social de R$1.500.000,00. Esse capital foi constituído com a seguinte
integralização por parte das sócias: Hélio contribuiu com R$750.000,00 em dinheiro,
enquanto Liliane transferiu um imóvel avaliado pelo mesmo valor.
Ao realizar a transferência do imóvel, Liliane invocou a imunidade de Imposto
sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) junto ao Município, baseando-se em
previsões constitucionais pertinentes.
A Sociedade foi fundada em 13 de março de 2015. Contudo, permaneceu inativa
por um longo período.
Em 13 de março de 2021, o Município de Joinville emitiu um lançamento
tributário de ITBI relacionado à transferência do imóvel, aplicando uma alíquota de 2%
sobre o valor do imóvel.
Inicialmente, as partes ignoraram a notificação de lançamento e só passaram a
agir quando foi necessária a emissão de uma certidão negativa de débitos tributários
municipais. No entanto, essa emissão não foi possível devido à situação de
inadimplência decorrente do mencionado crédito tributário.
Liliane precisa urgentemente dessa certidão para participar de um concurso
público municipal, cujo edital exige regularidade fiscal como um dos critérios para
inscrição. O prazo final para inscrição é 01/04/2024.

II - DO DIREITO
Conforme o art. 156 da Constituição Federal Brasileira, cabe aos
municípios instituir impostos sobre:

“I - propriedade predial e territorial urbana;

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de


bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de
direitos a sua aquisição;

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art.


155, II, definidos em lei complementar. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993) (Vide Emenda
Constitucional nº 132, de 2023) Vigência”

Todavia, o imposto previsto no inciso II, não incide em


determinados bens e direitos incorporados, vejamos:

§ 2º O imposto previsto no inciso II:

I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos


incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de
capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente
de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica,
salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente
for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil;

Ou seja: a integralização de capital social com bens imóveis,


como regra geral, não acarreta a incidência de ITBI, salvo se,
nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a
compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis
ou arrendamento mercantil, isto é, atividade imobiliária.

Referida imunidade não alcança o valor dos bens que excederem


o limite do capital social a ser integralizado, consoante Tema 796
de Repercussão Geral do STF:

[...] “A norma não imuniza qualquer incorporação de bens ou


direitos ao patrimônio da pessoa jurídica, mas exclusivamente o
pagamento, em bens ou direitos, que o sócio faz para
integralização do capital social subscrito. Portanto, sobre a
diferença do valor dos bens imóveis que superar o capital
subscrito a ser integralizado, incidirá a tributação pelo ITBI” (RE
796376, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão:
ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
05/08/2020)

Ademais, o Código Tributário Nacional traz em seu art. 36 que o


imposto - ITBI - não incide sobre a transmissão dos bens ou
direitos referidos no artigo 35, quando efetuada para incorporação
ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela
subscrito.

Portanto, consoante exposto no tópico anterior, o sócio Hélio


contribuiu com o montante de R$750.000,00 em dinheiro,
enquanto Liliane contribuiu com um imóvel do mesmo valor, não
excedendo o limite do capital social, qual seja R$1.500.000,00.

Ademais, já decidido pelo honroso Tribunal de Justiça de São


Paulo pela imunidade tributária em caso semelhante, conforme a
seguir exposto:

“TJSP

1028730-73.2022.8.26.0053

Classe/Assunto: Apelação / Remessa Necessária / ITBI - Imposto


de Transmissão Intervivos de Bens Móveis e Imóveis

Relator(a): Raul De Felice

Comarca: São Paulo

Órgão julgador: 15ª Câmara de Direito Público

Data do julgamento: 06/02/2024

Data de publicação: 06/02/2024

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL / REEXAME NECESSÀRIO –


Mandado de Segurança – ITBI – Município de São Paulo –
Integralização de capital social de pessoa jurídica com bens
imóveis – Imunidade tributária - Artigo 156, § 2º, I, da Constituição
Federal – Cumprimento da condição resolutória - Não existência
de comprovação, por parte do município, do exercício, de forma
preponderante, de atividades relacionadas à compra, venda,
locação de bens nos exercícios seguintes à aquisição (período
fiscalizado) – Inatividade que não obsta a aplicação da regra
constitucional – Sentença mantida – Recursos oficial e voluntário
do Município não providos” - grifo nosso

III - DA TUTELA DE URGÊNCIA


Conforme afirma o Código de Processo Civil, em seu artigo 300:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.” - grifo nosso

Nesse sentido, a verossimilhança do direito em questão é devidamente


comprovada pelos fatos e argumentos jurídicos anteriormente apresentados, uma vez
que o imóvel foi utilizado para integralização do capital social. Além disso, o risco de
dano se fundamenta no fato de que, consequentemente ao lançamento do crédito
tributário, ocorre a impossibilidade de emissão de certidão negativa de débitos
tributários municipais, a qual é urgentemente necessária pela parte, para participar de
um concurso público municipal. Esse concurso exige regularidade fiscal como um dos
critérios para inscrição, com prazo final em 01/04/2024.

Por fim, o artigo 151, inciso V do Código Tributário Nacional (CTN), estabelece
que:
“Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de
ação judicial;”

Dessa forma, observa-se que os requisitos para a suspensão urgente da


exigibilidade do crédito de ITBI estão devidamente atendidos, além da necessidade de
expedição de certidão positiva com efeitos negativos de débito tributário municipal.
IV - DOS PEDIDOS
Diante o exposto requer-se:

• Concessão da medida liminar para suspender a exigibilidade do crédito


tributário, além da expedição de certidão positiva com efeitos de negativa
de débito tributário;
• Citação da Fazenda Pública, por intermédio de seu órgão de
representação judicial, para apresentar resposta à ação;

• No âmago da questão, ratificar a medida liminar, para julgar a ação


totalmente procedente, mediante anulação do crédito tributário;

• Determinar que a Ré arque com as custas processuais e honorários


advocatícios de sucumbência;

• Realização de produção de provas necessárias para o caso concreto;

Valor da Causa: R$ 15.000,00 (quinze mil reais)

Nestes termos, pede deferimento

Joinville/SC, 14 de março de 2024

ADVOGADO X
OAB X

ADVOGADO X
OAB X

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