Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Dispositivo elétrico que mede a condutibilidade da pele. Uma das respostas eliciadas comum na
ansiedade é a mudança na condutibilidade da pele.
2
2
Medeiros e Medeiros (2012) definem comportamento alvo como aquele objeto de análise e intervenção
dentro processo terapêutico. Tratam-se dos comportamentos cuja mudança na frequência representa um
dos objetivos terapêuticos.
3
trabalha com uma nova taxonomia quanto a essa categorização de tipos de reforçadores
(MEDEIROS; MEDEIROS, 2012).
A proposta envolve o uso dos conceitos propostos por Skinner (1953/1994) de
agente controlador e de agente controlado. Medeiros e Medeiros (2012) definem
reforçadores naturais de forma negativa, ou seja, seriam aqueles não arbitrários. Já os
arbitrários são consequências impostas artificialmente por um agente controlador
(experimentadores, pais, professores, terapeutas, padres, pastores, maridos, esposas etc.)
tendo como reforço a mudança ou manutenção da frequência dos comportamentos de
agentes controlados (sujeitos de pesquisa, filhos, alunos, clientes, fiéis, esposas, maridos
etc.). Um terapeuta que elogia quando um cliente solicita diretamente a mudança de
assunto, ao invés de chorar como sempre faz diante de perguntas sobre o pai, está
utilizando um reforçador arbitrário. O reforçador que controla o mando3 “vamos falar de
outra coisa, por favor?” é a mudança de assunto. Quando o terapeuta adiciona
artificialmente um elogio como consequência a um mando, está atuando como agente
controlador. Seu comportamento de elogiar o cliente está sob o controle do aumento na
frequência de emissão de mandos emitidos pelo cliente na condição de agente
controlado.
Cabe ressaltar no exemplo acima, que o reforço para o mando do cliente, ou seja,
a mudança de assunto, seria um reforçador social já que foi proporcionado por outra
pessoa. Porém, de acordo com a definição proposta por Medeiros e Medeiros (2012),
não se trataria de um reforçador arbitrário, já que quando um ouvinte reforça um mando,
não o faz como agente controlador com a função de fortalecer a emissão de mandos por
um agente controlado. Segundo Skinner (1957/1978), o ouvinte reforça o mando de um
falante provavelmente porque, no passado, falantes consequenciaram a recusa do
ouvinte com estímulos aversivos com ameaças ou ofensas (e.g., “já falei para mudar de
assunto. É melhor você falar de outra coisa, senão...”). Logo, alguns
reforçadores condicionados e sociais poderiam ser considerados naturais de acordo com
tal definição, já que não são utilizados por um agente controlador tendo a função de
manipular o comportamento do agente controlado (i.e., reforçadores
arbitrários). Obviamente, para o presente trabalho, todo reforçador arbitrário é social,
mas não necessariamente todo reforçador social seria arbitrário.
No caso do mando, fica mais fácil compreender o papel dos reforçadores sociais.
Já no tato4 e demais operantes verbais, a situação é mais complicada porque os
reforçadores são generalizados e não específicos (SKINNER, 1957/1978). Por exemplo,
qual é o reforçador natural que controla o comportamento contar uma história. Não seria
um comentário do tipo: “Nossa que história legal! Parabéns!”. Tais consequências
seriam impostas pela cultura como um todo para aumentar a probabilidade dos falantes
emitirem tatos. Da mesma forma, um recepcionista de hotel que informa ao futuro
hóspede que tem feito frio (i.e., emite um tato sob o controle discriminativo do clima)
tem seu tato reforçado por um “Obrigado!”. Logo, existiria um agente controlador num
sentido mais amplo.
E se, ao invés do comentário “Nossa que história legal! Parabéns!”, a
consequência fosse o ouvinte prestar atenção à história com acenos de cabeça e com
perguntas sobre mais detalhes? O aceno com a cabeça talvez se configurasse na mesma
3
Skinner (1957/1978) define mando como o operante verbal controlado por uma condição de privação ou
estimulação aversiva. A topografia do mando especifica o estímulo reforçador que o controla. Pedidos,
solicitações, ordens e súplicas exemplificam mandos na linguagem cotidiana.
4
Tatos são operantes verbais cuja topografia é controlada por estímulos antecedentes não verbais
(Skinner, 1957/1978). Os tatos são mantidos por reforçadores generalizados. Na linguagem cotidiana,
referem-se às narrativas, descrições, comentários etc.
5
categoria do elogio, ou seja, seria uma forma da comunidade verbal manter a emissão de
tatos que são úteis para a cultura como um todo. Daí surge um problema: ou definem-se
todos os reforçadores generalizados como arbitrários, ou será necessário o
desenvolvimento de uma nova taxonomia especificamente para os operantes verbais
mantidos por reforçamento generalizado. Taxonomia esta que pudesse separar os
reforçadores generalizados naturais e arbitrários.
Um terapeuta ouvir com atenção um relato de seu cliente e perguntar mais
detalhes provavelmente tem função reforçadora sobre o comportamento de relatar. Esse
tipo de reforçamento, apesar de generalizado, pode se constituir em reforçamento
natural, já que o que controla a apresentação dessa consequência é a obtenção de mais
contato com a condição de estimulação não verbal que controla o tato do falante e não o
fortalecimento da emissão de tatos. Em outras palavras, o ouvinte, ao fazer mais
perguntas sobre o que o falante está falando, tem seu comportamento reforçado por mais
detalhes, e não necessariamente pelo aumento da frequência de um dado operante
verbal.
Já o “hum, hum” assim como o aceno de cabeça entrariam como reforçadores
arbitrários tomando-se a própria comunidade verbal como um agente controlador no
sentido mais amplo conforme discutido acima, já que teriam sim a função de manter o
falante se comportando verbalmente. A despeito de serem arbitrários, reforçadores desse
tipo tendem a produzir menos efeitos colaterais, já que o agente controlador não é um
indivíduo, e sim a sociedade. Ao mesmo tempo, o “hum, hum” e o aceno de cabeça são
muito comuns no dia-a-dia, de modo que não prejudicariam necessariamente a
generalização dos efeitos da terapia para a vida do cliente.
Voltando ao exemplo do terapeuta, caso ele faça “hum, hum”, acene com a
cabeça e faça mais perguntas sobre determinado tema para que o cliente passe a falar
mais sobre esse tema estará, sem dúvida, atuando como um agente controlador, logo,
reforçando arbitrariamente. Mesmo no caso dos mandos, quando o terapeuta faz um
esforço para mudar o horário da sessão mediante o pedido de seu cliente para treinar
mandos puros também atuará como agente controlador e estará reforçando
arbitrariamente. Desse modo, sempre que o terapeuta provê consequências ao
comportamento de seu cliente tendo como reforçador a modelagem de comportamentos
alvo estará provendo consequências arbitrárias. Diante desse quadro, então, não faria
sentido mesmo em se falar da distinção entre reforçadores naturais e arbitrários no
contexto clínico.
Uma saída para esse debate poderia ser a forma como o terapeuta dá
consequências ao comportamento de seu cliente em relação aos efeitos colaterais do uso
de reforçamento arbitrário. Infelizmente não existem estudos empíricos a esse respeito.
Entretanto, em termos teóricos, quanto mais o terapeuta tentar prover os reforçadores
sociais de forma similar aos reforçadores naturais, menos efeitos colaterais do uso de
reforçadores arbitrários serão observados. Em termos práticos, portanto, seria preferível
o terapeuta meramente trocar o horário da sessão com base em um mando direto do
cliente do que dizer que ele pediu de forma apropriada. Ou, por exemplo, seria
preferível o terapeuta pedir detalhes de relatos da emissão de comportamentos
desejáveis fora da sessão do que dizer que o cliente está progredindo. Uma alternativa
útil seria perguntar especificamente sobre as consequências reforçadoras de emitir um
comportamento desejável fora da sessão de terapia ao invés de falar sobre elas para o
cliente.
Intervenção
Ao se falar em intervenções sobre a relação terapêutica, o primeiro passo é
detectar que o cliente se comporta na presença do terapeuta de forma similar àquela
6
mal seus familiares, não deixa-lo jogar futebol, investigar seu perfil em redes sociais, ter
ciúmes de suas amigas, brigar por motivos irrelevantes etc. As reclamações desse
cliente, como: “não seja grossa comigo assim”, “seja menos ciumenta”, “eu queria que
você tentasse se dar bem com meu amigos” entre outras não são reforçadas com
mudanças no comportamento da namorada. Logo, essas variações comportamentais
estão em extinção. Por outro lado, quando o cliente rompe o relacionamento, ela pede
que ele não termine com ela e diz que vai mudar. De fato, ela passa algumas semanas se
comportando do jeito que gosta, voltando a se comportar como antes em seguida.
No exemplo acima, está ocorrendo o reforçamento diferencial, de modo que as
solicitações do cliente para que a namorada mude não são reforçadas, ao passo que os
términos ou ameaças de término, sim. Com isso, a tendência é a diminuição na
frequência dos mandos diretos por mudanças no comportamento da namorada e o
aumento na frequência de términos manipulativos, ou seja, mandos disfarçados de tato5
(MEDEIROS, 2002).
É importante notar que a namorada do cliente não está aplicando o reforçamento
diferencial de modo a manipular o seu comportamento de forma deliberada. Ela o faz
sobre o controle de contingências aversivas em curto e em longo prazo que não cabem
aqui serem discutidas. O relevante dessa discussão é que o reforçamento diferencial
ocorre no ambiente social ou não, o tempo todo. Por outro lado, ele pode ser utilizado
como um procedimento que atua diretamente sobre os comportamentos alvo do cliente
que ocorrem na sessão. O terapeuta pode reforçar comportamentos alvo desejáveis e por
em extinção ou reforçar com menor frequência e magnitude6 os comportamentos
indesejáveis. Trata-se, portanto, da forma mais eficaz de, não só, enfraquecer
comportamentos indesejáveis, como também, fortalecer os desejáveis que os
substituirão.
Uma alternativa comum a esse procedimento, julgada por muitos, como mais
eficaz, é simplesmente tatear o comportamento indesejável emitido na sessão e mandar
a emissão de um comportamento desejável que o substituía. O cliente do exemplo acima
elogia o trabalho do terapeuta, assim como sua inteligência, preparo e perspicácia,
quando está prestes a relatar que terminara novamente o relacionamento de forma
manipulativa. O cliente, em outro momento da terapia já havia reconhecido os prejuízos
desse comportamento para a sua relação em longo prazo e afirmado que não mais iria
fazê-lo. Logo, seus elogios antes de relatar um comportamento indesejável possuem
função de esquiva de possíveis críticas do terapeuta. Padrão comportamental que
provavelmente emite na presença de pessoas do seu convívio.
O cliente inicia o diálogo da seguinte forma: “Tem me feito muito bem fazer terapia
contigo. Fico impressionado com as suas sacadas. Você me faz ver coisas que eu não
conseguiria enxergar sozinho. Não sei por que as pessoas têm tanto preconceito com
terapia. Eu mesmo recomendo para todo mundo. O seu trabalho comigo me fez perceber
5
Mandos disfarçados de tato são definidos por Medeiros (2002) como respostas verbais com topografia
de tato que, ao invés de ficarem sob o controle dos estímulos antecedentes não verbais, são determinadas
por reforçadores específicos.
6
Frequência e magnitude são parâmetros do estímulo reforçador. A frequência diz respeito ao número de
vezes que uma resposta é reforçada no tempo e a magnitude é quantidade de estímulo reforçador que ela
produz (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). A ideia comum que se tem é a de que o reforçamento
intermitente aumenta a resistência à extinção. De fato isso ocorre quando só existe uma alternativa para se
comportar. Entretanto, em uma situação de escolha, se um comportamento produz reforçadores em
esquema de reforço contínuo e a outra produz em esquema intermitente e com menor magnitude, a
tendência é de o organismo passar a responder com uma frequência muito maior na alternativa que
produz reforçadores mais frequentes e de maior magnitude.
8
que eu não preciso me relacionar com alguém que me trata desse jeito. Que eu tenho
que me amar e mereço alguém que me respeite. Por isso tomei coragem e rompi com ela
novamente, mas agora sei que foi definitivo”.
Terapeuta: “Você já percebeu que toda vez que me conta que terminou seu namoro
novamente me faz vários elogios? Imagino que você tema que eu o critique por terminar
o namoro, já que você se comprometeu a não fazê-lo. Caso eu esteja certo, fica claro
que você ainda não confia em mim totalmente e que teme que eu possa julgá-lo como as
outras pessoas te julgam. Você precisa confiar e mim e, saber que eu não estou aqui
para julgá-lo. Esse é a única forma de você aprender a se entregar para as pessoas ao seu
redor”.
Com essa intervenção, o terapeuta tateia o padrão comportamental do cliente, ou
seja, devolve sua análise funcional em forma de interpretação e solicita uma mudança
de comportamento. Para Medeiros (2010), o terapeuta do exemplo emitiu duas regras7,
uma com a interpretação e a outra com o mando. A interpretação do terapeuta tem uma
alta probabilidade de funcionar como um estímulo aversivo, pois o terapeuta está
criticando o caráter manipulativo do comportamento do cliente. Além disso, está
fazendo a análise funcional pelo cliente, diminuindo a probabilidade dele aprender a
fazê-la por si só. Já a segunda regra, além de diminuir a probabilidade de o cliente
desenvolver autorregras8 que solucionariam os problemas com os quais se depara, é
paradoxal com a primeira. Como o cliente vai passar a confiar num terapeuta que ele
não irá criticá-lo logo após de receber uma crítica do mesmo?
Como um psicoterapeuta pragmático atuaria nesse caso com o reforçamento
diferencial? Obviamente não puniria o comportamento manipulativo de elogiar nem
tampouco o relato de ter terminado o namoro novamente. Por outro lado não se furtaria
de fazer perguntas que levassem o cliente a discriminar que seu término fora
manipulativo e que levaria a estímulos aversivos de maior magnitude ou perda de
reforçadores em longo prazo.
Pergunta do terapeuta após a fala do cliente apresentada acima: “Qual foi a reação dela
quando terminaram?”
Cliente: “A de sempre. Aquela choradeira. Disse que ia mudar. Que agora era para valer
e blá, blá, blá. Mas eu não arredei o pé e fui embora. Passei uns dois dias sem atender os
telefonemas dela.”
Terapeuta: “Quantas vezes vocês já se falaram depois disso?”
Cliente: “Umas duas ou três vezes. Depois que ela me ligou algumas vezes, eu fiquei
preocupado e resolvi atender.”
Terapeuta: “Me fale das diferenças entre o que está acontecendo agora e as vezes que
você terminou no passado?”
Cliente: “Pensando bem, não teve muita diferença.”
Terapeuta: “Qual o desfecho provável dessa história <nome do cliente>?”
Cliente: “É... Acho que vamos acabar voltando mesmo.”
Terapeuta: “Sendo assim. Qual foi o seu objetivo ao terminar?”
Cliente: “Pois é. É que eu fico enfurecido com o que ela faz. Me dá vontade de terminar.
Mas quando eu me acalmo e vejo as promessas de mudanças dela, sinto saudades e
acabo voltando.”
7
Skinner (1969/1984) define regras como estímulos discriminativos verbais que descrevem relações de
contingências. Na linguagem cotidiana, instruções, recomendações, conselhos são exemplos de regras.
Como observado por Falcão (2011), terapeutas analítico comportamentais emitem regras com muita
frequência. Medeiros (2010) discute aprofundadamente os efeitos colaterais desse tipo de intervenção.
8
Autorregras são variações de regras que são emitidas e seguidas pela mesma pessoa (Skinner,
1969/1984).
9
Terapeuta: “Eu gostaria que você imaginasse por alguns segundos a cena de você
terminando com ela com um desfecho diferente. Ela não te pedindo para reconsiderar,
não insistindo para voltarem, não prometendo mudanças, não te ligando várias vezes
nos dias seguintes.”
O terapeuta espera alguns segundos e continua: “Me diga o que você sentiu <nome do
cliente>:”
Cliente: “Não foi legal! Acho que eu espero que ela reaja assim. Meu medo é que um
dia ela faça isso mesmo.”
Terapeuta: “O que costuma acontecer com términos que não são definitivos?”
Cliente: “Não são levados a sério. É... é verdade. Vai ter uma hora que não vai colar
mais. Aí, vai ser definitivo mesmo. Não por mim. Mas por ela.”
Terapeuta: “Qual o efeito em longo prazo desses términos para a qualidade da sua
relação?”
Cliente: “Só pode ser ruim. Ela fica insegura e assim, cada vez mais agressiva, ciumenta
e controladora. E cada término é um sofrimento para nós dois. É uma choradeira
danada. A única coisa boa é o sexo de reconciliação.” O cliente ri.
Ao final desse longo diálogo, o terapeuta pragmático levou o cliente a
discriminar o caráter manipulativo do seu término e as possíveis consequências de agir
assim. Com isso, os elogios com função de esquiva no início da fala do cliente não
foram reforçados, já que o cliente acabou entrando em contato, ainda que no âmbito
verbal, com as consequências aversivas do término manipulativo. Porém, tais
consequências não foram administradas arbitrariamente pelo terapeuta, e sim, emitidas
pelo próprio cliente. Caso o mesmo cliente, em outro momento, começasse seu relato da
seguinte forma:
“Não brigue comigo, mas fiz de novo. Perdi a cabeça com uma crise de ciúmes dela e
acabei terminando. Eu sei que vamos acabar voltando, mas não sei como fazer com que
ela mude de outra forma. Queria que você me ajudasse nisso.”
Nesse caso, o cliente emitiu um mando direto que será reforçado pelo terapeuta.
Não serão feitas perguntas que levem o cliente a discriminar os estímulos aversivos que
entrará em contato no futuro com esse comportamento. O psicoterapeuta pragmático
começaria a questionar o cliente de modo que ele próprio formulasse formas alternativas
de melhorar relação. Desse modo, o terapeuta estaria reforçando também o segundo
mando direto emitido pelo cliente. Em outras palavras, executou o reforçamento
diferencial, colocando em extinção os elogios manipulativos e reforçando os mandos
diretos.
Uma pergunta comum é como o cliente vai emitir o comportamento desejável?
Nesse caso, descobrir que basta pedir para não ser criticado, por exemplo, ao invés de
elogiar. Uma consequência da extinção é o aumento na variabilidade comportamental
(MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Isto significa que, caso um comportamento deixe de
produzir os reforçadores que o mantinham, além da redução na sua frequência, é
observado um aumento na frequência de outros comportamentos que potencialmente
produzam o mesmo efeito. Até que um deles seja reforçado (i.e., o desejável) e com
isso, se torne mais provável.
Um novo exemplo clínico pode ajudar a ilustrar esse ponto. J. B. T. é uma
cliente que se queixa de insegurança e profunda dificuldade em tomar decisões. Desde a
primeira sessão, solicita conselhos do terapeuta para resolver os problemas com os quais
se depara. Ao ser questionada com que frequência pede conselhos para as pessoas, J. B.
T. relatou que o faz o tempo todo, “que não consegue decidir nada sem opinião das
outras pessoas”. Com base nisso, o terapeuta conclui que o comportamento de J. B. T.
em pedir conselhos é um comportamento alvo indesejável que ocorre na sessão.
10
9
Comportamentos pre-correntes são aqueles que produzem estímulos, os quais evocam novas respostas
em cadeias comportamentais que culminam na emissão de um comportamento final que produza o
reforçamento (Baum, 1994/2006). Skinner (1974/2003) sustenta que os comportamentos pré-correntes
são emitidos quando o organismo está diante de um problema, isto é, uma situação de estímulos que não
evoque uma única resposta no repertório do indivíduo que produza reforçamento.
11
Referências Bibliográficas
Alves, N. N. F, & Isidro-Marinho, G. (2010). Relação terapêutica sob a perspectiva
analítico-comportamental. Em A. K. C. R. de-Farias (Org.), Análise Comportamental
Clínica: Aspectos teóricos e estudos de caso, 66-94. Porto Alegre: Artmed.
Baum, W. (2006). Compreender o Behaviorismo – Comportamento, Cultura e
Evolução. Tradução organizada por M. T. A. Silva, M. A. Matos, G. Y. Tomanari & E.
Z. Tourinho. Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1994).
Beckert, M. E. (2005). Correspondência verbal/não-verbal: pesquisa básica e
aplicações na clínica. Em J. Abreu-Rodrigues & M. Rodrigues-Ribeiro, Análise do
Comportamento: Pesquisa, Teoria e Aplicação. Porto Alegre: Artmed.
Dias-Gomes, M. D. (2011). Efeito do reforçamento diferencial sobre a frequência de
relatos repetitivos. Monografia de Conclusão de Curso de Graduação, Centro
Universitário de Brasília – UniCEUB, Brasília-DF.
Falcão, J. C. (2011). O que faz o terapeuta analítico-comportamental no consultório?
Monografia de Conclusão de Curso de Graduação, Centro Universitário de Brasília –
UniCEUB, Brasília, DF.
Ferster, C.B. (1972). An experimental analysis of clinical phenomena. The
Psychological Record, 22, 1-16.
Ferster, C. B., Culbertson, S. & Perrot-Boren, M. C. (1977). Princípios do
comportamento. Tradução organizada por M.I. Rocha e Silva, M.A.C. Rodrigues e
M.B.L. Pardo. São Paulo: Edusp. (Trabalho original publicado em 1968).
Goldiamond, I. (1974). Toward a constructional approach to social problems: ethical
and constitutional issues raised by applied behavior analysis. Behaviorism, 2(1), 1-84.
Keller, F. S. e Schoenfeld, W. N. (1973). Princípios de Psicologia. Tradução organizada
por C. M. Bori & R. Azzi. São Paulo: E.P.U. (Trabalho original publicado em 1950).
Kohlenberg, R. J. & Tsai, M. (2001). Psicoterapia Analítica Funcional: Criando relações
terapêuticas intensas e curativas. Tradução organizada por F. Conte, M. Delitti, M. Z. da
S. Brandão, P. R. Derdyk, R. R. Kerbauy, R. C. Wielenska, R. A. Banaco & R. Starling.
Santo André: ESETec. (Trabalho original publicado em 1991).
Medeiros, C. A. (2002). Comportamento verbal na terapia analítico-comportamental.
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 4, 105-118.
Medeiros, C. A. (2010). Comportamento governado por regras na clínica
comportamental: algumas considerações. Em A. K. C. R. de-Farias (Org.), Análise
Comportamental Clínica: Aspectos Teóricos e Estudos de Caso, 95-111. Porto Alegre:
Artmed.
Medeiros, C. A. & Medeiros, N. N. F. A. (2012). Psicoterapia Comportamental
Pragmática: uma terapia comportamental menos diretiva. Em C. V. B. B. Pessoa, C. E.
Costa & M. F. Benvenuti. Comportamento em Foco. v. 01. [417-436]. São Paulo:
Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC.
Moreira, M. B. & Medeiros, C. A. (2007). Princípios básicos de análise do
comportamento. Porto Alegre: Artmed.
14