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HAMILTON MERCADO VARGAS DE SOUSA

RESUMO: O HOMEM NO TEATRO DE DEUS

Resumo elaborado para atender às


exigências da disciplina de Teologia
Sistemática I, ministrada pelo Prof. Rev.
Hermisten Maia.

SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO


REV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO
São Paulo - 2022
SUMÁRIO

SUMÁRIO 1

4 – A PROVIDENCIA DE DEUS: UMA VISAO BÍBLICO-REFORMADO 2

CONSIDERAÇÕES GRAMATICAIS.............................................................................2

DEFINIÇÃO DE PROVIDENCIA...................................................................................2

PRESSUPOSTOS DA DOUTRINA DA PROVIDÊNCIA...............................................3

ASPECTOS DA PROVIDENCIA...................................................................................4
4 – A PROVIDENCIA DE DEUS: UMA VISAO BÍBLICO-REFORMADO

CONSIDERAÇÕES GRAMATICAIS

As doutrinas não dependem necessariamente de uma terminologia,


antes as doutrinas dependem essencialmente de seu conteúdo ser
fundamentada ou não nos ensinamentos da Palavra. Por exemplo a palavra
“Trindade” não ocorre nas Escrituras; nem por isso, podemos deixar de admitir
que esta doutrina seja eminentemente bíblica.

A doutrina da Providencia, encontra uma terminologia frágil nas


Escrituras para representar o significado do assunto. Todavia, todos hão de
convir que ensinamentos referentes à Providencia de Deus estão estampados
em toda a Palavra de Deus. A própria redação e preservação da Bíblia, bem
como a preservação da Igreja (Mt. 16.18), são manifestações sublimes e
palpáveis da Providencia de Deus.

DEFINIÇÃO DE PROVIDENCIA

A doutrina da providencia é uma das mais confortadoras para os crentes


em todos os tempos e circunstâncias, especialmente nas adversidades. Esta
doutrina esta relacionada ao conhecimento que temos de Deus a partir da sua
Revelação verbalizada nas Escrituras e encarnada em Jesus Cristo, o eterno
Verbo de Deus (Jo. 1.1-2,14). Dois pontos devem ser observados:

1. O Deus criador é também quem sustenta e preserva todas as


coisas dentro de seu proposito soberano, sábio e eterno.
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2. Deus não viola a liberdade de suas criaturas racionais e, portanto,


morais.
Estes dois pontos devem nortear o estudo deste assunto. A Bíblia
apresenta as duas realidades sem pretender explicar de forma absoluta a
relação entre elas. A Providencia de Deus nos fala da sua relação com a
Criação, revelando aspectos de sua soberania, sabedoria, justiça, bondade e
misericórdia, entre todas as suas perfeições.

Berkhof diz: “O permanente exercício da energia divina, pelo qual o


Criador preserva todas as suas criaturas, opera em tudo que passa no mundo
e dirige todas as coisas para o seu determinado fim”. O governo de Deus é
uma manifestação do seu poder.

PRESSUPOSTOS DA DOUTRINA DA PROVIDÊNCIA

Temos que ter em mente quando tratamos sobre esse assunto alguns
aspectos que são resultados logico e necessário da doutrina da Providencia.

1. A Bíblia como registro fiel e infalível da Palavra de Deus


A doutrina da Providencia da Palavra em recebê-la como fiel e
verdadeira.
2. Um Deus Todo-poderoso e, por isso, soberanamente livre
O poder de Deus é soberanamente livre. Deus exerce o seu poder
no cumprimento do que decretou e nas obras da providencia.
Contudo, o que Deus realiza não serve de limites para seu poder.
3. Um Deus Infinitamente sábio, bondoso e amoroso
Deus criou o mundo com sabedoria e poder. A sabedoria de Deus se
revela na escolha dos melhores finas e na seleção dos meios
eficazes para atingi-los. Deus é sempre o melhor – dentro do seu
proposito sábio e soberano.
4. A existência do plano divino
O plano de Deus é sempre o melhor, porque foi Ele Quem sabia e
livremente O escolheu! Deus dirige as coisas segundo o seu Plano
eterno e soberano; tudo ocorre na maioria das vezes de forma
misteriosa para nós -, para a execução da sua vontade.
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5. Um Deus imutável
Deus não muda o seu plano porque obviamente este é perfeito. Deus
dirige a história de forma imutável para a consecução inalterável da
sua sabia e soberana vontade, manifesta em seu plano.

ASPECTOS DA PROVIDENCIA

A Providencia de Deus inclui três aspectos, a saber: Preservação,


Concorrência e Governo, estas distinções não estabelecem hierarquias antes,
são expressões do poder sábio e soberano de Deus em sua relação com as
coisas criadas, preservadas e dirigidas por Ele mesmo.

Preservação

É o ato continuo de Deus de Preservar a existência do que Ele mesmo


criou. Isto significa que a Criação de Deus não tem poderes em si mesma para
autoexistir. As Escrituras registram que Deus após ter criado todas as coisas,
descaçou da obra da criação. Deus não descansa da fadiga, mas em
contentamento pela realização completa. Aqui temos a transição da criação
para a preservação divina. Do mesmo modo, o povo de Deus, deve tomar
alento nesse dia reconhecendo em suas conquistas e progressos a graça de
Deus.

Sem a preservação de Deus nada mais existiria; tudo teria voltado ao


nada. Por isso, podemos afirmar sem nenhum constrangimento, que ate
mesmo Satanás e os seus anjos, são alvos da bondade mantenedora de Deus;
sem a sustentação divina, eles voltariam ao nada, que é a ausência do ser. A
compreensão cristã de ordem na criação foi de fundamento importância para o
desenvolvimento da ciência.

Entre os Puritanos, por exemplo, o estudo cientifico, juntamente com o


teológico e literário era amplamente estimulado. O fato é que o principio cristão
da realidade de que toda ela parte de um Deus infinito e pessoal que não se
confunde com a Criação e, trazia como pressuposto a busca de compreensão
dos fenômenos naturais visto que o mundo é possível de compreensibilidade.
O fato é que a Ciência Moderna, não estava em principio dissociada da fé
cristã.
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Concorrência

Berkhof define: “A cooperação do poder divino com todos os poderes


subordinados, em harmonia com as leis pré-estabelecidas de sua operação,
fazendo-os agir, e agir precisamente como agem”.

A concorrência é o modo pelo qual Deus exerce a sua Providencia no


mundo, sustentando com seu poder as operações de todas as causas
secundarias.

Governo

É ação continua, misteriosa e soberana de Deus por meio da qual Ele


dirige todos os acontecimentos, pequenos e grandes, para o fim proposto por
Ele mesmo. O Governo nos mostra que a preservação e a concorrência têm
um objetivo teológico definido, que é a Gloria de Deus no exercício das suas
perfeições.

As coisas não ocorrem ao acaso, ao sabor das circunstancias, sem


nenhuma uniformidade, antes o Senhor Todo-Poderoso observa, preserva e
governa todas as coisas visíveis e invisíveis. Deus é o governante, porque
somente Ele é o Senhor eterno, livre, perfeito, justo, santo, reto, soberano e
misericordioso.

O EXERCÍCIO DA PROVIDENCIA PARA COM AS SUAS CRIATURAS

Vimos que só há uma Providencia, entretanto, Deus a exercita em


relações diferentes, portanto, há uma classificação:

Providencia geral

É o governo de Deus sobre o universo como um todo, evidencia na


ordem da natureza por meio das leis naturais pelas quais Deus rege o universo
e se manifesta como no Sl. 103.19; Sl. 104.1-14; Mt. 5.45.

Providencia especial

É o governo de deus sobre todas as criaturas racionais, sendo marcado


por atos de bondade para com todos os homens. Jesus ensina seus discípulos
em Lc. 6.35.
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Providencia especialíssima

Ele é o Senhor do universo, sua providencia é especialíssima, o seu


cuidado amoroso para com a Igreja, que é o seu corpo. A Igreja como Israel de
Deus é a menina dos seus olhos. Deus preserva a Igreja em todas as
circunstancia, podemos ter a certeza de que ninguém pode nos separar de
Cristo.

CARACTERÍSTICA DA PROVIDENCIA DE DEUS

Eficaz

A Providencia de Deus não pode ser frustrada. Deus sempre realiza


eficazmente a sua vontade. Tudo o que Deus decretou Ele concretizara.

Eterna

A Providencia de Deus tem a sua origem na eternidade e, jamais terá


fim. As suas bençãos são de eternidade a eternidade.

Imutável

O plano de Deus não necessita de remendos ou ajuste; ele é perfeito


porque procede do Deus absolutamente perfeito.

Universal

Ao contrário da doutrina sustentada por Cicero e outros pagãos, de que


os deuses cuidam apenas das grandes coisas, ignorando as pequenas, as
Escrituras nos ensinam que a Providencia de Deus envolve toda a criação;
inclusive aquilo que nos parece grande (Sl. 103.19) e, o que nos parece
pequeno, podemos dizer que a Providencia ou Governo de Deus, envolve:

1) Criação Inanimada;
2) Animais Irracionais;
3) As Nações;
4) Todos os Homens;
4.1) Seu nascimento e acontecimento de sua vida
4.2) Seus sucessos e fracassos
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4.3) Os acontecimentos aparentemente acidentais ou


“insignificantes” da vida
4.4) A necessidade do seu povo
4.5) Seus atos livres
4.6) Seus atos pecaminosos
A oração correta de seus servos

Antes de fazermos uma oração por nós mesmos, devemos pedir que
sua vontade seja feita. A oração não é uma tentativa de mudar a vontade de
Deus, mas sim a manifestação sincera de submeter-lhe os nossos desejos à
vontade de Deus. Por meio da Palavra e do Espirito Santo vamos aprendendo
a subordinar nossos desejos a Deus. Quando pedimos que Deus faca a sua
vontade, o fazemos com amor e confiança, certos de que a vontade de Deus é
sempre a melhor, de que ela sempre é boa, agradável e perfeita (Rm. 12.2).

Somente um coração que tem dentro de si a Palavra, pode sentir prazer


na vontade de Deus e, se alegrar na manifestação do seu poder. A Oração do
Senhor nos ensina a pedir a Deus que realize a sua vontade aqui na terra
como é feita no céu. Quando assim oramos, estamos seguros de que Deus age
sempre em a) Sabedoria: por isso confiamos nos seus propósitos; b) Poder:
sabemos que Ele é poderoso para cumprir perfeita e totalmente os seus
propósitos; c) Fidelidade: Deus é fiel a Si mesmo e por isso, Se revela fiel a nós
por intermédio de suas promessas; d) Amor: a sua vontade é sempre amorosa,
o amor de Deus é aquele que se sacrifica pelo seu povo. A submissão deve
reger as nossas orações. Esta atitude vemos plenamente exemplificada em
Cristo,

A oração, conforme os preceitos bíblicos, esta relacionada com a


Providencia de Deus. Entendemos que as nossas orações quando feitas por
um motivo justo, por meio de Cristo e, partindo de um coração sincero, fazem
parte da execução do plano de Deus. Portanto, não devemos nem podemos
pedir qualquer coisa a Deus contraria a vontade de Jesus Cristo. Pedir em
nome de Cristo, pois significa deixar de lado nossa vontade própria, aceitando
a vontade do Senhor!

A nossa oração é dirigida ao Pai, sabendo que Ele é um Pai onisciente e


providente: por isso, não pretendemos e, de fato não podemos mudar a
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vontade de Deus. Se você por um instante sequer titubear diante desta ridícula
questão, é porque você ainda não conhece o Deus da Palavra! Muitas pessoas
ainda creem assim ou, pelo menos se comportam com se deus fosse movido
de um lado para outro conforme as nossas “seduções espirituais”: longas
orações, peregrinações, sacrifícios, abstinências, louvores exaltados, entre
outros recursos. Este não é o Deus das Escrituras. O nosso Deus dirige todas
as coisas com sabedoria, justiça e amor; é a Ele a quem oramos: “seja feita a
Tu Vontade!”. A nossa oração é um testemunho solene de nossa confiança no
cuidado paternal de Deus.

O nosso Pai conhece cada coração; ele sabe as nossas motivações e


intenções. As pessoas podem nos julgar mal, no entanto, o nosso Pai, nos
conhece perfeitamente; Ele vê em secreto os segredos de cada coração. Não
estamos, por meio da oração, em busca de recompensa humanas, pelo
contrário, oramos ao Pai para de fato, falar com Ele, colocando diante de seu
trono de graça as nossas necessidades. Deus sabe e por isso cuida. A nossa
demorada consciência de nossas próprias carências não escapa à Providencia
de Deus, nem à sua graciosa provisão.

A ação de Deus na História é de forma sabia, conforme o seu Santo


Conselho, objetivando a sua Gloria na execução do seu plano. O plano de
Deus e o seu governo são eternos e eficazes. O próprio Deus, reivindica o seu
governo quando vocaciona o profeta Jeremias (Jr. 1.5).

OS ANJOS BONS E MAUS

A Bíblia nos ensina que os Anjos bons estão a serviço de Deus, em


favor dos eleitos. Eles foram criados para realçar a gloria de Deus por todos os
meios possíveis. A Palavra também nos ensina que Satanás que é o chefe dos
anjos caídos tenta destruir a obra de Cristo.

Entretanto, a Bíblia declara de forma inequívoca, que Satanás nada


pode fazer sem a previa permissão de Deus; por isso, Deus delimitou o seu
raio de ação. “Cristo já derrotou Satanás uma vez para sempre, mas ele está
sempre pronto para renovar a batalha”, conclui Calvino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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