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Disciplina: Estágio Supervisionado Básico I em Psicologia

Conceitos e características das Entrevistas


Psicológicas

Entrevista Psicanalista
Na abordagem psicanalítica, a condução da entrevista pelo terapeuta se reveste de
um caráter empático e cauteloso. Essa interação se desenvolve dentro de um intervalo
de tempo delimitado e pactuado com o paciente. Na fase inaugural do processo
terapêutico, o terapeuta desempenha o papel de ouvinte, imerso em um ato de escuta
ativa. Nesse contexto, o terapeuta se empenha em avaliar diversos aspectos, tais
como a origem que deu causa a busca pela consulta, o estado mental do paciente, a
configuração do ego, o superego, as experiências vivenciadas no passado e no
presente, assim como a perspectiva relacional entre o paciente e o terapeuta.
Estas observações realizadas com o intuito de alcançar uma compreensão mais
profunda do que se encontra no subconsciente do paciente e da sua dinâmica de
personalidade.

Entrevista Humanista
A abordagem humanista, concebida por Carl Rogers, destaca-se por sua ênfase na
abordagem terapêutica centrada no cliente. Nessa abordagem, não são aplicadas
técnicas preestabelecidas durante a entrevista, mas, em vez disso, são adotadas
diretrizes fundamentais que orientam a interação terapêutica. Estas diretrizes cruciais
compreendem:

 Entrevista não diretiva: Inicialmente, a entrevista adota uma abordagem


condução, caracterizada pela ausência de questionamentos predeterminados.
Durante esse estágio, o foco reside na promoção da expressão livre do
paciente.
 Aceitação do discurso: Na abordagem humanista, é fundamental a abstenção
de julgamentos em relação à narrativa do paciente. A história apresentada deve
ser acolhida com respeito e consideração, visando estabelecer um ambiente
terapêutico que proporcione conforto e segurança.
 Compreensão empática: Envolve uma atenção ininterrupta e completa
direcionada ao paciente, demonstrando uma escuta ativa, manifestando um
genuíno entendimento e empatia em relação ao que o paciente compartilha.

Entrevista de Abordagem sistêmica


A origem desta abordagem remonta ao estudo realizado por autores que se dedicaram
à investigação das dinâmicas familiares, sob a influência das teorias da Teoria Geral
dos Sistemas (TGS) e da Teoria da Comunicação (TC). A Teoria Geral dos Sistemas,
postula que a organização sistemática é uma característica intrínseca à natureza,
onde interações interpartes são preponderantes.

Por sua vez, a Teoria da Comunicação destaca a premissa de que conflitos internos
podem ser atribuídos, em grande medida, a um contexto familiar permeado por
deficiências na comunicação interpessoal. Diante disso, o processo terapêutico é
enriquecido pela condução de uma investigação minuciosa acerca dos dados
essenciais referentes ao paciente inserido em um ambiente familiar suscetível a
conflitos. É necessário que os familiares que participam ativamente desse processo
terapêutico sejam acolhidos com um profundo respeito e um ambiente que não os
induza a uma sensação de pressa, favorecendo, assim, um espaço propício para o
avanço terapêutico significativo.

Entrevista baseada no Cognitivo-comportamental


Nesta perspectiva teórica, a abordagem compreende a análise das dimensões
emocionais, comportamentais e cognitivas, por meio da aplicação de técnicas
específicas. Fundamenta-se na concepção de que distúrbios emocionais emergem
como consequência de disfunções cognitivas, que resultam em interpretações
distorcidas da realidade, manifestando-se em tensões psicológicas e comportamentos
que aumentam e reforçam o sofrimento do indivíduo.

No contexto dessa abordagem, é fundamental a compreensão da motivação que


impulsionou o paciente a buscar tratamento e a exploração de seu histórico de vida.
Através do emprego de técnicas especializadas, busca-se penetrar nas camadas mais
profundas das cognições, bem como nas cognições subjacentes e superficiais, com
vistas a uma compreensão abrangente do funcionamento psicológico.

A entrevista clínica, inserida nesta abordagem tem semelhança com a entrevista


psiquiátrica tradicional, englobando a anamnese, o levantamento do histórico familiar e
a revisão de informações previamente relatadas. Adicionalmente, esta abordagem
permite a aplicação de instrumentos de avaliação, a exemplo de testes voltados para a
avaliação de transtornos de ansiedade, perturbações do humor e estresse.

Imprescindível mencionar que a colaboração ativa por parte do paciente e a definição


de metas terapêuticas são elementos relevantes, enfatizando a perspectiva de
mudança no quadro clínico. É relevante ressaltar, ainda, que os diagnósticos são
embasados nas categorizações propostas pelo DSM-V (Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de
Doenças).

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