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construir essa teia chamada profanação ; além de enfatizar por meio de uma reflexão
sociológica das religiões a dimensão desmistificada do transcendental.
Embora seja uma religião uma prerrogativa muito particular em que tantos rejeitam que
se fale sobre ela por ser algo superficial, de pouca importância, que só consiste numa
eternidade em algo e mais nada; entretanto ela é necessária. Como deixar o lado algo
que nos coloca em contato com o Criador? Infelizmente, muitas pessoas ignoram; já
outras acreditam, mas profanam até contra o que se crê. Deus não existe! Esta é uma
afirmação de muitos quando se fala sobre o Divino. Por isso a inclusão deste estudo
está intimamente ligada às questões acima explicitadas e a sua relação com o
fenômeno a-religioso do gênero humano, relatando as formas de profanação
despertando-se assim uma consciência a respeito da adoção adotada por cada indivíduo
a partir da seguinte indagação : É possível que existam pessoas descrentes em tudo?
Investigar o porquê da repulsão que o homem a-religioso mantém perante o Sagrado
juntamente com sua adesão ao profano, para que então possa traçar uma retomada do
simbolismo religioso na contemporaneidade, este é o nosso objetivo.
O Sagrado equivale ao poder, à realidade por excelência, está saturado de ser. (…) O homem
deseja profundamente ser, participar da realidade, saturar-se de poder. A nomenclatura
entre sagrado / profano traduz-se muitas vezes como uma indicação entre real e irreal ou
pseudo real . (ELIADE, 1992, p.14)
Não obstante, temos que levar em consideração que a filosofia de Platão é apresentada
num outro rumo em relação ao que estamos refletindo. Ora, sempre existirá essa
duplicidade visto que somos entes imperfeitos sujeitos a viver num mundo sacralizado
ou caótico, entre o Bem e o Mal. Mesmo que este seja o seu “destino”, o homem tem de
se esforçar para viver num Cosmos sacralizado, impedindo com que o profano se
manifeste e o subestime a abandonar o lado divino de ser para assumir um lado mal de
ser, como nos explica Eliade (1992, p.17): “Há, portanto, um espaço Sagrado e por
consequência 'forte', significativo, e há outros espaços não sagrados, e por consequência
sem estrutura nem consistência, em suma, amorfos”.
Dentro dessa atmosfera seja ela caótica ou sacra, nos é apresentado duas formas de
experiências: a do espaço sagrado e a do espaço profano. Para as religiões em geral, o
espaço ou lugar é o meio de manifestação dos deuses, embora este também possa ser
um espaço de manifestação profana. Assim, o homem religioso vive num espaço fixo
que o permite mergulhar na comunhão com o transcendente. Já aquele que se deixa
guiar pelo espaço profano vive num mundo homogêneo e impregnado pelo caos, não
tendo nenhum ponto fixo, sujeito a aniquilar-se, como nos diz Eliade (1992, p. 18) ao
relatar-nos a importância do espaço sagrado para a revelação divina: o espaço sagrado
permite que se baixe um “ponto fixo”, portanto, a orientação na homogeneidade caótica,
a “fundação do mundo”, o viver real. Contudo, uma experiência profana, mantém uma
homogeneidade;
Enfim, para o homo religiosus que se guia pelo sagrado, não existe um espaço
homogêneo, embora possa se submeter ao caos; o tempo é um dado que extrapola a
sua compreensão, sendo ele o eixo donde transcorrem os eventos cosmogônicos da
criação do mundo e dos festins religiosos. Já o homem privado de sentimento religioso
não vive num espaço habitado pelo divino e sim num espaço desajustado, confuso e
indefinido. A dimensão do tempo para ele é definido como monótono, ou seja, “tempo
festivo”. Traduzindo: pessoas que se deixam guiar pelas coisas materiais e não
diferenciam religião de trabalho e festas. Em suma deve-se ter em mente estas
particularidades e diferenciações que fazem com que nos tornemos ora pessoas do
sagrado ora pessoas do profano.
Assim não muito longe, note-se que os avanços em várias áreas de conhecimento e
principalmente no âmbito da ciência fizeram com que as instituições religiosas
deixassem de serem os grandes centros organizadores para cederem lugar aos outros
modos organizadores. Isso causou uma concorrência entre tais instituições fazendo
com que ambas se despencassem na luta de concorrentes. Este é o retrato e a causa do
distanciamento de muitas pessoas em relação à religião, fazendo com que tomassem
uma postura de não submissão a tais meios devido a sua concorrência exacerbada,
acarretando o chamado fenômeno a-religioso.
Porém outro elemento deve ser levado em conta como lembra Patias (2007), o “eu”
individual tornara-se o centro organizador, enquanto os centros organizadores
antecessores a este, tornara-se seus submissos. É o fato onde muitas pessoas
assumem caráter egoísta e individualista, volvendo-se como centros do mundo e tendo
seus submissos a religião, ou seja, o próprio divino. Isto deve nos recordar do período do
Renascimento onde os cientistas imbuídos do espírito iluminista deslocaram a visão do
centro do mundo do Teocentrismo (Deus) para o Antropocentrismo (Homem);
influenciando muitos até os dias atuais. O mundo assumiu uma nova configuração como
diz Patias:
Retomando a problemática do homem não religioso notamos que alguns fatores são
causas deste afastamento, mas partindo para uma questão que foi elencada na
introdução: É possível que existam pessoas descrentes em tudo? Se uma pessoa não crê
em nada isto mostra que ela apesar de não acreditar, crê em algo, ou seja, o próprio nada,
isso no campo da lógica. Mas numa outra perspectiva é impossível que exista alguém
que não acredite em alguma coisa, visto que isto consista num horizonte que norteia o
modo de si viver. Assim o sagrado é tido pelo homem religioso como algo eterno,
imutável, a partir disso sente-se atraído por Este consistindo o seu próprio modo de ser.
Isto é fato em muitas religiões onde os religiosos sentem-se tão atraídos pelo
sobrenatural que deixam de viver sua condição como “ser humano” e passam a assumir
uma vida semelhante a dos deuses. Quanto ao ateísmo que nega a existência de Deus
podemos nos valer do exemplo lógico citado, mas com a consciência de que este é um
assunto muito complexo de ser tratado no âmbito em que nos situamos.
Outro fator que impede esta aproximação do homem com o transcendente esta na parte
em que este não vê como criatura, um ente criado por um Ser supremo; isto faz com que
ele se questione sobre sua condição, origem e destino excluindo qualquer explicação
que venha da religião, fundamentando-se na ciência. Mas será que ciência e religião são
perfeitas? Ambas são imperfeitas, mas podem revelar algo inédito.
Portanto, como nos esclarece Kaufmann (p. 5): “A vida é vivida num plano duplo:
existência humana que participa de uma vida trans-humana”. Aquele que vive uma
experiência profana profana não que é natural desprovido do sobrenatural, não abole
completamente a religião, pois esta é um conector que liga ao divino não pode ser
descartada mesmo que o homem não se sujeite a Ele. Assim como nos fala Eliade
(1992, p. 18): “… o homem que optou por uma vida profana não consegue abolir
completamente o comportamento religioso”.
3. Dessacralização
Contudo por meio de veículos manipuladores como a mídia, uma religião tem-se tornado
enfraquecida nesta problemática, pois os meios de tecnologia corrompem as pessoas
com coisas fáceis, sendo que muitas delas pertencem ao estilo religioso. E tal
instrumento para isso é a televisão, que para muitos se tornara o “divino”. Diante disso
fica a seguinte pergunta no ar: Quais são as formas de dessacralização presentes no
nosso mundo?
Algumas já foram explicitadas, embora não seja somente a natureza que pode ser
desmistificada. Existem outras visões dentro das religiões que podem ser destruídas a
partir do ato profano, estamos falando dos rituais, mitos, costumes que ao serem
levados ao pé da letra de forma rigorosa, perfeccionista, podem esvaziar seu sentido e
compreensão. Isto se trata de religiões que seguem um ritualismo exagerado,
preocupando-se com as formas e desligando-se do conteúdo. Mas o que significa
ritualizar e ritualismo? Ambos são idênticos?
“ Ritualizar ” é o processo pelo qual se formam ou se criam ritos. Ações que, com o tempo,
são ritualizadas (pessoa que é levada a ter um comportamento ritual e ritualiza o próprio
agir, tornando-se formal e repetitivo). Visto como um processo positivo.
O “ ritualismo ”, por sua vez, é quando se passa a dar uma conotação negativa ao processo.
Um comportamento esteriotipado, esvaziado de qualquer conteúdo simbólico.
(comportamento nas grandes religiões quando se tornam repetitivos, padronizados e
formais. Quando um doente recorre a formas ritualizadas para combater a angústia, como
lavar as várias vezes) . (PATIAS, 2007, p. 4)
Numa cosmovisão atual, vemos que a sociedade está comunicada a tal ritualismo,
porém sem a linguagem dos mitos; a indústria da idolatria do corpo, da moda, do
fanatismo no futebol e na religião origens formas de ritualismo e sendo assim podem ser
chamados de dessacralização. Tais eventos proporcionam ao homem uma cultura de
vida regenerada por vícios e formalidades, gerando nele uma figura de uma criatura
perfeita e formal. Deste modo torna-se necessária a retomada dos valores e símbolos
sagrados sem leva-los a um ritualismo exacerbado, pois estes anteriores a fonte
manifestadora da realidade sacra e do sentido humano religioso.
Percebemos pelos estudos que foram feitos que a principal causa do fenômeno a-
religioso está na competição que se deu dos centros organizadores (religiosos, sociais,
políticos, econômicos) fazendo com que o ser humano se distancie do Sagrado e por
sua vez das religiões. Outro fator relevante é o surgimento de novas técnicas na área da
ciência (informática) tornando o homem escravo do irreal “profano”, assumindo uma
condição de escravidão que se estende nos tempos atuais. Por sua vez, a
dessacralização é o resultado da atitude profana de destruir que é obra e essência divina
e está ligada na imagem do homem não religioso; o sagrado sempre será oposto daquilo
que é profano. O objetivo para investigar o porquê da repulsão que o homem a-religioso
mantém perante o Sagrado juntamente com sua adesão ao profano, para que então se
pusesse a traçar uma retomada do simbolismo religioso na contemporaneidade, foi
alcançado. Embora não se tenha feito muito o uso de exemplos acerca da cultura das
religiões, e por ser um tema religioso, não foi possível aprofundar alguns assuntos
específicos com a cosmovisão de cada religião, mas sim uma sintética geral.
Aprofundou a questão proposta não fugindo da realidade, sem o preceito de querer
responder tais questionamentos que foram feitos com o intuito de levar a um
esclarecimento individual sobre o assunto. Proporcionou grandes conhecimentos
acadêmicos, mas, sobretudo religioso com ênfase na dimensão sacra do sagrado.
Espera-se um aprofundamento ainda maior sobre este assunto na perspectiva de cada
religião com pesquisas, estatísticas de como porta-se a determinar na
contemporaneidade.
Referências