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GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DE GOIÁS

AUGUSTA E RESPEITÁVEL LOJA SIMBÓLICA “HARMONIA E CONCÓRDIA” Nº 165

QUARTA INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM


Rafael Alves Silveira (Ap.: M.: Insc. Nº 14002)

INTRODUÇÃO

A quarta instrução do grau de aprendiz se nos apresenta como a mais complexa até agora,
pois seu objetivo se revela mostrar-nos como os ensinamentos recebidos até hoje se interpenetram
e se completam, formando um sistema ordenado e coeso, no qual as lições recebidas são utilizadas
como fundamento para a atuação dos irmãos que compõem nossa sublime ordem.

INTERPRETANDO A INSTRUÇÃO

A instrução é iniciada em uma sabatina entre os IIrs.: VEN.:, 1ºVIG.: e 2ºVIG.:, que nos
remete à primeira instrução do grau de aprendiz, seguindo inclusive a mesma sequência dos temas,
sendo primeiramente a forma de nossa Loja, que como escreveu Rizzardo da Camino, em
SIMBOLISMO DO PRIMEIRO GRAU:

A Loja tem a forma de um quadrilongo, sendo sua altura da Terra


ao Firmamento, seu comprimento do Oriente ao Ocidente, sua largura
do Norte ao Sul e sua profundidade da superfície ao centro da Terra.
Estas dimensões simbolizam a universalidade da Maçonaria.

Uma Loja Maçônica deve estar situada do Oriente ao Ocidente,


porque é do Oriente que surge o Sol. (da CAMINO, Rizzardo, 2001, p.
185)

Logo após nos são dadas novamente as bases em que se apoiam nossa Loja, representadas
por três colunas que são denominadas Sabedoria, Força e Beleza. Essas colunas são a
representação das três luzes da Loja, o VEN.: 1ºVIG.: e 2ºVIG.:.

O Venerável Mestre representa a Sabedoria, pois dirige os Obreiros; o Primeiro Vigilante


representa a Força, porque paga aos Obreiros o seu salário, que é a força e a manutenção da
existência; o Segundo Vigilante representa a Beleza, porque faz repousar os Obreiros e lhes fiscaliza
o trabalho. As Três Forças são o sustentáculo de tudo, porque a Sabedoria cria, a Força sustenta e a
Beleza adorna.

Em um próximo momento é feito o questionamento sobre o motivo pelo qual a Maçonaria


combate a ignorância de todas as formas. Do nosso RITUAL DO SIMBOLISMO MAÇÔNICO, vem a
seguinte resposta, dita pelo irmão 1ºVIG:
Porque a ignorância é a mãe de todos os vícios e seu princípio é
nada saber, saber mal o que se sabe e saber outras coisas além do que
se deve saber. Assim, o ignorante não pode medir-se com o sábio, cujos
princípios são a tolerância, o amor fraternal e o respeito a si mesmo.

Eis porque os ignorantes são grosseiros, irascíveis e perigosos;


perturbam e desmoralizam a sociedade, evitando que os homens
conheçam seus direitos e saibam, no cumprimento de seus deveres
que, mesmo com constituições liberais, um povo ignorante é escravo.
São inimigos do progresso que, para dominar, afugentam as luzes,
intensificam as trevas e permanecem em constante combate contra a
verdade, contra o Bem e contra a Perfeição. (R.:E.:A.:A.:, GLEG,
Aprendiz-Maçom, p. 162)

Amados IIr.:, como disse o patrono brasileiro da educação, Paulo Freire: ‘ Educação não
transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas mudam o mundo. ’ Sob a luz dessa ótica,
qual seria então a nossa principal ferramenta de trabalho como Obreiros desta oficina, senão o
combate incessante à ignorância? Faz-se necessário o estudo, a reflexão e principalmente o
exercício e a prática dos princípios de nossa ordem dentro e fora de Loja. Nesta mesma linha de
raciocínio, Raymundo D’Elia Junior, em sua obra MAÇONARIA 100 INSTRUÇÕES DE APRENDIZ
escreveu:

No Mundo Profano, todo homem desprovido de maior cultura, isto


é, que tenha decidido nuca aceitar os Ensinamentos transmitidos por
outras pessoas, é muito mais provável que não possa formar qualquer
ideia magnífica, colaborativa, que auxilie ou impressione os demais.

Contrariamente, todos aqueles dotados de pré-disposição e vontade


de aprender, sempre terão a oportunidade de aprenderem com seus
pares – seus iguais, até porque os filhos aprendem com seus pais, os
alunos com os professores, os jovens com os mais velhos, e assim
maçonicamente os Aprendizes, como não poderia deixar de ser, devem
aprender com seus Mestres, e de maneira natural vendo, ouvindo e
estudando, porque são faculdades de que o ser humano é
absolutamente muito bem provido. (D’ELIA JUNIOR, Raymundo, 2019,
p. 148)

A Maçonaria combate o fanatismo, porque a exaltação religiosa perverte a Razão e conduz


os insensatos a, em nome de Deus e para honrá-lo, praticarem ações condenáveis.

A solidariedade é a arma de que os maçons dispõem contra esses inimigos; não se deverá
confundir solidariedade com protecionismo, amparo incondicional em quaisquer circunstâncias; em
torno da proteção maçônica têm-se dado interpretações exageradas e uma falsa ideia do amor
fraternal.

A proteção vai ao extremo de amparar o maçom que procedeu mal e colocou-se contra as
leis, perturbando o equilíbrio social. A Maçonaria trata de uma solidariedade mais pura e fraternal
somente para aqueles que praticam o bem e sofrem as agruras da vida, os infortúnios e desgraças.
A quarta instrução reafirma a estrutura moral e o conteúdo ético da Maçonaria, cujas
regras são a busca da Verdade como princípio e a atuação segundo os parâmetros inconscientes de
Verdade e Justiça, que são chamados de Lei Natural e Lei Moral. A aplicação da Lei Natural é
preconizada como instrumento de elevação do Maçom e da sociedade a um patamar de elevação
moral que por si, levaria à solução de todos os conflitos sociais, inaugurando uma “Era Dourada” da
civilização humana. É esse o conteúdo do ensinamento, já visto na terceira instrução, que diz
respeito à Igualdade, Fraternidade e Caridade como sementes das quais a Virtude, a Sociabilidade,
o Progresso e enfim, a Felicidade devem ser frutos.

Do plano geral a instrução passa para o particular, avaliando o comportamento a que o


Maçom se obriga, que deve ser tendente a materializar o mais fielmente possível a doutrina ética
maçônica, conforme a Lei Natural e a Lei Moral já referidas. Todos os princípios particulares ali
mencionados são desdobramentos necessários das normas éticas gerais já estudadas, que segundo
a doutrina e a tradição judaico-cristã cada qual traz em seu íntimo - é o discernimento do Bem e do
Mal.

Segue trecho em que Jorge Adoum, em GRAU DO APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS comenta
sobre os deveres do iniciado para com o próximo:

O maior bem que se pode fazer aos homens é não julgá-los.

A tolerância deve ser a primeira norma da Vida, e sobretudo com os


do próprio lar.

O mal não está nos demais. Quando nos convertemos em Luz,


desaparecem as trevas do próximo.

Quando servimos, devemos agradecer porque nos foi preparada a


ocasião de cumprir com um dever.

Deve-se olhar a mulher com o respeito que se deve à parte feminina


da Divindade.

Deve-se zelar pelo bem-estar da família e de todos os seres que


necessitam de nós, sem esperar recompensa.

Deve-se ver o aspecto virtuoso em todos os seres.

Ser fiel membro da sociedade, como bom pai, bom filho, esposo,
irmão e amigo.

Se é patrão, deve tratar seus empregados como filhos; se é


governante, deve ser o pai de seu povo; se é súdito, deve respeitar as
leis; se é empregado, deve cumprir seu dever.

Não é suficiente deixar de fazer dano aos outros; é necessário fazer


o bem.

O intenso desejo de servir obriga Deus a manifestar-se no homem.

(ADOUM Jorge, 2013, p. 171-172)


A Loja Maçônica é formada de pessoas, essas pessoas são portadoras de fraquezas comuns
a todos os homens. Acontece não raras vezes, de um maçom cometer injustiças ou praticar
iniquidade. Não será isso, por constituir fato isolado, que irá conspurcar todo o quadro de obreiros.

A Loja, por seus responsáveis, tudo fará para restabelecer a harmonia e reconduzir o Irmão
que está em perigo para o bom caminho. Nisso, todos os Irmãos contribuirão, o que significa
desprendimento e amor fraterno. A ovelha perdida não destrói o rebanho, o interesse de todos
será dirigido no sentido de salvar quem se desvia. Isto não significa proteção, mas sim auxílio e
dever.

Os maçons prestam à Tolerância valor inestimável, eis que cada um de nós é portador de
deficiências. Reconhecê-las torna-se um ato virtuoso, corrigi-las será um esforço de vitória.

Todos devem observar o comportamento um do outro com a finalidade de estender a mão


àquele que, por qualquer motivo, vacila e cai.

A Ordem Maçônica possui, além de seus estatutos e regulamentos, também um código


disciplinar.

O faltoso é submetido a uma sindicância e após, constatada a falta, é submetido a um


julgamento e excluído do quadro de Obreiros.

Pode suceder que após expulso, desligado ou excluído um maçom venha, com o tempo, a
regenerar-se. Então com a maior das alegrias, o membro desligado pode ser chamado e novamente
compartilha os trabalhos, retomando o convívio fraterno da Loja a que pertenceu, ou se assim o
preferir, naquela que escolhe para seu reingresso.

A Maçonaria ensina que o homem caído poderá reerguer-se e tornar-se novamente útil à
Ordem e à Sociedade.

Muito obrigado meus IIr.: !!!

BIBLIOGRAFIA
DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do Primeiro Grau Aprendiz. São Paulo: Livraria Maçônica Paulo Fuchs,
2001;

ADOUM, Jorge. Grau do Aprendiz e Seus Mistérios. São Paulo: Editora Pensamento – Cultrix LTDA, 2013;

D’ELIA, Raymundo Junior. Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz. São Paulo: Madras, 2019;

Rito Escocês Antigo e Aceito – Aprendiz Maçom. Goiânia – GO: Administração 2014/2017, 3ª Edição.

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