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DIVINDADE

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... .. 02

Cap. 1 O CONCEITO DE DEUS ....................................................................................................... . 02

Cap. 2 CONCEPÇÕES TEOLÓGICAS SOBRE DEUS ................................................................... . 09

Cap. 3 A EXISTÊNCIA DE DEUS .................................................................................................... . 18

Cap. 4 O CONHECIMENTO DE DEUS ........................................................................................... . 21

Cap. 5 A NATUREZA DE DEUS ...................................................................................................... . 25

Cap. 6 OS ATRIBUTOS DE DEUS .................................................................................................. . 28

Cap. 8 A TRIUNIDADE DE DEUS .................................................................................................. . 32

Cap. 9 A ADORAÇÃO A DEUS ....................................................................................................... . 40

CONCLUSÃO ......................................................................................................................................... . 41

1
INTRODUÇÃO

Conta-se que uma noite, a bordo do navio, os soldados de Napoleão discutiam sobre a origem do nosso
mundo, mas passavam por alto o Criador. Eram ruidosos e arrogantes em sua incredulidade. Passando por ali
e ouvindo por acaso a conversação, Napoleão apontou para as estrelas, que resplandeciam contra o negro
firmamento, e fez-lhes uma pergunta simples: "cavalheiros, podem me dizer quem as fez?" Eles
emudeceram. A perplexidade que lhes acometeu bem ilustra o que disse Abraham Lincoln: Posso
compreender como seria possível um homem olhar com ares de superioridade para a terra e ser um ateu, mas
não posso conceber como poderia levantar os olhos para o céu e dizer que Deus não existe".
Conhecer a Deus é salvação (João 17:3). Deus, porém, é de natureza infinita e ilimitada; e o
homem, finito e limitado como é, em capacidade e entendimento, só consegue entender coisas finitas e
limitadas. Logo se vê, de princípio, que tentar conhecer a Deus por nossa própria sabedoria seria o
equivalente a tentar despejar toda a água do oceano numa pequenina taça. Simplesmente impossível.
Se o homem, contudo, não consegue subir até Deus; Ele, em Sua incompreensível bondade e
misericórdia, toma a iniciativa e desce até onde o homem está. Dar-Se a conhecer; manifesta-Se. A esse
conhecimento de Si mesmo e de Sua vontade que Deus em Sua infinita bondade condescende a dar às Suas
criaturas, chamamos Revelação.
Existem duas classificações básicas de revelação. Por um lado, a revelação geral é a comunicação de Si
mesmo que Deus dá a todas as pessoas em todas as épocas e em todos os lugares. Por outro lado, revelação
particular diz respeito à comunicação específica que Deus dá de Si mesmo a pessoas específicas, em tempos
específicos e lugares específicos. Essa segunda forma, só se acha disponível hoje pela consulta a
determinado escrito sagrado, a Bíblia.

CAPÍTULO I

O CONCEITO DE DEUS

Teologia é a disciplina que estuda Deus e Suas obras. Note que ela se distingue da Ética (defina),
mesmo da Ética Cristã; da Religião (exteriorização do meu relacionamento com Deus); e da Filosofia
(tentativa de conhecer todas as coisas só pelo uso da observação e da razão, sem partir de Deus e Sua
Palavra, e nunca podendo trazer ninguém a Cristo (1Cor. 1:21; 2:6-8).
Só existe um único Deus verdadeiro, Criador do Universo. Foi Ele quem fez os homens conforme
Sua imagem e semelhança. Os deuses falsos não são deuses na realidade, mas caricaturas, arremedos e
imitações grosseiras da Divindade. Na melhor das hipóteses, alucinações da mente humana pervertida pelo
pecado, em seu anseio de criar um deus conforme à imagem e semelhança humana. O Deus verdadeiro é o

2
Criador; os deuses falsos, criatura do engenho humano. O Deus verdadeiro fez o homem; os deus falsos
foram feitos pelo homem.

Definição

no qual todas as coisas têm origem, preservação e infinito-eterno-imutável em seu ser,

absoluto, infinito, eterno, perfeito, onipotente, onisciente, o bem

A) Definição Filosófica de Platão:


Deus é o o começo, o meio e o fim e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa
eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo,
santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a
origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem.

B) Definição Cristã do Breve Catecismo:


Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade
e verdade.

C) Definição Combinada:
Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas tem sua origem, sustentação e fim (João
4:24; Nee. 9:6; Apoc. 1:8; Isa. 48:12; Apoc. 1:17).

D) Definições Bíblicas:
As expressões "Deus é Espírito" (João 4:24) e "Deus é Luz " (I João 1:5), são expressões da natureza
essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é amor" (I João 4:7) é expressão de Sua personalidade. (I
Tim.6:16)
Esses atributos de Deus poderiam ser admitidos por todas as religiões e aceitos ainda que para negar a
existência divina pelos ateus.
derivação da palavra portuguesa é do latim Deo, Dii. Quanto ao conceito cristão sobre Deus, a Bíblia
é nossa única fonte de informação. Em suas páginas encontramos a auto-revelação de 1

O Mistério de Deus. Deus é proposto pela razão e pelo sentimento como explicação do universo, da
origem do homem, dos valores e da moral verdade, bem, justiça, amor. Assim, se Deus existe, deve ser
diferente de tudo e superior a tudo aquilo que se pretende explicar com sua existência, superior inclusive à
razão humana, para a qual constitui um mistério. Apesar disso, é possível chegar, pela razão ou pela fé, à
convicção da existência de Deus e mesmo a uma definição e a uma descrição dele. Qualidades que se

1
J. D. Douglas, O Novo Dicionário da Bíblia, art.

3
atribuem a Deus, como infinitude e onisciência, no entanto, são apenas analogias com conceitos que a razão
humana pode admitir: a essência de Deus é misteriosa para o homem. Até mesmo os que afirmam ter
contemplado Deus consideraram a experiência indescritível em termos humanos.
Se Deus fosse transparente e compreensível ao entendimento humano, seria apenas uma criatura a mais,
algo pertencente ao mundo, e não a razão última de todas as coisas. A idéia genérica de Deus é, pois, um
símbolo que indivíduos, grupos e culturas usam de várias formas e com significações distintas, para indicar e
exprimir sua visão daquilo que se poderia denominar realidade última.

O Conceito de Deus nas Religiões Mundiais


Deus, o ser supremo, princípio gerador do mundo nas religiões. Para o monoteísmo, um único Deus é o
criador e origem de todas as coisas existentes, sendo descrito com atributos de perfeição: infinitude,
imutabilidade, eternidade, bondade, conhecimento e poder.
Deus pode ser transcendente isto é, estar acima do mundo ou imanente, presente em todo o
universo. Nas grandes religiões monoteístas, Deus é venerado como uno, como a suprema unidade criadora
de todas as coisas. O politeísmo ou crença em várias divindades, atribui a cada uma delas influência nas
diferentes ordens do universo.
Para o judaísmo, o ser humano foi feito à imagem e semelhanç de Deus (Jeová). A compreensão
hebraica de Deus é essencialmente antropomórfica e inclui a idéia de que Deus é rei, juiz e pastor.
O cristianismo assumiu o Deus hebraico e, com o tempo, as escrituras judaicas se tornaram no Antigo
Testamento para os cristãos. No Novo testamento, Jesus foi enaltecido como pastor divino, criando-se,
assim, tensão com a tradição monoteísta do judaísmo. A solução para o problema foi o surgimento da
doutrina - existente em outras crenças anteriores - de Deus trino, a Trindade. O Espírito Santo a igreja
cristã ocidental afirma que o Espírito Santo provém do Pai e do Filho enquanto a oriental garante proceder só
do Pai, controvérsia do filioque que deu origem ao cisma entre as igrejas cristã romana e cristã ortodoxa. O
Espírito Santo é a Graça e é sobrenatural e transcendente. Aliás, quem encarna é o Filho, o que revela sua
imanência.
Para o Islã, Deus é Alá, pessoal, transcendente e único. Sua representação é proibida em qualquer forma
, e Maomé é seu

No hinduísmo, o Ser sagrado é Brahma, realidade única, eterna e absoluta. São reconhecidos muitos
deuses, mas todos são manifestações de Brahma. Os três deuses principais,encarregados da criação,
preservação e destruição, unem-se em Trimurti, ou os três poderes, antecedente da Trindade cristã.
A Realidade Última, ou Ser Sagrado, constitui a ordem cósmica impessoal. No budismo mahayana da
China e do Japão, o próprio Buda foi transformado em ser divino. O politeísmo se desenvolveu no Egito,
Mesopotâmia, Grécia e Roma, a partir da crença em várias forças espirituais: o animismo. 2

2
Enciclopédia Encarta 2000 .
4
Tradição metafísica. Na civilização ocidental, a idéia de Deus está profundamente marcada pela
influência que a cultura grega exerceu em sua formação. Desde seus primórdios, a filosofia grega dedicou-se
a procurar resposta às perguntas: qual a explicação para a unidade do mundo sensível? O que explica a
ordem do universo e o fato de que ele não se transforme em caos? Qual é a realidade permanente que está no
fundo da transitoriedade de tudo o que ocorre no tempo? Tais perguntas revelam uma intuição fundamental
da cultura grega: os processos de mutação por que passa o mundo material se dão sobre uma unidade básica,
estável e atemporal.
A resposta que, de início, pareceu mais simples aos pensadores gregos afirmava que o sensível
permanece contínuo e integrado por ser a expressão material e diversificada de uma única substância
fundamental. Mais tarde, Parmênides e Heráclito afirmaram que a unidade do mundo não reside no próprio
mundo, mas numa instância suprema que, sem ser material e sensível, consiste em ordem e unidade. O Ser,
segundo Parmênides, e o logos, segundo Heráclito, não são substâncias, mas entidades de natureza
puramente intelectual que só podem ser apreendidas pelo pensamento, mas não apreendidas pelos sentidos.
Assim, o que se vê é explicado pelo que não se vê, o material é elucidado pela idéia e os processos temporais
adquirem transparência pela mediação da mente. Em Platão e Aristóteles essa tendência teve as mais
perfeitas formulações de que era capaz a mentalidade grega.
Essa maneira de entender Deus torna-se, assim, transparente: Deus é o símbolo para a idéia mais alta, o
fundamento de tudo o que existe e o princípio lógico que permite entender o que existe. A visão de Deus
confunde-se assim com a mais alta forma de intuição intelectual. É ele o primeiro princípio sobre o qual a
existência e a explicação do mundo se assentam.
A questão da existência de Deus se torna então absolutamente fundamental, porque dela dependem não
só a existência do cosmos (ordem) como também a possibilidade de seu conhecimento. Essa exigência
científica constitui base para a formulação dos tradicionais argumentos da existência de Deus e de toda a
teologia natural. São eles o argumento cosmológico, o teleológico e o ontológico.
Argumento cosmológico. Ao contemplar o universo, a mente humana formula as perguntas que qualquer
outro fenômeno lhe sugere. De onde vem? Que força o produziu? Ora, o cosmo não contém em si mesmo a
resposta para a pergunta sobre suas origens. A explicação do cosmo se encontra fora dele, numa causa
primeira, não causada, Deus. A primeira elaboração filosófica desse argumento se encontra em Platão. Seu
ponto de partida é o movimento, que embora possa ser classificado de várias formas, em última análise é
redutível a dois tipos: movimento espontâneo e movimento comunicado.
O movimento espontâneo deve obrigatoriamente anteceder ao movimento comunicado, pois somente se
ele já existir poderá ser depois comunicado. A matéria é inerte e só se move em decorrência de uma força
exterior. No homem, somente a alma é fonte de movimento espontâneo. Essa é a razão por que, sem a alma,
o corpo é morto. De forma análoga, todos os movimentos no universo que não decorrem da ação direta do
homem têm de ser explicados por referência a uma fonte maior de movimento espontâneo: a alma do mundo.
Considerando que todos os movimentos do cosmo são ordenados e racionais, conclui-se que a alma do
mundo é racional e boa.

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Argumento teleológico. A decifração de um dos mais fascinantes enigmas do universo é tentada pelo
argumento teleológico da existência de Deus. Que os homens, capazes de ter e expressar desejos, sejam
capazes de agir com uma intenção e consciência teleológicas, isto é, dirigidas para um objetivo, é explicável.
Entretanto, como se poderá entender que os animais e mesmo vegetais, sem nenhuma idéia consciente de
finalidade, sejam capazes de agir na direção de propósitos que eles mesmos desconhecem?
Do ponto de vista da experiência humana, o comportamento intencional só pode ser explicado por
referência a uma mente e a uma vontade que o orientem. Portanto, só admitindo que o universo é governado
por uma mente se poderá explicar a teleologia que se observa nos níveis inconscientes da realidade. Esse
argumento se encontra em santo Tomás de Aquino e em reformulações posteriores, das quais as mais
influentes são as de Alfred North Whitehead e Teilhard de Chardin.
Argumento ontológico. O pensamento idealista, que desde Platão tem sido uma das principais vertentes
do pensamento ocidental, explica a existência de Deus com o argumento ontológico. Esse argumento se
baseia no princípio segundo o qual aquilo que é necessário do ponto de vista lógico é também necessário do
ponto de vista ontológico, ou seja, tudo o que é impossibilidade lógica é também impossível no real. O real é
inteligível porque sua própria essência é racional.
O primeiro a elaborar o argumento ontológico de forma sistemática foi santo Anselmo, na obra
Proslogium (Premissa). Mesmo o tolo, que em seu coração afirma não existir Deus, tem na mente uma idéia
de Deus, pois em caso contrário não poderia negar essa idéia. Deus é o mais alto pensamento possível,
"aquilo que de maior nada pode ser pensado". Tal idéia não pode existir no intelecto apenas, pois, se assim
fosse, um conceito maior seria possível, ou seja, o de um ser existente que, além dos predicados pensados
pela mente, tivesse um outro, o da existência. Logicamente, santo Anselmo conclui, o mais alto pensamento
possível não pode existir na mente apenas e corresponde a um ser existente. 3
Tradição hebraica. A outra tradição que, ao lado da grega, entrou na formação da civilização ocidental
foi a hebraica. Sua atitude em face do mundo era profundamente diferente da helênica. A mentalidade grega
era dominada pela busca dos fundamentos do Ser. Sua preocupação última era encontrar o logos explicativo
do real. A mentalidade hebraica, ao contrário, não se originou de uma atitude especulativa e intelectual. Os
estudiosos em geral concordam em que foi o êxodo a experiência determinante das categorias de razão
peculiares ao povo hebreu.
O êxodo foi uma crise decisiva que marcou a transição de uma situação de cativeiro para uma de
liberdade: experiência ética e, em última análise, política. É isso o que explica o fato de estar o nome de
Deus sempre ligado a esse evento, no universo lingüístico da Bíblia. Falar sobre Deus é referir-se ao poder e
à intenção que libertaram um bando de escravos, transformando-o num povo possuído pelo senso de
identidade e de destino.
Assim, o Deus de Israel é o Deus do êxodo. Ele não é o princípio último de inteligibilidade do real,
atemporal e imutável, que ao explicar a racionalidade do mundo tende sempre a justificá-lo. Ao contrário, ele
é vontade que faz história por meio de crises que dissolvem o presente, abrindo-o para um futuro novo.

3
Tomás de Aquino, Summa Teológica.

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Esse evento e esse símbolo passaram a ser o modelo para a compreensão de tudo o que ocorre na história.
São eles o ponto de partida para a lógica hebraica e a base de suas categorias de pensamento.
Tradição científico-tecnológica. O início da época moderna é marcado por uma mudança radical na
atitude do homem em face do mundo. O ideal de conhecimento explicativo e contemplativo dá lugar à
preocupação prática de dominar a natureza. Conhecer não é procurar a essência dos fenômenos, mas
manipular a matéria. Conhecer é saber das condições necessárias para que certos eventos se dêem. O critério
de verificação da validade de uma teoria científica passou a ser sua capacidade para prever adequadamente o
comportamento da matéria, porque só então ela funciona como instrumento para o controle da natureza. O
verdadeiro se identifica com o prático.
Quais foram as conseqüências dessa mudança para o significado de Deus? Num mundo em que o
conhecimento se define em termos pragmáticos, parece evidente que o objetivo de controle só é atingido na
medida que o homem elimina todos os imponderáveis e, entre eles, Deus. Na verdade, Deus já não pode ser
usado como hipótese explicativa, dentro da lógica física, astronômica, tecnológica ou mesmo biológica. Deus
deixou de ter a função explicativa que possuía no universo intelectual grego. Gradualmente, Deus foi
empurrado para fora dos limites do mundo conhecido. Ao avanço da explicação científica correspondia o
recuo de Deus, que foi relegado aos setores ainda obscuros da realidade.
Ao lado disso, o empirismo é incompatível com as bases sobre as quais se assentavam os argumentos
tradicionais da existência de Deus. Se, de acordo com o empirismo, todas as idéias têm origem nas
sensações, o critério para a verificação de sua validade é sua correspondência a um objeto sensível definido.
Assim sendo, todas as idéias que não correspondam a objetos da experiência sensível devem ser rejeitadas
como ilusões. Como não há nenhum conteúdo sensível que corresponda a Deus, isto significa que Deus é
nada mais que uma forma de consciência falsa. A necessidade lógica deixou de ter uma necessidade
ontológica e passou a ser considerada como simples processo psicológico de associação de idéias, enquanto
que a razão foi destituída de sua significação metafísica e passou a ser encarada como cópia passiva do
sensível.
A mente, dessa forma, foi proibida de se aventurar além dos limites da experiência e com isso a
linguagem acerca de Deus foi também proibida. Como diriam os positivistas lógicos, o conceito Deus não é
verdadeiro nem falso, ele é "destituído de significação", por não se referir a nenhum conteúdo sensível da
experiência. Aquilo que está para além da experiência não pode ter nenhuma significação dentro do círculo
por ela limitado.
Em suma, a tradição científico-tecnológica criou, na expressão muito sugestiva do pensador alemão
Heinrich Rickert, um "problema habitacional para Deus", pois o eliminou como objeto de conhecimento. Ela
não tem condições para negar nem para afirmar a existência de Deus, ou, mais precisamente, é a eliminação
de Deus como hipótese explicativa do mundo que permite a explicação científica deste.
Teologia como antropologia. O ideal de objetividade e a compreensão da mente como simples cópia do
real vêm sendo abalados no período contemporâneo. Para a psicanálise, o vasto campo das representações
simbólicas inconscientes não pode ser compreendido segundo a lógica empirista que confere verdade aos
símbolos em função de sua correspondência a conteúdos sensíveis objetivos: os sonhos não podem ser
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interpretados segundo essa lógica, porque os símbolos, ao contrário dos signos que simplesmente apontam
para certos objetos da experiência consciente, são maneiras pelas quais o homem representa para si mesmo
as relações vividas de forma inconsciente com o mundo.
A partir de Kierkegaard, o existencialismo muito contribuiu para mostrar que a consciência, longe de ser
algo semelhante a uma câmara fotográfica que copia "o que" lhe é dado, revela também o "como" de sua
relação existencial com a realidade. Mesmo para a ciência, a maneira de ver objetivamente é condicionada
pelas atitudes valorativas que se encontram no próprio início da vida consciente. O homem, assim, não pode
ver o mundo de forma desinteressada; sua visão é determinada por sua vida mental, que gira em torno de
uma matriz emocional.
Essa mudança de perspectiva tornou possível a recuperação do símbolo Deus como algo carregado de
significação. Não mais como signo que aponta para um objeto que transcende a experiência, passou-se a ver
nele um símbolo cujo conteúdo é a própria condição do homem. O estudo do significado de Deus em nada
difere da interpretação dos sonhos. Como sugeriu Feuerbach em Das Wesen des Christentums (1841; A
essência do cristianismo), Deus é o diário secreto em que o homem coloca suas mais altas idéias sobre si
mesmo. O segredo da teologia é a antropologia, porque teologia é uma forma simbólica, projetada, pela qual
o homem fala sobre si mesmo.
Friedrich Schleiermacher já havia chegado a uma conclusão semelhante em Der christliche Glaube
(1821-1822; A fé cristã), ao afirmar que o símbolo Deus não se refere a um objeto, mas antes a uma forma de
sentimento: "Estar em relação com Deus é o mesmo que a consciência de absoluta dependência." O mesmo
critério antropológico é ainda encontrado em Paul Tillich, quando identifica Deus com a preocupação última
do homem, e em Rudolph Bultmann, quando afirma que cada afirmação sobre Deus é, ao mesmo tempo,
uma afirmação a respeito do homem e vice-versa.
Esse critério, no entanto, implica total subjetivismo. Como Rudolf Otto observa em sua fenomenologia
do divino, em Das Heilige (1917; O sacro), a consciência tem sempre um ponto objetivo de referência. A
consciência não existe em si, mas é sempre uma forma de relação: "consciência de". A consciência de Deus,
portanto, se é essencialmente um fato antropológico, não pode confundir-se com uma produção ou ilusão da
consciência. Deus é o nome de uma relação realmente vivida.
Morte de Deus. A proclamação nietzschiana da morte de Deus deve ser entendida dentro do quadro
acima descrito. Ela nada tem a ver com o empirismo e o positivismo, próprios da mentalidade científico-
tecnológica. Que significa dizer que Deus está morto? Nietzsche percebeu que, para a civilização ocidental,
Deus era um nome que simbolizava valores que não mais representavam as relações vividas entre o homem e
seu mundo. Deus era uma forma taquigráfica de referir a negação da história, da liberdade, do futuro e da
própria vida. Sua proclamação da morte de Deus tem por objetivo indicar a decadência cultural de uma
civilização que adotou valores contrários à vida e os batizou com o nome de Deus. A morte de Deus é sua
forma de se referir à agonia da civilização ocidental. Em Nietzsche essa proclamação ganha caráter ético,
pois, a menos que Deus morra, o homem não terá condições para reconstruir a civilização sobre novas bases.

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A chamada teologia da morte de Deus, em voga na década 1950-1960, não tem a profundidade da
proclamação de Nietzsche; reflete, em larga medida, as influências do positivismo lógico, do empirismo, da
ideologia da secularização e do cientificismo.
Ressurgimento da metafísica. A mais recente doutrina surgida no Ocidente sobre Deus inspira-se em
concepções muito antigas de origem hindu. O avanço do estudo das religiões comparadas e do simbolismo
religioso e esotérico de todas as civilizações permitiu o surgimento de uma nova escola metafísica e
teológica, que alguns chamam tradicionalista (designação que não agrada a seus próprios membros). Os
representantes mais destacados dessa corrente são René Guénon, Ananda K. Coomaraswamy, Frithjof
Schuon, Titus Burckhardt, Seyyed Hossein Nasr, Martin Lings e Leo Schaya.
A variedade de suas origens nacionais e religiosas é significativa: eles procuram expor a unidade da
doutrina metafísica que se oculta por trás da multiplicidade de símbolos das várias religiões e tradições
espirituais, do hinduísmo ao Islã, do taoísmo à religião dos índios sioux, e identificam a idéia de Deus com a
Possibilidade Universal, que, como fundamento do conceito de probabilidade, é indispensável mesmo a uma
explicação científica da realidade. Com base nisso, rejeitam categoricamente tanto as limitações criadas pelo
empirismo quanto a teologia "sentimental" e antropológica, condenando-as, e também à psicanálise e ao
nietzscheísmo, como meras expressões da crise psicológica de uma civilização que perdeu o senso da
unidade do real.

Capítulo II
CONCEPÇÕES TEOLÓGICAS SOBRE DEUS

Existem algumas concepções sobre o ser e o modo de agir de Deus que o teólogo não deve
desconhecer. Apresentamos neste breve prospecto as mais relevantes delas. 4

Panteísmo
Dos filósofos gregos à filosofia contemporânea, o panteísmo assumiu ao longo da história várias
formas doutrinárias, sempre polêmicas.
Definição. Panteísmo (do grego pan, "tudo", "todas as coisas", e theós, "deus") é a doutrina que
afirma a identidade substancial de Deus e do universo, os quais formariam uma unidade e constituiriam um
todo indivisível. Para os panteístas, Deus não é transcendente ao universo e dele não se distingue nem se
separa. Pelo contrário, é-lhe imanente, confunde-se com ele, manifesta-se nele e nele se realiza como uma só
realidade, total e substancial.
O panteísmo é um monismo substancialista imanentista. Monismo porque pretende que o conjunto
de todas as coisas pode ser reduzido à unidade; substancialista por entender que todo o real é de caráter
substancial, ou seja, é substância; e imanentista porque sua afirmação de que Deus é imanente à natureza
implica que a ação de Deus se confunde com a da natureza. As formas doutrinárias panteístas mais

4
Os conceitos foram extraídos dos respectivos verbetes da Enciclopédia Barsa.

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importantes e significativas se encontram no panteísmo clássico, que considera Deus a única realidade, e o
universo uma mera manifestação de Deus. O panteísmo materialista ou naturalista parte do universo para
Deus, e vê no universo a própria realidade de Deus, que nada mais seria do que a totalidade das coisas que
existem, das quais depende para realizar-se.
Entre o panteísmo clássico e o naturalista existem muitas versões diferentes do panteísmo, desde o
panpsiquismo, que atribui consciência à natureza como um todo, até o panteísmo acósmico, que vê o
universo como mera aparência, irreal em última instância; e numa vasta gama que vai da corrente racional
neoplatônica, ou emanacionística, à corrente mística e intuitiva. O panteísmo oriental acentua o caráter
vivencialmente religioso: toda a natureza está animada pelo alento divino, e por isso é como se fosse o corpo
da divindade, que como tal deve ser respeitada e venerada. As doutrinas hinduísta e budista combinam os
diversos tipos de panteísmo em seus livros sagrados: no Upanishad, no Bhagavadgita e nos Vedas. Este
último apresenta a imagem da divindade como um mar, em que os seres são as ondas que participam da
totalidade.
Sistemas clássicos. A forma assumida pelo panteísmo clássico vê no mundo simples emanação,
revelação ou realização de Deus, sem realidade própria independente, nem substância permanente, que não
sejam a própria substância e demais atributos de Deus. Para os estóicos, o universo é o próprio Deus, como
qualidade de toda substância existente ou a existir, imortal e não gerado, criador da ordem universal, que em
si consuma toda a realidade e a gera continuamente. Deus "impregna todo o universo e toma vários nomes
conforme as matérias diferentes em que penetra". No século III da era cristã, o panteísmo assume sua forma
mais elaborada no neoplatonismo de Plotino. O mundo emana necessariamente de Deus, tal como a luz
emana necessariamente de sua fonte. O ser gerado existe junto com o gerador, dele não se separa e é
meramente sua parte ou aspecto.
No século IX, no início da escolástica cristã, João Escoto Erígena defendeu a idéia de que Deus
seria supersubstância, da qual emana o universo, como substância simples, como manifestação sua, como
teofania. Na Renascença, Giordano Bruno retomou as idéias neoplatônicas e considerou Deus como
natureza, como causa e princípio do universo.
Sistemas modernos. Modernamente, foi Spinoza que concebeu a forma mais completa e elaborada
do panteísmo. Deus e natureza são a mesma coisa, mas enquanto Deus é naturante, a natureza é naturata
(gerada). O universo não só é a emanação e a manifestação de Deus, mas é sua própria realização, na ordem
de todas as coisas.
Hegel denominou o panteísmo de Spinoza de "acosmismo" (negação da existência de um universo
fora de Deus). Segundo ele, Spinoza não confunde Deus com a natureza e com o universo finito, nem
considera Deus o universo. Pelo contrário, nega a realidade do universo, vendo em Deus a única realidade.
Na filosofia contemporânea há exemplos de doutrinas panteístas e místicas, ainda que em pensadores
voltados para outros campos do conhecimento, como Henri Bergson em Les Deux sources de la morale et de
la religion (1932; As duas fontes da moral e da religião), embora tal panteísmo tenha sido negado por seus
intérpretes católicos. Outro exemplo é Alfred North Whitehead, em Process and Reality, an Essay in
Cosmology (1929; Processo e realidade, um ensaio de cosmologia). Os críticos do panteísmo acusam-no de
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ser uma espécie de ateísmo, que nega a pessoalidade de Deus, como anterior, superior e externo ao próprio
universo.

Deísmo
Segundo Louis de Bonald, pensador francês que se opôs à revolução de 1789, deísta é quem não
teve tempo de chegar a ser ateu; mais de um século depois, seu compatriota Paul Hazard afirmaria que é
quem não quis chegar a ser ateu. As duas opiniões ilustram a controvérsia em torno do deísmo.
Definição. Deísmo é a denominação genérica dada às doutrinas filosóficas e religiosas, surgidas
sobretudo no fim do século XVII, que afirmavam a existência de Deus como exigência da razão,
independentemente de qualquer revelação, histórica e positiva, e a partir da identificação da razão com a
natureza. O conceito coincide com o teísmo no fato de admitir a existência de um Ser Supremo, criador do
mundo e diferente dele; mas difere do teísmo ao considerar que a responsabilidade desse deus em relação ao
mundo é unicamente a de lhe haver dado leis: uma vez realizado o ato de criação, não se ocupa do mundo -
abandonado a suas próprias leis físicas - nem pede nenhum culto por parte dos homens. Tais formulações,
contudo, não são comuns a todos os pensadores que foram chamados deístas. Nem se pode dizer que estes
elaboraram um corpo doutrinário específico.
Raízes do deísmo. De uma perspectiva histórica, o deísmo é um fenômeno cultural típico dos
séculos XVII e XVIII, que se enraíza no humanismo antropocentrista do Renascimento - o qual deslocou de
Deus para o homem o interesse cultural -, no cientificismo então nascente, no racionalismo e no empirismo.
Os representantes dessa tendência compartilhavam tanto a confiança na capacidade da razão como
a suspeita quanto a tudo o que pretendesse superá-la. De igual modo, acreditavam numa forma de religião
natural, isto é, aceitavam a existência de um substrato religioso que podia ser captado racionalmente, mas
negavam qualquer fator sobrenatural e consideravam que tudo o que se podia conhecer desse Ser Supremo
era sua própria criação, a natureza, na qual o homem devia buscar suas normas de conduta.
Nem todos os pensadores deístas, contudo, coincidiam nas posturas filosóficas e religiosas, nem
chegavam ao postulado extremo de que Deus carecesse totalmente de relações com o mundo. Em muitos
aspectos, portanto, o deísmo era uma forma de justificação racional do sentimento religioso, que se opunha
ao recurso à fé e à revelação.
Histórico. O termo "deísmo" foi cunhado na França no século XVIII, mas as teses deístas já
haviam sido expostas na primeira metade do século anterior por Lord Herbert Cherbury, considerado o pai
do deísmo britânico. A difusão do deísmo na Inglaterra se deveu em boa parte à oposição tanto à Igreja
Anglicana como ao fanatismo puritano. Assim, o livre-pensador John Toland, autor do célebre tratado
Christianity not Mysterious (1696; Cristianismo sem mistérios), afirmou que "a autêntica religião não é
senão o exercício da moralidade considerada como obediência a Deus".
Voltaire divulgou na França as obras dos deístas ingleses. Contudo, a base empirista britânica foi
substituída por um fundamento mais próprio do racionalismo francês: à defesa do "grande arquiteto" do
universo acrescentou-se o anticlericalismo dos enciclopedistas. Assim, embora o próprio Voltaire acreditasse

11
numa forma de providência divina, outros pensadores franceses - como Diderot, que considerava "teístas" os
deístas ingleses - prontamente evoluíram para o ateísmo.
Na Alemanha, terceiro grande foco do Iluminismo europeu, o deísmo adquiriu matizes mais
acadêmicos. H. S. Reimarus considerava que a religião revelada nada pode acrescentar à religião natural,
caso contrário Deus estaria corrigindo sua própria obra. Kant, o mais importante filósofo alemão do século
XVIII, acentuou os aspectos éticos da religião natural e afirmou que os princípios morais não são produtos
da revelação, mas inatos à razão humana.
Em linhas gerais, portanto, o deísmo é menos uma doutrina estrita que uma tendência filosófica que
realça, em maior ou menor grau, a liberdade humana dentro do conjunto da criação.

Agnosticismo
A identificação do agnosticismo com o ceticismo filosófico, de um lado, e com o ateísmo
religioso, de outro, deu ao adjetivo "agnóstico", de uso muito amplo, uma pluralidade de significados que
induz à confusão.
Definição. O termo "agnosticismo" apareceu pela primeira vez em 1869 num texto do inglês
Thomas H. Huxley, Collected Essays (Ensaios reunidos). O autor criou-o como antítese ao "gnóstico" da
história da igreja, que sempre se mostrava, ou pretendia mostrar-se, sabedor de coisas que ele, Huxley,
ignorava. E foi como naturalista que Huxley usou do vocábulo. Com ele, aludia à atitude filosófica que nega
a possibilidade de dar solução a todas as questões que não podem ser tratadas de uma perspectiva científica,
especialmente as de índole metafísica e religiosa. Com isso, pretendia refutar os ataques da igreja contra o
evolucionismo de Charles Darwin, que também se havia declarado agnóstico.
Bases históricas. A definição de Huxley viria possibilitar diferentes concepções do agnosticismo. O
propriamente filosófico seria o que limita o conhecimento ao âmbito puramente racional e científico,
negando esse caráter à especulação metafísica. Tais concepções, que podem ser rastreadas já nos sofistas
gregos, tiveram formulação precisa, no século XVIII, nas teses empiristas do inglês David Hume, que negava
a possibilidade de se estabelecer leis universais válidas a partir dos conteúdos da experiência, e no idealismo
transcendental do alemão Immanuel Kant, que afirmou que o intelecto humano não podia chegar a conhecer
o númeno ou coisa-em-si, isto é, a essência real da coisa. O positivismo lógico do século XX levou ainda
mais longe essas afirmações, negando não só que seja possível demonstrar as proposições metafísicas mas
também que elas tenham significado.
No âmbito religioso, o agnosticismo tem sentido mais restrito. O agnóstico não nega nem afirma a
existência de Deus, mas considera que não se pode chegar a uma demonstração racional dela; essa seria, em
essência, a tese de Hume e de Kant, muito embora este considerasse possível demonstrar a existência de
Deus como fundamento da moralidade. Por outro lado, já na Idade Média a chamada "teologia negativa"
questionava a cognoscibilidade de Deus, se bem que para enfatizar que só era possível chegar a Ele pela via
mística ou pela fé. Essa seria uma das bases da "douta ignorância" postulada no século XV por Nicolau de
Cusa, e sua influência é visível em filósofos dos séculos XIX e XX, como o dinamarquês SØren Kierkegaard

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e o espanhol Miguel de Unamuno, os quais, embora admitam a necessidade de um absoluto, não aceitam sua
personalização.
Agnosticismo, ateísmo e ceticismo. Como se vê, a rigor não se pode falar de agnosticismo, mas de
agnosticismos e, melhor ainda, de agnósticos, já que existe notável variedade tanto no processo intelectual
pelo qual se chega às teses agnósticas, como na formulação dessas teses.
Em essência, o agnosticismo emana de uma fonte profundamente racionalista, isto é, da atitude
intelectual que considera a razão o único meio de conhecimento suficiente, e o único aplicável, pois só o
conhecimento por ela proporcionado satisfaz as exigências requeridas para a construção de uma ciência
rigorosa. E isso tanto no caso de doutrina que se mostre claramente racionalista -- é o que ocorre em relação
a Kant --, como no caso de filosofias nas quais o racionalismo oculte-se sob a aparência de positivismo ou
materialismo.
Como conseqüência, o agnosticismo circunscreve o conhecimento humano aos fenômenos
materiais, e rejeita qualquer tipo de saber que se ocupe de seres espirituais, transcendentes ou não visíveis.
Não nega -- nem afirma -- a possível existência destes, e sim deixa em suspenso o juízo, abstém-se de
pronunciar-se sobre sua existência e realidade e atua de acordo com essa atitude. Nessa ordem de coisas,
ainda que admita a possível existência de um ser supremo, ordenador do universo, sustenta que, científica e
racionalmente, o homem não pode conhecer nada sobre a existência e a essência de tal ser. É isso que
distingue o agnosticismo do ateísmo, pois este nega radicalmente a existência desse ser supremo.
Por outro lado, o agnosticismo se distingue também claramente do ceticismo, que, segundo a
formulação clássica do grego Sexto Empírico (século III a.C.), não se limita a negar a possibilidade do
conhecimento metafísico ou religioso, mas também a de tudo aquilo que vá além da experiência imediata.
Assim, o ceticismo, pelo menos em seu grau extremo, não é compatível com a ciência positiva.
No século XX, "agnosticismo" tende a ser interpretado como um posicionamento diante das
questões religiosas. Nesse sentido, costuma-se distinguir entre um agnosticismo em sentido estrito e outro
"dogmático": o primeiro sustentaria que é impossível demonstrar tanto a existência quanto a inexistência de
Deus; o segundo se manifestaria em favor da primeira, mas negaria que se possa chegar a conhecer alguma
coisa a respeito do modo de ser divino. Esta última via é a habitualmente defendida pelos pensadores que
postulam um caminho místico ou irracional de abordagem do absoluto.

Ceticismo
A verdade não existe; se existisse, seria impossível conhecê-la; e ainda que se pudesse conhecê-la,
seria impossível comunicá-la. Essa fórmula resume os princípios do ceticismo e orienta a reflexão sobre os
fundamentos e limites do conhecimento.
Definição. Ceticismo é uma doutrina filosófica segundo a qual, do ponto de vista teórico, não se
pode conhecer a verdade e, do ponto de vista prático, só se chega à felicidade, entendida como ausência de
inquietação (ataraxia), pela suspensão de todo juízo. Caracterizado por uma atitude que repele os dogmas, o
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ceticismo busca demonstrar a inconsistência de qualquer afirmação. A única posição justa é a recusa em
assumir qualquer posição. A atitude cética, no entanto, não deve ser interpretada como indiferença: ela
representa um esforço ativo por manter no espírito o equilíbrio entre as representações da realidade e as
opiniões sobre essas representações.
Origens. O fundador do ceticismo antigo foi o filósofo grego Pirro de Élida, no século III a.C.
Aceitando a distinção entre o que é verdadeiro por natureza e o que é verdadeiro por convenção, Pirro admite
que as coisas existam por si mesmas e que tenham uma natureza, mas não que elas sejam acessíveis ao
conhecimento. Não existem, portanto, coisas belas ou feias, boas ou más, verdadeiras ou falsas por natureza,
mas somente por convenção ou costume. Nossos juízos sobre a realidade dependem de sensações, que são
instáveis e ilusórias. O autêntico sábio, portanto, deve praticar a suspensão do juízo (epokhe), estado de
repouso mental em que predomina a insensibilidade (apathia), em que nada se afirma e nada se nega
(aphasia), de modo a atingir a felicidade pelo equilíbrio e pela tranqüilidade (ataraksia).
Partindo do princípio platônico de que não há ciência possível no mundo sensível, os filósofos
gregos Arcesilau (século III a.C.) e Carnéades (século II a.C.) praticaram uma forma moderada de ceticismo.
Ambos admitem a hipótese de que há opiniões mais ou menos prováveis e contestam a doutrina dos estóicos,
para quem a verdade é evidência direta, ou seja, existe harmonia entre as representações e as coisas
representadas.
No século I a.C., Enesidemo sistematizou as teses céticas sobre o caráter efêmero e a não-
confiabilidade dos juízos e empreendeu uma crítica dos poderes limitados da razão. Organizou em dez tropos
os argumentos céticos que recomendam a suspensão de todo juízo. A instabilidade dos juízos deve-se a
diferenças entre (1) espécies de seres animados; (2) classes de homens; (3) sensações; (4) disposições
humanas; (5) posições no espaço; (6) diversos meios interpostos entre os sentidos humanos e os objetos; (7)
estados mutáveis do próprio objeto; (8) relações das coisas entre si e entre o sujeito e as coisas que ele julga;
(9) número de encontros entre o sujeito e os objetos que ele julga; e (10) tipos de educação, costumes, leis,
crenças e opiniões dogmáticas do sujeito.
A principal fonte de informação a respeito do ceticismo antigo são os escritos do astrônomo e
médico grego Sexto Empírico, que viveu nos séculos II e III da era cristã. Sua formação levou-o a valorizar a
observação prática e a busca de juízos com maior probabilidade de validade. Segundo Sexto, os argumentos
do ceticismo contra os dogmáticos são: (1) o caráter relativo das opiniões; (2) a necessidade de uma
regressão ao infinito para encontrar-se o primeiro princípio, no qual todos os outros se sustentam; (3) o
caráter relativo das percepções; (4) toda demonstração se funda em princípios que não se demonstram, mas
se admitem por convenção; e (5) demonstrar algo supõe no homem a faculdade de demonstrar e a validade
da demonstração.
Fora da antiguidade greco-romana, a identificação de elementos céticos em outras doutrinas
filosóficas é uma questão sutil e controversa. De modo geral, pode-se dizer que a filosofia medieval, marcada
pela teologia, permaneceu praticamente fechada à dúvida cética. Posteriormente, a influência do ceticismo
pode ser apontada em pensadores tão diversos como o humanista cristão Pico della Mirandola, o matemático
Gassendi e o pré-iluminista Pierre Bayle.
14
Montaigne, no século XVI, voltou-se inquisitiva e reflexivamente contra o antropocentrismo
religioso e humanístico, que constituía a base da aspiração renascentista ao conhecimento racional universal.
No século XVIII, David Hume criticou as noções metafísicas de existência e substância e o princípio
racional da causalidade, sustentando que as relações de causa e efeito são indemonstráveis. Segundo Hume,
todo o conhecimento provém de percepções da experiência, que podem ser impressões -- dados diretos dos
sentidos ou da consciência -- ou idéias, que são combinações de impressões. No pensamento de Immanuel
Kant, contemporâneo de Hume, a influência dos argumentos céticos se manifesta, por exemplo, na distinção
entre fenômeno, que é objeto de conhecimento, e a "coisa em si", sempre inacessível à razão.
No século XIX, o dinamarquês Søren Kierkegaard criticou a teoria do conhecimento de Hegel,
amplamente difundida e acatada, argumentando que não se pode conhecer de modo absoluto e sistemático
uma realidade que é incompleta e mutável, e que a primeira das verdades é a incerteza. Suas idéias
constituíram o fundamento do existencialismo, uma das correntes filosóficas mais importantes do século XX.

Ateísmo
A definição de ateísmo como toda postura teórica ou de vida que negue a existência de Deus parece
ter significado preciso. O certo, porém, é que a própria diversidade das concepções humanas sobre Deus
envolve sua negação em um manto de inevitável ambigüidade.
Ao longo da história, o qualificativo "ateu" foi com freqüência empregado de modo pejorativo
contra pessoas ou comunidades que em nada correspondiam ao conceito moderno de ateísmo. Assim,
Sócrates, cujas concepções influenciaram decisivamente o desenvolvimento da espiritualidade ocidental, foi
acusado de ateu por não acreditar nas divindades atenienses. Sob outra perspectiva, o fato de uma pessoa que
não admite a existência de um Deus único, livre e pessoal afirmar sua crença em alguma outra realidade
transcendente, Deus ou Ser Supremo, muito possivelmente não abalará, no crente de uma fé monoteísta, a
convicção de que essa pessoa é atéia. Portanto, a compreensão do ateísmo exige uma análise do significado
histórico do termo, de suas relações com outras posturas filosóficas ou religiosas -- com as quais se
identificou ou a que se opôs e, em indissolúvel ligação com isso, das diferentes formas de ateísmo.
Ateísmo na filosofia ocidental. Antiguidade. A dificuldade de se aplicar o conceito atual de ateísmo
a pensadores de outras épocas se patenteia já no caso do primeiro filósofo grego conhecido, Tales de Mileto,
que identificava o princípio vital com a água; a depender de onde se põe a ênfase -- se na noção de princípio
ou na da água como entidade física --, tal afirmação pode ser entendida como transcendente ou como
meramente materialista. Entre os sofistas, Crítias denunciou as religiões como invenções dos políticos para
controlarem o povo e, no século III a.C., Evêmero esboçou uma interpretação racionalista da religião,
considerando os deuses como antigos heróis divinizados.
Platão achava que a pior forma de ateísmo é a das pessoas más, que esperam poder propiciar a
divindade mediante doações e oferendas que lhes justifiquem os descaminhos. Entre os ateus materialistas da
antiguidade, foram particularmente radicais os gregos Demócrito e Epicuro, assim como o romano Lucrécio.
De Epicuro é o célebre argumento: se Deus quer suprimir o mal e não pode, é impotente; se pode mas não
quer, é invejoso; se não quer nem pode, é invejoso e impotente; se quer e pode, por que não o faz? Para os
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estóicos, Deus, Razão, Destino e Natureza constituem uma mesma coisa; mas seu panteísmo fundamenta
uma calorosa e profunda religiosidade.
Renascimento e racionalismo. Na Idade Média esboçaram-se indícios de algumas posições atéias,
mas a organização política e social impediu que ganhassem formulação explícita. Foram as novas
concepções do Renascimento, com seus interesses antropocêntricos, sua volta à avaliação de todas as coisas
segundo a medida do homem, seu paganismo cultural, sua descoberta da natureza e do método científico, que
diluíram a concepção teológica medieval e orientaram numerosos pensadores para o materialismo, o
panteísmo ou o deísmo -- e da relação das duas últimas doutrinas com o ateísmo trataremos adiante.
Assim, entre os séculos XV e XVI, o italiano Pietro Pomponazzi negou a imortalidade da alma e,
veladamente, a existência de Deus. Seu compatriota Maquiavel separou a política da religião e considerou
esta última um instrumento do poder: Roma deve mais a Numa Pompílio, que lhe deu os primeiros
regulamentos religiosos, do que a seu próprio fundador, Rômulo. Outro italiano, Giordano Bruno, foi
queimado na fogueira em 1600, acusado de ateu por suas teses panteístas, nas quais identificava Deus com a
unicidade infinita. No século seguinte, o judeu holandês Baruch de Spinoza foi acusado de ateísmo por
assemelhar Deus à substância.
Iluminismo. O movimento cultural do século XVIII conhecido como Iluminismo apresentava-se
como continuação do Renascimento em seu racionalismo e antropocentrismo, embora a medida humana já
não fosse a do sábio ou a do artista, mas a de todo cidadão, a quem se dirigia a Enciclopédia. Os ingleses
adotaram o deísmo o Deus da razão meramente humana; David Hume, como empirista, rejeitou toda
metafísica e, portanto, as provas racionais da existência de Deus, mas declarou aceitar, como homem, a
irracionalidade da fé, gerada pelo medo do desconhecido. Os franceses seguiram duas correntes distintas: a
mais radical, a do materialismo ateu, era representada por Denis Diderot, entre outros, e a corrente deísta foi
significativamente exposta por Voltaire, para quem Deus era o "Geômetra Eterno". Na Alemanha, Kant
negou a possibilidade da prova metafísica da existência de Deus. A religião de Hegel era pura
intelectualidade, tendo sido interpretada como teísta, como panteísta e como atéia.
Ateísmo moderno. A partir de meados do século XIX, o ateísmo se tornou mais explícito e
militante. O alemão Ludwig Feuerbach subverteu a dialética hegeliana, concedendo primazia à sensação
frente à razão. Paralelamente, inverteu a relação Deus-homem. Não foi Deus que criou o homem a sua
imagem e semelhança; foi o homem que projetou suas melhores qualidades sobre a tela do conceito de Deus.
Em suas teses sobre Feuerbach, Marx criticou o fato de que a filosofia se tivesse limitado a interpretar o
mundo, em vez de tratar de modificá-lo. O estudo da história levou Marx à conclusão de que as estruturas
sociais vão sendo construídas como muros protetores para evitar a mudança das relações de
produção: a religião é o ópio, o consolo adormecedor do povo.
Nietzsche, sob uma postura mais existencialista, não proclamou a inexistência de Deus, mas sua
morte nas mãos dos homens, o que provocaria uma mudança de valores que prepararia a chegada do super-
homem.
Já no século XX, o ateísmo seria expressado das mais diversas formas. Para Freud, a religião é uma
projeção simbólica do inconsciente, na qual Deus ocupa a imagem paterna. Para o positivismo lógico do
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círculo de Viena, as proposições "Deus existe" ou "Deus não existe" carecem de sentido e sobre elas não é
possível emitir juízo algum. Para Jean-Paul Sartre, o ateísmo é um pressuposto existencial, necessário para
preservar a liberdade humana.
Conceito filosófico e religioso. Tipos de ateísmo. Muito concisamente, pode-se dizer que o ateísmo
é constituído por todas as doutrinas ou atitudes que negam a existência de Deus. Quando se trata apenas de
atitudes, temos um ateísmo prático. Quando se prescinde totalmente de Deus para elaborar uma teoria sobre
o homem e o universo, temos um ateísmo teórico negativo. Quando se nega explicitamente sua existência,
como fazem os materialistas, trata-se de um ateísmo teórico positivo. Esta última concepção, que nega não só
a existência de Deus, mas a de qualquer realidade que não seja a meramente física, é aquela que em geral se
associa ao conceito de ateísmo, e portanto constitui a melhor referência para assinalar as diferenças entre
essa e outras doutrinas filosóficas.
Ateísmo e outras posturas filosóficas e religiosas. Em primeiro lugar, é preciso distinguir o ateísmo
de outras duas doutrinas que freqüentemente se confundem com ele: o agnosticismo e o ceticismo. Alguns
pensadores não negam nem afirmam a existência de Deus, mas consideram que não é possível chegar a
nenhuma conclusão sobre o tema. Esses pensadores são denominados agnósticos, e entre eles se podem
incluir os positivistas, que só afirmam aquilo que é objeto da experiência. Outros -- os céticos -- negam a
possibilidade de se conhecer qualquer verdade e, por conseguinte, a possibilidade de se conhecer a existência
de Deus. Desta forma, o ateu se diferencia do agnóstico no sentido de que não admite sequer a mera
possibilidade da existência de Deus, e do cético pelo fato de admitir a possibilidade de conhecimento,
embora negue Deus.
Por outro lado, as doutrinas que afirmam a existência de Deus originaram três posturas básicas: o
teísmo, característico das religiões monoteístas, afirma a existência de um Deus único, pessoal e
transcendente; o panteísmo identifica Deus com o universo; o deísmo crê em um Deus que criou o mundo e
lhe deu leis, mas que não intervém nos acontecimentos posteriores à criação, e do qual não é possível
conhecer coisa alguma. Panteístas e deístas, contudo, foram freqüentemente acusados de ateísmo pelos
teístas.
Ateísmo e panteísmo, é certo, compartilham a idéia da inexistência de um Deus transcendente. Mas
o panteísmo, em sua variante mais comum, não tende a definir a natureza do universo, nem considera que
sua natureza última tenha que ser necessariamente material, e até freqüentemente lhe atribui um caráter
espiritual. Nesse sentido, portanto, o ateísmo e o panteísmo diferem; mas não é menos certo que, do ponto de
vista teísta, a assimilação dos dois se justifica, uma vez que ambos rejeitam a noção de um Deus pessoal
criador do mundo. Parece muito menos lógico que possam ser considerados ateus os deístas, que admitem
explicitamente a existência de um Deus supremo conhecido pela razão, embora prescindam de qualquer
elemento sobrenatural e neguem sua comunicação com os homens.
Possibilidade de um ateísmo religioso. Logo depois da segunda guerra mundial surgiu entre os
protestantes um movimento religioso denominado "teólogos da morte de Deus" -- ou ainda cristãos ateus --
que pretendeu depurar a idéia de Deus daquilo que consideravam aderências culturais espúrias, dos temores
que turvavam a busca do verdadeiro Deus. Para esses pensadores, como o suíço Karl Barth, o teísmo corre o
17
risco de crer que apreendeu o infinito, que expressou o inefável; isto é, por pouco deixa de converter Deus
em um ídolo. Ao precisar com inflexibilidade lógica sua linguagem sobre Deus, destrói seu mistério,
coisifica Deus. O ateísmo, ao contrário, quando rejeita como incompreensível o conceito de infinito,
devolve-lhe sua carga de mistério. Dessa forma, seria preciso destruir o Deus metafísico para facilitar a
busca do Deus vivo: as atitudes de autêntico amor -- descobertas por alguns deles nos campos de
concentração -- são um veículo de comunicação melhor do que os conceitos.
O conceito de ateísmo, em suma, só adquire significado cabal na medida em que é confrontado
com uma determinada doutrina e um conceito específico de divindade. Finalmente, ante a impossibilidade de
se precisar um conceito da divindade comum a todas as religiões, as posturas não relacionadas estritamente
com a existência ou inexistência de uma realidade superior por exemplo, a descrença na imortalidade
pessoal costumam levar à qualificação de uma pessoa como atéia.

Politeísmo
Designação referente às religiões que admitem vários deuses em seu culto.

Teísmo

Teoria filosófico-religiosa que afirma a existência de um Deus criador do mundo, revelado ao


homem ao longo da história. Distingue-se do deísmo, que considera Deus o princípio do mundo,
independente de qualquer revelação histórica. Este é o ponto de vista bíblico.

Capítulo III
A EXISTÊNCIA DE DEUS

Muitas pessoas honestas não conhecem a Deus. Acreditam que ele seja produto das superstições e
crenças antigas de um povo primitivo; um Deus de ira e poder, capaz de destruir povos inteiros através de
dilúvios e pestilências, um mito. Outras procuram ignorar a existência de Deus devido a má representação de
Deus que receberam por parte de religiões pagãs e mesmo pseudo-cristãs. Decepcionaram-se com a
incoerência entre profissão de fé em Deus e a prática dos seguidores desse Deus. Afinal de contas, o mínimo
que se espera de um produto é que corresponda à propaganda que dele se fez. Outras pessoas acham que

conheço o Senhor,," dizia o insolente faraó do Egito. E desse brado desafiador tem encontrado eco ao longo
dos séculos, nos corações de muitos seres humanos, de sorte que é considerável o número dos que
abertamente adotam o ateísmo, hoje em dia.(Sal. 14:1; Isa. 45:9-12; II Ped. 3:5).
A existência de Deus nas escrituras, entretanto é algo implícito, uma verdade primária assumida, óbvia,
fundamental. parte alguma as Escrituras tratam de provar a existência de Deus mediante provas formais.

18
Reconhece-se como fato auto- 5
Tanto é verdade que elas não
apresentam argumentos para afirmá-la ou comprová-la. Para os escritores bíblicos a existência de Deus era
realidade inquestionável, acima de toda contestação. Este é o ponto de partida, tanto lógico como
escriturístico, de nosso estudo. Lógico porque o fato de Deus existir está implícito em todos os outros
ensinamentos da bíblia; escriturístico porque disso nos persuade o 1º verso da bíblia: "No princípio Deus.."
Gênesis 1:1.

Cinco Evidências de Que Deus Existe


Podemos encontrar pelo menos cinco evidências racionais da existência de Deus:

1. A Criação Inanimada Atesta a Existência de Deus (Sal. 19:1-2)


Crer que o universo surgiu por acaso faz tanto sentido quanto crer que os livros se formam sozinhos
pelas leis da soletração e da gramática. Quando se vê uma bela casa logo se pensa em quem construiu. Se
alguém lhe dissesse que ela não foi construída por ninguém, mas que simplesmente apareceu ali, acreditaria
nisso? É claro que não. Como disse certo escritor: "porque toda casa é construída por alguém." É uma
afirmação óbvia. Todos concordam, então por que não aceitar a conclusão lógica a que chegou o mesmo
escritor bíblico: "Mas que edificou todas as coisas é Deus". Hebreus 3:4. Qualquer um que tenha bom senso
terá de, mais cedo ou mais tarde, admitir a necessidade da existência de um Criador. O princípio da
causalidade mesmo certifica que todo fenômeno tem uma causa. Esta é uma verdade incontestável, a
existência de uma causa primária! Albert Einstein, o maior físico do século XX, admitiu: " Para mim
r na maravilhosa estrutura do universo a nós vagamente perceptível, e tentar compreender
humildemente nem que seja uma infinitésima parte da inteligência manifesta na natureza."

2. A Criação Animada Atesta a Existência de Deus (Rom. 1:20)


Embora exista uma enorme diversificação de seres vivos, o padrão biológico é essencialmente o
mesmo, apresentando apenas diversos graus de simplicidade ou complexidade orgânica. Esta é uma forte
evidência de que todos os seres vivos procedem de um mesmo projeto. Está hoje demonstrado
cientificamente que a vida só procede de uma vida preexistente. Todos os avanços da nova ciência médica e
cirúrgica no tratamento e prevenção de doenças infecciosas baseiam-se nesta grande e inegável lei da
biogênese. Ao consultarem o que poderia ser chamado de livro da criação divina, os cientistas são forçados a
reconhecer que uma vida maior deu origem a todos os seres viventes. "Não há a mais leve evidência de que a
matéria possa surgir de matéria inanimada."(Prof. Conn). Deus criou a vida, Ele é a fonte de vida. "Nele nos
movemos, vivemos e existimos." Atos 17:28. Cada respiração, cada pulsar do coração é uma prova do
cuidado de Deus. É também dele que depende tudo, desde as mais rudimentares formas de vida até as mais
complexas. Não existe outra maneira de explicar a presença de vida sobre a terra. A realidade inevitável do
poder e complexidade da criação macroscópica e microscópica aponta, sem dúvida para Deus.

5
Myer Pearlman, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, pág. 31.

19
3. A Consciência Humana Atesta a Existência de Deus
Entre os povos mais avançados até os mais primitivos e degradados da terra podemos encontrar neles
consciência, isto é, a faculdade de aprovar ou condenar ações numa base moral. Diz Paulo: "Os gentios, que
não tem lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles embora não tendo lei, para si mesmos são lei. Pois
mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os." Romanos 2:14,15. Naturalmente a consciência das
pessoas que se encontram longe de Deus, acha-se contaminada, obliterada, cauterizada (1 Tim. 4:2; Tito
1:15), sendo-lhe necessário ser purificada pelo sangue de Cristo (Heb. 9:14; 10:2-10,22). Por mais
insensibilizadas que sejam suas consciências, porém, todos os homens possuem um senso comum do direito
e do errado, não apenas causa de ensinos morais que tenham recebido, mas porque, como declarou Immanuel
Kant, grande filósofo alemão, "há dentro de nosso interior a lei moral". "Há entre os gentios, almas que
serv
escrita de Deus, ouviram sua voz a falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria." A
existência de uma lei implica a existência de um legislador. Foi Deus quem idealizou uma norma de conduta
para o homem e a escreveu na mente humana.

4. O Plano e a Ordem do Universo Atestam a Existência de Deus


Apenas de um criador inteligente poderia derivar-se o universo. Não por acidente que os planetas, os
sistemas solares e galáxias, giram cada qual em sua órbita, harmonicamente e guardando entre si relação
perfeita; não é por acidente que 107 elementos químicos, diferentes, se combinam, se ligam uns aos outros,
nas mais variadas formas, dando origem a todo tipo de matéria encontrada na natureza, não é por acidente
que na fotossíntese, as plantas clorofiladas utilizam a luz solar, o dióxido de carbono, a água e os minerais
para liberar oxigênio e produzir alimentos, e poderíamos ir mais além, demonstrando por meio sólidos e

pressupõe a existência de uma inteligência organizadora. E essa inteligência não pode ter sido outra senão
Deus.

5. A Crença Universal na Existência de Deus Atesta Sua Existência


A crença de que Deus existe é praticamente tão difundida quanto a própria raça humana, embora muitas
vezes se manifeste de forma pervertida ou revestida de idéias supersticiosas. A maior parte dos ateus parece
imaginar que um grupo de teólogos se tenha reunido em sessão secreta e inventado a idéia de Deus,
apresentando-a depois ao povo. Mas os teólogos não inventaram a Deus como também os astrônomos não
inventaram as estrelas, nem os botânicos as flores. È certo que os antigos mantinham idéias erradas acerca
dos corpos celestes, mas esse fato não nega a existência dos corpos celestes. E visto que a humanidade já
teve idéias defeituosas acerca de Deus, isso implica que existe um Deus acerca do qual podiam ter noções
erradas.

20
Eis em sucintas palavras os argumentos que podemos aduzir. Não fique porém, a impressão de que a
existência de Deus depende de uma demonstração racional. Nem para provar todas as coisas podemos usar o
método científico. Há uma ciência muito mais profunda que precisamos aprender: a ciência da fé.

Capítulo IV
O CONHECIMENTO DE DEUS
numerosas teorias que explicam ou definem a Deus e os muitos argumentos que tentam provar ou
negar a Sua existência, constituem evidências de que a sabedoria humana é por si própria insuficiente para
penetrar no terreno do divino. Depender tão-somente da sabedoria humana para aprender acerca de Deus, é
como utilizar uma lupa com o intuito de estudar as constelações. Portanto, para muitos a sabedoria de Deus é
6
No entanto, Deus pode ser conhecido.

1 Deus é Incompreensível, Mas Conhecível


A igreja Cristã confessa, de um lado, que Deus é incompreensível e, de outro lado, que pode ser
conhecido, e que conhecê-lo é um requisito absoluto para ser salvo (João 17:3).
Estas duas idéias estão presentes nestas seguintes passagens: (R.M. 11.7; Is. 40.18; João 17.3; 1 João
5:20. Estas duas idéias sempre estiveram juntas na Igreja Cristã.
No decorrer da história da Igreja houve opiniões diferentes a respeito do assunto, mas a teologia
reformada é coesa em afirmar que Deus pode ser conhecido, mas que é impossível para o homem ter um
conhecimento exaustivo e perfeito de Deus em todo o sentido. Alcançar tal conhecimento equivaleria a
compreender a Deus e isso é impossível.
O homem no sentido próprio do que é definir, não pode dar uma definição de Deus, mas somente uma
descrição parcial. O finito não pode descrever e definir o infinito. Ao mesmo tempo entendemos que o
homem pode obter um conhecimento perfeitamente adequado a respeito de Deus para a realização do
propósito divino na vida do homem. Há que se entender que o verdadeiro conhecimento de Deus só pode
adquirir-se mediante a revelação divina que Deus fez de Si mesmo, e esse, conhecimento virá realmente
quando o homem aceitar o que Deus diz crendo nEle.
Obs.: Seria impossível o homem crer em Deus se não houvesse alguma coisa que pudesse ser conhecida
dEle. Se Deus não se revelasse, o homem jamais poderia conhecer algo dEle.

2 A Negação de Nosso Conhecimento de Deus


Com razões diferentes tem-se negado a possibilidade de Deus ser conhecido pelo homem. Esta
negação geralmente descansa sobre supostas limitações das faculdades humanas do conhecimento. A razão

6
Nisto Cremos, pág. 32.

21
principal consiste em declarar que o intelecto humano é incapaz de conhecer alguma coisa daquilo que se
encontra além dos fenômenos naturais, portanto, incapaz de conhecer aquilo que é supra-sensível,divino.
Esses que negam que Deus possa ser conhecido são os chamados Agnósticos. Os agnósticos não
querem ser chamados de ateus, já que não negam em absoluto que haja um Deus, mas declaram que não
sabem se Deus existe ou não, o que no caso de existir, estão seguros de que não pode haver qualquer
conhecimento verdadeiro a respeito dele.

OBS: O Agnosticismo, portanto, é doutrina que declara o Absoluto (Deus, o Transcendente) e inacessível no
espírito humano. Algumas formas de Agnosticismo refletem profundas tendências deístas, isto é, Deus é o
Absoluto irrelacionado, que existe sem relações, e não podemos conhecê-lo. Vejamos alguns nomes do
agnosticismo:
David Hume. O chamado pai do Agnosticismo moderno. Não negou a existência de Deus mas
afirmativa que não conhecemos verdadeiramente os seus atributos.
Todas as nossas idéia dEle são semente antropomórficas. Não podemos estar certos de que os atributos que
conferimos a Deus correspondam com a realidade.
Imanuel Kant. Estimulou o pensamento agnóstico por meio da divisão dos mundos do NOUMENO
e de FENÕMENO. Afirmava que a razão pura (teórica) conhece unicamente os fenômenos, e que é
necessariamente ignorante daquilo que está atrás deles. Por conseguinte é impossível ter-se um
conhecimento de Deus pois Ele está no mundo noumental, e não no dos fenômenos.
Augusto Comte. O Pai do positivismo, também foi agnóstico em sua religião. Segundo ele, o
homem não pode conhecer outra coisa além dos fenômenos físicos e suas leis. Seus sentidos são fontes de
todo pensamento verdadeiro, e nada pode conhecer, exceto os fenômenos entendidos por esses sentidos. Por
conseguintes não se pode fazer nenhuma declaração a respeito da existência de Deus, pois não se pode
conhecê-lo.

ALGUNS ARGUMENTOS AGNÓSTICOS


1º - o homem conhece somente por analogias: Conhece-se somente aquilo que guarda analogia com
a nossa natureza ou experiência.

CRÍTICA
Ainda que seja certo que aprendemos muitas coisas por analogia também aprendemos por

por meio da qual eliminavam de seu conceito de Deus as imperfeições da criatura).


Além disso, não devemos nos esquecer de que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus,
e por conseguinte, existem importantes analogias entre a natureza divina e a humana. O agnosticismo é
conhecimento de Deus de baixo para cima, enquanto o teísmo é conhecimento de Deus de cima para baixo.

3 O NOSSO CONHECIMENTO DE DEUS VEM DE SUA REVELAÇÃO


22
O agnosticismo, você percebeu, parte sempre de baixo para cima, isto é, do homem para Deus.
Dessa forma ele poderá encontrar dificuldades em obter conhecimento de Deus, mas veremos que todo nosso
conhecimento de Deus vem dEle mesmo.
A teologia é uma ciência bem diferente das outras. No estudo de outras ciências o homem se coloca
sobre (por cima) dia objeto de sua investigação, e extrai dele seu conhecimento por meio de qualquer método
que lhe pareça mais apropriado. Mas na teologia o homem não se coloca sobre, mas debaixo do objeto do seu
conhecimento.
Em outras palavras, o homem pode conhecer a Deus somente até onde Deus se dê a conhecer. O
pesquisador (o homem) fica dependente das informações que o pesquisado (Deus) dá de Si mesmo. Não e o
homem que procura informações (porque ele é incapaz disso), mas Deus é quem o informa a respeito de Si
próprio. O homem descobre Deus, mas Deus é que Se revela, e sem revelação o homem jamais haveria sido
capaz de adquirir o menor conhecimento de Deus.
Mesmo a despeito do fato de Deus revelar-se objetivamente (na história, na natureza e nas
Escrituras), não é a razão humana que descobre Deus, mas Deus é que se descobre ante o olho da fé. A
simples razão é incapaz. É necessário que o homem creia no Deus que se revela. Do contrário, ele não
conhecerá Deus.
Quem conhece perfeitamente Deus? Somente Deus (1 Cor. 2:11). Mas Ele se dá a conhecer. Junto com o
conhecimento original de Deus, que se encontra no próprio Deus, há também um conhecimento, acerca dele,
dado ao homem por meio da revelação.

O CONHECIMENTO INATO E ADQUIRIDO QUE TEMOS DE DEUS


Costuma-se fazer uma distinção entre o conhecimento inato de Deus e o adquirido. Estritamente
falando não é uma distinção lógica, porque, em última análise, todo conhecimento humano é adquirido.
1 CONHECIMENTO INATO A declaração de que o homem tem um conhecimento inato de
Deus não significa meramente que o homem tenha capacidade ingênita para conhecer a Deus. Indica mais do
que isto. Mas ao mesmo tempo não implica que o homem traz para o mundo, ao nascer, um certo
conhecimento de Deus.
O conhecimento inato de Deus é congênito no sentido, que, sob condições normais, se desenvolve
espontaneamente no homem logo que ele entra em contato com a revelação divina. É um conhecimento que
o homem tem por necessidade (isto e, por causa da sua constituição), não como resultado de qualquer
escolha de sua parte.
Quando nasce, o homem não tem nenhuma idéia pré-romana, ou conceito sobre Deus na sua
consciência. Esse conhecimento, é chamado inato no sentido de o homem adquiri-lo espontaneamente
debaixo da influência do SOMEN RELAIONIS colocado no homem mediante a sua criação à imagem de
Deus o que, por conseguinte, não se consegue por um processo de raciocínio e argumentação.
Repetimos: é um conhecimento que o homem, dada a sua constituição espiritual, adquire necessariamente, e
como tal, distingue-se de todo o conhecimento condicionado pela vontade do homem.

23
Existem evidências de que é universal a idéia de Deus na consciência humana, idéia essa que é
despertada e desenvolvida pelas obras da criação e providência. (Leia e compare Rom. 1.19-20 com At.
17.24-28 e 14,16,17).
A idéia de divindade e natural à mente humana, por causa da sua constituição, como são naturais a
idéia de espaço, etc. Apenas o homem as tem desenvolvidas quando entra em contado com elas. Mas, em um
sentido, todos os homens tem inatas essas idéias. Uma constituição da
mente.
O ensino de Paulo a respeito da idéia inata de Deus é confirmado pelos próprios filósofos pagãos.
A
multiplicidade de deuses dos quais falam, não denota muitas divindades necessariamente, mas deuses
inferiores produzidos pelo Ser supremo. A palavra às vezes, é empregada como na Escritura, para
significar anjos, potestades e magistrados.
O nome de um Ser supremo tem sido universalmente reconhecido e celebrado. Todas os
apologistas cristãos sustentaram a posição de que a mente humana é, por natureza e por criação, monoteísmo.
O monoteísmo prevaleceu de algum modo nas raças no tempo de Abraão. Nos países estranhos à
Palestina houve, de algum modo, tipos de monoteísmo. Ex.: Hagar, a egípcia (Gên. 16:13); Abimeleque, rei
filisteu (Gên. 20:3-8); Faraó (Gên. 41:38); Balaão da Mesopotâmia, enuncia a doutrina de um Deus soberano
(Êxo. 18:9-12,19-23). É verdade que algumas dessas pessoas tiveram contato com israelitas, mas percebe-se
considerável monoteísmo nos países deles.
Conforme João 1:4 há uma apreensão natural de Deus, mas conforme João 1.5 o pecado em forma
de trevas atrapalha essa compreensão de Deus. O Logos era a luz, mas as trevas atrapalham os homens de
verem JESUS. A primeira relata a idéia inata de Deus dada pela criação, a segunda, A idéia inata viciada
pelo pecado. O pecado erradica a idéia inata no homem. Se a idéia inata fosse absolutamente extinta no
espírito humano, a religião seria impossível. Mas todo o homem tem a sua manifestação religiosa.
A condição do homem embrutecido pelo pecado não nega a existência de uma idéia inata da
divindade. A doutrina da idéia inata de Deus não conflita com depravação humana.
Há no homem pecador uma religião natural, em virtude da luz da natureza, o que não prova que ele
ama ao Deus verdadeiro ou que haja qualquer santidade natural no homem. Ex.: Um ser racional pode saber
que há um Deus que deve ser obedecido e glorificado e, todavia, não prestar-lhe obediência e adoração. Os
anjos perdidos são uma evidência disso (Tia. 2:19). Este conhecimento natural de Deus está no entendimento
somente, e não em suas vontades e afeições. Este conhecimento não é um elemento de caráter moral, mas
somente uma característica de sua constituição racional.
O monoteísmo foi a forma original de religião. O panteísmo e politeísmo foram formas
subseqüentes. Isto é provado pela Bíblia e pelas informações de registros muito antigos.
Conforme o livro de Gênesis o homem foi criado monoteísta. Seu primeiro estado foi o melhor

lembrada em muitas culturas antigas, onde o homem era tido em uma condição mais elevada. O homem tem
decaído no conhecimento de Deus.
24
O primeiro passo na corrupção do monoteísmo é o panteísmo. Nele a unidade (o fato de ser um) de
Deus é ainda mantida, mas a diferença em essência entre ele e o universo e negada. O fato da idéia de haver
um Deus ser preservado é claro indício de que esta idéia é natural à mente humana.
O segundo passo no declínio no monoteísmo primitivo é o politeísmo. Nele a unidade ou
substância única do panteísmo é subdivida, e as subdivisões são personificadas, o que mostra uma tentativa
de devolver a personalidade a Deus, que foi perdida no panteísmo.
Conforme o apóstolo Paulo, interpretando o pensamento dos gregos, a mente humana é monoteísta
por criação e o panteísmo e o politeísmo são um processo involutivo de religião (ver Atos 17:16-29).
Após esse exame da estrutura monoteísta do espírito humano, considerado como o fundamento da
religião natural, é importante observar que a religião natural é insuficiente para as necessidades humanas. É
necessário um outro tipo do conhecimento de Deus.
2 CONHECIMENTO ADQUIRIDO. Este se obtém mediante o estudo da revelação divina. Ele
não brota espontaneamente no intelecto humano, mas é produzido mediante o estudo consciente e constante
do saber. Exige raciocínio e argumentação.
A idéia inata de Deus no homem leva este a ter uma noção da justiça de Deus e não da sua misericórdia;
do Deus legislador e não o Deus de amor; do Deus santo e não do de compaixão, a religião natural inspira
temor, mas não esperança e confiança.
A idéia monoteísta de Deus contém somente atributos morais como justiça, veracidade e pureza
imaculada. Na análise que Paulo faz em Romanos há menção do poder, da soberania, da justiça retribuitiva
de Deus, mas faz menção do atributo da misericórdia.
A religião natural, por conseguinte, não é uma religião adequada para o homem, a menos que possa ser
provado que ele não necessita da misericórdia de Deus.
Os atributos como misericórdia, graça, etc. são conhecidos através da revelação especial.

CAPÍTULO V
A NATUREZA DE DEUS
Deus é Um Ser Real
Ele existe, disse Jesus: "Fui enviado por aquele que de fato existe." João 7:28. Todos nós dependemos
de pelo menos de duas pessoas para existir, nossos pais. Deus não, sua existência é autocausada, ele existe
por si mesmo. Eis porque ele pode, com auto-suficiência, dizer de si próprio: "Eu sou o que sou". Êxodo
3:14. Apesar de ser uma realidade espiritual, Deus pode assumir qualquer forma visível, entretanto homem
algum jamais viu sua face.(Êxo. 33:20; Mat. 1:23; 11:27; João 1:18). Porque existe por si mesmo, é-nos dito
que ele é o autor e conservador da vida (Núm. 16:22). A vida que possuímos não nos pertence, mas é
derivada daquele que é a fonte de vida, tanto física quanto a eterna. Em Deus acha-se a vida original, não
emprestada nem derivada. Se quisermos, poderemos obtê-la, não em troca de coisa alguma nem por compra,
mas nos é dada como dom gratuito pela fé em Cristo, como nosso salvador pessoal.

25
Deus é Um Ser Pessoal
Muitos julgam que Deus seja apenas uma energia eterna, uma força cósmica, uma lei natural, um
principio que tudo invade. Mas Deus não é uma abstração, nem é, como afirma o panteísmo, a natureza. Não
é uma cosmografia ou um conceito filosófico. Em todos os séculos Satanás sempre procurou despersonalizar
a Deus. Mas as escrituras dizem que Deus é um ser pessoal, uma entidade moral com individualidade
consciente. É espírito puro cujo poder e grandeza não são limitados pela personalidade. Sua invisibilidade
não é indício de sua existência ou impessoalidade. Há coisas que não podemos ver com os nossos olhos, no
entanto são reais, solidamente reais, como o ar que enche nossos pulmões, a gravidade que nos atrai ao
centro da terra, os odores que nosso nariz capta, as ondas sonoras que nossos ouvidos detectam. Como ser
pessoal, Deus se revelou em seu filho, o resplendor da sua glória, a expressa imagem da sua pessoa.
Ninguém pode ver a Deus(Êxodo 33:20-23; I Timóteo 6:16), mas ele se revela na natureza e de maneira mais
específica em sua palavra, a Bíblia.(João 14:7-9; Hebreus 1:1-3).
Pessoa é toda existência dotada de autoconsciência e autodeterminação [plano para futuro]. De intelecto
[poder de pensar], sensibilidade [poder de emoções e sentir], e volição [poder de decidir, vontade]. Neste
sentido Deus é pessoa, porque:

a. Tem Nomes de Pessoa: Ex 3:14 (João 8:58): = sou o que --> auto-suficiência
+soberania absoluta + imutabilidade.
b. Tem Pronomes de Pessoa (masculinos, não neutros): Sal. 116:1-2; João 17:3.
c. Tem Características e Propriedades de Pessoa: Provê Sal. 104:27-30. Cuida 1 Ped. 5:6-7. Conhece
João 10:15. Entristece-se Gên. 6:6; Efés. 4:30. Ira-se 1 Reis 11:9. Odeia Prov. 6:16. Tem zelo
(ciúme, cuidado) Deut. 6:15. Ama João 3:16; Ap 3:19. Decide João 6:40. É amigo João 15:15; Heb.
4:15-16.
d. Mantém Relações de Pessoa com o Universo e com os Homens: É o:
-Criador (poder eterno e infinito) de tudo: Gên. 1:1 (Gên. 1:26; João 1:1-3; Apoc. 4:11);
-Preservador de tudo (em contínua relação pessoal) Heb. 1:3 (Col. 1:15-17) (isto refuta o Deísmo);
-Benfeitor de todas as vidas Mt 10:29-30 (1 Reis 19:5-7; Sal. 104:27-30; Mat. 6:26; Atos 17:28;
Tia. 1:17);
-Governante e Dominador das atividades humanas Rom 8:28; (Gên. 39:21; 50:20; Sal. 75:5-7;
76:10; Dan. 1:9);
- Pai de Seus filhos Gal. 3:26 (João 1:11-13; Heb. 12:5-11).

Deus é Um ser Triúno


A Bíblia expressa uma verdade complexa acerca de Deus; ele se constitui em três pessoas, todas
eternas, todas divinos, embora uma essência, propósito e funcionalidade. Foram essas três instrumentalidades
que operaram na criação do mundo, sendo o pai a fonte, Cristo o agente e o espírito santo o meio pelo qual a
criação veio a existência. Os três também que agora estão trabalhando juntos em favor dos seres humanos(2

26
Cor. 13:13; I Ped. 1:2; Judas 20:21; Mat. 3:16,17). A trindade é um mistério, pois a três pessoas tendo
funções diferentes, cada um é Deus com os mesmos atributos, sendo afinal uma só divindade.

Deus é Um Ser Nomeado


A. Nomes Primários do A.T. 1. Javé (Yahweh). a) Significado. O Auto-Existe
e,
quando usado, enfatiza a santidade de Deus, o Seu ódio pelo pecado e amor aos pecadores. 2. Elohim. a)
Significado. O Forte. b) Características. É uma palavra usada para o verdadeiro Deus e deuses pagãos. É um
substantivo plural, o chamado plural majestático. O plural permite a revelação subseqüente da Trindade no
N.T., mas não ensina a Trindade propriamente dita. 3. Adonai. a) Significado. Senhor, Mestre. b)
Características. Usado para homens e Deus, e indica o relacionamento senhor-servo.

B. Nomes Compostos do A.T. 1. Com El. a) El Elyon, traduzido por Altíssimo (lit., o mais forte dos
fortes, Is 14:13,14). b) El Roi, o Forte que Vê (Gn 1:13). c) El Shaddai, traduzido por Deus Todo-Poderorso
(Gn 17:1-20). d) El Olam, o eterno Deus (Is 40:28). 2. Com Javé a) Javé Jireh, o Senhor proverá (Gn
22:13,14). b) Javé Nissi, o Senhor é minha bandeira (Ex 17:15). c) Javé Shalom, o Senhor é paz (Jz 6:24). d)
Javé Sabbaoth, o Senhor dos Exércitos (1Sm 1:3). e) Javé Maccadeshkem, o Senhor que te santifica (Ex
31:13). f) Javé Raah, o Senhor é meu Pastor (Sl 23:1). g) Javé Tsidkenu, o Senhor Justiça Nossa (Jr 23:6). i)
Javé Nakeh, o Senhor que fere (Ez 7:9). j) Javé Shammah, o Senhor que está presente (lit., Já) (Ex 48:35).

OS NOMES DE DEUS DIZEM-NOS QUE ELE É PESSOA, E ENSINAM-NOS MUITOS DOS SEUS
ATRIBUTOS:
ADONAI SENHOR (=dono-controlador- MERECE OBEDIÊNCIA GN 24:3,7,12; JS 5:14
provedor » KURIOS) (APLIC.: ML 1:6; JO 13:13; DÁ-NOS
PROVISÃO FP 4:19)
EL O PODEROSO E MAJESTOSO GN 1:1; SL 19:1
ELOHIM PLURAL DE ALUDINDO GN 1:1 (VERBO SINGULAR!)
À TRINDADE
EL ELION O PODEROSO ALTÍSSIMO, CUIDA DE TUDO, CUIDA PELOS FILHOS GN
SUMAMENTE PODEROSO 14:22
EL OLAM O PODEROSO ETERNO NUNCA CANSA DE CUIDAR DOS SEUS IS
40:28-31
EL ROI O PODEROSO QUE VÊ Nunca esquece nem deixa de cuidar dos Seus Gn
16:13
EL SHADAI O TODO-PODEROSO CUIDA DOS SEUS, COMO MÃE A
BEBÊZINHO SL 91:1; GN 17:1
YAHWEH O ETERNO E AUTO- GN 2:4. O DEUS DO PACTO

27
(JEOVÁ) EXISTENTE
JEOVÁ ELION O AUTO-EXISTENTE DEUS DOS DEUSES, EXALTADO, ELEVADO,
ALTÍSSIMO TRANSCEDENTE SL 7:17;47:2
JEOVÁ JIRÉ O AUTO-EXISTENTE GN 22:13-14. CORDEIRO SUBSTITUINDO
PROVERÁ ISAAC
JEOVÁ O AUTO-EXISTENTE VOS EX 31:13. DÁ REMISSÃO, PRESERVA,
MIKADISKIM SANTIFICA SANTIFICA
JEOVÁ NISSI O AUTO-EXISTENTE CONDUZ, LIDERA, FAZ-NOS MAIS QUE
NOSSA BANDEIRA VENCEDORES EX 17:15 (APLIC.: SL 20:7).
JEOVÁ RAA O AUTO-EXISTENTE MEU SL 23:1 (SL 95:7). GUARDA, GUIA, NUTRE...
PASTOR
JEOVÁ ROPECA = JEOVÁ O AUTO-EXISTENTE EX 15:26. RECOSTURA
RAFA NOS SARA
JEOVÁ SABAOTE O SENHOR DOS 1 SM 1:3; IS 6:1-3. PODER E GOVERNO
EXÉRCITOS (HOMENS, ESTRELAS, ANJOS)
JEOVÁ SHALOM O AUTO-EXISTENTE JZ 6:24. PAZ COM E DE DEUS...
NOSSA PAZ
JEOVÁ SHAMÁ O SENHOR ESTÁ EZ 48:35. PRESENÇA PESSOAL!
PRESENTE
JEOVÁ O AUTO-EXISTENTE JR 23:6 JUSTIÇA IMPUTADA (APLIC.: 1CO
TSIDEKENU NOSSA JUSTIÇA 1:30)

Capítulo VI
OS ATRIBUTOS DE DEUS

Se há uma fonte autorizada e gabaritada para dizer-nos que tipo de pessoa é Deus, esta fonte é, sem
dúvida a bíblia. Em suas páginas encontramo-lo descrito como criador, mantenedor, legislador, rei, pai, juiz,
senhor, etc. Todos estes termos nos ensinam determinadas verdades sobre ele. São termos que não se
demoram em descrições filosóficas sobre sua natureza, mas que singelamente nos mostram quem ele é,
revelando-nos o que ele faz. Um ser capaz de criar, comunicar-se e amar. Em toda a escritura encontramos
muitas declarações concernentes a Deus e seus atributos.

28
No estudo da doutrina de Deus, há uma parte que enfoca os Seus atributos. Como atributo entenda-se
aquelas características próprias, peculiares e distintivas que fazem parte do ser de Deus. Segundo Strong 7,
atributos de Deus são aquelas características da sua natureza divina, as quais são inseparáveis da idéia de
Deus, e as quais constituem
É comum, no estudo em foco, classificar os atributos de Deus em Atributos Naturais, conhecidos
também como Atributos Incomunicáveis, e Atributos Morais, conhecidos como Comunicáveis. Os Atributos
Naturais só Deus os tem, e são a Sua Onipotência, a Sua Onisciência, a Sua Onipresença, a Sua Auto-
Existência, a Sua Imutabilidade, a Sua Infinitude etc. Os Atributos Morais são a Sua Santidade, o Seu Amor,
a Sua Justiça e a Verdade. Esses são considerados comunicáveis porque Deus os comunicou, em
determinada medida, ao ser humano criado a Sua imagem e semelhança.
Devemos ter sempre presente que esses atributos são comuns a todas as três pessoas da Santíssima
Trindade, ou seja, ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo que os possui em toda a sua plenitude. O
conhecimento desses atributos traz para o coração do crente consolo, fortaleza e mais confiança no Senhor,
nosso Deus.

ATRIBUTOS ABSOLUTOS
Dizem respeito a natureza íntima de Deus, independente de qualquer outra coisa. São incomunicáveis às
Suas criaturas, porque de certo modo definem a Divindade.

A. DEUS É IMUTÁVEL - (Mal. 3:6) Positivamente ele não muda, tanto na duração, como em natureza,
caráter ou vontade. "Pois eu o Senhor não mudo" (Nemias 23:19; I Sam. 15:29; Jó 23:13; Sal. 33:11;
Prov. 19:21; Isa. 46:10; Heb. 6:17; Tia. 1:17).
B. DEUS É ETERNO - Deus é descrito na bíblia como existindo de eternidade em eternidade, para
sempre (Nemias 9:5; Salmos 90:2; Apocalipse 10:6) e como sendo o rei dos séculos, imortal,
invisível e único Deus (I Timóteo 1:17). Ninguém o criou, ele não tem princípio nem
fim(Colossenses 1:17). Deus não está condicionado pelo tempo, pelo contrário, o tempo está em
Deus. Para ele o passado, o presente e o futuro são uma e a mesma coisa. Parece não haver lógica
nisso, não é? E não há mesmo. Deus acha-se acima de toda lógica humana. Como poderia a mente
finita compreender um ser infinito?!
C. DEUS É ONIPRESENTE - Ele está presente em todos os lugares simultaneamente, pelo seu espírito,
e permanentemente observa suas criaturas e age sobre elas. Diz-se que habita no céu, por ser ali o
lugar onde se faz maior manifestação de Sua presença (Sal. 139:7-10; Ecles. 5:2; Isa. 57:15; 29:15;
Jeremias 23:23-24). Não obstante, não podemos nunca encontrar uma solidão em que Deus não se
ache. A Sua grandiosa presença enche todo o universo criado por Ele, assim revelou o apóstolo
udessem achar, ainda que não
(Atos

7
Augustus H. Strong, Teologia Sistemática.

29
Espírito ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama,
ei óprio Senhor Jesus Cristo declarou aos Seus
discípulos que onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome aí estaria Ele no meio deles. Mt
18.20.
D. DEUS É ONISCIENTE - Ele sabe tudo, conhece todas as coisas (1 João 3:20). Deus conhece todas
as coisas o passado, o presente e o futuro. Com esse atributo, o Todo-poderoso conhece ainda o
mais íntimo do coração das pessoas. Nada escapa desse glorioso conhecimento de Deus, pois assim
declaram as Sagradas Escritura ele; antes, todas as
Prov. 15.3,
o
Salmo 139.1- me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu
levantar, de longe entendes o meu
E. DEUS É ONIPOTENTE - Ele tudo pode (Gên. 18:4), em sua mão há toda força e poder para
realizar o que lhe apraz. Por isso recebe muitas vezes, nas escrituras, o título de todo-poderoso (Sal.
62:11; Efés. 3:20-21; Apoc. 1:8). Só Deus é possuidor de todo o poder e de toda a autoridade. Ele é
o El-Shaddai, o Deus Todo-poderoso. Jó, servo do Senhor, chegou à conclusão de que Deus

jo Gabriel, que assiste diante de Deus, revelou à bendita virgem


Maria essas extraordinárias palavras que identificam a onipotência de Deus: Porque para Deus
-se como o Deus Todo-
poderoso. pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão e disse-
lhe: Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda em minha presença e sê perfei
F. DEUS É INFINITO - Ele está além da plena compreensão da mente humana. A criatura jamais
poderá tornar-se igual ao criador ou entender-lhe a mente.(Romanos 11:33-36). Mas ele é
acessível(Atos 17:26; Salmos 145:16), podemos experimentar o poder de seu amor e estar certos de
que ele nos responde e cuida de nós.

ATRIBUTOS RELATIVOS
Dizem respeito aos predicados divinos, referentes ao tempo e a criação. São comunicáveis às Suas
criaturas, pois se dizem atributos morais.
A. DEUS É AMOR. O amor, esse sentimento tão profundo, encontra em Deus a Sua plenitude. As
Escrituras declaram que Deus é amor. 1 Jo 4.8. Declaram, ainda, que esse sentimento é comum
entre as próprias pessoas da Santíssima Trindade. O Senhor declarou que o Pai o amava. João

maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a
3:16).

30
O apóstolo Paulo disse que a vinda de Jesus e a sua conseqüente morte em favor do pecador perdido é
ue Cristo morreu por

B. DEUS É SANTO - Ele é perfeita excelência moral e espiritual, Ser perfeitamente puro, imaculado e
justo em si mesmo (Jos. 24:19; Sal. 22:3; 99:9; Isa. 5:16; João 17:11; I Tess. 5:23). Esse atributo
quer dizer que Deus é moralmente puro, separado de todo o mal moral, isto é, do pecado. Nas visões
tidas por Isaías e João vemos essa santidade sendo proclamada nos céus. ...eu vi ao Senhor
assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séqüito enchia o templo. Os serafins estavam acima
dele... E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a
terra está cheia da Sua (Isa. 6.1-3). os quatro seres viventes... não descansam nem de dia
nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e
- a
congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou
1.15-16.
A. DEUS É VERAZ - Deus sempre fala a verdade, aliás Ele próprio é a verdade. Sua palavra não é
passível de contestação. Os homens costumam ser mentirosos, mas Deus não. Ele é digno de fé.
Apraz-lhe que nEle confiemos (Rom. 3:4).
G. A JUSTIÇA DE DEUS A Bíblia diz que Deus é Justo em todos os seus caminhos. Justo é o Senhor
é
revelada no Salmo 119.137: Justo és, ó Senhor, retos são os teus juízos Nas Escrituras,
encontramos a revelação de que pelo fato de Deus ser perfeitamente justo e a Sua santidade o exigir,
julgará todas as criaturas morais e retribuirá a cada um segundo
Senhor, porque vem, porque julgará o mundo com
96.13). Essa verdade é corroborada pelo Apóstolo Paulo no livro de Atos: Mas Deus, não tendo em
conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se
arrependam, porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio
do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos (Atos 17.3). Quanto
ao crente, como a justiça de Cristo já lhe foi imputada, ele não será julgado em relação aos seus
pecados, e sim, em relação às suas obras, diante do tribunal de Cristo. (Veja Rom. 14.10 e 2 Cor.
5.10).
H. A VERDADE DE DEUS O Senhor nosso Deus é revelado na Bíblia como a Verdade Absoluta, o
Único Deus Verdadeiro. Em Apocalipse 6.10, encontramos: clamaram com grande voz, dizendo:
até quando, ó Verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam
-Filho, revelou-se com esse atributo no livro
de Apocalipse e no Evangel
o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi, o que abre, e ninguém fecha, e fecha,
a verdade, e a
a
31
8

Atributos Absolutos
Vida Jer.10:10; João 5:26; I Tess.1:9
Espiritualidade
Personalidade Êxo. 3:14; I Cor.2:11; Efés.1:9,11
Auto-existência Êxodo 6:3; 3:14
Infinidade Imutabilidade Sal.102:27; Mal.3:6; Tiago 1:17
Unidade Deut.6:4; Is.44:6; João 5:44;17:3
Verdade I João 5:20; Deut.32:4; João 17:3
Perfeição Amor I João 4:8; João 17:24; Rom.15:30
Santidade Êxo.15:11; Is.6:3; Heb.12:29

Atributos Relativos
Relacionados com o Eternidade Sal.90:2; 102:27; I Tim.1:17
Tempo e Espaço Imensidão I Reis 8:27; Rom.8:39
Relacionados com a Onipresença Sal.139:7; Jer.23:23-24
Onisciência Sal.147:4; Heb.4:13
Criação
Onipotência Gên.17:1; Mat.19:26; Sal.115:3
Veracidade e Salmo 138:2; João 3:33; I Cor.
Fidelidade 1:9; II Cor.1:20
Relacionados com os Misericórdia e Tito 3:4; Rom.2:4; João 3:16; João
Seres Morais Bondade 4:10
Justiça e Gên.18:25; Deut.32:4; Mat.5:48 I
Retidão Ped. 1:16

Capítulo VII
A TRIUNIDADE DE DEUS

Tertuliano [um dos pais da igreja], na última década do segundo século de nossa era, não encontrou lugar
formal na teologia da igreja senão já no quarto século. Trata-se, entretanto, da doutrina distintiva e todo-
9

Chama-se de Santíssima Trindade, na teologia cristã, doutrina que afirma a existência de Deus como
três pessoas Pai, Filho e Espírito Santo unidas em uma mesma substância ou ser único. Apesar dessa
fusão das três pessoas em uma só, sempre se deu uma certa primazia ao Pai, de quem procedem as outras
duas pessoas. Para uma adequada compreensão da concepção trinitária de Deus, as distinções entre as

8
David S. Clark, Compêndio de Teologia Sistemática, pág. 101-135.
9
J. D. Douglas, O Novo Dicionário da Bíblia
32
pessoas da Trindade não devem ser tão definidas a ponto de parecer ou sugerir uma pluralidade de deuses,
nem permitir que essas distinções desapareçam em um monismo abstrato e indiferenciado.
A Trindade designa a crença de que há três pessoas divinas Pai, Filho e Espírito Santo na natureza
indivisível de um único Deus, verdadeiro e eterno. Principal mistério do cristianismo, a Trindade é dogma de
fé.
O Antigo Testamento não menciona o mistério da Trindade, embora o deixe implícito nas passagens nas
quais Deus fala no plural, como no Gênesis, quando diz "Façamos o homem à nossa imagem" (Gên 1:26). O
mistério, entretanto, é explícito em diversas passagens do Novo Testamento, que estabeleceu as bases para
sua doutrina. Entre essas passagens, destaca-se a do batismo de Jesus, quando "o Espírito, como uma pomba"
desceu sobre ele e uma voz dos céus disse: "Tu és o meu Filho amado" (Mar. 1:10-11).
Ao aparecer aos apóstolos após a Ressurreição, Jesus afirmou a existência da Trindade ao dizer-lhes que
batizassem as nações "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28:19), fórmula que se repete por
ocasião do batismo individual cristão.
O dogma da Trindade, no entanto, foi contestado principalmente pelo arianismo, heresia que, difundida
em 318 por Ário, negava a unidade e a consubstancialidade das três pessoas da Trindade e, em conseqüência,
a divindade de Cristo. Em contrapartida, o I Concílio de Nicéia, realizado em 325, expressou a unidade
mística de Deus Pai e Deus Filho com a palavra homoousios, que significa "consubstancial". Afirmou-se
assim que a unidade de substância não implica a unidade de pessoas, pois a primeira e a segunda pessoas não
são idênticas, nem aspectos complementares da mesma substância. Numa tentativa de conciliação entre
católicos e arianos, a fórmula para a doutrina da Trindade foi definida então na profissão de fé de que "o
Filho tem a mesma natureza (homoousios) do Pai", mas a guerra teológica prosseguiu.
Atanásio, bispo de Alexandria de 328 a 373, defendeu e desenvolveu a fórmula estabelecida pelo I
Concílio de Nicéia. Nas décadas seguintes, a doutrina da Trindade tomou forma definitiva com base nos
ensinamentos dos primeiros grandes teólogos da igreja oriental, Basílio de Cesaréia, Gregório de Nissa e
Gregório Nazianzeno, também defensores do Credo de Nicéia. O arianismo foi condenado tanto pelo
Concílio de Nicéia quanto pelo de Constantinopla, em 381.
A crença na divindade de Cristo mediante a interpolação filioque ("e do Filho") foi afirmada como
posição católica contra o arianismo e parece ter sido acrescentada no concílio local de Toledo, em 589.
Apesar da oposição dos católicos não ortodoxos, a expressão estabeleceu-se aos poucos no Ocidente até ser
oficialmente utilizada em 1017, quando foi feito esse acréscimo definitivo, pela igreja latina, ao texto do
credo do cristianismo. Essa foi das principais causas do cisma entre as igrejas do Ocidente e do Oriente em
1054.

A DOUTRINA DA TRINDADE NA HISTÓRIA

1 . Período Anterior da Reforma

33
Os judeus dos dias de Jesus enfatizaram a unidade de Deus e isto foi transferido para a igreja cristã. O
resultado, foi que alguns anularam as distinções pessoais da Divindade e outros que faziam-nas não fizeram
justiça a Segunda e terceira pessoas da Trindade por afirmarem que não eram co-substanciais, co-eternos, co-
iguais ao Pai.
Tertuliano foi o primeiro a usar a palavra Trindade e a formular a doutrina, mas sua formulação era
defeituosa, porque subordinava o Filho ao Pai. Orígenes foi além desta distinção em ensinar que o Filho era
subordinado ao Pai no que diz respeito à essência, e que o Espírito Santo é subordinado ao Filho. Isto prepara
o caminho aos Arianos, que negavam a divindade do Filho e do Espírito Santo por afirmarem que o Filho
era a primeira Criatura do Pai e o Espírito Santo, a primeira criatura do Filho. Assim a co-eternidade e a co-
essência do filho e do Espírito com o Pai foi sacrificada, a fim de preservar a unidade de Deus; e
conseqüentemente as três pessoas da Trindade divergiam de graduações.
Os arianos ainda retinham uma aparente trindade, mas as 3 pessoas na Trindade foram sacrificadas
inteiramente pelo Monarquianismo, em parte para preservar a unidade de Deus e em parte para manter a
Divindade de Jesus. O monarquianismo Dinâmico, para salvaguardar a idéia de Deus como um, viam em
Jesus um homem somente, e no Espírito Santo uma influência. O monarquianismo Modalístico querendo
salvar a divindade de Jesus consideravam o Pai, o Filho e o Espírito Santo meramente como 3 modos de
manifestações sucessivas da divindade. Em outras palavras, o M. M. afirmava que a Trindade consistia
apenas de uma pessoa, e que os termos Pai, Filho, Espírito Santo, simplesmente denotavam esta uma Pessoa
em diferentes ofícios. Ex. João em casa é conhecido como Pai, no comércio como gerente, e no clube como
jogador. Mas esta corrente satisfazia apenas um ponto em reconhecimento ou reconhecer a Divindade de
Cristo. Seus defeitos eram visíveis se as fases eram sucessivas então Deus cessou de ser o Pai, quando Ele
tornou Filho, e cessou de ser Filho quando Ele se tornou Espírito. Esta corrente é conhecida também de
Sabelianismo.
O Monarquianismo também é conhecido como Socianismo, e como já foi dito, o M. D. afirmava que
Jesus era somente humano, um homem muito bom, na verdade o melhor dos homens porque Ele era
inteiramente animado ou controlado pelo poder de Deus. Ele não existiu antes de Belém. Desta maneira eles
salvaguardam a unidade da Divindade.
Também houve aqueles que perdendo a unidade da Divindade caíram no Tri-teísmo (três pessoas
separadas, com vontade e ação diferentes).
No Concílio de Nicéia, a igreja declarou o Filho como sendo co-essencial com o Pai (325 A. D.),
enquanto o Concílio de Constantinopla (318 A. D.), afirmou a Divindade do Espírito. Quanto a inter-relação
dos três, foi oficialmente declarado que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho (Filioque).
2. O Período da Reforma
Não temos novas formulações da doutrina da Trindade, mas apenas temos repetições dos erros
verificados antes da Reforma.
DEUS COMO TRINDADE EM UNIDADE

34
A palavra Trindade tecnicamente quer dizer não somente o estado de serem três, mas também de uma
unidade dos três. quando falamos em Trindade em Teologia queremos dizer ou referir-nos sobre a Trindade
em unidade, e a uma unidade que é trinal
Provas Escriturísticas da Doutrina da Trindade - A doutrina da Trindade é decididamente uma doutrina
da Revelação. é verdade que a razão humana pode sugerir alguns pensamentos para substanciar a doutrina,
mas se não fosse a Revelação Especial nós não teríamos tido conhecimento dela. Devemos pois ir às
Escrituras para uma verdadeira doutrina da Trindade.

a - Intimidações do Velho Testamento - Embora o Velho testamento fale explicitamente na unidade de


Deus (Dt 6:4; Is 44:6; 1Re 8:60; Zc 14:9), existem numerosas intimidações de uma pluralidade na
Divindade, e algumas indicações que esta pluralidade é uma Trindade. Quanto à pluralidade, podemos citar:
Gn 1:2,26; 3:22; 11:7; 20:13; 48:15; Is 6:8. ( Indicações mais nítidas da Trindade, nós encontramos em
Gênesis 1:1-2, onde o Espírito é distinguido de Deus. Em Gênesis 6:3, esta distinção é feita também. O Novo
Testamento declara que Jesus Cristo é o agente da criação. (Ef 3:9). Há passagens em que Deus fala e ao
mesmo tempo são mencionados o Messias e o Espírito; ou o Messias é quem fala e menciona Deus ou
Espírito. (Is 48:16; 61:1; 63:9,10).

b - Provas no Novo Testamento - Embora não exista no Novo Testamento uma passagem que, defina a
Trindade, nós temos passagens que mencionam claramente as três Pessoas de tal maneira que não somente a
sua distinção é percebida como também a Sua unidade. 1) Mt 28:19 na Grande Comissão, Jesus distingue
as 3 Pessoas; 2) 2Co 13:13 Bênção Apostólica é uma oração que é dirigida a Jesus por Sua graça, ao Pai
por Seu amor, e ao Espírito pela comunhão; 3) Mt 3:16-17 no batismo de Jesus, o Pai fala dos céus e o
Espírito desce em forma de pomba; 4) passagens do Novo Testamento declaram que Deus se revela pelo
Filho, o qual foi enviado ao mundo pelo Pai, João 3:16; Gl 4:4-5; Hb 1:6; 1Jo 4:9; Jo 1:14; 6:46; 7:20;
9:16,33; 5:17; 5) passagens que falam do Espírito sendo enviado por Jesus e o Pai, João 14:16 (outro
Consolador); 15:26; 16:7; Gl 4:6; 6) Passagens que falam que Deus se dirige a Jesus Cristo e Jesus
comungando com o Pai, (Mc 1:11; Lc 3:22; Mt 11:25, 26; 26;39; Jo 11:41; 12:27,28) e o Espírito orando a
Deus por nós, (Rm 8:26). (Evangelismo 613-617; M. H. 421).

DEFINIÇÃO DA DOUTRINA DA TRINDADE

A melhor definição da doutrina da Trindade é encontrada no Catecismo de


Pessoas na Trindade; o Pai, o Filho e o Espírito Santo; e estes três são um Deus, o mesmo em substância,

Além das provas das Escrituras já mencionadas sobre as três Pessoas da Divindade, desejamos
acrescentar o seguinte: - A Trindade não se revela ao homem tanto em palavras mas fundamentalmente, por
fatos na história. A revelação nítida da Trindade se encontra nos fatos de Deus enviar o Seu Filho ao nosso
mundo para salvar-nos, e do Espírito como Aquele que aplica a obra redentora em nosso coração.

35
A Trindade está vitalmente envolvida no plano da salvação, e este é o aspecto da Trindade que deveria
merecer o nosso estudo ao considerarmos a Divindade, e não concentrar a nossa atenção a perguntas que
estão além da nossa compreensão. A Trindade não é uma doutrina teórica sobre a qual o homem está livre de
especular além do que não está revelado. A Trindade é uma verdade sacra que revela-nos que as 3 Pessoas
estão empenhadas na nossa salvação.
Apesar das distinções pessoais na Trindade que as Escrituras apresentam quando falam na Divindade,
Deus é um só. Como o Pai, Filho e Espírito Santo podem ser distintos e ao mesmo tempo completamente
um, não nos foi revelado e está além de nossa compreensão. Não temos base de comparação com nada que
conhecemos. A Trindade é compreensível em alguns aspectos ou manifestações, mas é incomparavelmente
em Sua essência. Os esforços feitos para explicar o mistério, foram especulativos na maioria dos casos não
teológicos. Eles resultaram no desenvolvimento de concepções tri-teística ou madalística de Deus, em
detrimento da unidade de Deus ou da distinção pessoal da Trindade. A Igreja nunca tentou explicar este
mistério, mas apenas procurou formular uma doutrina de tal maneira que evitasse os erros que a ameaçaram.

INCOMPREENSÃO JUDAICA

A doutrina da Trindade não tem sido compreendida entre os judeus a ponto de dizerem que nós
cristãos adoramos três Deuses. A fim de compreendermos o problema dos judeus, desejamos citar um trecho
dos escritos do ex Rabbi Leopold Cohn, The Trinity in the Old Testament, pp. 3,4. Ele declara:
-se fundamentado nos
ensinos de Moisés Maimonides. Ele compilou 13 artigos de fé que os judeus citaram e incorporaram em sua

hebraico, Yachid diametralmente oposto à Palavra de Deus que


que

certamente é superior ao de Moisés Maimonides, mormente porque é Deus quem diz: Israel, o Senhor

Maimonides usa, mas que significa aquele que está unido.

Testamento e em que contexto e com que significado, para então declarar o seu verdadeiro significado.
Em Gênesis 1. nó lemos que houve tarde e manhã, o que formava um
usada, que sugere que a tarde e a manhã, duas partes separadas, são chamadas de um, mostrando que a

o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-


-se a duas pessoas
distintas.
Vejamos onde a expressão (único) é empregada. Em Gênesis 22:2, Deus diz a Abraão:
agora o teu filho, o teu Aqui aparece a palavra e ela é repetida em Gênesis 22:12.

36
Assim nós vemos que Moisés Maimonides, com toda a sua grande sabedoria e muito estudo, fez ou
cometeu um grande engano em prescrever aos judeus a confissão de fé na qual declarou que Deus é

Esta é portanto a verdadeira crença cristã. Ele não tem três deuses, mas UM, um no sentido
Escriturístico, q
The Trinity in the Old Testament, pp. 3,4).

O NOME PAI APLICADO A DEUS

Este nome usado para Deus não é usado consistentemente, no mesmo sentido. 1 Muitas vezes, é
aplicado ao Triúno Deus como origem de todas as coisas criadas (1Co 8:6; Ef 3:15; Hb 12:9; Tg 1:17).
Enquanto nesses casos a expressão se aplica ao Triúno Deus, ela se aplica especialmente a primeira Pessoa
da Trindade, a quem a obra da criação é atribuída. 2 O nome também é atribuído ao Triúno Deus para
expressar a relação teocrática. (dt 32:6; Is 63:16; 64:8; Jr 3:4; Ml 1:6; 2:10). 3 No Novo Testamento, o
nome é usado para o Triúno Deus como Pai dos Seus filhos espirituais. (Mt 5:45; 6:6-15; Rm 8:16; 1Jo 3:1).
4 O nome também é aplicado à primeira Pessoa da Trindade em Sua relação para com Jesus Cristo. (Jo
1:14,18; 5:17-26; 8:54; 14:12,13).

e
superioridade, e por outro lado, a idéia de dependência e subordinação. Numa linguagem teológica, porém,
eles são usados no sentido oriental ou semítico de igualdade com respeito à natureza (mesma natureza).
Quando as Escrituras chamam a Jesus Cristo como o Filho de Deus, Elas querem afirmar a verdadeira
Divindade de Cristo. O termo é aplicado a Cristo não meramente como um título oficial em relação à
obra da redenção (Sua encarnação e Sua ressurreição), que nestes casos é preeminentemente o Filho de Deus,
mas é usado principalmente para mostrar uma inerente relação Trinitariana. Em outras palavras, a expressão
mostra que o Pai e o Filho não somente são distintos, mas também são da mesma natureza co-eternos, co-
substanciais, co-iguais em poder e glória, e sempre existiram como Pessoas distintas. Na economia da
redenção, entretanto, para a consecução de um específico propósito, Jesus Cristo aceitou temporariamente
uma posição subordinada em relação ao Pai. Mas no sentido mais profundo, os termos apontam para uma
relação única de participarem de uma mesma natureza e substância que nenhuma criatura pode ter.
A idéia dos termos é expressa claramente por Dr.
que quer que o Pai é, isto o Filho é também. O
uma das Pessoas da Trindade, afirma acertadamente Sua
igualdade com o Pai e não subordinação ao Pai... Da mesma maneira a expressão de ou

37
derivação e nem de subordinação, mas é verdadeiramente uma expressão aplicada a terceira Pessoa da
Trindade para most Biblical
Doctrines, p. 163).
Há passagens no Novo Testamento em que ocorrem os termos e e a ênfase é posta na
idéia de igualdade ou semelhança com o Pai, e conseqüentemente entre as 3 Pessoas da Trindade. Em João
-lo, porque não só quebrantava o Sábado,
mas também dizia que Deus era Seu próprio Pai, fazendo- corretamente entendido
de chamar Deus de próprio isto é, os judeus entenderam o que Jesus reclamou quando disse que
tenderam que Jesus não estava usando o termo figuradamente e que
Jesus estava reclamando ser tudo o que Deus é. Ser Filho de Deus queria dizer que Ele era igual a Deus.
Igualmente nós lemos em 1 Coríntios 2:10-11 que o Espírito Santo é igual a Deus. Aqui o Espírito
Santo é apresentado como o substrato da consciência própria de Deus, o princípio do conhecimento de Deus.
O Espírito é Deus mesmo na mais íntima essência do Seu ser. Assim como o espírito do homem é a sede da
vida humana, a vida do homem, assim o Espírito de Deus é Seu elemento de vida. Como pode Ele então ser
considerado subordinado a Deus, ou derivado de Deus?
dos para expressar uma relação completa e
perfeita que existe entre as duas primeiras Pessoas da Trindade. Entretanto, eles são os melhores que temos.
São termos usados nas Escrituras, e além de expressar a idéia de semelhança de natureza, estes termos são
recíprocos, expressando, idéia de amor, confiança, honra, unidade, harmonia. Quando lemos que Deus o
Seu Filho para redenção do mundo, nós somos levados a entender que a situação era em muitos aspectos
idêntica àquela de um pai humano que envia seu filho como missionário ou em defesa de sua pátria. É algo
que envolve sacrifício da parte do pai bem como privação e sacrifício da parte do filho.
uliar em relação às duas Pessoas da
Trindade pode ser visto do variado uso destes termos em outras partes das Escrituras, e uso diário. Por
exemplo: Gn 4:20-21; 17:4; Êx 4:22; 2Sm 7:14.
Além disso, muitos dos ensinos das Escrituras são dados em linguagem figurada. Cristo é chamado
como o Cordeiro (Jo 1:29); o bom Pastor (Jo 10:11); a Porta (Jo 10:7); a Videira (Jo 15:1-5); a Luz (Jo 1:9);
etc...
Assim de acordo com o acima exposto, era próprio que os termos e fossem escolhidos
para expressar uma relação especial que existe entres as Pessoas da Trindade.

SUBORDINAÇÃO DE FILHO E DO ESPÍRITO AO PAI

Quando discutimos a doutrina da Trindade devemos distinguir entre o que é tecnicamente conhecido
-se a
Trindade que tem subsistido desde a eternidade. Na Sua vida inerente, nós dizemos que o Pai, Filho, e

38
Espírito Santo, são de igual poder, igual essência. Pela Trindade redentor entende-se a Trindade como ela é
manifesta no mundo, especialmente, na redenção dos pecadores. Existe uma subordinação de propósito ou
de operação na redenção dos pecadores, mas não uma subordinação na natureza ou essência. Contudo,
embora funções específicas são atribuídas a cada uma das Pessoas da Trindade, devido serem tão
intimamente relacionadas, cada Pessoa participa na obra das outras. (2Co 5:19; Jo 14:18; 14:9,11).
Na obra da redenção, o Filho que é igual ao Pai torna-Se como se fosse sujeito a Ele, e no estado de
Sua humilhação, Jesus Cristo podia dizer do ponto de vista de Sua natureza humana o que está escrito em
João 14:28; 1Co 11:3. E por sua vez o Espírito Santo é enviado, opera por Deus e Jesus, glorifica não a si
mesmo, mas a Jesus, e opera no coração dos homens. Esta subordinação do filho ao Pai, e do Espírito ao
Pai, e a Jesus Cristo, não diz respeito a Sua relação essencial na Trindade, mas somente diz respeito ao modo
de operação ou divisão de funções na criação e redenção. (Hb 2:9).
Esta subordinação do Filho ao Pai, e do Espírito ao Pai e Jesus, não é de nenhuma maneira
inconsistente com a verdadeira igualdade. Nós temos uma analogia de tal prioridade e subordinação, por
exemplo, nas relações que existem entre homem e mulher na família humana. Paulo declara que a relação
entre o esposo e mulher é de igualdade em Jesus Cristo (Gl 3:28), entretanto em outro lugar Paulo declara
que o marido é o cabeça, e no lar cada um tem a sua função principal a desempenhar. Se entendemos ou não,
tal relação, não é inconsistente com a perfeita igualdade.
Na obra da redenção a situação é mais ou menos assim: através de um concerto firmado, o Pai, Filho e
Espírito Santo, realizam uma obra específica de tal maneira que durante o progresso desta obra, o Pai torna-
se oficialmente o 1º, o Filho o 2º, e o Espírito Santo o 3º. Entretanto em essência ou vida inerente da
Trindade, a igualdade completa entre as Pessoas da Trindade é preservada.

A TRINDADE APRESENTA UM MISTÉRIO, MAS NÃO UMA CONTRADIÇÃO

De todas as doutrinas cristãs, esta é talvez a mais difícil de ser entendida. Que Deus existe como uma
Trindade tem sido claramente revelado; mas o modo particular de como as 3 Pessoas existem não tem sido
revelado. A maravilhosa personalidade de Deus, Pai, Filho, e Espírito Santo, permanece em mistério. Em
cada esfera nós somos obrigados a crer sem compreender ou explicar a realidade. O que, por exemplo, é a
luz? O que dá ou produz a força da gravidade e como atua?
Há muitas coisas no mundo que são verdadeiras mas que não sabemos explicar. o que é eletricidade? O
que é a vida? O que capacita o corpo humano de transformar o alimento em sangue, cabelo, ossos e pele?
Estas são apenas algumas das perguntas que não tem explicação, no entanto, este fato não invalida a verdade.
Elas existem e sua existência não dependem de nós a compreendermos. Da mesma maneira a Trindade existe
e Sua existência não depende de compreensão dos mistério de Sua natureza.
Mas, apesar da doutrina da Trindade apresentar um mistério, ela não apresenta uma contradição. Ela
afirma que Deus é um em respeito essência ou substância e que Deus é Três em um aspecto diferente
nas distinções pessoais, Assim a posição Unitariana, que afirma que Deus é único (uma pessoa) mas nega a
divindade de Jesus Cristo, e a posição Trinitariana, que afirma que há 3 deuses, são refutadas. A doutrina da

39
Trindade está acima da razão e nunca, poderia ser descoberta se não tivesse sido revelada por Deus ao
homem. Entretanto ela não é contrária a razão e nem inconsistente com outras verdades da Bíblia.

CAPÍTULO VIII
A ADORAÇÃO A DEUS

Só Deus Deve Ser Adorado


Existe um só Deus (Isa. 45:5). Como Criador do Universo somente Ele pode dizer com autoridade que o
Senhor é Deus, e não há outro. (1 Reis 8:60). Nas religiões animistas de algumas tribos, bem como no
budismo, hinduísmo e xintoísmo, há milhões de deuses, que de fato não são deuses, mas caricaturas pagãs
surdas, mudas, cegas e mortas. É muito fácil criar um deus, quando uma pessoa rejeita o verdadeiro Deus, ela
cria o seu próprio. E e se Deus é exatamente como essa pessoa gostaria de ser, no seu íntimo. Seu deus é a
corporificação de seus desejos e paixões sob forma de imagens, estátuas, credos e religiões. Deuses
irascíveis, vingativos, sanguinários, invejosos, imorais, mesquinhos, feitos a imagem e semelhança do
homem. Nada que se compare a descrição dos desejáveis característicos do Deus verdadeiro, fornecido pela
bíblia "Deus misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade, que usa de
beneficência com milhares, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado.Êxodo 34:6,7. Unicamente o
Senhor é Deus, portanto só ele deve ser adorado, nada e ninguém a não ser Deus merece nossa adoração e
reverência, nem mesmo os santos homens e mulheres da bíblia, nem mesmo os anjos (Apoc. 22:9).

A Maneira Correta de Adorar a Deus


O modo como adoramos a Deus importa muito. Cumpre-nos adorá-lo como Ele diz que deve ser,
mesmo que isso possa ser diferente de tudo que tenhamos aprendido até agora em nossa vida. É verdade que
alguns têm o costume de usar imagens na adoração, mas será que Deus quer que realmente o adoremos
assim? Não, o segundo mandamento de sua santa lei proíbe terminantemente o fabrico e/ou o uso de estátuas
ou imagens, que representem qualquer pessoa, coisa ou força, quer no céu, quer na terra, com o objetivo de
veneração (Êxodo 20:4-6). A vontade de Deus não é que a arte da pintura ou da escultura sejam eliminadas,
mas sim evitar que objetos de arte sejam cultuados(I João 5:21; Deut. 7:25).
Para adorarmos a Deus não precisamos dessa espécie de ajuda. Diz a bíblia: Deus é espírito, e é
necessário que o adoremos em espírito e verdade.(João 4:24). O modo correto de nos aproximarmos de Deus
é este. Como o apóstolo Paulo escreveu "andamos por fé, e não por vista"(II Coríntios 5:7). A maneira
correta de adorarmos a Deus é acima de tudo, procurarmos obedecer-lhe de todo o nosso coração, é aceitar o
convite: "Oh vinde, adoremos e prostremo-nos, ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou, porque ele é o
nosso Deus, e nós ovelhas do seu pasto que ele conduz." (Salmos 95:6).

40
CONCLUSÃO

Muitos de nós temos uma idéia distorcida de Deus, não o conhecemos e procuramos viver ignorando
sua existência. Jesus, porém, nos diz que em Deus está a chave de nossa felicidade: "E a vida eterna é esta,
que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus aquele que tu enviaste." João 17:3. Deus é amor, ele
é tudo quanto pode estar contido neste princípio, e muito mais. Ele nos ama, embora não o mereçamos, está
amorosamente interessado na vida de cada pessoa. De fato, ele tem as provisões necessárias para atender a
todas as nossas necessidades, antes mesmo que delas necessitássemos(Salmos 24:1). Deus é nosso Pai. É o
Pai de todas as criaturas. A chave da felicidade é conhecê-
Ti, o único Deus verdadeiro e a 17:3).

BIBLIOGRAFIA

01. A BÍBLIA SAGRADA. Revista e Atualizada no Brasil. São Paulo: SBB, 1997.
02. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Luz Para o Caminho.
03. Boyce's Abstract of Systematic Theology (Online Bible Software CD-ROM)
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12. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 1993.
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