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Itapeva - SP
2018
MURILO AUGUSTO VERÍSSIMO LEITE
Itapeva - SP
2018
Leite, Murilo Augusto Veríssimo
L533a
Análise do método proposto pela ABNT NBR 7190:1997 para determinação
do valor característico de resistência à tração normal às fibras para madeiras
de reflorestamento da região de Itapeva / Murilo Augusto Veríssimo Leite. --
Itapeva, 2018
58 f. : il., tabs.
John Mason
Resumo
A aplicação do valor característico no setor civil, vem proporcionando resultados pro-
missores em relação aos conceitos de segurança nos projetos, principalmente no
dimensionamento. O valor característico é obtidos por meio do método probabilístico e
pelo método do estimador centrado, descrito na norma de madeira ABNT NBR 7190
(1997). A condição para a utilização desses métodos consiste na suposição do con-
junto de amostras com uma distribuição normal de probabilidade. Este trabalho teve
como objetivo analisar a normalidade dos dados nos resultados obtidos a partir de
ensaio mecânicos de tração normal à fibras, como também verificar o tamanho de
amostra mínimo para atender os requisitos de normalidade, além da comparação do
valor característico pelo método probabilístico e estimador centrado e do coeficiente de
excentricidade da equação do estimador centrado. Para a realização desse trabalho
foram utilizadas madeira de reflorestamento na região de Itapeva-SP, (Eucalipto Grandis
e Pinus Elliottii). Foram confeccionados corpos de prova de tração normal às fibras
e realizado os ensaios mecânicos conforme as recomendações.Tendo os valores de
resistência, foi realizado um simulação pelo método Bootstrap com auxílio do software
R, para verificação da normalidade dos dados, com o teste de Shapiro Wilk. Para o
eucalipto a partir de 30 amostras se obteve uma distribuição normal de probabilidade e
para o pinus 42 amostras. O coeficiente de excentricidade que mais se ajustou para a
espécie de eucalipto foi 1,00 e para a espécie de pinus 1,10.
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3 REVISÃO DE LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1 Inferência estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Estimadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2.1 Método Bootstrap . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3 Valor característico da madeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3.1 Definição do valor característico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3.2 Aplicação do valor caracteristico da madeira . . . . . . . . . . . . . . 27
3.4 Métodos para determinação do valor característico . . . . . . . . 30
3.4.1 Método probabilístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.4.2 Método do estimador centrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.4.3 Método dos percentis para dados agrupados . . . . . . . . . . . . . . 33
4 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.1 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2 Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2.1 Confecção dos corpos de prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.2.2 Teor de umidade dos corpos de prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2.3 Ensaio de tração normal às fibras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.2.4 Análise estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.1 Valores de resistência obtidos no ensaio mecânico . . . . . . . . 43
5.2 Análise estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.2.1 Comparação do valor característico pelo método probabilístico e pelo
método do estimador centrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.2.2 Análise do coeficiente de excentricidade pelo método do estimador
centrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.2.3 Analise da normalidade dos dados pelo método Bootstrap . . . . . . 50
5.2.4 Comparação do valor característico pelo método Bootstrap . . . . . . 50
6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
21
1 Introdução
Desde dos início dos tempos até os dias atuais, a humanidade vem se aprovei-
tando dos benefícios da madeira em diversos setores da sociedade, tanto no setor de
papel e celulose, no setor moveleiro, no setor de instrumentos musicais e no setor da
construção civil.
Nesse último setor a madeira vem sendo destaque, por simplesmente ser uma
alternativa para os tradicionais materiais da construção civil (concreto e aço), principal-
mente por ser uma material sustentável e apresentar propriedades físicos-mecânicas
satisfatórias para sua aplicação, como boa resistência mecânica à compressão e à
tração (STAMATO, 2002) .
No setor da construção civil a madeira consiste como elemento estrutural, que se
pode ser aplica em coberturas, pontes, residências e galpões (SANTOS, 2016). Essas
estruturas são comum em diversos países que adotaram a madeira como alternativa no
setor civil, mas no Brasil ainda a utilização da madeira no setor civil é pouco difundida,
principalmente por falta de informações e incentivos (STAMATO, 2002) .
Para a utilização da madeira como elemento estrutural existe condições a
serem atendidas, como desempenho e segurança estrutural, na qual a estrutura deve
apresentar uma resistência que possa suportar as diversas solicitações previstas no
dimensionamento durante toda sua vida útil (ESPINOSA et al., 2013).
Uma maneira se analisar essa condição, consiste em verificar o valor caracte-
rístico da madeira, que vem proporcionando resultados promissores em relação aos
conceitos de segurança nos projetos, principalmente no dimensionamento.
Este valor é obtido a partir de dados experimentais, determinado por meio de
expressões fornecidas pela norma brasileira de madeiras ABNT NBR 7190 (1997),
fazendo-se uso de métodos probabilísticos.
Alguns autores contestam esses métodos proposto pela norma na determinação
do valor característico. Segundo Espinosa e Junior (2014), o método proposto pela
ABNT NBR 7190 (1997) fornece valores relativamente baixos inclusive menores que o
mínimo valor do conjunto de dados, e isso se deve a consideração de uma distribuição
simétrica de probabilidade para os dados.
Este trabalho teve por objetivo realizar um estudo comparativo a partir dos
métodos utilizados para determinação do valor característico proposto pela norma
ABNT NBR 7190 (1997).
23
2 Objetivos
3 Revisão de Literatura
3.2 Estimadores
Quando se utiliza o estimador, deseja-se obter um valor representativo e apro-
ximado para determinado parâmetro populacional, facilitando a análise do comporta-
mento da população, a partir da amostras extraídas.
De acordo com Magalhães e Lima (2010, p.224) "À combinação dos elementos
da amostra, construída com a finalidade de representar, ou estimar, um parâmetro de
interesse na população, denominamos estimador".
Quando se estima um parâmetro populacional e se obtém um único valor
representativo, o mesmo é considerado uma estimativa pontual, ou seja, um valor que
26 Capítulo 3. Revisão de Literatura
Fonte: Autor
fwk
fwd = kmod ∗ (3.1)
γw
Onde:
fwd é o valor de cálculo;
kmod é o coeficiente de modificação;
γw é o coeficiente de minoração;
fwk é valor característico.
O coeficiente de modificação é obtido a partir do produto de outros 3 coeficientes
de modificação (equação 3.2), que são tabelados pela norma, conforme as condições
do projeto.
Para cada tipo de solicitação presente no projeto, a norma ABNT NBR 7190
(1997), apresenta diferentes coeficientes de minoração.
Tanto para compressão paralelas às fibras, tração paralelas às fibras e para
cisalhamento paralelo às fibras, descrito na Tabela 4.
Onde:
fc0k : Valor de resistência característica à compressão paralelas às fibras;
fvk : Valor de resistência característica à cisalhamento paralelo às fibras;
Ec0m : Valor médio do modulo de elasticidade médio à compressão paralela;
ρbas,m : Valor médio de densidade básica;
ρaparente,m : Valor médio de densidade aparente.
fwk = Ȳ − 1, 64 ∗ s (3.3)
Onde:
fwk é o valor característico de resistência;
3.4. Métodos para determinação do valor característico 31
f1 + f2 + ... + f n2 −1
!
fwk = 2∗ n − f n2 ∗ 1.1 (3.4)
2 − 1
Onde:
fwk é o valor característico de resistência;
fi valores de resistência a tração normal das amostras;
n é o número de amostras.
De acordo com a ABNT NBR 7190 (1997):
(n ∗ p − Fi−1 )
Pp = LIRp + ∗W (3.5)
fi
Onde:
Pp é o limite inferior da classe de percentil;
n é o número de amostras;
LIRp é o limite inferior do percentil;
fi é a frequência observada;
Fi−1 é a frequência acumulada;
W é a amplitude de classe;
p é a percentagem pretendida.
De acordo com Pinto, Espinosa e Junior (2013), a equação 3.5 apresentou maior
eficiência na determinação do valor característico, tratando-se de uma distribuição com
perfis assimétricos. Essa situação é muito comum quando se trata de análise de dados
experimentais referente a ensaios em madeira.
Os mesmos autores realizaram seus ensaios referente à resistência a com-
pressão paralelas às fibras e os valores obtidos aplicaram para fins de comparação
às equações 3.4 e 3.5, a fim de averiguar distinção entre valores nas respectivas
equações.
35
4 Materiais e Métodos
4.1 Materiais
Para a realização desse trabalho foram utilizados os equipamentos e materiais:
• Balança analítica;
• Estufa de secagem;
• Madeiras comercializadas na região de Itapeva-SP;
• Máquina Universal de ensaio da marca EMIC, com capacidade de 300 kN;
• Máquinas da serraria (serra circular, plaina desengrossadeira e plaina desem-
penadeira);
• Paquímetro da marca Digimess.
4.2 Métodos
4.2.1 Confecção dos corpos de prova
Para a confecção dos corpos de prova de tração normal às fibras, foram escolhi-
das aleatoriamente vigas de madeira das especies Eucalipto Grandis e Pinus Elliottii,
de um lote de madeira recebido de doações (Figura 2) para a Unesp-Câmpus de
Itapeva, madeiras essas de reflorestamento comercializadas na região de Itapeva-SP.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Mu − Ms
!
T.U = ∗ 100 (4.1)
Ms
Onde:
T.U é o teor de umidade;
Mu é a massa úmida;
Ms é massa seca.
Tendo os valores de teor umidade, foi realizada a média aritmética para os
valores obtidos, para as amostras de eucalipto e de pinus, sendo esse valor médio
representativo do teor de umidade dos corpos de prova de tração normal às fibras.
4.2. Métodos 39
Fonte: Autor
Durante o ensaio cada corpo de prova foi submetido a uma determinada carga,
até seu rompimento na seção designada, conforme demonstrado na Figura 9.
Fonte: Autor
Finalizado o ensaio, para cada corpo de prova foi obtido uma máxima tração
40 Capítulo 4. Materiais e Métodos
normal, ou seja um valor de força que aquele corpo de prova foi solicitado até seu
rompimento, na seção designada.
A resistência a tração normal (ft90 ) segundo a norma ABNT NBR 7190 (1997)
foi considerada como sendo a máxima tensão de tração normal atuante na seção crítica
dos corpos de prova, sendo calculada conforme a equação seguinte.
Fmax
ft90 = (4.2)
A
Onde:
Fmax é a máxima força de tração normal obtida no ensaio;
A é a área da seção transversal de ruptura.
A norma ABNT NBR 7190 (1997) padroniza os valores de resistência para o
teor de umidade de 12 %, utilizando a equação 4.3, e nesse caso,todos os valores de
resistências obtidos foram corrigidos para a umidade padrão.
3 ∗ (U % − 12)
" #
f12 = fU % ∗ 1 + (4.3)
100
Onde:
f12 é o valor de resistência na umidade de 12%;
fU % é o valor de resistência no teor umidade do corpo de prova;
U % é a umidade do corpo de prova.
5 Resultados
Tabela 9 – Massa dos corpos prova para determinação do teor de umidade da espécie
de eucalipto.
Espécie Eucalipto Pinus
CPs Massa Massa Teor de Massa Massa Teor de
úmida (g) seca (g) umidade (%) úmida (g) seca (g) umidade (%)
1 25,66 22,36 14,76 12,99 11,38 14,15
2 25,30 22,09 14,53 12,46 10,96 13,69
3 26,45 23,19 14,06 16,30 14,25 14,39
4 25,95 22,65 14,57 16,49 14,40 14,51
5 25,34 22,06 14,87 12,12 10,66 13,70
6 25,68 22,42 14,54 16,21 14,20 14,15
7 20,53 17,86 14,95 18,70 16,42 13,89
8 21,17 18,41 14,99 16,39 14,41 13,74
9 21,04 18,31 14,91 17,06 14,96 14,04
10 21,00 18,26 15,01 16,29 14,32 13,76
11 21,16 18,39 15,06 16,91 14,87 13,72
12 20,78 18,09 14,87 16,67 14,67 13,63
Tabela 10 – Analise estatística dos corpos de teor de umidade das especies de euca-
lipto e pinus.
Espécie Média aritmética Desvio padrão Coeficiente de variação (%)
Eucalipto 14,76 0,29 1,95
Pinus 13,95 0,29 2,12
Tabela 21 – Análise dos valores característicos pelo método probabilístico e pelo mé-
todo do estimador centrado das amostras de eucalipto pelo método Boots-
trap.
Método Probabilístico (MPa) Estimador centrado (MPa)
Unidade amostral Minimo Média Máximo Mínimo Média Máximo
12 1,79 5,38 9,80 3,06 5,08 8,96
18 2,36 5,43 8,51 3,06 5,08 8,86
24 2,66 5,47 7,62 3,06 5,08 8,37
30 3,31 5,48 7,18 3,06 5,09 8,28
36 3,50 5,49 6,77 3,06 5,09 8,11
42 3,91 5,49 6,42 3,06 5,08 8,02
48 4,04 5,50 6,16 3,06 5,08 7,95
54 4,39 5,51 5,81 3,06 5,08 7,97
60 5,51 5,51 5,51 3,06 5,07 7,81
Tabela 22 – Analise dos valores característicos pelo método probabilístico e pelo mé-
todo do estimador centrado das amostras de pinus pelo método Bootstrap.
Método Probabilístico (MPa) Estimador centrado (MPa)
Unidade amostral Minimo Média Máximo Mínimo Média Máximo
12 0,76 2,41 4,37 1,83 3,11 6,23
18 1,04 2,43 3,82 1,83 3,10 6,15
24 1,17 2,44 3,44 1,83 3,11 5,80
30 1,43 2,45 3,27 1,83 3,11 5,79
36 1,58 2,46 3,04 1,83 3,11 5,69
42 1,81 2,46 2,76 1,83 3,10 5,64
48 1,81 2,46 2,76 1,83 3,11 5,52
54 1,99 2,46 2,61 1,83 3,10 5,57
60 2,47 2,49 2,45 1,83 3,10 5,45
6 Conclusão
Referências