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Fundamentais de
Cultura, Lei, Moral e
Ética no Vir-a-Ser
dos Seres Humanos
©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília
Apresentação
Fonte: https://goo.gl/MDL9C2
Se quisermos compreender nossa condição humana e seus atos, é relevante distinguir duas
dimensões: somos pessoas bio-culturais, isto é, somos seres vivos, programados pelas leis
biológicas e, ao mesmo tempo, seres culturais criadores de nós mesmos e de nosso mundo
humano. Como seres biológicos, nós possuímos um código genético. Sob esse aspecto,
pertencemos ao gênero animal. Como entes culturais, contudo, nós nos diferenciamos dos
animais, pois criamos e continuamos até hoje construindo o que há de específico em nossa
espécie. Por isso, somos diferentes dos demais entes que recebem sua essência acabada;
nosso ser específico, ao contrário dos demais entes não humanos, se constitui apenas
como um poder-ser que cria a si mesmo, que se dá seu próprio ser, embora continue até a
morte apenas como um projeto inacabado.
E aqui cabe ressaltar com os antropólogos que essa é uma verdadeira criação, pois não
havia nenhum modelo para nossos antepassados seguirem ao criar sua especificidade
humana. Assim, nesse processo de hominização , eles criam literalmente seu próprio
mundo, diferentemente dos animais que apenas têm mundo. Cada grupo social cria sua
própria cultura e – fundado nela – elabora sua "constituição", suas leis, sua moral, sua
religião, seus costumes, sua tradição e sua ética; enfim, o grupo produziu tudo o que era
necessário para sua defesa e sobrevivência, bem como para a convivência dos membros do
grupo entre si e para o relacionamento com as pessoas de outras comunidades. Isso tudo
mostra o que nos especifica como seres humanos, o que nos torna diferentes dos demais
entes que receberam sua essência programada ao nascer.
Mas dizer que somos diferentes dos animais não significa que há uma separação estanque
entre nós e os animais, nem tão pouco que haja uma separação entre nossos atos
biológicos (corporais) e culturais (mentais): somos uma unidade do complexo
biológico/cultural; continuamos ligados aos animais e a todos os entes terrestres, pois
pertencemos todos à mesma mãe terra. Temos que olhar com olhos holísticos, ver cada ato
humano dentro da totalidade e complexidade de nosso ser, a fim de conviver, de modo
responsável e solidário, com todos os entes de nosso universo.
Outro aspecto importante é ter consciência de que há tantas culturas diferentes quantas são
diversas as etnias existentes no mundo. No Brasil, embora se costume falar em "cultura
brasileira" como se fosse uma única, na realidade há centenas de culturas diferentes. Basta
lembrar as centenas de culturas das tribos indígenas, das pessoas que vieram da África e
imigrantes de diversos países europeus ou asiáticos. Nenhuma dessas culturas, contudo, é
superior às outras. Durkheim (2000) – que conviveu com mais de 400 grupos autóctones
na Austrália - observou que cada grupo tem sua própria cultura e a partir dela cria suas
religiões, suas leis, suas morais e ética; tornando absurda a ideia dos europeus da
modernidade que tomavam sua cultura como padrão das demais. Assim sendo, se vamos
pesquisar a ética, a moral e as leis dentro da civilização ocidental, não pretendemos colocar
essa cultura como norma para as demais; pretende-se apenas ver como se desenvolveram
esses fenômenos ao longo da história dessa cultura Greco-europeia ocidental e como ela
pode ainda hoje dar resposta às grandes questões da civilização ocidental.
Conteúdo
Os Grupos Sociais Construídos e Construtores
da Cultura, Moral, Ética e Lei
Fonte: https://www.google.com.br/search
Sem haver interação com outras pessoas, um bebê nunca será alguém, como mostra,
entre outros exemplos, o conhecido caso das meninas que conviviam com os lobos na
Índia (Fig. 1). Elas não tinham nada de humano – além da aparência física;
comportavam-se como lobas. Assim, percebemos que o ser humano constitui seu ser
na convivência com os demais membros de sua comunidade.
Para Refletir
O que pensa você sobre essa questão? Se, por exemplo, nossa cultura é machista
e homófoba (LGBT ), há possibilidade de transformá-la? Julgue as seguintes
indagações: quais ações, quais movimentos e políticas públicas seriam
adequados e eficazes para transformar atitudes de preconceito e ódio? Se a
sociedade que temos foi criada pelas pessoas, então cabe, também a elas,
desconstruí-la quando for injusta e transformá-la.
Junto com a cultura surgem, entrelaçadas, a moral, a lei e a ética. É muito difícil falar
desses temas de modo separado, pois todos eles estão intimamente ligados uns aos
outros, referindo-se todos à mesma realidade grupal. Assim, Moral e Ética, na posição
de muitas autoras e autores, são considerados termos sinônimos; enquanto que outros
julgam fundamental ver neles dois conceitos distintos. Essa é uma questão muito
controvertida. Você, por acaso, já tem uma opinião formada sobre essa questão? Pense
no assunto, pois até o final da aula você receberá mais elementos informativos para
poder se posicionar de modo mais fundamentado.
a. Éthos (ήθος) - com "eta" inicial, vogal longa (é), designa inicialmente "morada do
homem, lugar de estada permanente, abrigo protetor" (ERMOUT; MEILLET , 1994,
adaptação); e
b. Êthos (έθος) - com "épsilon" inicial, vogal breve (ê) - diz respeito ao
comportamento que resulta de um constante repetir-se dos mesmos atos, mas
não de forma necessária, maneira habitual do agir humano (ERMOUT; MEILLET,
1994, p. 407-408).
Na primeira matriz, fala-se que alguém constrói sua morada a partir da razão; nesse
espaço se localizam nossos costumes, valores, hábitos, normas e ações. Essa ordem
estabelecida pelo "ethos" é chamada costume, maneira habitual de ser de um
determinado grupo humano. A segunda matriz, por sua vez, se refere ao
comportamento que resulta de um constante repetir-se de um mesmo ato. Mas, esse
ato humano é diferente das leis rígidas da natureza, ele é de outra ordem, fica no
domínio da liberdade, sem determinismos absolutos.
Portanto, o ethos irá assinalar, desde o princípio, uma oposição à "physis" (φύσις), isto é,
àquilo que significa ao mesmo tempo a natureza e o princípio ordenador do mundo
físico. Nesse sentido, o ethos se contrapõe ao que é natural na pessoa (impulso do
desejo), pela constância e disposição da vontade de agir de acordo com as exigências
de realização do bem ou do que é o melhor a ser feito. Existe aqui, assim, uma oposição
entre o mundo humano, no qual não há determinação absoluta, e o domínio físico, no
qual os fenômenos seguem leis rígidas.
Vaz (1993, p. 12), próximo à tradição aristotélica, bem lembra, que a noção de "éthos"
deve ser articulada a outro vocábulo grego, aquele de "héxis" (έξις), o qual remete à
ideia de possessão, de estado adquirido, hábito, estado de alma, atitude ao agir de certo
modo (MAGNIEN; LACROIX ,1969, p. 608). Assim, o "êthos" corresponderá à aquisição
estável (έξις πραχτιχή), por alguém, mediante a educação, repetição e reflexão,
adquirindo uma sabedoria prática que lhe possibilite agir segundo a escolha da melhor
via para a consecução de um fim considerado bom. O "êthos" torna-se, assim, parte do
caráter de seus agentes. Daí o papel preponderante do aprendizado na constituição de
uma vida virtuosa (BODÉÜS , 1982, p. 218).
Esse caráter, contudo, não é estável. Pelo contrário, é o constante exercício da pergunta
sobre o que é o melhor a se fazer em determinadas situações da vida. Dito de outro
modo, o "ethos" é a capacidade de perguntar pelo sentido das ações e pelas suas
consequências. Assim, como veremos mais adiante na distinção entre "ética" e "moral",
o ethos/ética é o conjunto de critérios que utilizamos para questionar o que já está
estabelecido pela moral.
Diante disso, pode-se propor uma definição etimológica da noção de ethos, articulando
as duas matrizes conceituais, ethos como costume e ethos como hábito:
O elemento que permite essa articulação será, portanto, a ação baseada em uma
reflexão (práxis), pela qual o ethos se constitui, se reproduz e se altera no tempo (ou
seja, ethos como costume) e pela qual a pessoa se constitui a si mesma como sujeito
ético (isto é, ethos como virtude). A ação ética expressará, pois, a capacidade de
pessoas e grupos de efetivarem o BEM e/ou de atualizá-lo.
Pode-se dizer que o ethos se constitui historicamente como o ethos de um povo, ele é
seu "rosto". O ethos é, antes de tudo, um sentir-se em casa. Nesse sentido, ethos se
vincula a outra palavra grega (oikós) que, tendo como sentido original a palavra "casa",
deu origem às palavras "economia", "ecologia", "ecumenismo", todas expressando, de
alguma forma, a noção de que vivemos em um mundo que é uma "grande casa" onde
todos os seus habitantes têm direito à sua dignidade. Pode-se dizer, assim, que a "ética"
(ethos) são os critérios que utilizamos para decidir nossas ações visando o bem desta
grande casa em que habitamos (oikós). Podemos falar efetivamente do ethos como de
um universal simbólico que rege a instituição das normas, das leis, dos hábitos, das
regras e dos valores.
A Questão Ética
Por que existe a questão ética distinta da moral?
De acordo com Ladrière (2001), essa exigência de realização de si não é arbitrária: ela é
o prolongamento do que já estava presente no existir. A exigência ética implicada na
ação é, precisamente, a determinação da vontade na realização daquilo que a
existência, como poder-ser, contém em si enquanto ainda não realizado. Existe tensão
na pessoa porque o seu ser futuro já se encontra presente, mas carente de
concretização.
Essa realização de si como alguém ético não é estranha à própria existência, mas, sim,
é tarefa própria dela. Trata-se "de um processo no qual a existência é chamada a pôr-se
em jogo, sob sua própria responsabilidade, assumindo os riscos e perigos" (LADRIÈRE,
2001, p. 91). Esse comprometimento da pessoa em relação a si próprio (a realização de
si como ser ético) põe em questão a sua responsabilidade sobre si mesmo e os outros.
O resultado efetivo de nossas ações somos nós, enquanto ser-para-outro, pois todos os
atos morais e éticos só têm sentido em vista da convivência com os outros.
Ética e Moral
É importante observar que, ao longo da história da filosofia, o uso de um ou outro termo,
ética e moral, irá variar segundo o entendimento de cada pensador e pensadora. Até a
era moderna, serão tomados como termos equivalentes, havendo preferência pelo uso
ora de um, ora de outro. Alguns recorrerão a uma distinção conceitual entre ética e
moral, dando a um e a outro termo um sentido específico. Neste curso de Ética,
tomaremos como definição básica que a "Ética" é a condição humana que possibilita
questionar a "Moral" instituída na sociedade visando a sua transformação.
Ethos e Cultura
A ação humana, enquanto portadora de significação, é a medida (métron) das coisas, no
sentido de que toda ação – seja como agir (práxis), seja como fazer (poiésis) – constitui
um universo simbólico que é, a um só tempo, obra (ergon) da pessoa e referência para
sua própria ação, ou seja, seu ethos. Ora, a essa obra coletiva, a essa ação criadora de
objetos, signos e formas – pelas quais um determinado grupo humano se reconhece
como coletividade – damos o nome de "cultura". Nesse sentido, como já afirmara Vaz
(1993, p. 36), "o ethos é coextensivo à cultura".
A ação criativa e instituinte é feita, a bem da verdade, com base em um dos
elementos centrais do ethos: a liberdade que têm as pessoas de escaparem ao
determinismo que reina na natureza do mundo físico, de mudar o curso das coisas e
também o poder de transmutar o sentido das coisas, de não ceder à pura e simples
inércia, de não se conformar simplesmente à sociedade instituída.
Pensamos, nesse sentido, que a reflexão ética possa nos auxiliar num confronto crítico
face às nossas próprias tradições, de modo que, sem negá-las, assumamos o desafio
de nos defrontar com tudo aquilo que, sendo parte da herança que nos fez o que somos
hoje, como cultura e nação, limita nosso poder de criação, tolhe nosso imaginário
coletivo, nosso poder de sermos outro. Isto é o que poderíamos chamar de
autoalteração ética de um povo: o poder que tem uma coletividade de pôr-se diante de
suas próprias significações sociais e de renová-las.
Lei Jurídica ou Direito e Moral
A Lei Moral, segundo Immanuel Kant , é uma lei que manda agir de acordo com o que
a vontade quer que se torne uma lei válida para todos. Em outras palavras de Kant, cada
pessoa, portadora de uma boa vontade, saberá escolher, dentre suas regras particulares,
aquela que pode valer para todas as demais.
O termo "Lei" tem muitos significados. Mas, nesse item, você estudará, de forma
esquemática, apenas a relação entre lei jurídica ou direito contraposta à moral. A Lei
moral será tratada na aula 4, sobre Kant.
O Direito anda junto com a moral, mas nem toda lei é moral.
Há atos amorais que não são nem morais nem imorais. A lei jurídica trata desses atos,
como por exemplo, as leis do trânsito. Assim, essa comparação entre Direito e Moral
nos ajuda a compreender a relação dessas duas disciplinas, mas ela não esgota um
assunto complexo como este.
O mundo ético não se reduz a uma ordem dada como "ordem boa", a qual devem as
cidadãs, os cidadãos aderir. A vida ética é historicamente instituída como vida desejável
para um grupo humano determinado. O mundo ético, como universal simbólico (DELA-
SÁVIA , 2002), é o mundo que as pessoas instituem como seu mundo, um mundo
pleno de elementos significativos. Lemos em A instituição imaginária da sociedade.
Nossa perspectiva de leitura do ethos, portanto, o toma não como confirmação de uma
ordem social herdada, mas, no sentido de Castoriadis, como autocriação irrepetível de
um modo de ser coletivo. Pode-se dizer que o desafio da reflexão ética será, pois, o de
pensar a capacidade das pessoas de instituírem o seu ethos enquanto estes o
absorvem, o que remete, em última instância, à questão da autonomia da pessoa social.
Toda sociedade, para existir, precisa, como vimos anteriormente, de regras morais que a
regulam, sejam estas regras escritas ou presentes na subjetividade de cada sujeito.
Sem regras morais, não há sociedade. Contudo, só as regras morais não bastam, pois
elas representam somente o momento em que a sociedade vive. É a capacidade
humana de questionar estas regras morais que possibilita a transformação da
sociedade. A este questionamento é que chamamos de "Ética".
Exemplo
Na Prática
"Estudante,
Esta seção é composta por atividades que objetivam consolidar a sua aprendizagem
quanto aos conteúdos estudados e discutidos. Caso alguma dessas atividades seja
avaliativa, a docência indicará no Plano de Ensino e lhe orientará quanto aos critérios
e formas de apresentação e de envio."
Bom Trabalho!
Atividade 01
Foto: Instagram/Reprodução.
Fonte: https://goo.gl/M5zvZ7
Bilhete deixado em para-brisa de carro avisa que motorista bateu no veículo, mas escreveu
apenas para fazer as testemunhas pensarem que ele deixava seu contato.
Atividade 02
Leia o item “Os grupos sociais construídos e construtores de sua cultura, moral, ética e lei”.
Atividade 03
Após o estudo desta aula, posicione-se sobre a questão de saber se os termos "Moral" e "Ética"
são duas palavras diferentes para nomear um único conceito ou, ao contrário, se esses dois
termos correspondem, respectivamente, a dois conceitos distintos. Justifique sua opção. Escreva
seu posicionamento em até dois parágrafos.
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Saiba Mais
Para ampliar seu conhecimento a respeito desse assunto, veja as sugestões da docência,
abaixo:
A ética não diz respeito apenas às pessoas, mas a todos os entes do meio ambiente
do nosso planeta. Ouça a palavra de Leonardo Boff no Vídeo Ecologia Social .
Antes de encerrar o estudo desta aula, leia a resenha do livro O que você precisa saber
sobre ética .
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Referências
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tecnológica. Disponível em: <www.anppas.org.br>.
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WEIL, Eric. Filosofia política. Tradução Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1990.
Apresentação
Fonte: https://goo.gl/6GV3ao
Infográfico
Leia o infográfico abaixo e conheça mais da biografia dos sete sábios da Grécia.
Fonte: https://goo.gl/EkXYfe
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Conteúdo
A Ética Filosófica de Platão
Platão foi o primeiro a enfrentar filosoficamente, isto é,
com rigor de método e profundidade de reflexão, a questão
do "Bem". A interrogação platônica visará à questão do
"Bem em si mesmo" e de como este Bem se apresenta
como bem-para-nós, ou seja, como bem na vida humana.
Fonte: https://www.google.com.br/
Platão, para explicar sua concepção de Ética, inventou o
Mundo Ideal, lugar abstrato onde existe o Bem, a Verdade, a Justiça, o Belo e todas as
noções perfeitas que existem. Em nosso mundo real, só percebemos a sombra deste mundo
ideal, onde existe a luz plena. Para alcançar o mundo ideal, segundo Platão, precisamos de
um método, a que ele chama de dialética.
Platão foi discípulo de Sócrates, considerado por ele como "o homem mais sábio e mais
justo de seu tempo" (PEGORARO , 2006), e dele herdou seus principais princípios que
percorreram toda a sua filosofia. De Sócrates nada temos escrito, mas sabemos de sua vida
e de seu pensamento por meio de seu discípulo mais iminente.
Sócrates, que viveu no século IV a.C., foi o primeiro filósofo grego que se ocupou com a
pessoa como prioridade e objeto de reflexão filosófica. Até então, a questão em que os
filósofos se debatiam tinha como foco principal a natureza. Das palavras de Platão,
sabemos que Sócrates não fazia sua reflexão filosófica a partir de um gabinete separado do
mundo, mas sim do mundo vivido e experimentado pelas pessoas. É nas praças (Ágora), nas
ruas, nos mercados que Sócrates interpela seus interlocutores para buscar a verdade. Sob o
lema "conhece-te a ti mesmo", que ficou registrado na história como emblemático em todos
os tempos, Sócrates inaugurou o método da maiêutica . Isto é, a verdade já está no
interior de cada um, basta um bom método para retirá-la. Este método, a maiêutica, é
semelhante ao trabalho da parteira, que faz vir para fora a pessoa que está dentro do útero.
Assim, também o é com a verdade, ela já está no interior das pessoas, mas precisa ser
retirada de lá. Quem é justo e bom, seja homem ou mulher, é feliz e o injusto é infeliz. Não é
possível que, a mulher ou o homem bom, aconteça algum mal nem na vida e nem na morte:
os deuses deles se ocupam (SÓCRATES apud PEGORARO, 2006).
A ética platônica não pode ser pensada sem se considerar o método que sua filosofia
institui, isto é, a dialética. Em Platão a dialética é a busca do ser-em-si de toda pessoa, ou
seja, a Ideia (Ιδέα): alguém na sua imutabilidade e perfeição. Por exemplo, seja a noção de
vertical: a dialética, como investigação filosófica, não se ocuparia "de tal ou tal imagem de
vertical, mas de defini-la segundo seu ser necessário e constante" (GADAMER , 1994, p.
298. Tradução nossa). É a dialética , "ciência por excelência", que nos dá acesso a essa
transparência do ser em si mesmo (o ser de todo ente na sua identidade), para além da
transitoriedade e mudança a que está sujeito o mundo sensível, objeto das ciências
empíricas. Assim, aplicada ao problema moral, a dialética platônica será o método que
permite fundar a vida prática das pessoas empíricas na Ideia universal do Bem.
Ao refletir sobre o tipo de existência que possa exprimir uma vida ética, isto é, a vida
daquela e/ou daquele que busca o justo equilíbrio entre prazer e inteligência (bem
entendido, trata-se aqui dos prazeres da alma, prazeres "verdadeiros", únicos capazes de se
harmonizarem com o cultivo da inteligência, em oposição aos prazeres do corpo, intensos e
desmesurados, que perturbam o espírito), a ética platônica primará por uma articulação
essencial entre ética e estética, entre o Belo e o Bom. Como bem afirma Gadamer:
A medida não se refere a uma norma externa a pessoa à qual ela deva se conformar,
mas "designa uma certa relação do sujeito a si mesmo, um modo de comportamento
particular que carrega um nome: a moderação" (GADAMER, 1994, p. 310. Tradução
nossa).
A beleza, longe de ser um modelo estético fixo, ela aparece aqui como "forma
aceitável na qual seu ser poderá se manifestar, pelos seus atos, em toda a sua
transparência" (GADAMER, 1994, p. 310. Tradução nossa).
A verdade caracteriza o modo como a pessoa se engaja no projeto de se forjar a si
mesma como pessoa moral, de constituir para si uma existência digna do nome "boa",
reconhecida como moral. Em outros termos, a verdade designa o caráter de
autenticidade daquela e daquele que busca para si uma existência moral. É, pois, a
verdade aquilo que "associa o prazer e o intelecto a fim de que sua união não seja
abandonada ao acaso" (GADAMER, 1994, p. 310. Tradução nossa).
A articulação destes três princípios, portanto, irá presidir aquela harmonização das diversas
partes da qual se constitui a vida humana, ou seja, o prazer e o intelecto, num todo coeso,
numa "medida determinada", guiando a pessoa em suas ações. Segundo Platão, porém,
dentre as duas partes "misturadas", tendo em vista a realização de uma vida sob o signo do
Bem, é o intelecto aquele que mais se aproxima do ideal de bem, caracterizado, como vimos,
pela moderação, pois que os prazeres são, por sua própria natureza, i-moderados.
Para Refletir
Pela dialética, Platão abandona o mundo sensível - onde não há verdadeira realidade,
pois na terra tudo não passa de sombras ou de cópias do verdadeiro ser – e sobe ao
Mundo Inteligível das Ideias, que são a realidade em si mesma. Dessa forma, Platão
faz uma profunda cisão entre o mundo sensível e corporal, de um lado e o mundo
inteligível e espiritual, de outro, inclusive separando totalmente Alma e corpo dos
humanos.
O que você pensa sobre essa cisão entre o corporal ou sensível e o espiritual ou
inteligível? Essa separação, não revela uma desvalorização de tudo o que está no
mundo, inclusive um desprezo da vida e da terra, como critica Nietzsche? A ascese ou
a renúncia dos prazeres corporais que atrapalham o trabalho do espírito é Justificável?
Será que os prazeres espirituais também não podem atrapalhar a dialética? Será que
não existem paixões que seriam espirituais? Pense seriamente sobre isso, pois na
contemporaneidade considera-se a pessoa como uma única realidade corporal-
espiritual, cujos atos são ao mesmo tempo espirituais e corporais. Por isso filósofo
existencialista Gabriel Marcel pergunta: "Será que somos uma carne espiritual ou um
espírito carnal?" Será que não somos essa realidade indivisível? Pense fundo sobre
tudo isso.
Pode-se, assim, dizer que a filosofia moral de Platão está em total conformidade com sua
Teoria das Ideias, a qual pressupõe um abandono progressivo dos sentidos na apreensão da
essência das coisas. Este processo, na leitura de Reale (1991), se faz, em analogia com a
prática da navegação, em dois movimentos:
A partir da metáfora da "segunda navegação", Platão afirmará que as coisas que captamos
com os olhos do corpo são formas físicas; porém, as coisas que captamos com o "olho da
alma" são, ao contrário, formas não-físicas. O "ver" da inteligência capta formas inteligíveis
que são essências puras: o Bem, o Verdadeiro, o Belo, o Justo etc. Essa hierarquia está
assentada na ontologia geral de Platão, na qual o sensível só é em função do supra-sensível.
Portanto, o valor das coisas somente é valor se subordinado ao valor superior da alma.
É importante lembrar que, para Platão, assim como para Sócrates e Aristóteles (nosso
próximo estudo), a ética são virtudes que devem ser seguidas na polis, ou seja, na
sociedade, na relação com o "outro". E, de modo especial, para Platão, tem como sua
finalidade a construção de uma sociedade onde a justiça seja seu maior valor. Do mundo
Ideal é que retiramos o conceito de Justiça e pela razão devemos apreendê-lo e praticá-lo na
vida em sociedade.
A crítica de Aristóteles à moral platônica terá como alvo esta estrutura na qual está fundada
sua concepção do ideal de Bem, fundamento a partir do qual uma vida pode ser avaliada e
distinguida como "boa", isto é, como moral. Como nota Gadamer:
Para Aristóteles, a questão do que é o bem para alguém não se resolve pela busca de um
tipo ideal de vida boa, na qual teriam as pessoas que inspirar-se. Por mais que se possa
considerar que um "modelo" de vida que se ligue à natureza racional humana seja mais
propício ao pleno desenvolvimento do caráter, o bem para a pessoa é sempre decidido em
situações já dadas, numa determinada cultura, num determinado tempo histórico, enfim, no
horizonte de um determinado ethos, e aí nenhuma teoria geral do bem pode oferecer
respostas adequadas, ou respostas últimas para cada situação.
A pessoa age sempre em contextos concretos, nos quais, a cada vez, ela é chamada a
posicionar-se, a dar respostas, a decidir o que é o melhor a ser feito. Ora, nenhuma escolha
que ela deva fazer pode ser deduzida de uma Ideia universal do Bem, se é que ela existe. As
escolhas humanas variam de acordo com o contexto e, portanto, o que é o bem, ou o que é a
escolha boa, depende dos fatores implicados em cada caso. Daí surge também a
dificuldade de se pensar a ética como ciência, no sentido em que a entendemos no nosso
tempo, isto é, como saber que forneça os princípios gerais – universais e imutáveis (leis) – a
partir dos quais se possa iluminar e solucionar os casos particulares. Como bem expressa
Gadamer:
Há, portanto, em Aristóteles, uma consideração atenta das determinações práticas que
condicionam o agir humano. A análise aristotélica da phrónesis [φρόνησις] reconhece no
próprio saber moral um modo da pessoa moral que, assim, não é separável de todo o
concreto que seu autor chama Ethos. O saber moral conhece o que é realizável, o que uma
situação exige, e o conhece em virtude de uma reflexão que remete a situação concreta ao
que se tem em geral por direito e bom. (GADAMER, 1991, p. 321. Tradução nossa)
Será que nascemos virtuosos? Ou será que podemos aprender as virtudes? Será que
Aristóteles tem razão quando diz que as virtudes éticas são aprendidas por nós pelo
hábito? O que você pensa sobre tudo isso? Reflita seriamente sobre essas questões e
procure debatê-las com seus colegas. Aprimore seu pensamento por meio do debate!
As Virtudes Éticas
As virtudes éticas na pessoa resultam do hábito: o que é próprio da pessoa é que ela é
capaz de estabelecer fins que visem à justiça e, pelo exercício, de atualizar esse bem. Assim
como não existe virtude fora de uma vida virtuosa, não existe justiça senão na realização do
que é justo. Agindo com justiça, a pessoa desenvolve o senso de justiça, tornando-se apta a
agir justamente em outras circunstâncias.
Os excessos da vida sensível somente podem ser mediados pela superior atividade da alma,
a razão, capaz de impor aos sentimentos e ações a justa medida. De todas as virtudes, a
justiça será a mais elevada, precisamente por ser a característica do justo meio.
Não há, contudo, conforme reflexão de Bodéus (1982), uma oposição entre os gêneros de
vida que acompanham estas duas virtudes, ou seja, entre vida política e vida meditativa.
Evidentemente, Aristóteles situa a vida meditativa em primeiro plano, como sendo o gênero
de vida mais propício a realizar a existência ideal para alguém. Antes de tudo, é preciso
considerar que no ato meditativo alguém não o fará jamais de modo exclusivo, como o faria
um ser "imaterial", como são os deuses. Isto quer dizer que a vida meditativa é uma vida
humana e que se dedicar à meditação, como o faz a filósofa e o filósofo, deve também ter
uma vida guiada por uma capacidade prática, a capacidade para saber deliberar quando a
situação exige, como o fazem as pessoas na política.
Esta sabedoria prática ou sagacidade, que nos permite determinar um fim bom enquanto
realizável na prática, buscando então eleger o melhor meio para tal fim, mostra-nos que não
basta decidir quanto ao que é bom para dizermos que tal ou tal ação seja ética. Como bem
nota Gadamer:
Uma pessoa não é ética porque busca realizar, em suas ações, algo (pro)posto como sendo
um bem em si, mas porque é capaz de entrever o bem que deve ser, algo que, realizável na
prática, revele ao mesmo tempo o próprio agente, seu caráter (êthos).
Nesse sentido, dirá Ricoeur (1995, p. 15), "o desígnio da felicidade não para a sua trajetória
na solidão, mas no meio da cidade", em outras palavras, o terreno onde se realiza a ética, se
nos inspiramos em Aristóteles, não é o abandono da pessoa em face de seus valores e
princípios pessoais, mas a sua concretização em harmonia com aquilo que é igualmente
desejável para os outros, e isto é o bem comum.
Desse modo, a ética aristotélica encontra na política seu horizonte último de efetivação.
Com efeito, afirma o filósofo no Livro I de sua Ética à Nicômaco (1094b): "Ainda que a
finalidade seja a mesma para um homem isoladamente e para uma cidade, a finalidade da
cidade parece de qualquer modo algo maior e mais completo".
Por outro lado, a vida política é visada por Aristóteles numa certa perspectiva: ele inclina-se
por uma "vida política reformada, mais do que pôr-se em favor de um novo gênero de vida"
(BODÉUS , 1982, p. 30. Tradução nossa). Esta "vida política reformada", certamente, não
equivaleria a uma vida intelectual, votada à pesquisa da verdade.
Todavia, ela deve ao mesmo tempo em que realiza o bem comum, aperfeiçoar a pessoa
política enquanto tal, pois se "a política é a sagacidade considerada na relação com os
outros" (BODÉUS, 1982, p. 33) e uma vez que a "sagacidade se conjuga com a virtude moral"
(ARISTÓTELES, 2004. Tradução nossa), vemos porque, para Aristóteles, a atividade política
"é uma excelência (a sagacidade) que permite alguém alcançar seu bem último no exercício
da virtude moral praticada por ela mesma nas relações como os outros" (BODÉUS, 1982, p.
33). É somente neste sentido que a vida meditativa é superior à vida política, pois ela
contém já, em si, os mesmos valores que esta.
À distinção da moral platônica, a ética aristotélica não pretende direcionar o olhar das
pessoas para um fundamento universal do Bem, único capaz de orientar a pessoa em sua
vida prática. Como bem afirma Gadamer (1991, p. 322. Tradução nossa): "Não é nos
conceitos universais de coragem e justiça etc., que se cumpre o saber moral, mas, ao
contrário, na aplicação concreta que determina, à luz deste saber, o que é realizável aqui e
agora".
A ação humana não depende apenas das faculdades de que dispõe a pessoa, mas ela
implica também as condições dadas pela circunstância na qual ela age (GADAMER, 1991, p.
324). A ação não se dá, portanto, apenas porque alguém determina-se a agir de tal ou tal
modo. O que "ambienta" a ação também conta para o conteúdo da ação mesma: a pessoa
dotado de phrónesis não tem o consolo da norma moral universal que o manteria ao abrigo
das circunstâncias, à distância do concreto da vida humana ordinária, comum; ela não pode,
pois, se contentar em apenas "aplicar", em cada caso, o que determina a Lei (moral), como o
preconizam os "legalistas" no nosso tempo. Este caráter condicionado da ação humana não
significa tão somente uma limitação desta. Ela indica apenas que a pessoa que age o faz
em meio a determinações sociais e políticas concretas.
Saiba Mais
Para ampliar seu conhecimento a respeito desse assunto, veja as sugestões da docência,
abaixo:
Para aprofundar seu conhecimento a respeito das virtudes éticas, leia o texto A virtude
e a felicidade em Aristóteles .
Para entender melhor as éticas de Platão e Aristóteles, leia este texto de Bento Silva
Santos sobre seus conceitos de Felicidade: Ética e "Felicidade" em Platão e Aristóteles:
semelhanças, tensões e convergências .
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Referências
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WEIL, Eric. Filosofia política. Tradução Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1990.
Apresentação
Fonte: https://goo.gl/M7cXLP
Boa leitura!
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Conteúdo
Agostinho e sua Ética do Amor como Caminho
para a Felicidade
Agostinho (354 a 430) nunca escreveu um tratado
sobre Ética, mas esteve sempre atento a todas as
grandes questões de seu tempo. Dentre elas, destaca-
se o fato de que o cristianismo pouco-a-pouco foi
deixando de ser uma religião marginal, e muitos no
próprio estado romano passaram a ver possibilidades
de instrumentação ideológica desta religião. O
imperador Teodósio em 380 torna o cristianismo uma
religião lícita, sendo ele próprio um de seus adeptos.
Por todo o império ocorrem conversões – boa parte
delas motivadas apenas pela nova conjuntura de um
imperador cristão, mas também o próprio cristianismo
está profundamente marcado por divisões internas, Agostinho de Hipona.
Agostinho viveu a maior parte de sua vida como religioso cristão, numa cidade portuária
e pôde acompanhar além do movimento das ideias, as angústias e as contradições de
seu tempo. O império romano, em sua época, passava por uma profunda crise que
atingiu sua própria estrutura de poder: dividiu-se em dois – oriental e ocidental, a
corrupção no estado era notoriamente conhecida e externamente aumentaram as
pressões dos chamados povos bárbaros. O culto ao imperador perdeu sua função com
Teodósio, pois a religiosidade tradicional não oferecia respostas que fossem suficientes
para manter o moral e assegurar a fidelidade dos soldados e cidadãos à ordem vigente.
É neste contexto que o cristianismo aparece como uma alternativa real de poder
simbólico e político, capaz de reorganizar o próprio império.
Agostinho era um homem de seu tempo, e como não poderia deixar de ser, também
buscava o sentido profundo de todas as coisas. É nesta perspectiva que em sua jornada
surgiu a busca por Deus, já que ele acreditava que nele residiriam as respostas para
todas as questões humanas. Em sua obra Cidade de Deus, ele apontou claramente a
conexão entre seu pensamento e o Platonismo "Platão estabeleceu que o fim do bem
é viver de acordo com a virtude, o que pode conseguir apenas quem conhece e imita a
Deus e que tal é a única fonte de sua felicidade " (Civ, VIII, 8).
Para Refletir
Para Agostinho, a liberdade é um fundamento da ética, por isso está colocada diante de
todas as pessoas a possibilidade de fazer escolhas. Assim, escolher o bem é colocar-se
em sintonia com a ordem natural e com o propósito real de tudo o que existe. É no
contexto das escolhas que a pessoa exercita sua liberdade e aparece em sua igualdade
radical, para além das diferenciações sociais e econômicas, como ser de abertura ao
mistério do divino e à sua lógica de amor.
É inegável para Agostinho que, no dia a dia das pessoas, na cidade humana, há sempre
a possibilidade de se recusar a ética do amor e, portanto, entregar-se aos vícios e tudo
aquilo que ele constata como sendo fruto do pecado. Diante da conflitividade do
presente, em que quase sempre é mais fácil escolher o errado, Agostinho insiste em sua
certeza ética de que Deus provê as pessoas de meios pelos quais elas possam viver
retamente. É neste sentido, que se pode afirmar que as virtudes teologais da Fé,
Esperança e Caridade, encampam o universo amplo e multifacetado do discurso grego
sobre o lugar das virtudes na busca pelo bem e sua consequência maior: a felicidade.
A pessoa reta – aquela que vive em conformidade com a ética do amor, não será a
cidadã e o cidadão da polis grega em luta pela defesa dos interesses do bem comum. É
no âmbito da pessoa, em sua liberdade e conhecimento da vontade de Deus, que estará
o campo dos embates éticos. Neste sentido, Agostinho rejeita, a seu modo, o
cristianismo de conveniência das elites romanas e reafirma a vida comunitária, na
simplicidade e na observância da vontade de Deus como os caminhos de perfeição
ética e espiritual.
Fonte: www.google.com.br/search?
intelectual. Os dois pensadores cristãos, cada um a
seu tempo e a seu modo, irão instrumentalizar o
pensamento filosófico dos gregos à luz da doutrina e da fé cristã. Como já mencionado
anteriormente, Agostinho se serve do platonismo para propor sua ética do amor e
organiza sua reflexão de tal modo que se estabelece uma compatibilidade entre as
virtudes gregas e as virtudes teologais cristãs.
Tomás de Aquino também buscará nos gregos as bases para construir uma
interpretação coerente de seu momento histórico e dar respostas aos desafios éticos de
seu tempo. Diferentemente de Agostinho, é em Aristóteles que ele irá encontrar os
fundamentos de sua ética do político e de legitimação da cristandade medieval.
Para Refletir
Para Refletir
A ética em Tomás de Aquino , juntamente com suas reflexões sobre a felicidade, a lei
natural e outros temas caros a Aristóteles, estarão vinculados à teologia e ao horizonte
da transcendência religiosa. A pessoa e todas as coisas criadas estão 'logicamente'
direcionados para o Criador, sendo este o fundamento último da própria racionalidade e
liberdade. A busca da felicidade, neste tipo de pensamento, nada mais é do que trilhar o
caminho de retorno a Deus! No prólogo da Suma Teológica, isso aparece com clareza:
Fica evidente em Tomás de Aquino que a conduta ética da pessoa está totalmente
situada no próprio ser de Deus. A pessoa que exercita sua razão não pode estar distante
desta verdade e a ela deve inteira submissão, sendo que a fé em Cristo torna esta
escolha um ato espiritual e salvífico. Fazer política é tornar esta racionalidade a maneira
pela qual a sociedade terrena se organiza. Quanto mais próximo da vontade divina, mais
a sociedade se aproxima da ordem natural e da real possibilidade de implantação da
justiça.
É claro que a igualdade ontológica de todas as pessoas, tendo em vista a queda pelo
pecado e a redenção em Jesus Cristo, não desembocaram numa efetiva igualdade entre
todas as pessoas. Na sociedade europeia de então, com rígida estratificação social,
essa igualdade foi colocada no campo da outra vida, numa vida eterna e sem dor ou
sofrimentos. Esta contradição, ao invés de desestimular ou levar pessoas cristãs à mera
passividade, de fato alimentará uma grande corrente de místicos (Francisco de Assis,
João da Cruz, Tereza de Ávila, etc.) na busca da santidade.
Somos pessoas datadas, histórica e geograficamente situadas, e isto faz com que
mesmo a grande síntese teológica e filosófica de Tomás de Aquino, fosse insuficiente
para explicar a nova forma de racionalidade trazida pela modernidade. Juntamente com
esta nova razão, chegam também novos desafios éticos e com eles a necessária
superação do discurso ético centrado na prática das virtudes.
Na próxima aula, você estudará Kant e sua ética normativa, que
até hoje influencia grande parte do pensamento ético. Até lá!
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Na Prática
"Estudante,
Esta seção é composta por atividades que objetivam consolidar a sua aprendizagem
quanto aos conteúdos estudados e discutidos. Caso alguma dessas atividades seja
avaliativa, a docência indicará no Plano de Ensino e lhe orientará quanto aos critérios
e formas de apresentação e de envio."
Bom Trabalho!
Atividade 01
Discuta, num texto de uma a duas páginas, de que forma o amor pode ser considerado
realmente uma virtude ética e política como nos apresenta Agostinho. Quais pontos você
concorda e quais você discorda em sua teoria? Assista ao vídeo Agostinho de Hipona
, dirigido por Roberto Rossellini, para embasar sua resposta.
Atividade 02
Elabore um resumo crítico (de duas a quatro páginas) do texto de Juvenal Savian Filho: O
Tomismo e a Ética: uma ética da consciência e da liberdade .
Atividade 03
Saiba Mais
Para ampliar seu conhecimento a respeito desse assunto, veja as sugestões da docência,
abaixo:
Para entender melhor o pensamento de Tomás, leia este artigo: A ética tomista ,
por Paulo Faitanin – UFF.
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Referências
ALENCASTRO, Mário Sérgio; HEEMANN, Ademar. Uma ética para a civilização
tecnológica. Disponível em: <www.anppas.org.br>.
ASSMANN, Hugo. Quando a vivência da fé remexe o senso comum dos pobres. In: Ver.
Ecle. Brasil (REB), set. 1986, p. 561-569.
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n. 56, p. 25-47, jan./mar., 1992.
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Von Zuben. 8. ed. São Paulo: Centauro, 2001.
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Maria Boaventura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987 (edição consultada: Les carrefours
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