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Aflição e Paz - A história por trás do hino 108

Cantamos maravilhosas hino, porém muitas vezes não conhecemos as histórias de quem
os escreveu. Esse lindo hino de conforto, foi escrito num momento extremamente difícil
da vida de seu autor, Horatio Gates Spafford.
Horatio Spafford nasceu no dia 20 de outubro de 1828, em Chicago. Presbiteriano
dedicado, era um bem-sucedido advogado e empresário do ramo imobiliário na década
de 1860. Casado com Anna Spafford, tinha 5 filhos: 4 mulheres e 1 homem. Foi
professor de Jurisprudência Médica na Universidade de Lind. Serviu como diretor de
um Seminário Teológico Presbiteriano e era professor de Escola Bíblica Dominical na
sua igreja.
Entretanto, na década de 1870, vários eventos transformaram por completo a vida de
Spafford.
O primeiro, em 1870, foi a morte de seu único filho homem, então com 4 anos de idade,
que faleceu devido a uma doença chamada escarlatina.
Em outubro de 1871, os bens da família foram quase todos destruídos no famoso e
desastroso "Grande Incêndio de Chicago". Este incêndio durou dois dias, matou entre
200 e 300 pessoas, destruiu 17.450 casas, deixou 100 mil pessoas desabrigadas e cerca
de 200 milhões de dólares de prejuízos materiais.
Em 1873, ainda se reerguendo financeiramente e atendendo sugestão médica de levar
sua esposa Anna, que estava com a saúde bastante debilitada, para viajar, Spafford
resolveu passar férias com sua família na Europa, querendo aproveitar que seu amigo, o
evangelista D. L. Moody, estaria pregando em uma região da Inglaterra no outono.
Em novembro daquele ano, a Sra. Spafford tomou o navio francês "Ville du Havre"
juntamente com suas quatro filhas: Dorothy, Mary, Bunny e Baby May. O Sr.
Spafford não pôde seguir no mesmo navio, devido a compromissos de trabalho e, assim,
despediu-se de sua esposa e filhas na expectativa de breve encontra-las na França.
A viagem se encaminhava tranquila. No entanto, no dia 22 de novembro de 1873,
durante a noite, enquanto todos os passageiros dormiam, o navio francês se chocou com
o navio inglês Lochearm e logo começou a afundar. Todos acordaram no meio da
noite, A Sra. Spafford reuniu suas quatro filhas, e as cinco se ajoelharam pedindo que
Deus as salvasse, se assim fosse a Sua vontade, mas, senão, que as preparassem para
morrer.
À medida que a água subia, mais e mais, dentro do navio, uma a uma, as suas queridas
filhas foram arrancadas dos seus braços, perecendo diante dos seus olhos. Menos de
trinta minutos depois da colisão o navio já havia afundado. Duzentos e vinte e seis
passageiros morreram. Foi o pior desastre na história naval até o naufrágio do Titanic
em 1912, 40 anos depois.
A Sra. Spafford, porém, foi milagrosamente poupada e salva: mais tarde, um tripulante
de outro navio a encontrou flutuando na água, mas as quatro filhas estavam
desaparecidas. Depois de 10 dias, os sobreviventes conseguiram chegar a Cardiff, no
País de Gales.
Lá, a Sra. Spafford enviou para seu marido um telegrama com apenas duas palavras:
"Saved alone", ou "Salva, sozinha".
Ao ler a mensagem, ele partiu imediatamente para a Inglaterra.
Durante a viagem, mesmo em um momento de profunda dor, ao passar pelo local da
morte de suas filhas, ele compôs este belo hino que até hoje é cantado nas igrejas, ele
escreveu as seguintes palavras: "Quando a paz, como um rio, visitar o meu caminho;
quando as tristezas, como ondas do mar, rolarem; seja qual for o meu destino, tu
me ensinaste a dizer: está tudo bem, está tudo bem com a minha alma".
Em Edimburgh, na Escócia, o famoso evangelista D. L. Moody e seu igualmente
conhecido companheiro musical Ira D. Sankey estavam numa conferência evangelística
quando souberam da morte das filhas de Spafford. Moody saiu de Edimburgh para
tentar consolar o casal Spafford na Inglaterra.
Spafford deixou Chicago abatido pelas sucessivas tragédias e foi para Jerusalém com
sua esposa. No dia 16 de outubro de 1888 Spafford morreu em Jerusalém.
Horatio Spafford, em um momento de grande provação e tribulação, buscou consolo e
refúgio em Deus, fazendo-nos lembrar da mensagem do apóstolo Pedro em 1 Pedro
4:19: devemos confiar nossas almas ao fiel Criador. Que possamos nós também
demonstrar a mesma confiança e disposição para com Deus em nossas dificuldades, que
muitas vezes são tão pequenas comparadas à tragédia que este homem de Deus sofreu;
e, quem sabe, poder cantar com fé e convicção, assim com Spafford: “Seja qual for o
meu destino, tu me ensinaste a dizer: está tudo bem, está tudo bem com a minha
alma”.

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