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Cristianismo e Cultura

1.1- O fenómeno religioso

Religião: Etimologia

“O termo latino religio indica uma ligação, uma relação com o


«transcendente», com a «totalidade». O escritor Latino Latâncio faz
derivar o termo de religare e explica-o como «restabelecimento da ligação
entre o homem e Deus», enquanto Cícero o faz derivar de relegere,
entendendo como a «escrupulosa veneração dos deuses».”

Religião- Definições

É um facto humano específico que tem a sua origem no reconhecimento,


por parte do homem, de uma realidade suprema que confere sentido
último à própria existência, ao conjunto e ao curso da história.
Noção complexa que designa o conjunto de relações do homem como o
«invisível» e, portanto, o conjunto de crenças e praticas rituais e éticas
que exprimem e manifestam este relacionamento com o “divino” ou o
“sagrado”

Elementos essenciais da religião:

- Reconhecimento de uma realidade independente e superior ao homem,


da qual se fala com linguagem religiosa, produzindo assim livros sagrados,
doutrinas e teologias.
- Uma atitude de acatamento dessa realidade suprema, que se manifesta
numa vivência interior (experiência mítica) e num comportamento
exterior, plasmado num culto e numa ética especial.
- Uma comunidade daqueles que professam a mesma religião, que se
concretiza numa organização que os distingue dos outros, tornando-se
assim uma sociedade, uma instituição.

Origem da religião

A exigência de ter um horizonte final, capaz de interpretar a realidade


com profundidade e de dar consistência ao mundo da vida, impele para a
procura de um “além”, o momento fenomenológico da própria realidade,
para aprofundar a sua dimensão mais verdadeira e mais secreta.
Dois pontos de partida da experiência religiosa:

1- Experiência do dom

Experiência da própria existência, que se ultrapassa constantemente a si


mesma, apontando, de alguma forma, para alguma coisa totalmente
diferente». «Tanto as misérias da vida humana como a sua plenitude
remetem para Deus». A experiência da plenitude remete para a gratidão
por um dom que não vem de nós; a experiência da miséria, da finitude
remete o ser humano para «um outro totalmente diferente dele». O ser
humano não se basta a si próprio, «só consegue encontrar-se passando
para além de si mesmo, ao encontro do totalmente outro e infinitamente
maior

2- Experiência da solidão e do aconchego

Quando o ser humano experimenta a solidão, percebe ao mesmo tempo


até que ponto a sua existência é um grito pelo tu e até que ponto não foi
feito para ser apenas um eu encerrado em si mesmo». Nenhum encontro
é capaz de vencer a solidão derradeira. Existe no ser humano um anseio
pelo «tu absoluto». Pode ser também a plenitude do amor e do encontro
«a fazer o homem experimentar o dom daquilo que ele próprio não foi
capaz de atrair ou de criar, percebendo que está a receber mais do que
ambos poderiam proporcionar. Na claridade e na alegria do encontro
pode surgir a proximidade da alegria absoluta e do mais puro ‘saber-se
encontrado’ que está por detrás de qualquer encontro humano

Funções da religião

-Coesão: a religião cria laços sociais criando laços entre os crentes e, nos
seus melhores laços entre os crentes e o exterior.
-Identidade: A religião oferece um sentido de identidade e de orientação,
situando o crente no seu próprio corpo, no lar, na pátria e no cosmos.
-Orientação: a religião também situa os devotos em casa e para além do
limiar do espaço doméstico. Diz-se que é destas famílias e desta pátria, e
que tem uma relação especial com estes deuses, antepassados ou
espíritos. A religião mapeia o espaço social e introduz uma distinção entre
“nós” e “eles”

Religião e fé
Religião- exprime o caminho do ser humano para deus numa perspetiva
ascendente

Fé- indica o caminho de deus em direção ao homem, numa perspetiva


descendente e numa lógica de dom gratuito e absoluto

A fé pressupõe a religião e encontra nela a instância humana onde radicar-


se.

O conceito de deus

Etimologia: a palavra deus vem do latim, que por sua vez remete para o
termo indo-europeu, que significa “luminoso”.
A própria existência do homem inclui uma tendência para um absoluto em
ser, sentido, verdade e vida, que a revelação cristã descreve com o
conceito de Deus.” a questão de Deus está implicada na
consciência humana

2.1 – A revelação cristã

Deus que se revela e dialoga

Revelação- etimologia: “tirar o véu” a uma realidade escondida, por


exemplo, a comunicação entre duas pessoas, em que uma manifesta á
outra o seu próprio mistério.

Revelação de deus: “Deus quer relevar ao homem o mistério da sua


própria vida e do seu projeto a respeito da criatura. Para se comunicar, ele
fala, como acontece connosco. Comunica-se para se dar, para partilhar a
sua própria vida connosco”.

Necessidade da revelação:

Pela revelação divina quis Deus manifestar e comunicar-se a Si mesmo e


os decretos eternos da Sua vontade a respeito da salvação dos homens,
«para os fazer participar dos bens divinos, que superam absolutamente a
capacidade da inteligência humana»

Desenvolvimento da revelação
Revelação cósmica ou natural: as obras da criação são já, em si mesmas,
uma revelação de Deus.

Lei da consciência: desde o início da história da humanidade, Deus


manifestou-se na consciência humana.

Revelação histórica: Deus revela-se na história do povo de Deus, que


culmina em Jesus Cristo, o cume da revelação: Deus falou para Abraão;
Deus falou para Moisés; Deus falou para os profetas; Deus falou para o
seu Filho, Jesus Cristo.

Cristo: mediador e plenitude da revelação:

A verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação


dos homens, manifesta-se-nos, por esta revelação, em Cristo, que é,
simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação.

A fé como resposta do ser humano à revelação

Deus que revela é devida a «obediência da fé»; pela fé, o homem entrega-
se total e livremente a Deus oferecendo «a Deus revelador o obséquio
pleno da inteligência e da vontade» e prestando voluntário assentimento
à Sua revelação. Para prestar esta adesão da fé, são necessários a prévia e
concomitante ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito
Santo, o qual move e converte a Deus o coração, abre os olhos do
entendimento, e dá «a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade».
Para que a compreensão da revelação seja sempre mais profunda, o
mesmo Espírito Santo aperfeiçoa sem cessar a fé mediante os seus dons.

Não há revelação quimicamente pura: “A palavra de Deus ao homem não


caiu do céu. Ela passa sempre pela palavra de homem a homem”. “Na
revelação judeo-cristã, reconhecemos o papel do próprio profeta: é pela
mediação da sua subjetividade humana, da sua experiência de vida, das
suas qualidades de escritor que a palavra de Deus entra na humanidade”

Uma revelação proporcionada à capacidade do homem: “O homem, a


quem a revelação é dirigida, está sempre situado numa história, com as
suas evoluções e os seus retrocessos. A revelação toca-o aí, onde se
encontra, vivendo em determinada cultura e em determinado mundo de
representações
Transmissão da revelação

Transmissão da revelação tradição; magistério da igreja;


sagradas escrituras

A Bíblia

As tradições relativos acontecimentos fundadores de Israel foram


progressivamente postos por escrito sob a forma de livros dispersos e
sucessivos. Os livros proféticos foram escritos pelos próprios profetas ou
por pessoas ligadas à sua escola ou tradição. Muitos dos textos bíblicos
não foram escritos de uma só vez. Vários livros resultam da composição
de várias fontes. Existem sinais claros de sucessivas edições. Isto é
verdade também para os textos do Novo Testamento.

Inspiração: desde a perspetiva da fé, os livros que compõem a Sagrada


Escritura são inspirados por Deus; é o este o garante da sua “veracidade”
e o fundamento da sua “autoridade”.

Como entender a inspiração das Escrituras?

- Deus como autor principal das Escrituras, e escritor humano como seu
instrumento.

“Na Escritura, tudo é de Deus e tudo é do homem, segundo uma


cooperação que não gera nenhuma concorrência entre si. Eles não se
encontram no mesmo plano. Deus não é um ‘escritor’ e os escritores da
Bíblia não são ‘secretários’ que dão forma ao pensamento um do outro ou
que transmitem ao computador um ditado”

A verdade nas Escrituras

- Que tipo de verdade está contida nas Escrituras?


Trata-se da verdade religiosa: a Bíblia diz respeito às nossas relações com
Deus. Os livros da Bíblia não são tratados históricos ou científicos.

Vários níveis de interpretação da Sagrada Escritura:


- Sentido literal, o sentido espiritual, o sentido alegórico, o sentido moral,
o sentido anagógico.

2.2 – O jesus dos Evangelhos

Jesus de Nazaré: existência histórica

São escassas as fontes extra-bíblicas sobre jesus. A principal fonte é,


portanto, o Novo testamento, em particular os quatro Evangelhos
(Mateus, Marcos, Lucas e João). Os Evangelhos não são biografias
modernas, mas sim testemunhos.

Com base em alguns factos históricos, os Evangelhos dão testemunho da


divindade de Jesus e de que Deus atuou definitivamente em Jesus Cristo,
revelando-se e reconciliando o mundo consigo através dele.

Os Evangelhos são escritos no contexto de uma determinada comunidade


e para uma audiência concreta, e por isso têm enfoques e perspetivas
teológicas diferentes.

Informações básicas sobre Jesus

- Nasceu em Belém, durante o império de Augusto, nos últimos anos do


rei Herodes (7-6 a.C.).
- Filho de Maria, esposa de um homem de nome José, da casa de David,
durante a sua infância e juventude, Jesus viveu em Nazaré, na Galileia.
- No início da sua vida pública, Jesus transferiu-se de Nazaré para
Cafarnaum.
- Anunciou o Reino de Deus e fundou uma comunidade de discípulos.
- Foi condenado à morte por crucifixão, por reivindicar a dignidade e
realeza divinas (30 d.C.).

A Mensagem de Jesus: O Reino de Deus

Jesus anunciou o Reino de Deus, fazendo dele o objeto da sua pregação e


a razão de todas as suas opções. Deus está aqui e atua em nosso favor: é
este o significado da expressão Reino de Deus.
O que é o Reino de Deus? O Reino de Deus é a presença escondida, mas
poderosa de Deus em Jesus Cristo, restaurando a integridade e a vida
daqueles que o aceitam na fé.

A paixão e morte de Jesus

Jesus reuniu à sua volta um grupo de seguidores, mas despertou também


a desconfiança das autoridades. A hostilidade foi crescendo e culminou na
sua condenação à morte na cruz sob Pôncio Pilatos.

- Por que razão Jesus foi condenado? Jesus questionou a atitude com que
se praticava a Lei (que tinha 613 preceitos); acolheu os pecadores e
perdoou-lhes os pecados, o que era uma prerrogativa de Deus; expulsou
os vendilhões do Templo e foi acusado de querer destruir o Templo; foi
aclamado como Messias, e reconheceu ser o Filho de Deus, o que foi
considerado uma usurpação da condição divina.

Significado da morte de Jesus

Jesus morreu como viveu, fazendo da sua morte um oferecimento a Deus


e à humanidade. Jesus viveu em total obediência ao Pai e fez de toda a
sua existência um oferecimento (sacrifício) para a salvação dos homens.

A morte de Jesus salva. Na cruz, Deus toca a humanidade onde ela está
mais ferida. A morte de Jesus dá vida. Ao entregar-se em total confiança
nas mãos do Pai, Jesus devolve à humanidade a sua vocação universal, e
reconcilia a humanidade com Deus. A morte de Jesus é mais do que um
acidente da história. Jesus ofereceu-se a sua vida para que a humanidade
possa ter vida. É um gesto desmesurado, que reestabelece a relação da
humanidade com Deus.

A ressurreição de Jesus

A história de Jesus não termina na cruz. Segundo os Evangelhos, algumas


mulheres foram ao sepulcro na madrugada do terceiro dia e encontraram-
no vazio. Seguem- se várias aparições do ressuscitado, primeiro às
mulheres, e depois aos Apóstolos.

“O Crucificado morreu e ressuscitou”. Esta é a grande Boa Notícia que o


Cristianismo tem para oferecer ao mundo. “Se Cristo não ressuscitou é vã
a nossa pregação e também vã a nossa fé”, diz S. Paulo (1 Cor 15, 14). A
ressurreição de Jesus alarga o horizonte do ser humano até à eternidade,
e diz-nos que a morte e a injustiça não têm a última palavra.

Quem é Jesus de Nazaré?

Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos


seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» Eles
responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e
outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» Perguntou-lhes de novo:
«E vós, quem dizeis que Eu sou?» Tomando a palavra, Simão Pedro
respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».

Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não
foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu.
Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha
Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves
do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o
que desligares na terra será desligado no Céu».
Depois, ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que Ele era o
Messias

A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus
discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos,
dos sumos sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia,
ressuscitar.
Tomando-o de parte, Pedro começou a repreendê-lo, dizendo: «Deus te
livre, Senhor! Isso nunca te há-de acontecer!» Ele, porém, voltando-se,
disse a Pedro: «Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um estorvo, porque os
teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens!

Jesus, o filho de deus

Jesus, o servo sofredor Jesus, o cristo

Jesus é senhor

2.7 - Breve história do cristianismo

As disputas teológicas dos primeiros séculos da Igreja


A Igreja precisou, desde o início, de clarificar a sua fé em Jesus Cristo, que
é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e corrigir afirmações que
distorciam o mistério de Cristo.

Duas etapas fundamentais: 1) afirmar a divindade e a humanidade de


Cristo (Deus não pode salvar-nos sem assumir a nossa humanidade na sua
totalidade); 2) clarificar o tipo de união entra a divindade e a humanidade

I. Negação da humanidade de Cristo:

Docetismo: Jesus Cristo tinha aparência humana, mas não era


verdadeiramente humano.

Gnosticismo: A salvação consiste em adquirir um conhecimento


privilegiado, que liberta a alma da prisão que é o corpo. Jesus Cristo =
Jesus + Cristo. A união é temporária. Um ser divino não pode identificar-se
com a matéria, muito menos sofrer e morrer.

Apolinarianismo: o Verbo substituiu a alma racional de Jesus. Ou seja,


Cristo não tem uma alma humana.

II. Negação da divindade de Cristo:

Adocionismo: Jesus não é mais do que um ser humano a quem Deus


adotou e a quem ofereceu uma graça especial. Ou seja, Cristo não é
realmente divino.

Arianismo: o Logos não é verdadeiramente Deus, mas uma criatura acima


das outras criaturas. Os arianos não conseguem conceber que Deus
pudesse experimentar o sofrimento e a morte.

Concílio de Niceia (325): Afirma a divindade de Cristo. Jesus Cristo é


consubstancial ao Pai.

Símbolo de Niceia (excerto):

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, nascido do


Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro
de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai.

III. Como é que a humanidade se une à divindade?


Escola de Alexandria: Sublinha que o sujeito de cada ato do homem Jesus
é o Verbo Eterno (Logos), que nasce da Virgem Maria e sofre na cruz. A
Cristologia de Alexandria coloca a ênfase na unidade ontológica de Jesus
Cristo. Tendência para não salvaguardar a humanidade de Cristo.

Escola de Antioquia: Procura salvaguardar a humanidade de Cristo e a


transcendência absoluta do Verbo. Em vez de começarem com o Verbo
Eterno, que se faz homem, estes autores começam com a humanidade de
Cristo, que é assumida pelo Verbo. Ponto fraco: incapacidade para
expressar com clareza a unidade ontológica de Cristo.

Nestório: Nega que Maria seja a “Mãe de Deus” (Theotókos). Nestório não
aceitavam a ideia de que Deus nasceu de uma mulher, sofreu e morreu. O
problema estava em que Nestório tinha uma compreensão insuficiente da
unidade de Cristo, que afirma a existência de apenas um sujeito com duas
naturezas distintas (humana e divina). A posição de Nestório foi
condenada no Concílio de Éfeso (431).

Fórmula de Calcedónia (451): “[...] ensinamos unanimemente a confessar


um só e mesmo Filho, N.S. Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e
perfeito em humanidade, o mesmo verdadeira- mente Deus e
verdadeiramente homem, composto de uma alma racional e de um corpo,
consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo
a humanidade, "semelhante a nós em tudo com exceção do
pecado"(Hb4,15); gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a
divindade, e nesses últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido
da Virgem Maria, mãe de Deus, segundo a humanidade. Um só e mesmo
Cristo, Senhor, Filho Único que devemos reconhecer em duas naturezas,
sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação. A diferença
das naturezas não é de modo algum suprimida pela sua união, mas antes
as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só
pessoa e uma só hipóstase”. (DS 301-302). → união hipostática
Origens do Monaquismo:
“Os monges desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da
civilização ocidental”. (Woods, p. 31)

As primeiras formas de vida monástica surgem no Séc. III:


- Por esta altura havia mulheres que se consagravam individualmente a
Deus como virgens, dedicando-se a uma vida de oração e ascese e
cuidando dos pobres e doentes. Aqui tem origem a vida religiosa feminina.

- Padres do deserto: eram eremitas, ou seja, retiravam-se para lugares


isolados, renunciando às coisas do mundo e abraçando uma vida de
penitência e oração. Dedicavam-se a práticas espirituais e ascéticas algo
insólitas: alguns, por exemplo, viviam em túmulos ou até em pilares, onde
não podiam dormir ou abrigar-se do sol e da chuva. Alguns deles eram
mestres espirituais reconhecidos, e por isso eram visitados por pessoas
que procuravam conselho. (Woods, p. 32)

Uma figura chave deste movimento é Santo Antão do Egito (251 – 356
d.C.), habitualmente considerado como um dos pais do Monaquismo.

- Monaquismo cenobita: os monges cenobitas viviam também retirados


do mundo, mas em comunidade. O monaquismo cenobita desenvolveu-
se, em parte, como reação aos excessos da vida eremita.
- O nome maior do monaquismo Ocidental foi S. Bento de Núrsia (480 –
547 d.C.). Bento fundou doze pequenas comunidades de monges em
Subiaco, a cerca de 60 km de Roma. Anos mais tarde fundou o Mosteiro
de Montecassino, que é ainda habitado por monges. Foi lá que compôs a
famosa regra de S. Bento (por volta de 529), a qual, nos séculos seguintes,
seria adotada por quase todos os mosteiros da Europa.

Regra de S. Bento: Ora et labora


- A regra de S. Bento proporciona um estilo de vida ao mesmo tempo
disciplinado e moderado, o que facilitou a sua difusão pela Europa.
- Contrariamente a outras regras, a regra de S. Bento considerava que mos
monges deviam alimentar-se e dormir bem. Claro que o regime era mais
austero em tempos penitenciais, em particular na Quaresma.
- Os mosteiros beneditinos eram independentes uns dos outros, sendo
cada um deles presidido por um abade, que dirigia a vida do mosteiro. Os
monges beneditinos têm voto de estabilidade.
- O mosteiro não fazia distinção de pessoas em função da sua classe social.

Ao longo da história sucederam-se várias reformas da Ordem de S. Bento.


Duas da mais importantes são:

Reforma de Cluny: foi criada em 910, em França, na cidade de Cluny. A


reforma de Cluny promoveu uma liturgia muito elaborada e foi criticada
pelos exageros arquitetónicos e artísticos.

Reforma de Cister: fundada por alguns monges que abandonaram a


Ordem de Cluny, a Ordem de Cister (“monges brancos”) foi oficialmente
reconhecida em 1119. promove os ascetismos e o rigor litúrgico. Um dos
seus mais ilustres membros foi S. Bernardo do Claraval (1090-1153)

Contributos civilizacionais dos Mosteiros:

- Agricultura e pecuária: “Os monges beneditinos foram os agricultores da


Europa; foram eles que arrotearam os grandes terrenos de cultivo,
associando a agricultura à pregação” (Woods, p. 35). Os monges
desenvolveram técnicas de cultivo e de irrigação, e promoveram o
melhoramento das raças de Gado. Os monges foram também pioneiros na
produção de vinho (ex. Champanhe D. Pérignon).

- Tecnologia: Os monges foram grandes arquitetos da tecnologia medieval


e eram conhecidos pelas suas competências metalúrgicas. Foram também
os monges a construir os primeiros protótipos de máquinas voadoras. Os
relógios mais antigos que conhecemos foram inventados por eles.

- Obras de caridade: um dos aspetos mais importantes da espiritualidade


monacal é a hospitalidade. Os mosteiros funcionavam como estalagens
gratuitas, proporcionando locais de repouso tranquilos e seguros para os
pobres. As portas estavam sempre abertas para quem por lá passasse.

- O trabalho intelectual: um dos contributos mais importantes dos


mosteiros foi, além da produção de obras originais, a preservação de
grandes obras da Antiguidade clássica (Platão, Aristóteles, Cícero, Lucano,
Plínio, Estácio, Horácio, os Padres da Igreja, etc.). Os monges copistas
tiveram também um papel fundamental na preservação da bíblia, da qual
fizeram inúmeras cópias, muitas vezes adornadas com belíssimas
iluminuras. Aos mosteiros estavam geralmente associadas escolas.

Em 1834 um decreto redigido por Joaquim de António Aguiar (o Mata


Frades) (publicado a 30 de Maio) e assinado por D. Pedro IV extinguiu as
ordens religiosas de Portugal. Os monges foram obrigados a abandonar os
mosteiros, que aos poucos foram vendidos a particulares. Nos mosteiros
femininos foi proibida a admissão de noviças, mas as casas ficaram nas
mãos das ordens religiosas até à morte da última religiosa.

Dados gerais sobre o CV II:


- Um concílio ecuménico é uma reunião formal de todos os bispos da
Igreja Universal. Segundo a Igreja Católica, foram realizados 21 Concílios
Ecuménicos.
- Os últimos dois concílios tinham sido o Concílio de Trento (1545-1563) e
o Concílio Vaticano I (1869-1870), que foi interrompido pela invasão dos
Estados Pontifícios.
- O papado de Pio XII (1939-1958) tinha sido longo e influente. Havia a
ideia de que a Igreja nunca mais precisaria realizar um concílio. Um bom
Papa poderia cuidar de todos os assuntos da Igreja.

- Em Outubro de 1958, Angelo Roncalli, Patriarca de Veneza, é eleito Papa


e toma o nome de João XXIII. Pensa-se que será um Papa de transição.
- Para surpresa de todos, no dia 25 de janeiro de 1959, João XXIII anuncia
aos cardeais a decisão de convocar um novo concílio ecuménico.
- Para muitos bispos, a convocação de um concílio ecuménico era uma dor
de cabeça, mas para outros uma grande oportunidade para a Igreja de
abrir aos problemas contemporâneos, tais como os problemas sociais, as
novas tecnologias, o poder nuclear, a emancipação da mulher, as revoltas
estudantis, etc.

- Três expressões chave que ajudam a perceber a agenda do CVII são:


aggiornamento, ressourcement (regresso às fontes) e pastoral.
- Em Maio de 1560, o Papa João XXIII nomeia 15 comissões e secretariados
preparatórios, que deveriam justamente preparar o concílio e escrever
documentos preliminares para serem discutidos na assembleia conciliar.
Estes documentos viriam a ser rejeitados pelos padres conciliares.
- O Concílio Vaticano II abriu solenemente no dia 11 de outubro de 1962.
O Papa faz um discurso corajoso. Na noite anterior acontece em Roma
uma vigília de oração com a participação de muitos milhares de fiéis.

O Concílio Vaticano II em números:


- A 18 de Junho é enviada uma carta a 2,598 eclesiásticos, sobretudo
bispos, pedindo o parecer sobre os temas que deveriam ser debatidos no
concílio. Obtiveram-se 1,998 respostas.
- Em Julho de 1962, foram enviados 2,850 convites às pessoas que tinham
direito a participar: 85 cardeais, 8 patriarcas, 533 arcebispos, 2,131 bispos,
26 abades, 68 superiores gerais de ordens religiosas. A idade média dos
padres conciliares era 60 anos. Em média não participaram mais do que
2,400 padres conciliares ao mesmo tempo. Um total de 2,860 pessoas
participaram em parte ou na totalidade do concílio. No Concílio Vaticano I
haviam participado apenas 750 bispos. Foram nomeados 484 peritos.

- Os encontros tiveram lugar na nave central da Basílica de S. Pedro. As


comunicações e discussões aconteciam em latim.
- Ao longo das quatro etapas aconteceram 168 sessões de trabalho,
conhecidas como congregações gerais.
- O Concílio estendeu-se ao longo de quatro etapas. A primeira de 11 de
outubro a 8 de dezembro de 1962. A 3 de junho de 1963, o Papa João XXIII
morre. É sucedido por Giovanni Montini, o Papa Paulo VI. A segunda etapa
conciliar acontece de 29 de setembro a 4 de dezembro de 1963. A terceira
de 14 de setembro a 21 de novembro de 1964. A quarta é última etapa
tem início a 14 de setembro de 1965 e termina a 8 de dezembro do
mesmo ano, com o encerramento solene.

O Concílio Vaticano II promulgou 16 documentos, entre os quais 4


constituições, 9 decretos e 3 declarações. São particularmente
importantes os documentos sobre a Igreja, sobre a revelação e sobre a
relação com outras religiões e comunidades cristãs.
Quando comparado com os outros concílios ecuménicos, o CVII produziu
uma quantidade enorme de texto: os 21 concílios ecuménicos todos
juntos produziram 37,000 linhas de texto. O Concílio Vaticano II, sozinho,
produziu 12, 179 linhas (32%).
O estilo dos documentos é muito diferente do estilo dos documentos dos
Concílios de Trento e Vaticano I. O estilo próprio da escolástica foi
abandonado. Incluem-se muitas citações bíblicas e referências a
problemas contemporâneos. Não existem anátemas.

Algumas ideias fundamentais do Concílio:


- Participação plena, consciente e ativa na liturgia (Sacrosanctum
concilium, n. 14).
- Abordagem personalista e trinitária da revelação divina; valorização do
papel da Sagrada Escritura (Dei verbum).
- Uma eclesiologia renovada: Igreja como sacramento e Igreja como Povo
de Deus; revalorização da pneumatologia; sacerdócio comum e sacerdócio
ministerial (Lumen gentium).
- Vocação universal à santidade: todos os batizados são chamados à
santidade.
- Valorização do papel dos leigos, cuja missão é ser presença da Igreja no
mundo (Gaudium et spes, n. 43).

- Valorização da colegialidade na Igreja, sobretudo entre os bispos (Lumen


gentium 23).
- Direito à liberdade religiosa (Dignitatis humanae).
- Diálogo ecuménico: procurar a comunhão com os outros cristãos
(Unitatis redintegratio).
- Diálogo inter-religioso: compromisso da Igreja de entrar em diálogo com
os membros de outras tradições religiosas (Unitatis redintegratio, n. 3).

O Concílio Vaticano II e a sua receção

Receção do Concílio Vaticano II (Papa Bento XVI):


- Hermenêutica da rutura: ideia segundo a qual o Concílio Vaticano II
representa uma novidade de tal ordem que introduziu uma
descontinuidade entre a igreja pré-conciliar e a igreja pós-conciliar.
- Hermenêutica da reforma: renovação na continuidade do único sujeito
que é a Igreja. “É um sujeito que cresce no
tempo e se desenvolve, permanecendo porém sempre o mesmo, único
sujeito do Povo de Deus a caminho” (Papa Bento XVI, “Discurso aos
membros da cúria”, Natal 2005).

O Concílio Vaticano II, com a nova definição da relação entre a fé da Igreja
e determinados elementos essenciais do pensamento moderno, reviu ou
melhor corrigiu algumas decisões históricas, mas nesta aparente
descontinuidade, manteve e aprofundou a sua íntima natureza e a sua
verdadeira identidade. A Igreja, quer antes quer depois do Concílio, é a
mesma Igreja una, santa, católica e apostólica peregrina nos tempos; ela
prossegue "a sua peregrinação entre as perseguições do mundo e as
consolações de Deus", anunciando a morte do Senhor até que Ele venha

3. O Cristianismo e os desafios contemporâneos da comunicação

O fenómeno da comunicação: Geralmente dá-se uma definição empírica à


comunicação: comunicar é "dizer algo a alguém". Em que esse "algo" pode
se alargar em nível planetário, através do grande mundo da rede que se
somou aos meios de comunicação clássicos. Mesmo esse “alguém” sofreu
um crescimento no plano global, a tal ponto de que os ouvintes ou os
fruidores da mensagem em tempo real não podem mais nem mesmo ser
calculados
«Gostaria de tentar dar à comunicação uma descrição "teológica", isto é,
que parta do comunicar-se de Deus aos seres humanos, e gostaria de fazer
isso enunciando aqui algumas reflexões que poderiam servir para uma
nova descrição do fenômeno.» (Cardeal Martini)

Comunicação radical e autêntica

«No túmulo de Jesus, na noite da Páscoa, realiza-se o gesto de


comunicação mais radical de toda a história da humanidade. O Espírito
Santo, vivificando Jesus ressuscitado, comunica ao seu corpo o próprio
poder de Deus. Comunicando-se a Jesus, o Espírito se comunica à
humanidade inteira e abre caminho para toda comunicação autêntica.
Autêntica porque comporta o dom de si mesmo, superando assim a
ambiguidade da comunicação humana em que nunca se sabe até que
ponto sujeito e objeto estão envolvidos.»
A comunicação, portanto, será acima de tudo aquela que o Pai faz de si
mesmo a Jesus, depois aquela que Deus faz a cada homem e mulher, e,
portanto, aquela que nós nos fazemos reciprocamente sobre o modelo
dessa comunicação divina. O Espírito Santo, que recebemos graças à
morte e à ressurreição de Jesus, e que nos faz viver na imitação do próprio
Jesus, preside em nós o espírito de comunicação. Ele põe em nós
características, como a dedicação e o amor pelo outro, que nos remetem
às do Verbo encarnado.

Consequências para as nossas relações comunicativas:

Primeiro. Cada uma das nossas comunicações tem na sua raiz a grande
comunicação que Deus fez ao mundo do seu Filho Jesus e do Espírito
Santo, através da vida, morte e ressurreição de Jesus e da vida do próprio
Jesus na Igreja.

Segundo. Toda comunicação deve ter presente como fundamento a


grande comunicação de Deus, capaz de dar o ritmo e a medida justos a
todo gesto comunicativo. Segue-se disso que um gesto será mais
comunicativo quando não só comunicar informações, mas também
colocar em relação as pessoas.

Terceiro. Toda mentira é uma rejeição dessa comunicação. Quando nos


confiamos com coragem à imitação de Jesus, sabemos que somos também
verdadeiros e autênticos. Quando nos separamos desse espírito, tornamo-
nos opacos e não comunicantes.

Quarto. A comunicação nas famílias e nos grupos também depende desse


modelo. Ela não é apenas transmissão de ordens ou proposta de
regulamentos, mas também pressupõe uma dedicação, um coração que
se doa e que, portanto, seja capaz de mover o coração dos outros.

Quinto. A comunicação na Igreja também obedece a essas leis. Ela não


transmite só ordens e preceitos, proibições ou interdições. É intercâmbio
dos corações na graça do Espírito Santo. Por isso, as suas características
são a confiança mútua, a parrésia, a compreensão do outro, a
misericórdia.

ESBOÇO DE UMA ÉTICA


DA COMUNICAÇÃO DIGITAL A PARTIR DO MAGISTÉRIO DO PAPA
FRANCISCO

O CONCÍLIO VATICANO II
A Importância dos Meios de Comunicação Social

- A 4 de dezembro de 1963, é aprovado o Decreto Inter Mirifica, sobre os


Meios de Comunicação Social.
- Os padres conciliares reconhecem que os meios de comunicação social
«prestam uma ajuda valiosa ao género humano», enquanto alertam para
a necessidade de reflexão ética e da formação reta das consciências e da
opinião pública.
- São recordados os direitos e deveres tanto dos destinatários como dos
profissionais da comunicação: o direito à informação, o respeito pela
verdade, respeito pela justiça e pela caridade, o serviço do bem comum.
São elencados, também, os deveres das autoridades civis, aos quais
compete defender e tutelar a liberdade e a justiça no uso dos meios de
comunicação.
- O documento exorta os membros da Igreja Católica, clérigos e leigos, a
usar os meios de comunicação «nas mais variadas formas de apostolado»
(n.o 13). A iniciativa dos católicos no âmbito das comunicações sociais é
encorajada (n.o 14). É referida, também, a necessidade de uma formação
técnica e apostólica adequada (n.o 15).
- O Documento solicita a instituição do Dia Mundial das Comunicações
Sociais, que passaria a celebrar-se anualmente no Domingo da Ascensão.
O 1.o dia das Comunicações Sociais celebrou-se a 07 de maio de 1967.
- Cada ano é publicado pelo Papa uma Mensagem para o Dia Mundial das
Comunicações. No passado dia 02 de junho, celebrou-se o 53.o Dia
Mundial das Comunicações.

- A 30 de janeiro de 1948, o Papa Pio XII criou a Pontifícia Comissão de


consulência e de revisão eclesiástica dos filmes com tema religioso ou
moral, a qual daria lugar, por iniciativa do Papa Paulo VI, à Pontifícia
Comissão para as Comunicações Sociais (02 de abril de 1964). Em 1988,
por iniciativa do Papa João Paulo II, a Comissão foi transformada no
Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

Alguns Documentos do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais:


 Igreja e Internet (28 de fevereiro de 2002);
 Ética na Internet (28 de fevereiro de 2002);
 Ética nas Comunicações Sociais (2 de Junho de 2000);
 Ética da publicidade (22 de Fevereiro de 1997);
 Aetatis Novae (22 de Fevereiro de 1992);
LUZES E SOMBRAS DO ECOSSISTEMA DIGITAL

 Visão positiva sobre as Novas Tecnologias de Comunicação: As


redes de comunicação humana atingiram progressos sem
precedentes. «Particularmente a internet pode oferecer maiores
possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isto é
uma coisa boa, é um dom de Deus.» (MPF 48.o DMCS)
 A internet é um recurso do nosso tempo: «uma fonte de
conhecimento e relações outrora impensáveis.» (Ibid.)
 O excesso de informação: «A velocidade de informação supera a
nossa capacidade de reflexão e discernimento, e não permite uma
expressão equilibrada e correta de si mesmo.»
 O perigo da desinformação e da manipulação: A internet constitui
uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, mas revelou-
se, também, «como um dos locais mais expostos à desinformação e
à distorção consciente e pilotada dos factos e relações
interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito.»
 O perigo do isolamento e da exclusão: «O desejo de conexão digital
pode acabar por nos isolar do nosso próximo, de quem está mais
perto de nós.»; quem não tem acesso aos meios corre o risco de ser
excluído.
 O perigo da guetização: «A variedade das opiniões expressas pode
ser sentida como riqueza, mas é possível também fechar-se numa
esfera de informações que correspondem apenas às nossas
expetativas e às nossas ideias, ou mesmo a determinados interesses
políticos e económicos.»

A PRESENÇA DA IGREJA NO ECOSSISTEMA DIGITAL

O Papa Francisco afirma com determinação a necessidade de a Igreja estar


presente no ecossistema digital, porque este é também o lugar que as
pessoas habitam. Graças à rede, o testemunho cristão pode alcançar as
«periferias existenciais.»
ESBOÇO DE UMA ÉTICA DA COMUNICAÇÃO DIGITAL A PARTIR DO
MAGISTÉRIOS DO PAPA FRANCISCO

I. FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS
1. O SER HUMANO É UM SER-PARA-A-RELAÇÃO
Francisco lembra que o ser humano é, por natureza, um ser social. A
relação e a comunicação são constitutivas da experiência humana. Neste
sentido, a humanização do ambiente digital exige a promoção da
comunhão e da verdadeira comunicação.

2. A DIGNIDADE DO SER HUMANO


Francisco recorda que todo o ser humano tem uma dignidade que deve
ser sempre respeitada e promovida.

II. PRINCÍPIOS GERAIS


1. A COMUNICAÇÃO AO SERVIÇO DA COMUNIDADE HUMANA
Os meios de comunicação digital não são um fim em si mesmos; devem
estar ao serviço de toda a comunidade humana, sem excluir ninguém.

2. A COMUNICAÇÃO AO SERVIÇO DE UMA CULTURA DE ENCONTRO


A tecnologia digital deve estar ao serviço de uma cultura de encontro,
favorecendo o diálogo, a comunhão e a inclusão.

3. A COMUNICAÇÃO AO SERVIÇO DA VERDADE


Francisco recorda que a comunicação da verdade é responsabilidade dos
profissionais da comunicação, mas também responsabilidade de cada um.
O Papa defende que a «dificuldade em desvendar e erradicar as fake news
é devida também ao facto de as pessoas interagirem muitas vezes dentro
de ambientes homogéneos e impermeáveis a perspetivas e opiniões
diferentes.» Em jogo está, também, a nossa avidez por novidades.

4. O PRINCÍPIO ESPERANÇA

Contra esta tendência, Francisco que os meios de comunicação têm o


dever de oferecer «relatos permeados pela lógica da ‘boa notícia’.»

5. UMA ECOLOGIA DO ECOSSISTEMA DIGITAL

A humanização do ecossistema digital é uma tarefa urgente. Dito de outro


modo, é fundamental desenvolver uma ecologia para o ecossistema
digital. As reflexões do Papa Francisco sobre a comunicação digital,
oferecem critérios importantes para o desenvolvimento desta ecologia. O
ecossistema digital será humanizado na medida em que formos capazes
de promover uma verdadeira cultura de comunhão e de encontro. É
urgente, sobretudo, transformar a rede numa verdadeira comunidade
humana.

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