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Ana Azevedo
University of Minho
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All content following this page was uploaded by Ana Azevedo on 20 June 2016.
O Problema do Mal
Agostinho de Hipona
Licenciatura: Filosofia
Unidade Curricular: Filosofia Medieval II
Docentes: Gonçalo Figueiredo e José Meirinhos
Aluna: Ana Catarina Moreira Azevedo
Índice
Índice ................................................................................................................................ 2
Introdução ......................................................................................................................... 2
Conclusão ......................................................................................................................... 7
Bibliografia ....................................................................................................................... 8
Webgrafia ......................................................................................................................... 8
Introdução
O autor defendia que o mal não existia, e o criador de todas as coisas não tinha
criado o mal, isto é, pôs imediatamente de lado a hipótese de que Deus é o criador do mal,
pois isso seria impensável dado que Deus é perfeição, é o Sumo Bom, mas então qual é a
origem do mal?
1
“Bíblia Sagrada”, Isaías 7:9
2
Capítulo I – “Diálogo sobre o livre arbítrio”
Agostinho pertenceu aos Maniqueus que defendiam que existia um Deus bom e
um Deus mau, o Diabo; porém mais tarde Agostinho pensava o contrário, para o autor o
universo é UNO e bom, não há mal, e, Deus não pode ser o criador do mal, pois é imutável
e incorruptível.2
Esta obra está dividida em 3 partes, o Livro I, o II e o III e em cada uma dessas
partes são discutidos assuntos diferentes. Esta obra é um diálogo entre Santo Agostinho
e Evódio, na qual Agostinho apresenta e defende as suas ideias e Evódio as questiona
argumentando contra.
No Livro I da sua obra, Agostinho examina com Evódio uma série de questões
que têm como objetivo verificar que o mal não está na inteligência, aprendizagem e na
autoridade da lei. A obra inicia-se com a pergunta “Diz-me por favor, não é Deus o autor
do mal?”3 o que centra o diálogo no ser humano, este Livro I acaba com uma investigação
acerca da vontade humana.
No Livro II, Agostinho argumenta a favor da existência de Deus, e que tudo o que
provém vem de Deus, porém isenta-o da autoria do mal4,referindo que “a origem do mal
é a tendência ao nada”5, ou seja o nada é o mal, e como Deus não é nada, Deus não é o
mal.
2
Esta obra é também dirigida aos maniqueus com o objetivo primordial de provar a não existência do mal.
3
“Diálogo sobre o livre arbítrio”, Livro I, pág. 81, l: 1-2
4
“Por conseguinte aquele movimento de aversão, que reconhecemos ser o pecado, na medida em que é um
movimento de defeção e que toda a decadência provém do nada, repara bem naquilo a que ele se refere, e
não duvides que não pertence a Deus.” Diálogo sobre o livre arbítrio, Livro II, pág. 243, l: 27-30
5
“Diálogo sobre o livre arbítrio”, Introdução, pág. 40, l: 23-24
3
No Livro III, são apresentadas algumas questões devido ao facto da resposta de
Agostinho para a origem do mal ser tao radical, neste livro discute-se também a a
harmonização entre a presciência divina e o livre arbítrio do homem, a causa do pecado
original e quais os seus efeitos sobre a natureza humana.
6
“Com efeito, costumamos designar o mal de duas maneiras: quando dizemos que alguém agiu mal, e
quando alguém sofreu algum mal” Diálogo sobre o livre arbítrio, Livro I, pág. 81, l: 4-6
7
Argumento do Garante – Deus não interfere nas nossas escolhas, apenas garante que somos dotados de
livre arbítrio.
8
Por outro lado, existem também pessoas que de facto não sabem distinguir entre o bem e o mal, são
inimputáveis, não têm conhecimentos dos seus atos logo não podem ser responsabilizadas por eles, não
agem racionalmente.
4
O homem sendo o único animal racional e dotado de livre arbítrio, e se apenas é
livre quando escolhe, as próprias escolhas estão dependentes do conhecimento que
determinado homem tem, pois o apetite resulta do conhecimento e toda a ação é causada
pelo desejo de um bem.
Para Agostinho é inconcebível que Deus seja o criador do mal, pois Deus é um
ser bom
Tudo o que acontece durante a ação humana depende da nossa própria escolha,
Deus dá o livre arbítrio aos homens, mas sabe que escolhas faremos mesmo antes de
sabermos que as iremos fazer, e quais as consequências que tais escolhas trarão. Apesar
da presciência divina ter um conhecimento prévio da nossa escolha, a responsabilidade é
de cada um9, pois somos nós que fazemos as nossas próprias escolhas. O livre arbítrio é
exclusivo dos seres humanos racionais, é um bem que nunca se perde, porque esse poder
é um bem em si mesmo. O homem só é livre quando escolhe o que deve escolher, quando
escolhe a retidão da ação. E mesmo aquele que não a escolhe mantém o poder do livre
arbítrio, mas é punido.
A liberdade do homem não é determinada por nada, se Deus é justo e bom tem de
punir o homem, por exemplo quando Adão cai em tentação e comete o pecado de comer
o fruto proibido, Deus expulsa-o do Jardim do Éden, pois se o homem é livre faz sentido
que haja punição, é imposto um limite à sua liberdade que prova que ela própria existe.
9
“Com efeito o mal não se pode fazer sem que haja algum autor. Mas se indagares quem ele é, não podemos
dizer. Na verdade, não existe um autor determinado, mas cada um é autor das suas más ações. E se duvidas
disto, presta atenção ao que disse anteriormente: as más ações são castigadas pela justiça de Deus. De facto,
elas não seriam justamente castigadas, a não ser que fossem praticadas voluntariamente.” Diálogo sobre o
livre arbítrio, Livro I, pág. 81-83, l: 19-26
5
bem mais próprio do homem, cada um tem a sua, é inalienável, e basta querê-la para a
ter.
A livre escolha da vontade humana é portanto um bem intermédio, pois tanto pode
tender para o bom como para o péssimo, já a boa vontade está à partida relacionada com
a sabedoria, a boa vontade é “pela qual desejamos viver reta e honestamente e alcançar a
sabedoria suprema”10
Para Agostinho, para praticar a boa vontade são necessárias as quatro virtudes
cardeais:
Agostinho concluí que o mal é um não ser, isto é se todo o bem fosse separado
das coisas, não restaria nada, porque o mal não é uma substância/matéria. Logo não é
viável que o mal se tenha iniciado em Deus, porque é Deus quem dá ao ser as coisas
Sendo assim as dimensões do mal são divisíveis em três tipos distintos que são:
10
“Diálogo sobre o livre arbítrio”, Livro I, pág. 121, l: 9-10
11
Este mal é a privação de um bem possível
6
Mal moral - O mal moral é também ele a falta de algo, é também um não ser. É uma
desorganização da escolha de bens, é quando se dá a ausência da retidão face à livre
vontade do homem. O mal moral habita na própria vontade do homem, que por ter
uma livre escolha entre alternativas escolhe uma erradamente.
Para Agostinho, o mal é consentido por Deus para que se possa tirar um bem
maior, contudo se a maldade não existisse a santidade seria fácil de alcançar, o bem não
venceria mas seria incomensurável, iríamos viver numa utopia, mas bastava um pequeno
desacordo para desencadear uma luta contra o mal.
Conclusão
Agostinho de Hipona, na sua obra defende que o mal não existe, é um não ser, é a
privação do bem, e que o Bem Supremo superior a tudo, a perfeição é Deus.
O nosso criador é a perfeição última e o Sumo Bem, porem não é ele o criador do
mal, Deus dotou-nos de livre arbítrio que é a faculdade de poder escolher entre diferentes
alternativas, com o objetivo de escolhermos sempre o bem, porém por vezes não optamos
pelo bom, mas pelo “menos bom”, mas a responsabilidade disso é nossa pois somos nos
próprios que tomamos as nossas decisões. Apesar da presciência divina saber com
antecedência qual será a nossa escolha, isso não interfere em nada com a nossa opinião,
apenas garante que estamos a ser livres a escolher, a isso dá-se o nome de Argumento do
Garante, que foi um dos argumentos utilizado por Agostinho de Hipona para provar que
é possível a harmonização da presciência divina com o livre arbítrio dos homens.
12
“Biblia Sagrada”, Isaias, 7:9
7
Bibliografia
ISBN: 972-27-1102-4
KENNY, Anthony. (2010: Nova História da Filosofia Ocidental Volume II). Filosofia
Medieval. [Tradução: António Infante]. Lisboa: Gradiva Publicações.
ISBN: 978-989-616-370-9
ISBN: 853-780-022-8
Webgrafia
Crítica na Rede [em linha]. [Consulta em: 1 de Maio de 2014]. Disponível em:
<http://criticanarede.com/hist_cepticismo.html>