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Luc Vandenberghe
Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Rua 232, 128, 2º andar, Setor Leste Universitário, 74605-140,
Goiânia, GO, Brasil. luc.m.vandenberghe@gmail.com
Abstract. The present study deals with the role of the therapist’s feelings
and with how these can contribute to the therapeutic process. How can care-
ful discrimination of the feelings of the therapist help make well-directed
choices during treatment? With this aim, specific moments in two cases of
functional analytic psychotherapy are discussed. The analysis concentrates
on the concepts of T1 and T2 that characterize the behavior of the therapist
in functional analytic psychotherapy’s theoretical model. Fragments of the
treatments analyzed show how counterproductive therapist behavior (T1)
and effective therapist behavior (T2) relate to the discrimination of the ther-
apist’s feelings. The material shows that keen observation of the therapist’s
feelings can help detect tricky contingencies in the relationship with the cli-
ent and thus prevent inefficient therapeutic conduct. Besides, the precise dis-
crimination of the feelings the client evokes in the therapist can help choose
interventions that are more productive. The article concludes that therapists
need to develop definite attention to their feelings, because these contain
clues concerning the client’s problems, can clarify what is happening in ses-
sion and can help conduct treatment in more sensitive ways.
Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Attribution License (CC-BY 3.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição
desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
Campo e função dos sentimentos da terapeuta na relação terapêutica
O presente artigo propõe reflexões sobre te (Freeman et al., 1990). Apesar de expressar
uma função particular que o sentimento de problemas do terapeuta, a contratransferên-
uma pessoa para outra pode assumir em um cia pode ser usada para examinar as idiossin-
tipo de relacionamento muito peculiar, a sa- crasias na relação terapeuta-cliente. Ela é, de
ber, a relação terapêutica. O relacionamento acordo com o modelo cognitivo, resultado de
entre cliente e terapeuta é elemento preditor esquemas mentais preexistentes do terapeuta,
dos resultados do tratamento, independente as quais são ativadas pelo cliente. Por isso, as
da modalidade da terapia (Norcross e Wam- reações de contratransferência podem ser usa-
pold, 2012). Na teorização da terapia com- das como pistas para detectar aspectos da pro-
portamental, a reflexão sobre o impacto que a blemática do cliente que ativam os esquemas
sessão tenha sobre o terapeuta não é nova (Ba- do terapeuta (Layden et al., 1993).
naco, 1993), e recebeu mais atenção na literatu- Outros autores dispensam o conceito de
ra comportamental recente (Kanter et al., 2011; contratransferência, para concentrarem-se na
Vandenberghe e Silveira, 2013). interação entre as duas pessoas envolvidas. Li-
Um sentimento é uma ação sensorial, como nehan (1988) entende o relacionamento como
também ver ou ouvir. Discriminar aquilo que um processo transacional no qual o terapeuta
sentimos e falar sobre isso são comportamen- e o cliente exercem e recebem influências re-
tos aprendidos, produtos da comunidade ver- cíprocas que podem ser carregados de senti-
bal que nos ensina a descrever nossa vivência do para ambos, além de promover mudanças,
interior (Rose, 1982). Assim como a importân- tanto no terapeuta quanto no cliente. A relação
cia de ver e ouvir o que ocorre em sessão, tam- terapêutica é um relacionamento pessoal ca-
bém é importante que o terapeuta possa usar paz de contribuir para a vida do cliente, inde-
seus sentimentos como uma maneira de per- pendentemente das técnicas usadas no trata-
ceber o que ocorre entre ele e o cliente. Porém, mento. Para cada díade terapeuta-cliente, esse
ele deve treinar-se na discriminação cuidadosa relacionamento é singular, possui suas carac-
do que sente e na identificação das contingên- terísticas únicas e se desenvolve espontanea-
cias que são responsáveis pelos sentimentos mente, enquanto mudanças ocorrem nas vidas
(Sousa e Vandenberghe, 2007). Não são os sen- de ambos e na interação no seio da díade.
timentos em si, mas a detecção e análise das Diferentes vertentes da terapia comporta-
contingências que os evocaram que ajudarão o mental (Swales e Heard, 2007; Tsai et al., 2011)
terapeuta na sua atuação. e cognitivo-comportamental (Layden et al.,
A importância da relação terapêutica é con- 1993) enfatizam que a forma como o cliente se
senso para os terapeutas comportamentais, relaciona com o terapeuta reflete os padrões
porém, há diferenças quanto ao papel por ela de interação do cliente nos seus relaciona-
desempenhado. Pode ser um meio para facilitar mentos significativos fora da terapia. Assim,
o uso ou aumentar a eficácia das técnicas tera- o comportamento do cliente na sessão oferece
pêuticas, pode tornar o terapeuta mais reforça- oportunidades poderosas para trabalhar pro-
dor, ou promover maior engajamento e motiva- cessos interpessoais de grande importância
ção do cliente na terapia (Goldfried e Davison, para a vida do cliente.
1994). O presente artigo aborda um outro lado Essa visão foi elaborada em detalhes por
da relação terapêutica, a saber, o envolvimento Kohlenberg e Tsai (1987), que destacam que o
pessoal do terapeuta na relação com o cliente e relacionamento entre terapeuta e cliente é um
a questão de como a subjetividade desse profis- ambiente social real no qual o cliente enfren-
sional influencia o processo clínico. ta as mesmas dificuldades que nos relaciona-
Várias terapias consideram a contratransfe- mentos do seu cotidiano. Por isso, essas difi-
rência1 como elemento capaz de alterar o curso culdades podem ser trabalhadas diretamente
da terapia. A exemplo, a terapia cognitiva des- no relacionamento com o terapeuta. O foco da
creve a contratransferência como uma forma mudança terapêutica são os comportamentos
irracional de o terapeuta responder ao clien- clinicamente relevantes (indicados pela sigla
te, baseado em crenças e expectativas trunca- inglesa CRB – Clinically Relevant Behavior). Os
das ou demasiadamente generalizadas. Ela CRB1 são comportamentos problema evoca-
se mostra nas emoções, ações e pensamentos dos na sessão. Os CRB2 são as melhorias do
automáticos do terapeuta a respeito do clien- comportamento que ocorreram na sessão.
1
O conceito de contratransferência, em psicoterapia, foi descrito primeiramente por Sigmund Freud, em 1913. Aaron T.
Beck, que tinha formação psicanalítica, introduziu o conceito na Terapia Cognitiva.
Lília, 40 anos, casada, mãe de três filhos, se entristece quando ameaça chover, tranca to-
procurou ajuda para aprender a lidar com o das as portas e não faz nada até a chuva aca-
comodismo e a passividade do esposo. Tinha bar. Apenas uma única vez em sua vida teve
receio que, por conta dessa dificuldade dela, a ninguém para dormir com ela, e nessa noite
relação entre os dois piorasse. Lília viveu sua não conseguiu fechar os olhos. Atualmente, o
infância e adolescência em uma cidade do in- esposo está aposentado e costuma viajar com
terior do Nordeste. Era a penúltima filha de frequência para uma chácara do casal. Quan-
uma prole grande. O pai era alcoólatra, não do não pode acompanhá-lo, solicita a um filho,
tinha compromisso com a criação dos filhos e nora ou neto para passar a noite com ela.
não se preocupava com as necessidades deles. Há uns anos recebeu o diagnóstico médico
Ela relatou que ele frequentemente agredia a de síndrome do pânico. Sentiu-se melhor quan-
mãe dela fisicamente. Casou-se antes dos seus do estava em tratamento medicamentoso, con-
18 anos, e poucos anos depois, mudou-se para tudo, encerrou o tratamento por conta própria,
uma capital do Centro-Oeste. já que temia ficar dependente do remédio.
Nos primeiros anos de casamento, ela agre-
dia com frequência o esposo verbal e fisica- Procedimentos
mente. Entretanto, conforme os filhos foram
crescendo, ela se esforçou para controlar sua Os dados para esses estudos de caso foram
impulsividade e agressividade, já que se preo- colhidos por observação participante durante
cupava com a imagem que poderia passar aos as sessões em que a primeira autora atuava
filhos. Aprendeu a guardar a ira e a frustração como terapeuta. A observação participante
dela para si mesma, ficando “de cara virada” e é definida como o processo de aprender por
conversando com o esposo apenas o indispen- meio de exposição e envolvimento rotineiro
sável. Supôs que o esposo sabia exatamente o em atividades da vida real, envolvendo par-
que ela estava sentindo. ticipantes no setting de pesquisa (Schensul
Sempre exerceu sua profissão e dividiu as et al., 1999). O pesquisador engaja-se inteira-
despesas da casa com o esposo. Contudo, diz mente no ambiente ao observar as interações,
que esse não tinha planos em longo prazo e não dialogando com os participantes sobre o que
se preocupava com a formação dos filhos. Des- está acontecendo. Inicia interações, com plena
creve o esposo como trabalhador, companheiro consciência que está gerando mudança nos
e paciente. Essa paciência ora era vista por ela processos que está observando, permitindo
como uma característica boa – ela o preza por que essas mudanças ajudem a esclarecer os
nunca ter revidado suas agressões – ora como processos estudados (Schnell, 2001).
característica ruim, sinônimo de passividade. Na presente pesquisa, a observação partici-
Elisa, 55 anos, casada, mãe de três filhos, pante ocorreu pela imersão pessoal da primei-
procurou ajuda devido a medos de chuva e de ra autora na realidade da prática clínica e pela
dormir sozinha que datavam da sua adoles- sua entrega na relação terapêutica, alternando
cência. Afirma que as duas situações provoca- com momentos de recuo que permitiram a
vam nela um sofrimento indescritível. Sentia- reflexão teórica sobre as experiências relevan-
-se dependente, fraca e incapacitada. A cliente tes. Para o segundo autor, o movimento de
é a filha caçula de cinco irmãos. Cresceu em imersão-recuo se deu pelo seu envolvimento
uma capital onde continuou sua vida adulta. na supervisão dos casos que produziram o
Durante a infância e a adolescência, recebeu material com qual o presente estudo foi cons-
muita proteção e cuidados. Apesar de nunca truído e pelo distanciamento temporário dessa
ter tido problemas de saúde, os pais e o irmão vivência, com o intuito de analisar o que estava
a viam como “fraquinha”. Dividia a cama com ocorrendo nos dados colhidos.
a irmã, pois tinha medo de dormir sozinha até As participantes eram atendidas semanal-
quando se casou, aos dezenove anos. A pro- mente em um consultório de uma clínica de
fissão do esposo demandava muitas viagens, e psicologia comunitária. Foram realizadas sete
ele preferia que ela ficasse em casa, cuidando sessões com a participante Lília e onze sessões
dos filhos. Ela o considera um ótimo compa- com Elisa. Após cada sessão, a terapeuta re-
nheiro, pois sempre procurou atender às suas gistrou os momentos em que usou seus sen-
necessidades. timentos para guiar o processo. Encontrou se-
Desde a adolescência, o medo da chuva a manalmente com o segundo autor, em sessões
perturbava, fazendo com que ela chegasse a se de supervisão, nas quais, juntos, analisaram
esconder dentro do guarda-roupa. Afirma que problemas (T1) e comportamentos-alvo (T2).
so, abriu espaço para que a cliente falasse de si ser feito deixando claro como o CRB1 afetava
(T2). Indagou à cliente o que sentiu a respeito a terapeuta. Na sétima sessão, a terapeuta com-
da conversa com o esposo. Lília disse que con- partilhou com a cliente seu sentimento de culpa
siderava a conversa importante, porque falaria por não conseguir oferecer uma técnica para li-
das suas prioridades e se sentiria mais res- vrar Elisa de seus medos (T2).
peitada. Caso não tivesse a conversa, sentiria Na sessão posterior, Elisa apresentou uma
que sua opinião era indiferente para o esposo. postura mais questionadora e participativa.
Com relação ao objetivo de compartilhar seus Disse ter pensado sobre a última sessão e esta-
sentimentos com o parceiro (O2), a discrimi- va determinada a conseguir enfrentar o medo
nação dos seus sentimentos no diálogo com a usando seus próprios recursos (CRB2). A te-
terapeuta era um CRB2. rapeuta não se preocupou mais em encontrar
Na próxima sessão, a cliente relatou que a um método para resolver os problemas de
conversa ocorreu e que o esposo foi acolhedor Elisa. Em vez disso, procurou ajudá-la a entrar
e a pediu a fazer aquilo mais vezes, já que não em contato com os recursos que Elisa tinha à
podia adivinhar o que ela pensava e sentia. disposição para enfrentá-los (T2). Por fim, a te-
Combinaram de incorporar essa prática na sua rapeuta percebeu que o processo estava mais
vida de casal, tirando regularmente um tempo completo e se sentiu menos pressionada.
a sós para falarem de si (O2). Logo nessa semana, Elisa registrou o pri-
meiro O2 importante: “À tardezinha o céu
Elisa fechou. Eu o olhei e disse a mim mesma: parece que
vai chover! E daí, o que posso fazer? Nada, a não ser
Desde as sessões iniciais, Elisa se mostrou esperar! Continuei trabalhando... Parei um pouco,
ansiosa para obter uma solução para seus te- tomei um banho e sentei na calçada para olhar o céu
mores. Embora a terapeuta tivesse falado, nublado. Não foi totalmente tranquilo, mas bem
desde a primeira sessão, que os prováveis re- mais suportável, fiquei até escurecer.” Não foi à
sultados seriam gradativos, a cliente sempre procura de alguém que pudesse estar com ela
verbalizava (muito docilmente) que queria caso chovesse.
logo se livrar daqueles medos e que estava Elisa disse que já não estava com tanta pres-
contando com a terapeuta (CRB1). Assim, a sa para eliminar seus medos como quando co-
terapeuta passou a se sentir culpada, pois pen- meçou a terapia, pois já descobriu que podia
sou que seu trabalho estava sendo ineficiente. encará-los sozinha (CRB2). Precisava apenas
Na sexta sessão, a terapeuta ofereceu uma se “fortalecer”. A terapeuta entendeu o relato
interpretação dos motivos pelos quais a cliente como uma afirmação que Elisa podia elaborar
agia daquela forma. Verificou-se que, durante suas próprias soluções.
toda infância, adolescência e até agora, ela re- Na sessão posterior, Elisa manifestou preo-
queria que outros resolvessem seus problemas cupação, comparando a terapia aos efeitos do
e assim ela não era obrigada a enfrentar situa- medicamento, caso fosse retirado, os sintomas
ções aversivas (O1). A terapeuta percebeu que voltariam. A terapeuta sentiu irritação, porque
suas tentativas de tirar rapidamente os medos a cliente parecia assumir um papel de vítima,
da cliente, a fim de cessar os sofrimentos dela e para evitar que a terapeuta a abandonasse.
livrá-la de situações desagradáveis, se asseme- Assim, o sentimento da terapeuta a ajudou a
lhavam ao comportamento das pessoas em tor- identificar um CRB1. Ela explicou que Elisa – e
no de Elisa. Os sentimentos de culpa alertaram não a terapeuta – era a responsável pelas mu-
a terapeuta para a necessidade de reconsiderar danças obtidas. Na terapia, ela havia apren-
sua atuação. Percebeu-se agindo exatamente dido a discriminar as contingências envolvi-
como as demais pessoas em volta da cliente, das no padrão de comportamento problema,
sendo apenas mais uma “cuidadora” que impe- e também a como manejá-lo. Diferentemente
dia Elisa de encarar seus problemas (T1). da medicação, a terapeuta não era necessária
Parecia que Elisa aceitava como evidente os para manter os ganhos que a cliente conquis-
esforços que as pessoas faziam para resolver os tou (T2). Na sessão posterior, Elisa relatou ter
problemas dela (O1), sem se perguntar como se dormido sozinha e bem (O2).
sentiam em relação a essa cobrança. Decidiu-se,
na supervisão, que a terapeuta podia permitir Discussão
que Elisa entrasse em contato com as consequ-
ências das suas demandas sobre os sentimentos Ambas as clientes mostraram padrões de
das pessoas que queriam ajudá-la. Isso podia fuga-esquiva dos seus sentimentos difíceis.
Nos dois casos descritos, a terapeuta foi a pri- terapeuta. Dessa forma, a análise dos sentimen-
meira a arriscar-se, expondo o que sentiu. Evi- tos da terapeuta propiciou oportunidades de
denciou-se que, ao mostrar para as clientes o aprendizagem ao vivo para as clientes, no seio
impacto que os comportamentos delas tinham da relação. Porém, a contribuição mais impor-
sobre a terapeuta, contribuiu-se para que elas tante dos sentimentos da terapeuta estava na
começassem a detectar as consequências dos ajuda em detectar comportamentos problema e
seus comportamentos nas situações do seu co- comportamentos-alvo da terapeuta, providen-
tidiano. Porém, os sentimentos da terapeuta ciando dicas a respeito do caminho a seguir na
não tiveram só uma função importante quan- condução do tratamento. Assim, a análise dos
do foram expostos às clientes. Eles tiveram um mesmos foi valiosa também quando a terapeu-
papel mais específico na identificação de pro- ta não os revelava diretamente à cliente.
cessos potencialmente prejudiciais e na esco- A compreensão dos CRBs do clien-
lha de melhores estratégias terapêuticas. te não pode ser completa sem incluir os
No caso Lília, a terapeuta identificou, com comportamentos do terapeuta na análise,
a ajuda dos seus sentimentos de raiva e frus- já que os dois interagem. Os dois estudos
tração, um T1 importante: estava julgando a de caso ilustraram o papel que os eventos
cliente como passiva e desmotivada porque privados do terapeuta assumem na sessão ao
não se comportava de acordo com o plano da esclarecer embaraços no processo terapêutico
terapeuta. A reação da terapeuta era decorren- e ao identificar oportunidades para tornar a
te de uma ruptura da “agenda” (ou a pauta) da terapia mais intensa e profunda.
terapeuta. Essa análise do que estava ocorren-
do entre ela e a cliente possibilitou a terapeuta Referências
a optar por um T2: oferecer espaço para que a
cliente se expressasse e aprendesse a falar de BANACO, R. 1993. O impacto do atendimento so-
seus sentimentos, para poder entrar em conta- bre a pessoa do terapeuta. Temas em Psicologia,
to com os benefícios que essa habilidade traz 1(2):71-79.
para a construção do tipo de relacionamento FIDELIS, M.N.D.; VANDENBERGHE, L. 2014. Psi-
íntimo do qual ela carecia no seu dia a dia. coterapia analítica funcional feminista: Possibi-
lidades de um encontro. Psicologia: Teoria e Pra-
No caso Elisa, a terapeuta percebeu que seu
tica, 16(3):18-29.
sentimento de culpa acompanhava a interven- http://dx.doi.org/10.15348/1980-6906/psicologia.
ção planejada. Observou que a resposta emo- v16n3p18-29
cional da terapeuta era similar às respostas das FREEMAN, A.; PRETZER, J.; FLEMING, B.; SI-
pessoas próximas da cliente, que se sentiam MON, K.M. 1990. Clinical Applications of Cogni-
na obrigação de ajudá-la, mas assim, involun- tive Therapy. New York, Editora Plenum Press,
tariamente, reforçaram o O1 de Elisa. O sen- 437 p.
timento de culpa sinalizou que se tratava de http://dx.doi.org/10.1007/978-1-4684-0007-6
GOLDFRIED, M.R.; DAVISON, G.C. 1994. Clinical
um T1. Se a terapeuta reagisse às necessidades
Behavior Therapy. Londres, Wiley, 352 p.
da cliente de acordo com a culpa, iria reforçar KANTER, J.W.; WEEKS, C.E.; BONOW, J.T.; LAN-
um CRB1 da cliente. A opção foi feita por um DES, S.J.; CALLAGHAN, G.M.; FOLLETE, W.C.
T2: expressar os sentimentos da terapeuta para 2011. Avaliação e Formulação de Caso. In: M.
exemplificar os efeitos que os O1s da cliente TSAI; R.J. KOHLENBERG; J.W. KANTER; B.
têm sobre as pessoas próximas dela. Obtendo KOHLENBERG; W.C. FOLLETE; G.M CALLA-
contato com sentimentos que evoca em outras GHAN (eds.), Um Guia para a Psicoterapia Analí-
pessoas, Elisa pôde identificar as contingências tica Funcional: Consciência, Coragem, Amor e Beha-
viorismo. Santo André, ESETec, p. 61-88.
relevantes no cotidiano dela. Isso permitiu que LAYDEN, M.A.; NEWMAN, C.F.; FREEMAN, A.;
ela se engajasse em busca de mudanças na sua MORSE, S.B. 1993. Cognitive Therapy of Border-
forma de se relacionar com pessoas próximas. line Personality Disorder. Needham Heights, Al-
Em ambos os casos, a interpretação dos lyn and Bacon 218 p.
sentimentos da terapeuta ajudou a entender as LINEHAN, M.M. 1988. Perspectives on the in-
reações que as clientes provocavam em outras terpersonal relationship in behavior therapy.
pessoas e as contingências interpessoais envol- Journal of Integrative and Eclectic Psychotherapy,
7(3):278-290.
vidas nos seus problemas. Ao desvelar seus
NORCROSS, J.C.; WAMPOLD, B.E. 2011. Evi-
sentimentos, a terapeuta permitiu as clientes dence-Based Therapy Relationships: Research
lidarem diretamente com os problemas inter- Conclusions and Clinical Practices. Psychothe-
pessoais delas na sessão enquanto esses pro- rapy, 48(1):98-102.
blemas estavam ocorrendo na relação com a http://dx.doi.org/10.1037/a0022161