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1ª EDIÇÃO
FLORIANÓPOLIS, 2022
GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA @ 2022. Todos os direitos de reprodução são reservados ao Corpo
Governador: Carlos Moisés da Silva. de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Somente será permitida a
Presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública e Perícia: reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte.
Giovani Eduardo Adriano
Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA Diretoria de Instrução e Ensino
Comandante-Geral: Coronel BM Marcos Aurélio Barcelos. 88.085-000
Subcomandante-Geral: Coronel BM Hilton de Souza Zeferino. Capoeiras - Florianópolis - SC
Chefe de Estado-Maior Geral: Coronel BM Alexandre Vieira. Disponível em: https://documentoscbmsc.cbm.sc.gov.br/
link Este manual é interativo, para acessar os links basta clicar Saiba mais: texto complementar ou informação importante
nos mesmos. sobre o assunto abordado. Indicação de leituras complemen-
tares, vídeos ou áudios relacionados ao assunto abordado.
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Reflita: indica questões para que o leitor possa refletir sobre
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qualquer aplicativo de leitor de QR. Fato ou Fake: auxilia o leitor a comprovar a veracidade de
determinada informação.
Atenção: indica ao aluno que a informação apresentada
merece destaque. Curiosidade: indica um assunto que pode despertar o inte-
resse do aluno em conhecimentos complementares.
Glossário: explicação de um termo de conhecimento pou-
co comum.
BOAS-VINDAS
Prezado(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) ao estudo deste Por fim, após percorrer o histórico do APH no CBMSC, identificar os
material. equipamentos disponíveis e necessários para atuação, você será apre-
Esta obra foi produzida com o objetivo de apresentar a você, sentado à rotina operacional do atendimento pré-hospitalar e aos prin-
bombeiro militar, um pouco sobre a atividade de Atendimento Pré- cípios de observância obrigatória durante o atendimento, encerrando
-hospitalar (APH), desempenhada pelo Corpo de Bombeiros Militar assim os Tópicos Introdutórios: Atendimento Pré-Hospitalar no CBMSC.
de Santa Catarina. Sejam todos muito bem-vindos ao Atendimento Pré-hospitalar do
Para iniciar efetivamente nossos estudos, faremos um breve retros- Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC).
pecto sobre o APH no Brasil e em Santa Catarina e, posteriormente,
apresentaremos as principais normativas que embasam a atividade. Bons estudos e até a próxima obra!
Nesta obra apresentaremos materiais e equipamentos utilizados nes-
te tipo de ocorrência, além de apontarmos a composição ideal de Major BM Henrique Piovezam da Silveira
uma guarnição de socorristas. Organizador
Você conhecerá um pouco sobre biossegurança, descrita como
um conjunto de medidas preventivas, baseadas em hábitos de com-
portamento e conhecimentos, que criam barreiras de proteção con-
tra contaminação dos profissionais, possibilitando o desenvolvimento
seguro de suas atividades, conhecimento essencial para sua atuação.
SUMÁRIO
1. ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NO BRASIL E EM SC: BREVE 3.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)................................. 30
HISTÓRICO............................................................................................. 8 3.4. LIMPEZA, ASSEPSIA E DESINFECÇÃO DE EQUIPAMENTOS E DO ASU.32
1.1. EMBASAMENTO LEGAL DO APH.................................................................. 9 3.4.1. Limpeza................................................................................................ 33
1.2. HISTÓRICO DO SERVIÇO DE APH NO BRASIL E EM SANTA CATARINA.11 3.4.2. Desinfecção......................................................................................... 33
1.3. CONCEITOS IMPORTANTES DO APH.........................................................14 3.4.3. Limpeza e desinfecção de materiais e equipamentos....................... 34
1.3.1. Serviço de Emergência Médica (SEM) ................................................14 3.4.4. Resíduos contaminantes dos serviços de saúde................................ 35
1.3.2. Definição dos profissionais que atuam no APH..................................15
4. PRINCÍPIOS OPERACIONAIS DO APH............................................ 35
1.3.3. Socorrista.............................................................................................16
1.3.4. Paciente............................................................................................... 18 4.1. O PERÍODO DE OURO DO TRAUMA.......................................................... 35
4.2. PRINCÍPIOS OPERACIONAIS DO APH....................................................... 36
2. AMBULÂNCIA, EQUIPAMENTOS E MATERIAIS UTILIZADOS NA 4.2.1. Garantia de segurança da cena.......................................................... 37
ATIVIDADE PRÉ-HOSPITALAR .............................................................19
4.2.2. Avaliação da necessidade de recursos adicionais............................. 37
2.1. DEFINIÇÃO DE AMBULÂNCIA E SEUS TIPOS............................................ 19
4.2.3. Identificação da biomecânica do trauma........................................... 37
2.2. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO ATENDIMENTO PRÉ-
4.2.4. Identificação de ameaças imediatas à vida........................................ 38
HOSPITALAR........................................................................................................ 21
4.2.5. Controle de hemorragias externas graves......................................... 39
2.3. ATRIBUIÇÕES DOS SOCORRISTAS............................................................. 24
4.2.6. Garantia de via aérea adequada e estabilização da coluna cervical.39
2.3.1. Obrigações do S1 e S2........................................................................ 25
4.2.7. Garantia de ventilação e oxigenação adequadas.............................. 39
2.3.2. Obrigações do S3............................................................................... 26
4.2.8. Controle do estado de choque.......................................................... 39
2.4. FICHA DE APH E SISTEMA E-193................................................................ 26
4.2.9. Identificação e manejo de lesões secundárias, aferição de sinais
vitais e levantamento de informações importantes..................................... 40
3. BIOSSEGURANÇA ........................................................................... 28
4.2.10. Aplicação de restrição de movimento da coluna............................. 40
3.1. PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS................................................... 28
4.2.11. Transporte do paciente para o hospital mais adequado................. 40
3.2. NORMAS DE BIOSSEGURANÇA................................................................. 28
4.2.12. Transferência do cuidado à equipe médica..................................... 40
3.2.1. Higiene e asseio pessoal..................................................................... 29
4.3. PREFERÊNCIAS PARA ATINGIR OS PRINCÍPIOS........................................41
3.2.2. Protocolo de exposição a agentes infecciosos.................................. 29
SUMÁRIO
lação, comunicam-se com o público. Sendo que, Art. 3° Definir que a Política Nacional de Atenção SAIBA MAIS
cabe à regulação médica às Urgências, de que trata o artigo 1º desta
Para saber mais acesse a Portaria
monitorar e orientar o atendimento feito por Portaria, deve ser instituída a partir dos seguintes
nº 2.048 no portal da Biblioteca
outro profissional de saúde habilitado (médico componentes fundamentais:
Virtual em Saúde do Ministério
intervencionista, enfermeiro, técnico ou auxiliar […]
da Saúde.
de enfermagem), por profissional da área de 2. organização de redes loco regionais de atenção
segurança ou bombeiro militar (no limite das integral às urgências, enquanto elos da cadeia de
competências desses profissionais) ou ainda por manutenção da vida, tecendo-as em seus diversos
leigo que se encontre no local da situação de componentes:
urgência; (BRASIL, 2002, grifo nosso). […]
2.b – componente Pré-Hospitalar Móvel: - SAMU
Como você pode ver ao acessar o link indica- - Serviço de Atendimento Móvel de Urgências e
do no Saiba Mais, a Portaria nº 2.048 identifica o os serviços associados de salvamento e resgate,
bombeiro como parte integrante do sistema de sob regulação médica de urgências e com número
urgência e emergência, por meio da prestação do único nacional para urgências medicas – 192;
atendimento pré-hospitalar, com a ressalva de que (BRASIL, 2003, grifo nosso).
este deve ser monitorado e/ou orientado por pro-
fissional médico. Ainda no ano de 2003, o Ministério da Saúde,
Prosseguindo na análise dos dispositivos legais por meio da Portaria nº 1864, cria o Serviço de Aten-
e administrativos que estabelecem as bases legais dimento Móvel de Urgência (SAMU) como compo-
do atendimento pré-hospitalar, principalmente, o nente pré-hospitalar móvel da Política Nacional de
prestado pelo Corpo de Bombeiros Militar, verifica- Atenção às Urgências. Além disso, ainda referencia
-se que no ano de 2003, com a edição da Portaria nº que os Corpos de Bombeiros poderão, para fins de
1863, o Ministério da Saúde institui a Política Nacio- registro e faturamento de ações, utilizar os procedi-
nal de Atenção às Urgências (PNAU), que deve ser mentos de trauma previstos na tabela SUS.
adotada por todos os entes da federação, dentro de Em 2011, a Portaria nº 1600, do Ministério da
suas competências. A PNAU também insere o aten- Saúde, reformulou a Política Nacional de Atenção
dimento pré-hospitalar móvel como um dos elos da às Urgências e instituiu as Redes de Atenção às Ur-
cadeia de manutenção da vida. Com efeito, gências no SUS. O objetivo das redes de atenção
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA • TÓPICOS INTRODUTÓRIOS: ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NO CBMSC 11
às urgências é organizar e hierarquizar o sistema de No Corpo de Bombeiros Militar, a Diretriz Ope- ATENÇÃO
atenção à saúde, tornando-o mais efetivo para o racional Nr 02-CmdoG, de 20 de junho de 2017,
Para conhecer mais
atendimento à população. A portaria cita o SAMU, define a atividade no âmbito da Corporação.
aprofundadamente a Diretriz
e suas centrais de regulação, como o componente Operacional Nr 02-CmdoG,
do atendimento pré-hospitalar, cujo objetivo é 1.2. HISTÓRICO DO SERVIÇO DE APH NO acesse o site documentoscbmsc.
chegar precocemente à vítima após ter ocorrido BRASIL E EM SANTA CATARINA cbm.sc.gov.br ou clique aqui para
um agravo à sua saúde (de natureza clínica, fazer o download do arquivo.
cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátricas, No Brasil, durante muito tempo, especialmen-
psiquiátricas, entre outras) que possa levar a te no início, a doutrina dominante em matéria
sofrimento, sequelas ou mesmo à morte, sendo de atendimento emergencial foi a de conduzir o
necessário, garantir atendimento e/ou transporte doente ou ferido, o mais rápido possível a um
adequado para um serviço de saúde devidamente hospital, onde médicos e enfermeiros estariam
hierarquizado e integrado ao SUS. (BRASIL, 2011). prontos a recebê-lo e tratá-lo.
No entanto, a partir da década de 70, perce-
Já ao nível estadual, a Constituição do estado beu-se que o transporte a qualquer custo, cons-
de Santa Catarina de 1989, define como uma das tituía um grave risco para o acidentado e que,
atribuições do Corpo de Bombeiros Militar a ativi- em um número considerável de casos, essa ação
dade pré-hospitalar. Com efeito, produzia no paciente um estado ainda mais grave,
Art. 108. O Corpo de Bombeiros Militar, órgão causando-lhe, frequentemente, lesões irreversíveis
permanente, força auxiliar, reserva do Exército, ou até mesmo a morte.
organizado com base na hierarquia e disciplina, Ficou evidente que seria mais conveniente le-
subordinado ao Governador do Estado, cabe, var uma equipe de atendimento até o local do aci-
nos limites de sua competência, além de outras dente do que conduzir o acidentado ao local do
atribuições estabelecidas em Lei: socorro. Assim, a chegada rápida de uma equipe
I – realizar os serviços de prevenção de sinistros de socorristas na cena da emergência, permitiria a
ou catástrofes, de combate a incêndio e de busca execução dos primeiros socorros, focados na ava-
e salvamento de pessoas e bens e o atendimento liação da vítima, sua estabilização e rápido trans-
pré-hospitalar; porte até uma unidade hospitalar adequada.
[…] (SANTA CATARINA, 1989).
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Foi essa nova filosofia de atuação que motivou mentos na sala de gesso, sala de parto, UTI e pron-
a criação dos primeiros serviços de atendimento to-socorro, tudo sob a supervisão dos profissionais
pré-hospitalar (APH) no Brasil, os quais iniciaram daquela unidade hospitalar. No entanto, como
suas atividades ao final dos anos 80, em função de poucos entendiam do assunto e, de forma geral, a
uma lacuna deixada pela área da saúde no enfren- rotina utilizada no socorro das vítimas seguia uma
tamento desta problemática. lógica hospitalar, o que era um problema para os
Integrantes dos Corpos de Bombeiros Militares bombeiros que não sabiam como agir corretamen-
iniciaram treinamentos como socorristas e passa- te diante de muitas situações.
ram a realizar o serviço de atendimento pré-hos- Assim, iniciou-se uma busca com base na lite-
pitalar móvel, com base no modelo norte-ameri- ratura disponível para ver como esse serviço era
cano, criando serviços de socorro público em APH realizado em países desenvolvidos e assim foram
e Resgate no Rio de Janeiro, Santa Catarina e São dados os primeiros passos na construção de uma
Paulo e, progressivamente, em outras capitais e nova atividade – o serviço de atendimento pré-hos-
grandes cidades do país. pitalar (inicialmente o serviço era chamado apenas
Em dezembro de 1987, em Santa Catarina, com a de socorro de urgência).
doação de um veículo tipo ambulância, marca Che- Em 1989, o Corpo de Bombeiros de Blumenau,
vrolet, modelo Caravan, oferecido pela Comissão recebeu sua segunda ambulância, agora um veícu-
de Segurança da Associação Comercial e Industrial lo camioneta marca Ford, modelo F-1000, ofereci-
de Blumenau (ACIB) é que a atividade passou a ser do pela Fundação Paulo Mayerle (Grupo Artex). Ra-
efetivamente realizada pelos integrantes do Corpo pidamente, a atividade de socorro pré-hospitalar
de Bombeiros, que na época integravam a estrutura cresceu e obteve o reconhecimento da população
da Polícia Militar de Santa Catarina. Naquela época, e de outras Organizações de Bombeiro Militar, que
a viatura era denominada Auto Emergência 01 (AE- começaram a desenvolver serviços semelhantes,
01), mais tarde as nomenclaturas foram modificadas como no caso das cidades de Florianópolis, Itajaí,
para Auto Socorro de Urgência ou ASU. Porto União e Joinville.
No início, o serviço foi executado por bombei- Apesar dos esforços, somente em novembro
ros militares treinados no Hospital Santa Isabel, de de 1990, o Ministério da Saúde lançou, nacional-
Blumenau. As equipes durante alguns meses rece- mente, um programa oficial de treinamento deno-
beram orientações gerais e passaram por treina- minado Programa de Enfrentamento às Emergên-
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA • TÓPICOS INTRODUTÓRIOS: ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NO CBMSC 13
cias e Traumas (PEET). Este programa era dividido Também não havia empresas para comercializar os
em quatro projetos distintos, a saber: equipamentos utilizados na atividade, o que exigia
1) prevenção ao trauma; muito esforço e criatividade por parte dos bombei-
2) atendimento pré-hospitalar; ros que, na maioria das vezes, construíam suas pró-
3) atendimento hospitalar; prias macas rígidas, talas de imobilização, colares de
4) reabilitação física e psicológica. imobilização cervical, bandagens triangulares etc.
Segundo registros encontrados no CBMSC, até
Coube então às Organizações de Bombeiro dezembro de 1994, o serviço de APH realizado por
Militar de todos os estados brasileiros a vertente bombeiros militares já se encontrava em funciona-
do Projeto de Atendimento Pré-Hospitalar (PAPH), mento nas Organizações de Bombeiro Militar de
que se consistiu, basicamente, na preparação de Blumenau, Itajaí, Florianópolis, Porto União, Rio do
recursos humanos e na operacionalização de recur- Sul, Curitibanos, São Bento do Sul, Mafra, Canoi-
sos materiais específicos para o atendimento inicial nhas, São Miguel D’oeste, Chapecó, Lages, Brus-
das urgências e emergências. que, Balneário Camboriú e Criciúma. Havia tam-
O primeiro curso de capacitação em APH do bém no Comando do Corpo de Bombeiros (CCB)
Programa de Enfrentamento às Emergências e uma Coordenação Estadual do Serviço de APH,
Traumas (PEET), do Ministério da Saúde, foi realiza- que se iniciou em 1993 e era responsável pela ati-
do em Brasília-DF e contou com a participação de vidade de capacitação e estruturação da atividade.
dois oficiais do Comando do Corpo de Bombeiros Em agosto de 1995, o Corpo de Bombeiros da
de Santa Catarina (Ten PM Luiz Antônio Zanini For- Polícia Militar realizou, em convênio com a Universi-
nerolli e o Cap PM Joares Antônio de Lima), que ao dade Federal de Santa Catarina (UFSC), através do
retornarem à capital catarinense, foram os respon- Centro de Ciências da Saúde (CCS), o primeiro Curso
sáveis pela realização do primeiro Curso de Forma- de Formação de Técnicos em Emergências Médicas,
ção de Socorristas em Florianópolis, que aconte- que se destacou por ser bem mais elaborado do
ceu em janeiro de 1991. que os cursos de formação tradicionais que duravam
No início as coisas foram bem difíceis, especial- cerca de duas semanas, sendo realizado com uma
mente porque a alta administração da Corporação carga horária de 500 horas aulas, com a participação
(tanto PM, como BM) não entendia que esta nova ati- de profissionais instrutores, médicos, enfermeiros e
vidade fizesse parte de obrigações constitucionais. oficiais da PMSC e do CBPMSC. Neste curso, forma-
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ram-se 29 profissionais bombeiros e policiais milita- 1.3. CONCEITOS IMPORTANTES DO APH SAIBA MAIS
res que, posteriormente, retornaram às suas unida-
O método START refere-se ao
des de origem e passaram a coordenar as atividades Para sua posterior atuação, é necessário conhe-
processo simplificado de triagem
nas suas respectivas regiões de trabalho. cer alguns conceitos relevantes ao atendimento
de vítimas e tratamento rápido,
Atualmente, os bombeiros militares capacita- pré-hospitalar. Por isso iremos apresentar o servi-
do inglês Simple Triage and
dos como socorristas são treinados para oferecer ço de emergência médica, identificação dos atores Rapid Treatment (START). Este
suporte básico à vida, incluindo a realização de envolvidos no APH, com foco especial no socor- assunto será explirado nos
avaliação do paciente, aferição de sinais vitais, rista, com suas características e responsabilidades. Tópicos especiais: assuntos
abertura de vias aéreas, ventilação artificial com Acompanhe! complementares ao suporte
emprego de equipamentos auxiliares, desobstru- básico à vida.
ção de vias aéreas, reanimação cardiopulmonar 1.3.1. SERVIÇO DE EMERGÊNCIA MÉDICA (SEM)
(RCP) em adultos, crianças e lactentes, controle de
hemorragias, tratamento do choque, aplicação de Podemos conceituar o Serviço de Emergência
curativos e bandagens, imobilização de fraturas, Médica (SEM) como uma cadeia de recursos e servi-
luxações e entorses, manipulação e transporte de ços organizados para prestar assistência continuada
vítimas com uso de macas rígidas, tratamento de às vítimas, desde o local onde se iniciou a emergên-
emergências médicas diversas, atividades de res- cia até a chegada destas ao ambiente hospitalar.
gate, tratamento de queimaduras e emergências Ou seja, compõem essa cadeia todos os atores
ambientais, atendimento de partos emergenciais e envolvidos no APH, bem como os equipamentos e
triagem de múltiplas vítimas pelo método START. as viaturas utilizados na assistência à vítima.
O principal objetivo do serviço de Atendimento
Pré-Hospitalar é o de reduzir o número de mortes
e/ou sequelas decorrentes da falta de intervenção
imediata no local do acidente promovendo o supor-
te básico da vida e o transporte adequado, rápido e
monitorizado das vítimas à unidade hospitalar pró-
pria para a complexidade do atendimento exigido.
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Um bom socorrista deve possuir as seguintes • conduzir adequadamente o paciente até uma GLOSSÁRIO
características: unidade de saúde que integre a rede de ur-
A culpabilidade por ser definida
• responsabilidade; gência e emergência;
como a responsabilidade que
• sociabilidade; • transferir o paciente para a equipe médica re-
pode ser atribuída a uma pessoa
• honestidade; passando as informações necessárias para a
pela prática de um ato ilícito.
• disciplina; continuidade do cuidado do paciente, registrar
• manter sigilo profissional; os detalhes da ocorrência na ficha de APH e
• equilíbrio emocional e autocontrole; encerrar o relatório pendente no sistema E-193.
• capacidade de trabalhar em equipe;
• atitude; Em função da natureza da prestação do servi-
• competência; ço, o socorrista deve atuar nos limites legais, bem
• boa condição física. como agir tecnicamente, evitando o agravamento
das lesões iniciais da vítima. Sendo que, em caso
São deveres do socorrista: de atuação além ou aquém do seu nível de atri-
• garantir a sua própria segurança, a segurança buição, o socorrista poderá ser acionado judicial-
do paciente e a segurança dos demais envol- mente (penalmente em caso do cometimento de
vidos (testemunhas, familiares, curiosos etc.); um crime, se presentes o dolo ou a culpa; e/ou
• usar equipamento de proteção individual; civilmente, em caso de necessidade de reparação
• controlar a cena e lograr acesso seguro até o dos danos), bem como responder processo admi-
paciente; nistrativo se, na prestação do serviço, incorrer em
• proporcionar atendimento pré-hospitalar alguma transgressão disciplinar.
imediato; Nesse contexto, serão apresentados, abaixo, os
• solicitar, caso seja necessário, ajuda especia- conceitos relacionados à culpabilidade em que o
lizada, por exemplo: Polícia Militar, Guarda socorrista pode incorrer:
Municipal, Polícia Rodoviária Federal, Com- a) imprudência: expor a si próprio ou a outrem
panhia de Água, Celesc, Samu, Defesa Civil; a um risco, ou perigo sem as precauções ne-
• não causar dano adicional ao paciente; cessárias para evitá-los. A imprudência é uma
atitude em que o agente atua com precipi-
tação, sem cautela. Por exemplo, o condutor
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA • TÓPICOS INTRODUTÓRIOS: ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NO CBMSC 18
de viatura, devidamente habilitado, que ultra- necessita do suporte dos demais atores que com-
passa um sinal vermelho e, como consequên- põem o serviço de emergência médica.
cia disso, provoca um acidente de trânsito; São direitos do paciente:
b) negligência: descumprimento dos deveres • solicitar e receber socorro pré-hospitalar;
elementares correspondentes a determinada • exigir sigilo sobre suas condições e/ou trata-
arte ou profissão. É a indiferença do agente mento recebido;
que, podendo tomar as cautelas exigíveis, não • denunciar a quem não lhe prestou socorro ou
o faz por displicência ou preguiça. Por exem- violou seus direitos;
plo, os socorristas não utilizam equipamen- • recusar atendimento pré-hospitalar.
tos de proteção pessoal; não proporcionam
atendimento pré-hospitalar imediato; não Cabe ressaltar o último direito apresentado aci-
gerenciam os riscos da cena e não obtêm ma, pois, sim, o paciente ou o seu representante
acesso seguro até o paciente; legal têm o direito de recusar o atendimento pres-
c) imperícia: é a incapacidade, a falta de conhe- tado, desde que eles tenham condições de expres-
cimentos técnicos ou destreza em determina- sar esse direito.
da arte, ou profissão. A imperícia pressupõe Nesse contexto, vale enfatizar as formas de
sempre a qualidade de habilitação legal para obtenção do consentimento para a prestação do
a arte ou profissão. Por exemplo, os socor- atendimento pré-hospitalar ao paciente:
ristas executam procedimentos invasivos, a) consentimento implícito: situação em que o
administram medicação para o paciente ou socorrista presta um determinado socorro,
estabelecem uma via aérea permanente com independente da expressa autorização do
tubo orotraqueal. paciente ou de seu representante legal. Con-
sideramos que o socorrista recebe um con-
1.3.4. PACIENTE sentimento implícito para atender uma vítima
quando ela está inconsciente, desorientada
O último sujeito envolvido no atendimento pré- ou gravemente ferida, é menor de 18 anos e
-hospitalar é o paciente, ou seja, qualquer pessoa não pode decidir sozinha;
que sofreu algum agravo contra a sua saúde, e que b) consentimento explícito: situação em que o
socorrista realiza um determinado atendimen-
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remoções simples e de caráter eletivo. possuir os equipamentos médicos necessários ao SAIBA MAIS
TIPO B – Ambulância de Suporte Básico: veículo atendimento de pacientes conforme sua gravidade
Acesse a Portaria nº 2.048,no
destinado ao transporte inter-hospitalar de pacientes (BRASIL, 2002).
portal da Biblioteca Virtual em
com risco de vida conhecido e ao atendimento
Saúde do Ministério da Saúde. e
pré-hospitalar de pacientes com risco de vida Analisando-se os seis tipos, percebe-se que as
conheça um pouco mais sobre as
desconhecido, não classificado com potencial de ambulâncias são classificadas conforme o meio de ambulâncias.
necessitar de intervenção médica no local e/ou transporte a ser adotado (terrestre, aquático, aé-
durante transporte até o serviço de destino. reo), bem como dos materiais e equipamentos uti-
TIPO C - Ambulância de Resgate: veículo de lizados e/ou gravidade do paciente.
atendimento de urgências pré-hospitalares de As ambulâncias adotadas pelo CBMSC são as do
pacientes vítimas de acidentes ou pacientes em Tipo C, Ambulância de Resgate, e segundo a Por-
locais de difícil acesso, com equipamentos de taria nº 2.048, nelas devem conter os seguintes ma-
salvamento (terrestre, aquático e em alturas). teriais e equipamentos: prancha curta e longa para
TIPO D – Ambulância de Suporte Avançado: imobilização de coluna, talas para imobilização, ban-
veículo destinado ao atendimento e transporte dagens triangulares, material mínimo para salvamen-
de pacientes de alto risco em emergências pré- to terrestre, aquático e em alturas, dentre outros.
hospitalares e/ou de transporte inter-hospitalar A ambulância, no âmbito do CBMSC, recebe a
que necessitam de cuidados médicos intensivos. denominação Auto Socorro de Urgência (ASU),
Deve contar com os equipamentos médicos sendo um veículo, na maioria das vezes furgão,
necessários para esta função.
TIPO E – Aeronave de Transporte Médico:
aeronave de asa fixa ou rotativa utilizada para
transporte inter-hospitalar de pacientes e aeronave
de asa rotativa para ações de resgate, dotada
de equipamentos médicos homologados pelo
Departamento de Aviação Civil - DAC.
TIPO F – Embarcação de Transporte Médico:
veículo motorizado aquaviário, destinado ao
Figura 2. Auto Socorro de Urgência
Figura 2
transporte por via marítima ou fluvial. Deve Fonte: CBMSC
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA • TÓPICOS INTRODUTÓRIOS: ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NO CBMSC 21
onde é realizada uma transformação interna com • Maca/prancha rígida: feita em madeira ou po-
o intuito de proporcionar o transporte ou a presta- lipropileno a prancha rígida é utilizada quando
ção de primeiros socorros em casos de Urgências se precisa restringir os movimentos de uma ví-
e Emergências, assim como o acondicionamento tima de trauma, ou ainda quando o acesso ao
dos equipamentos e materiais utilizados no aten- local onde a vítima se encontra não permite o
dimento pré-hospitalar. uso da maca retrátil. Composta por coxim de
cabeça, base e tirante aranha, a maca rígida um aparelho que avalia o ritmo cardíaco da
também permite restringir os movimentos de vítima e, automaticamente, avalia a necessi-
uma vítima com suspeita de trauma na região dade ou não de enviar um pulso elétrico para
da coluna vertebral. A maca rígida é usual- corrigir a deficiência encontrada. Caso seja
mente colocada sobre a maca retrátil. necessário o pulso elétrico (choque), o socor-
• Cadeira retrátil: existem diversos modelos rista aciona o botão indicado, fazendo assim
espalhados pelas viaturas de Auto Socorro com que o aparelho de uma descarga elétri-
de Urgência do CBMSC, mas com uma única ca na vítima. É utilizado em casos de parada
finalidade, a de transportar uma vítima sem cardiorrespiratória.
suspeita de trauma do local onde está até a • Talas de imobilização: as talas de imobili-
viatura, isso quando não se é possível o uso zação podem ser de vários tipos e com vá-
da maca articulada. O modelo retrátil permi-
te que a guarnição desça escadas com a víti-
ma com bastante segurança, pois conta com
esteiras que alcançam em média 3 degraus
da escada, facilitando a descida/subida.
• Bolsa de atendimento pré-hospitalar: trata-se
de uma bolsa transportada a tiracolo pelo so- Figura 6
A bolsa de APH contém os seguintes itens: • reanimador manual [12]: utilizado em ratório, facilitando a chegada de ar nos
• oxímetro de dedo ou de pulso [1]: utili- casos de parada respiratória/cardiorres- pulmões;
zado para aferir a saturação; piratória ou quando a vítima apresentar • máscara para RCP [15]: trata-se de uma
• estetoscópio [2] e esfigmomanômetro [3]: movimentos respiratórios acima de 30, máscara de “bolso” utilizado em casos
utilizados para aferir a pressão arterial; ou abaixo de 8. É feita uma ventilação de de parada respiratória/cardiorrespi-
• termômetro [4]: utilizado para aferir a pressão positiva fazendo com que o ar ratória ou quando a vítima apresentar
temperatura; chegue aos pulmões. Há um reservatório movimentos respiratórios acima de 30,
• campo cirúrgico [5], gazes [6], soro fi- acoplado à máscara, em que é possível ou abaixo de 8 onde o sistema empre-
siológico [7], ataduras [8], esparadra- ofertar à vítima oxigênio a 100%. gado é o sistema boca máscara, em
pos [9], atadura triangular [10]: utiliza- • manta térmica [13]: utilizada para man- que a oferta de oxigênio é a expirada
dos para realizar curativo; ter a temperatura corporal da vítima; pelo socorrista (cerca de 16%);
• tesoura ponta romba [11]: utilizada para • cânulas orofaríngea/nasofaríngea [14]: • torniquete [16]: utilizado para conten-
cortar vestes para expor os ferimentos utilizadas para criar uma via de acesso ção de hemorragia.
da vítima; do meio externo com o sistema respi-
1 2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15 16
Figura 9
Figura 9. Itens que compõem a bolsa de APH
Fonte: CBMSC
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lizar a conferência da viatura, sendo que fica ao utilizados durante o serviço, tal rotina se deve ao SAIBA MAIS
encargo do S1 e do S2 a conferência dos materiais fato de justificar a solicitação de materiais junto a
Na comunicação por rádio,
e equipamentos, já o S3 deve conferir a parte me- secretaria de saúde municipal, visto que esta, em
é utilizada a codificação
cânica/elétrica da viatura. É importante a confe- alguns municípios, fornece materiais de consumo
internacional conhecida como
rência da sala de assepsia e das macas e materiais para o Auto Socorro de Urgência.
código Q. Para saber mais sobre
extras que o quartel possua. o código Q e a conduta para o
Vale salientar que após cada atendimento de 2.3.1. OBRIGAÇÕES DO S1 E S2 uso da radiocomunicação no
ocorrência a guarnição tem que repor os materiais, CBMSC, acesse a obra “Tópico
e fazer a desinfecção concorrente (geralmente rea- Antes de iniciar o serviço, os socorristas um e Introdutório: Radiocomunicação
lizada pelo S2) no salão da viatura para deixá-la na dois (S1 e S2) precisam realizar algumas verifica- no CBMSC” na página da
condição de prontidão novamente. Além da desin- ções, no intuito de averiguar se todos os materiais Biblioteca do CEBMSC.
fecção concorrente a guarnição tem que realizar a e equipamentos estão presentes na viatura e fun-
desinfecção terminal (geralmente S1, S2 e S3) uma cionando, garantindo melhor qualidade no atendi-
vez por semana ou após o atendimento de ocorrên- mento à ocorrência.
cia onde apenas uma desinfecção concorrente não A seguir, apresentamos cada um dos equipa-
seja suficiente para deixar a viatura em prontidão. mentos com a verificação necessária.
Por diversas vezes, ao entregar o paciente no • Maca retrátil: verificar se a mesma está em
hospital, a guarnição acaba deixando alguns ma- pleno funcionamento, ou seja, se está bem
teriais (colar cervical, maca rígida, coxins, tirante, encaixada na viatura, se está limpa, com todos
talas) com o paciente. Desta forma, faz-se neces- os tirantes, se a articulação está funcionando.
sária a recuperação desse material em momento • Maca rígida: verificar se está limpa, com os
posterior. Na maioria dos hospitais existe uma sala, devidos coxins, base e tirantes.
expurgo, onde esses materiais são depositados • Cadeira retrátil: verificar se está pronta para uso,
após o médico liberar o paciente. É de suma im- com todos os tirantes e articulação funcionando.
portância que a unidade operacional tenha por há- • Oxigênio: verificar se o cilindro estacionário
bito identificar seus materiais para evitar o extravio. e o portátil estão carregados, se existe al-
Em algumas unidades operacionais do CBMSC, guma deformidade aparente, se o teste hi-
o socorrista tem ainda por obrigação preencher drostático está na validade e se o sistema de
uma planilha diária com os materiais de consumo oxigênio da viatura está pressurizado.
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sível, não negligenciando nenhum dado, pois, além Destacamos que a ficha de APH é um docu- DOWNLOAD
de servir para o correto fechamento da ocorrência mento extremamente importante, pois é nela
Para conhecer a ficha de
no E-193, é deixada uma cópia da ficha no hospi- que se encontram todas as informações relacio-
ocorrência utilizada no CBMSC,
tal onde o paciente foi entregue, sendo a original nadas à ocorrência, e que esta compõe o pron- faça o download do arquivo
arquivada na Organização Bombeiro Militar. Salien- tuário do paciente, que pode solicitar a sua cópia clicando no link
ta-se que a ficha de APH fará parte do prontuário a qualquer tempo.
do paciente, sendo seu direito solicitar cópia desta. Dando continuidade no processo de aprendiza-
Desse modo, ela deve permanecer no arquivo da gem, iremos apresentar noções de biossegurança
OBM por, pelo menos, cinco anos. adotadas no atendimento pré-hospitalar. Vamos lá?
A ficha de APH deve conter os seguintes dados:
• data, número da viatura e número da ocorrência;
• dados da vítima;
• tipo de ocorrência;
• tipo de veículo;
• queimaduras;
• principais lesões;
• tipos de trauma/clínico;
• procedimentos efetuados;
• destino da vítima;
• hospital que recebeu a vítima e médico;
• recusa de atendimento.
cumpra todas as normas de biossegurança; garan- adequado, separada de suas vestimentas pes-
tindo-se, assim, a eliminação ou minimização dos soais e faça o mesmo com os calçados;
riscos presentes. • não é recomendado o uso de anéis, pulseiras,
já que não permitem uma limpeza adequada
3.2.1. HIGIENE E ASSEIO PESSOAL das mãos e tornam-se depósitos de microorga-
nismos e de sujeira, e caso for usar brincos, so-
Além de demonstrar profissionalismo e cuidado mente pequenos e que não fiquem pendentes;
consigo e com aqueles que estão sob sua responsa- • não consuma alimentos ou líquidos no interior
bilidade, manter regras básicas de higiene e asseio, do ASU, ou durante as ocorrências, e não fume;
facilitam os cuidados sobre si mesmo e sua saúde. • use seus EPIs de forma correta;
Desta forma, temos que manter cuidados como: • mantenha sua caderneta de vacinação em dia.
• lave as mãos frequentemente, por pelo menos Doenças como a Hepatite C podem ser preve-
20 segundos, esfregando as palmas, sobre os nidas dessa forma, assim como diversas outras;
dorsos, entre os dedos e em suas unhas e nos • previna-se de lesões perfurocortantes e in-
punhos. Quando não houver um lavatório dis- cisivas.
ponível, utilize álcool 70%. Mesmo com o uso
de luvas de proteção, a lavagem das mãos é 3.2.2. PROTOCOLO DE EXPOSIÇÃO A
indispensável após o atendimento; AGENTES INFECCIOSOS
• mantenha as unhas aparadas e usar somente
esmalte incolor, para não mascarar a sujidade A exposição do socorrista pode ser prevenida
e torná-las depósitos de microorganismos; pelo uso correto do Equipamento de Proteção In-
• mantenha os cabelos limpos, penteados e, se dividual (EPI) adequado a cada situação. No entan-
longos, amarrados. Cabelos longos e soltos to, o socorrista pode ser exposto a algum agente
podem ser posteriormente encontrados em contaminante devido a incidente durante o aten-
locais inadequados, causando contaminações; dimento da ocorrência. Em caso de exposição a
• mantenha seu fardamento limpo e asseado. agentes infecciosos, os socorristas devem passar
Caso necessário, troque de roupa sempre que por um protocolo de exposição, percutânea ou
estiver suja ou contaminada, lave-a em local mucosa, a sangue ou a outros fluidos corporais po-
tencialmente contaminados.
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Assim, o socorrista deve ser encaminhado gir-se ao centro de saúde com as informações
de imediato para o hospital de referência da médicas do paciente ou com o próprio se pos-
cidade onde atua e/ou entre em contato com sível, para os procedimentos adequados.
a vigilância epidemiológica local, para ser testa-
do o paciente fonte (em caso deste ser conheci- 3.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
do), ou seja, realizada a profilaxia medicamentosa INDIVIDUAL (EPI)
e demais acompanhamentos. É importante que o
profissional siga as ações adequadas à profilaxia Como você já sabe, os equipamentos de pro-
pós-exposição (PPE) para minimizar riscos com a teção individual (EPI) são considerados as barreiras
contaminação por hepatite ou HIV, por exemplo. físicas de proteção do socorrista, contra a exposi-
As etapas apropriadas para minimizar o risco são: ção a agentes contaminantes e acidentes durante o
• prevenir a infecção bacteriana, limpando a atendimento. Alguns desses equipamentos também
área exposta de forma abrangente com água funcionam no sentido inverso, protegendo a vítima
e sabão germicida. As mucosas expostas de- de algum patógeno que o socorrista possua. A se-
vem ser irrigadas com água em abundância. guir serão apresentados os principais EPIs utilizados.
Lembrar de realizar a limpeza utilizando luvas • Uniforme operacional (5º A): o próprio uni-
de procedimento; forme operacional do CBMSC serve como a
• administrar reforço tetânico (vacina), caso não primeira barreira de proteção para o socorris-
tenha recebido nos últimos 5 anos; ta, possuindo um grau satisfatório de proteção
• realizar exames laboratoriais basais no profis- contra agentes físicos e até mesmo químicos e
sional, tais como anticorpo de superfície para biológicos, desde que em pequenas quanti-
hepatite B e coronavírus, testes para hepatite dades. Para obter este nível de proteção, no
C, HIV e tuberculose; entanto, o socorrista deve manter todos os
• se o profissional não estiver imunizado con- botões fechados, as mangas da gandola abai-
tra hepatite B, dirigir-se ao centro de saúde e xadas e as luvas sobrepostas aos punhos.
proceder os testes e imunizações solicitados • Óculos ou viseira tipo face shield e másca-
pelo médico; ra facial para proteção das vias aéreas: es-
• em caso de suspeita de exposição ao HIV, lo- tes materiais devem proporcionar a proteção
calizar o paciente fonte se for conhecido e diri- dos olhos (na frente nas laterais), nariz e boca
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contra respingos e gotículas projetados por com dois dedos (da mão exposta) a região
tosse, espirros, fala e a própria respiração. dorsal da mão que está com a luva (no local
Devem ser utilizados durante o atendimento mais proximal), fazendo o movimento no sen-
da vítima e os procedimentos pós ocorrên- tido distal (em direção aos dedos).
cia, como limpeza e assepsia. As máscaras • Colete refletivo: EPI utilizado para melhor
cirúrgicas devem ser descartadas após cada visualização do socorrista em ambientes de
atendimento, em local próprio (lixeira para pouca luminosidade, proporcionando segu-
descarte de materiais infectantes).
• Luvas de procedimentos: as luvas propor-
cionam proteção das mãos contra os flui-
dos corporais ou superfícies potencialmente
contaminadas. Devem ser utilizadas durante
todo o atendimento à vítima e na realização
dos procedimentos pós ocorrência, como
limpeza e assepsia. As luvas de procedimen-
to devem ser descartadas e substituídas após
cada atendimento/procedimento e sempre
que se julgar necessário. Ainda podem ser
necessárias luvas de proteção contra objetos
perfurocortantes, em situações envolvendo,
por exemplo, resgate veicular. Tão importan-
te quanto o uso da luva de procedimento é a
sua retirada. Nesse sentido, o socorrista deve
pinçar, com a mão enluvada, a parte dorsal da
mão oposta, fazendo o movimento no senti-
do distal (em direção aos dedos), sem tocar
na pele, fazendo a retirada, por completo, da
Figura 10. Retirada das Luvas de
luva e mantendo-a na palma da mão (que ain- procedimento.
Fonte: CBMSC
da se encontra com a luva). Após isso, pinçar Figura 10
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rança em lugares como rodovias, por exem- 3.4. LIMPEZA, ASSEPSIA E DESINFECÇÃO
plo. Haja vista que, ao ser iluminado, o colete DE EQUIPAMENTOS E DO ASU
consegue refletir a luz, fazendo com que a
pessoa seja destacada. Os microorganismos presentes no interior dos
• Avental e/ou macacão plástico: estes mate- veículos de emergência (equipamentos, materiais
riais devem ser utilizados em situações que
possam gerar respingos ou contato das ves-
tes com fluidos como, por exemplo, em par-
tos emergenciais, ou em casos de suspeita
de doenças contagiosas, como a COVID-19,
por exemplo. Devem ser longos e descartá-
veis, preferencialmente.
• Calçado: EPI utilizado para proteção dos pés,
devendo ser fechado e com solado antider-
rapante e anti perfurante, preferencialmente
impermeáveis e de materiais que não rete-
nham sujeira e líquidos. Figura 11 Figura 12
• Capacete: EPI utilizado para locais com risco
de queda de objetos ou de espaço reduzido.
contaminados, superfícies e/ou o próprio paciente) dimentos realizados após cada atendimento, SAIBA MAIS
podem ser facilmente transmitidos, seja por conta- que de modo geral é aplicado somente aos
Para saber mais sobre como
to direto ou por contato com uma superfície conta- materiais e superfícies que tiveram contato
realizar a higienização das mãos
minada, como já citado. Ao levarmos tudo isso em direto com o paciente.
assista ao vídeo "Coronavírus:
conta, os procedimentos de limpeza e desinfecção b) Desinfecção terminal abrange os procedimen-
lave as mãos!" no canal do
mostram-se de vital importância na prevenção da tos realizados de forma completa, em todas as Youtube do CBMSC.
contaminação, seja dos profissionais, seja dos pró- superfícies e materiais expostos, sempre que
ximos pacientes que serão atendidos na viatura. houver a suspeita de atendimento a pacien-
te com doença infecto contagiosa, situações
3.4.1. LIMPEZA adversas como respingos de sangue, vômito,
liberação de esfíncter. Também deve ser rea-
A limpeza é o processo de retirada de sujidades lizada de forma periódica/preventiva, através
e matéria orgânica, de artigos ou superfícies, utili- de um cronograma, preferencialmente sema-
zando fricção mecânica com água, sabão com es- nal. Durante sua realização, o veículo deverá
ponja, pano ou escovas, em local apropriado para ser retirado do trem de socorro (viatura fica
este fim (pia, recipiente, rampa de lavação). baixada), para permitir que todos os procedi-
mentos sejam realizados de forma completa.
3.4.2. DESINFECÇÃO Normalmente, o tempo necessário para a de-
sinfecção completa é de duas a três horas.
A desinfecção é o processo de destruição de
microrganismos, de artigos ou superfícies. Pode As superfícies fixas (piso, parede, teto, portas,
ser feita através de processos físicos (fricção) e/ou janelas, mobiliários e demais instalações) não re-
químicos, com produtos desinfetantes, álcool, de- presentam grande risco de contaminação quando
tergentes biológicos etc. A desinfecção dos equi- não houver atendimento de paciente com suspei-
pamentos e das viaturas divide-se em duas formas: ta de doença infecto contagiosa, não houver res-
concorrente e terminal. pingos ou deposição de material orgânico. Para
a) Desinfecção concorrente envolve os proce- adotar um processo racional na limpeza da viatura,
deve-se utilizar a seguinte sequência para desin-
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E para garantir a limpeza correta, deve-se pro- Você já parou para pensar na frequência em
ceder da seguinte forma: que os equipamentos precisam ser higienizados?
• remover excessos de sujidade, com panos Os procedimentos de limpeza e desinfecção reali-
velhos ou papel toalha; zados nos equipamentos utilizados nos atendimen-
• desprezar o pano ou papel em saco de lixo tos devem ser realizados em ambiente adequado e
contaminante; de uso exclusivo para tal atividade. Panos, espon-
• aplicar o agente desinfetante nos locais onde jas, escovas e recipientes utilizados na assepsia não
houver respingos ou deposição de materiais devem ser compartilhados para outros usos, como
e deixar agir por, pelo menos, 10 minutos; limpeza de outros ambientes do quartel. Deve-se
• remover o agente desinfetante com panos proceder da seguinte forma:
velhos ou papel toalha e posteriormente des- • remover excessos de sujidade, com panos
cartar em saco de lixo contaminante; velhos ou papel toalha;
• lavar e esfregar com água e sabão neutro; • desprezar o pano ou papel em saco de lixo
• enxugar com panos limpos; contaminante;
• limpar, desinfetar e mudar o lado do colchão • lavar e esfregar com água e sabão neutro;
da maca retrátil. Trocar os lençóis e fronhas a • submergir em recipiente com mistura de
cada uso; água e agente desinfetante (hipoclorito, água
• após concluídos os procedimentos, manter sanitária, detergente enzimático) ou quando
abertas portas e janelas para a ventilação e não for possível submergir (Ex.: maca rígida),
entrada de luz solar. aplicar o agente desinfetante no equipamen-
to e deixar agir por, pelo menos, 10 minutos;
É importante enfatizar que no processo de • enxaguar com água potável e corrente e dei-
construção da viatura, deve ser possível que o seu xar secar naturalmente, secar com uso de
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qualquer paciente, para otimizar o tempo em cena 4.2.2. AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE DE GLOSSÁRIO
e garantir a melhor conduta. RECURSOS ADICIONAIS
COBOM é o termo que designa
Desse modo, os princípios operacionais do APH
o Centro de Operações do Corpo
são instituídos como os fatores essenciais que devem Paralelamente, além da análise de riscos, a ava-
de Bombeiros Militar, estrutura
ser plenamente observados e cumpridos pelo socor- liação da cena deve determinar ao socorrista se
destinada à gestão operacional
rista do CBMSC em qualquer cenário, assegurando, existe ou não a necessidade de acionar recursos das ocorrências, canalizando
assim, o melhor tratamento aplicável ao paciente. adicionais para a situação apresentada, podendo, e analisando as informações
Cumpre apontar que, apesar de estarem listados até mesmo, este acionamento ser realizado a partir fornecidas pelo público externo
abaixo em uma ordem pré-determinada, nem sem- do exame prévio das informações repassadas pelo e realizando o despacho das
pre esta ordem será seguida, e muitos destes prin- COBOM. Por exemplo, a depender da situação, guarnições de serviço
cípios são de observância constante no decorrer da podem ser acionados os seguintes recursos adicio-
ocorrência até a entrega da vítima à equipe médica. nais: outra guarnição do CBMSC (ASU, ABTR, Ar-
Você irá observar que os princípios listados canjo etc.), uma ambulância do Serviço de Atendi-
abaixo norteiam toda a rotina de atendimento em mento Móvel de Urgência (SAMU), uma guarnição
uma ocorrência de APH. Vamos aprender um pou- da Polícia Militar (PMSC), uma equipe do Instituto
co sobre cada um deles? Geral de Perícias (IGP), entre outros.
to de avaliação do paciente, fazendo com que esse ABREVIATURA LEGENDA SAIBA MAIS
exame não se atrase e seja o mais objetivo possível. Comprometimento - suspeita de hemorragia
circulatório interna; Para saber mais sobre
- choque (compensado ou des- biomecânica do trauma, leia a a
4.2.4. IDENTIFICAÇÃO DE AMEAÇAS IMEDIATAS À VIDA compensado); Lição de Dinâmica dos acidentes,
- parada cardiorrespiratória.
do Manual de RVE. Para acessar a
Em uma emergência médica, seja ela de trau- Status neurológico - escala de Coma de Glasgow obra “Manual de Capacitação em
ma ou clínica, o paciente pode apresentar diversas anormal menor ou igual a 8; Resgate Veicular” entre na página
- crise convulsiva;
condições que ameaçam a sua vida e estas devem da Biblioteca do CEBMSC.
- déficit sensorial ou motor.
ser prontamente identificadas/tratadas pelo socor-
Trauma grave lesão penetrante em cabeça,
rista durante uma etapa do atendimento conheci- pescoço ou tronco;
da por avaliação primária. - esmagamento, amputação ou
avulsão de extremidades.
ABREVIATURA LEGENDA Julgamento do Principalmente na presença
socorrista dos seguintes fatores:
Hemorragia caso não possa ser devida- - passado médico complica-
externa grave mente contida ou o paciente do (distúrbios de coagulação,
já tenha perdido muito sangue doenças coronárias, DPOC
em cena. etc.);
Via aérea caso não se consiga garantir - idade acima de 55 anos;
inadequada ou uma via aérea adequada mes- - criança;
comprometida mo com as manobras indica- - hipotermia;
das. - queimaduras maiores;
- gravidez acima de 20 sema-
Ventilação -ventilação anormal (rápida ou nas.
prejudicada lenta), dispneia (falta de ar) ou
hipóxia (saturação de oxigênio Tabela 1. Condições que ameaçam a vida
Fonte: Adaptado de PHTLS (2019).
menor ou igual a 94%) não tra-
táveis em cena;
- tórax instável; A maioria das condições listadas acima pode
- pneumotórax aberto;
- suspeita de pneumotórax e
rapidamente levar o paciente à morte se não forem
hemotórax; devidamente corrigidas. Como a maioria delas só
- parada respiratória isolada. pode ser tratada no ambiente hospitalar, o socor-
rista deve realizar intervenções mínimas e iniciar o
transporte imediatamente.
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4.2.5. CONTROLE DE HEMORRAGIAS de vias aéreas, aspiração e uso de dispositivos au- GLOSSÁRIO
EXTERNAS GRAVES xiliares para manutenção da permeabilidade.
Exsanguinação diz respeito ao
processo fatal de total perda de
A hemorragia externa é uma das principais cau- 4.2.7. GARANTIA DE VENTILAÇÃO E
sangue.
sas relacionadas ao choque traumático, em espe- OXIGENAÇÃO ADEQUADAS
cial o hipovolêmico. Inclusive, em vítimas de parada
cardiorrespiratória (PCR), nada vai adiantar uma ma- A avaliação e o manejo da ventilação é outra
nobra de reanimação com a presença de uma he- etapa de suma importância no suporte básico de
morragia externa significante e ativa. Deste modo, vida dado a um paciente, seja este de trauma ou
o socorrista deve considerar que, para um paciente não. O socorrista deve possuir habilidades para re-
de trauma, cada célula sanguínea conta para a sua conhecer corretamente o padrão ventilatório apre-
sobrevida. Ou seja, uma hemorragia externa grave sentado pelo paciente e a sua saturação de oxi-
com risco de exsanguinação é uma condição que gênio, realizando, se necessário, o correto manejo
requer atenção imediata do socorrista e deve ser por meio do uso de dispositivos de ventilação (ex.:
solucionada o mais rápido possível. A obra Tópicos bolsa-válvula-máscara), associados ou não à oxige-
Introdutórios: suporte básico à vida aprofundará nação suplementar.
nosso conhecimento sobre este assunto.
4.2.8. CONTROLE DO ESTADO DE CHOQUE
4.2.6. GARANTIA DE VIA AÉREA ADEQUADA E
ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL O choque é a principal e mais significante per-
turbação da fisiologia da vida. Dessa forma, após
Após garantir a segurança da cena e controlar garantir o adequado suporte ventilatório ao pacien-
hemorragias externas graves, o manejo das vias aé- te, o socorrista deve envidar esforços para identi-
reas apresenta-se com elevada precedência duran- ficar os sinais de choque e resolver toda e qual-
te o tratamento de vítimas de trauma. Portanto, o quer situação que possa agravar esta condição. Por
socorrista deve ser plenamente capaz de executar exemplo, uma fratura fechada de fêmur pode ser a
manobras básicas nesta etapa, tais como estabili- causa de uma hemorragia interna que pode levar
zação manual da cervical, abertura e desobstrução ao choque, sendo que o realinhamento do osso e a
imobilização do membro podem ser as únicas ma-
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nobras cabíveis para reduzir ou cessar este agravo. o alinhamento e a estabilização manual da coluna, GLOSSÁRIO
Outro caso de complicação do choque é a hipoter- a partir da região cervical, até que ocorra uma ava-
A homeostase pode ser
mia, uma condição que compromete a capacidade liação pormenorizada que opte ou não por execu-
entendida como o conjunto de
de coagulação do sangue e dificulta a manutenção tar a Restrição do Movimento da Coluna (RMC),
processos executados, ao nível
da homeostase, sendo necessário que o socorrista por meio da utilização dos mais diversos tipos de
celular e corporal, destinados
mantenha a temperatura corporal do paciente nos dispositivos existentes, como colar cervical, maca à manutenção das condições
níveis adequados. scoop, maca a vácuo, prancha rígida, entre outros. internas necessárias para a vida,
prevenindo variações bruscas na
4.2.9. IDENTIFICAÇÃO E MANEJO DE 4.2.11. TRANSPORTE DO PACIENTE PARA fisiologia do organismo.
LESÕES SECUNDÁRIAS, AFERIÇÃO DE O HOSPITAL MAIS ADEQUADO
SINAIS VITAIS E LEVANTAMENTO DE
INFORMAÇÕES IMPORTANTES Uma vítima que apresente alguma condição
que ameace a sua vida deve ser transportada o
É por meio da avaliação secundária que é pos- mais rápido possível para a unidade hospitalar de
sível identificar lesões ou problemas que, se não referência, preferencialmente obedecendo à tole-
tratados, poderão agravar o quadro do paciente rância de 10 minutos em cena. Além disso, a aná-
e ameaçar a sua vida. Esta etapa do atendimento lise do quadro geral do paciente, da natureza da
envolve ainda aferição dos sinais vitais e o levan- emergência e das injúrias identificadas deve ditar a
tamento de informações importantes do paciente posição de transporte da vítima, bem como o des-
através de uma entrevista direcionada. tino para o qual ela deve ser encaminhada e onde
se dará o tratamento definitivo, não sendo neces-
4.2.10. APLICAÇÃO DE RESTRIÇÃO DE sariamente o hospital mais próximo.
MOVIMENTO DA COLUNA
4.2.12. TRANSFERÊNCIA DO CUIDADO
Este princípio aplica-se prioritariamente às ví- À EQUIPE MÉDICA
timas de trauma. A princípio, deve-se considerar
que toda vítima de trauma pode possuir lesões as- Para garantir o melhor prognóstico possível
sociadas à coluna e à medula espinhal. Sendo as- de um paciente, principalmente de uma vítima de
sim, dado o início da abordagem, deve-se buscar múltiplos traumas, o tratamento implementado
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nula orofaríngea, ao passo que um médico do su- 4.3.5. MATERIAL E EQUIPAMENTO DISPONÍVEIS GLOSSÁRIO
porte avançado de vida (SAV), possui a base de co-
Na área da saúde, pérvio significa
nhecimento necessária para realizar uma intubação Um fator de extrema importância na tomada de
não haver obstáculos impedindo
orotraqueal, garantindo uma via aérea definitiva. decisão do socorrista é a disponibilidade de mate-
a passagem. Ou seja, no caso de
Ou seja, o socorrista do CBMSC possui atribui- riais e equipamentos na cena. Ao mesmo tempo,
uma via aérea pérvia, pode-se
ções e limitações legais para prestar unicamente o em que a sua experiência influencia de maneira ex- presumir que a circulação do ar
suporte básico de vida, não estando habilitado a pressiva na condução do atendimento, a falta do está livre através dela.
escolher preferências que estejam fora da sua base equipamento adequado pode comprometer todo
de conhecimento. o planejamento do profissional, fazendo com que
este tenha que se adaptar à situação e aos mate-
4.3.4. PROTOCOLO LOCAL riais que estiverem disponíveis.
Explicitando este aspecto, imagine o caso de
Protocolo é o documento que define o espec- uma vítima em decúbito dorsal (com as costas em
tro de atuação em que um socorrista está inseri- contato com o solo) que apresente suspeita de le-
do e elenca as técnicas e os procedimentos que são raquimedular. Neste caso, o socorrista deve
ele é credenciado a executar durante certos tipos mobilizá-la para não agravar a suposta lesão, utili-
de atendimentos. Todavia, o protocolo não pode zando para tal os equipamentos disponíveis ao seu
apontar taxativamente como se deve cuidar de alcance. Sendo assim, uma opção viável seria por
todo paciente em qualquer situação. meio da utilização da maca scoop, o que garantiria
Portanto, o protocolo deve servir como um guia o mínimo de movimentação do paciente ao ser re-
para conduzir a abordagem do socorrista a um pa- tirado do solo. Por outro lado, outra opção seria o
ciente de maneira lógica e sistemática, estando emprego da técnica de rolamento sobre uma pran-
aliado à base de conhecimento do socorrista, às cha rígida, também capaz de retirar o paciente do
melhores práticas para cada situação, aos recursos solo, contudo, com mais movimentação.
materiais adequados e, principalmente, a uma roti-
na de treinamento constante.
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