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CURSO DE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM

2º ANO – 1º SEMESTRE

DUARTE BARRADAS, Nº 72370


ISAURA GOMES, Nº72313
MARCOS SABINO, Nº 69218
SARA PEREIRA, Nº68730

RELAÇÃO TERAPÊUTICA EM ENFERMAGEM

UNIDADE CURRICULAR: COMUNICAÇÃO E RELAÇÃO EM


ENFERMAGEM II

DOCENTE: HELENA MARIA GUERREIRO JOSÉ


Escola Superior de Saúde

FARO, OUTUBRO DE 2021


ÍNDICE

INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 3
1. RELAÇÃO TERAPÊUTICA......................................................................................................... 3
2. A UTILIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA NO ESTABELECIMENTO DE UMA
RELAÇÃO TERAPÊUTICA................................................................................................................. 6
3. A UTILIZAÇÃO DA EMPATIA, ESCUTA E DISPONIBILIDADE NO ESTABELECIMENTO DE UMA
RELAÇÃO TERAPÊUTICA................................................................................................................. 9
CONCLUSÃO................................................................................................................................. 12
REFERÊNCIAS................................................................................................................................ 14
INTRODUÇÃO

Segundo Meyer e Vermes (2001), a relação terapêutica pode ser vista como uma

via de mão dupla, isto significa, que esta se caracteriza numa interação de mútua

influência entre terapeuta e cliente, promovendo bons resultados no tratamento.

Este trabalho foi desenvolvido em conformidade com as normas APA de 2020

tendo sido definido como objetivo geral a aprendizagem e partilha de conhecimento

acerca da relação terapêutica em enfermagem.

Foi definida como metodologia de trabalho a busca de artigos pelos elementos

constituintes do grupo e posterior discussão e elaboração de um texto completo e

coerente em conjunto.

1. RELAÇÃO TERAPÊUTICA

Segundo a Ordem dos Enfermeiros (2001) a prática da Enfermagem tem como

foco a relação interpessoal estabelecida entre um enfermeiro e uma pessoa ou grupo de

pessoas.

Esta relação é de cariz terapêutico sendo, por isso, caracterizada pela parceria

estabelecida com o cliente, no respeito pelas suas capacidades e desenvolvida e

fortalecida através de um processo dinâmico que visa auxiliar o cliente a atingir a

proatividade na concretização do seu projeto de saúde (Ordem dos Enfermeiros, 2001).

Segundo Rogers (1976), a relação terapêutica pode ser definida como “uma

forma da relação interpessoal em geral, e que as mesmas leis regem todas as relações

desse tipo”
Desta forma, a relação terapêutica é estabelecida entre duas pessoas, enfermeiro

e cliente, sendo necessário para o seu estabelecimento a consideração da pessoa de

forma holística e a manifestação de aceitação e respeito pela mesma. Assim, o cliente

deve ser visto como um parceiro de cuidados e não como um ser inferior sobre o qual o

enfermeiro tem poder (Melo, Silva, & Parreira, 2012).

A relação terapêutica deve ser utilizada, tanto como instrumento de cura, como

de auto-conhecimento. Esta relação profissional é iniciada como uma relação de

confiança, essencial para uma aliança terapêutica uma vez que permite a identificação

de problemas e necessidades e a orientação para soluções (Phaneuf, 2005).

Esta relação possui diversos objetivos, entre eles, identificar dificuldades de

modo que possa ser encontrada uma forma ativa do cliente intervir na sua situação,

aliviar a tensão do cliente, o desenvolvimento de uma auto-imagem mais positiva, a

modificação de comportamentos adversos e a adaptação a uma situação à qual não seria

possível o cliente se adaptar sem auxílio (Phaneuf, 2005).

A teoria das relações interpessoais de Peplau explica e desenvolve a relação

terapêutica, tornando, quer para o enfermeiro, quer para o utente, uma maior facilidade

na formação desta relação, transmitindo segurança durante o tempo que estarão juntos.

Segundo Peplau existem 4 fases que ocorrem durante o estabelecimento de uma relação

terapêutica, sendo essas a orientação, identificação, exploração e resolução (Pinheiro et

al., 2019).

Na fase de orientação o cliente busca por saúde identificando o enfermeiro como

uma pessoa qualificada para o auxiliar em tal. Esta, é a fase ideal para o estabelecimento

de uma relação de confiança, onde o enfermeiro recolhe dados, estabelece o primeiro

contacto e reconhece necessidades, interesses e emoções (Senn, 2013).


Durante a identificação, são vários os papéis adotados pelo enfermeiro,

substituto parental, educador, prestador de cuidados ou conselheiro. É nesta fase que o

enfermeiro utiliza o conhecimento de que é possuidor de forma a solucionar o problema

de saúde do cliente. É também neste período que o cliente identifica o enfermeiro como

cuidador incondicional (Senn, 2013).

A exploração, é a fase durante a qual o enfermeiro transfere os seus papéis para

o próprio cliente, tornando-o mais independente e ativo no seu cuidado, atuando

essencialmente como educador e líder. Nesta fase o enfermeiro deve-se manter

disponível, escutar, esclarecer e estabelecer novas metas para auxiliar a pessoa de forma

a promover a sua autonomia (Senn, 2013; Pinheiro et al., 2019).

A fase terminal permite a dissociação entre enfermeiro e cliente. Nesta fase, o

enfermeiro resume todo plano de cuidados após a alta e auxilia a pessoa, em conjunto

com a família, na organização de ações promotoras de autonomia. Assim, esta é a fase

em que o cliente se torna auto-suficiente de forma a evoluir para uma vida saudável na

qual o enfermeiro continua disponível para o auxiliar (Senn, 2013; Pinheiro et al., 2019).

Existem 4 tipos de competências necessárias ao enfermeiro para que seja

estabelecida uma relação terapêutica, sendo elas as competências genéricas, ou seja, os

conhecimentos que o enfermeiro possui sobre si, a sua profissão e o outro, as

competências de contacto, que dizem respeito à posição em que o enfermeiro se coloca

em relação ao cliente, as competências de comunicação, como a escuta, o silêncio e a

síntese, e as competências empáticas, referentes ao modo como o enfermeiro entende o

mundo do cliente e aceita os seus pontos de vista. Ferreira 2004 (cit in Melo, Silva, &

Parreira, 2012).
É através do Cuidado Transpessoal que o enfermeiro consegue formar e

desenvolver uma relação terapêutica, entrando em contacto com a alma da pessoa,

sentindo as suas emoções e elevado senso do “self”, refletindo como um maior senso de

harmonia na mente, corpo e alma. Como Watson (2002) descreve, “o enfermeiro é

capaz de cuidadosamente detetar a condição da alma, medindo a emoção e união para

com o outro, podendo expressá-la com todo o cuidado, resultando numa libertação de

sentimentos que o utente tinha acumulado e que o tinham ansiado, podendo finalmente

expressar-se livremente. É isto que chamo de cuidado transpessoal” (Grencho, 2012).

Em suma, podemos caracterizar a relação terapêutica como uma relação de cariz

único, uma vez que, apesar de possuir dois protagonistas, é focada, através do

enfermeiro, no favorecimento do crescimento, desenvolvimento e capacitação de um

deles, o cliente. (Phaneuf, 2005; Rogers 1976).

A relação terapêutica pode ser definida como uma troca, verbal e não verbal, não

superficial que visa a criação de um clima de compreensão e apoio de modo que a

pessoa cuidada esteja aberta à mudança e evolução pessoal a fim de a tornar mais

autônoma, possuindo coragem diante da adversidade (Phaneuf, 2005).

2. A UTILIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO TERAPÊUTICA NO

ESTABELECIMENTO DE UMA RELAÇÃO TERAPÊUTICA

Comunicar é uma das principais atividades do ser humano, sendo fundamental

para a sobrevivência do mesmo. Esta atividade, segundo Phaneuf (2005), é dividida nas

componentes, informativa, relacionada com o domínio cognitivo e afetiva, relacionada

com a forma como a mensagem é transmitida (Coelho, &Sequeira, 2014).


Para além destes componentes, a comunicação pode ainda ser, verbal, ou não

verbal, existindo ambas em simultâneo (Coelho, & Sequeira, 2014).

Phaneuf (2005) descreve a comunicação e a relação de ajuda como um

prolongamento/exteriorização do interesse e atenção do enfermeiro pela pessoa a quem

presta cuidados, compreendendo diversas estratégias e comportamentos a adotar que

garantem a eficácia da relação terapêutica com o cliente, devendo ser considerados

como um conjunto organizado orientado para um objetivo de ajuda e não como peças

separadas.

Phaneuf (2005) descreve, assim, alguns dos comportamentos e estratégias que

podem prejudicar ou favorecer a comunicação terapêutica, nomeadamente: a postura, as

atitudes corporais, expressão facial e o contacto visual, explicando que estes refletem o

quanto é que consideramos a pessoa à nossa frente como o centro das nossas

preocupações (a orientação do nosso corpo traduz, desta forma, a nossa atenção. O

enfermeiro deve encontrar-se virado e inclinado para a pessoa, olhando com delicadeza

para a pessoa e evitando dispersar o seu olhar); os gestos e o toque (para além do que

fazer e não fazer, existe também o “como fazer”, existindo gestos que, se feitos com

mais doçura e delicadeza, tornam-nos mais humanos e menos impessoais, comunicando

à pessoa o nosso interesse e compaixão, como é exemplo o toque, que tornam a

experiência muito mais íntima e pessoal, segundo Jean Bradley e Mark A. Edinberg

(1982, p. 34 cit in Phaneuf, 2005), podendo transmitir o sentido das nossas mensagens

melhor do que as próprias palavras); a distância ou proxémica (existe um espaço ideal

entre enfermeiro e cliente, que varia de pessoa para pessoa, e devendo este ser

explorado e descoberto pelo profissional de saúde); o silêncio (saber quando não falar é

tão importante quanto saber quando falar, sendo o silêncio também fundamental na
comunicação. Pode refletir empatia, respeito e/ou disponibilidade, entre muitas outras

qualidades).

A comunicação terapêutica é uma forma de comunicar que incentiva o uso de

boas palavras através da escuta ativa, da empatia e de formulações positivas. Esta

comunicação permite favorecer a criação de uma relação de confiança entre o utente e o

profissional de saúde, mas também permite aos profissionais de saúde questionarem-se

neste domínio visando a assegurar que o utente seja capaz de aceder ao seu bem-estar

por ele próprio (Aviolat, Beau, & Mora, 2018).

A diferença entre comunicar e utilizar a comunicação de modo adequado é

imensa, visto que, para conseguir alcançar uma comunicação eficaz, é necessário que o

enfermeiro expanda os seus conhecimentos e habilidades, tornando possível garantir

uma comunicação terapêutica. A utilização desta comunicação leva a uma prestação de

cuidados centrada no cliente e não nas intervenções efetuadas, elevando, assim, a

qualidade dos próprios cuidados e o bem-estar do utente (Coelho, 2015).

A comunicação terapêutica é classificada como uma intervenção autónoma, ou

seja, a prescrição, implementação e avaliação é feita pelo próprio enfermeiro (Coelho,

2015). É com esta que é criada e desenvolvida a relação terapêutica, considerada como

uma relação de ajuda por Phaneuf (2005) e Bolander (1998) (como citado em Coelho,

2015, p. 32).

Para que uma comunicação terapêutica seja realizada é imprescindível praticar

cuidados no qual a pessoa se sinta bem interpretada, compreendida e cuidada. Estes

sentimentos experienciados pelo cliente, demandam que exista uma relação verdadeira

entre este e o enfermeiro, que só é possível, quando o profissional realmente almeja

entender como o indivíduo se sente (Coelho, 2015).


No entanto, o enfermeiro deve ter em consideração a dificuldade da qual este

instrumento é detentor, uma vez que, a comunicação pode ser voluntária e utilizada em

seu favor, mas também involuntária, o que poderá ser um obstáculo na relação

terapêutica. Em adição ao mesmo, é necessário compreender que a comunicação

terapêutica não é um instrumento de fácil utilização por todos, uma vez que não

depende de sorte ou acaso, mas sim de uma formação profissional e académica eficaz

que tenha em consideração a forte importância da mesma (Coelho, &Sequeira, 2014).

Desta forma, a comunicação terapêutica, um conceito complexo e componente

fundamental de Enfermagem, tem demonstrado ser um tópico de grande insegurança

pelos estudantes de Enfermagem. Esta insegurança é revelada em contexto de prática

clínica, onde os estudantes tinham medo de abordar o cliente, não sabiam o que dizer ou

receavam ser mal interpretados, resultando numa comunicação ineficaz e numa relação

terapêutica superficial. Necessita-se assim de um maior foco na sala de aula, bem como

de abordagens diferentes e experimentais, com o intuito de deixar os estudantes mais

seguros nas suas habilidades e conhecimentos quando iniciam a prática clínica

(Abdolrahimi, Ghiyasvandian, Zakerimoghadam, & Ebadi, 2017).

3. A UTILIZAÇÃO DA EMPATIA, ESCUTA E

DISPONIBILIDADE NO ESTABELECIMENTO DE UMA

RELAÇÃO TERAPÊUTICA

A palavra empatia deriva do grego “empatheia” e significa paixão ou imensa

afeição, podendo ser considerada uma habilidade de interação social. É definida como a

capacidade de interpretar e entender os sentimentos e pensamentos de uma pessoa,


reconhecendo as suas emoções, aceitando as suas perspetivas, crenças e valores e

preocupando-se genuinamente com o bem-estar da mesma (Gambarelli, & Taets, 2018).

A empatia profissional é composta pela capacidade de detetar as emoções, de

identificar-se com o outro, “calçar os seus sapatos” metendo de lado o nosso próprio eu,

sentir as suas emoções, diferenciar os tipos e intensidades das mesmas, verbalizar as

emoções percebidas e responder às emoções reconhecidas (Mons, 2015).

A competência empática é um trabalho complexo que deve ser adquirido pelos

profissionais de saúde, devendo os mesmos serem capazes de compreender e diferenciar

os seus sentimentos para saber entender os do seu cliente (Rondon, Cunha & Neto,

2020).

A empatia é essencial para a prática de cuidados humanizados. Esta

humanização pressupõe uma prestação de cuidados holísticos, tendo em conta os

sentimentos, condicionantes e necessidades físicas, psicológicas, sociais, culturais e

emocionais de cada indivíduo (Gambarelli, & Taets, 2018).

Deve ser estabelecida entre enfermeiro e utente uma relação de objetivo

terapêutico. O enfermeiro, como principal responsável pela sensibilização deve atuar de

diversas formas, entre elas educador, sendo necessária para uma educação de sucesso e

eficaz a empatia, como estratégia comunicacional e para estabelecimento de uma

relação de confiança (Gambarelli, & Taets, 2018).

Segundo Rogers, para adquirir uma atitude empática é necessário estar

disponível para ouvir (Neres, Freires, Silva & Barreto, 2019). Assim destaca-se 3

fatores indispensáveis para estabelecer uma atitude empática, estes sendo a

disponibilidade/paciência, a escuta e a curiosidade (Rondon, Cunha & Neto, 2020).


Escutar não implica apenas ouvir, e foi a partir desta noção que foi criada a

escuta ativa (Riley, 2004; Lazure,1994 cit. in Coelho, 2014). Escutar envolve não só o

ouvido como também todos os órgãos sensoriais, captando não só o conteúdo expresso

como também a forma como é expresso. Para maximizar essa escuta, o enfermeiro deve:

promover um ambiente adequado, não se esquecer de estar atento à comunicação não

verbal acompanhada da verbal, apresentar disponibilidade intelectual e afetiva, escutar

todo o conteúdo transmitido e não apenas o que acha relevante e certificar-se que

compreendeu o conteúdo transmitido antes de responder (Chalifour, 2008 cit. in Coelho,

2014).

A escuta ativa implica que o cuidador se encontre disponível para o utente,

assegurando condições que lhe permitam escutar eficientemente, dado que é esta

disponibilidade que reflete a empatia do enfermeiro, e sem esta não é possível executar

nenhuma das outras competências essenciais à enfermagem eficientemente (Bioy,

Bourgeois, & Nègre, 2003 cit. in Coelho, 2014). É através da mesma que o profissional

de saúde conseguirá explorar o problema livremente sem que o cliente se sinta

pressionado pelo mesmo (Juan & Arce, 2009 cit. in Coelho, 2014), exigindo da parte do

profissional a disponibilidade mencionada anteriormente, bem como interesse pela

pessoa, uma compreensão clara da mensagem transmitida, espírito crítico e prudência

no aconselhamento (Estanqueiro, 2007 cit. in Coelho, 2014).

Assim, a escuta ativa, como um dos muitos pilares dos cuidados em

Enfermagem, e como peça fundamental para a prestação de cuidados individualizados,

encontra-se presente em diversas intervenções de enfermagem integrantes da NIC,

encontrando-se como atividades ou ações que promovem o estabelecimento de uma

relação interpessoal, a promoção de conforto psicológico, a aceitação da expressão de


sentimentos, bem como nas que incluem a escuta atenta aos sentimentos e preocupações

da pessoa (Coelho, 2014).

A disponibilidade e a presença nos cuidados de enfermagem, são consideradas

uma parte fundamental e imprescindível na formação de uma relação terapêutica entre o

cliente e o enfermeiro, podendo fortalecer esta conexão e promover benefícios

terapêuticos, quer para um aumento do bem-estar, quer para uma recuperação facilitada

(Hessel, 2009).

Muitas vezes os clientes descrevem a disponibilidade como um fator

fundamental durante os cuidados de enfermagem, nos quais sentem necessidade de

relação terapêutica, em que o enfermeiro procura compreender o utente, mesmo sem

dizer nada, apenas demonstrando que está lá sempre que for preciso. Nem sempre existe

uma vontade de falar por parte do indivíduo sob cuidados, pode haver situações em que

este apenas deseja que o enfermeiro escute, sem interromper, julgar ou aconselhar

(Hessel, 2009).

Também existem momentos onde o enfermeiro presencia dificuldade na gestão

do tempo, gerando um impedimento de se entregar e concentrar totalmente aos seus

clientes. Esta desorganização pode afetar a relação entre o enfermeiro e o cliente, uma

vez que, pode ser observado como uma falta de atenção e preocupação, levando a uma

diminuição da partilha de emoções, sentimentos, opiniões, receios e dúvidas. Portanto, é

vital que o enfermeiro consiga ter disponibilidade para o utente, pois só desta forma

poderá ser formada uma relação terapêutica com efeitos benéficos para ambos (Hessel,

2009).

CONCLUSÃO
A relação terapêutica assenta, desta forma, numa comunicação (terapêutica)

adequada e eficaz, onde o enfermeiro centraliza os seus cuidados no cliente e não nas

intervenções em si, resultando numa maior qualidade dos próprios cuidados e do bem-

estar do cliente.

A comunicação terapêutica depende da empatia que o enfermeiro demonstra por

todos os seus clientes, preocupando-se genuinamente com o bem-estar dos mesmos e

entendendo e validando todos os seus sentimentos, pensamentos, emoções, perspetivas,

crenças e valores. A empatia passa pelo ato de conseguirmos perceber e sentir as

emoções e dificuldades do utente como se fossem as nossas próprias, sendo uma parte

essencial para a prática de cuidados humanizados, humanização esta conquistada pela

prestação de cuidados holísticos, e estabelecendo uma reção enfermeiro-utente

objetivamente terapêutica e naturalmente simbiótica.

Para tal, é necessário um escuta ativo, o que implica não só o ouvido como

também todos os órgãos sensoriais, captando não só o conteúdo expresso como também

a forma como é expressado. O enfermeiro atinge este fim através da promoção de um

ambiente adequado, que envolve a disponibilidade do mesmo para com todos os seus

clientes, disponibilidade esta que reflete a empatia do profissional de saúde e através da

qual o enfermeiro consegue ajudar verdadeiramente o seu cliente em todas as suas

dimensões.

Existem várias teorias que defendem que tudo o que o enfermeiro faz deve

contribuir para o processo de cuidar transpessoal que reflete tão bem a enfermagem

como uma arte para além da ciência, através de múltiplas etapas que refletem todo o

processo do cuidar entre enfermeiro e utente. É a mestria e a compreensão destes

conceitos que separa um Enfermeiro de um licenciado em enfermagem.


REFERÊNCIAS

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