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Psicocardiologia

Psicologia da Saúde
Discentes:

Florbela Rocha nº 21300620,


Ismael Cardoso nº 21300610,
Mariana Pereira nº 21302297,
Patrícia Silva nº 21301302.

Docentes:
Doutora Bárbara Gonzalez
Doutora Ana Abreu
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Maio, 2014
O Papel da Psicologia da Saúde

•A psicologia da saúde é a aplicação dos conhecimentos e das técnicas


psicológicas à saúde, às doenças e aos cuidados de saúde .

(Marks, Murray, Evans & Willig, 2000; Ogden, 2000)

•Estuda o papel da psicologia como ciência e como profissão nos domínios


da saúde, da doença e da própria prestação dos cuidados de saúde, focalizando-
se nas experiências, comportamentos e interacções.
• (Simon, 1993)

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O Papel da Psicologia da Saúde

•A psicologia da saúde, que dá relevância a promoção e manutenção da


saúde e prevenção da doença, resulta da confluência das contribuições
específicas de diversas áreas do conhecimento psicológico ( psicologia clínica,
psicologia comunitária, psicologia social, psicobiologia ) tanto para a promoção
e manutenção da saúde como para a prevenção e tratamento das doenças.

(Simon, 1993)

•A principal finalidade da psicologia da saúde é compreender como é


possível, através de intervenções psicológicas, contribuir para a melhoria do
bem-estar dos indivíduos e das comunidades. 3
Áreas da Psicologia da Saúde

•Promoção e Prevenção da Saúde •Tabagismo/ Alcoolismo


•Diabetes •Disfunções Sexuais
•Dor Crónica •Perturbações do Sono
•Cancro •Toxicodependências

•Hipertensão arterial •Doenças Psicossomáticas


•Infecção HIV
•Doenças Cardiovasculares
•Adesão a Tratamentos Médicos
•Doenças Mentais
•Utilização de Serviços de Saúde
• Entre outras

PSICOCARDIOLOGIA
(Carvalho, 2004)

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Psicocardiologia

Área multidisciplinar que articula com os saberes e as tecnologias das

ciências biomédicas e psicossociais, tendo o objectivo de estudar as relações

entre as características psicológicas, a personalidade, os padrões e estilos

comportamentais, o meio social, e as doenças cardiovasculares, em particular a

doença das artérias coronárias (Dac) .

(Trigo, 2002)

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Psicocardiologia

A Psicocardiologia teve a sua origem como área distinta da psicologia da

saúde e mantém um ponto de vista interdisciplinar das doenças cardíacas,

como a insuficiência cardíaca e a doença coronária. Detecta e intervêm sobre

os diversos factores psicossociais de risco coronário que desenvolvem a

doença e dificultam a sua reabilitação. Hoje, é uma abordagem interdisciplinar

para a doença coronária.


(Laham, 2009)

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Áreas da Psicocardiologia

Aspectos psicológicos que se relacionam com:

• As cognições que podem ser danificadas em decorrência das doenças cardio-


vasculares.

• A prevenção primária ou secundária da doença cardíaca coronária e a sua


reabilitação.

• Procedimentos evasivos.

• A hospitalização na fase aguda da doença e pacientes críticos, gerando emoções


negativas que contribuem para a instabilidade do quadro clínico em geral.

• Comportamentos sexuais com doença cardíaca e a sua relação com a doença da


artéria coronária.

Esta área foca-se também no estudo da interacção familiar e intervenção com


os seus membros em cada um dos aspectos referidos.
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(Rodríguez, 2008)
Psicocardiologia

A Organização Mundial da Saúde (OMS) cita…

Depressão 2 das condições mais debilitantes,


dispendiosas no contexto da saúde, e com
um maior impacto sobre a qualidade de
vida do indivíduo
Doença (Oliveira Jr, 2005)
Cardiovascular

A doença arterial coronária e a depressão major serão em 2020 as duas principais causas de
morte – possível comorbilidade.
(World HeaIth Organization, 2001)

A doença coronária causa aproximadamente 7,2 milhões de mortes a cada ano.


(OMS, 2002)
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Psicocardiologia

 Existe um aumento da evidência que os factores psicossociais estão associados


com a doença coronária. A literatura tem salientado que a depressão é o
primeiro factor de risco para resultados adversos em doentes cardíacos, tanto de
forma directa(biológica) e indirecta (comportamental), explicando que os efeitos
negativos da depressão influenciam na doença cardíaca.

( Claesson, 2003; Rozanki et. al., 2007; Compare et.al.,2011)

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Psicocardiologia

Qual é a ligação da depressão com doenças cardíacas?

• A depressão está associada às mudanças físicas que podem desenvolver problemas


cardíacos.

• A depressão tem um efeito negativo em dois sistemas hormonais importantes: o eixo


hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) e o sistema renina-angiotensina-aldosterona. Ambos
influenciam o coração e a saúde dos vasos sanguíneos.

• A depressão pode alterar a frequência cardíaca de maneira prejudicial.

• Os sintomas somáticos de depressão podem ser atribuídos às doenças cardiovasculares.

( Soares, Costa, Mesquita, 2006)


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Modelos Teóricos para a Intervenção em Psicocardiologia

Modelos que se focam no ajustamento à doenças:

• O Modelo de Auto-Regulação do comportamento da doença. ( Leventhal et al, 1980)

• O Modelo Transaccional de Stress. ( Lazarus & Folkman, 1984)

Modelos que se focam na mudança do comportamento:

• Teoria do comportamento planeado. ( Ajzen et. al, 1985, 1988)

• Modelo de crenças da saúde. (Rosenstock, 1966; Becker, 1974)

• Modelo transteórico de mudança do comportamento. (Prochaska e DiClemente, 1986)

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Modelos focados no ajustamento à
doença

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Modelo de Auto-Regulação do Comportamento da Doença
(Leventhal e colaboradores, 1980)

Este modelo surge de uma combinação da abordagem explicativa das


representações cognitivas de doença, com os modelos de resolução de
problemas.

De acordo com este modelo, a adaptação a uma doença específica resulta de um


processo de resolução de problemas, no qual a decisão de realizar determinadas
acções reflecte a representação de uma ameça à saúde, da capacidade pessoal
para a controlar e da experiência pessoal de custos e benefícios quanto a
utilização de um determinado procedimento.

Este modelo é útil na compreensão das cognições de doença e na sua relação


com o coping, bem como na predição de factores que influencia a recuperação
de doenças.

(Leventhal, Leventhal & Cameron, 2001)


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Modelo de Auto-Regulação do Comportamento da doença
(Leventhal e colaboradores, 1980)

O processo de auto-regulação da doença ocorre, segundo o modelo ao longo de três fases:

1ª Interpretação ( do problema de saúde): Tornar o problema da doença compreensível. O


confronto com este problema pode ser realizado através de mensagens sociais ou através
da percepção de sintomas.

2ª Coping ( como lidar com o problema): O sujeito procura restabelecer o equilíbrio


lindando com o problema mediante a identificação e desenvolvimento de estratégias de
coping ( Proactivas ou Passivas ).

3ª Ponderação / Avaliação: o sujeito avalia a eficácia da estratégia de coping, resultando


daqui a resolução de continuar com esta ou de optar por outra alternativa.

Este modelo sugere, deste modo, que as pessoas são activas no processamento de
informação e que, perante uma ameaça à saúde, elaboram representações de doença e
reagem emocionalmente à mesma.

(Leventhal, Leventhal & Cameron, 2001)


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Modelo Transaccional de Stress (Lazarus e Folkman,1984)
Este modelo não se constitui como uma explicação do processo de ajustamento à doença.
Contudo, a situação de doença é um factor de stress importante, pelo que este modelo é
também relevante para a compreensão do ajustamento à doença.

O desenvolvimento do modelo baseia-se no pressuposto de o stress resulta da interacção


entre a pessoa e o ambiente (Lazarus e Folkman, 1984).

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Modelos que se focam na mudança
do Comportamento

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Teoria do Comportamento Planeado
( Ajzen et. Al, 1985, 1988)

 O planeamento é considerado na literatura como um aspecto fundamental


no processo de mudança dos comportamentos de saúde e actua como ponte de
ligação entre as intenções comportamentais e o comportamento ( Sniehotta et
al., 2005).

 A intenção de praticar um comportamento constitui um determinante


fundamental na concretização/execução dos comportamentos propriamente
ditos.

 A TCP constitui-se como um modelo geral preditivo dos comportamentos, que


combina as atitudes com outras variáveis tais como, as intenções do
comportamento, as informações sociais e a disponibilidade percebida do
comportamento desejado.
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Teoria do Comportamento Planeado
( Ajzen et. Al, 1985, 1988)

A teoria do comportamento planeado considera três factores na predição das


intenções comportamentais:

As atitudes do indivíduo em relação ao comportamento.


A sua avaliação em relação às normas sociais.
O controlo do comportamento pretendido.

A utilidade da teoria do comportamento planeado no domínio da investigação em


psicologia da saúde verifica-se sobretudo, no estudo da antecipação dos comportamentos
relacionados com a saúde (e.g. participação em actividades de exercício físico) e
comportamentos de risco (e.g. início do consumo de tabaco)

(Odgen, 2004).

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Modelo de Crenças da Saúde
(Rosenstock, 1966; Becker, 1974)

A elaboração do modelo de crenças de saúde, teve como objectivo a


predição dos comportamentos ligados à saúde e as respostas comportamentais
ao tratamento de doenças.
(Rosenstock, 1960, Becker et al., 19

À luz do seu pressuposto de base, um conjunto de crenças básicas


permite predizer a probabilidade de um comportamento vir a ocorrer. De acordo
com o modelo, a estimativa que um indivíduo faz acerca da probabilidade de
experienciar um problema de saúde, a percepção da gravidade das suas
consequências e dos benefícios/custos da adopção de determinado
comportamento, constituem as crenças chave que guiam a adopção dos
comportamentos de saúde.
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Modelo de Crenças da Saúde
(Rosenstock, 1966; Becker, 1974)

O modelo considera dois aspectos centrais em termos da representação e


comportamentos da saúde (Becker, 1974):

 A avaliação da ameaça da doença - inclui a percepção que o indivíduo tem acerca


da sua susceptibilidade a uma determinada doença (e.g. a probabilidade de eu ter
problemas cardíacos é elevada) e à gravidade das suas consequências (e.g. as doenças
cardíacas são graves).
Considerando a avaliação da ameaça da doença, o indivíduo avalia o seu potencial
comportamento de saúde em termos de benefícios (e.g. se eu deixar de fumar, a hipótese
de ter problemas cardíacos diminui) e custos (e.g. se eu deixar de fumar, vou aumentar de
peso).

 Resposta comportamental à mesma.


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Modelo transaccional de mudança do comportamento
desenvolvido por Prochaska e DiClemente (1986)

O modelo propõe cinco fases distintas processadas ao longo do tempo, para a


concretização da mudança de um comportamento:

1) A pré-intenção. Inicialmente, o sujeito não contempla a hipótese de efectuar


qualquer tipo de mudança (fase da pré-intenção).

2) Na fase de intenção, o sujeito já pondera a possibilidade de uma mudança,


mas ainda não assumiu um compromisso, nem realizou um plano para a
mudança. O planeamento da mudança e a realização de pequenas alterações
comportamentais, anunciam a evolução do sujeito para a fase de preparação.

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Modelo transaccional de mudança do comportamento
desenvolvido por Prochaska e DiClemente (1986)

3) Na fase de acção, ocorre a mudança comportamental propriamente dita. Se a


mudança comportamental se mantiver estável por um período, pelo menos, de dois
meses.
4) Fase de manutenção.
5) A recaída.

De acordo com os autores (1986), a evolução ao longo das fases não ocorre de modo
linear, mas de um modo dinâmico, pelo que podem ocorrer avanços e retrocessos em
termos da mudança comportamental. A mudança de um comportamento pode, deste
modo, iniciar-se em qualquer fase do processo e evoluir ou retroceder a uma fase
anterior a qualquer momento. Este modelo chama a atenção para a necessidade de
aferir a intervenção em termos do estado de comportamento que a pessoa se encontra.
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Estudo…
Associação entre Depressão, Ansiedade e
Qualidade de Vida após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

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Associação entre Depressão, Ansiedade e
Qualidade de Vida após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

20% dos pacientes submetidos à coronariografia sofrem de Depressão Major.


(Oliveira Jr., 2005)

30 a 50% dos pacientes com síndrome coronária aguda apresentam transtornos


depressivos . (Carney & cols., 2004)

135 pacientes internados com síndrome coronária aguda, 53,3% possuem sintomas
depressivos . (Mattos, Lougon, Tura & Pereira, 2005)

28,1% com depressão leve, 14,1% com depressão moderada e 11,1% com depressão
grave.

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Associação entre Depressão, Ansiedade e Qualidade de Vida
após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

Método
Participantes : 168 indivíduos – 3 grupos:
– 1 de exposição (60 pacientes que se encontram internadas com enfarte agudo do miocárdio)
– 1 de controlo de ambulatório (49 pacientes com diagnóstico de doença
– cardiovasculares)
– 1 de controlo externo (59 pacientes sem diagnóstico de doença cardiovascular)

Exclusões:
15 (20%) do grupo internamento
25 (34%) do grupo controlo de ambulatório
16 (21,3%) do grupo controlo externo

Instrumentos de Avaliação
I. Inventário de Ansiedade de Beck (BAI)
II. Inventário de Depressão de Beck (BDI)
III. WHOQOL
IV. Ficha Sócio - Demográfica 25
Associação entre Depressão, Ansiedade e Qualidade de Vida
após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

Resultados
 O tabagismo apresentou uma incidência significativa de 75% no grupo de
internamento e 42,9% e 23,7% nos grupos controlo de ambulatório e controlo
externo, respectivamente.

 O BAI foi maior para os participantes do grupo internamento e menor para aqueles
do grupo controlo externo.

 Em relação ao WHOQOL, o domínio físico apresentou valores mais baixos no grupo


controlo ambulatório.

 A prevalência de depressão BDI>10 foi maior no grupo controlo ambulatório com


53,1%, e menor no grupo controlo externo, com 20,3%.

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Associação entre Depressão, Ansiedade e Qualidade de Vida
após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

Resultados
 Os pacientes com depressão, quando comparados aos pacientes sem depressão,
apresentam maiores pontuações no BAI e menores pontuações nos quatro domínios
e pontuação geral do WHOQOL.
 As variáveis que permaneceram associadas, com significância estatística, à depressão
foram:
 História familiar de enfarte agudo do miocárdio

 Domínio psicológico do WHOQOL


 Pontuação de ansiedade.

 O grupo controlo ambulatório apresentou maiores índices de depressão quando


comparado com o grupo controlo externo.
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Associação entre Depressão, Ansiedade e Qualidade de Vida
após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

Discussão – Depressão
A frequência de depressão foi maior no grupo de controlo de ambulatório, sob
acompanhamento médico.
A depressão não é uma consequência
directa do enfarte do miocárdio, mas
está presente antes da admissão
hospitalar.
(Mattos & cols., 2005)

Por outro lado…

Pacientes com enfarte agudo do miocárdio não apresentam pontuações significativas


no BDI.
(Lauzon e cols, 2003)

A depressão é sub-diagnosticada e sub-tratada


antes e após o enfarte agudo do miocárdio

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Associação entre Depressão, Ansiedade e Qualidade de Vida
após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

Discussão – Ansiedade
A ansiedade foi verificada pelo BAI, sendo observada mais presente no grupo internamento.

O paciente, diante dos sintomas de pós enfarte agudo do miocárdio, vivencia


uma situação de ansiedade (Gorenstein e cols., 1999)

O enfarte representa uma ameaça/um obstáculo na vida, desta forma o paciente


experiencia um alto grau de ansiedade, mas também um decréscimo na sua auto-
estima .
(Oliveira Jr, 2005)

Assim, é possível considerar que os pacientes que sofreram um enfarte agudo do


miocárdio experienciaram através do seu próprio corpo sintomas de depressão e
de ansiedade, sendo a primeira mais evidente antes do acontecimento traumático
de vida .

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Associação entre Depressão, Ansiedade e Qualidade de Vida
após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

Discussão – Qualidade de Vida


• Houve significância estatística no item do domínio físico, apresentando
pontuações mais elevados no grupo de internamento, o que torna evidente a
fragilidade da qualidade de vida.
• A ansiedade confirma resultados ao nível do grau de limitação e de desconforto
em relação à vida do paciente.

Crescente preocupação…

. Frequência e a severidade de doenças


. Impacto das mesmas

…Comprometendo as actividades diárias do sujeito


(Fleck e cols., 2000)

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Associação entre Depressão, Ansiedade e Qualidade de Vida
após Enfarte do Miocárdio
(Conceição Lemos, Carlos A.M. Gottschall,Lucia C. Pellanda,Marisa Müller, 2008)

Resumindo…

Os sintomas de
depressão não são
A importância da
desencadeados pelo
detecção e do
enfarte agudo do
diagnóstico antecipado,
miocárdio, mas
de forma a planear e
encontram-se
intervir precocemente.
presentes antes da
admissão hospitalar…

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Curiosidade
“Desafios do luto na pessoa transplantada cardíaca”

• O stress psicológico tem origem com a necessidade de lidar com a perda física do
coração e aceitação do coração do dador. ( Thompson & Burnard, 2000)

• O paciente vai experienciando uma crescente consciencialização de dor, tristeza, raiva, e


preocupação para com o objecto perdido até à reorganização em que a perda é aceite e o
equilíbrio emocional é restaurado. (Moos, 1984)

•Numa situação de perda de uma parte do corpo vivencia-se uma restrição da imagem
corporal à qual se associam sentimentos de depressão e luto. Na transplantação cardíaca a
essa perda associa-se ainda e, paradoxalmente, adição de uma parte do corpo. A imagem
corporal “expande-se” e um novo lugar psicológico tem de ser encontrado para essa nova
entidade que o corpo agora contém. ( Tavares, 2004)
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Curiosidade
“Desafios do luto na pessoa transplantada cardíaca.”

• Após o transplante, um dos maiores desafios do paciente, para além da adesão à nova
terapêutica imunossupressora e a todos os procedimentos médicos, e a um novo estilo de
vida, o paciente terá que aceitar o novo coração como seu. ( Gomes & Nunes, 1992)

• O transplantado cardíaco precisa de tempo para realizar o processo de luto, elaborar a


perda, lidar com o exigente protocolo pós-operatório e reorganizar o self. ( Costa & Guerra, 2009)

“ Tenho sempre isto na cabeça…que não vivo com o meu coração


e nunca mais será a mesma coisa”
( Stolf & Sadala, 2006)

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FILME

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Referências
Becker, M.H. (1974). The health belief model and personal health behaviour. Health Education Monographs, 2, 324-508.

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 Laham M. La Psicocardiología: su importancia en la prevención y rehabilitación coronaria. Suma Psicol. 2009; 15(1):143-170.

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Lemos, Conceição; Gottschall, Carlos A.M.; Pellanda, Lucia C.; Müller, Marisa. Associação entre Depressão, Ansiedade e Qualidade de Vida após
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