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Quando foi viver para Coimbra, onde lecionou matemática até aos 60 anos, já
a fama de Pedro Nunes no mundo científico estava consolidada em vários
estudos e tratados originais. A sua primeira grande invenção terá sido a curva
loxodrómica, «a curva que o navio descreve navegando com o mesmo
rumo, isto é, mantendo constante o ângulo da direção da proa com o
ângulo verdadeiro». Esta curva de rumo foi aplicada por Mercator na
cartografia e teve um grande impacto na navegação marítima.
Mas é certo que a criação que mais notabilizou este matemático nascido nas
margens do Sado, em Alcácer do Sal, presume-se com origens judaicas, foi a
conceção do nónio. É este instrumento de precisão que Henrique Leitão,
historiador de ciência, nos apresenta no Museu de Marinha.
Fonte:
https://ensina.rtp.pt/artigo/pedro-nunes-o-matematico-do-nonio/
nomeado professor em Coimbra, cargo que ocupou durante 18 anos, até se jubilar. Nunes não
arriscou muitas considerações sobre o De revolutionibus orbium cœlestium (Sobre a revolução
das órbitas celestes), o importante livro do monge polaco Nicolau Copérnico, publicado em
Nuremberga, na Alemanha, no ano anterior ao da ida de Pedro Nunes para Coimbra. Embora o
grande matemático português tivesse considerado o sistema de Copérnico correcto do ponto de
vista matemático, nunca chegou a pronunciar-se sobre a sua veracidade física. Mesmo assim, as
obras de Pedro Nunes serviram de referência a matemáticos e astrónomos europeus de renome:
por exemplo, o filósofo e matemático francês Pierre Gassendi incluiu Pedro Nunes na lista dos
grandes matemáticos e astrónomos do século XVI e o astrónomo dinamarquês Tycho Brahe
referiu-se a Nunes na sua famosa obra Astronomia Instauratæ Mechanica. Também
no Epistolarum astronomicarum libri, livro que reúne a correspondência científica que manteve
com notáveis personalidades do seu tempo, Brahe fez várias referências a Pedro Nunes e aos
seus trabalhos, em especial ao mais importante, De crepusculis (Sobre os crepúsculos). Foi
nesta obra, largamente difundida na Europa, que apareceu pela primeira vez a ideia do nónio
como um meio para efectuar medidas com maior precisão. Existe uma gravura que mostra
Brahe junto ao nónio de Nunes.
Só 30 anos após a morte de Pedro Nunes, o ensino da Matemática em Coimbra foi retomado por
André de Avelar. Este professor publicou em 1585 a Cronografia ou reportório dos tempos: o
mais copioso que até agora saiu a luz. Conforme a nova reformação do Santo Padre Gregório
XIII no ano de 1582, no qual discutia o novo calendário gregoriano. Apesar do longo tempo
decorrido desde a obra de Copérnico, Avelar manifestava-se ainda favorável à imobilidade da
Terra, afirmando que este facto se provava com muitas demonstrações, ainda que
houvessem varões mui doutos que teriam afirmado mover-se a Terra como foi Pitágoras e mais
recentemente Copérnico. Avelar procurava obviamente evitar conflitos com a Igreja, mas tal
não evitou que fosse julgado pela Inquisição e que o seu livro chegasse a ser incluído no Index.
Fonte:
https://www.uc.pt/org/historia_ciencia_na_uc/Textos/cienciasexactas/pedronunes