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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS II

ABORDAGENS DE BASE PSICANALÍTICA


Ms. Samanta Pugliesi
ENTREVISTA INICIAL

• Não deve significar que se refira, sempre, a uma única entrevista prévia à efetivação do contrato analítico

• A necessária avaliação pode demandar um período algo mais longo com um número bem maior de contatos
preliminares

• A denominação mais adequada seria a de “entrevistas de avaliação” ou “entrevistas preliminares”

• Entrevista inicial e Primeira sessão

• Importância desse contato preliminar

• Qualidade da motivação do paciente, tanto aquela que ele externaliza conscientemente quanto a que está
oculta nas dobras do seu inconsciente

• Analisabilidade
ENTREVISTA INICIAL

• Tem a importante finalidade de marcar um “clima de trabalho”


• Deve correr da forma mais livre e espontânea possível
• Permite que o analista seja algo mais diretivo, enfocando mais objetivamente a alguns aspectos

tipo de
aparência exterior realidade exterior histórico familiar
encaminhamento

escolha e estilo das forma de como ele


grau de motivação suas relações se comunica, verbal
objetais reais e não-verbalmente

• Observar as PULSÕES, CAPACIDADE EGÓICA, REPRESSÕES


CABE INTERPRETAR
NA
ENTREVISTA
INICIAL?
“interpretações compreensivas” não só são permissíveis, como
também são necessárias para o estabelecimento de um
necessário “rapport”, de uma “aliança terapêutica”
O CONTRATO

• Ele é parte do processo psicoterapêutico

• Será examinado muito além das combinações formais

• A palavra “contrato” é definida por Houaiss como


“um pacto entre duas ou mais pessoas que se obrigam a cumprir o que
foi entre elas combinado sob determinadas condições”.

• Zimerman acrescenta que a palavra “contrato” pode ser decomposta


em COM + TRATO
O CONTRATO

• Freud compara o tratamento analítico a um jogo de xadrez, no


qual as aberturas e os finais, por serem limitados, podem ser
descritos de forma sistemática, enquanto a “infinita variedade de
jogadas que se desenvolvem após a abertura desafiam qualquer
descrição desse tipo

• Ele representa o princípio da realidade e a ele se opõem as


forças das fantasias e do princípio do prazer, sempre prontos a
rompê-lo
ELEMENTOS CONSTITUINTES DO CONTRATO

FREQUÊNCIA

• Por vezes, o paciente tem a fantasia de que o tempo de duração da psicoterapia está diretamente relacionado à
frequência das sessões

• A frequência de duas sessões semanais é o veículo adequado para que a psicoterapia de orientação analítica
dirigida ao insight possa promover mudanças psíquicas significativas

• O intervalo de poucos dias entre as sessões permite que haja continuidade

• frequência mínima, que acreditamos ser de uma sessão semanal.


ELEMENTOS CONSTITUINTES DO CONTRATO

RESPONSABILIDADE SOBRE AS SESSÕES

Encontrar-se no consultório No horário combinado, o


Ao combinarem um horário,
em determinada hora para, terapeuta estará disponível
paciente e terapeuta assumem
juntos, realizarem o para atender exclusivamente
um compromisso mútuo
tratamento proposto aquela pessoa

A importância, para a mente A descontinuidade pode A relação transferencial tem


do analista, da regularidade impedir o aprofundamento da sua matriz genética na relação
das sessões transferência primitiva seio-bebê
ELEMENTOS CONSTITUINTES DO CONTRATO

HONORÁRIOS

• São a única parte da terapia que legitimamente se destina ao terapeuta, podendo, então, ser uma via direta de
expressão de seus conflitos

• É recomendável que o terapeuta estabeleça o valor com o qual se sente adequadamente remunerado, assim
como o valor mínimo com o qual se sente confortável em trabalhar

• Valor menor X valor maior

• Responsabilidade monetária pelo horário das sessões

• A data do pagamento é outro item que precisa ser explicitado no contrato


ELEMENTOS CONSTITUINTES DO CONTRATO

FALTAS

• A responsabilidade monetária pelas faltas insere-se no compromisso com o processo terapêutico

• As situações precisam ser tratadas com a particularidade de cada caso, sendo sua compreensão essencial à
psicoterapia

• Há sempre um ponto de toda relação humana em que é necessário saber escutar o outro e saber o que é que
deseja e espera de nós, sem que isto nos obrigue a satisfazê-lo

• Aceitar a opinião do paciente nem sempre significa gratificá-lo, do mesmo modo que não aceitá-la não tem
por que ser sempre um menosprezo ou uma frustração
ELEMENTOS CONSTITUINTES DO CONTRATO

REAJUSTE

• Há pacientes que reagem ao aumento dos honorários, não importando sua justificativa realista

• Não reajustar o valor quando há aumento do custo de vida é negar a realidade externa e atacar a percepção do
paciente

• A proposta de reajuste deve ser feita com tempo suficiente para permitir ao paciente uma ampla discussão de seus
sentimentos antes do dia do pagamento

• Com frequência, o reajuste produz reações de raiva e ameaças de abandono


As tentativas de ruptura do contrato são valiosas comunicações que podem ajudar a encontrar e reencontrar a
sintonia com o paciente

Por um lado, um paciente com suas partes psicóticas, perversas, destrutivas da personalidade, que, de modo
inconsciente, tenta subverter o contrato, provocando, desafiando, testando o terapeuta; ao mesmo tempo, a
parte mais adulta e madura de sua personalidade espera e deseja que o terapeuta não se submeta, não se deixe
envolver em um conluio com seus aspectos menos integrados

De outra parte, há um terapeuta que, como objeto transferencial, precisa ser suficientemente capaz de não
permitir que seus próprios conflitos sejam atuados, destruindo sua função psicoterápica

É a atitude mental do terapeuta que constitui a garantia da manutenção do contrato, permitindo a preservação
da integridade do setting, e, assim, a ocorrência do processo psicoterápico.
SETTING
Inicialmente, é preciso entender a importância do setting
terapêutico, na medida em que é considerado um espaço dinâmico
a serviço do bom andamento de toda terapia, na qual se envolvem
paciente e terapeuta.

É o ambiente que se estabelece a fim de propiciar as melhores


condições para a instalação de um bom clima de trabalho

Greenson, ao mencionar o que a psicanálise exige do ambiente


(setting) analítico, afirma que [...] o termo se refere à estrutura
física e aos procedimentos de rotina da prática psicanalítica que
constituem parte integrante do processo de ser analisado [...] e que
realmente facilitam e aumentam bastante o aparecimento de todas
as diferentes reações transferencias
NEUTRALIDADE

A importância do clima que se cria no campo terapêutico gerado pela dupla


paciente-terapeuta

É um fenômeno natural e espontâneo que emerge no transcurso de toda relação


terapêutica, em nível e intensidade variáveis, sempre como resultado das
múltiplas e constantes inter-relações da transferência com a contratransferência.

Boa parte dessas manifestações provém de fontes inconscientes e, por isso, nem
sempre fáceis de perceber

Aquilo que promove mudança eficaz e atitudes técnicas adequadas no terapeuta


não resulta apenas do conhecimento intelectual adquirido em cursos e
seminários
NEUTRALIDADE

• Neutralidade, que vem de raiz latina, significando “nem um, nem outro”, não implica, necessariamente, conduta
indiferente, de frieza ou de ausência de sentimentos por parte do terapeuta

• Manifestações espontâneas

• Neutralidade não significa que o analista seja um pedaço de madeira sem espontaneidade

• Entretanto, o cuidado excessivo em evitar essas formas espontâneas e reveladoras dos sentimentos do terapeuta
pode levá-lo a tomar uma atitude defensiva
NEUTRALIDADE

Laplanche e Pontalis buscaram uma definição que pretende ser abrangente no sentido de uma recomendação
técnica, como uma função do analista

Verbete do Vocabulário da psicanálise:

Uma das qualidades que definem a atitude do analista no tratamento. O analista deve ser neutro
quanto aos valores religiosos, morais e sociais, isto é, não dirigir o tratamento em função de um
ideal qualquer e abster-se de qualquer conselho; neutro quanto às manifestações transferenciais,
o que se exprime habitualmente pela fórmula “não entrar no jogo do paciente”; por fim, neutro
quanto ao discurso do analisando, isto é, não privilegiar a priori, em função de preconceitos
teóricos, um determinado fragmento ou um determinado tipo de significações. Acrescentam
eles, mais adiante, que [...] a exigência de neutralidade é estritamente relativa ao tratamento:
constitui uma recomendação técnica [...], a neutralidade não qualifica a pessoa real do analista,
mas a sua função
NEUTRALIDADE

• A neutralidade é, acima de tudo, uma postura do terapeuta, uma forma de conduta que inclui um
comportamento amistoso, ético, tolerante e benevolente e a capacidade de suportar frustrações

• É a posição, tanto comportamental quanto emocional, a partir da qual o analista, em sua relação com o
paciente, observa, sem perder a necessária empatia, mantendo uma certa distância possível em relação:

ao material do a às expectativas e
contratransferência aos seus próprios à(s) teoria(s)
paciente e à sua e à sua própria pressões do meio
valores psicanalítica(s)
transferência personalidade externo

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