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SAÚDE MENTAL E

PREVENÇÃO AO SUICIDIO
MARIANA MARINHO DE ABREU
PSICÓLOGA (CRP 21/03971)
MESTRE EM PSICOLOGIA
TRABALHADORA DO SUAS
BREVE
APRESENTAÇÃO
Sou natural de Caxias-MA, graduada
(2019) e mestra (2022) em Psicologia
pela UFDPar.
Atuo na Política de Assistência Social,
especificamente, no CREAS (2021). E
mais recentemente, tenho atuado na
clínica de modo remoto.
O QUE É SAÚDE MENTAL?
"E nenhum ser humano consegue tá bem todo dia, tá ligado?" (EMICIDA- AMARELO)
A Saúde Mental é muito mais do que a ausência
de doença: é parte intrínseca da nossa saúde e
bem-estar individual e coletivo direito humano
básico;

Saúde Mental é um estado de bem-estar mental que


SAÚDE MENTAL permite às pessoas lidar com as tensões da vida,
perceber suas habilidades, aprender bem e trabalhar
bem, e contribuir para sua comunidade.

OMS (2022). Relatório Mundial de Saúde Mental


Saúde Mental não é apenas psicopatologia,
semiologia… Ou seja, não pode ser reduzida ao
estudo e tratamento das doenças mentais.
Amarante, propõe a ampliação do campo para
incluir manifestações religiosas, ideológicas, éticas
e morais das comunidades e povos. (Amarante,
2013, p. 16).
SAÚDE MENTAL
É um campo bastante polissêmico e plural na
medida que diz respeito ao estado mental dos
sujeitos e das coletividades que, do mesmo modo,
são condições altamente complexas (Amarante,
2013, p. 19)
Lógica neoliberal: individualização,
empreendedores de si, competição, alta
performance

Imperativo da felicidade (Birman, J. (2010)

SAÚDE MENTAL Medicalização da vida


apropriação do sofrimento
humano por uma visão
mercadológica dos
diagnósticos e psicofármacos
Ao longo de nossas vidas, múltiplos
determinantes individuais, sociais e
estruturais podem se combinar para
Multideterminada proteger ou minar nossa saúde
mental e mudar nossa posição no
continuum da saúde mental.

Saúde Mental significa um socius saudável; ela


SAÚDE MENTAL implica emprego, satisfação no trabalho, vida
cotidiana significativa, participação social,
lazer, qualidade das redes sociais, equidade,
enfim, qualidade de vida.
EMPREGO EDUCAÇÃO RACISMO

SAÚDE MENTAL
DETERMINANTES SOCIAIS E ECONÔMICOS

POBREZA ACONTECIMENTOS
DISCRIMINAÇÃO DE VIDA
SEXUAL ESTRESSANTES
VIOLÊNCIA DE
GÊNERO
SAÚDE MENTAL: MARCOS IMPORTANTES
Breve Histórico

3.
1. 2. EM 1988
CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
ATÉ MEADOS DE 1970 EM 1986 SAÚDE COMO DIREITO/ 1990
BIOMÉDICO/HOSPITALOCÊNTRICO 8º CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE PROMULGAÇÃO DA LEI
REFORMA SANITÁRIA Nº8080- CRIAÇÃO DO SUS
SAÚDE MENTAL: MARCOS IMPORTANTES
Breve Histórico

1. 2. 3.
EM 1989 EM 2001 EM 2011
PROJETO DE LEI 3657/89 DE PAULO PROMULGAÇÃO DA LEI 10.216 – LEI DA PORTARIA Nº 3.088
DELGADO, PREVIA A EXTINÇÃO DOS REFORMA PSIQUIÁTRICA INSTITUI A REDE DE
MANICÔMIOS NO BRASIL ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
A pandemia da COVID-19 criou uma crise
global para a saúde mental, alimentando
tensões de curto e longo prazo e minando
a saúde mental de milhões de pessoas.

Durante uma pandemia, é provável que


SAÚDE MENTAL E seja vivenciada uma carga elevada de
experiências e emoções negativas,
PANDEMIA
A depressão e a ansiedade aumentaram mais
de 25% apenas no primeiro ano da pandemia.
Alguns estressores na quarentena são:
necessidade de afastamento de amigos e
familiares, incerteza quanto ao tempo de
distanciamento (Brooks et al., 2020), tédio (Barari
et al., 2020), medo (Lima et al., 2020) e outros.

SAÚDE MENTAL E Percebe-se que as pandemias não são apenas


um fenômeno biológico, pois afetam indivíduos
PANDEMIA e a sociedade em vários níveis, causando
diversas perturbações.
Em pesquisa realizada na crise da COVID-19,
verificou-se que, dentre 1.210 participantes,
53,0% apresentaram sequelas psicológicas
moderadas ou severas, incluindo sintomas
depressivos (16,5%), ansiedade (28,8%) e
SAÚDE MENTAL E estresse de moderado a grave (8,1%) (C. Wang
et al., 2020)
PANDEMIA
Corresponde a um conjunto articulado de diferentes
pontos de atenção à saúde, instituída para acolher
pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
REDE DE ATENÇÃO necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde
PSICOSSOCIAL (RAPS) (SUS).
Tem como diretrizes: o respeito aos direitos
humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das
pessoas; a promoção da equidade, reconhecendo
os determinantes sociais da saúde; o combate a
estigmas e preconceitos; a garantia do acesso e da
REDE DE ATENÇÃO qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral
e assistência multiprofissional, sob a lógica
PSICOSSOCIAL (RAPS) interdisciplinar; a atenção humanizada e centrada
nas necessidades das pessoas; o desenvolvimento
de estratégias de Redução de Danos, dentre outros.
REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS)
Assunto considerado tabu e cheio de estigmas,
seja por uma questão cultural, religiosa ou até
mesmo por medo e vergonha.

O suicídio não é diagnóstico nem transtorno mental; é


um comportamento. Tal comportamento é
O QUE É O SUICIDIO? caracterizado pela ideação e o ato deliberado de
autoaniquilação, ou seja, matar-se. Outra situação
evidenciada é a do comportamento de autoagressão.
O QUE É O SUICIDIO?
É uma grande questão de saúde pública em todos os
países

Afeta pessoas e suas famílias de todos os países e


contextos, e em todas as idades.
Determinantes multifatoriais

O QUE É O SUICIDIO? Desfecho de uma série de fatores que se acumulam


na história do indivíduo, não podendo ser
considerado de forma causal e simplista apenas a
determinados acontecimentos pontuais da vida do
sujeito
SUICIDIO:
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
O suicídio é responsável por mais de uma em cada 100 mortes em todo o mundo. E
para cada morte por suicídio ocorrem mais de 20 tentativas de suicídio.

Em 2019, estima-se que 703 000 pessoas de todas as idades (ou 9 por 100 000
habitantes) perderam a vida por suicídio.

As taxas de suicídio também variam entre homens e mulheres. Globalmente, as


mulheres são mais propensas a tentar o suicídio do que os homens. E, no entanto,
duas vezes mais homens morrem por suicídio do que as mulheres.
SUICIDIO:
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
No geral, é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e
é responsável por cerca de 8% de todas as mortes nesta faixa etária. Mais
da metade (58%) dos suicídios acontecem antes dos 50 anos. E as taxas de
suicídio em pessoas com mais de 70 anos são mais do dobro das taxas
de pessoas em idade ativa.
Tentativa prévia de suicídio
Sofrimento psíquico
Desesperança, desespero, desamparo e
impulsividade
SUICIDIO Doenças clínicas não
psiquiátricas
FATORES DE RISCO Gênero/ Orientação sexual
Eventos adversos na infância e na adolescência
Fatores
sociais
Automutilação
Boa autoestima
Bom suporte familiar
Laços sociais bem estabelecidos
Acesso a serviços e cuidados em saúde mental

SUICIDIO Crenças religiosas e espirituais

FATORES DE PROTEÇÃO Capacidade de enfrentar adversidades


Boa qualidade de vida
SUICIDIO: MITO X VERDADE
As pessoas que falam sobre o suicídio não farão É proibido que a mídia aborde o tema suicídio.
mal a si próprias, pois querem apenas chamar a
atenção.
O suicídio só acontece em determinados tipos de
O suicídio é sempre impulsivo e acontece sem pessoas
aviso.

Falar sobre suicídio dará ideia de suicídio à A tentativa é um sinal de alerta de que a pessoa
pessoa. está em grande sofrimento

As pessoas que tentam ou cometem suicídio têm


Toda pessoa em risco de suicídio dá sinais sempre alguma doença mental.
• “Vou
desaparecer.”
• “Vou deixar

SINAIS DE Expressar ideias ou


intenções suicidas
vocês em paz.”
• “Eu queria
poder dormir e
ALERTA nunca
Desinteresse em atividades que acordar.”
mais

antes eram prazerosas Uso abusivo de álcool e outras


Isolamento e sentimento de drogas
Tentativas prévias
solidão
Automutilação
Falta de apetite e dificuldades
para dormir
O QUE FAZER DIANTE DE UMA PESSOA
SOB O RISCO DE SUICÍDIO?
Não condenar/ julgar

Não falar simplesmente frases de incentivo vazias


Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre
suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a
com a mente aberta e ofereça seu apoio.

Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde,


de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público.
Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento
O QUE FAZER DIANTE DE UMA PESSOA
SOB O RISCO DE SUICÍDIO?
Não condenar/ julgar

Não falar simplesmente frases de incentivo vazias


Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre
suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a
com a mente aberta e ofereça seu apoio.

Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde,


de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público.
Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento
O QUE FAZER DIANTE DE UMA PESSOA
SOB O RISCO DE SUICÍDIO?
Não dar sermão, não duvidar, desqualificar ou minimizar o relato de desejo
de morte
Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha.
Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre
em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa

Se a pessoa com quem você está preocupado(a) vive com você, assegure-se
de que ele(a) não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por
exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.
PREVENÇÃO AO SUICIDIO
• Sensibilização da sociedade, por meio da divulgação de informações (Campanhas) e
espaços de discussão.

• Incentivo a espaços de promoção de saúde na comunidade, como a realização de


grupos de convivência, movimentos sociais, nas igrejas e escolas, associações e ONGs;

• Construções inteligentes e planejamento da cidade com medidas de segurança; Acesso


a cidade e áreas verdes.
PREVENÇÃO AO SUICIDIO
• Controle/regulação do acesso aos métodos letais;

• Incremento do uso estratégico da mídia para campanhas preventivas e maior


regulação da veiculação em casos de tentativas;
• Evitar as descrições pormenorizadas do método empregado, bem como fatos e cenas
chocantes;

• Campanhas nas escolas que problematizem o assunto, de forma a descontruir tabus e


facilitar a prevenção.
PREVENÇÃO AO SUICIDIO

• Campanhas nas escolas que problematizem o assunto, de forma a descontruir tabus e


facilitar a prevenção, que trabalhem temáticas como: bullying, respeito às diferenças,
racismo, orientação sexual.

• Investimento em Políticas Públicas

• Melhorar o acesso a serviços especializados em Saúde Mental


PARA
REFLETIRMOS...
OBRIGADA!
REFERÊNCIAS
Alves, A. A. M., & Rodrigues, N. F. R. (2010). Determinantes sociais e económicos da Saúde Mental. Revista Portuguesa de
Saúde Pública, 28(2), 127-131.
Amarante, P. (2007). Saúde mental e atenção psicossocial. SciELO-Editora FIOCRUZ.
Birman, J. (2010). Muitas felicidades?! O imperativo de ser feliz na contemporaneidade. Ser feliz hoje: reflexões sobre o
imperativo da felicidade. Rio de Janeiro: Editora FGV, 27-47.
Faro, A., Bahiano, M. D. A., Nakano, T. D. C., Reis, C., Silva, B. F. P. D., & Vitti, L. S. (2020). COVID-19 e saúde mental: a
emergência do cuidado. Estudos de psicologia (Campinas), 37.
Greff, A. P., Melo, B. D., Lima, C. C., Pereira, D. R., Alves, E. G., Cornejo, E. R., ... & Silva Filho, O. C. D. (2020). Saúde mental e
atenção psicossocial na pandemia COVID-19: suicídio na pandemia COVID-19.
Porto, D. M. (2019). Prevenção ao suicídio. Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina.
Soalheiro, N. I., & Mota, F. S. (2014). Medicalização da vida: Doença, Transtornos e Saúde Mental/Medicalization of life:
Disease, Disorders and Mental Health. Revista Polis e Psique, 4(2), 65-85.

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